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Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari SEMIOLOGIA GINECOLÓGICA CONSULTA GINECOLÓGICA ● Investigação de doenças relacionadas à QP ● Avaliação global da paciente: aspectos psicológicos, familiares, ambientais, questões culturais/sociais ● Boa comunicação médico-paciente ○ Ética ○ Confiança ○ Vestimenta, postura, ambiente são importantes ○ Ausência de julgamentos relacionados à prática e preferências sexuais ● Método clínico centrado na paciente ○ Abertura ○ Obtenção de informações ○ Construção do relacionamento ○ Explicação: explicar de maneira simples o que a paciente tem ○ Planejamento do tratamento ANAMNESE GINECOLÓGICA ● Identificação ● QP ○ Mais comuns: sangramentos genitais, corrimentos, dor pélvica. ○ Consulta de rotina. ● HMA ○ Sangramento: intervalo, duração, volume do fluxo, se é durante a menstruação ou não, há quanto tempo, fator desencadeante. ○ Corrimentos: cor, sintomas associados (prurido, ardência, dispareunia), odor. ○ Dor pélvica: intensidade, frequência, relação com ciclo menstrual ou com relação sexual, etc. ● História gineco-obstétrica ○ Telarca, pubarca, menarca ○ Caracterização do ciclo menstrual ■ Regularidade ■ Duração ■ Intensidade do fluxo ■ Cólicas (dismenorreia) ■ Sintomas associados ○ DUM ○ Menopausa ○ Terapia hormonal ○ Vida sexual ■ Início ■ Número de parceiros ■ Libido/orgasmo ■ Frequência de coito → pct desejando engravidar ■ Dispareunia: é no início da relação, é de profundidade, tem alguma posição específica… ■ História de IST: sífilis, hepatite, HIV… ○ Métodos contraceptivos ■ Método ■ Tempo de Uso ■ Adaptação ■ Efeitos colaterais ■ Uso adequado ■ Ciente da eficácia ■ Lembrar de orientar sobre associação com condom (preservativo) ○ Antecedentes obstétricos ● HPP ○ Cirurgias pélvicas ○ Mamoplastia redutora/prótese de mamas ○ Comorbidades: intolerância à glicose, DM, tireoidopatias ○ História de CA pregresso, trombose ○ Uso de medicações Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● História familiar ○ Principais comorbidades: HAS, dislipidemias, DM, coronariopatia, osteoporose, CA de mama, CA de ovário, doença tromboembólica. ● Hábitos de vida ○ Sedentarismo/prática de atv física ○ Alimentação: lactose, carne, glúten, cálcio. ■ Mulheres após a menopausa e gestantes precisam de uma ingesta de Ca adequada. ○ Tabagismo/etilismo ○ Trabalha? Estuda? Dia a dia. EXAME FÍSICO GINECOLÓGICO - Respeito e boa comunicação. Pct deve se sentir segura e respeitada. SEMPRE explicar o que faremos, pedir permissão, conversar durante o exame físico. - Itens básicos: mesa ginecológica que permita a posição de litotomia; foco de luz; banco para examinador; camisola para a pct; soluções; lâmina; espéculo; pinça; luva estéril e outros materiais. ● Exame clínico geral ○ Dados vitais: PA, FC, peso, altura, IMC. ○ Palpação da tireoide. ○ Ausculta cardíaca e respiratória. ○ Palpação abdominal. ● Ectoscopia ○ Índice de Ferriman: score > 8 = hiperandrogenismo clínico. O índice de Ferriman e Gallwey (IFG) modificado é o método padronizado e o mais utilizado para se avaliar a presença e a gravidade do hirsutismo. Gradua numa escala de um a quatro em nove áreas do corpo, levando-se em consideração o pelo terminal (pelo maior que 0,5 cm, escuro, pigmentado e grosso). ● Exame físico especial ○ Exame das mamas Inspeção estática: expor as duas mamas simultaneamente com a pct sentada. Simetria, volume, formato, contorno. Presença de abaulamentos, retrações, cicatrizes. O médico fica à frente da pct. Nesse momento, para pcts jovens, avaliamos estágios puberais de acordo com os critérios de Tanner. M2: 8 - 13 anos M3: 10 - 14 anos M4: 11 - 15 anos M5: 13 - 18 anos Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Avaliar: amasia (ausência de tecido mamário, porém com presença de aréola e mamilo), hipomastia (pouco desenvolvimento glandular mamário), politelia (mamilos extras sem glândula mamária), polimastia (glândulas mamárias a mais na linha láctea), amastia (ausência congênita de glândula mamária), atelia (ausência congênita do mamilo). Inspeção dinâmica: levante os braços; abaixar o tronco; colocar a mão na cintura e fazer força com os braços. - Palpação dos linfonodos: cobrir de novo as mamas nesse momento. Avaliar cadeias axilares, supra e infraclaviculares. Musculatura peitoral e do braço relaxadas (pct deve apoiar o braço e soltar o peso sobre o braço do examinador). Em seguida, pedimos que a pct deite para a palpação das mamas. - Palpação das mamas: pedir que a pct coloque o braço atrás da cabeça. Começa com a mão aberta, palpação superficial e leve. Em seguida, palpação dedilhada de todo o tecido mamário. Expor apenas a mama palpada. Identificação de nódulos: consistência, mobilidade, sensibilidade, regularidade do contorno. - Expressão: tentar buscar nos canais a presença de algum líquido que possa sair pelos ductos. Ex. secreção uniductal, sanguinolenta, unilateral… ○ Exame dos órgãos genitais externos ■ Inspeção Pct em posição ginecológica/litotômica (pode apoiar as pernas em perneiras ou usar estribos). Nádegas na beirada da mesa. Inspeção estática: anatomia, desenvolvimento puberal. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Importante: começa com telarca → pubarca → menarca. Simultâneos e progressivos. Inspeção dinâmica: valsalva (tosse, aumentar a P intrabdominal) → perda de urina, distopias genitais (alterações de posição dos órgãos pélvicos), prolapso uterino, cistocele e retocele. ○ Exame dos órgãos genitais internos Exame especular Introdução do espéculo de Collins: de acordo com o maior diâmetro da vagina, que é ant-post (longitudinal). Logo, introduzimos o espéculo de pé, um pouco inclinado, às duas horas. Uma mão introduz e a outra expõe o intróito vaginal. Depois, abrimos o espéculo para avaliar colo do útero, paredes vaginais e conteúdo vaginal. Se indicado, fazemos a coleta do material para exame colpocitológico (Papanicolau) → alta especificidade, baixo custo. Quando for fazer essa coleta, evitar o uso de lubrificantes porque pode alterar as células. Introduz o espéculo > espátula é usada para coletar o material ectocervical (você encaixa e gira 360° a espátula pelo menos 3x) > transfere em metade da lâmina de forma linear. Introduz a cytobrush dentro do orifício externo do colo > gira 360° a escovinha para pegar células da endocérvice e transfere para a lâmina de forma circular > fixa o material da lâmina (sprays fixadores ou solução alcoólica). Depois, visualização do colo com algumas soluções que evidenciam lesões: - Visualização direta do colo com ácido acético. Embeber algodão ou gaze no ácido 2-5% → o ácido deixa as lesões acetobrancas. O normal é não corar nada. Quando cora, há alteração, pode corresponder a lesões → colposcopia. - Teste de Schiller: é normal quando o colo cora (fica marrom = teste negativo, pois o colo é iodo-positivo). Quando há áreas que não se coram com o iodo (iodo-negativas), o teste está alterado = teste de Schiller positivo. Podemos tirar essa solução com a solução de bissulfito. ○ Toque bimanual Toque bimanual: introduzir um e depois dois dedos na vagina e encontrar o colo do útero. Com a outra mão, palpar a região suprapúbica. Com o dedo, impulsionar o colo para sentir, com a outra mão, o corpo do útero, os anexos… Avaliar mobilidade do colo, tamanho do útero, anexos, dor à mobilização, etc. Toque retal: apenas se houver uma suspeita específica. Ex. dor pélvica, massa pélvica, sintomas retais. Quando fazemos, fazemos simultaneamente com a vagina. Não é feito de rotina. Importante: atenção às mulheres em situação de violência doméstica e/ou violência sexual. O médico faz uma notificação, mas não faz o boletim de ocorrência e só aciona o conselho tutelar em casos de violência contra menores. SEMIOLOGIA OBSTÉTRICA DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ ● Sinais de presunção - em mulher em idade fértil (mesmo usando método contraceptivo): ○ Náuseas e vômitos ○ Mastalgia ○ Poliúria ○ Fadiga, sono ○ Desconforto abdominal Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ Tubérculos de Montgomery:glândulas sebáceas hipertrofiadas ao redor da aréola, por volta de 8 semanas. ○ Rede de Haller: 16 semanas. Rede vascular proeminente nas mamas. ○ Aréola secundária: 20 sem. Hiperpigmentação da aréola primária e surgimento de uma aréola secundária com limites pouco definidos. Aréola cresce e fica mais pigmentada. ● Sinais de probabilidade ○ Aumento do volume uterino ○ Sinal de Piskacek: abaulamento do útero, levando à assimetria uterina. ○ Sinal de Hegar: 6-8sem. Consistência amolecida do istmo. ○ Sinal de Nobile-Budin: 8sem. Abaulamento do útero gravídico ao toque do fundo de saco vaginal. ○ Sinal de Osiander: 8sem. Ao toque vaginal, pulsação das aa. vaginais. ○ Alteração da coloração da vulva e vagina. ○ Sinal de Jacquemier: 8sem. Vulva congesta e violácea. ○ Sinal de Kluge: mucosa vaginal violácea por congestão venosa. 8sem. ● Sinais de certeza ○ Dosagem sérica de beta-hcg → 1 semana após a fertilização no sangue e a partir de 14 dias na urina. Nos primeiros 30 dias, o valor dobra a cada 48-52 horas. ○ Visualização direta no USG: apenas vemos com beta-hcg maior que 1500 no sangue. Ou seja, a partir de 5 a 6 semanas de idade gestacional. Saco gestacional > vesícula vitelina > eco embrionário. ○ Ausculta do batimento cardíaco fetal (BCF). A partir de 12 semanas no consultório, com o sonar, em pcts magras. Na prática, a partir de 14 semanas. 18 semanas com pinar. ○ Sinal de Puzos: perceber a presença fetal intraútero, o rechaço fetal. 14 semanas. ○ Identificação da movimentação fetal. 18 semanas. Pct pode perceber com 20, 20 e poucas semanas. DATAÇÃO DA GRAVIDEZ Depois do diagnóstico da gravidez, é a primeira coisa feita na consulta, pois o resto da consulta depende da idade gestacional. É calculada em semanas. ● Baseada na DUM: somam-se os dias desde a DUM até a data atual e divide por 7. A maioria das mulheres ovula 14 dias após a menstruação. Logo, normalmente, a IG tem duas semanas a mais do que a data da concepção. Obs. a DUM é o primeiro dia do último ciclo menstrual. Logo, é o primeiro dia de sangramento! ● Baseada no USG: Somam-se os dias desde a data do USG até a data atual e divide por 7. Acrescenta-se ao valor encontrado a IG do USG. Sempre verificamos se as datas estão compatíveis (a de acordo com a DUM e a do USG). Se compatível, usamos a DUM. Se não for compatível, calculamos pelo USG. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari USG de 1° trimestre, margem de erro de 1 semana. De 2° trimestre, margem de erro de 2 semanas. De 3° trimestre, margem de erro de 3 semanas. O USG avalia o comprimento cabeça-nádega, sendo que o ultrassom precoce é mais assertivo. Logo, sempre usamos o primeiro USG da pct. Se estiver dentro dessa margem de erro, consideramos a DUM. Se não, consideramos o USG. CRONOLOGIA DA GESTAÇÃO Duração da gestação: 280 dias ou 40 semanas (considerando a DUM). Se a DUM for confiável e compatível com o USG precoce: ● Cálculo da data provável do parto (DPP): Regra de Naegele → adicionar 7 ao dia e subtrair 3 do mês. ○ Se o número de dias Ex. DUM em 1 de Jan de 2021 → DPP 08/10/2021. Hoje é 23 de agosto: 31 dias de janeiro - 1 que foi o dia que ela menstruou = 30 + somar os dias de cada mês até agosto (23) = 234 → divide por 7 → 33 semanas e sobram 3 dias, que é a idade gestacional. Importante somar o dia antes de subtrair do mês: DUM 30/06/21 → como junho tem 30 dias, vai pro dia 07 de julho. Aí tiramos 3 meses de JULHO → 07/04/22. DUM 30/01/21 → como janeiro tem 31 dias, vai pro dia 06 de fevereiro → tira 3 meses de fevereiro → 06/11/21. Cálculo da IG considerando DUM 10/03/21 → março tem 31 dias. 31 - 10 = 21 dias de março + 30 dias de abril + 31 de maio + 30 de junho + 31 de julho + 23 de agosto (data de hoje) = 166 → divide por 7 → 23 semanas e 5 dias. ● Cálculo da IG pelo USG: Data do USG → soma todos os dias dos meses e divide por 7. Mas, depois, soma a idade gestacional que já estava no dia que fez o USG. Se a diferença para a data da DUM é maior do que uma semana, vamos considerar a do USG. Mas se for menor do que uma semana e a pct refere ctza, fazemos o acompanhamento da gestação pela DUM. TERMINOLOGIA CLÍNICA EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO ● Exame geral ● Exame obstétrico ○ Inspeção ○ Medida da altura uterina (a partir de 12 semanas, quando o útero está na borda superior da sínfise púbica) Entre 16 e 32 semanas, a medida do útero corresponde muito à idade gestacional. Medida é feita desde a borda superior da sínfise púbica até o fundo uterino. ○ Palpação obstétrica (manobras de Leopold) Melhor feita no 3° trimestre. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ Ausculta fetal: feita no dorso fetal, mais próximo do polo cefálico (depende se o feto é cefálico ou pélvico). Na palpação, é o lado da barriga que estiver liso, duro e homogêneo. O lado mais molinho e irregular são os membros. ■ Normal: entre 110 - 160 pbm. ■ Taquicardia > 160. ■ Bradicardia < 110. ● Dilatação e apagamento ○ Apenas se houver indicação. ○ Dilatação: abertura do colo em cm ○ Apagamento: encurtamento do colo (0 - 100%). É a redução da longitude do canal cervical. - Nulíparas: apagamento e depois dilatação. - Multíparas: apaga e dilata ao mesmo tempo. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Dilatação completa (10 cm): não tocamos o colo, apenas tocamos a apresentação fetal. Consultar: ASSISTÊNCIA AO PARTO E NASCIMENTO. --- FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL Ciclo menstrual: conjunto de eventos endócrinos interdependentes do sistema H-h-o ● Eixo reprodutivo feminino principal: hipotálamo-hipófise-ovário ○ Porém, outras áreas influenciam o ciclo: córtex cerebral, tireoide, suprarrenal, fígado, metabolismo periférico, fatores ambientais (estresse, atv física, nutrição), população folicular adequada. ● Córtex cerebral → estímulos que comandam o hipotálamo (várias influências ambientais já podem influenciar essa fase) → hipotálamo → GnRH → hipófise → FSH → ovário → hormônios que fazem o primeiro feedback negativo. ○ Neurotransmissores excitatórios: glutamato, norepinefrina e neuropeptídeo Y ○ Neurotransmissores inibitórios: dopamina e endorfinas ● Hipotálamo: ○ GnRH: - Secretado pelo núcleo arqueado - Secreção pulsátil: varia em frequência e amplitude durante o ciclo menstrual. Na primeira parte (fase folicular), a secreção tem F mais alta e A mais baixa. A meia vida do GnRH é muito curta, então a secreção faz muita diferença. Na fase lútea, a F da secreção é menor, porém a A é maior. Essa diferença de secreção permite que o mesmo hormônio module de maneira distinta a secreção de FSH e LH, ou seja, a ação dele na adenohipófise é diferente em cada fase → secreta mais FSH na fase folicular e mais LH na fase lútea. ● Hipófise ○ Neuro e adenohipófise → a adenohipófise é que produz as gonadotrofinas (FSH e LH) ● Ovários https://www.saude.sc.gov.br/index.php/informacoes-gerais-documentos/redes-de-atencao-a-saude-2/rede-aten-a-saude-materna-e-infantil-rede-cegonha/acervo-e-e-books/7607-hsf-assistencia-ao-parto-de-baixo-risco/file#:~:text=O%20apagamento%20e%20a%20dilata%C3%A7%C3%A3o,da%20longitude%20do%20canal%20cervical https://www.saude.sc.gov.br/index.php/informacoes-gerais-documentos/redes-de-atencao-a-saude-2/rede-aten-a-saude-materna-e-infantil-rede-cegonha/acervo-e-e-books/7607-hsf-assistencia-ao-parto-de-baixo-risco/file#:~:text=O%20apagamento%20e%20a%20dilata%C3%A7%C3%A3o,da%20longitude%20do%20canal%20cervical Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ FSH e LH chegam no sangue e, assim, alcançam o ovário ○ Produção de gametas e secreção hormonal → estrogênio, progesterona e androgênios ○ O ovário é dividido em córtex, medula e hilo. O hilo possui vasos sanguíneos e a região medular é muito vascularizada, composta por tec conjuntivo frouxo, permitindo a boa irrigação do córtex, onde estão as células funcionais dos ovários. ○ Parte funcional: folículo, corpo lúteo, estroma. Para o desenvolvimento folicular ocorrer, precisamos de um número de oócitos preparados para receber esse estímulo. Mas como são formados os oócitos? A mulherjá nasce com todos os seus oócitos, com a reserva ovariana completa. No embrião, há multiplicação das ovogônias. Na 20a semana de gestação, há cerca de 6-7 milhões de oócitos → atresia de alguns → nascimento com 1-2 milhões → quiescência dos oócitos, sendo que alguns vão entrando em atresia → na puberdade, há 300 a 500 mil oócitos parados no estágio diplóteno da meiose. Apenas 300 a 400 oócitos serão ovulados durante toda a vida reprodutiva, os demais serão perdidos. A cada ciclo, cerca de 1000 oócitos são recrutados. O desenvolvimento inicial do folículo demora, na verdade, cerca de 175 dias, a fim de que ele possa ser recrutado no ciclo menstrual. O folículo a ser ovulado necessita de 3 a 4 meses de desenvolvimento a partir de seu recrutamento. A maioria dos folículos entra em atresia. Importante: a cada divisão, há eliminação de um glóbulo polar, que praticamente não tem citoplasma. Assim, cada oogônia, no final da meiose, dá origem a apenas um óvulo com metade do conteúdo genético e não 4. A multiplicação das oogônias só ocorre na gestação (fase embrionária). Apesar de estarem quiescentes, durante toda a vida ocorre perda de oócitos por atresia folicular. No início da puberdade, há perda da maioria das células germinativas. Função dos ovários: esteroidogênese e foliculogênese. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Média do ciclo: 28 dias. Normal: 21 - 35 dias, com média de 2 a 6 dias de fluxo e 20 - 60 mL de perda sanguínea. - Dia 1: primeiro dia da menstruação. Início da fase folicular. - Fase folicular: recrutamento e desenvolvimento do folículo. - Fase ovulatória: transição entre a fase folicular e lútea. - Fase lútea: se não ocorrer a gravidez, o folículo ovulado vira corpo lúteo, sofre atresia, e dá origem a uma nova fase folicular. Quando ocorrem variações de dias do ciclo menstrual, isso ocorre por variação da fase folicular. A fase lútea é mais fixa, dura 14 dias para a enorme maioria das mulheres. Quando estamos nos referindo ao útero, chamamos de fase proliferativa e fase secretora. É mais frequente usar a ovariana (folicular e lútea). População de folículos primordiais no ovário (oócitos parados) → sob estímulo (ambiente ovariano com estímulos parácrinos propícios, é uma preparação complexa, que dura cerca de 175 dias) → - Folículo primário: oócito com uma camada de cél da granulosa. - Secundário: multiplicação de cél da granulosa e fina camada de cél da teca. As células da granulosa secretam um líquido que facilita o transporte de nutrientes e promove o crescimento do folículo: - Antral: formação da cavidade antral. - Pré-ovulatório → ovulação. Duração dessa fase folicular: 10-14 dias, havendo a seleção do folículo dominante. Eventualmente, pode-se ovular 2 oócitos (gêmeos dizigóticos), mas normalmente apenas 1 é ovulado. - Folículo primordial: oócito primário envolvido por 1 única camada de cél foliculares planas. Crescimento inicial independe do estímulo de gonadotrofinas. - Folículo primário: células da granulosa e camada basal. - Folículo secundário: já houve multiplicação das cél da granulosa. Diferenciação das células do estroma (teca interna e teca externa). A partir daqui, o folículo passa a ser mais sensível à ação do FSH. - Folículo terciário ou pré antral: aparecimento de mais receptores de FSH, crescimento guiado pelo FSH. Multiplicação e especialização das células da teca e da granulosa. - Folículo antral: as células da granulosa vão produzindo um fluido que forma a cavidade antral, permitindo o transporte de hormônios, fat de crescimento, nutrientes, citocinas. As cél da granulosa especializadas, o cumulus Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari oophorus, são responsáveis por passar para o oócito todos esses nutrientes (suporte do oócito). As células da granulosa murais são responsáveis pela produção de hormônios esteroides. TEORIA DAS 2 CÉLULAS, 2 GONADOTROFINAS - 2 cél: teca e granulosa. - 2 gonadotrofinas: FSH e LH. As células da teca acessam substratos da corrente sanguínea. A partir do colesterol e sob estímulo do LH, as células da teca produzem androstenediona e testosterona. Por difusão ativa ou facilitada, as cél da granulosa recebem esses androgênios e, sob estímulo do FSH, aromatizam esses androgênios, produzindo estrona e estradiol. SELEÇÃO DO FOLÍCULO DOMINANTE Seleção do folículo dominante: o sucesso do folículo depende de sua capacidade em converter um microambiente ANDROGÊNICO em microambiente ESTROGÊNICO. Logo, ele precisa de muitas cél da granulosa. O estrogênio possui estímulo positivo dentro do folículo juntamente com o FSH (causa desenvolvimento do folículo), mas - sistemicamente - faz feedback negativo no H e h sobre a secreção de FSH. Folículo dominante: grande número de CG, muito estrogênio e muitos receptores (estrogênio aumenta os receptores de FSH e de LH nas CG). O FSH e o estrogênio aumentam o número de receptores nas cél da granulosa. Efeitos do estrogênio: - Feedback positivo do FSH a nível folicular (mais estrogênio > mais receptores de FSH > mais estrogênio). Obs. aumenta receptores de LH também. - Feedback negativo do FSH a nível hipotalâmico e hipofisário → a partir do momento que o FSH cai, os outros folículos que não têm muitos receptores de FSH para de se desenvolver e entram em atresia. - Em baixos níveis, feedback negativo do LH a nível hipotalâmico. Porém, em altos níveis, ocorre feedback positivo, produzindo o pico de LH. Essa seleção do folículo dominante é estabelecida na primeira semana (5-7 dias) do ciclo menstrual: Além do que já falamos, há maior vascularização das células da teca e maior nível da atividade da aromatase → maior concentração intrafolicular de estrogênio. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari PAPEL DO LH NA FASE FOLICULAR Maturação do folículo dominante: precisa de grande produção de androgênios (depende de LH) para que haja muita produção de estrogênios. Pico do LH deflagra a ovulação. Estrogênios: (resposta bifásica) - Em baixa concentração → inibe LH - Alta concentração (concentração > 200 pg/mL sustentada por tempo prolongado, ou seja, mais de 50 hs) → estimula o pico de LH Essa alta concentração sinaliza que já há um folículo dominante pronto, podendo haver ovulação. OVULAÇÃO O pico de estrogênio gera picos → de FSH e de LH. Após a ovulação, aumenta a progesterona. Obs. essa discreta baixa do estrogênio antes do seu pico ocorre porque os outros folículos (sem ser o dominante) entram em atresia. FASE OVULATÓRIA ● Começa um pouco antes da ovulação. ● 3 fenômenos: ○ Recomeço da meiose, eliminando um glóbulo polar (mas só termina a meiose se houver fecundação) ○ Luteinização de cél da granulosa (grande estímulo do LH) → produção de progesterona ○ Liberação do oócito Pico de LH → aumento da progesterona + prostaglandinas E e F + enzimas proteolíticas + aumento do fluxo sanguíneo intrafolicular + contração do folículo → liberação do oócito na cavidade abdominal, que será captado pelas fímbrias. FASE LÚTEA As cél da granulosa do folículo pós ovulatório sofrem luteinização (ganham muitos receptores de LH) → aumentam de volume e assumem coloração amarelada → corpo lúteo → progesterona! Obs. mas ainda produz estradiol. Progesterona: - Sustentação do endométrio na fase lútea - Inibe recrutamento de novos folículos - Manutenção da gestação inicial (7 a 9 semanas) Corpo lúteo: estrogênio + progesterona + inibina A. Se não houver fecundação, o corpo lúteo regride após um período de 12 - 16 dias (pois ele depende do estímulo do LH), parando de produzir estrogênio, progesterona e inibina (formação do corpo albicans) → aumento de FSH e LH de novo. Se houver fecundação, o hCG placentário mimetizará a ação do LH e estimulará, de modo contínuo, o corpo lúteo a secretar progesterona. A função lútea continuada é essencial à manutenção da gravidez até, aproximadamente, 5 semanas de gestação, quando é produzida progesterona suficiente pela placenta em desenvolvimento (transição luteoplacentária). ENDOMÉTRIO ● Fase folicular: estrogênio → proliferaçãoendometrial. Multiplicação celular. ● Fase lútea ovariana: progesterona → faz com que as glândulas endometriais se Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari especializem, se tornem secretoras. Mantém o endométrio espesso e especializa o endométrio em glândulas secretoras, para tornar o ambiente perfeito para a nidação. Se não há fecundação, o corpo lúteo degenera e o endométrio descama: ● Endométrio: ○ Camada funcional (⅔ superiores): cresce e descama a cada ciclo. ○ Camada basal: não sofre alterações. Permite o novo crescimento a cada ciclo. ● Endométrio ○ Menstrual ○ Tipo 1 - proliferativo ○ Tipo 2 - per-ovulatório ■ Trilaminar ■ Endométrio de período fértil ○ Tipo 3 - luteinizado (por ação da progesterona) ○ Tipo 4 - decidualizado Na imagem, endométrio no final/início do ciclo e, à direita, endométrio trilaminar. MENSTRUAÇÃO ● Sangue proveniente dos capilares e arteríolas do endométrio ● Descamação da camada funcional do endométrio ● A camada funcional não contém fibrinogênio e possui propriedades antifibrinolíticas → não há formação de coágulos dentro do útero! Eles se formam na vagina. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari RESUMO 1. V 2. F: de independência → dependência. 