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Apostila_Noções de Neonatologia - ENFERMAGEM

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” 
 
 Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” 
 
 Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem 
 
 
 
 
 
 
 
Noções de Neonatologia 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 Tatuí-SP 
 
 
 2018 
 
 
 
 
1 
 
 
Sumário 
 
1 Introdução ................................................................................................................................. 2 
2 Adaptação do Neonato .............................................................................................................. 2 
3 Características Biológicas da Adaptação .................................................................................. 2 
4 Características Comportamentais da Adaptação ....................................................................... 9 
5 Avaliação da Idade Gestacional ................................................................................................ 9 
6 Avaliação e Exame do RN ........................................................................................................ 11 
7 Atendimento ao RN na Sala de Parto ........................................................................................ 17 
8 RN Pré-Termo .......................................................................................................................... 24 
9 O Bebê Pequeno para a Idade Gestacional (PIG) ..................................................................... 33 
10 O Bebê Grande para a Idade Gestacional (GIG) ....................................................................... 36 
11 RN Pós-Termo ......................................................................................................................... 38 
12 Patologias mais comuns ............................................................................................................ 41 
Referencias ............................................................................................................................................ 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1 Introdução 
 
 A Neonatologia é um campo vasto em desenvolvimentos e representa hoje um grande 
campo de pesquisa e assistência. É um campo jovem, uma sub-especialidade da pediatria que se 
ocupa de recém-nascido, ou seja, do ser humano nas primeiras quatro semanas de vida. Tem por 
finalidade a assistência ao recém-nascido, bem como a pesquisa clínica, sendo sua principal meta 
a redução da mortalidade e morbidade perinatais e a procura da sobrevivência do recém-nascido 
nas melhores condições funcionais possíveis. 
 
2 Adaptação do Neonato 
 
Imediatamente após o nascimento, o neonato precisa assumir as funções vitais realizadas pela 
placenta intra-útero. 
“O nascimento dá início a um período crítico de 24 horas, chamado de período de transição, que 
engloba a adaptação do neonato da vida intra-uterina para a vida extra-uterina. 
Para sobreviver fora do útero, o neonato precisa atravessar com sucesso o período de transição. 
As estatísticas refletem a dificuldade dessa tarefa: a mortalidade é maior durante esse período do 
que em qualquer outra época; 67% de todas as mortes infantis (aquelas que ocorrem no primeiro 
ano de vida) acontecem durante o período neonatal (os primeiros 28 dias de vida). 
O período de transição impõe alterações em todos os sistemas corporais e expõe o recém-
nascido a uma ampla variedade de estímulos externos.” (Carole Kenner, 2001). 
As condições que impedem uma adaptação bem sucedida à vida extra-uterina impõem uma séria 
ameaça ao Rn e a equipe de enfermagem. 
 
3 Características Biológicas da adaptação 
 
 
Ajustes fisiológicos cruciais ocorrem em todos os sistemas corporais após o nascimento. 
 
A - Sistema Cardiovascular 
 
Para garantir a sobrevivência do neonato, a circulação fetal precisa se converter em circulação 
neonatal durante o período de transição. A circulação fetal envolve quatro características 
anatômicas únicas que desviam a maior parte do sangue para fora do fígado e dos pulmões. 
A placenta serve como um órgão de troca através do qual o feto absorve oxigênio, nutrientes e 
outras substâncias e excreta resíduos (como o dióxido de carbono). O ducto venoso liga a veia 
cava inferior à veia umbilical, permitindo que a maior parte do sangue da placenta contorne o 
fígado. O forame oval e o ducto arterioso dirigem a maior parte do sangue para fora do circuito 
pulmonar. Embora uma pequena parte do sangue arterial pulmonar entre no circuito pulmonar 
para perfundir os pulmões, o ducto arterioso desvia a maior parte para a aorta para suprir o tronco 
e os membros inferiores de oxigênio e nutrientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Volume sanguíneo 
 
O volume sangüíneo do Rn a termo varia de 80 a 90 ml/kg em contraste com o volume de sangue 
do Rn prematuro que varia de 90 a 105 ml/kg. 
O volume depende da quantidade de sangue transferida pela placenta após o parto. 
O clampeamento tardio do cordão aumenta o volume em até 100 ml, possivelmente aumentando 
a freqüência cardíaca a freqüência respiratória e a pressão arterial sistólica. 
 
B – Sistema Respiratório 
 
Entre as semanas 24 a 30 de gestação, os pneumócitos II (células alveolares), começam a 
secreção limitada de surfactante. 
O surfactante é um fosfolipídio que diminui a tensão superficial dos fluidos pulmonares e evita o 
colapso alveolar ao final da expiração. 
A redução da tensão da superfície dos alvéolos facilita as trocas gasosas, diminuindo as pressões 
de insuflação necessárias para a abertura das vias respiratórias, melhora a complacência 
pulmonar e diminui o trabalho respiratório. 
 
Instalação da respiração neonatal 
 
A medida que o tórax do Rn se comprime através do canal vaginal, a compressão força pra fora 
cerca de 1/3 do líquido pulmonar através do nariz e boca. 
A circulação pulmonar e o sistema linfático absorvem os 2/3 restantes após o começo da 
respiração. 
 
Estímulo respiratório 
 
Em resposta a vários estímulos, o Rn realiza a primeira respiração dentro de 20 segundos após o 
parto. A asfixia é o estímulo mais importante para a respiração do neonato. Contudo, como mostra 
o quadro abaixo, outros estímulos bioquímicos também entram em ação, bem como vários fatores 
mecânicos, térmicos e sensoriais. 
 
ESTÍMULO INICIAL ESTIMULAÇÃO DO 
RECEPTOR 
RESPOSTA 
Sensorial 
Luzes brilhantes, toque, dor 
Quimiorreceptores visuais, 
auditivos e proprioceptivos 
Estimulação do centro 
respiratório medular 
Bioquímico 
Asfixia 
Quimiorreceptores aórticos e 
carotídeos 
Impulsos nervosos 
eferentes (via medula 
espinhal) 
Térmico 
Perda de calor 
Receptores térmicos Contração diafragmática 
Mecânico 
Compressão torácica, 
retração elástica 
Receptores de estiramento Respiração glossofaríngea 
 
Função respiratória neonatal 
 
A freqüência respiratória varia no primeiro dia, estabilizando-se nas primeiras 24h após o 
nascimento. 
 
C – Sistema Hematopoiético 
 
Tal como os outros sistemas corporais, o sistema hematopoiético não está totalmente 
desenvolvido ao nascimento. As características hematológicas que garantiram a oxigenação 
tissular adequada intra-útero precisam ser substituídas por alguns elementos mais maduros após 
o nascimento. 
 
4 
 
D – Sistema Hepático 
 
É responsável pela liberação da bilirrubina, pela coagulação sangüínea, pelo metabolismo dos 
carboidratos e pelo armazenamento de ferro – é imaturo. 
Em circunstâncias normais, ele funciona adequadamente. 
 
Liberação da bilirrubina 
 
A bilirrubina (pigmento biliar amarelo) é um subproduto da degradação das hemácias. A bilirrubina 
liga-se a albumina plasmática e é insolúvel em água (bilirrubina indireta ou não conjugada). 
 
A bilirrubina indireta precisa ser conjugada convertida em bilirrubina direta para ser excretada. 
A conjugação ocorre no fígado. Icterícia 
 
Se a bilirrubina não conjugada se acumular mais rapidamente do que o fígado pode eliminá-la, o 
Rn pode desenvolver uma coloração amarela conhecida como icterícia. 
A eliminação lenta ou ineficaz da bilirrubina resulta em algum grau de icterícia em cerca de 50% 
dos Rn a termo e 90% dos recém-nascidos prematuros. 
Fatores que podem aumentar o risco de hiperbilirrubinemia não conjugada: asfixia, estresse ao 
frio, hipoglicemia, ingestão materna de salicilatos. 
 
Coagulação sanguínea 
 
Nos primeiros dias após o nascimento, o trato gastrintestinal não tem atividade bacteriana para 
sintetizar vitamina K suficiente. 
A vitamina K cataliza ativa os fatores de coagulação. 
Consequentemente, o neonato está em risco de hemorragia. 
Todos os neonatos recebem vitamina K logo após o nascimento, para prevenir a hemorragia. 
 
Metabolismo dos carboidratos 
 
A principal fonte energética durante as primeiras 4 a 6 horas após o nascimento é a glicose que é 
armazenada no fígado como glicogênio. 
Aproximadamente 90% do glicogênio hepático do Rn são usados dentro das primeiras 3 horas de 
vida. 
Situações de estresse como hipotermia, hipóxia e alimentação retardada podem exaurir 
rapidamente os depósitos de glicogênio levando a hipoglicemia. 
 
Armazenamento de ferro 
 
Na gestação termo o fígado contém ferro suficiente para produzir hemácias até a idade de 5 
meses, desde que a mãe tenha ingerido ferro suficiente durante a gravidez. 
Removido das hemácias destruídas, o ferro é armazenado no fígado e depois reciclado em novas 
hemácias. 
O neonato precisa ingerir uma dieta com ferro suficiente para manter a produção adequada de 
hemácias. 
 
E – Sistema Renal 
 
O sistema renal é imaturo tornando o neonato suscetível a desidratação, acidose e desequilíbrio 
eletrolítico quando ocorre diarréia e vômitos. 
 
5 
 
A taxa de filtração glomerular é baixa e limita a capacidade dos rins de excretar o excesso de 
solutos e regular a composição corporal de água. 
 Taxa de filtração glomerular em 24 h – 54 L 
 Fabricação de urina em 24 h – 540 mL 
 Fabricação de urina em 1 h – 22,5 mL 
O neonato em geral urina dentro de 24 h após o nascimento, sendo a primeira urina de cor 
vermelho escuro e nebulosa pela presença de uratos e muco – mancha levemente vermelha. 
 
F – Sistema Digestório 
 
Ao nascer, o recém-nascido precisa assumir as funções digestivas previamente realizadas pela 
placenta. 
 
Capacidade gástrica 
 
A capacidade gástrica do Rn é de 40 a 60 ml no primeiro dia após o nascimento; aumentando com 
alimentações subseqüentes. Devido a essa capacidade limitada, as necessidades de nutrientes 
devem ser atendidas através de pequenas alimentações mais freqüentes. O tempo de 
esvaziamento gástrico em geral é de 2 a 4 horas – varia com o volume da alimentação e a idade 
do neonato. A peristalse é rápida. 
 
Síntese de vitamina K 
 
A síntese de vitamina K por meio da atividade bacteriana é outra função gastrintestinal importante. 
Embora de início seja estéril, o trato gastrintestinal estabelece uma colônia bacteriana normal 
dentro da primeira semana após o nascimento, permitindo uma síntese adequada de vitamina K. 
 
