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1. Dentre as alterações da gestação, descreva: a. alterações fisiológicas A gestação produz profundas alterações no organismo materno com o objetivo fundamental de adequá-lo às necessidades orgânicas próprias do complexo materno-fetal e do parto. Inicialmente estas alterações se devem às ações hormonais provenientes do corpo lúteo e da placenta e a partir do segundo trimestre, também ao crescimento uterino. As principais modificações da fisiologia materna ocorrem no sistema cardiocirculatório, respiratório e gastrintestinal, além das metabólicas e hematológicas. MUDANÇAS ANATOMICAS O aumento do útero desencadeia uma elevação do diafragma, o que proporciona um giro do coração sobre seu próprio eixo, dessa forma, o coração apresenta um deslocamento superior esquerdo. Todavia, o tamanho do coração aumenta cerca de 12%, resultado de um aumento na massa miocárdica e no volume intracardíaco. E as mudanças vasculares incluem hipertrofia do músculo liso e uma redução no conteúdo de colágeno. VOLUME SANGUÍNEO A expansão do volume de sangue inicia precocemente no primeiro trimestre, aumenta com rapidez no segundo trimestre e atinge o platô perto da 30a semana. A elevação de aproximadamente 50% em volume plasmático, que é responsável pela maior parte do aumento, resulta de uma cascata de efeitos desencadeados por hormônios da gravidez. Por exemplo, a produção aumentada de estrogênio pela placenta estimula o sistema renina-angiotensina, que, por sua vez, leva a níveis circulantes mais altos de aldosterona. A aldosterona promove a reabsorção de Na+ renal e a retenção de água. A magnitude do aumento no volume de sangue varia de acordo com o tamanho da mulher, o número de gestações prévias e o número de fetos que ela carrega. Essa hipervolemia da gravidez compensa a perda sanguínea materna no parto, que é em média 500 a 600 mL para parto vaginal e 1.000 mL para cesariana. DEBITO CARDIACO O débito cardíaco aumenta cerca de 40% durante a gravidez, com seu pico entre a 20° e 24° semanas de gestação. Considera-se que essa elevação no débito cardíaco resulta de mudanças hormonais da gravidez, bem como do efeito shunt arteriovenoso (o efeito shunt acontece quando a perfusão excede a ventilação, causando hipoxemia – baixo conteúdo e pressão de oxigênio no sangue) da circulação uteroplacentária. O débito cardíaco máximo está associado a um aumento de 24% no volume sistólico e a um aumento de 15% na frequência cardíaca. Durante o trabalho de parto ocorre aumento do débito em torno de 30% durante a fase ativa e 45% no período expulsivo, quando comparado aos valores iniciais. Cada contração uterina eleva o débito em torno de 10 - 25%. O maior aumento ocorre imediatamente após o nascimento, quando pode atingir até 80% dos valores iniciais. Este aumento está relacionado com o mecanismo de autotranfusão, aumento do retorno venoso pela descompressão da cava e involução do corpo uterino. A partir desta fase, o débito cardíaco diminui gradativamente voltando aos valores normais, em aproximadamente duas semanas. Gestações múltiplas possuem efeitos ainda mais profundos sobre o sistema cardiovascular materno. Em gestações gemelares, o débito cardíaco é aproximadamente 20% maior do que de gestações de um bebê, devido ao maior volume sistólico (15%) e à frequência cardíaca maior (3,5%). A partir do segundo trimestre, a medida que o volume uterino aumenta, a simples adoção da posição supina induz à hipotensão em aproximadamente 15% das gestantes, com palidez, sudorese, náuseas e vômitos Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar caracterizando uma síndrome a qual Howard denominou de Síndrome de Hipotensão Supina. A veia cava inferior era totalmente obstruída pelo útero grávido na posição supina, acarretando importantes alterações hemodinâmicas. Dessa forma, a aorta pode estar parcialmente ocluída quando a grávida adota a posição supina, determinando uma diminuição do fluxo das artérias uterinas, resultando em hipoxemia fetal, redução do débito cardíaco e da PA, devido essa compressão. Os bloqueios espinhais, além de diminuírem o retorno venoso, bloqueiam as respostas simpáticas, o que pode produzir hipotensão grave se medidas profiláticas não forem corretamente adotadas. A grávida a termo nunca deve assumir a posição supina. O transporte da paciente para o centro obstétrico, assim como a posição na mesa cirúrgica, deve ser sempre em decúbito lateral esquerdo o que evita o aparecimento desta síndrome. Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar PRESSÃO ARTERIAL As pressões sanguíneas alteram-se muito pouco durante a gravidez. A pressão sistólica usualmente esta diminuída até a metade da gravidez e depois eleva-se novamente atingindo níveis pré gravidez. A pressão diastólica mostra-se bastante diminuída no início da gravidez, mas retorna a níveis pré gravidez nos últimos meses. Há aumento do fluxo sanguíneo no geral, porém, é mais evidente no útero, rins, mama e pele. PRESSÃO VENOSA A pressão venosa é normal durante a gestação, com exceção das porções mais inferiores do corpo que tendem a elevar-se, sobretudo a partir do segundo trimestre pela ação do volume uterino sobre as veias pélvicas e cava inferior. Essa elevação na pressão venosa, que pode causar edema e varicosites, resulta da compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico e possivelmente pela pressão da parte de apresentação fetal sobre as veias ilíacas comuns. Deitar em decúbito lateral minimiza as mudanças na pressão venosa. Conforme esperado, a pressão venosa nas extremidades inferiores cai imediatamente após o parto. RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA A resistência periférica total está reduzida em até 30% a partir da 8ª-12ª semana de gestação, mantendo-se nestes níveis até o termo. Esta alteração é decorrente tanto da ação hormonal como das prostaciclinas, óxido nítrico e adenosina, resultando num aumento do fluxo sanguíneo renal, uterino e das extremidades. Tal modificação fisiológica aumenta a oferta de oxigênio e dissipa o calor gerado pelo aumento do metabolismo materno e fetal. Após a dequitação, os valores da resistência vascular periférica voltam praticamente aos níveis basais. FREQUÊNCIA CARDÍACA Já nas primeiras semanas de gestação observa-se um aumento gradativo de frequência cardíaca que atinge o pico máximo entre as 28ª e 36ª semanas após o que retorna a valores menores, não voltando, contudo, aos níveis normais. SOPROS E RIRMOS CARDÍACOS As mudanças fisiológicas da gravidez