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Imunidade aos microrganismos INTRODUÇÃO O sistema imune inato fornece a defesa inicial e o sistema imune adaptativo proporciona uma resposta mais forte e sustentada Muitos microrganismos patogênicos evoluíram para resistir à imunidade inata e a proteção contra essas infecções é criticamente dependente das respostas imunes adaptativas A geração dos subgrupos de células T CD4+ efetoras TH1, TH2 e TH17 e a produção de diferentes isotipos de anticorpos são excelentes exemplos da especialização da imunidade adaptativa A sobrevivência e a patogenicidade dos microrganismos em um hospedeiro são criticamente influenciadas pela capacidade dos microrganismos para evadir-se ou resistir aos mecanismos efetores da imunidade Defeitos hereditários e adquiridos na imunidade inata e adaptativa são importantes causas de susceptibilidade a infecções (ex: HIV/SIDA) Muitos microrganismos estabelecem infecções latentes ou persistentes, nas quais a resposta imune controla, mas não elimina o microrganismo e, o microrganismo sobrevive sem propagar a infecção Imunidade a bactérias extracelulares As bactérias extracelulares são capazes de se replicar fora das células hospedeiras, por exemplo no sangue e em tecidos conjuntivos Causam doença quando Induzem inflamação, o que resulta na destruic ̧ão dos tecidos no local da infecção Produzem toxinas, que têm diversos efeitos patológicos. As toxinas pode ser endotoxinas, que são componentes da parede celular bacteriana, ou exotoxinas, que são secretadas pelas bactérias Imunidade inata a bactérias Os principais mecanismos são a ativação do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória Ativação do complemento Os peptideoglicanos na parede celular das bactérias Gram + e os LPS em bactérias Gram - ativam o complemento da via alternativa As bactérias que expressam manose na sua superfície, podem se ligar à lectina de ligação a manose, que ativa complemento pela via das lectinas Um resultado da ativação do complemento é opsonização e fagocitose aumentada de bactérias Ativação dos fagócitos utiliza Receptores de superfície, incluindo os receptores de manose e receptores scavenger para reconhecer as bactérias extracelulares Receptores Fc e receptores de complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e proteínas do complemento, respectivamente Os produtos microbianos ativam receptores do tipo Toll (TLRs) e vários sensores citoplasmáticos em fagócitos e em outras células Em adição, as células dendríticas e os fagócitos que são ativadas pelos microrganismos secretam citocinas que induzem a infiltração leucocitária nos locais de infecção (inflamação) Os leucócitos recrutados ingerem e destroem as bactérias Imunidade adaptativa a bactérias extracelulares Consiste na produção de anticorpos e na ativação de células T auxiliares CD4+ A imunidade humoral é uma importante resposta imunológica protetora contra bactérias extracelulares, funciona para bloquear a infecção, para eliminar os microrganismos e para neutralizar suas toxinas Os mecanismos efetores utilizados pelos anticorpos para combater essas infecções incluem neutralização, opsonização, fagocitose e ativação do complemento pela via clássica A neutralização é mediada pela alta afinidade dos isotipos IgG, IgM, IgA, esta última principalmente nos lumens dos órgãos das mucosas A opsonização é mediada por algumas subclasses de IgG A ativação do complemento é iniciada pela produção de IgM e subclasses de IgG As células T auxiliares produzem citocinas que estimulam a inflamação, a ativação dos macrófagos e respostas de células B IMUNIDADE A BACTÉRIAS INTRACELULARES Uma característica de bactérias intracelulares facultativas é a sua capacidade de sobreviver e até mesmo de se replicar dentro de fagócitos. Uma vez que esses microrganismos são capazes de encontrar um nicho onde eles são inacessíveis a anticorpos circulantes, sua eliminação requer mecanismos de imunidade mediada pela célula A resposta imune inata contra bactérias intracelulares é mediada principalmente por fagócitos e células natural killer (NK) Mecanismos da imunidade inata a bactérias intracelulares Fagócitos, inicialmente neutrófilos e posteriormente macrófagos, ingerem e tentam destruir esses microrganismos, mas as bactérias intracelulares patogênicas são resistentes à degradação dentro de fagócitos Os produtos destas bactérias são reconhecidos por TLR e por proteínas citoplasmáticas da família dos receptores do tipo NOD (NLR), resultando na ativação dos fagócitos As bactérias intracelulares ativam as células NK e estimulam a produção de IL-12 e IL-15 pelas células dendríticas e macrófagos e ambas são citocinas ativadoras da célula NK Assim, as células NK proporcionam