Iniciação da alimentação 
 
Na maioria dos casos a alimentação deve começar logo que o recém-nascido esteja fisicamente 
estável e exiba coordenação adequada dos reflexos de sucção e deglutição. Uma longa demora 
para iniciar a alimentação pode esgotar as reservas limitadas de glicogênio do neonato, 
resultando em hipoglicemia, colocando em risco o cérebro que é altamente dependente de 
glicose. 
 
Fezes neonatais 
 
De início, os intestinos do recém-nascido contêm mecônio, uma substância fecal espessa, verde-
escura e inodora que consiste em líquido amniótico, bile, células epiteliais e cabelo. 
Geralmente, o recém-nascido elimina o primeiro mecônio dentro de 24 horas após o nascimento. 
 
G – Sistema Imunológico 
 
O sistema imunológico é deficiente ao nascer. Com o parto vem a exposição a substâncias (por 
exemplo bactérias) que não estão presentes comumente no útero. Tal exposição ativa 
componentes da resposta imunológica. O primeiro ano é o período de maior vulnerabilidade a 
infecções graves. 
 
H – Sistema Neurológico 
 
Embora não totalmente desenvolvido, o sistema neurológico do recém-nascido pode realizar 
funções complexas necessárias a regular a adaptação do neonato – estimular respirações iniciais, 
manter o equilíbrio ácido-básico e regular a temperatura corporal. 
 
6 
 
A função neurológica do recém-nascido é controlada principalmente pelo tronco cerebral e pela 
medula espinhal. O sistema nervoso autônomo e o tronco cerebral coordenam as funções 
respiratória e cardíaca. 
Todos os nervos cranianos estão presentes ao nascimento. O neonato tem um córtex cerebral 
funcionante, embora o grau no qual ele é usado permaneça desconhecido. 
O cérebro necessita de um suprimento constante de glicose como fonte de energia e de um nível 
relativamente alto de oxigênio para manter um metabolismo celular adequado. Por este motivo, o 
estado de oxigenação do neonato e os níveis de glicose devem ser avaliados e monitorados 
cuidadosamente, a fim de se detectarem o comprometimento das trocas gasosas e sinais de 
hipoglicemia. 
 
I – Sistema Endócrino e Metabólico 
 
Ao nascer, o sistema endócrino é anatomicamente maduro, mas funcionalmente imaturo. 
Com a interrupção da circulação placentária ao nascer ocorre uma suspensão do suprimento de 
oxigênio, de nutrientes, de eletrólitos e de outras substâncias vitais ao neonato. A retirada da 
glicose e do cálcio supridos pela mãe implica alterações metabólicas significativas e imediatas 
para garantir uma adaptação neonatal bem-sucedida. Durante as primeiras horas após o 
nascimento, os níveis de glicose e de cálcio sérico mudam rapidamente. 
 
J – Termorregulação 
 
A manutenção da temperatura corporal – essencial para uma adaptação extra-uterina bem 
sucedida é regulada por interações complexas entre a temperatura ambiental e a perda e 
produção de calor corporal. A compreensão e o uso adequado da termorregulação foram um dos 
primeiros avanços da neonatologia. 
O neonato tem uma capacidade termorreguladora limitada, obtida por mecanismos de 
aquecimento e esfriamento corporal. Quando o recém-nascido não pode mais manter a 
temperatura corporal, ocorre resfriamento ou superaquecimento; a exaustão do mecanismo de 
termorregulação traz a morte. 
À medida que o neonato faz a transição para a vida extra-uterina, a temperatura central diminui 
em quantidades que variam com a temperatura ambiental e a condição do Rn. 
Inicialmente, a temperatura central do Rn a termo cai cerca de 0,3ºC por minuto. 
Assim, em condições normais de parto, ela pode cair 3ºC antes que o Rn saia da sala de parto. 
A manutenção da temperatura corporal normal no Rn pode contribuir significativamente para uma 
adaptação bem-sucedida. 
 
Ambiente Térmico Neutro (ATN) 
 
Englobando uma estreita faixa de temperaturas ambientais, o ambiente térmico neutro requer a 
menor quantidade de energia para manter uma temperatura central estável. Para um recém-
nascido a termo, despido, no primeiro dia após o nascimento, o ATN varia de 32 a 34ºC. Dentro 
dessa faixa de temperatura, o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de carbono são 
menores e a temperatura central é normal. 
Temperaturas ambientais acima ou abaixo do ATN aumentam o consumo de oxigênio e 
aumentam a taxa de metabolismo. 
Algumas características colocam o Rn em desvantagem fisiológica para a termorregulação, 
aumentando o risco de hipotermia. 
 Uma grande superfície corporal em relação à massa; 
 Deposição limitada de gordura subcutânea para prover isolamento; 
 Instabilidade vasomotora; 
 
7 
 
 Capacidade metabólica limitada. 
 
Mecanismos da perda de calor 
 
A perda de calor que começa no parto, pode ocorrer através de quatro mecanismos: 
 Evaporação - a perdade calor por evaporação ocorre quando fluidos (água insensível, 
perspiração visível e fluidos pulmonares) se tornam vapor no ar seco. A perda acentuada de 
calor por evaporação que ocorre no parto pode ser minimizada secando-se imediatamente o 
Rn e removendo-se os campos molhados. 
 Condução – Esta forma de perda de calor ocorre quan- 
do a pele entra em contato direto com um objeto mais 
frio – por exemplo, uma bancada ou balança frias. 
Portanto, qualquer superfície metálica sobre a qual o 
Rn será colocado deve ser forrada. 
 Radiação – Uma superfície sólida mais fria sem contato 
direto com o neonato pode causar perda de calor atra- 
vés de radiação. Fontes comuns de perda de calor ra- 
diante incluem as paredes, e janelas da incubadora. 
Ocorrendo mesmo a temperaturas quentes, a perda de 
calor radiante pode ser minimizada através do uso de 
 uma cobertura de calor termoplástica. 
 Convecção – A perda de calor da superfície corporal 
para o ar circunjacente mais frio ocorre através de 
convecção. Ela é maior em ambientes resfriados. Assim, a sala de parto resfriada para o 
conforto da equipe de saúde pode causar perda significativa de calor no Rn. 
 
Defesas contra hipotermia 
 
Em um ambiente frio ou em outras circunstâncias estressantes, o Rn se defende contra a perda 
de calor através de: 
 
 Controle vasomotor - O Rn conserva o calor através da vasoconstrição periférica e dissipa o 
calor através da vasodilatação periférica. 
 Isolamento térmico – Fornecido pela gordura subcutânea (branca), o isolamento térmico 
protege contra a perda rápida de calor. A quantidade de gordura subcutânea determina o grau 
de isolamento térmico. 
 Atividade muscular – A atividade muscular aumenta a produção de calor. Inicialmente o Rn 
reage ao ambiente frio com um aumento dos movimentos (freqüentemente percebido como 
irritabilidade). 
 Termogênese não espasmogênica – Definida como a produção de calor através da lipólise 
da gordura marrom. É o mecanismo de produção de calor mais eficaz do Rn porque aumenta 
minimamente a taxa metabólica. Um tipo de tecido adiposo, a gordura marrom responde por 
até 1,5% do peso total do Rn a termo. Assim chamada devido a sua cor marrom (rica em 
vasos sangüíneos e nervos), a gordura marrom é depositada em torno do pescoço, da 
cabeça, do coração, dos grandes vasos, dos rins, das glândulas supra-renais, entre as 
escápulas; atrás do esterno; e nas axilas. 
Em resposta a perda de calor há uma queima da gordura marrom, levando a um aumento da 
produção de calor. A produção de calor pela oxidação (queima) da gordura marrom, é 
distribuída através do corpo pelo sangue, que absorve o calor ao passar pelo tecido 
gorduroso. 
 
 
 
8 
 
Prevenção da perda de calor 
 
A prevenção da perda de calor é uma parte importante dos cuidados neonatais de 
enfermagem. A perda de calor pode ocorrer através de quatro mecanismos: condução, 
convecção, evaporação e radiação. 
O quadro abaixo descreve algumas medidas de enfermagem que ajudam a prevenir a perda 
de calor em cada um desses mecanismos. 
 
 
 
 
 
 
 Perda de calor por condução 
 Preaqueça o berço e a roupa de cama do berço 
aquecido. 
 Aqueça o estetoscópio antes de usá-lo. 
 Envolva o recém-nascido em uma manta aquecida ou 
deixe a mãe segurá-lo para utilizar o efeito de 
aquecimento do contato de pele. 
 Forre a balança com papel ou uma manta pré-pesada, 
aquecida, quando for pesar o recém-nascido. 
 Verifique a temperatura de qualquer superfície antes 
de colocar o recém-nascido sobre ela. 
 
 
 
Perda de calor por 
convecção 
 Coloque o berço do recém-nascido fora do alcance 
direto de uma janela aberta, um ventilador ou um 
aparelho de ar condicionado. 
 Cubra o recém-nascido com uma manta quando for 
removê-lo para outra área. 
 Eleve os lados do berço aquecido para prevenir a 
exposição do recém-nascido a correntes de ar. 
 Evite usar ventiladores na sala de parto ou no berçário. 
 
 
 
 
Perda de calor por 
evaporação 
 Enxugue o recém-nascido imediatamente após o parto. 
 Quando o Rn não estiver em um berço aquecido, 
mantenha-o seco e enrolado em mantas aquecidas. 
 Retire do Rn roupas molhadas. 
 Retarde o banho até que a temperatura do Rn esteja 
estável. 
 Durante o banho do Rn, exponha apenas uma parte do 
corpo de cada vez; lave cada parte completamente, 
secando-a imediatamente. 
 Quando estiver avaliando o Rn, descubra apenas a 
área específica a ser avaliada. 
 Coloque um gorro na cabeça do Rn na sala de parto. 
 
 
Perda de calor por radiação 
 Use um berço aquecido para estabilização inicial pós-
parto. 
 Coloque o Rn em uma incubadora de paredes duplas. 
 Mantenha o Rn longe de áreas de superfícies frias. 
 
 
K – Sistema Tegumentar 
 
O recém-nascido saudável é úmido e quente ao toque. Lanugem, um cabelo fino e felpudo, pode 
existir sobre as costas e os ombros. 
Assim como a pele dos adultos, a pele dos Rn serve como a primeira linha de defesa contra 
infecções. 
 