alteram vários achados clínicos. Por exemplo, sopros de ejeção sistólica, que resultam de débito cardíaco aumentado e viscosidade sanguínea diminuída, podem ser detectados em 90% ou mais das gestantes. Sopros ou ruídos contínuos podem ser ouvidos na borda esquerda do esterno, que surgem da artéria torácica interna (mamária). À medida que o útero aumenta, o diafragma é elevado até 4 cm. A caixa torácica é deslocada para cima, aumentando o ângulo das costelas com a coluna. Essas mudanças aumentam o diâmetro torácico inferior em cerca de 2 cm e a circunferência torácica até 6 cm. A elevação do diafragma não prejudica sua função. Os músculos abdominais possuem menos tônus e atividade durante a gravidez, fazendo com que a respiração dependa mais do diafragma. VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES São alteradas devido ao relaxamento da musculatura das vias aéreas condutoras e pela elevação do diafragma. No volume, temos: Aumento do volume corrente (ins+exp); Diminuição da reserva inspiratória; Diminuição da reserva expiratória; Diminuição do volumeresidual. Na capacidade, temos: Diminuição da capacidade pulmonar total; Aumento da capacidade inspiratória; Diminuição da capacidade funcional. Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar RESPIRAÇÃO O aumento do volume corrente leva ao aumento das ventilações por minuto (FR). Progesterona -> alterações dos neurônios bulbares no centro respiratório -> hiperventilação. Aumento das respostas quimiorreflexas ao CO2; Frequência expiratória máxima diminui, principalmente na posição supina, em todos os trimestres; ANATOMIA Aumento do comprimento dos rins em 1-1,5cm; Dilatação dos cálices e pelve em até 6x; Dilatação dos ureteres, especialmente o direito, aumento a ITU ascendente; Fatores que contribuem para hidronefrose e hidroureter: Progesterona pode causar hipotonia do músculo liso ureteral/ Dilatação das veias ovarianas pode comprimir o ureter contra o osso pélvico/ Hiperplasia do músculo liso no terço distal do ureter → redução do lúmen → dilatação 2/3 superior. O fluxo plasmático renal e a filtração glomerular elevam-se rapidamente durante o primeiro trimestre de gestação, atingindo no quarto mês valores de até 50% daqueles observados nas não grávidas. Durante o último trimestre, estes valores decrescem lentamente em direção aos valores normais. O "clearance" da creatinina usualmente está aumentado, e, portanto, o limite superior dos valores normais sanguíneos da ureia e creatinina estão mais baixos na mulher grávida. Nos últimos meses, observa-se uma dilatação dos cálices renais, pelve e ureteres, devida a ação da progesterona. Mais tarde, o crescimento uterino, que comprime as estruturas pelvianas, também contribui para a dilatação, responsável pela estase urinária que frequentemente leva a infecção do trato urinário durante a gravidez. BEXIGA À medida que o útero aumenta, a bexiga urinária é deslocada para cima e achatada no diâmetro ântero posterior. Um dos sintomas mais precoces da gravidez é o aumento da polaciúria, que pode estar relacionada aos hormônios da gravidez. No final da gravidez, os efeitos mecânicos do útero aumentado podem contribuir para a frequência aumentada. A vascularidade da bexiga aumenta e o tônus muscular diminui, o que aumenta a capacidade da bexiga para até 1.500mL. ANATOMIA À medida que o útero cresce, o estômago é empurrado para cima e os intestinos grosso e delgado estendem- se para regiões mais rostrolaterais. CAVIDADE ORAL A salivação parece aumentar, embora isso possa ser causado em parte pela dificuldade de deglutição associada à náusea. A gravidez não predispõe à cárie dentária ou à mobilização de cálcio ósseo. As gengivas podem se tornar hipertróficas e hiperêmicas; muitas vezes, elas estão tão esponjosas e friáveis que sangram facilmente. Isso pode ser causado por aumento do estrogênio sistêmico devido a problemas similares que às vezes ocorrem com o uso de contraceptivos orais. ESÔFAGO E ESTÔMAGO A gravidez está associada com maior produção de gastrina, que aumenta o volume do estômago e a acidez das secreções gástricas, ocasionando sintomas de refluxo em até 30 a 80% das gestantes. A produção gástrica de muco também pode ser aumentada e o peristaltismo esofágico é diminuído. Com o avanço da gestação, o esfíncter esofágico inferior tem pressão diminuída bem como respostas neutralizadas à estimulação do esfíncter. Dessa forma, motilidade diminuída, acidez aumentada de secreções gástricas e função reduzida do esfíncter esofágico inferior contribuem para o refluxo gástrico aumentado. A prevalência aumentada de refluxo gástrico e o esvaziamento gástrico retardado de alimentos sólidos tornam a gestante mais vulnerável à regurgitação e à aspiração com anestesia. INTESTINOS Os tempos de trânsito intestinal são diminuídos no segundo e no terceiro trimestres, ao passo que os tempos de trânsito no primeiro trimestre e no pós-parto são similares. Os tempos de trânsito intestinal retornam ao normal dentro de 2 a 4 dias após o parto. Considera-se que a redução da motilidade gastrintestinal durante a gravidez seja causada por aumento das concentrações circulantes de progesterona. Contudo, uma evidência experimental sugere que concentrações elevadas de estrogênio são criticamente envolvidas por meio de um aumento da liberação de óxido nítrico dos nervos não adrenérgicos, não colinérgicos que modulam a motilidade gastrintestinal. Outros fatores também podem estar envolvidos. O tempo de trânsito lento de alimento por meio do trato gastrintestinal aumenta potencialmente a absorção de água, predispondo à constipação. VESICULA BILIAR O esvaziamento da vesícula biliar é mais lento na gravidez e muitas vezes incompleto, aumentando o risco de formação de cálculo biliar, embora a composição química da bile não seja aparentemente alterada. FÍGADO O nível plasmático das bilirrubinas e o fluxo sanguíneo hepático permanecem inalterados. Há uma diminuição sérica das taxas de proteínas totais e da relação albumina/globulina. Os testes de função hepática habitualmente são normais, mas os níveis de fosfatase alcalina aumentam de modo progressivo durante o 3º trimestre e podem chegar a 2 ou 3 vezes acima dos valores normais no parto; esse aumento decorre da produção placentária dessa enzima e não da disfunção hepática. HEMÁCIAS A volemia aumenta proporcionalmente ao débito cardíaco, mas o aumento no volume de plasma é maior (aproximadamente 50%, geralmente de cerca de 1.600 mL para um total de 5.200 mL) do que a massa eritrocítica (aproximadamente 