uma defesa inicial contra estes microrganismos, antes do desenvolvimento da imunidade adaptativa Mecanismos da imunidade adaptativa a bactérias intracelulares A principal resposta imunológica protetora contra bactérias intracelulares é o recrutamento e ativação de fagócitos mediados por células T (imunidade mediada por células) A ativação dos macrófagos, que ocorre em resposta aos microrganismos intracelulares é capaz de causar lesão tecidual As diferenças entre indivíduos nos padrões de respostas das células T a microrganismos intracelulares são determinantes importantes da progressão da doença e da evolução clínica Células TCD4 e TCD8 na defesa contra microrganismos intracelulares As bactérias intracelulares tais como L. monocytogenes, são fagocitadas pelos macrófagos e podem sobreviver nos fagossomas e escapar para dentro do citoplasma As células T CD4+ respondem aos antígenos peptídicos associados ao MHC de classe II derivados das bactérias intravesiculares Estas células T produzem IFN-g, que ativa os macrófagos a destruírem os microrganismos nos fagossomas As células T CD8+ respondem aos peptídios associados à classe I derivados de antígenos citosólicos e destroem as células infectadas Células TCD4 ativam macrófagos para fagocitarem Células TCD8 mesmas fagocitam a bactéria Papel das células T e das citocinas para determinar o resultado das infecções Linfócitos T CD4+ imaturos podem diferenciar-se em células TH1, que ativam os fagócitos para destruir microrganismos ingeridos e células TH2, que inibem esta via clássica da ativação dos macrófagos O equilíbrio entre estes dois subconjuntos de células T pode influenciar no resultado de infecções, como ilustrado pela infecção por Leishmania em camundongos e Mycobacterium leprae em seres humanos IMUNIDADE CONTRA FUNGOS Algumas infecções fúngicas são endêmicas e estas infecções são normalmente causadas por fungos presentes no ambiente e cujos esporos penetram nos humanos Outras infecções fúngicas são chamadas de oportunísticas, comprometendo pessoas imundeficientes Imunidade inata contra fungos Os principais mediadores da imunidade inata contra fungos são os neutrófilos e macrófagos Os fagócitos e células dendríticas reconhecem os organismos fúngicos através dos TLRs e dos receptores do tipo lectina Os neutrófilos presumivelmente liberam substâncias fungicidas, tais como as espécies reativas de oxigênio e enzimas lisossomais e fagocitam os fungos para a morte intracelular Imunidade adaptativa contra fungos A imunidade celular é o principal mecanismo de imunidade adaptativa contra infecções fúngicas Ocorrem mecanismos semelhantes a eliminação de bactérias intracelulares, assim como a cooperação das células T CD4/CD8+ Alguns fungos extracelular provocam fortes reações Th17 através das DC, esta estimulação acarreta a inflamação e consequentes destruição destes fungos pelos neutrófilos e monócitos As respostas TH1 são protetoras em infecções fúngicas intracelulares,como a histoplasmose, mas estas respostas podem provocar a inflamação granulomatosa, que é uma importante causa de lesão tecidual no hospedeiro nessas infecções Fungos também induzem respostas específicas de anticorpos que podem ser protetoras IMUNIDADE CONTRA VÍRUS Os vírus são os microrganismos intracelulares obrigatórios que utilizam os componentes do ácido nucleico e a maquinaria da síntese de proteínas do hospedeiro para se replicar e se espalhar Os vírus tipicamente infectam diversos tipos de células, utilizando moléculas de superfície de células normais como receptores para entrar nas células A replicação viral interfere na síntese de proteína e função de células normais e leva à lesão e por fim à morte da célula infectada Respostas imunes inatas e adaptativas contra os vírus têm como objetivo bloquear a infecção e eliminar as células infectadas A infecção é prevenida por interferons do tipo I como parte da imunidade inata e os anticorpos neutralizantes contribuem para a imunidade adaptativa As células infectadas são eliminadas pelas células NK na resposta inata e pelos CTL na resposta adaptativa A, cinética das respostas imunológicas inata e adaptativa para uma infecção viral B, Mecanismos pelos quais a imunidade inata e adaptativa previnem e erradicam as infecções de vírus. A imunidade inata mediada por interferons do tipo I, que impedem a infecção e pelas células NK, que eliminam as células infectadas. A imunidade adaptativa é mediada por anticorpos e pelos CTLs, que bloqueiam a infecção e destroem as células infectadas, respectivamente Imunidade inata contra vírus Os principais mecanismos de imunidade inata contra os vírus são a inibição da infecção por interferons do tipo I e a destruição das células infectadas mediada pelas células NK Imunidade