9 
 
L – Sistema Musculoesquelético 
 
A ossificação (desenvolvimento ósseo0 é incompleta ao nascer, mas prossegue rapidamente a 
partir daí. O esqueleto do Rn consiste principalmente em osso. 
Os músculos são anatomicamente completos no nascimento a termo. Com a idade a massa, a 
força e o tamanho muscular aumentam. 
 
M – Sistema Reprodutor 
 
O sistema reprodutor é anatômica e funcionalmente imaturo ao nascer. 
 
4 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DA ADAPTAÇÃO 
 
O recém-nascido a termo não só percebe o ambiente, como também tenta controlá-lo através do 
seu comportamento. Capaz de ver, ouvir e distinguir entre gostos e cheiros, o Rn responde ao 
toque e aos movimentos, se defende de estímulos e dá sinais que, quando interpretados por um 
cuidador atento, podem satisfazer às suas necessidades. 
 
A - Capacidades sensoriais neonatais 
 
 Visão 
 
Podem ver objetos cerca de 23 a 30, 5 cm de distância. 
Prefere o padrão de cores branco-e-preto. 
Sensível à luz. 
Pode seguir os pais com o olhar. 
Coordenação muscular. 
 
 Audição 
 
Pode detectar sons desde que as tubas auditivas estejam limpas. 
 
 Paladar 
 
Paladar começa a desenvolver-se antes do nascimento. 
Prefere doce ao amargo ou azedo. 
 
 Tato 
 
Pode sentir pressão, dor e toque, imediatamente ou logo após o nascimento. 
Sensível ao ser acariciado. 
 
 Olfato 
 
Depois que o muco e o líquido amniótico são limpos das vias nasais, pode diferenciar os odores 
agradáveis dos desagradáveis. 
Pode diferenciar o cheiro do absorvente de mama úmido da própria mãe do de outra mãe, uma 
semana após o nascimento. 
 
5 AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL 
 
A avaliação da idade gestacional determina a maturidade física e neuromuscular do Rn, ajudando 
a provedores de cuidados de saúde antecipar problemas perinatais associados ao estado pré-
termo ou pós-termo. 
 
 
10 
 
Pré-termo (PT) – são todas as crianças nascidas vivas, antes da 38º semana, ou seja, até 37 
semanas e seis dias (até 265 dias). 
 
Termo (T) – são todas as crianças vivas nascidas entre 38 e 41 semanas e 6 dias (266 a 293 
dias). 
 
Pós-termo (PO) – são todas as crianças vivas nascidas com 42 semanas ou mais de IG (294 dias 
em diante). 
 
 
 
Características do RN 
 
Achados físicos Pré – Termo Termo Pós - Termo 
Vérnix Cobre o corpo Dorso, cabeça e pregas. Desaparece 
Tecido mamário 
e aréola 
1 a 2 mm 
Nódulo 
3 a 6 mm 7 a 10 mm 
Formas das 
orelhas 
Começa a curvatura superior 
ou achatada e disforme. 
Curvatura bem definida de todo 
pavilhão. 
Curvatura bem definida 
de todo pavilhão. 
Pregas plantares Anterior 2/3 da sola Pregas até o calcanhar Sulcos em toda a sola 
 
11 
 
 
Pele 
Lisa mais espessa sem edema. 
Unhasaté a ponta dos dedos. 
Rósea, poucas veias e alguma 
descamação pálido-rósea. 
Unha até a ponta dos dedos. 
Grossa, pálida, 
descamação. 
Unhas se estendem além 
das pontas dos dedos. 
Cabelo Finos, aparência de lã. Sedosos, margem única. 
Linha do cabelo 
anteriorizada. 
Queda de cabelo, fino e 
curto. 
Lanugem Desaparece na face. Só no ombro. Ausente. 
 
Genitália 
Testículos no alto do escroto. 
Escroto com menos rugas. 
Grandes lábios quase cobre o 
clitóris. 
Testículos no escroto. 
Escroto com rugas completas. 
Pequenos lábios e clitóris 
coberto. 
Testículos no escroto. 
Escroto pendentes 
Pequenos lábios e clitóris 
coberto. 
Consistência do 
crânio 
Elástico junto à fontanela. 
Ossos endurecidos, suturas 
deslocáveis. 
Ossos endurecidos, não 
podem se deslocar. 
Postura em 
repouso 
Como sapo 
 
Flexão dos membros inferiores 
Hipertônico 
 
 
 
6 AVALIAÇÃO E EXAME DO RN 
 
Introdução 
Alguns minutos depois do nascimento o exame físico é feito pelo pediatra. É uma avaliação de 
rotina do estado físico do bebê. 
O exame físico e neurológico mais aprofundado é realizado depois, do nascimento, no berçário ou 
Uti neonatal, por pediatras ou outros especialistas. 
O exame consiste em avaliar que tipo de pessoa esta criança é, como ela reage aos estímulos à 
sua volta e qual sua capacidade de se ajustar ao novo meio ambiente. 
 
Materiais necessários para o exame físico 
 
 Fita métrica 
 Balança digital 
 Régua antropométrica 
 Termômetro 
 Estetoscópio neonatal 
 Oftalmoscópio 
 
Sinais vitais 
 
 Freqüência respiratória - contagem das respirações por 60 segundos, antes de 
determinar a freqüência cardíaca apical, enquanto o recém-nascido está calmo; a 
freqüência normal é de 30 a 60 respirações por minuto. 
 Freqüência cardíaca - contagem da freqüência apical por 60 segundos, acima do ápice 
cardíaco; a freqüência normal é de 120 a 160 batimentos por minuto. 
 
 Temperatura - verificar a temperatura axilar com termômetro firme à dobra axilar por 3 
minutos; a temperatura no recém-nascido normal varia 36,4ºC a 37,2ºC. 
 
 
 
 
12 
 
Medidas antropométricas 
 
 Peso - pesar o recém-nascido no mesmo horário diariamente, antes da alimentação; 95% 
dos recém-nascidos a termo pesam de 2500 a 4250g. 
 
 Comprimento - colocar o recém-nascido em uma superfície rígida com as pernas 
totalmente estendidas antes de medir. O recém-nascido apresenta ao termo uma estatura 
média de 50 cm (sexo masculino) ou 49 cm (sexo feminino) . 
 
 Perímetro torácico - Os nascidos de termo apresentam perímetro torácico em média de 32 
cm. Medido colocando-se a fita métrica acima dos mamilos e cruzar o bordo superior da 
escápula. 
 
 Perímetro cefálico - Ao nascimento o perímetro cefálico é 1 a 2 cm maior que o torácico. 
Os nascidos de termo apresentam perímetro cefálico de cerca de 34 cm, medido em uma 
linha que passa pela protuberância occipital e pela região mais proeminente da fronte. 
 
Cabeça 
 
 Tamanho da cabeça em relação ao corpo é de normalmente cerca de 25% do tamanho 
total. 
 
 Verificar presença de deformações moldadas: bossa serossangüínea (aumento de 
espessura do couro cabeludo, geralmente difuso, constituído de líquido plasmático 
extravasado que se coleciona no subcutâneo, na região correspondente a apresentação 
obstétrica) e cefalematoma ( massa mais bem delimitada, já que é formada por sangue 
represado entre o osso e o periósteo, que é fortemente aderente na linha de sutura). 
Semelhante a uma bolsa cheia de líquido. É mais freqüente nos ossos parietais. 
 
 Verificar presença de cranioestenose (soldadura precoce de sutura entre ossos do crânio), 
pois o RN apresenta PC anormalmente pequenos. 
 
 Observar presença de macrocefalia ou microcefalia. 
 
 Observar presença de craniotabes (zona de tábua óssea depressível, com consistência 
classicamente comparada à de uma bola de pingue-pongue encontrada com freqüência em 
RN normais). Situa-se em geral nos parietais, nos limites com o occipital. Em criança de 
mais de 3 meses é, em geral, patológica e significa, na maior parte dos casos, presença de 
raquitismo. 
 
 Fontanela anterior (normalmente em forma de diamante, 3 a 4 cm de comprimento e 2 a 3 
cm de largura). Fecha-se com mais ou menos 18 meses. 
 
 Fontanela posterior (normalmente na forma triangular, menor que a anterior). Fecha-se de 
6 a 8 meses. 
 
 Verificar presença de fontanela tensa, abaulada – pode indicar aumento da pressão 
intracraniana. Verificar presença de fontanela deprimida – característica de desidratação 
 
Olhos 
 
 Observar simetria dos aspectos. 
 
 Permanecem fechados a maior parte do tempo nos primeiros dias. Abrem-se mais 
facilmente em resposta a um movimento de “balanço” do que pela força. 
 
13 
 
 Observar presenças de hipertelorismo ocular ( espaço amplo entre os olhos – distância de 
mais de 3 cm entre os cantos internos dos olhos). 
 
 As escleróticas são azuladas devido à sua delgadez. 
 
 As conjuntivas são sede de pequenas hemorragias, sem significado clínico. 
 
 O sinal do “sol poente” ou “fenômeno dos olhos de boneca” – pode ser visto quando a 
cabeça é virada e os olhos movimentam-se tardiamente para trás. É mais freqüente em 
hidrocéfalos, em encefalopatia bilirrubínica e em lesões do tronco cerebral. 
 
 A presença de estrabismo é comum em recém-nascidos normais e pode persistir até cerca 
de três a seis meses, quando se desenvolve coordenação dos movimentos oculares. 
 
 As pupilas reagem normalmente à luz, podendo haver anisocoria em lesões obstétricas 
extensas do plexo braquial. 
 
Orelhas 
 
 Os pavilhões, nos RN, são muito moles e moldáveis. No prematuro, freqüentemente 
permanece dobrado o pavilhão sobre o qual repousa a criança em decúbito lateral. 
 
 A inserção das orelhas pode ser anormal. É baixa, em geral, na agenesia renal bilateral, na 
síndrome de Down e em anomalias do primeiro arco braquial ou proeminentes e com 
pontas afiladas na síndrome de Marfan. 
 
 A audição é normalmente bem desenvolvida se a tuba auditiva estiver limpa. 
 
Nariz 
 É geralmente achatado na sua base e situado mais alto na face. Sua ponta é arredondada. 
 
 Obstrução intensa e constante das vias aéreas superiores no recém-nascido deve fazer 
pensar na possibilidade de oclusão congênita das coanas, que deve ser pesquisada pela 
oclusão da boca e de cada narina, separadamente, de preferência à passagem de cateter 
pelas narinas. 
 
 Coriza intensa pode ser encontrada em recém-nascidos de mães tratadas com Reserpina. 
 
 Coriza mucossanguinolenta sugere sífilis congênita. 
 
Boca, faringe e mandíbula 
 
 A visualização da orofaringe é difícil mas muito importante, pela necessidade de se detectar 
eventual malformação. 
 