25%); assim, a hemoglobina (Hb) diminui por diluição de cerca de 13,3 para 12,1 g/dL. Essa anemia dilucional diminui a viscosidade do sangue. Em gestações gemelares, a volemia materna aumenta mais (perto de 60%). FERRO A eritropoiese elevada da gravidez aumenta a utilização de ferro, que pode alcançar 6 a 7 mg por dia na última metade da gravidez. Muitas mulheres iniciam a gestação com deficiência de ferro, tornando-as vulneráveis à anemia por deficiência de ferro. Portanto, ferro suplementar habitualmente é fornecido às mulheres grávidas. Como a placenta transporta ativamente ferro da mãe para o feto, o feto em geral não é anêmico, mesmo quando a mãe tem grave deficiência de ferro. LEUCÓCITOS A contagem total de leucócitos no sangue aumenta durante a gravidez A causa na elevação na contagem de leucócitos, que envolve principalmente as formas polimorfonucleares, não foi estabelecida. A quimiotaxia de leucócitos polimorfonucleares pode ser prejudicada na gravidez, o que parece ser um defeito associado à célula. A aderência reduzida de leucócitos polimorfonucleares foi relatada no terceiro trimestre. Essas observações podem predispor as mulheres grávidas à infecção. A contagem de basófilos diminui levemente à medida que a gravidez avança. A contagem de eosinófilos, embora variável, permanece basicamente inalterada. PLAQUETAS A produção de plaquetas está aumentada durante a gravidez, contudo, no 3°TRI há aumento do consumo periférico, levando a trombocitopenia (<150.000). Além disso, observamos um aumento de prostaciclinas (inibidores de agregação) e aumento do tromboxano (A2), indutor de agregação. É possível observar o aumento dos fatores pró-coagulantes (fibrinogênio e fator VIII, em destaque) e inibição da atividade fibrinolítica, os altos níveis de estrogênio na gestação podem estar envolvidos na síntese aumentada de fibrinogênio pelo fígado. Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar Mariana Destacar HIPERPIGMENTAÇÃO DA PELE O estrógeno e a progesterona aumentam a concentração do hormônio estimulante de melanócitos, contudo, esse evento pode aindaser intensificado com o aumento da exposição solar. Melasma (máscara gravídica), que são manchas de pigmento acastanhado que cobre a testa e as proeminências malares/ Escurecimento da aréola mamária, axila e genitais/ Linea nigra, uma linha escura que aparece na parte inferior média do abdome. ESTRIAS GRAVÍDICAS São linhas hiperêmicas e espessadas, que se iniciam ao segundo trimestre, esse fator ocorre devido a diminuição do colágeno e aumento da substância fundamental. Os locais de maior acometimento é abdome, mamas, coxas e nádegas. FORMAÇÃO DE ANGIOMAS ARACNIFORMES, ERITEMA PALPAR E CÚTIS MASMÓREA Ocorre devido a alta concentração de estrogênio e instabilidade vasomotora DILATAÇÃO DAS VEIAS DA PERNA, ÂNUS E VULVA PELA COMPRESÃO DA VEIA CAVA Aumentam varicosites e hemorroidas. ESPESSAMENTO DO CABELO É causado pelo aumento dos folículos, isso se mantém por 1-5 meses, depois ocorre queda e normalização em 12 meses. Devido a maior necessidade energética, a mulher tem maior tendência ao repouso e aumentar a ingesta de alimentos. O aumento de peso se deve ao aumento tecidual do: tecido mamário, volume sanguíneo, volume de água intra e extra vascular, útero, placenta, líquido amniótico, feto, deposição de gordura e deposição de proteína. O ganho de peso normal varia de 11,5 a 16kg. Contudo, em mulheres obesas esse aumento deve ser de 7 a 11,5kg. . Durante a segunda metade da gravidez, os lipídeos plasmáticos aumentam (o colesterol no plasma aumenta 50%, e a concentração de triglicerídeos no plasma pode triplicar), mas os triglicerídeos, o colesterol e as lipoproteínas diminuem logo após o parto. A relação de lipoproteínas de baixa densidade para lipoproteínas de alta densidade aumenta durante a gravidez. Foi sugerido que a maior parte da gordura é armazenada centralmente durante a metade da gravidez e que, à medida que o feto extrai mais nutrição nos últimos meses, a armazenagem de gordura diminui. A resistência à insulina aumenta com a progressão gestacional, as prováveis causas são: Aumento de cortisol na mulher gravida estimula a produção endógena de glicose; Mariana Destacar Lactogênio placentário humano (hPL): Age reduzindo a afinidade da insulina aos receptores e favorece a transferência para o feto, esse hormônio sobe durante o primeiro e segundo TRI, atingindo seu platô ao terceiro TRI. TNF-alfa: É produzido pela placenta e tecido adiposo, resulta na diminuição da sensibilidade à insulina por diminuir os mecanismos de sinalização. Esse mecanismo pode levar à hiperglicemia (diabetes gestacional) em mulheres suscetíveis, com o parto ou ele se normaliza ou manifesta como DM2. No 2º tri há aumento da glicose pós-prandial, facilitando a passagem para o feto, contudo, a insulina não é transferida para o feto A gravidez normal, portanto, leva a um aumento na secreção de insulina e, no início, há um aumento na sensibilidade à insulina. Com o passar da gestação e o aumento de ácidos graxos livres circulantes derivados da estimulação do mecanismo de lipólise, ocorre aumento na resistência insulínica. A sensibilidade periférica à insulina apresenta, neste momento, redução de 40 a 70% em sua atividade. POSTURA E DEAMBULAÇÃO Com o aumento do útero, mamas e massa, o centro de gravidade da gestante é deslocado anteriormente Compensação: empina o ventre, joga o corpo para trás e afasta os pés para ampliar o polígono de sustentação, isso resulta em uma progressiva lordose lombar e hipercifose cervical. As articulações se tornam mais relaxadas pelo efeito hormonal, mais evidente nas articulações pélvicas. Contudo, a maior mobilidade das articulações aumenta a chance de compressão de nervos. Marcha típica: anserina. SONOLÊNCIA Manifesta-se desde o início da gravidez, principalmente pela progesterona, contudo, resulta também da alcalose respiratória e hiperventilação. Além disso, o padrão de sono é modificado aumentando a fadiga e falta de concentração. DIMINUIÇÃO DA MEMÓRIA E CONCENTRAÇÃO Alteração da vasculatura do SNC, principalmente a artéria cerebral média, sendo mais evidente no 3°TRI. VISÃO Diminuição da acuidade visual pela opacificação da córnea e presença de edema. MUCOSA NASAL Edemaciada e mais vascularizada, epistaxe, hiposmia e rinites vasomotoras são comuns. AUDIÇÃO Diminuição da acuidade e mais comum ocorrer vertigens e alteração na vasculatura vestibulococlear. b. quadro clínico NÁUSEA E VÔMITO: Se inicia na segunda semana gestacional e costuma melhorar por volta da 