3. V 4. V 5. V 6. F: é o aumento do estrogênio que causa pico de LH. --- RESUMO DO CICLO MENSTRUAL No início do ciclo (dia 1 - primeiro dia da menstruação), os níveis de esteroides gonadais são baixos e vêm diminuindo desde o final da fase lútea do ciclo anterior. Com a involução do corpo lúteo, o FSH começa a elevar e os folículos começam a ser recrutados. Esses folículos secretam níveis crescentes de estrogênio, estimulando a proliferação endometrial. A elevação do estrogênio promove redução do FSH (retroalimentação negativa), sendo que o FSH começa a declinar próximo à metade da fase folicular. Além disso, os folículos em crescimento produzem inibina-B, que suprime a secreção de FSH pela hipófise. Ao final da fase folicular, receptores de LH e FSH estão presentes nas células da granulosa e, com a estimulação do LH, modulam a secreção de progesterona. Após um grau suficiente de estimulação estrogênica, ocorre um pico de LH (resposta bifásica), desencadeando a ovulação. Assim, inicia-se a fase lútea. O nível de estrogênio é reduzido durante a fase lútea inicial, pouco antes da ovulação até o meio da fase lútea, quando começa a se elevar outra vez como resultado da secreção do corpo lúteo. O corpo lúteo secreta inibina-A. Após a ovulação, os níveis de progesterona aumentam devido à produção pelo corpo lúteo. A progesterona, o estrogênio e a inibina-A agem centralmente para suprimir a secreção de gonadotrofina e um novo crescimento folicular. Quando o corpo lúteo involui, esses hormônios diminuem e o útero descama, iniciando um novo ciclo. MUDANÇAS NO ENDOMÉTRIO ● Fase proliferativa: após a menstruação, a decídua basal é composta por brotos glandulares e estroma denso escasso. O estrogênio estimula o crescimento mitótico progressivo da decídua funcional. As glândulas endometriais evoluem, ficando mais longas e tortuosas. ● Fase secretora: presença evidente de produtos eosinofílicos ricos em proteína e secretados na luz glandular. A progesterona antagoniza o estrogênio → diminuição progressiva na concentração de receptores de estrogênio nas células endometriais → redução da proliferação celular. ○ Glândulas endometriais formam vacúolos contendo glicogênio. ○ Os núcleos podem ser vistos na porção medial das células e, por fim, sofrem secreção apócrina para a luz glandular, em geral, até o dia 19 ou 20 do ciclo. No sexto ou no sétimo dia pós-ovulatório, é comum a atividade secretora das glândulas ser máxima e o endométrio estar plenamente preparado para a implantação do blastocisto. ○ 17° dia pós ovulatório: aumento progressivo do edema. Aa. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari espiraladas claramente visíveis, mais alongadas e mais espiraladas. ● Menstruação: ○ Queda hormonal → espasmo vascular das aa. espiraladas → isquemia endometrial. Simultaneamente, rompimento de lisossomos → enzimas proteolíticas → destruição tecidual → decídua funcional descama. ○ Prostaglandinas produzidas ao longo do ciclo estão em concentração máxima. PGF2a → vasoconstritor potente → vasoespasmo e isquemia. Ainda, ela produz contrações miometriais que diminuem o fluxo e ajudam a expelir o tecido descamado. DESENVOLVIMENTO FOLICULAR OVARIANO ● Meiose → dividida em meiose I e meiose II. ● Meiose I → prófase I, metáfase I, anáfase I, telófase I. ● Prófase I → leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese. Oogônias → quando começam a entrar na prófase I meiótica, são conhecidas como oócitos primários (8a semana de gestação) → oócitos permanecem em prófase I (no diplóteno tardio) até o período de ovulação. Ovulação: aumento repentino de LH → meiose I pode ser finalizada → formação do ovócito secundário (n, porém cromossomos duplicados). Se houver fertilização, os ovócitos II terminam a meiose II e ocorre a formação do zigoto. --- FISIOLOGIA MATERNA NA GESTAÇÃO A partir do momento da fertilização, ocorrem várias alterações anatômicas e funcionais para que a gestação seja possível (novo equilíbrio adaptativo). 3-4 dias após a fertilização → zigoto atinge a cavidade uterina. Nidação: depende do corpo lúteo (produção de hormônios para adaptar o endométrio); altos níveis de estrogênio, progesterona, gonadotrofinas, somatotrofinas e tireotrofinas. A nidação ocorre na forma de blastocisto, sendo que o trofoblasto invade a parede uterina, o que formará a placenta. ● Funções da placenta ○ Transporte gasoso ○ Transferência de nutrientes ○ Excreção de metabólitos fetais ○ Produção hormonal → interfere não só no sistema genital, mas também age de forma sistêmica no organismo materno. Esse desenvolvimento adequado da placenta é fundamental para o feto e para as adaptações do organismo materno → precisa de uma invasão trofoblástica adequada e de uma formação placentária adequada. ● Início da gravidez: corpo lúteo é que produz os hormônios. Assim que o trofoblasto invade o miométrio e passa a produzir hormônios, o corpo lúteo involui. ● Alterações anatômicas e funcionais → essas transformações podem produzir sinais e sintomas que dificultam distinguir o normal e o patológico. ○ Cutâneo-mucosas - Aumento da volemia → redução da RVP → vasodilatação periférica → eritema e aranhas vasculares (= angiomas ou telangiectasia). - Ocorre principalmente na barriga, podendo haver prurido. - Eritema palmar da gestação é característico. - Costumam desaparecer logo após a gestação. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Edema e varicosidades Compressão pelo útero gravídico (com volemia aumentada) → compressão da veia cava e vasos linfáticos → dificulta o retorno venoso → edema de MMII e varicosidades (tem fator genético também nessas varicosidades). Além da compressão, há aumento da retenção hídrica e diminuição da osmolaridade plasmática, gerando o edema. Varicosidades em 40% das gestantes, princ. no 3° trimestre. Aumento do plexo hemorroidário → princ. no 3° trimestre. Ocorre por aumento da P intra-abdominal, aumento da volemia e dificuldade do retorno venoso. A constipação intestinal piora o quadro. Alterações de pigmentação Aumento do hormônio melanocítico devido ao estrogênio e progesterona → hiperpigmentação cutânea: cloasma ou melasma gravídico + linha nigra (linha alba mais pigmentada) + hiperpigmentação cutânea nas aréolas. Ocorre mais em pacientes negras, melanodermas, pois já têm mais melanócitos naturalmente. Recomenda-se: uso de bloqueador solar e evitar exposição direta ao sol. Após o parto, tais alterações pigmentares em geral desaparecem ou, ao menos, regridem consideravelmente. Os contraceptivos orais podem causar alterações semelhantes Estrias Hiperdistensão da pele devido ao crescimento uterino → estrias gravídicas. De acordo com a predisposição da pct (influenciada pela produção de cortisol, pela elasticidade e hidratação), pode surgir em mais ou menos locais (além do abdome).Fatores de risco para estrias gravídicas: idade materna mais jovem, HF, peso pré-gestacional e ganho de peso durante a gravidez. Ocorrem a partir do meio da gestação na pele do abdome, mamas e coxas. ○ Modificações do sistema genital - Aumento do volume uterino → hiperplasia + hipertrofia dos miócitos; aumento da vascularização; aumento do tecido conjuntivo. Ainda, ocorre um estiramento enorme desses miócitos. A produção de novos miócitos é bem limitada, o aumento do volume ocorre mais pelos outros fatores. Útero passa de 70 g para 1 kg; de 90cm3 para 1000cm3. Inicialmente, as paredes uterinas se tornam mais espessas e fortes, mas gradualmente se afinam. No final da gravidez, a parede uterina estira tanto que o miométrio fica com apenas 1 a 2 cm de espessura. A hipertrofia uterina no início da gestação provavelmente é estimulada pela ação do estrogênio e talvez da progesterona. Assim, alterações uterinas semelhantes podem ser observadas com a gravidez ectópica. Contudo, após cerca de 12 semanas de gestação, o crescimento uterino está predominantemente relacionado com a pressão exercida pela expansão dos produtos da concepção. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Os miócitos ficam entrelaçados em torno dos vasos sanguíneos → disposição fundamental para parar o sangramento no pós parto. - Ao final de 12 semanas de gestação, o útero aumentado se estende para fora da pelve. Com sua ascensão, ele gira para a direita e essa dextrorrotação provavelmente é causada pelo retossigmoide. - Colo uterino: composto principalmente por tecido conjuntivo. Sofre alterações importantes para suportar a gestação e, depois, esvaecer e dilatar no momento do parto. No início da gravidez: colo inicia amolecimento e cianose (por causa do aumento da vascularização e edema do colo, além de que ocorre hipertrofia e hiperplasia das glândulas do colo → podem até sofrer eversão e ficar visíveis, friáveis, causando pequenos sangramentos). Essas glândulas produzem uma secreção que obstrui o canal cervical logo após a concepção (tampão mucoso), uma secreção mucoide rica em anticorpos que tem função imunológica e mecânica de proteger o conteúdo uterino do conteúdo vaginal. No final da gravidez, ocorre a saída visível desse muco pela vagina. Alteração da conformação das fibras de colágeno → amolecimento, esvaecimento (apagamento) e, posteriormente, dilatação do colo. Ainda, essa alteração permite o reparo e a reconstituição do colo pós-parto para permitir uma gravidez subsequente. - Cor da vulva e vagina fica mais violácea (aumento da vascularização → hiperemia). - Epitélio vaginal fica mais espesso, por aumento da celularidade (estímulo estrogênico) → maior capacidade de distensão no momento do parto. - Aumento da celularidade → mais glicogênio → maior produção de ácido lático → redução do pH (3,5 - 6). - Resíduo vaginal mais abundante. - Grávidas: maior tendência a ter candidíase (devido à redução do pH), principalmente no segundo e terceiro trimestres. ○ Alteração das mamas - O desenvolvimento das glândulas só se completa na gestação. Estrogênio → proliferação dos ductos mamários. Progesterona → desenvolvimento dos lóbulos mamários. Prolactina → completa desenvolvimento lóbulo-alveolar. - Primeira semana da gravidez: mamas doloridas, sensíveis ao toque. - Depois do segundo mês: aumento de tamanho das mamas. - Aumento da vasculatura das mamas → trama venosa visível (rede de Haller). - Glândulas sebáceas hipertrofiadas (tubérculos de Montgomery). - Aumento da aréola, com hiperpigmentação (sinal de Hunter). Aumento da demanda de suprimento → aumento da vascularização + hipertrofia/hiperplasia celulares. ○ Modificações músculo-esqueléticas - Algumas são causa e outras consequência - Estrogênio + relaxina → aumento da mobilidade das articulações como um todo (aumento da capacidade pélvica - articulações sacroilíaca, sacrococcígea e púbica). Os diâmetros dos estreitos da pelve aumentam. Isso é importante para o parto, mas causa outras alterações → lordose progressiva, porque ocorre alteração do centro gravitacional da mulher. Hiperlordose e hipercifose → Aumento da base de sustentação (base alargada), redução da amplitude dos passos. Direcionamento cervical para frente e parte torácica da coluna para trás. Compressão dos nn. ulnar e mediano, parestesia de MMSS, fadiga muscular, dores lombares, dores cervicais. Musculatura mais tensa e até compressões nervosas, ainda mais acentuadas pelo edema da paciente. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ Sistema cardiovascular Aumento de volume circulante (retenção hídrica, retenção de sódio) + redução da RVP para compensar. Aumento da produção de eritrócitos (por aumento da eritropoetina) + retenção de sódio e potássio. Queda da osmolaridade plasmática induzida pela reprogramação dos limiares osmóticos para sede e para secreção de ADH (relaxina e outros hormônios envolvidos) + aumento da reabsorção de eletrólitos (sódio e potássio) → retenção hídrica. Maior necessidade de sangue para nutrir o feto → aumento da volemia, aumento da FC e do volume sistólico (ou seja, aumento do DC). Essa expansão volêmica é para suprir as necessidades do feto, mas também para proteger a mulher quando ela perder sangue no parto. Além do aumento de volume, há aumento de eritrócitos (mais eritropoetina, função medular maior). Porém, como a retenção de líquido é mais importante, ocorre uma hemodiluição (redução relativa das hemácias, sangue fica menos osmolar e menos viscoso → pode alterar o hemograma). Essa hemodiluição começa na 6a semana, mas é mais acentuada no segundo trimestre. A menor viscosidade sanguínea reduz o trabalho cardíaco, protege contra fenômenos tromboembólicos e beneficia a perfusão placentária. O aumento da volemia é lento → pouco estímulo sobre os barorreceptores. Esse equilíbrio depende do aumento da atividade do SRAA → contrabalança ação dos mecanismos excretores de sódio (ou seja, compensa o aumento do fator natriurético atrial). Aumento da volemia → liberação do fator natriurético atrial + aumento da TFG → para não perder o volume, ocorre aumento da atividade do SRAA. Porém, os vasos sanguíneos são refratários à ação da angiotensina II durante a gravidez (para que não ocorra aumento da PA). *Durante a gestação normal, os níveis plasmáticos de ANP e BNP são mantidos nos níveis encontrados nas não gestantes a despeito do aumento no volume plasmático. O estrogênio é que ativa o SRAA. Vasodilatação e redução da PA → aumenta a renina. Ocorre aumento