 A salivação do RN é normalmente pobre. Um excesso de saliva ou muco na boca impõe a 
pesquisa de atresia do esôfago. 
 
 Devido a sua delgadez, a mucosa gengival no RN apresenta-se clara em certas áreas, 
quase branca principalmente nas regiões correspondentes aos molares. A borda livre da 
gengiva pode ser serrilhada. 
 
 Também são visualizadas formações no palato duro “pérolas de Epstein” (pequenas 
formações esbranquiçadas do tamanho de uma cabeça de alfinete) devido ao acúmulo de 
células epiteliais, que desaparecem em dias ou semanas. 
 
 Orofaringe – nos primeiros dias de vida, pode apresentar-se normalmente avermelhada. 
As amígdalas palatinas não são visíveis e irão hipertrofiar-se somente após o contato com 
 
14 
 
microorganismos. A úvula deve ser sempre visualizada, pois pode ser sede de 
malformações. 
 
 Língua – apresenta-se relativamente lisa sendo as papilas pouco desenvolvidas. Em 
relação ao tamanho da boca e da face, a língua é relativamente maior nos RN que em 
outras idades. Macroglossia pode sugerir hipotireoidismo ou Síndrome de Beckwith. 
 
 O maxilar inferior é geralmente pouco desenvolvido no RN. Um grau pronunciado dehipoplasia de mandíbula recebe o nome de micrognatia. Esse achado se acompanha 
freqüentemente de glossoptose. A associação desses dois sinais e fissura palatina recebe 
o nome de síndrome de Pierre Robin. 
 
 A criança pode nascer com dentes, em geral, mal formados. Se bem formados, podem criar 
problemas para o aleitamento ao seio, requerendo a extração. O perigo de aspiração de 
dentes prestes a cair faz com que a extração seja urgente. 
 
Pescoço 
 
 O RN apresenta pescoço curto, sendo difícil nessa fase da vida reconhecer anomalias em 
que esse segmento é anormalmente curto, como cretinismo, anomalias congênitas do 
desenvolvimento da clavícula, etc. 
 
 Não é raro se encontrar no RN fibroma do esternocleidomastóideo (massa dura encontrada 
no corpo do músculo e que algumas vezes pode perturbar a movimentação do pescoço), 
normalmente é pós trauma. 
 
Tórax 
 
 O tórax do RN é de forma cilíndrica e o ângulo costal é de quase 90°. 
 
 Uma assimetria pode determinar por malformações de coração, pulmões, coluna ou 
arcabouço costal. 
 
 O tipo respiratório é caracteristicamente abdominal. O componente torácico quando 
presente, deve fazer pensar em problema pulmonar. 
 
 No RN, pode encontrar-se ingurgitamento das mamas, tanto em meninos quanto em 
meninas. Esse aumento de volume pode persistir por várias semanas e mesmo meses, e 
pode haver passagem de um fluxo de secreção semelhante ao colostro. Nas crianças 
nascidas de termo, esse fato é comum e, em prematuro, geralmente não ocorre. 
 
Abdome 
 
 O abdome do RN em decúbito dorsal está aproximadamente no mesmo nível do tórax. 
 
 Abdome abaulado nas primeiras horas pode sugerir obstrução intestinal, enquanto abdome 
escavado sugere hérnia diafragmática. 
 
 O cordão umbilical é normalmente branco-gelatinoso (apresentando duas artérias e uma 
veia), podendo ser amarelo-esverdeado em crianças com eritroblastose fetal. 
 
 A presença de artéria umbilical única sugere a presença de mal formações congênitas 
associadas 
 
 O umbigo mumifica-se durante a primeira semana e destaca-se em geral, entre 8 e 10 dias, 
podendo, às vezes, permanecer mais tempo, sem nenhum problema, além da necessidade 
de assepsia da base de implantação. 
 
 
15 
 
 Hérnia umbilical ou inguinal, agenesia de músculos da parede podem estar presentes ao 
exame físico do recém-nascido. 
 
 Ruídos hidroaérios são normalmente audíveis quando o RN está relaxado. 
 
Reto e ânus 
 
 Verificar a permeabilidade do intróito anal. 
 
 Verificar presença de malformações 
 
Região sacrococcígena 
 
 
 Coluna normalmente plana, levemente arredondada. 
 
 Presença de manchas. 
 
 Presença de massas tumorais sugere a possibilidade de malignidade (teratoma 
sacrococcígeo). 
 
 Nessa região (sacro) podem encontrar-se ainda, meningoceles. 
 
Genitália feminina 
 
 Grandes lábios normalmente cobrem pequenos lábios. 
 
 O clitóris normalmente é proeminente. 
 
 Pode aparecer nos primeiros dias uma secreção vaginal esbranquiçada, translúcida e no 
fim da primeira semana pode aparecer sangue vaginal. 
 
 Pesquisar imperfuração himenal e aderência de pequenos lábios. 
 
Genitália masculina 
 
 A bolsa escrotal normalmente é contraída e as hidroceles são freqüentes. Há presença dos 
dois testículos na bolsa ou nos canais inguinais. 
 
 Geralmente o pênis apresenta um prepúcio com orifício muito estreito e, com freqüência, 
existem aderências entre a pele do prepúcio e a glande, que irão desaparecendo 
gradualmente em alguns meses. 
 
 No pênis o meato urinário localiza-se normalmente na ponta da glande. Meato urinário na 
superfície dorsal da glande – epispádia; meato urinário na superfície ventral da glande – 
hipospádia. 
 
Membros 
 
 Verificar flexão, extensão e movimentos; tônus e força muscular; reflexos de preenção 
palmar e plantar; os pulsos braquial e femoral de ambos os lados. 
 
 Verificar os dedos – presença de polidactilias, simdactilias, malformações ungueais. 
 
 Verificar o bom estado das articulações coxofemorais pela “manobra de Ortolani” - pela 
abdução das coxas, tendo as pernas fletidas. 
 
 Paralisias obstétricas de vários tipos incidem nos membros, especialmente nos superiores. 
 
 
16 
 
Exame neurológico 
 
REFLEXOS DO RECÉM-NASCIDO 
 
 
REFLEXO (DE) RESPOSTA NORMAL RESPOSTA ANORMAL 
Búsqueda ou 
sucção 
O bebê gira a cabeça na direção do estímulo, 
abre a boca e começa a sugar quando a 
bochecha, os lábios ou o canto da boca são 
tocados com o dedo ou mamilo. 
Fraca ou ausente ocorre na prematuridade, 
no déficit neurológico ou trauma, ou na 
depressão do sistema nervoso central 
(SNC) secundário à ingestão de droga pela 
mãe (p.ex. narcóticos). 
Deglutição 
O bebê deglute de forma coordenada com a 
sucção quando o líquido é colocado na parte 
posterior da língua. 
Engasga, tosse ou regurgita líquidos 
possivelmente associada a cianose 
secundária à prematuridade, déficit 
neurológico, ou trauma; tipicamente vista 
após laringoscopia. 
Extrusão 
O bebê empurra a língua para fora quando 
sua ponta é tocada pelo dedo ou mamilo. 
Extrusão contínua da língua ou com 
movimentos repetitivos ocorre com 
anomalias do SNC e convulsões. 
Moro 
Extensão simétrica bilateral e abdução das 
extremidades, enquanto o polegar e o 
indicador formam um “c” característico, são 
seguidas pela adução das extremidades e 
pelo retorno à posição de flexão relaxada 
quando o bebê muda de posição 
repentinamente ou quando ele é colocado 
com o dorso numa superfície plana. 
Resposta assimétrica pode ser observada 
com lesões de nervo periférico (com plexo 
braquial) ou fratura da clavícula ou da 
perna. Ausência de respostas em casos de 
lesões graves do SNC. 
Marcha 
O bebê esboça movimentos de marcha 
alternando os pés quando um deles toca uma 
superfície plana. 
Resposta assimétrica pode ser observada 
com lesão do SNC ou de nervo periférico 
ou com fratura do osso longo da perna. 
Rastejamento 
O bebê tentará rastejar para frente com 
ambos os braços e as pernas quando 
colocando com o abdômen em contrato com 
uma superfície plana. 
Resposta assimétrica pode ser observada 
com lesão de SNC ou de nervo periférico 
ou com fratura do osso longo da perna. 
Tônico do 
pescoço 
As extremidades no lado para o qual a 
cabeça é girada serão estendidas, e as 
extremidades opostas serão flexionadas 
quando se vira a cabeça do bebê para o 
lado, enquanto ele está em repouso à 
resposta pode estar ausente ou incompleta 
imediatamente após o nascimento. 
Resposta persistente após o quarto mês 
pode indicar lesão neurológica. Ausência 
persistente pode ser vista em casos de 
lesão do SNC e distúrbios neurológicos. 
Susto 
O bebê abduz e flexiona as extremidades e 
pode começar a chorar quando é exposto a 
movimento repentino ou barulho. 
Ausência de resposta pode indicar déficit 
neurológico ou trauma. Ausência 
completa ou consistente de resposta aos 
ruídos intensos pode indicar surdez. A 
resposta pode estar ausente ou reduzido 
durante o sono profundo. 
Extensão 
cruzada 
A perna oposta do bebê se flexionará e 
depois se estenderá rapidamente como se 
tornasse dissipar o estímulo para o outro pé. 
Resposta enfraquecida ou ausente pode 
ser vista com lesão de nervo periférico ou 
fratura de osso longo. 
Piscadela 
globular 
O bebê piscará em resposta a 4 a 5 toques 
leves na ponte nasal enquanto os olhos 
estão abertos. 
O planejamento persistente e a dificuldade 
de parar depois que o estimulo é suspenso 
indicam déficit neurológico. 
Preensão 
palmar 
Os dedos do bebê irão apreender o objeto e 
segurá-lo momentaneamente quando este 
toca a palma de sua mão. 
A resposta diminui com a prematuridade. 
Ocorre assimetria com o dano ao nervo 
periférico (plexo braquial) ou fratura de 
úmero. Ocorre diminuição da resposta com 
déficit neurológico grave. 
Preensão 
plantar 
Os dedos do pé irão apreender o dedo do 
examinador quando este é pressionado 
contra a base dos dedos.Ocorre diminuição da resposta com a 
prematuridade. Ocorre ausência de 
resposta com déficit neurológico. 
Babinski Os dedos do pé do bebê se hiperestende e Ocorre ausência de resposta com o déficit 
 
17 
 
afastam-se devido a dorsiflexão do hálux 
quando um lado do pé é “riscado” partido-se 
do calcanhar e cruzando a parte mais 
elevada sola do pé. 
neurológico. 
 