13-16ª semana, isso é decorrente dos altos níveis de B-HCG que atua nos centros de vômito; ATRASO MENSTRUAL; Sinal de Noblé-budin: útero torna-se globoso, sendo palpado no fundo de saco lateral; Sinal de Hegar: Diminuição da consistência do istmo uterino; Sinal de Goodel: diminuição da cosistência do colo; Sinal de Jacqueimer-Kluge: Aumento da vascularização da vacina, colo e vestíbulo vulvar; Sinal de Hunter: Aréola mamária secundária; ALTERAÇÕES DA MAMA: Mastodinia → sensibilidade aumentada, pode ocorrer formigamento e dor; Ingurgitamento mamário → Aparecimento de proeminências venosas periareolares, principalmente em primíparas, acentuação dos tubérculos de Montgomery, hipertrofia das glândulas sebáceas; Secreção de colostro → pode ocorrer desde a 16° semana; Mariana Destacar Desenvolvimento de tecido mamário secundário → hipertrofia de toda a mama, especialmente na porção axilar; MOVIMENTOS FETAIS: primíparas (a partir de 18-20 semanas); multíparas (a partir de 14 semanas); AUMENTO DA TEMPERATURA CORPORAL BASAL → Inicia na fase lútea com a concentração de progesterona; MUDANÇAS NA PELE: Cloasma (escurecimento cutâneo na região da testa, ponta do nariz e zigomático, com piora com a exposição ao Sol e depende de fatores genéticos); Linha nigra (escurecimento da linha alba, que clareia após o parto devido ao aumento do hormônio estimulador de melanócitos); Escurecimento do mamilo → aumento do hormônio estimulador de melanócitos; Estrias → Cicatrizes irregulares na região das mamas e abdome que aparecem no final da gravidez pela ruptura do colágeno; Telangiectasia aracniforme → São lesões cutâneas vasculares e eritema palmar, devido a concentração de estrógeno. ORGÃO PÉLVICOS: Sinal de Chadwick → Coloração violácea da vagina e do cérvice, pela congestão da vasculatura pélvica; Leucorreia: aumento da secreção vaginal contendo células epiteliais e muco cervical; Ligamentos pélvicos: relaxamento do sacrilíaco e sínfise púbica; AUMENTO ABDOMINAL: De 18 a 34 semanas há boa correlação entre a medida da altura uterina e a idade gestacional; CONTRAÇÕES UTERINAS: Contrações de Braxton Hick, são contrações uterinas indolores que se manifestam por enrijecimento e pressão, que se inicia na 8° semana e aumentam conforme a gestação progride. Desaparecem com caminhadas e exercícios; SIALORREIA: Salivação excessiva; ALOTRIOFAGIA/PICA: Ingestão de substâncias sem valor nutritivo; POLACIÚRIA: Comum no final da gestação pela compressão da bexiga; ARTRALGIA E COSTALGIA: Pelo relaxamento e maior mobilidade da sínfise púbica e articulações sacrilíacas, a paciente apresenta pelve instável e dor. A lordose lombar leva à posição de correção (ombros para trás e pescoço para frente), que pode resultar em curvatura exagerada e dor. CÃIBRA E DORMÊNCIAS DAS PERNAS: Pela redução do nível de cálcio e magnésio no plasma; ACRODISESTESIA DAS MÃOS: Dormência e formigamento dos dedos/ Síndrome de tração do plexo braquial na correção dos ombros; HEMORROIDA: Pode ser exacerbada ou ocorrer pela primeira vez, piora com a constipação; CANDIDÍASE: A gravidez propicia a proliferação de patógenos devido ao aumento da umidade, redução do pH vaginal e diminuição da imunidade celular. SINAIS DE PRESUNÇÃO DE GRAVIDEZ Atraso menstrual; Manifestações clínicas: náuseas, vômitos matutinos, tonturas, salivação excessiva, mudança de apetite, polaciúria,fadiga e sonolência; Modificações anatômicas: aumento do volume mamário e da sua hipersensibilidade, com a saída do colostro e o aparecimento dos tubérculos de Montgomery; coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, além do aumento do volume abdominal. SINAIS DE PROBABILIDADE DE GRAVIDEZ Amolecimento da cérvice uterina e posterior aumento de volume; Aumento das paredes vaginais e de sua vascularização; ß-HCG positivo no soro materno a partir do 8º ou 9º dia após a fertilização. SINAIS DE CERTEZA DE GRAVIDEZ Batimentos cardíacos fetais (BCF) presentes, detectados pelo Sonar doppler a partir de 12 semanas e pelo Pinard a partir de 20 semanas de gestação; Movimentos fetais ativos (MFA) a partir da 18ª ou 20ª semanas; Ultrassonografia. → Após a confirmação da gravidez, a gestante é cadastrada no SisPreNatal e dará início ao seu acompanhamento. c. alterações psicológicas (importância da estrutura familiar) PRIMEIRO TRIMESTRE Desde o início da gravidez, já nos primeiros 3 meses, a gestante já pode passar por uma grande oscilação emocional. Este é o período mais difícil. Estas mudanças geralmente ocorrem entre a 6ª e a 10ª semana. A mulher mais determinada e tranquila pode se tornar insegura e frágil, transitando numa mudança de humor que vai da tristeza a euforia ou do choro ao riso. A gestante que busca informações vai saber que todas estas alterações: ansiedade, alterações de humor, duvidas, inseguranças etc. são consideradas normais. Tudo é novo, sobretudo para as mulheres na primeira gestação e a adaptação a esta nova fase leva tempo. Estudos observaram que as alterações emocionais e psicológicas, ocorrem com mais frequências nas gestantes que apresentam os sintomas físicos mais acentuados como náuseas, vômito, dor nas mamas, mal-estar, alterações digestivas. Nesta fase também pode haver uma diminuição do apetite sexual. Isto se deve aos fatores físicos como cansaço, sonolência etc., mas, também tem influência emocional e psicológica, pois a futura mamãe tem receio de causar mal ao feto. São fundamentais o diálogo e a compreensão dos cônjuges para que passem por este período da maneira menos turbulenta possível. SEGUNDO TRIMESTRE Neste período as alterações hormonais tendem a estabilizar e a gestante começa a se adaptar emocionalmente a gestação. É uma fase, normalmente, mais tranquila do que a primeira. Esta adaptação (aceitação) contribui positivamente para que as mudanças ocorram como uma ação habitual e natural do processo de gestação. Os incômodos mais acentuados do primeiro trimestre tendem a desaparecer ou diminuir bastante e a mulher já vê retornar seu desejo sexual, que pode até ser maior que antes devido ao aumento de sensibilidade. TERCEIRO TRIMESTRE Diferente do segundo trimestre e bem mais parecido com o primeiro trimestre, nesta fase retornam as alterações emocionais e psicológicas. As mudanças físicas como o aumento da barriga, começam a trazer desconforto e consequências como: cansaço, dor nas costas, incontinência urinaria, transtornos do sono e outros. Todas estas situações alteram o estado emocional da gestante, que passa experimentar novamente insegurança, duvidas, medos etc. Nesta fase, por estar mais próxima do parto, a gestante começa a pensar se vai correr tudo bem, se o bebê vai ser totalmente saudável, se ela vai conseguir amamentar, se já está tudo preparado e não falta nada para receber o novo integrante da família. Este turbilhão geralmente acaba numa montanha-russa de emoções alterando sua rotina. O melhor conselho para passar por este período, com maior tranquilidade, é buscar informação, conhecer o que e porque estas mudanças estão ocorrendo no seu corpo e ter a certeza que é uma fase passageira. 