adaptativa contra vírus A imunidade adaptativa contra as infecções virais é mediada pelos anticorpos, que bloqueiam a ligação do vírus, e por CTLs, que eliminam a infecção matando as células infectadas Mecanismos de evasão imunológica pelos vírus Os vírus podem alterar seus antígenos, deixando de ser alvos do sistema imune Alguns vírus inibem a apresentação de antígenos de proteínas citosólicas associados ao MHC de classe I Algumas infecções virais crônicas estão associadas à insuficiência de respostas CTL Os vírus podem infectar e destruir ou inativar as células imunocompetentes IMUNIDADE CONTRA PARASITAS A infecção parasitária refere-se a infecção com parasitas de animais, tais como os protozoários, helmintos e ectoparasitas (p. ex., carrapatos e ácaros) Estima-se que cerca de 30% da população mundial sofram de infestações parasitárias A maioria das infecções parasitárias são crônicas devido a fraca imunidade inata e a capacidade dos parasitas para fugir ou resistir à eliminação por respostas imunológicas adaptativas Imunidade inata contra parasitas A principal resposta da imunidade inata aos protozoários é a fagocitose, mas muitos desses parasitas são resistentes à fagocitose e podem se replicar mesmo dentro de macrófagos Os fagócitos também podem atacar os parasitas helmintos e secretar substâncias microbicidas para matar organismos que são muito grandes para serem fagocitados Imunidade adaptativa contra parasitas O principal mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem dentro de macrófagos é a resposta imunológica mediada por células, em particular pela ativação de macrófagos por citocinas derivadas de células TH1 A defesa contra muitas infecções por helmintos é mediada pela ativação das células TH2, o que resulta na produção de anticorpos IgE e ativação de eosinófilos REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE Os distúrbios causados por respostas imunes são chamados de hipersensibilidade Causas da hipersensibilidade Autoimunidade: É a falha dos mecanismos normais de autotolerância resulta em reações contra as próprias células e tecidos. As doenças causadas por reações de autoimunidade são denominadas doenças autoimunes (2 – 5% da população em países desenvolvidos, mais incidente no sexo feminino, entre 20 – 40 anos) Reações contra microrganismos: As respostas imunes contra antígenos microbianos podem causar doenças se as reações forem excessivas, por exemplo, as respostas das células T contra microrganismos persistentes podem dar origem a uma inflamação grave, algumas vezes, com a formação de granulomas; observada na tuberculose Reações contra antígenos ambientais: quase 20% da população é anormalmente responsiva a uma ou mais destas substâncias. Esses indivíduos produzem anticorpos imunoglobulina E (IgE) que causam doenças alérgicas. Classificação das doenças de hipersensibilidade Tipos de doenças causadas por anticorpos Doenças causadas por inflamação mediada por citocinas Mecanismos das doenças mediadas por células T A, Nas reações inflamatórias mediadas por citocinas, as células T CD4+ (e, às vezes, as células CD8+) respondem aos antígenos dos tecidos secretando citocinas que estimulam a inflamação e ativam os fagócitos, produzindo lesão tecidual. B, Em algumas doenças, as CTLs CD8+ matam diretamente as células dos tecidos Exemplos Artrite reumatoide Esclerose múltipla Diabetes melitus tipo I Doença intestinal inflamatória Psoríase ALERGIA Doenças de hipersensibilidade imediata são iniciadas pela introdução de um alérgeno, que estimulam de respostas de células T auxiliares produzindo IL-4 e a produção de IgE A IgE sensibiliza os mastócitos, e uma exposição subsequente ao alérgeno ativa os mastócitos para secretarem os mediadores que são responsáveis pelas reações patológicas de hipersensibilidade imediata A susceptibilidade de doenças alérgicas é herdada, e as variações genéticas foram associados à asma alérgica, por exemplo Células envolvidas em reações alérgicas Os MASTÓCITOS são derivados de precursores da MO e amadurecem nos tecidos. Expressam receptores de alta afinidade para IgE e possuem grânulos citoplasmáticos em que vários mediadores inflamatórios são armazenados Os subconjuntos de mastócitos, incluindo os mastócitos de mucosa do tecido conjuntivo, podem produzir diferentes mediadores Os BASÓFILOS são um tipo de granulócitos circulantes que expressam receptores Fcε de alta afinidade e contêm grânulos com conteúdo semelhante ao dos mastócitos Os EOSINÓFILOS são granulócitos; recrutados para as reações inflamatórias pelas quimiocinas e pela IL-4 e são ativadas pela IL-5. Os eosinófilos são células efetoras que são envolvidos em matar os parasitas. Nas reações alérgicas, os eosinófilos contribuem para a lesão do tecido.