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Maria Paula M. Mattei – Tutorial 2 UC 17 Psiquiatria P ág in a1 Transtorno de Humor Fisiopatologia Teoria Monoaminérgica: Depressão ocorre por deficiência de neurotransmissores monoamínicos → serotonina (5HT), noradrenalina (NA) e dopamina (DA) 5HT, DA e NA ocorre por um processo mórbido desconhecido, pelo estresse ou por substâncias, levando aos sintomas da depressão. Hipótese dos Receptores Monoaminérgicos e Expressão Gênica: Anormalidade nos receptores de neurotransmissores monoamínicos leve à depressão. A depleção de neurotransmissores provoca suprarregulação compensatória dos receptores pós-sinápticos dos neurotransmissores Estresse e BDNF: Um local de possível falha na transdução de sinais pelos receptores monoaminérgicos na depressão é o gene-alvo do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). O BDNF: Promove o crescimento e o desenvolvimento dos neurônios imaturos, como os neurônios monoaminérgicos Amplia a sobrevida e a função dos neurônios adultos Ajuda a manter as conexões sinápticas. Com o estresse o seu gene é reprimido → reduz 5HT e causa depleção crônica de NA e DA. Essas alterações podem levar a atrofia e possível apoptose dos neurônios vulneráveis no hipocampo e córtex pré-frontal. A restauração das cascatas de transdução de sinais relacionadas com monoaminas com o uso de antidepressivos pode aumentar BDNF e outros fatores tróficos, restaurando as sinapses perdidas. Estresse e Atrofia do Hipocampo Normal: Estresse ativa hipotálamo = fator de liberação de corticotrofina (CRF) = hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise ACTH = corticoides pela glând. suprarrenal = feedback negativo para hipotálamo que inibe a liberação de CRF Estresse crônico: corticoides = atrofia do hipocampo = ativação crônica do eixo HHSR Neurônios do hipocampo e amígdala suprimem o eixo hipotálamo- hipófise-suprarrenal (HHSR). Estresse atrofia neurônios do hipocampo e amígdala = hiperatividade do eixo HHSR Sintomas - Início insidioso e subagudo - Sem tratamento dura 3 – 6 meses (mas alguns pacientes cronificam) - Tempo de doença não tratado piora o prognóstico (qualquer tratamento) - Doença crônica e muito recorrente (após 1 episódio tem 50% de chance de recorrer e após o 3º episódio, 90%) Psíquicos: − Anedonia − Tristeza − Apatia Obrigatórios Maria Paula M. Mattei – Tutorial 2 UC 17 Psiquiatria P ág in a2 − Culpa − Inutilidade − Baixa autoestima − Desesperança − Ideação suicida Físicos: − Insônia ou hipersonia − Alteração de apetite (perda ou ganho) − Alteração da libido − Sintomas álgicos − Alterações cognitivas e de concentração (desatenção) *Durante > 15 dias na maior parte dos dias *Questionar comportamentos de mania para excluir depressão bipolar Cada sintoma está hipoteticamente associado a um processamento ineficiente de informações em diversos circuitos cerebrais, estando os diferentes sintomas localizados topograficamente em regiões cerebrais específicas. NA = disfunção relacionada com redução de afeto positivo: humor deprimido, perda de felicidade, perda de interesse/prazer, perda de energia/entusiasmo, diminuição da vigilância e autoconfiança. 5HT = regula o humor, ansiedade, sono, dor, compulsões. Se tem disfunção causa: mau humor pela manhã, sonolência ao longo do dia, alterações do desejo sexual, aumento do desejo de ingerir doce, polifagia e aumento de peso, distúrbios de memória, aprendizado e concentração e intensa irritabilidade. DA = diminuída na depressão e aumentada na mania. Na disfunção determina redução do afeto positivo: humor deprimido, perda de felicidade, alegria, interesse, prazer, vigilância, energia, entusiasmo e autoconfiança. São classificados em: Pouco afeto + ( dopamina e NA) = humor deprimido, mas também perda da felicidade, da alegria, do interesse, do prazer, da vigilância, da energia, do entusiasmo e da autoconfiança Muito afeto – ( serotonina e NA) = não apenas humor deprimido, mas também culpa, aversão, medo, ansiedade, hostilidade, irritabilidade e solidão Distimia O que é Transtorno depressivo persistente → Depressão leve e duradoura, e início insidioso. Epidemiologia Mais comum em mulheres. Com frequência apresenta um início precoce e insidioso (i.e., na infância, na adolescência ou no início da idade adulta). O início precoce (antes dos 21 anos) está associado a uma probabilidade maior de transtornos da personalidade e de transtornos por uso de substâncias. Tem maior risco para outras comorbidades psiquiátricas em geral e para transtornos de ansiedade e abuso de substâncias em comparação à depressão maior. Etiologia Fatores de risco na infância incluem perda ou separação dos pais. Não existem diferenças claras no desenvolvimento, no curso ou na história familiar entre o transtorno distímico e o transtorno depressivo maior crônico Quadro Clínico Humor depressivo que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois anos, ou por pelo menos um ano para crianças e adolescentes. Depressão maior pode preceder o transtorno depressivo persistente, e episódios depressivos maiores podem ocorrer durante o transtorno depressivo persistente. Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes), qualquer intervalo livre de sintomas dura não mais do que dois meses. Diagnósticos Diferenciais Transtorno depressivo maior → paciente pode ter momentos de depressão maior. Escrever: transtorno distímico com episódios depressivos maiores intermitentes, com episódio atual. Transtorno psicótico Transtorno bipolar → é frequente estar associado à distimia, então ambos diagnósticos são dados. Tratamento Muitas vezes psicoterapia é suficiente e NÃO há necessidade de usar farmacoterapia Maria Paula M. Mattei – Tutorial 2 UC 17 Psiquiatria P ág in a3 Depressão Maior Epidemiologia Pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, mas a probabilidade de início aumenta sensivelmente com a puberdade. O curso é bastante variável, de modo que alguns indivíduos raramente experimentam remissão (um período de dois meses ou mais sem sintomas ou apenas 1 ou 2 sintomas não mais do que em um grau leve), enquanto outros experimentam muitos anos com poucos ou nenhum sintoma entre episódios discretos. O risco de recorrência torna-se progressivamente mais baixo ao longo do tempo, à medida que aumenta a duração da remissão. Em mulheres, o risco de tentativas de suicídio é mais alto, e o risco de suicídio completo, mais baixo. Pode não ser perceptível, mas também pode ser totalmente incapacitante Fatores de risco: Afetividade negativa é um fator de risco bem estabelecido Experiências adversas na infância Eventos estressantes na vida Os familiares de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo maior têm risco 2 a 4 vezes mais elevado de desenvolver a doença. Quadro Clínico Sintomas devem estar presentes quase todos os dias – exceção para alteração de peso e ideação suicida. * sintomas há 2 semanas, humor deprimido + anedonia + fadiga Humor deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar presente quase todos os dias. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável em vez de triste Insônia ou fadiga frequentemente são a queixa principal apresentada. A tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. Fadiga e perturbação do sono estão presentes em alta proporção de casos; perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral. Depressão apato-anérgica: tto noradrenérgica/ dopaminérgica (serotonina nora e dopa por isso não é dado nessa depressão) – usa BUPROPIONA Depressão não melancólica:durante um episódio depressivo maior ocorrem quatro dos seguintes sintomas, dentre os quais necessariamente estarão presentes a ou b, como segue: a) perda do prazer por quase todas as atividades, b) ausência de reatividade aos estímulos agradáveis, c) relato de uma qualidade distinta do humor depressivo, d) humor deprimido sendo mais intenso pela manhã, e) despertar na madrugada (insônia tardia), f) retardo psicomotor ou agitação psicomotora, g) perda significativa do apetite e do peso corporal, h) culpa excessiva. Leve: Caso ocorram, são poucos os sintomas presentes além daqueles necessários para fazer o diagnóstico (humor deprimido, anedonia e fatigabilidade), a intensidade dos sintomas causa sofrimento, mas é manejável, e os sintomas resultam em pouco prejuízo no funcionamento social ou profissional. está usualmente angustiado pelos sintomas e tem alguma dificuldade em continuar com o trabalho do dia a d ia e atividades sociais, mas provavelmente não irá parar suas funções completamente. Moderado: O número de sintomas, sua intensidade e/ou o prejuízo funcional estão entre aqueles especificados para “leve” e “grave”. usualmente terá dificuldade considerável em continuar com atividades sociais, laborativas ou domésticas. Grave: O número de sintomas está substancialmente além do requerido para fazer o diagnóstico, sua intensidade causa grave sofrimento e não é manejável, e os sintomas interferem acentuadamente no funcionamento social e profissional. Maria Paula M. Mattei – Tutorial 2 UC 17 Psiquiatria P ág in a4 Diagnósticos Diferenciais Episódios maníacos com humor irritável Transtorno de humor devido a outra condição médica (AVC, esclerose múltipla, hipotireoidismo) Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade Tristeza normal Fazer: Hemograma PCR Função tireoidiana (TSH e T4 livre) Rins (creatinina e uréia) Função hepática Eletrólitos Sorologia (HIV) Algo toxicológico TC e RM: trauma, neurossífilis, paciente adulto que teve mudança no perfil de personalidade depois de adulto Pacientes acima de 40 anos ou história de cardiopatia fazer eletrocardiograma Tratamento – 3 primeiros meses acompanhar o paciente semanalmente, e necessário avaliar individualmente para prescrever. Primeira linha sem história previa é ISRS (demora 4 semanas para fazer efeito). Se alguém da família teve depressão e melhorou com aquela droga, esta deve ser tentada em primeiro lugar. - A primeira escolha é um ISRS ou tricíclico e monitora por 2-3 semanas. - Após 1 mês, se o antidepressivo não tiver feito efeito, muda a classe ou potencializa a terapia. - Eletroconvulsoterapia é reservada aos casos de transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos e refratário aos antidepressivos. - A retirada do antidepressivo deve ser gradual, ao longo de duas semanas dependendo da meia-vida do composto. Pseudodemência X Transtorno Depressivo Demência – síndrome com comprometimento nas funções cognitivas, alterando memória, linguagem, inteligência, percepção, atenção e concentração. Pode ter causas reversíveis e irreversíveis. Deficiência ou transtorno neurocognitivo maior são outros nomes para demência Paciente não percebe a doença → quando perguntamos sobre seus sintomas, eles tentam explicar e criar respostas para suas ações Pseudodemência – quadro depressivo em idosos com queixas de memória de início recente. Transtorno depressivo maior que se apresenta como disfunção cognitiva semelhante a demência. Depressão em idosos é diferente: queixas cognitivas e somáticas, hipocondria, sentimentos de inutilidade, irritabilidade, pensamentos autodepreciativos e paranoides, pensamento recorrente de suicídio Maria Paula M. Mattei – Tutorial 2 UC 17 Psiquiatria P ág in a5 Paciente percebe seu quadro.
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