2. Descreva o acompanhamento pré-natal a. acolhimento, anamnese O número mínimo de consultas segundo a OMS são de 6 consultas, contudo, o programa Rede Mãe Paranaense respalda o número de 8 consultas. Na primeira consulta da gestante deverão ser fornecidos: O Cartão da Gestante, com a identificação preenchida, o número do Cartão Nacional da Saúde, o hospital de referência para o parto e as orientações sobre; O calendário de vacinas e suas orientações; A solicitação dos exames de rotina; As orientações sobre a participação nas atividades educativas (reuniões e visitas domiciliares). Inicialmente, as consultas deverão ser mensais até a 28ª semana, posteriormente quinzenais entre a 28ª e a 36ª semana e, por fim, semanais no termo (após 37ª semana). Na primeira consulta pré-natal irá se estabelecer a classificação do risco gestacional – realizado posteriormente em toda consulta – e o encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica, com objetivo de reduzir a morbimortalidade materno-infantil. No primeiro atendimento, devemos questionar a situação conjugal e a relação do grau de segurança emocional e apoio, avaliar as condições da moradia e número de dependentes e o grau de escolaridade para identificar a necessidade de adequação das orientações para o paciente. Em seguida, devemos avaliar a história ginecológica (idade da menarca, DUM, intervalo, duração e fluxo dos ciclos menstruais, métodos anticoncepcionais, anomalias uterinas, antecedentes de doenças ginecológicas – miomas, IST, doença inflamatória pélvica, SOP e etc, história sexual). Logo mais, devemos colher a história obstétrica: data provável de parto, IG, local de parto, sexo do RN, peso ao nascer, tipo de parto (vaginal: tipo de incisão, uso de fórcipe) (cesárea: solicitar registro operatório), tipo de anestesia, duração do trabalho de parto, resultado da gestação (gravidez ectópica, natimorto, aborto e etc), complicações maternas, fetais e neonatais, avaliar sintomas atuais e efeitos. Na história clínica é necessário avaliar distúrbios que podem ser exacerbados durante a gestação, tais como: doenças cardiovasculares, gastrointestinais, autoimunes e endócrinos principalmente, além de, história de transfusão sanguínea prévia. Além disso, devemos avaliar a história familiar, como histórico de: DM (maior risco de diabetes gestacional), alterações genéticas (avaliar genealogia de 3 gerações), gestações gemelares dizigóticas (poliovulação pode ser herdado), as principais alterações a serem investigadas são: DM, Hipertensão e cardiopatia, principalmente da família materna. Contudo, é de suma importância avaliar a história ocupacional, hábitos e vícios a fim de identificar exposições aos riscos. Antecedentes obstétricos: questionar sobre G (gestação), PN (parto natural), PC (parto cesárea), A (abortamento). • Exemplo: G3, PN2, PC1, A0. 3 gestações, 2 de parto natural 1 de cesárea e nenhum abortamento. CONSULTAS DE RETORNO ANAMNESE Apresenta queixas? Percebe os movimentos fetais ativos? Houve perdas transvaginais (corrimento, sangue ou líquido)? Como está o funcionamento do sistema digestivo (alimentação e evacuação)? Há queixas urinárias? EXAME FÍSICO Examinar mucosas, verificar pressão arterial, peso, pulso, medir o fundo uterino, realizar manobras de Leopold (após 28 semanas de gestação) e ausculta do BCF. Fazer outros exames se necessário. b. exames físicos (posição fetal, altura uterina) EXAME FÍSICO GERAL Sinais vitais, altura e peso; Temperatura: em média 0,5ºC maior do que a basal; Respiração: atenção, principalmente, para o último trimestre de gestação, pois o crescimento uterino eleva o diafragma, o que pode levar a um quadro de dispneia.; Pulso; Pressão arterial (PA): quadros hipertensivos, como hipertensão gestacional, hipertensão crônica e pré- eclâmpsia, são muito temidos durante a gravidez e, em virtude disso, a verificação da pressão arterial deve ser uma constante em todas as consultas de pré-natal. A PA, idealmente, deve estar abaixo de 140/90mmHg. Caso a PA seja conhecida, a sistólica não pode ultrapassar 30mmHg do normal e a diastólica, 15mmHg; Hipertensão gestacional: pressão Arterial Sistólica (PAS) ≥ 140 e Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≥ 90. Surgimento após a 20ª semana de gestação e sem proteinúria. Hipertensão crônica: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90 antes da gravidez, anterior a 20ª semana de gestação e após a 12ª semana de pós-parto. Pré-eclâmpsia: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90. Surgimento após a 20ª semana de gestação e com proteinúria. Além da proteinúria e hipertensão, há edema. Eclâmpsia: apresenta as mesmas características da pré-eclâmpsia, porém com o acréscimo de convulsão. Peso e altura: são fundamentais para determinar o índice de massa corporal (IMC) e, por consequência, o estado nutricional. Tratando-se mais especificamente do peso, sabe-se que o ganho adequado para uma paciente, segundo o Ministério da Saúde, fica no intervalo de 11,5 e 16 kg. Observação: no primeiro trimestre, por conta de náuseas e vômitos, a grávida pode apresentar uma perda de até 5% do peso. Caso exceda esse valor, dentro dessas circunstâncias, suspeitar de hiperêmese gravídica. No segundo e terceiro trimestres, há ganho de 300-400g por semana. Circunferência abdominal: Mede aproximadamente 90-92 cm em gestante a termo e não obesas; Face: presença do Cloasma ou Melasma, pigmentação escura (difusa ou circunscrita) nas regiões mais expostas ao sol, como nariz, região frontal e zigomática; Olhos: observar a coloração das conjuntivas (a gestante possui uma tendência à anemia, quadro de hemodiluição por aumento do volume plasmático conhecido como anemia fisiológica da gestação, devido à queda do hematócrito e da hemoglobina); Boca: avaliar gengivas e dentes. Em relação aos últimos, sabe-se que infecções podem levar à prematuridade e a baixo peso ao nascimento; Tireoide: é esperado um discreto aumento simétrico da glândula devido a efeitos hormonais (mais evidente a partir da 20a