 
7 ATENDIMENTO AO RN NA SALA DE PARTO 
 
 O atendimento ao RN, logo após o nascimento, pode ser realizado na própria sala de 
parto, em local adequado, seja na mesa, seja no berço, ou em sala anexa ao centro obstétrico, em 
berço aquecido. 
 Presente à sala de parto para atendimento ao RN deve estar pessoal especializado 
(médicos, enfermeiros), principalmente no atendimento ao RN de alto risco. 
 A sala de atendimento ao RN deve ser confortável, ampla, com boa iluminação, aquecida à 
temperatura de 26 – 27ºC, ter comunicação fácil e direta com a sala de admissão do RN na 
unidade neonatal. 
 Considerada área estéril, merecendo os mesmos cuidados que são empregados no centro 
obstétrico, ou seja, o uso de máscara (recobrindo boca e narinas), gorro e pró-pés. 
 Princípio básico para todo o pessoal que manipular o RN deve ser a lavagem prévia e 
cuidadosa das mãos com solução desinfetante. 
 
Medicamentos da sala de reanimação 
 
 SG a 5% e a 10%. 
 Água destilada – ampolas. 
 Adrenalina (1:1.000). 
 Bicarbonato de sódio (3,0%, 5,0%, 8,4%, 10%). 
 Expansores de volume – soro fisiológico, albumina a 5%, Ringer-lactato. 
 Naloxona (Narcan) – ampola = 1ml = 0,4mg. 
 Dopamina (Revivan) – ampola = 10ml =50mg. 
 Dobutamina (Dobutrex) – ampola = 20ml = 250mg. 
 Atropina – sulfato (ampolas = 25mg/ml). 
 
As medicações e os expansores de volume são administrados durante os procedimentos da 
reanimação para: 
 Estimular o coração 
 Aumentar a perfusão tecidual 
 Restaurar o equilíbrio ácido-básico 
 
O uso de medicações pode ser necessário em recém-nascidos que não respondem à 
ventilação com O2 a 100% e à massagem cardíaca. 
 
 Indicações do uso das medicações 
 
A maioria dos recém-nascidos submetidos à reanimação responde à ventilação com oxigênio a 
100%, se esta é realizada de maneira rápida e efetiva. Alguns Rn necessitam também da 
massagem cardíaca. Poucos Rn não melhoram com a ventilação e massagem cardíaca. Nesses 
pacientes o uso de medicações é indicado. Se uma criança não apresenta qualquer batimento 
cardíaco detectável, as drogas podem ser administradas imediatamente, de maneira simultânea 
ao início da ventilação com pressão positiva e da massagem cardíaca. 
 
A administração das drogas deve ser iniciada quando: 
 
18 
 
 A F.C. do recém-nascido permanece abaixo de 80 batimentos/minuto, apesar da 
ventilação com pressão positiva, O2 a 100% e da massagem cardíaca por, no mínimo, 
30 segundos. 
 A freqüência cardíaca é igual a zero. 
 
ADRENALINA 
 
 O cloridrato de adrenalina, às vezes referido como epinefrina, é um estimulante do 
coração. A adrenalina aumenta a força e a freqüência das contrações cardíacas. Além disso, a 
adrenalina leva à vaso contrição periférica, que pode influir no aumento do fluxo sangüíneo 
coronariano e cerebral. 
 Preparo 
 
Concentração recomendada – 1:10.000 
Volume – Preparar 1ml em uma seringa de 1ml 
Nota – A adrenalina é disponível comercialmente, no Brasil, na concentração de 1:1000 UI, 
necessitando ser diluída até 1:10.000 UI com 9 ml de água destilada. Retirar alíquotas de 1ml 
desta solução e colocar em seringa de 1 ml. 
 
 Administração 
 
Dose – 0,1 a 0,3 ml/kg da solução a 1:10.000 UI 
Via – Endovenosa (EV) ou através da cânula traqueal (ET) 
Velocidade – rápida, “em bolus” 
 
EXPANSORES DE VOLUME 
 
 São utilizados para combater os efeitos da hipovolemia, aumentando o volume vascular e, 
subseqüentemente, a perfusão tecidual. 
A hipovolemia deve ser considerada em qualquer criança que necessite de reanimação. 
O expansor de volume está indicado durante a reanimação neonatal quando houver 
evidências ou suspeita de sangramento agudo com sinais de hipovolemia. 
 A hipovolemia deve ser considerada em qualquer criança que necessite de reanimação. 
 Tipos de expansores de volume: 
a) Sangue total: o negativo com teste cruzado com o sangue da mãe 
b) Albumina a 5%: diluída em soro fisiológico ou outro substituto do plasma 
c) Soro fisiológico a 0,9% 
d) Ringer lactato 
Obs: apesar do sangue compatível ser o melhor expansor de volume, na prática, a sua 
obtenção é bastante difícil. 
 
 Preparo 
 
Volume em seringa ou equipo de infusão (bureta) – preparar 40 ml 
 
 Administração 
 
Dose – 10 ml/kg 
Via – Endovenosa (EV) 
Velocidade – Infundir em 5 a 10 minutos 
 
 
 
 
19 
 
BICARBONATO DE SÓDIO 
 
 Durante a asfixia prolongada há uma diminuição da oxigenação tecidual, o que leva a um 
acúmulo de ácido lático, resultando em acidose metabólica. A velocidade de progressão dessa 
acidose pode ser diminuída através de procedimentos que garantam a oxigenação do sangue, a 
eliminação de dióxido de carbono e a perfusão tecidual. Embora o Bicarbonato de Sódio possa ser 
útil na acidose metabólica, seu efeito depende de uma ventilação eficaz e de uma perfusão 
tecidual adequada. Deve-se desencorajar o uso do Bicarbonato durante procedimentos de 
reanimação rápidos, embora o seu uso possa se benéfico durante paradas cardíacas 
prolongadas, que não respondem a outras intervenções terapêuticas. 
 
 Preparo 
 
Concentração recomendada – 0,5 mEq/ml da solução a 4,2% ou 0,3 mEq/ml da solução a 2,5% 
Volume – preparar 20 ml de Bicarbonato de Sódio em uma seringa de 20ml ou em 2 seringas de 
10 ml. 
 
 Administação 
 
Dose – 2 mEq/ml x peso em kg 
Via – Endovenosa (EV) 
Velocidade – administrar lentamente, durante no mínimo, 2 minutos 
 
CLORIDRATO DE NALOXONE 
 
 Também conhecido como Narcan®, é um antagonista dos opióides. Essa droga reverte a 
depressão respiratória induzida por uma variedade de opióides. No recém nascido, a depressão 
respiratória causada pelos opióides ocorre mais comumente quando tais medicações são 
administradas à mãe nas 4hs que antecedem o parto. 
 É importante que os neonatos com depressão respiratória por uso materno de opióides 
recebam assistência ventilatória imediata e adequada, até que o Naloxone possa ser 
administrado e exerça os seus efeitos. Se for prestada assistência ventilatória de modo imediato e 
efetivo, o recém-nascido com depressão respiratória pelo uso materno de opióides, provavelmente 
necessitará apenas de Naloxone, além da ventilação. 
 
 Preparo 
 
Concentração - 0,4 mg/ml 
Volume – 1 ml em uma seringa de insulina 
 
 Administração 
 
Dose – 0,1mg/kg ou 0,25ml/kg 
Via – Endovenosa (EV) e Endotraqueal (ET)– vias preferenciais, IM e SC (aceitáveis embora haja 
demora para o início do efeito da medicação) 
Velocidade – injetar rapidamente, “em bolus”. 
 
 
MATERIAL NECESSÁRIO NA SALA DE PARTO 
 
Todo material necessário para reanimação deve estar PREPARADO, TESTADO 
E DISPONÍVEL EM LOCAL DE FÁCIL ACESSO, antes do nascimento de 
qualquer recém-nascido. 
 
 
20 
 
 
MESA 
 Fonte de calor radiante 
 Fonte de oxigênio com fluxômetro 
 Aspirador a vácuo com fluxômetro 
 
 
ASPIRAÇÃO 
 Sonda traqueal (nº 8 e 10) 
 Sonda gástrica (nº 6 e 8) 
 Adaptador para aspiração de mecônio 
 
 
 
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA 
 Balão auto-inflável com capacidade máxima de 750ml, com válvula de 
escape ou manômetro e reservatório de oxigênio. 
 Máscara para RN a termo e pré-termo. 
 
 
INTUBAÇÃO TRAQUEAL 
 Laringoscópio com lâmina reta (nº 0 e 1) 
 Cânulas traqueais de diâmetro uniforme (nº 2,5 –3,0 - 3,5 – 4,0) 4 de cada 
 e sem balão. 
 Fio – guia estéril 
 Material para fixação da cânula (micropore, esparadrapo e tesoura) 
 Pilhas e lâmpadas sobressalentes 
 
 
MEDICAÇÕES 
 Adrenalina 1:10.000 
 Albumina 5% ou soro fisiológico ou Ringer Lactato Bicarbonato de sódio 2,5% ou 4,2% 
 Dopamina – Revivan 
 Naloxone – Narcan 
 Ampolas de água destilada 
 
 
CATETERISMO UMBILICAL 
 Pinças: 1 Kelly reta (14 cm) 
e 1 Adson c/ dentes (12 cm) 
 1 tesoura íris reta (10,5 cm) 
 1 cabo para bisturi nº 3 com lâmina 
 1 porta agulhas de 11 cm 
 Fio agulhado mononylon 3-0 
 Sonda traqueal nº 5 ou 
 Catéter umbilical n º 5 ou 8 
 1 campo estéril fenestrado 
 1 cadarço de 15 cm 
 
OUTRAS 
 Luvas e compressas estéreis 
 Óculos para proteção 
 Estetoscópio neonatal 
 Seringas (20/10/5 e 1cc) 
 Agulhas 20x32 
 
 
 
CTPRN 1996, UNIFESP/EPM 
 
 
 
21 
 
Passos Iniciais 
 
Uma seqüência de ações deve ser realizada assim que uma criança nasce. Esses passos 
iniciais consistem em: 
 
 
Prevenir a 
perda de 
calor 
 
 Prevenir a perda de calor: 
Colocar o neonato, na posição supina, sob calor radiante, secar a pele 
recoberta por líquido amniótico e remover as compressas úmidas. 
 
 
 
 
 
Manter as 
vias 
aéreas 
pérvias 
 
 Manter as vias aéreas pérvias: 
Manter as vias aéreas pérvias através do posicionamento adequado e da 
aspiração do recém-nascido. O método a ser usado para a aspiração depende 
da presença ou não de mecônio no líquido amniótico. Quando não há mecônio 
deve-se aspirar à boca e o nariz do neonato. Se houver mecônio no líquido 
amniótico, pode haver necessidade de aspiração traqueal sob visualização 
direta. 
 