da retenção hídrica e de sódio, porém sem aumentar a PA. Obs. Todos os componentes do SRAA ficam aumentados. A renina é produzida pelo rim materno e pela placenta. A angiotensina é produzida em maiores quantidades pelos fígados materno e fetal. Os estrogênios estimulam a elevação dos níveis de angiotensina. Então por que a PA diminui? Progesterona relaxa músculo liso (vasodilatação, ou seja, redução da RVP) + placenta (circuito de baixa resistência). No momento da implantação trofoblástica, a camada média das aa. espiraladas é praticamente destruída, para que o leito placentário tenha uma resistência muito reduzida. Assim, as arteríolas dilatam e perdem a contratilidade, permitindo o aumento do fluxo sanguíneo uteroplacentário. Essa vasodilatação também tem relação com o NO e com fatores hormonais. A gestação normal é caracterizada por refratariedade vascular à angiotensina II e catecolaminas → aumenta o fluxo sanguíneo uteroplacentário e reduz a PA. Essa refratariedade aos efeitos pressóricos da angiotensina II talvez esteja relacionada com a progesterona e é perdida 15 a 30 minutos após a expulsão da placenta. Aumento de prostaciclina (PGI2) e redução tromboxano A2 → vasodilatação generalizada e redução da RVP. Logo, esperamos uma redução da PA em gestantes (a resistência da RVP é mais importante do que o aumento do DC). DC = VS x FC Síndrome hipotenso postural supino ou hipotensão supina (10% das pcts): útero maior → comprime a VCI → reduz o retorno venoso → menos sangue sendo bombeado pelocoração → mulher pode se sentir prestes a desmaiar, princ. se estiver de costas (porque o útero comprime mais a VCI). A mulher deve virar para a esquerda, para liberar a cava. O crescimento do útero também desvia o coração um pouco para a esquerda. Esse retorno venoso baixo Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari pode causar também uma menor perfusão fetal (DC baixo) e, consequentemente, bradicardia fetal. Obs. durante o parto, ocorre aumento do retorno venoso e do DC. Além de ter mais hemácias, é preciso reduzir a afinidade da Hb materna pelo O2, para que o O2 seja mais transferido para a Hb fetal, o que ocorre pela produção de 2,3-difosfoglicerato nos eritrócitos maternos. ○ Sistema imunológico - Supressão imunológica para receber o feto (devido à carga genética paterna). - Leucócitos totais Diminuição da função de LTCD4. Aumento de anticorpos, compensando a redução da defesa. Aumento de leucócitos totais → polimorfonucleares e LTCD8. - Neutrófilos: aumento do número. ○ Plaquetas - Redução das plaquetas (plaquetopenia fisiológica): por hemodiluição + aumento do consumo. - Estado de hipercoagulabilidade: aumento de quase todos os fatores de coagulação (exceto os fatores XI e XIII*), aumento de fibrinogênio e de dímero-D. Redução da atividade fibrinolítica. → Proteger de hemorragias durante o parto. Risco para eventos tromboembólicos. O produto final da cascata de coagulação é a fibrina, sendo que a principal função do sistema fibrinolítico é remover o excesso de fibrina. O ativador de plasminogênio tecidual (tPA) converte o plasminogênio em plasmina, que causa fibrinólise e produz produtos de degradação da fibrina, como os dímeros-D. Embora haja aumento dos níveis de plasminogênio, o resultado final é um estado pró-coagulante (aumento do fibrinogênio + aumento dos fatores de coagulação + redução da atv fibrinolítica). Profilaxia medicamentosa apenas para pcts com risco adicional de eventos tromboembólicos. ○ Coração em si - Desloca para a esquerda e para cima por causa do útero - Aumento volumétrico (distensão de câmaras por aumento do VS e hipertrofia de miócitos) - Alterações no ECG, etc - Redução da viscosidade sanguínea e DC aumentado → aumenta a velocidade do fluxo → sopro sistólico leve em 90% das gestantes. Sopro diastólico em 20% das gestantes. E sopros contínuos com origem na vasculatura mamária. ○ Sistema respiratório Maior demanda de oxigênio → aumento da ventilação-minuto. Mas como? Progesterona age nos centros respiratórios do SNC. Além de inalar mais O2, há maior liberação de CO2 → alcalose → aumento da secreção de bicarbonato → sangue normal ou leve alcalose. Aumento do útero → elevação do diafragma → expande menos o pulmão. Porém, ocorre ampliação ant-post da caixa torácica para compensar, com aumento do ângulo subcostal. - Aumento do volume corrente e redução da capacidade residual funcional (menor reserva expiratória) → maior excreção de CO2 → aumento da pO2 (aumento da capacidade inspiratória) e redução da pCO2 → alcalose respiratória discreta → compensada pela maior excreção de bicarbonato pelos rins. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Dispneia (60 a 70%): sensação de dispneia devido à alteração do volume corrente. - Tendência a epistaxe → ressecamento dos vasos sanguíneos nasais devido a esse maior volume corrente. - Respiração suspirosa - Redução da tolerância ao exercício (por causa da sensação de dispneia) Progesterona e, em menor grau, estrogênios → aumento do esforço respiratório → aumento do volume corrente → alcalose leve. Para compensar a alcalose respiratória resultante, o bicarbonato plasmático normalmente é reduzido de 26 para 22 mmol/L. Embora o pH sanguíneo aumente pouco, há deslocamento para a esquerda da curva de dissociação do oxigênio. Esse deslocamento aumenta a afinidade da hemoglobina materna pelo oxigênio – o efeito Bohr –, reduzindo, assim, a capacidade de liberação do oxigênio do sangue materno. Trata-se de um efeito compensatório, pois o ligeiro aumento no pH também estimula a produção de 2,3-difosfoglicerato nos eritrócitos maternos. Com isso, a curva volta a se deslocar para a direita. Assim, a redução da PCO2 causada pela hiperventilação materna ajuda na transferência (eliminação) de CO2 do feto para a mãe, ao mesmo tempo em que facilita a liberação de oxigênio para o feto. ○ Alterações endócrinas - Placenta: função endócrina. Produz estrogênios, progesterona, hCG, hormônio natriurético placentário, lactogênio placentário. - Tireoide aumentada de tamanho: aumento do metabolismo materno. Fração beta-hCG (semelhança molecular com fração beta do TSH). Vasodilatação periférica → elimina calor, porque o metabolismo da mulher está muito aumentado. Novos valores de referência de TSH porque o T3 e T4 estão aumentados: - 1° trimestre: < 2,5 - 2° e 3° trimestres: < 3,5 - Pâncreas: estrogênio e progesterona causam hiperplasia das células beta → maior produção de insulina. Ainda, modificação da sensibilidade periférica à insulina. 1a metade da gestação: Aumento da resposta insulínica à glicose: produz mais insulina em resposta a uma mesma qt de glicose → glicose reduz → tendência à hipoglicemia em jejum. 2a metade da gestação: aumento dos hormônios contra-insulínicos (lactogênio placentário é importante) → fase catabólica → deixar mais glicose disponível no sangue para o feto. O pico do hormônio lactogênio é com 24 semanas de gestação > hiperglicemia materna > nesse momento, é que fazemos o TOTG para verificar DMG. Vários hormônios contribuem para que haja um estado de resistência periférica à insulina, a fim de assegurar o suprimento pós-prandial de glicose ao feto. Além disso, a gliconeogênese hepática é aumentada, principalmente no 3° trimestre. Nos dois primeiros trimestres, o aumento da síntese lipídica e da ingestão de alimentos contribuem para o acúmulo materno de gordura. Entretanto, no terceiro trimestre, o acúmulo de gordura é reduzido ou cessa. Isso ocorre em consequência do aumento da atividade lipolítica, e a redução da atividade da lipase Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari lipoproteica diminui a absorção dos triglicerídeos circulantes pelo tecido adiposo. Essa transição para um estado catabólico favorece o uso de lipídeos como fonte de energia e preserva glicose e aminoácidos para uso pelo feto. ○ Alterações do sistema digestivo - Beta-hCG → náuseas, vômitos. Hiporexia no primeiro trimestre. - Estrogênio, progesterona e relaxina → reduz a atv da musculatura lisa, o tônus da musculatura e dos esfíncteres → constipação intestinal, acúmulo de gases, refluxo gastroesofágico (pirose). - Aumento de gastrina, bilirrubina, FA. Pode haver icterícia materna. - Aumento da leptina → aumento do apetite e sede. Pode haver mudanças nas preferências alimentares. - Aumento de ADH para reter líquido → sede. - Vômitos: relação com aumento de gonadotrofinas e de horm. tireoidianos. - Sialorreia: estímulo neurológico (vago e trigêmio). - Fígado e vias biliares A colestase já é uma alteração patológica!! ○ Alterações urinárias - Aumento da TFG, causado por dois fatores: - A hemodiluição induzida pela hipervolemia reduz a pressão coloidosmótica do plasma que entra na microcirculação glomerular. - Aumento do fluxo renal plasmático. Isso gera aumento da frequência urinária e noctúria. - Aumento da filtração de sódio e água é acompanhado de reabsorção, havendo retenção de sódio e líquido. - Aumento da filtração de glicose → glicosúria. - Aumento da excreção de aminoácidos e proteínas. - Dilatação do sistema coletor Útero tem leve retração para direita > obstrução mecânica maior do lado direito. Além disso, o complexo venoso do ovário direito, bastante dilatado durante a gravidez, cursa obliquamente sobre o ureter direito e também contribui para a dilatação desse ureter. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Bexiga: útero comprime (redução da capacidade vesical) + aumento do resíduo urinário → polaciúria. Incontinência urinária: a pressão vesical em primíparas aumenta (redução dacapacidade vesical + aumento do resíduo urinário + alterações anatômicas). Para compensar a redução da capacidade vesical, os comprimentos uretrais absoluto e funcional aumentam e, ao mesmo tempo, a pressão intrauretral máxima aumenta → a fim de manter a continência. Contudo, mesmo assim, pelo menos metade das gestantes apresenta incontinência no 3° trimestre. https://pt.khanacademy.org/science/health-and-medic ine/human-anatomy-and-physiology/pregnancy/v/pre gnancy-physiology-i OBSERVAÇÕES - Relaxina: hormônio secretado pelo corpo lúteo, decídua e placenta em um padrão semelhante ao da hCG. Vários papéis: remodelamento do tecido conectivo do trato reprodutivo para acomodar o trabalho de parto, inicia os processos de aumento da hemodinâmica renal, reduz a osmolalidade sérica e aumenta a complacência da a. uterina. - A hemodiluição pode reduzir discretamente a hemoglobina e o hematócrito. Porém, uma concentração de Hb menor do que 11 g/dL é considerada anormal, em particular no final da gestação, sendo em geral causada por anemia ferropriva. - Como a maior parte do ferro é utilizada durante a metade final da gestação, as necessidades de ferro são maiores após o meio da gravidez e atingem a média de 6 a 7 mg/dia → esse ferro é necessário para a produção de eritrócitos, devendo ser suplementado em casos de anemia. * Prof falou V e IX. CORAÇÃO - ECG e ECO: A gestação normal induz alterações eletrocardiográficas características, sendo a mais comum um leve desvio do eixo à esquerda como resultado da mudança na posição do coração. Também podem ocorrer ondas Q nas derivações II, III e avF e ondas T planas ou invertidas nas derivações III, V1-V3. À medida que o diafragma é elevado progressivamente, o coração desloca-se para a esquerda e para cima e sofre alguma rotação em seu eixo longitudinal. Como consequência, o ápice é movido lateralmente de sua posição habitual, produzindo o aumento da silhueta cardíaca à radiografia do tórax. Além disso, as gestantes normalmente apresentam algum grau de derrame pericárdico benigno, o que possivelmente contribui para o aumento da silhueta cardíaca. - Bulhas: Muitas das bulhas cardíacas normais podem estar alteradas durante a gestação. São elas: (1) desdobramento exagerado da primeira bulha com aumento da intensidade de ambos os componentes; (2) nenhuma alteração definida nos elementos aórtico e pulmonar da segunda bulha; e (3) terceira bulha evidente e facilmente audível. Esses autores também identificaram sopro sistólico em 90% das gestantes, intensificado durante a inspiração em algumas e durante a expiração em outras, com desaparecimento logo após o parto. Em 20% das gestantes, foi identificado um sopro diastólico leve transitório e, em 10%, sopros contínuos com origem na vasculatura mamária. --- https://pt.khanacademy.org/science/health-and-medicine/human-anatomy-and-physiology/pregnancy/v/pregnancy-physiology-i https://pt.khanacademy.org/science/health-and-medicine/human-anatomy-and-physiology/pregnancy/v/pregnancy-physiology-i https://pt.khanacademy.org/science/health-and-medicine/human-anatomy-and-physiology/pregnancy/v/pregnancy-physiology-i Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari PROPEDÊUTICA EM GINECOLOGIA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE SAÚDE É indicada a ida rotineira ao ginecologista como forma de prevenção de saúde. CITOLOGIA ONCÓTICA ● Epidemiologia do CA de colo: 51 novos casos e 21 mortes por dia. A cada hora, mais de 2 brasileiras são diagnosticadas com CA de colo uterino. ● Rastreamento (rotina): visualização direta com ácido acético e podemos fazer o Schiller + citologia oncótica + tipagem HPV (não incluído no SUS). ● Propedêutica complementar: colposcopia; biópsia; curetagem endocervical. ● Diagnóstico definitivo: histopatológico. ● Anatomia ○ Epitélio estratificado ■ Células basais: pequenas, arredondadas, núcleos grandes e vesiculosos. Mais imaturas, menos glicogênio. ■ Cél intermediárias: céls poligonais, citoplasma rico em glicogênio, núcleos intermediários. ■ Cél superficiais: mais citoplasma (menor relação núcleo/citoplasma) → mais glicogênio acumulado. A maturação das células é estimulada pelo estrogênio. Então, na menacme, esperamos um grande número de camadas celulares e com muito glicogênio. ○ Epitélio glandular: é um epitélio secretor, presente na endocérvice. O núcleo é mais basal (cél colunares). Pact mais jovem, com mais exposição estrogênica: as células colunares podem ficar expostas à vagina (ectrópio) → metaplasia escamosa. Não tem a ver com alterações malignas ou pré-malignas. São alterações normais, adaptativas, relacionadas ao crescimento do colo uterino de forma acelerada. JEC: nem sempre coincide com o orifício externo anatômico. Pode estar mais externa (ectrópio) ou mais interna ao orifício externo. - Pré-púbere: JEC mais interna. - Idade fértil: JEC coincide com o orifício. - Idade fértil em algumas pcts: JEC funcional não coincide com a JEC anatômica → metaplasia escamosa. Local que o HPV mais infecta: zona de transformação! ● Coleta da citologia oncótica ○ Infecção pelo HPV → altera as células epiteliais ○ A minoria das infecções por HPV progride para um câncer. 