semana de gestação). Portanto, sempre inspecionar e palpar a tireoide. Tórax e pulmões: na gravidez, a partir dos aumentos crescentes de progesterona, há um aumento do volume corrente e da ventilação minuto alveolar, o que pode levar à dispneia e à alcalose respiratória. Fora isso, investigar sinais como tosse e/ou desconforto respiratório para o diagnóstico precoce de asma ou embolia pulmonar. GINECO-OBSTÉTRICO O exame físico da gestante deve ser geral e completo, iniciando-se na primeira consulta do pré-natal, com ênfase nos aspectos ginecológicos e obstétricos. As pacientes devem ser examinadas em busca de alterações no estado geral, no peso, na pressão arterial, no volume da glândula tireoide, na ausculta cardíaca e pulmonar, Comentado [MS1]: Hiperêmese gravídica é a ocorrência de vômitos incontroláveis durante a gestação, resultando em desidratação, perda ponderal e cetose (a cetose é um processo natural do nosso corpo para produção de energia a partir da gordura, contudo, na hiperêmese temos um quadro de acidose por aumento de corpos cetônicos). na inspeção da pele e na palpação do abdome. Em acréscimo, é de fundamental importância a realização de exame ginecológico completo, incluindo a avaliação de vulga, vagina e mamas. O exame obstétrico, especificamente, inclui medida da altura uterina, que auxilia no rastreamento das alterações do crescimento fetal, das alterações no volume de líquido amniótico e de gestação múltipla, e ausculta dos batimentos cardíacos fetais com o sonar Doppler a partir de 9 a 12 semanas de gestação. Para uma assistência de qualidade, de acordo com o Ministério da Saúde (2006), a mulher deve realizar, no mínimo, seis consultas de pré-natal durante a gestação. MAMAS: Com 8 semanas de gestação: • Congestão mamária: hipertrofia. • Aréola primária: aréola hiperpigmentada. • Tubérculos de Montgomery: 12-15 glândulas mamárias acessórias ou sebáceas hipertrofiadas. Com 16 semanas de gestação: • Colostro: líquido que sai da mama e precede o leite materno. É possível verificar com a expressão. • Rede venosa de Haller: aumento da circulação venosa formando uma rede visível sob a pele transparente das mamas. Com 20 semanas de gestação: • Sinal de Hunter: desenvolvimento da aréola secundária, escurecimento das mamas. INSPEÇÃO DO ABDOME: No exame físico do abdome, a seguinte sequência deve ser obedecida: inspeção, altura uterina, palpação (manobras de Leopold- Zweifel) e ausculta fetal. Inspeção: • Verificar o formato do abdome (plano, abaulado, ovoide ou globoide); • Modificações na pele: Cicatrizes (investigar cirurgia de cesárea anterior) / Melasma ou cloasma. / Estrias (que são rupturas de fibras elásticas; quando recentes, são vermelhas ou azuladas e quando tardias, brancas) / Linha nigra: escurecimento da linha alba. / Edema. / Aumento exagerado do volume abdominal, indicativo de alterações importantes (polidrâmnio, gemelaridade e obesidade). • O formato tende a ser mais pêndulo em multíparas pelo enfraquecimento da musculatura abdominal, o que pode gerar alterações de apresentação fetal. Palpação: • Verificar a consistência uterina: Cística (líquido amniótico) / Elástica (parede uterina) / Pastosa (placenta). MEDIDA DA ALTURA UTERINA: Com a mão direita, fixar a extremidade inicial (0cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio da mão esquerda ou pela borda cubital esquerda. Proceder à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino. • Fundo uterino abaixo da IG suspeitar de erro de data (cálculo da idade gestacional errado), oligodrâmnio ou crescimento intrauterino restrito; • Fundo uterino grande para a IG: erro de data, polidrâmnio ou diabetes gestacional (criança PIG); • Quando a data e o período da última menstruação são conhecidos pode-se usar a altura uterina para estimar a idade gestacional PALPAÇÃO: Na palpação, então, destacam-se os quatro tempos das manobras de Leopold-Zweifel: 1º tempo: exploração do fundo uterino, delimitando-o e caracterizando onde os segmentos fetais se encontram. Este tempo orienta quanto à situação e à apresentação fetal. Palpação com as bordas cubitais de ambas as mãos no fundo uterino, delimitando, sem pressionar muito, e sentindo com a face palmar qual o polo presente no fundo uterino (pélvico ou cefálico) – orientação em relação à apresentação fetal. O polo pélvico é mais volumoso, esferoide, irregular, mas redutível e sem rechaço. Já o polo cefálico é menor, regular, resistente e irredutível. O feto pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. A situação transversa reduz a medida de altura uterina, podendo falsear sua relação com a idade gestacional. As apresentações, quando o feto está em situação longitudinal, são a cefálica e a pélvica. 2º tempo: exploração do dorso fetal; visa determinar a posição fetal, reconhecendo, com as mãos, o lado ocupado pelo dorso do feto (segmento endurecido e convexo) e o lado onde estão os membros fetais. A palpação é feita ao deslizar as mãos do fundo uterino em direção ao polo inferior, lateralmente. • Primeira posição: o feto está em posição esquerda, ou seja, seu dorso está no lado esquerdo materno; • Segunda posição: o dorso fetal está do lado direito materno. 3º tempo: exploração da mobilidade do polo fetal (altura da apresentação) que está no estreito superior; procura- se apreender o polo entre o polegar e o dedo médio, imprimindo-lhe movimentos de lateralidade que indicam o grau de penetração na bacia. Quando insinuado, o polo se apresenta fixo, quando móvel, este se encontra alto. 4º tempo: exploração da escava (confirma situação, apresentação e altura); O examinador, de costas para a cabeça da paciente, espalma as mãos sobre as fossas ilíacas e as desloca em direção ao hipogástrio, paralelamente à arcada crural. Com as pontas dos dedos, procura penetrar na pelve para averiguar o grau de penetração do polo apresentado no estreito superior da bacia. Desta maneira, pode-se também reconhecera cabeça fetal, que ocupa completamente a escava e é um corpo volumoso, de superfície regular, resistente e irredutível ou o polo pélvico, que, ocupando parcialmente a escava, é corpo mais volumoso, esferoide, de superfície irregular, resistente, mas redutível. A escava vazia sugere apresentação córmica (transversa). AUSCULTA FETAL: Os batimentos cardíacos fetais (BCF) podem ser percebidos pela ultrassonografia a partir da 7ª e 8ª semana de gestação (se ultrassonografia transvaginal, pode-se verificar com até 6 semanas), pelo Sonar-doppler entre 10 e 12 semanas e pelo estetoscópio de Pinard por volta da 20ª