 
 
 
 
 
 
Avaliar 
O 
RN 
 
 Avaliar as condições do paciente: 
A necessidade de passos adicionais na reanimação depende das condições 
do recém-nascido. O paciente deve ser observado quanto aos movimentos 
respiratórios, à freqüência cardíaca e à cor para se decidir quais as medidas 
seguintes a serem tomadas. A realização dos passos iniciais da reanimação 
leva menos de 20 segundos, na maioria das crianças. Se houver necessidade 
de aspiração do mecônio traqueal, pode ser preciso um tempo maior. Quando 
mais de uma pessoa recepciona o recém-nascido na sala de parto, essas 
medidas iniciais podem ser feitas de modo mais ou menos simultâneo. 
Agora, vamos ver cada um desses passos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Asfixia e Depressão 
 
a) Causas da Depressão ao Nascimento 
 
Ao nascer, os neonatos são em geral vigorosos e, quase que imediatamente após o 
clampeamento do cordão, iniciam a respiração espontânea, chorando. Nesse momento, a 
freqüência cardíaca estabiliza-se em 120 a 140 batimentos/minuto e a cianose central inicial 
desaparece rapidamente. Algumas crianças, entretanto, apresentam-se deprimidas ao nascer, 
com diminuição do tônus e dificuldade para iniciar os movimentos respiratórios. Elas podem estar 
em apnéia ou seu esforço respiratório pode ser insuficiente para estabelecer uma ventilação 
adequada, limitando a oxigenação e a eliminação do dióxido de carbono. 
As causas de depressão neonatal podem incluir: 
 
- Asfixia intrauterina. 
- Prematuridade 
- Drogas administradas ou ingeridas pela mãe 
- Doenças neuromusculares congênitas 
- Malformações congênitas 
- Hipoxemia intraparto 
 
Independente da causa subjacente, assim que o cordão é clampeado, há interrupção da via 
placentária para o transporte de oxigênio. Os recém – nascidos deprimidos, incapazes de iniciar 
uma ventilação espontânea adequada, desenvolvem hipoxemia progressiva e tomam-se 
asfixiados. Uma reanimação efetiva pode, de modo geral, desencadear a respiração espontânea e 
evitar a progressão da asfixia. 
Os objetivos da reanimação são prover ventilação, oxigenação e débito cardíaco adequados, 
de modo a garantir que uma quantidade efetiva de oxigênio seja distribuída para o cérebro, 
coração e para os outros órgãos vitais. 
 
b) Asfixia 
 
O termo asfixia se relaciona a hipoxemia progressiva, com acumulo de gás carbônico e 
acidose. Se o processo avançar demais, a asfixia pode resultar em lesão cerebral permanente ou 
em morte. A asfixia também pode alterar o funcionamento de outros órgãos vitais. 
 
c) Previsão 
 
Em um recém-nascido, a necessidade de reanimação pode surgir como uma surpresa. 
Entretanto, na maioria das vezes, a asfixia perinatal pode ser diagnosticada antes do nascimento. 
Em quaisquer das situações acima, a reanimação só poderá ser iniciada rápida e eficientemente 
se o material apropriado estiver disponível e uma equipe bem-treinada presente. 
Isso não significa que a asfixia perinatal ocorrerá sempre que prevista. Alguns pacientes, 
apesar do risco da asfixia, evoluem bem após o nascimento e não necessitam de reanimação. Se, 
toda vez que a asfixia for prevista, o recém-nascido realmente necessitar de reanimação, 
provavelmente a triagem dos casos mais sujeitos à asfixia não está sendo bem feita. A equipe de 
reanimação, que trabalha na sala de parto, deve estar preparada para lidar com mais problemas 
do que aqueles que realmente ocorrem no dia-a-dia. 
 
 Anamnese Pré e Intraparto 
O parto de um neonatal deprimido ou asfixiado pode ser previsto, em muitos casos, com base 
na anamnese relativa aos períodos pré e intraparto. 
 
 
23 
 
 Período Pré- Parto 
Idade materna > 35 anos Pós-datismo 
Diabetes materno Gestação múltipla 
Moléstia hipertensiva específica da gravidez Discordância entre peso e idade 
gestacional 
Hipertensão arterial crônica Uso de medicações, por exemplo: 
Isomunização Rh ou anemia Carbonato de Lítio, Magnésio, 
Nati ou neomorto progresso Bloqueadores adrenérgicos 
Sangramento no 2º ou 3º trimestre Dependência a drogas 
Infecção materna Malformação fetal 
Hidrâmnio Diminuição da atividade fetal 
Oligoâmnio Ausência de pré-natal. 
Rotura prematura das membranas 
 
 Período Intraparto – fatores que aumentam o risco de asfixia: 
Cesárea de emergência ou eletiva Freqüência cardíaca fetal inconstante 
Apresentação anormal Uso de anestesia geral 
Trabalho de parto prematuro Tetania uterina 
Amniorrexe superior a 24 horas Opióides ministrados à mãe até 4 horas pré 
parto 
Líquido amniótico meconial Prolapso de cordão 
Parto taquitócico Descolamento prematuro de placenta 
Parto prolongado (>24 horas) Placenta prévia 
Período expulsivo prolongado (>2 horas) 
 
Você deve ter esses dados de anamnese em mente porque eles servem de sinais de alerta: a 
depressão e, possivelmente, as asfixias são problemas potenciais. 
 
d) Sinais de Avaliação 
 O Boletim de Apgar não deve ser usado para determinar o início dos procedimentos de 
reanimação ou para tomar decisões relacionadas ao curso da reanimação. A avaliação da 
necessidade da reanimação e dos passos seqüenciais na reanimação baseia-se em 3 sinais: 
- Movimentos respiratórios 
- Freqüência cardíaca 
- Cor. 
 
e) Boletim de Apgar 
 
O boletim de Apgar é um método objetivo de avaliação da vitalidade do recém-nascido (avalia 
tônus muscular, batimento cardíaco, cor, movimentos respiratórios e choro). Ele é aplicado com 1 
minuto e, novamente, aos 5 minutos de vida. Entretanto, a avaliação do recém-nascido deve ser 
iniciada imediatamente após o nascimento. Se houver indicação de qualquer intervenção, com 
instituída de imediato. Tais intervenções não devem demorar, aguardando a realização do Boletim 
de Apgar com 1 minuto de vida. Um atraso de poucos segundos pode ser de importância crítica 
principalmente nos neonatos gravemente asfixiados. 
Embora o Boletim de Apgar não seja útil para a tomada de decisões no início da reanimação, 
auxilia na avaliação das condições do recém-nascido e da eficácia da reanimação. Desse modo, o 
Boletim de Apgar deve ser aplicado com 1 e 5 minutos de vida. Quando o Boletim de Apgar aos 5 
minutos for inferior a 7, o mesmo deve ser aplicado a cada 5 minutos, até 20 minutos de vida ou 
até que dois boletins sucessivos sejam iguais ou maiores que 8. 
 
 
24A enfermeira e os outros membros da equipe de saúde utilizam o índice de Apgar para 
medir a adaptação imediata do recém-nascido à vida extra-uterina. Os índices são obtidos em 1 
minuto e novamente em 5 minutos após o nascimento. A cada sinal é atribuído um valor. Uma 
pontuação de 7 a 10 indica que o recém-nascido está bem. Uma pontuação de 4 ou menos indica 
que o recém- nascido requer assistência. 
 
8 RN PRÉ-TERMO 
 
Conceito 
 
RN pré-termo (RN-PT) é todo aquele que nasce antes de 37 semanas completas de idade 
gestacional (IG) (37 semanas e seis dias), calculadas a partir do primeiro dia da última 
menstruação, conforme os limites recomendados por Lubchenco e Cols. e endossados em 1970 
pelo Centro Nacional para Estatísticas de Saúde da Associação de Pediatria. Segundo a 
Organização Mundial de Saúde (OMS), é todo aquele que nasce até a 37ª semana. 
 
Etiologia 
 
As causas do parto pré-termo são, na grande maioria das vezes, totalmente desconhecidas. 
Alguns fatores predisponentes podem ser citados como: primiparidade, baixo nível sócio-
econômico, má nutrição materna, mães muito jovens (com menos de 16 anos), pequenos 
intervalos entre as gestações, gravidez ilegítima, doença cardíaca materna, história de morte 
fetal anterior, grandes altitudes, mãe de baixo peso e estatura, bacteriúria assintomática. Causas 
mais diretas poderiam ser, por exemplo, anomalias do aparelho genital feminino, alterações da 
placenta (DPP, placenta prévia), hidrâmnio, doenças maternas agudas e malformações fetais, 
isoimunização Rh, grandes multíparas. 
 
Incidência 
 
Varia conforme as características da população estudada. No Hospital do Servidor Público 
Estadual achava-se em torno de 11,3%. Já na Maternidade Escolar de Vila Cachoeirinha, que 
atende a uma população de nível sócio-econômico inferior, foi de aproximadamente 23,0%. No 
HIAE, que atende população de nível sócio-econômico superior, a incidência foi de 7%. 
 
 
 
25 
 
Características Físicas 
 
A criança nasce com aspecto peculiar, tecido adiposo reduzido e musculatura muito pouco 
desenvolvida, pele recoberta por vérnix caseoso. Nas primeiras horas apresenta-se edemaciada 
e, alguns dias após o nascimento, com a eliminação do excesso de água, a pele parece sobrar 
sobre o esqueleto. Nas plantas dos pés não há sulcos e o nódulo mamário é menor que 5mm. A 
cabeça é relativamente grande em relação ao tórax (3 cm maior). As fontanelas são amplas. A 
caixa torácica é facilmente deprimível; o abdome é distendido; a genitália é pouco desenvolvida 
(os testículos não se acham no escroto que se apresenta pequeno; na menina os grandes lábios 
são pouco evidentes). A criança tem tônus muscular diminuído, tomando posição indiferente no 
berço. Estas características básicas se acentuam à medida que a IG decresce. As características 
físicas são úteis na avaliação da IG. 
 