1. Infecção transitória 2. Lesão pré-cancerígena ou pré-maligna: ainda podem regredir, porém em percentual menor. 3. Persistência do HPV → invasão e CA Essa evolução da infecção até o CA é lenta. Normalmente, uma média de 10 anos. Citologia convencional: Introdução do espéculo de Collins. Coletamos com a espátula de Ayre (ectocérvice) e, em seguida, usamos a cytobrush para coletar células colunares. Transferimos para a lâmina e fixamos. A sobreposição de células pode atrapalhar a visualização. Também podemos fazer o teste DNA-HPV, mas tem que coletar outra amostra separada. Citologia em meio líquido: Coletamos tudo com material plástico e mergulhamos dentro do meio líquido fixador → células sofrem decantação. No laboratório é feita a lâmina (centrifugação). A quantidade de células é menor → menos sobreposição → maior visualização em detalhe. Logo, a amostra pode ser superior. Além disso, com a mesma amostra, é possível fazer PCR → teste DNA-HPV. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Classificação de Papanicolaou: ○ Classe I: normal ○ Classe II: alterações inflamatórias ○ III: citologia sugestiva, mas não conclusiva de malignidade. ■ Displasia leve ■ Displasia moderada ■ Displasia acentuada Obs. displasia já é lesão pré-maligna. ○ IV: fortemente sugestiva de malignidade → carcinoma in situ. ○ V: carcinoma invasor Depois, as displasias foram correlacionadas com achados histológicos → NIC (neoplasia intraepitelial cervical). - NIC I: grande maioria regride. - NIC II e III: risco de progressão maligna, de fato. O que define quais lesões vão evoluir? O subtipo de HPV (principalmente, HPV de alto risco oncogênico, como o 16 e 18). Classificação de Bethesda 1. Normal 2. Inflamatório 3. Achados anormais a. Lesões intraepiteliais pavimentosas de significado indeterminado → ASC-US ou ASG-US = lesões de células escamosas e glandulares de significado indeterminado. Podemos complementar com: possivelmente neoplásicas ou não. b. Lo-SIL c. Hi-SIL (correspondem, histologicamente, a NIC II e NIC III) Roxo: alterações em que há maior perigo. ● Rastreamento ○ A partir de 25 anos (se atividade sexual) ○ Primeiros 2 exames com periodicidade anual ○ Após 2 exames anuais negativos, a cada 3 anos ○ Coletamos até 64 anos de idade ○ Interromper: 2 exames consecutivos negativos nos últimos 5 anos Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ Preparo: Condições que podem causar prejuízo à amostra coletada caso ocorram até 48hs antes da consulta: Obs. não são os espermatozoides em si que atrapalham o exame, mas as outras coisas (ex. uso de condom, lubrificantes…). As orientações de preparo para a coleta ideal incluem a ausência de sangramento, duchas e medicamentos intravaginais, bem como abstinência sexual 72 horas anteriores à coleta. Dados que devem constar na solicitação do exame: AOI: não sabemos a origem, pode ser ecto/endocérvicee até endometriais. Baixo risco: ASC-US e LSIL (o ASC-Us é ainda menos alterado do que o LSIL, nem conseguimos caracterizar como displasia) → geralmente, clearance espontâneo. São lesões que vão e voltam, geralmente regridem. → conduta: repetir a citologia. ASC-US: LSIL: Todas as outras são possibilidades de maior risco, incluindo ASG-US e AOI. As células glandulares alteradas são sempre mais perigosas do que as células escamosas alteradas. → conduta: encaminhar para a colposcopia. COLPOSCOPIA Aparelho óptico com magnificação. ● Indicação mais comum é o resultado alterado no exame de triagem (pode ser o citopatológico ou uma alteração na inspeção, no uso do ácido acético ou Schiller). ● Visualizamos o colo utilizando soluções reagentes. ● Muito importante: visualizar a JEC (“degrau”). Se não visualizamos a JEC, não temos certeza da conclusão da colposcopia. Sempre temos que ver a JEC Obs. Schiller não cora ectrópio. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Epitélio acetobranco: - Pontilhado: área branca com pontos vermelhos. Angiogênese. - Mosaico: neoformação vascular com padrão retangular como um mosaico. 1. Achados menores: NIC I ou benignidade. 2. Achados maiores: NIC II, III ou malignidade → a decisão de exérese da lesão depende de vários fatores. CAPTURA HÍBRIDA: pesquisa do DNA do HPV ● Valor preditivo negativo grande (se der negativo, afastamos a conduta invasora por 5 anos) ● Quando dá positivo para HPV de alto risco oncogênico → conduta mais invasiva (biópsia e exérese da lesão) ● Grande sensibilidade, mas especificidade baixa. ● Indicações: Não fazemos em menores de 25 anos (geralmente vai positivar). Talvez em 25-30 anos. Não é feito no SUS. ULTRASSONOGRAFIA ● Apenas quando há uma queixa específica. ● US endovaginal ou transvaginal: via de escolha para avaliação da pelve. Melhor resolução. ○ Via transretal é semelhante, mas é mais incômoda. ● US pélvico abdominal: mulheres virgens ou com alguma condição clínica que impossibilite a via transvaginal. Porém, a resolução é bem pior. ● Avaliação: volume uterino, endométrio, colo uterino, ovários. ● Indicações ○ Alterações anatômicas ○ Alterações funcionais ○ Avaliação da reserva ovariana ○ Rastreamento da ovulação - Endométrio pré-ovulatório: trilaminar. Adequado para a gravidez. Espessado pelo estímulo estrogênico e começando a receber estímulo da progesterona. É um bom sinal de ciclo ovulatório. - Secretor: mais hiperecogênico. É um endométrio mais glandular e com mais secreção. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Cisto: folículo > 30 mm. Não ovulou. ● Alterações detectáveis ao US ○ Malformações uterinas ○ Leiomiomas ○ Adenomiose ○ Endometriose ○ Espessamento endometrial ○ Pólipo endometrial ○ Massas anexiais ● Específico e sensível MAMOGRAFIA ● Indicada de rotina. ● Indicações ● Técnica ○ Duas incidências básicas: craniocaudal e médio-lateral oblíqua ○ Incidências adicionais: compressão localizada, ampliação, perfil, manobra de Eklund (implantes) Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Classificação BI-RADS: - Categoria 0: exame considerado incompleto. Para completá-lo, será necessário acrescentar em geral uma radiografia com técnica especial (ampliação ou compressão seletiva) ou uma ultrassonografia. - Categorias 1 e 2: continuar seguimento normal. - Categoria 3: VPP é muito baixo. O acompanhamento é de 6 meses no primeiro ano (novo exame de imagem). Há algumas indicações para biópsia no BI-RADS 3: impossibilidade de acompanhamento (viagem ou cirurgia plástica), algumas pacientes de altíssimo risco (nas quais o câncer se apresenta com maior frequência na forma de nódulo bem delimitado), cancerofobia persistente após explicação detalhada e nódulos grandes já no primeiro diagnóstico (em geral com mais de 1,5 ou 2 cm, pois em seis meses o seu crescimento poderia colocar uma eventual lesão maligna fora da faixa de tumor inicial). O crescimento de 20% no seu maior eixo no acompanhamento converte uma lesão BI-RADS 3 em BI-RADS 4. - Categorias 4 e 5: sempre indicada uma biópsia, exceto se houver contraindicação clínica. - Categoria 5: quase ctza que é maligno, mas não podemos falar que é porque o diagnóstico é histológico. Quanto mais lipossubstituída a mama, mais sensível é a mamografia. Em mamas muito densas, a mamografia é pouco sensível. Logo, o grau de densidade da mama deve ser reportado na mama (recomendação). Geralmente, qualquer nódulo que achamos pela primeira vez, colocamos na categoria 3. A partir do momento que ele demonstra ser estável, pode passar para a categoria 2. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Categoria 3: nódulo novo, sem suspeitas de malignidade. / ULTRASSOM DE MAMAS ● Indicações: categoria zero na mamografia, mamas muito densas, diferenciar cistos de nódulo, primeira abordagem em nódulos palpáveis. ○ Avaliação de nódulos palpáveis em pcts jovens ○ Complementar a avaliação da mamografia, princ. se for BI-RADS zero ○ Também pode guiar a biópsia ○ Avaliação da descarga papilar ○ Avaliação da pct portadora de implantes mamários ○ Avaliação de mastites e abcessos ○ Acompanhamento de pcts tratadas de câncer Obs. em algumas situações, a mamografia pode alterar o bi-rads*. ● Tipos de lesões ○ Nódulo sólido: lesão com potencial de malignidade mais comum na ultrassonografia ○ Cistos simples: são muito comuns e sempre benignos ○ Nódulos hipoecoicos: quando não é possível diferenciar um nódulo sólido de um cisto com conteúdo espesso (comum). Nesses casos, ele será analisado como se fosse um nódulo sólido, mas, se precisar de biópsia, uma abordagem inicial pode ser feita com punção aspirativa. ○ Cisto complicado: apresenta finos ecos em seu interior. Normalmente, é abordado com acompanhamento semestral (BI-RADS 3). ○ Complexo sólido-cístico: normalmente recebe BI-RADS 4. ○ Linfonodos: típicos ou atípicos. --- ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL DE RISCO HABITUAL Conjunto de medidas e protocolos que tem por objetivo assegurar, no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem estar materno-fetal. Principais objetivos do pré-natal de acordo com o MS: - Anamnese e exame físico completos - Avaliar e reclassificar a gestante e o status da gestação - Avaliar o estado nutricional - Avaliar e orientar o status vacinal - Obs. anti-tetânica - Prevenção e diagnóstico de CA de colo e mama → se tiver indicação de preventivo, deve fazer, se for antes de 28 semanas de gestação. - Estímulo ao parto normal Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Atenção à mulher e ao RN na 1a semana após o parto - Consulta puerperal até 42 dias pós parto (até o final do puerpério, que são os 42 dias após o parto, ainda consideramos pré-natal) - Orientações sobre direitos sexuais, sociais e trabalhistas - Gestação indesejada: acompanhamento e abordagem multidisciplinares, de forma acolhedora, singular e integral → detecção precoce de problemas. - Pcts vítimas de violência sexual → prosseguir com a gestação e assumir a maternidade; adoção; aborto. PERIODICIDADE DAS CONSULTAS ● Ideal seria uma consulta pré-concepcional: ácido fólico, atualizar vacinas, pesquisar doenças que podem ser transmitidas verticalmente. ● Início das consultas o mais precoce possível (preferencialmente, nos primeiros 120 dias de gestação) ● Mínimo de acordo com o MS: 6 consultas ao longo da gravidez. ○ 1 consulta no 1° trimestre (até 14 semanas) ○ 2 consultas do 2° trimestre (15 - 28 semanas) ○ 3 consultas no 3° trimestre (29 - 42 semanas) ● Recomendado - PBH ○ Consultas mensais até 32 semanas ○ 33-36 semanas: intervalo quinzenal entre as consultas ○ 37-42 semanas: consultas semanais ● Término do pré-natal: 42 dias após o parto PRIMEIRA CONSULTA ● Calcular ○ Idade gestacional ○ Data provável do parto ● Anamnese e exame físico completos ● Colher citologia oncótica, se houver indicação, se tiver menos de 28 semanas ● Classificar o risco pré-natal ● Orientar qual é a maternidade de referência (isso é para SUS): qualquer intercorrência ao longo da gravidez,ela deve procurar a maternidade. O SUS é porta aberta, então a pct pode procurar a maternidade que quiser. Contudo, tentamos seguir a que é orientada para distribuir a demanda. O direcionamento é conforme a região de