semana. A frequência cardíaca fetal normal oscila entre 120 e 160 bpm. Observação: para utilizar o Sonar- Doppler após 28 semanas, primeiramente as manobras de Leopold devem ser realizadas, com destaque para o segundo tempo, uma vez que, por meio dele, há identificação do dorso fetal. O foco máximo de ausculta está mais próximo do polo cefálico, então quando a apresentação é cefálica, ele está nos quadrantes inferiores do abdome. Quando é pélvica, está nos quadrantes superiores e quando é córmica está na linha média, próximo da cicatriz umbilical (no trabalho de parto o encaixe fetal altera essa relação). EXAME UROGENITAL: Durante a inspeção estática do exame ginecológico, a paciente deve estar em posição ginecológica e o mais confortável possível, respeitando sempre o pudor da gestante. • Dentre os sinais que se destacam no exame do colo uterino, pode-se descrever o sinal de Chadwick (EUA) ou sinal de Jacquemier (Europa): mucosa hiperpigmentada e tumefeita, de rosada para cianótica, devido à mudança hormonal e mecânica.; • Fora o sinal descrito acima, deve-se inspecionar o ânus, pesquisando hemorroidas, as quais podem levar à dor e/ou sangramento. TOQUE OBSTÉTRICO: O toque é o mais amplamente utilizado e difundido, sendo relevante para o diagnóstico da gestação no primeiro trimestre e para determinar a vigência do trabalho de parto e a amplitude da pelve. A partir do toque obstétrico, é possível identificar: • O apagamento e a dilatação cervical. • A presença ou não da bolsa amniótica, a sua integridade e, eventualmente, a sua ruptura. • A altura da apresentação. • O exame da pelve óssea com a determinação dos diâmetros conjugados. • A confirmação da apresentação. • Diagnóstico da variedade de posição. EXTREMIDADES: pesquisa de varizes, inspeção de mãos e pernas, pesquisando se nelas há edemas. c. exames laboratoriais d. exames de imagem (MINTI) EXAMES DE IMAGEM PARA AVALIAÇÃO DE MATURIDADE FETAL A avaliação da maturidade fetal está intimamente relacionada com a avaliação da maturidade do sistema respiratório fetal no terceiro trimestre. Em geral, os métodos empregados para essa avaliação são invasivos e dependem de amniocentese, mas a avaliação ultrassonográfica pode auxiliar na avaliação da maturidade fetal, com baixos riscos ao feto e auxiliando na decisão do desfecho obstétrico. Prevenir a prematuridade é a forma mais eficiente de prevenir a Síndrome do Desconforto Respiratório. Nesse sentido, conhecer o grau de maturidade pulmonar torna-se extremamente importante na condução das gestações com risco de trabalho de parto prematuro. Recomenda que a confirmação da maturidade pulmonar fetal seja realizada em partos eletivos antes de 39 semanas de gestação. O líquido do pulmão fetal contribui para a formação do líquido amniótico, por isso, a concentração de surfactante pode ser estipulada a partir de uma análise do liquido amniótico. Os principais métodos para essa avaliação são: • Relação Lecitina/Esfingomielina (L/E); • Pesquisa de corpos lamelares; • Relação Surfactante/Albumina; • Dosagem de Fosfatidilglicerol, que mede a presença ou ausência de fosfatidilglicerol no líquido amniótico; • Índice de Estabilidade da Espuma e Shake Test ou Teste de Clements. Ambas as técnicas necessitam da coletagem de líquido amniótico o que traz riscos adicionais à gestante. A US de rotina do 3°T pode ser realizadas após 27 semanas de gestação. Nessa fase o objetivo é estimar o peso do feto e ser bem-estar, observando: movimentos corporais e respiratórios, tônus e volume de líquido amniótico. Além da contínua avaliação das estruturas morfológicas, podendo avaliar os rins, o coração e o SNC. Em decorrência da maior ocupação da cavidade uterina pelo feto e a menor quantidade de líquido amniótico, avaliar a face, coluna, mãos e pés é muito dificultada nesse período. Grannum, em 1970 provou que ao avaliar a integridade e o bom funcionamento da placenta teríamos uma boa correlação com a maturidade pulmonar do feto, por isso, ele criou um sistema de classificação placentária que é a mais utilizada até hoje: ■ Placenta grau 0: caracteriza-se por apresentar uma placa corial lisa, a substância placentária homogênea e a placa basal sem ecogenicicade subjacente; ■ Placenta grau 1: a placa corial apresenta-se ligeiramente ondulada e observam-se pequenos pontos ecogênicos no maciçoplacentário e a placa basal sem modificação. A placenta alcança grau I por volta das 30 e 31 semanas de gestação podendo continuar assim até o final da gestação. ■ Placenta grau 2: a placa corial apresenta-se mais ondulada com áreas marcantes em forma de vírgula e maior quantidade de pontos ecogênicos na substância placentária. Na placa basal, observam-se áreas com ecos lineares paralelos a ela. 45% das pacientes chegam no grau II por volta das 34/36 semanas. ■ Placenta grau 3: A placa corial mostra-se marcantemente ondulada, formando verdadeiros círculos que se projetam para o maciçoplacentário, atingindo a placa basal e aumentando os pontos ecogênicos, promovendo sombra acústica. 15% das gestantes chegaram ao grau III, contudo não indica interrupção de gestação ou sofrimento fetal, visto que, essa classificação se restringe a analisar a bioquímica do líquido amniótico. Hamilton, propôs uma nova classificação e demonstrou que o US poderia ser usado para avaliar a placenta em: • Investigação de textura (há uma relação direta entre o grau de calcificação e maturidade pulmonar, avaliando a intensidade, quantidade e extensão de calcificação, com todos esses parâmetros expressos em um score de 0 a III); o Grau 0 → placenta homogênea, sem calcificações; o Grau I → Pequenas calcificações intraplacentárias; o Grau II → calcificações na placa basal o Grau III → compartimentação da placenta pela presença de calcificação da placa basal à coriônica. • Grau de maturidade; • Localização e espessura; Classificação conforme calcificações no bolo placentário: Grau 0: sem calcificações; Grau I: calcificações isoladas; Grau 2a: septos pequenos; Grau 2b: septos grandes; Grau 3: cotilédones completamente delimitados. A incorporação dessas avaliações é uma das formas mais efetivas para estimar a maturidade fetal de maneira não invasiva, reservando os procedimentos invasivos para situações de alto grau de complexidade. e. orientações (gerais e nutricionais) HIGIENE E VESTES Banhos diários sem a utilização de duchas vaginais; Higiene perineal no sentido àntero-posterior; Roupa íntima de algodão; Vestes largas e confortáveis; Suporte mamário adequado. ESTRIAS Para evitar ou reduzir o aparecimento, evitar