Classificação dos neonatos pela idade gestacional e pelo peso ao nascer 
 
Uma avaliação cuidadosa da idade gestacional é necessária para diferenciar os verdadeiros 
prematuros dos bebês a termo com baixo peso ao nascer, e para diferenciar os bebês de tamanho 
normal nascidos prematuramente dos bebês de tamanho normal a termo. 
A fim de planejar a assistência apropriada a um recém-nascido é importante classificar cada bebê 
de acordo com a idade como pré-termo, termo ou pós-termo, e também pelo peso como peso 
apropriado para a idade gestacional (AIG), pequeno para a idade gestacional (PIG) ou grande 
para a idade gestacional (GIG). O bebê pode ser a termo e ter peso apropriado para a idade 
gestacional, pode ser a termo e grande para a idade gestacional ou pequeno para a idade 
gestacional. Se o bebê é pré-termo será também classificado como de peso apropriado, pequeno 
ou grande para a idade gestacional. Essas três classificações para o tamanho se aplicam também 
ao bebê pós-termo. 
 
 
 
 
26 
 
O bebê pré-termo apresenta uma série de problemas especiais devido à imaturidade de 
seus sistemas, porém a magnitude desses problemas dependerá do grau de prematuridade do 
bebê. A mortalidade neonatal aumenta progressivamente com o grau de imaturidade. 
 
Características ao nascer 
 
As características do bebê pré-termo dependerão da duração da gestação. Eles poderão 
variar desde um grande grau de imaturidade até situações similares em muitos aspectos às do 
neonato a termo. 
Pode-se prever que um bebê nascido antes do tempo apresenta imaturidade de todos os sistemas 
– pulmonar, cardiovascular, gastrintestinal e renal – e que terá problemas com o metabolismo e 
com a icterícia. Vários problemas criados pela imaturidade podem estar interligados e todos eles 
exigem que os bebês recebam cuidados especializados. 
O desenvolvimento dos pulmões, particularmente a produção adequada de surfactante 
(uma substância produzida pelas células do revestimento alveolar de adultos e crianças e 
secretada nas paredes de revestimento). 
O surfactante pulmonar é essencial, pois reduz a força coesiva entre as superfícies úmidas 
dos alvéolos e também é necessário à manutenção da expansão pulmonar adequada. É o 
principal fator que influência a sobrevivência de um prematuro após o nascimento. Sem a 
produção adequada e contínua de surfactante o bebê desenvolve a “síndrome da angústia 
respiratória”, causa comum de doença grave e morte do bebê pré-termo. 
Como a função respiratória adequada é absolutamente essencial à sobrevivência, a 
quantidade de surfactante produzida pelo pulmão fetal deve ser avaliada sempre que possível 
antes do parto prematuro. Isso torna possível que se proporcione cuidado intensivo à mãe a fim 
de prolongar a gestação e permitir a maturação pulmonar do feto ou que facilite a maturação 
pulmonar através da administração de esteróides à mãe. Quando o tempo não permite melhorar a 
maturação pulmonar, devem ser tomadas providências para uma assistência intensiva ao bebê 
logo após o nascimento. 
Ao exame, o prematuro é franzino e magro. Seu peso é geralmente inferior a 2.500g, seu 
comprimento é menor do que 47 cm, e a circunferência da sua cabeça é freqüentemente inferior a 
33 cm. Bebês com 24 a 30 semanas de gestação, geralmente pesam entre 500 e 1500g. Os 
moderadamente prematuros, com 31 a 36 semanas de idade gestacional, variam em termo de 
peso de 1.500g a até mais de 2.500g. Bebês entre a 37ª e a 38ª semanas pesam entre 2.500g e 
3.250g. 
A cabeça do bebê prematuro é geralmente redonda e relativamente grande. O crescimento 
da cabeça é rápido na fase fetal quando comparado ao crescimento do resto do corpo, 
especialmente nos primeiros meses, assim sendo, quando o bebê nasce, a cabeça é grande em 
relação ao corpo. Existe uma desproporção relativamente grande entre as circunferências da 
cabeça e do tórax no prematuro; a circunferência da cabeça é geralmente 3 cm maior do que a 
circunferência do tórax. Quanto mais jovem o bebê, maior a desproporção entre o tamanho da 
cabeça e do tórax. 
O pescoço e as extremidades do prematuro são curtos, o seu tronco é amplo e comprido. 
Os olhos são proeminentes e a língua é grande. As orelhas são maleáveis e frouxas, e mantêm-se 
juntas ao couro cabeludo. A caixa torácica é menos rígida que a do bebê a termo; o abdome é 
redondo e proeminente e as hérnias são comuns. As glândulas mamárias são pequenas, não se 
tornam ingurgitadas nem secretam leite. A genitália é pequena. 
A pele é fina (permitindo visualizar facilmente os vasos sangüíneos), delicada, frouxa e 
enrugada, e apresenta uma acentuada lanugem. É comum a acentuação da icterícia que surge 
mais precocemente, é mais severa e dura mais tempo do que na criança a termo. As unhas das 
mãos e dos pés são macias, mas, ao contrário da crença popular, estendem-se até a extremidade 
 
27 
 
dos dedos. Muito pouca gordura subcutânea se acha presente; o que se aplica também para a 
criança que nasce próximo ao término completo da gestação, pois a gordura se deposita 
rapidamenteno último mês de vida intra-uterina. A temperatura corporal é subnormal e pode ser 
muito instável. 
Existe maior tendência de angústia respiratória no prematuro do que no bebê a termo; isso 
pode se manifestar por respirações rápidas, dispnéia, crises de cianose e períodos de apnéia. 
Existe uma tendência à obstrução nasal devida ao muco e à presença de grandes adenóides, que 
ocupam a nasofaringe. 
O sistema cardiovascular pode levar horas ou dias para se ajustar à vida extra-uterina. O 
bebê é suscetível de sofrer hipovolemia e hipotensão. A perfusão dos tecidos e órgãos pode ser 
precária. 
O bebê pode se apresentar inativo, e seu choro são freqüentemente fracos lamurientos e 
monótonos. Os reflexos de abrir a boca, de engolir e de sucção são fracos ou ausentes. A criança 
apresenta menor tolerância do trato alimentar, com uma tendência para o vômito e a diarréia; a 
distenção abdominal é mais comum que no bebê a termo. As fezes tendem a ser raras, devido a 
hipomotilidade do trato intestinal; algumas vezes são amolecidas e freqüentes, devido à baixa 
tolerância ao alimento, mas podem ser tão raras que se tornam ressecadas e levam a obstipação. 
O prematuro perde relativamente mais peso que o bebê a termo, e não o recupera tão 
rapidamente como o bebê normal. 
A diminuição da função renal e os metabolismos hídrico e ácido-básico deficientes podem 
levar ao edema ou à desidratação, e a acidose. O aumento da fragilidade capilar aumenta a 
tendência à hemorragia, e a hematopoiese deficiente provoca a anemia. 
A imaturidade hepática com bilirrubinemia, hipoglicemia, defeitos da coagulação e hipoproteinemia 
é comum nos primeiros dias de vida. A interrupção da gravidez corta precocemente o suprimento 
de minerais, vitaminas e substâncias imunes através da placenta, assim pode ser a causa de 
raquitismo, anemia, e/ou infecção. Acredita-se que as más formações congênitas são mais 
comuns no prematuro. 
Quando o parto ocorre antes dos órgãos estarem bem desenvolvidos a taxa alta de 
mortalidade não surpreende. Assim é bastante compreensível que o prematuro necessite de 
cuidados de um médico perito e de assistência de enfermagem a partir do momento em que 
nasce. 
 
Assistência Médica e de Enfermagem 
 
A sala de parto e o berçário devem estar sempre prontos para dar assistência de 
emergência a um nenotato, com equipamento para a animação e manutenção da temperatura 
corporal. Mas quando se sabe que uma mulher está em trabalho de parto prematuro, é possível 
planejar com antecedência e desta forma evitar perda de tempo na instituição de um tratamento 
imediato. 
O pediatra e o pessoal do berçário devem ser notificados do nascimento em curso de 
modo que possam começar os preparativos para a assistência ao bebê. Os preparativos devem 
ser feitos para reduzir ao mínimo o período de tempo necessário para colocar o bebê em um meio 
ambiente ideal. Ele pode exigir a atenção exclusiva de um médico e de uma enfermeira na sala de 
parto e observação constante após ter sido removido para o berçário. 
 
Problemas mais comuns 
 
Asfixia ao Nascimento 
A asfixia ao nascimento está comumente presente nos bebês pré-termo. Quanto mais 
prematuros o bebê, maior a possibilidade de asfixia. A imaturidade do centro respiratório é a 
 
28 
 
causa básica da asfixia, mas a causa de parto prematuro, tais como o sangramento pré-natal ou 
as complicações do parto, tais como a apresentação pélvica, podem, também, contribuir para 
dificultar o início da respiração. 
Os princípios de reanimação aplicam-se tanto ao prematuro como ao bebê a termo. Em um 
parto prematuro, é particularmente importante prever possível asfixia e contar com pessoal 
habilitado em reanimação. O traumatismo deve ser evitado em primeiro lugar pelo uso das 
medidas mais simples de animação. Bolsa e máscara de reanimação bastam freqüentemente 
para estabelecer a respiração, mas a intubação endotraqueal pode ser necessária, especialmente 
no caso do bebê extremamente prematuro. A assistência especial para proporcionar um 
aquecimento adequado durante a reanimação é especialmente importante para o prematuro. 
 
Respiração Periódica 
A respiração periódica pode ser descrita como um padrão de respiração no qual períodos 
de apnéia de 5 a 10 segundos seguidos por períodos de ventilação de 10 a 15 segundos em uma 
freqüência de 50 a 60 respirações por minuto. A freqüência respiratória total é de 30 a 40 por 
minuto. Com esse padrão respiratório irregular é necessário contar a freqüência respiratória pelo 
menos durante um minuto completo para obter a freqüência total, e em alguns casos é 
aconselhável contar durante 2 minutos e dividir por 2. Na respiração periódica, não existe 
alteração na freqüência cardíaca ou na cor durante o período de apnéia, em contraste com os 
episódios de apnéia descritos abaixo. 
A respiração periódica ocorre em mais de 50% dos prematuros, dependendo do grau de 
imaturidade. Quanto mais imaturo o bebê, mais freqüente a respiração periódica. Após a 36ª 
semana de gestação a respiração periódica é muito menos freqüente, embora também possa 
estar presente nos bebês a termo. 
 