residência da paciente. ● Conferir status vacinal ● Avaliação nutricional ● Avaliação odontológica ● Avaliação de queixas comuns do pré-natal Tranquilizar em relação ao que é esperado, até mesmo o que ela não tiver queixado (quando sentir, vai ficar tranquila e saber o que fazer). ● Solicitação de exames básicos ● Orientar profilaxia de contaminação de infecções e substâncias potencialmente lesivas ao feto ○ cigarro, álcool, drogas ○ repelente ○ toxoplasmose ○ covid ○ etc Importante: repetir e reforçar várias vezes ao longo do pré-natal. VACINAS ● Não tomar vacinas com vírus atenuado: FA (geralmente contraindicada), tríplice viral… ● Vacinas a atualizar: Ex. gestante com duas doses de Hep B → damos mais uma dose (completar o esquema de 3 doses). Gestante que acha que tem todas as doses → testamos pra ver se é imune. Mesmo se a anti-tetânica estiver em dia → 1 dose de dTpa após a 20a semana de gestação para TODAS as gestantes (os anticorpos passam pela placenta e o bebê nasce com eles e ainda recebe mais anticorpos na amamentação). A anti-tetânica também são 3 doses, com intervalo de 30 dias entre elas, pelo Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari menos (recomendado é 60 dias). A recomendada para todas é a dTpa, porém pode precisar das outras se não tiver tomado: - Paciente sem histórico: dT, dTpa (organizar pra ficar entre 20 - 36 semanas), dT - Uma dose anterior: 2 doses → dT e dTpa - Já tem 3: mesmo assim toma dTpa. É a única que sempre está recomendada para todas as gestantes. Completar: Contraindicadas sempre: HPV, varicela, dengue, sarampo, caxumba, rubéola → teratogênicas. Se tomar antes de engravidar, tem que esperar 3 meses para engravidar. Acessar: https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-g estante.pdf AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ● Verificar peso, IMC, alimentação Alimentação balanceada, equilibrada, o mais saudável possível. SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA ● Ácido fólico ○ 400 mcg/dia (até 4 mg/dia em caso DNT em gestação anterior ou uso de medicamentos) ○ Iniciar preferencialmente 30 dias antes da concepção ○ Manter até 12 semanas de gestação ● Ferro elementar ○ 40 mg/dia em mulheres sem anemia (30-60 mg) ○ A partir de 20 semanas ● Ômega 3 ○ 1000 mg/dia no 3° trimestre ○ Indicado em mulheres com baixa ingestão de peixes Gestantes de risco que precisam tomar dose maior de ácido fólico: filhos anteriores com defeito de tubo neural ou uso de medicações de risco (ex. anti-epiléptico)*. Ácido fólico, ferro e ômega 3 → profilaxias globais, todo mundo recebe. ● Cálcio ○ 1000 mg/dia em mulheres com baixa ingestão de leite e derivados ○ Prevenção de pré-eclâmpsia ● Vit D ○ 600 a 1000 UI/dia em mulheres de risco para hipovitaminose D ○ Exposição solar 5 a 15 minutos/dia entre 10hs - 15hs AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA ● Sem contraindicação para tto odontológico sob anestesia local. https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Orientar uso de avental de chumbo para proteção abdominal caso tenha necessidade de Rx. ● Não pode usar anti-inflamatório, mas pode usar outros analgésicos. AINEs → fechamento precoce de ducto arterial. QUEIXAS COMUNS ● Orientação de hábitos alimentares ○ Evitar jejum prolongado ○ Fracionar as porções ○ Evitar alimentos quentes, muito temperados ○ Comer coisas geladas, cítricas, secas ○ Gengibre (chá, bala, mascar) ○ Hidratação! → evitar hipotensão postural ● Prescrição de sintomáticos conforme a necessidade ○ Antiemético: dramin, meclin, plasil. Vonau não é contraindicado, mas não é a primeira opção no primeiro trimestre (só usa se nada resolver). ○ Analgésico ■ Orientar outras atitudes antes: repouso, local escuro, alimentar, colocar compressas, etc. ■ Nenhuma medicação é sem risco! ■ Dipirona e paracetamol são os mais comuns ○ Antifisético: luftal ○ Antiespasmódico: buscopan ○ Antiácido: ■ Omeprazol, ranitidina → categoria C. Evitamos. ■ Primeiro, mudanças de hábito. Depois, hidróxido de alumínio (ou outras bases). EXAMES BÁSICOS ● Coombs indireto (só se for Rh negativo, porém depende) + eletroforese de Hb. ● Os exames acima pedimos para todas as pcts. ● Citologia se tiver indicado. Se o pai é negativo, não testamos mensalmente, mas fazemos o grupo sanguíneo do bebê mesmo assim quando ele nasce (vai que ela pulou a cerca). ● Eletroforese de Hb da mãe e do pai ○ Se a da mãe vir normal, o bebê será no máximo heterozigoto Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ Se Hb SS ou SC → encaminhamos para alto risco ○ Se a mãe tiver apenas traço talassêmico ou falciforme (Hb AS ou AC) → risco habitual ● Hb e Ht Essa suplementação de ferro é universal, para todas as pcts. Recomendação p/tomar: estômago vazio, com algum suco cítrico. ● Glicose Além disso, glicemia jejum > 126 2x na gravidez ou > 200 sem jejum 2x na gravidez → DM prévio. Pedimos TOTG na primeira consulta (geralmente só pede glicemia jejum): quando há 1 fator de risco maior pra DM (história pessoal de pré-DM, história de síndrome metabólica, obesidade) ou vários fatores menores. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Urina tipo 1 e urocultura: sempre pedimos ○ Menor capacidade vesical ○ Maior resíduo urinário ○ Refluxo vesico-ureteral Maior risco de pielonefrite e de sepse por pielonefrite. Na gestante, tratamos bacteriúria assintomática. Clavulin, cefalexina, etc. Pedimos antibiograma. ● Toxoplasmose Pode causar no bebê: coriorretinite, calcificações cerebrais, hidrocefalia, microcefalia, retardo mental, hepatoesplenomegalia, cegueira, surdez e convulsões. A maioria dos casos é assintomática → considerar esse diagnóstico diferencial em todo pico febril ou adenomegalia. Temos que acompanhar a sorologia de toxoplasmose mensalmente durante a gravidez para as gestantes suscetíveis, pois há intervenção eficaz se houver infecção. Quanto mais precoce a infecção, mais grave a infecção. Avidez alta: infecção ocorreu há mais de 16 semanas. Avidez baixa: infecção ocorreu há menos de 16 semanas, durante a gravidez → tratamento! IgA positivo: consideramos infecção aguda → já trata. ● Hepatite B HBsAg (ou teste rápido de Hep B) é rastreio universal, fazemos em TODAS as gestantes, mesmo se for vacinada com três doses e tiver anti-HBs positivo. Pois, se tiver hepatite B na gravidez, há risco de transmissão vertical → precisa fazer imunoglobulina para o bebê quando nasce + tratar a gestante. Mãe com calendário cheio: continuamos monitorando o HBsAg. Mãe sem nenhuma vacina: HBsAg negativo na gravidez toda → não fazemos nada com o bebê. Lembrando que temos que completar o esquema vacinal. ● Anti-HIV ou teste rápido de HIV Rotina fazer também! Se negativo → repetir no 3° trimestre. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Se positivo → risco de transmissão vertical. ● Sífilis Rastrear todas as gestantes. Transmite-se verticalmente e pode ser grave para o bebê. Consultório particular: tudo VDRL. Se é alterado, já começamos a tratar. Depois, fazemos os exames confirmatórios. Se eles vierem alterados, continuamos o tratamento. Se eles vierem normais (falso positivo antes), paramos de tratar. EXAMES DE ROTINA NO 2° TRIMESTRE - Sífilis: se é teste rápido ou VDRL depende do posto, se é particular, etc. - Se o rastreio da glicemia de jejum veio alterado 2x na primeira consulta e já tem o diagnóstico de DM pré-gestacional, não faz o TOTG. Então fazemos o TOTG se a pct ainda não tem esse diagnóstico. - 24 - 28 semanas: maior pico de hormônio lactogênio placentário → maior resistência à insulina. - Repete o COOMBS porque prescrevemos imunoglobulina se a paciente, por algum motivo, foi sensibilizada. EXAMES DE ROTINA NO 3° TRIMESTRE - Toxoplasmose: se era uma paciente suscetível, repete. - Hepatite: repetimosindependente do status vacinal da paciente. - HIV: tem que ter um exame no finalzinho da gravidez. No SUS, toda paciente admitida para o parto faz teste rápido para HIV e de sífilis. USG DE ROTINA NO PRÉ-NATAL DE RISCO HABITUAL US DE 1° TRIMESTRE ● IG < 11 semanas ● Localização do saco gestacional ● Número de fetos - corionicidade e amniocidade na gestação gemelar ● Viabilidade fetal Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Datação da gravidez - CCN tem precisão de +/- 5 dias CCN é o comprimento cabeça-nádega. US MORFOLÓGICO DE 1° TRIMESTRE ● IG 11 - 13 semanas e 6 dias ● Translucência nucal → não dá diagnóstico, é um exame de rastreamento. Quando alterada, aumenta o risco de uma cromossomopatia. Quando normal, reduz o risco, mas não exclui a possibilidade. O SUS não considera um exame obrigatório. ● Malformações grosseiras Obs. presença ou ausência de osso nasal também tem relação com alterações cromossômicas ● Doppler de 1° trimestre ○ Materno: artérias uterinas ■ risco de desenvolver pré-eclâmpsia ■ IP > ou igual 2,35 (média das duas artérias) → pior adaptação útero-placentária → entra com AAS ■ se a pct já tem HF positiva, a paciente já passa a usar AAS ○ Fetal: doppler de ducto venoso ■ risco de anomalias cromossômicas, cardiopatias congênitas e óbito fetal ■ onda “a” reversa (fluxo sanguíneo reverso durante a contração atrial) 1° trimestre: broto fetal US DE 2° TRIMESTRE ● Morfológico (18 a 24 semanas): ● Avaliação da posição da placenta em relação ao orifício interno do colo O melhor momento de avaliar a posição da placenta é no segundo trimestre, mas mesmo as placentas diagnosticadas como “prévias” durante o segundo trimestre (24-26 semanas), ainda há uma chance da placenta subir. Antes dessa IG (24-26 semanas), 80% das placentas prévias vão subir. ● Melhor momento para avaliar em detalhes os segmentos fetais ● Podemos fazer doppler materno e fetal mais uma vez, podendo reclassificar o risco da pct em relação à pré-eclâmpsia. Podemos avaliar Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari o fluxo placentário para o feto, mas isso é feito com mais frequência no 3° trimestre. ● 20-24 semanas: avaliação do comprimento do colo uterino (US endovaginal). Risco de parto prematuro quando < 2,5 cm → progesterona para tentar reduzir esse risco. ● Identificação do sexo fetal ● Doppler de 2° trimestre Nas aa. uterinas, se há persistência da incisura, é porque a adaptação não foi adequada (a resistência do leito placentário não baixou o quanto deveria). US DE 3° TRIMESTRE ● Só faz se tiver indicação, não é rotina no SUS. Mas existe indicação pra pedir pra pcts de baixo risco também, não é errado pedir. ● Crescimento fetal ● Ganho de peso ● Estimativa de líquido amniótico ● Fluxo placentário para o feto ● Biometria fetal ● Avaliação da vitalidade fetal ● Posição fetal RESUMINHO Obs. US de rotina do SUS é ainda no início, mas após 12 semanas. Apenas esse. Obstétrico simples. - 20-24 sem: pode fazer doppler de novo. - 3° trimestre: muito útil e fundamental para pacientes de risco! ORIENTAÇÕES ● Aleitamento materno ● Cuidados com RN ● Cuidados com a mulher no pós-parto (físico e emocional) ● Cuidados para evitar o vírus da dengue, FA, zika e Chikungunya. Obs. ideal = repelente com icaridina. Passar o repelente apenas nas áreas expostas de pele e POR CIMA da roupa. Não passa o repelente por baixo da roupa. Passar fora de casa, em casa, o ideal é controlar o ambiente. O repelente é absorvido pelo corpo, não é bom usar em excesso. ● Direitos da mulher (acompanhante na maternidade, licença maternidade e Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari paternidade, direito à redução de jornada para a amamentação, etc). Obs. pré-natal do parceiro! ● Benefícios do parto normal - A recuperação após o nascimento do bebê é mais rápida - As complicações são menos frequentes - A perda de sangue e a possibilidade de infecção são menores - A dor após o parto é menor que em relação à cesariana - A amamentação é mais fácil (ocitocina liberada durante o parto facilita a amamentação) - Ocorrem menos problemas respiratórios para o bebê - Menor chance do bebê nascer prematuro - O tempo de internação no hospital é menor - Não há necessidade de separar mãe e bebê - O bebê recebe estímulos e hormônios da mãe que contribuem para seu amadurecimento final - Menor chance de doenças na vida adulta, como obesidade, HAS, asma e DM (para o bebê) Obs. 20% das vezes a cesariana é mais segura. PLANO DE PARTO É um documento em que a futura mãe manifesta suas preferências e escolhas no que diz respeito ao trabalho de parto, o parto e o pós parto, que deverá ser elaborado de comum acordo com o obstetra durante as consultas pré-natais e com a equipe que irá assisti-la, sempre que possível. AMAMENTAÇÃO ● Importância da amamentação logo após o parto (1a hora) e do contato pele a pele mãe-bebê. ● Possíveis dificuldades na amamentação e meios de preveni-las. ● Orientar a técnica (posicionamento e pega do bebê) adequada na prevenção de complicações relacionadas à amamentação. ● Estimular troca de experiências entre as mães. --- Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ● Causadas por mais de 30 agentes etiológicos ○ Vírus, bactérias, fungos e protozoários ● Transmissão de uma pessoa a outra ○ Contato sexual ○ Via sanguínea ○ Transmissão da mãe para a criança (gestação, parto ou amamentação) ● Podem se apresentar sob a forma de síndromes Obs. sífilis tem tratamento e tem cura! SEXO SEGURO SÍNDROMES 1. Úlcera anogenital 2. Corrimento uretral/vaginal 3. Verruga anogenital Quando o laboratório não está disponível, podemos tratar grupos sindrômicos. Obs. algumas aí não são ISTs, mas temos que considerar no tratamento. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA Essas são as de notificação nacional, outras podem ser incluídas de acordo com o estado. VERRUGA ANOGENITAL (Condiloma acuminado) ● Geralmente, HPV 6 e 11. ● Diagnóstico: ○ Clínico! Geralmente só clínico. ○ Pode fazer biópsia. ○ Biologia molecular não é recomendada de rotina. ● Tratamento Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari O tratamento geralmente é local, são poucas lesões. A exérese é mais indicada quando as lesões são disseminadas. ÚLCERA ANOGENITAL Herpes genital, sífilis, linfogranuloma venéreo, cancroide (cancro mole), donovanose. I. HERPES GENITAL Não precisa de transmissão sanguínea, se tiver uma pequena solução de continuidade na mucosa (comum no ato sexual), pode transmitir. Então o condom não é tão efetivo. Pode ser lesão crônica. Úlceras de fundo limpo e dolorosas! Geralmente, as úlceras são precedidas de vesículas translúcidas. Possibilidade de transmissão vertical! Quando é no 3° trimestre, contraindica parto vaginal (se houver lesão ativa). Infecção recorrente. A primoinfecção é mais intensa, dura mais. Primoinfecção: Infecções recorrentes: Esses pródromos são importantes porque o tto é mais benéfico nesse momento. ● Diagnóstico ● Tratamento ○ Analgésicos e anti-inflamatórios ○ Limpeza local com Sf 0,9% ou água boricada ○ Antivirais sistêmicos, principalmente na primoinfecção O tto tópico tem muito pouco benefício. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari II. SÍFILIS Infecção bacteriana sistêmica crônica, curável e exclusiva do ser humano. ● Transmissão: ○ Maior transmissibilidade nos estágios iniciais da doença, mas também é transmitida em outros momentos, inclusive durante o período assintomático. ● Infecção ○ Período de incubação ○ Sífilis primária ○ S secundária ○ S latente recente ○ S latente tardia - a partir de 1 ano da primoinfecção ○ S terciária 1. Sífilis primária → Cancro duro Pode ter linfadenopatia, mas também costuma ser indolor. Período altamente contagioso! Pode haver úlceras orais com a mesma característica. O cancro duro some sozinho, mesmo sem tratamento. Porém, se não tratar, evolui para sífilis secundária. 2. Sífilis secundária: 6 sem a 6 meses após o desaparecimento do cancro duro - Pct pode ser muitosintomático, mas pode ter poucos sintomas, varia muito. - Lesões mucocutâneas não ulcerada - Micropoliadenopatia generalizada - Sinais gerais: febre, artralgia, cefaleia, adinamia - Sintomas também desaparecem em algumas semanas, independente do tto, dando a falsa impressão de cura. Essas são as lesões mais frequentes (sifílides papulosas), sendo principalmente palmo-plantares. Pode haver, também, lesões acastanhadas no tronco (menos frequente) e pode aparecer condilomas. Algumas vezes, roséola generalizada no corpo. Alopécia em clareira, menos frequente, pode não melhorar. 3. Sífilis latente recente - até 1 ano de infecção 4. Sífilis latente tardia - mais de 1 ano de infecção Na sífilis latente, os pcts são assintomáticos, só sendo identificados no rastreio de sífilis → testes treponêmicos e não treponêmicos. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Se na sífilis latente mais uma vez não tratar, pode evoluir para sífilis terciária. 5. S terciária → surge de 1 a 40 anos depois do início da infecção. É a mais grave. Inflamação que leva à destruição tecidual (gomas sifilíticas). Quadros graves e irreversíveis. - Lesões cutâneo mucosas, neurológicas, CV, osteoarticulares, etc. Pode haver demência, epilepsia, etc. SÍFILIS CONGÊNITA A taxa de transmissão vertical é maior na sífilis recente (maior qt de treponema). - Morbimortalidade alta Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Aqui, voltamos a falar da sífilis no geral. Diagnóstico: ● Microscopia de campo escuro x pesquisa direta com material coletado (esses são exames diretos) Testes imunológicos: ● Testes não treponêmicos ○ Detectam Ac anticardiolipina ○ Os ac não são específicos da sífilis, podendo haver falso positivo ○ Especificidade menor, mas são quantificáveis → importante para monitorar a resposta ao tto ○ Ex. VDRL ● Testes treponêmicos ○ Detectam ac específicos produzidos contra os antígenos de T. pallidum ○ São qualitativos, não quantificam. Ainda, depois de positivos, tendem a permanecer positivos pro resto da vida → não servem para monitorar o tto. Ou seja, precisa de 2 testes positivos para confirmar o diagnóstico, sendo um treponêmico e outro não. MAS começamos o tratamento com um teste positivo em alguns pcts: - Gestantes - Vítimas de violência sexual - Pessoas com chance de perda seguimento - Pessoas com sinais/sintomas de sífilis primária ou secundária - Pessoas sem diagnóstico prévio de sífilis Tratamento: ● Sífilis primária, secundária ou latente recente: penicilina benzatina 2.400.000 UI, IM, dose única OU doxaciclina 100 mg, 12/12 hs, 15 dias. ● Sífilis latente tardia: penicilina benzatina, 2.400.000 UI/semana, IM, 3 semanas OU doxaciclina 100 mg, 12/12 hs, 30 dias. ● Sífilis terciária: penicilina cristalina, 3.000.000 a 4.000.000 UI de 4/4 horas, EV, 14 dias Obs. cada dose = 2 ampolas (uma injeção em cada nádega). Se não sabemos quando surgiu a sífilis, tratamos como se fosse tardia (3 doses). Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Doxa pra pcts que não podem usar penicilina. Não é tão eficaz e não pode na gravidez. O início do tto tem que ser pelo menos 30 dias antes do parto. Abordagem do parceiro: FUNDAMENTAL! Gestantes: acompanhamento mensal. Outras: trimestral. III. LINFOGRANULOMA VENÉREO O LGV é causado por Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3. A manifestação clínica mais comum é a linfadenopatia inguinal e/ou femoral, já que esses sorotipos são altamente invasivos aos tecidos linfáticos. A evolução da doença ocorre em três fases: inoculação, disseminação linfática regional e sequelas, que são descritas a seguir: ● Lesão de inoculação: inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequela. Muitas vezes, não é notada pelo paciente e raramente é observada pelo profissional de saúde. Localiza-se, no homem, no sulco coronal, frênulo e prepúcio; na mulher, na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa; ● Disseminação linfática regional: 2 a 6 semanas após a lesão de inoculação. Adenopatia inguinal dolorosa → bubão inguinal. ● Fase de sequelas: o comprometimento ganglionar evolui com supuração e fistulização por orifícios múltiplos, que correspondem a linfonodos individualizados, parcialmente fundidos em uma grande massa. A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer sintomas gerais, como febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Os bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais e vesicais, além de estenose retal. Deixei aqui o quadro que ela colocou porque está um pouco diferente. Sequelas de drenagem linfática → elefantíase genital; formação de fístulas e fissuras. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Diagnóstico clínico, porém pode ser confirmado por ELISA e PCR. É um diagnóstico de exceção devido à baixa prevalência. IV. CANCRO MOLE O cancroide é uma afecção provocada pelo Haemophilus ducreyi, mais frequente nas regiões tropicais. As lesões são dolorosas, geralmente múltiplas e devidas à autoinoculação. A borda é irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos e fundo heterogêneo, recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido, que, quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil. A própria úlcera em contato com a pele dissemina localmente o cancro mole → lesões múltiplas. No homem, as localizações mais frequentes são no frênulo e sulco bálanoprepucial; na mulher, na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios. Em 30% a 50% dos pacientes, a bactéria atinge os linfonodos inguino-crurais (bubão), sendo unilaterais em 2/3 dos casos, observados quase exclusivamente no sexo masculino pelas características anatômicas da drenagem linfática. No início, ocorre tumefação sólida e dolorosa, evoluindo para liquefação e fistulização em 50% dos casos, tipicamente por orifício único. Raramente, apresenta-se sob a forma de lesão extragenital ou doença sistêmica. A cicatrização pode ser desfigurante. A aspiração, com agulha de grosso calibre, dos gânglios linfáticos regionais comprometidos é indicada para alívio de linfonodos tensos e com flutuação. São contraindicadas a incisão com drenagem ou excisão dos linfonodos acometidos. Diagnóstico: V. DONOVANOSE É uma IST crônica progressiva, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Acomete preferencialmente pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais. É pouco frequente, ocorrendo na maioria das vezes em climas tropicais e subtropicais. A donovanose (granuloma inguinal) está frequentemente associada à transmissão sexual, embora os mecanismos de transmissão não sejam bem conhecidos, sendo a transmissibilidade baixa. O quadro clínico inicia-se com ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo tornar-se vegetante ou úlcero vegetante. As lesões costumam ser múltiplas, sendo frequente a configuração em “espelho” nas bordas cutâneas e/ou mucosas. Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não ocorre adenite, embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais. Na mulher, a forma elefantiásica é uma sequela tardia, sendo observada quando há predomínio de fenômenos obstrutivos linfáticos. A localização extragenital é rara e, quase sempre, ocorre a partir de lesões genitais ou perigenitais primárias. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Diagnóstico: Obs. verificar fluxograma para manejo de infecções que causam úlcera genital + tto nas pgs 148-151. CORRIMENTO URETRAL OU VAGINAL● Candidíase, vaginose bacteriana, tricomoníase → colpite (infecção da vagina). ● Clamídia, gonorreia → cervicite (infecção atinge as células glandulares do colo uterino). Cervicite: menos sintomas, porém maior potencial para complicar. Sequelas decorrentes de aderências. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Muitas vezes, a qt de secreção não é suficiente para a pct queixar. Possibilidade de ascensão da infecção. Principal fator de risco para o desenvolvimento de DIP: cervicite. Diagnóstico: Se fizer exame a fresco e não tiver gonococo, tratamos só a clamídia. Se tiver gonococo, tratamos clamídia + gonococo (não dá pra ver clamídia). A clamídia e o gonococo também causam frequentemente bartolinite e, menos comumente, infecção das glândulas de Skene. Durante o parto > bb pode adquirir clamídia > colírio para o bebê. Tto da cervicite: DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA Conjunto de sinais e sintomas secundários à ascensão e à disseminação de microorganismos provenientes da vagina e/ou da endocérvice para o trato genital feminino superior. ● DIP: endometrite, salpingite, abscesso tubo-ovariano, peritonite pélvica. ● Mortalidade: próxima a zero com o uso adequado de ATB. ● Morbidade: infertilidade por fator tubário; gestação ectópica; dispareunia e dor pélvica crônica. ● Principais fatores de risco ○ < 25a ○ Múltiplos parceiros ○ Vaginose bacteriana Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ○ Início precoce da vida sexual ○ Estado civil solteiro ○ Tabagismo ○ Etilismo ○ Drogas ○ etc ● Etiologia: C. trachomatis e N. gonorrhoeae → mas, geralmente, acaba se tornando polimicrobiana. ● Fatores de proteção: uso de preservativos O DIU também causa modificações que dificultam a ascensão bacteriana, mas, se colocar o DIU sem reconhecer que a pct já estava infectada, pode levar a infecção lá pra dentro. Além disso, pode aumentar o comportamento de risco (assim como o ACO). Manifestações clínicas: Diagnóstico: 1 critério elaborado OU 3 critérios maiores + 1 critério menor. Às vezes, prossegue com tto sem todos os critérios. Massa pélvica = abscesso ovariano. Manifestações clínicas: Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Exames complementares: Outra possibilidade é colher material para cultura. Diagnósticos diferenciais: Tratamento: Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Parceiro trata para clamídia e gonococo. Pode precisar de abordagem cirúrgica. Tto cirúrgico é por videolaparoscopia, exceto se for emergência. Morbidade: Últimas considerações sobre DIP: VULVOVAGINITES ● Resíduo vaginal fisiológico - Inodoro, translúcido ou branco, mucoso ou homogêneo Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Microbiota normal: predominantemente aeróbica, formada por lactobacilos (flora de Doderlein). Porém, podemos encontrar algumas bactérias anaeróbias e isso ser normal. Fatores que afetam a flora vaginal: ciclo menstrual, gestação, uso de contraceptivos, frequência de coito, uso de ATB e drogas imunossupressoras. ● Corrimento vaginal: quantidade e aspecto variáveis, odor, prurido vaginal ou vulvar, ardor/queimação, disúria, dispareunia. Etiologia: VB, candidíase, tricomoníase, vaginite citolítica, vaginite inflamatória descamativa, vaginite aeróbia. 