excesso de peso e manter boa hidratação sistêmica, utilizar hidratantes corporais e massagem com movimentos circulares duas vezes ao dia e não massagear a região aréolo-mamilar; CLOASMA Evitar exposição solar das 10h às 16h e utilizar fotoprotetores todos os dias e evitar exposição ao Sol. VARIZES Repouso com as pernas elevadas e utilizar meias de média compressão, vestindo-as ao acordar antes de levantar da cama ou após o repouso em decúbito por 15 minutos. MAMAS Iniciar o incentivo à amamentação, orientar as técnicas para evitar fissuras, como exposição diária das mamas à luz solar ou luz artificial 40 watts (20min à distânciade 20 cm); Em caso de mamilo invertido → exercício de Hoffman. ALIMENTAÇÃO PERÍODOS DE SUPLEMENTAÇÃO MATERNA • Organogênese (fecundação até a 12° semana): Evitar exposição a agentes teratogênicos e iniciar suplementação com ácido fólico. O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que é fundamental no processo de multiplicação de células e na formação de proteínas. O uso do ácido previne defeitos de fechamento no tubo neural (cérebro e medula espinhal). Além disso, o uso é recomendado para todas as mulheres em idade fértil, principalmente se planeja engravidar. O ácido fólico deve ser iniciado no mínimo 30 dias antes de engravidar e seu uso deve ser continuado até o final do primeiro trimestre de gestação. • Período de reserva proteica (segundo trimestre até o fim da gestação): O feto faz uma reserva que lhe assegura um crescimento e um desenvolvimento adequados, por isso, deve-se oferecer à gestante complemento proteico e suplementação de ferro, a quantidade de sangue aumenta do seu corpo em até 50% durante a gestação, então mais ferro é necessário para produzir mais hemoglobina., ferro a mais também é usado pelo bebê em desenvolvimento e pela placenta, especialmente no segundo e terceiro trimestres. • Muitas mulheres precisam de ferro porque já começaram a gravidez com estoques insuficientes (carência de ferro pode levar a um tipo de anemia associada a partos prematuros, baixo peso do bebê ao nascer e até, em casos mais graves, mortalidade infantil). É comum mulheres terem anemia por causa dos sangramentos da menstruação. Para as mulheres grávidas essa quantidade de ferro mínima é de 27 miligramas por dia, e para as não grávidas, de 15 a 18 miligramas. • Período de mineralização óssea → Deposição de cálcio no osso fetal; Aumentar a ingesta de água e fibras; Frutas, legumes, verduras e leite devem ser consumidos; No primeiro trimestre não há necessidade de aumentar a ingestão de calorias, contudo, no segundo e terceiro trimestre é necessário aumentar 340 kcal/dia e 452 kcal/dia, respectivamente; Unidade feto-placentário consome aproximadamente 1 kg de proteína durante a gestação, por isso, é preciso aumentar ingestão de carboidrato, lipídios e proteínas IMC pré gravídico e ganho de peso em kg: baixo <19,8/ normal 19,8 – 26 / Elevado 26-29 / Obeso >29; FERRO → A suplementação de ferro reduz em 70% o risco de anemia materna, por isso, a recomendação é que a partir do segundo trimestre a mulher suplemente com 30 mg/dia; Comentado [MS2]: A técnica é conhecida como exercícios de Hoffman e se caracteriza em posicionar o polegar e o dedo indicador em lados opostos da base do mamilo e apertar para dentro e puxar delicadamente para fora. Fazer 5 vezes ao dia, pela manhã, no último mês de gestação. VITAMINA A → Sua ausência e deficiência está relacionada com abortamento., microcefalia e distúrbios oculares, dose recomendada de 2700 Ul; ATIVIDADE LABORAL → O ideal é que gestante mantenha sua atividade laboral, mas, quando sua atividade demanda longos períodos em posição ortostática, esforço físico intenso e exposição profissional a agentes químicos, físicos e tóxicos, deve-se recomendar que ela seja designada para outra função; SAÚDE BUCAL → Deve ser estimulada e orientar quanto à atrofia e facilidade de sangramento gengival; ESTÉTICA → Após o 1°T está liberada a coloração do cabelo desde que não contenha chumbo e amônia; VIAGENS TERRESTRES → Manter a movimentação frequente nos MMII para evitar formação de trombos, optar por cinto de segurança 4 pontos; VIAGENS AÉREAS → Não há restrições até a 34° semana; ATIVIDADE FÍSICA → As atividades mais adequadas são caminhadas, natação e hidroginástica, dessa forma, é necessário suspender exercícios de alto impacto devido a maior probabilidade de lesões articulares. Além disso, as gestantes devem evitar esportes com contato físico, risco de queda e atividade extenuante; ATIVIDADE SEXUAL → Está liberada a relação sexual durante a gravidez, contudo, ela só deve ser restringida se houver desconforto ou dor, sangramento e trabalho de parto pré-termo; ABAIXAMENTO DO ABDOMEN → em primigestas esse evento acontece 15 dias antes do parto e em multípara ocorre às vésperas do parto. Esse evento causa a sensação de desconforto respiratório e polaciúria, a apresentação causa distensão do segmento inferior do útero; USO DE IMUNOGLOBULINAS ANTI-RH: Aplicar dose IM de 300mg, de preferência na 28° semana e pode ser aplicado em qualquer semana a partir dessa. f. vacinas HEPATITE B Esquema completo Não precisa ser vacinada. Vacinação incompleta Completar as doses até que seja realizado um total de três doses. Não vacinada ou vacinação desconhecida Deve ser aplicado três doses no esquema de 0, 1 e 6 meses. A primeira dose deve ser aplicada, preferencialmente, após o 1º trimestre de gestação (12ª semana). DUPLA ADULTO (DT) E TRÍPLICE BACTERIANA ACELULAR DO TIPO ADULTO (DTPA): Gestantes previamente vacinadas com 3 doses de dT (esquema vacinal completo) Tomar 1 dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação ou até 45 dias após o parto (puerpério). Gestantes com vacinação incompleta Completar com 1 dose com dT (caso a gestante tenha tomado só 1 dose de dT); Tomar 1 dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação ou até 45 dias após o parto (puerpério). Gestantes não vacinadas ou com vacinação desconhecida Realizar 2 doses de dT; Tomar 1 dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação ou até 45 dias após o parto (puerpério). Respeitar o intervalo mínimo de 1 mês entre as vacinas. Observação: 1ª dose de dTpa deve ser tomada a cada nova gestação, seguindo o período acima indicado. INFLUENZA Dose única anual no momento que estiver ocorrendo à vacinação. VACINAS CONTRAINDICADAS NA GESTAÇÃO Febre amarela Tríplice viral HPV Varicela Dengue 3. Explique as políticas públicas relacionadas à gravidez
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