Apnéia 
A apnéia é geralmente definida como um período de parada respiratória com mais de 20 
segundos de duração e/ou uma parada acompanhada por bradicardia e cianose. Os períodos de 
apnéia devem ser diferenciados da respiração periódica. Os prematuros estão especialmente 
propensos a períodos de apnéia. Com a monitoração, a apnéia pode ser detectada em quase todo 
recém-nascido com menos de 37 semanas de gestação, particularmente naqueles com o peso de 
nascimento inferior a 1,25 kg Com uma idade gestacional superior a 36 semanas, a freqüência e a 
gravidade dos períodos de apnéia diminuem consideravelmente. 
Os episódios de apnéia não ocorrem durante o primeiro dia após o nascimento, mas 
provavelmente aumentarão durante a primeira semana pós-natal. Em bebês muito imaturos, os 
episódios de apnéia podem ser acompanhados de bradicardia e de baixa do tônus muscular, mas 
não necessariamente. A bradiacardia e a flacidez são mais prováveis quando a apnéia é 
prolongada, mas a bradicardia também pode ocorrer desde o início. A bradicardia também ocorre 
sem apnéia. 
 A maioria dos episódios de apnéia em prematuros ocorre devido à maturidade neurônica 
dos mecanismos centrais de controle respiratório. Esses episódios podem apresentar-se durante 
os esforços que ocorrem durante ou após os movimentos intestinais, nos distúrbios pulmonares e 
provavelmente durante outras atividades. Qualquer condição adversa pode interferir na respiração 
rítmica do prematuro; isto inclui hipóxia, hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipocalcemia e outras 
situações. Como as condições adversas podem ser precedidas de episódios de apnéia, elas 
devem ser descartadas quando a apnéia aparece pela primeira vez. 
O bebê suscetível a apnéia deve ter freqüência respiratória e/ou cardíaca controladas por 
monitores de alarme de apnéia, de modo que os episódios de apnéia possam ser identificados. O 
ajuste de tempo para o alarme deve ser individualizado para cada bebê de acordo com rapidez 
com que as alterações funcionais, como cianose e hipotonia, são identificadas. Esse tempo varia 
 
29 
 
para diferentes bebês. É aconselhável a monitorização de rotina de todos os prematuros com 
menos de 34 semanas ou com peso inferior a 2.000 g durante 10 a 14 dias, até que nenhum 
episódio de apnéia tenha ocorrido por vários dias. 
A maioria dos episódios de apnéia pode ser interrompida com sucesso, estimulando-se 
gentilmente o bebê através do toque, esfregando-lhe o pé ou dando palmadinhas suaves no 
tronco, ou apenas movendo levemente o bebê. Para evitar a abertura freqüente da incubadora, o 
colchão do bebê pode algumas vezes ser mobilizado do lado de fora para fazer a estimulação. 
Quando são necessárias medidas de animação, o uso de bolsa e máscara com a mesma 
concentração de oxigênioque o bebê está recebendo ou com ar ambiente é quase sempre eficaz. 
Uma bolsa e máscara devem estar sempre à mão junto à incubadora. No caso de episódios de 
apnéia grave, prolongados e repetidos, a respiração artificial deve ser considerada. 
 
Síndrome da Angústia Respiratória 
Os prematuros são especialmente suscetíveis à síndrome da angústia respiratória (doença 
da membrana hialina). Essa doença ocorre em bebês que não possuem quantidade adequada de 
surfactante para uma boa função pulmonar pós-natal. O surfactante pode ser deficiente ao 
nascimento devido à imaturidade extrema das células de revestimento alveolar ou por diminuição 
da produção. 
É mais provável que a síndrome da angústia respiratória se desenvolva nos extremamente 
prematuros e nos moderadamente prematuros. Sua incidência diminui com o aumento da 
maturidade, mas os prematuros limítrofes podem desenvolver a doença e devem ser 
cuidadosamente observados nas primeiras doze horas de vida em busca de sinais de angústia 
respiratória. 
Os sinais e sintomas da doença da membrana hialina e seu tratamento e seu tratamento 
serão descritos posteriormente. 
 
Uso de Oxigênio 
A administração de oxigênio é freqüentemente necessária para bebês pré-maturos por 
causa dos problemas respiratórios, mas exige controle acurado para evitar a administração 
excessiva e as graves conseqüências da hiperoxigenação. 
 
Controle Térmico 
Os bebês pré-termo são muito sensíveis à perda de calor e aos efeitos do resfriamento. 
Um bebê apresenta uma grande área para perder calor, pois a área superficial é muito grande em 
relação à massa corporal. Essa área é mais pronunciada ainda no prematuro. 
Além disso, o isolamento térmico de um bebê é baixo, por causa da quantidade 
relativamente pequena de gordura subcutânea. Um prematuro apresenta quantidade muito 
escassa de gordura subcutânea e conduz rapidamente o calor do interior do seu corpo para pele. 
O bebê pré-termo, cujo tônus muscular é muito pobre, é mais apto a assumir uma postura mais 
flácida e estirada que um bebê a termo, e dessa forma expõe muito a superfície corporal ao meio 
ambiente. Assim sendo um prematuro perde calor muito mais rapidamente que uma criança a 
termo de peso normal. 
 Como os prematuros e também outros bebês de baixo peso ao nascer devem ser 
protegidos contra a perda de calor. Eles permanecem e são cuidados em uma incubadora até que 
tenham ganhado algum peso e se tenham estabilizado. A incubadora torna mais fácil regular a 
temperatura ambiente e atender às necessidades do bebê sem retirá-lo desse ambiente. 
À medida que o bebê cresce e a sua temperatura se estabiliza, ele vai sendo gradualmente 
transferido para o ambiente normal do berçário. Sua temperatura, cor, atividade e peso devem ser 
cuidadosamente observados durante a mudança. 
 
 
30 
 
Satisfação das Necessidades Hidreletrolíticas 
As necessidades hidreletrolíticas de qualquer criança, principalmente quando doente e 
incapacitada de satisfazer suas próprias necessidades pela ingestão oral, são um aspecto 
importante da assistência clínica ao recém-nascido. O prematuro, que muitas vezes tem limitação 
na quantidade de líquidos que pode ingerir por via oral e que freqüentemente está doente, 
apresenta provavelmente perdas hídricas adicionais e necessita comumente de hidratação 
parenteral nos primeiros dias de vida. 
 
Hipoglicemia 
Os prematuros podem desenvolver hipoglicemia, mas não necessariamente sintomática. A 
hipoglicemia pode ocorrer horas ou dia após o nascimento, presumivelmente como conseqüência 
dos baixos estoques hepáticos de glicogênio por ocasião do parto prematuro e por causa das 
maiores demandas metabólicas após o nascimento. Calafrios, asfixia e angústia respiratória 
consomem rapidamente os estoques de glicogênio. A glicemia deve ser verificada a cada 4 horas 
até a estabilização. 
Se a glicose intravenosa é utilizada nas primeiras horas de vida do prematuro, para 
satisfazer as exigências hídricas e calóricas, o nível da glicose sérica provavelmente permanecerá 
acima do nível hipoglicêmico. No prematuro uma glicemia sangüínea total inferior a 30 mg/100 ml 
deve ser encarada como suspeita, e um nível sangüíneo total abaixo de 20 mg/100 ml (abaixo de 
25 no plasma ou soro) deve ser considerado como hipoglicemia e tratado. Se o bebê pré-termo 
não se desenvolveu bem no útero, estando com um peso abaixo de 15%, a probabilidade de 
apresentar hipoglicemia pode ser maior. 
 
Hiperglicemia 
O bebê extremamente prematuro pode ter uma baixa tolerância aos carboidratos e 
apresentar glicosúria quando os líquidos intravenosos administrados ultrapassam a sua tolerância. 
 
Hiperbilirrubinemia 
É muito provável que o bebê pré-termo apresente hiperbilirrubinemia, e ele é muito 
vulnerável à bilirrubina livre. O bebê pré-termo tem provavelmente uma capacidade de conjugação 
da bilirrubina inferior à do bebê a termo. Possui uma menor quantidade total de proteína e 
albumina sérica para se conjugar à bilirrubina do que o bebê a termo, e pode apresentar 
condições, como a acidose, que podem interferir com a conjugação da bilirrubina. O prematuro 
tem mais possibilidades de apresentar kernicterus com níveis mais baixos de bilirrubina livre do 
que o bebê a termo. Por essa razão, o tratamento da icterícia deve ser iniciado precocemente. 
Infecção 
O prematuro deve ser cuidadosamente protegido contra as infecções. A imaturidade dos 
seus órgãos e a baixa resistência à doença o torna altamente suscetível a elas. 
O prematuro é muito suscetível às infecções do trato respiratório superior, à septicemia e à 
meningite. Toda precaução deve ser tomada para evitar a transmissão da infecção pelos adultos 
ou através da aspiração de alimento. A imaturidade dos pulmões, a presença de asfixia e a baixa 
resistência contribui para a suscetibilidade do bebê às infecções. 
 
Enterocolite Necrotizante 
A enterocolite necrotizante neonatal (ECN) é uma doença muito grave, que se caracteriza 
por necrose isquêmica do trato gastrintestinal e que freqüentemente leva à sua perfuração. A 
doença é observada basicamente nas crianças pré-termo, especialmente naquelas que 
apresentam sofrimento fetal, hipoxia neonatal e choque. A doença inicia-se geralmente na 
primeira semana de vida, porém pode surgir na segunda ou terceira semana. O colo ascendente, 
o ceco e o íleo terminal são mais freqüentemente atingidos, embora todo o colo e o intestino 
 
31 
 
delgado possam apresentar lesões. Ocasionalmente apenas pequenos segmentos do íleo são 
afetados, mas muitas vezes são atingidos grandes segmentos do intestino, ou mesmo todo ele. 
Não se tem certeza da causa da ECN, porém os dois fatores mais suspeitos pelo seu 
aparecimento são a isquemia intestinal e a ação das bactérias entéricas. Um período de hipóxia 
fetal ou neonatal e/ou um choque sistêmico desencadeariam uma resposta reflexa na qual há uma 
redistribuição sangüínea que determina o desvio sangüíneo para fora dos leitos vasculares 
periféricos, renal e mesentérico, a fim de suprir e proteger o cérebro e o coração da hipóxia. A 
isquemia resultante no leito vascular mesentérico pode diminuir o metabolismo na mucosa 
intestinal e lesar as células intestinais até o ponto em que elas diminuam ou mesmo cessem a 
secreção normal do muco protetor. Isso expõe a mucosa intestinal, autodigestão enzimática e 
permite a invasão bacteriana. 
Visto que a ECN é considerada como sendo produzida por um episódio de perfusão 
comprometida do intestino e o resultado de muitas bactérias do tubo digestivo após ingestão de 
alimentos, parece que pode ser útil a identificação cuidadosa das crianças em risco e a cautela 
em iniciar sua alimentação para a profilaxia ou para o diagnóstico e tratamento precoces. 
 
Persistência do Ductus Arteriosus 
O ductus arteriosus, o grande vaso sangüíneo que liga a artéria pulmonar à aorta 
descendente durante a vida fetal, geralmente se fecha

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