1. Candidíase 75% das mulheres apresentarão pelo menos 1 ep de candidíase durante a vida. 50% 2 ou mais episódios de candidíase. 5% apresentarão 4 ou mais eps de candidíase ao ano (candidíase recorrente). - Sintomatologia - Pode facilitar infecção de IST - Comprometimento da sexualidade - Atrapalha a vida - Candida pode ser encontrada em 20% das mulheres saudáveis. Logo, não tratamos a presença, tratamos os sintomas. pH ácido, muito glicogênio → favorece Candida → mais prevalente em adultas e jovens (menacme). Gravidez e uso de contraceptivo hormonal de alta dosagem: aumenta a exposição hormonal, aumenta glicogênio, gravidez acidifica o pH → maior risco de candidíase. pH < 4,5 → Candida se desenvolve em pH ácido. Corrimento brancacento e às vezes amarelo-esverdeado. Edema, hiperemia. Exame a fresco: hifas e pseudohifas. Geralmente, não precisa do exame a fresco. Só tratamos se for sintomática ou se for gestante. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Nos eps recorrentes que não respondem ao tratamento, temos que pensar em C. não albicans. Tratamento: Tto do parceiro: NÃO é indicado de rotina. Às vezes, pode ter alguns sintomas quando é muito exposto à cândida ou se for uma pct com cândida recorrente que não responde a nada. Tto de Candida complicada: Esses dois últimos quando confirma que é não albicans. Fatores de risco: Quanto mais CHO, mais aporte de glicogênio, mais glicogênio na vagina > mais ácido lático > maior risco. 2. Vaginose bacteriana É comum candidíase + vaginose (princ. gardnerella) simultaneamente → NÃO são ISTs, são patógenos que podem fazer parte habitual da flora. Não é vaginite porque não causa sintomas inflamatórios (não há prurido, vermelhidão, etc). ● Fatores de risco ○ Qualquer coisa que alcaliniza o pH vaginal Raça negra: por causa da microbiota. A maioria das bactérias que causam vaginose são bactérias intestinais que alcançam a região vaginal. Mulheres que fazem sexo com mulheres também têm alta prevalência de VB. pH habitual da vagina = 4 - 4,5 → aumenta na VB → reduz a qt da lactobacilos (bactérias acidófilas) e aumenta a qt de bact anaeróbias. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Sangue menstrual, sêmen → fica mais básico → aminas → odor piora. Corrimento homogêneo, fluido, em grande quantidade, fétido, esbranquiçado, cinza, amarelado (varia a cor). ● Tto ● Prevenção ○ Não utilizar absorventes diários ○ Não utilizar sabonetes com cheiros ○ Uso de ácido bórico vaginal 3. Tricomoníase - Menos frequente que candidíase e VB - É uma IST - Alta taxa de transmissibilidade Podemos identificar o parasita na microscopia. Corrimento abundante, bolhoso, amarelo-esverdeado, purulento. Hiperemia vulvar, das paredes vaginais e colo, prurido vulvar, disúria e ardência vaginal. - pH > 5 - Piora dos sintomas após o fluxo menstrual devido à elevação do pH da vagina. - ⅓ das mulheres são assintomáticas, já que causa uma cervicite (pode não exteriorizar o corrimento) → depende da resposta imune da pct O mais comum é ser oligossintomática ou assintomática. Mais comum: colpite macular, colo framboesa/morango → sufusões hemorrágicas (não coram no Schiller). Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Pode ter teste das aminas positivo (pH já é mais alcalino e, além disso, pode ter VB associada em 60% das vezes) Podemos ver o parasita + clue cells (se tiver associação com VB) ● Tto ○ Tto do parceiro é obrigatório! Complicações dos corrimentos vaginais: Deve-se sempre tratar as gestantes, mesmo se for assintomática. Deve-se sempre pesquisar outras ISTs. Roupa íntima: lavar fora do banho, secar no sol e passar com ferro. 4. Vaginose citolítica Proliferação excessiva de lactobacilos → dano à camada intermediária do epitélio vaginal → citólise e redução do pH vaginal → sintomas! Prevalência 1 a 7% Pico de incidência em idade reprodutiva (estrogênio → proliferação de lactobacilos). Quadro clínico: corrimento abundante, prurido, sensação de queimação, desconforto vaginal, disúria e dispareunia. Epitélio é agredido pela acidez excessiva. É um corrimento mais fluido, parece fisiológico, porém grande qt. Dor, prurido, vermelhidão → parece candidíase, tem que diferenciar. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Tto ○ Não há tto específico ○ Tentar aumentar o pH (alcalinização do pH vaginal) ○ Duchas com bicarbonato de sódio, particularmente no período pré-menstrual 5. Vaginite exsudativa/inflamatória Corrimento vaginal purulento, hiperemia e eritema, desconforto, dispareunia. Sinais inflamatórios. Frequentemente confundida com a tricomoníase. Mulheres mais velhas, pós menopausa, vaginas mais atróficas → menos estrogênio. ● Tto - Promestrieno - etc (pegar) Como a causa primordial é o hipoestrogenismo que permite a alcalinização do ambiente vaginal,o qual permite a proliferação de bactérias exógenas, podemos 7. Vaginite aeróbica (mesma entidade da vaginite inflamatória, porém a proliferação das bactérias é maior) Corrimento de aspecto purulento, amarelado, odor desagradável, teste das aminas negativo!, irritação vulvar, dispareunia. Prevalência 7 a 12%. Bactérias normais do intestino que por algum motivo chegaram na vagina e se multiplicaram mais do que deveriam. Probióticos: mulheres mais jovens, que o epitélio ainda não é atrófico. --- Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari MECANISMOS DE PARTO No final da gravidez, ocorre: O maior diâmetro da cabeça deve estar alinhado com o maior diâmetro do canal de parto. Quando o maior diâmetro do canal muda, ele tem que rodar. Canal de parto: trajeto em curva com dimensões variadas. Bebê flutuando tem que entrar no estreito superior da bacia = insinuação. Para continuar descendo, ele tem que reduzir o diâmetro ou não vai passar = idealmente, o bebê coloca o queixo no peito para reduzir o D (flexão). Em seguida, ocorre uma rotação interna para a cabeça ficar na posição AP na pelve da mãe. Depois, para sair da vagina da mãe, faz uma deflexão. Os ombros estão transversos, mas já falamos que o maior diâmetro do estreito inferior da pelve é o AP, então o bebê tem que rotacionar de novo para que os ombros fiquem na posição correta. BACIA OBSTÉTRICA (pelve) Pelve falsa: acima do estreito superior, nas asas dos ílios, tudo encaixa, bem tranquilo. Pelve verdadeira: tem os estreitos, locais críticos de tamanho para a passagem do bb. Limites ósseos e ligamentares: Promontório. Pubis (superfície articular e arco púbico), ísquio e espinhas isquiáticas, ílios e asas dos ílios. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ESTREITOS ● Superior: ○ Menor diâmetro: Do promontório à sínfise púbica. ○ Maior diâmetro: transverso na pelve. Então, o bebê precisa estar com o maior D transversalmente e o menor AP para entrar. Então, o bebê entra com a cabeça transversa na pelve. ● Médio: ao nível das espinhas isquiáticas. É maior do que o estreito superior. É o parâmetro dos planos de De Lee. ● Inferior: da borda inferior da sínfise púbica à borda do cóccix. TIPOS DE PELVE Maioria das mulheres: pelve ginecoide. Platipeloide: mais alongada transversalmente. Antropoide: mais alongada AP. Androide: conformação quase triangular. ESTREITO SUPERIOR: início da pelve verdadeira, é o mais importante. Maior D: transverso (13 cm). Menor: AP (cerca de 11 cm). Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari - Conjugatas: - Vera anatômica: 11 cm (do promontório à borda superior da sínfise púbica) - Vera obstétrica: 10,5 cm (do promontório à região média da sínfise púbica) - Diagonalis: 12 cm (do promontório à borda inferior da sínfise púbica) → esse é o que vemos no toque vaginal. Aí subtraímos 1,5 cm para encontrar a conjugata vera obstétrica. Não contraindicamos parto normal se a pelvimetria estiver alterada, só ficamos mais atentos. ESTREITO MÉDIO Distância entre as espinhas isquiáticas, cerca de 10 cm. Plano 0 de De Lee. É maior do que a conjugata vera obstétrica. ESTREITO INFERIOR Cóccix tem mobilidade → aumenta de 9,5 para 11 cm. Ângulo púbico fechado → cria um alerta, mas também não contraindica parto vaginal. Isso pode ocorrer em bacias androides mais extremas, mas não é comum. PELVIMETRIA INTERNA O FETO COMO OBJETO DO PARTO ● O desenvolvimento completo do feto se dá em torno de 40 semanas. Como média, temos um bebê de mais ou menos 50 cm e um peso entre 3 e 3,5 kg. ● O feto é uma ovoide. ● Se a cabeça passou, provavelmente, o resto passa. O que pode atrapalhar é a distância entre os ombros. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Ao iniciar o trabalho de parto → cabeça fletida sobre o tronco, flexão de membros próximo ao corpo. ● Adaptação do menor diâmetro do polo cefálico para passar pelo menor diâmetro da pelve materna. E o maior para o maior. CABEÇA FETAL ● Suturas Suturas não são fundidas, são móveis → plasticidade. ● Fontanelas ● Diâmetros Menor: suboccipto bregmático 9,5 cm → IDEAL (bb tem que fletir totalmente a cabeça) ESTÁTICA FETAL ● Atitude: tônus basal de contração ● Situação: longitudinal, transverso, oblíquo ● Posição: dorso para a esquerda ou direita Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ● Apresentação: cefálica, pélvica, córmica. → obs. apresentação pélvica é contraindicação absoluta em primíparas e relativa em multíparas* (literatura divergente). Mas geralmente é cesariana mesmo se for pélvico!! MANOBRAS DE LEOPOLD ● Atitude ● Situação ● Posição ● Apresentação ATITUDE DA CABEÇA FETAL NA APRESENTAÇÃO CEFÁLICA - de bregma = 12 cm - de fronte = 12 - 13,5 cm - D suboccipto bregmático = 9,5 cm - de face = 9,5 cm Deflexão de 1° e 2° grau - fetos a termo não nascem → indicamos cesariana. Deflexão de 3° grau - embora tenha o D necessário, não tem anatomia adequada para fazer aquele J, além de gerar um edema de face enorme. Então, pode nascer se o bebê já estiver saindo. Mas, se identificar antes, indicamos cesariana. Pontos de referência fetais: Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari O toque: ● Fletido: tocamos a sutura lamboide. ● Defletida de 1° grau: sutura bregmática. ● 2° grau: olhos, nariz. ● 3° grau: tocamos o queixo. Temos que identificar as suturas porque a cabeça pode estar desalinhada para o lado tbm. MECANISMO DE PARTO ● Trajeto que o feto percorre no canal de parto, impulsionado pelas contrações uterinas e músculos da parede abdominal. ● Tríplice gradiente descendente: a contração no útero é de cima para baixo, e o istmo não contrai (se mantém relaxado). Ao mesmo tempo, o colo tem que dilatar. ● O feto executa determinados movimentos, puramente passivos, procurando adaptar seus menores diâmetros para progredir pela pelve materna. Insinuação e flexão: passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. Descida ou progressão Altura da apresentação Insinuado: já está, pelo menos, no zero de De Lee, ou seja, passou o estreito superior. Quando o feto atinge o plano zero de De Lee → encaixamento. Antes disso, o bebê está móvel, conseguimos empurrar. Quando encaixa, a cabeça não tem mobilidade mais. Além disso tudo, o feto pode descer de maneira sinclítica ou assinclítica. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari Obs. Existem assinclitismos fisiológicos. - Sinclitismo: 2 parietais descem de forma simultânea - Assinclitismo: inclinação lateral da cabeça fetal de forma que um dos parietais desce antes do outro - Anterior (sutura sagital mais posterior) - Posterior (sutura sagital mais anterior) Rotação interna da cabeça Rotação da cabeça fetal procurando adaptar seu maior diâmetro ao maior diâmetro da bacia. O bebê entra na pelve com a sutura sagital transversa, mas depois ele tem que rodar, deixando a sutura sagital AP. A sutura sagital AP é chamada de posição DIRETA (sutura sagital numa linha reta entre o púbis e o sacro). Variedades de posição ● Apresentações diretas (é a que nasce), oblíquas, transversas ● Maioria dos bebês: occipto-púbica (OP) → nasce com o occipto virado para o púbis (olhando para baixo). ● OS: occipto-sacro (bebê com o occipto virado para o cóccix) → descida mais lenta, mas consegue nascer. Deflexão do polo cefálico Rotação externa e desprendimento dos ombros Bb volta a sutura sagital para o sentido transverso para que os ombros fiquem no diâmetro AP da vagina → desprendimento do ombro anterior (bb vai para baixo) e depois do ombro posterior. Larissa Murici Sousa - 71C - @medcomlari ---