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NOÇÕES DE DIDÁTICA E PEDAGOGIA DIDÁTICA SUMÁRIO INTRODUÇÃO 4 1 OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA ÁREA 5 1.1 RETROSPECTIVA HISTÓRICA 5 1.2 TENDÊNCIAS E ABORDAGENS EDUCACIONAIS 11 1.3 METODOLOGIA DE ENSINO 17 2 A CONSTRUÇÃO DA INTENCIONALIDADE DOCENTE 24 2.1 O PLANEJAMENTO 24 2.2 OS PLANOS: O REGISTRO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO 31 2.2.1 Plano de Disciplina ou de Ensino e de Aula 32 2.2.1.1 Plano de Ensino 32 2.2.1.2 Plano de Unidade 38 2.2.1.3 Plano de Aula 39 2.3 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO 39 3 A RELAÇÃO DIDÁTICA 41 3.1 OS COMPONENTES DA RELAÇÃO DIDÁTICA 41 3.2 O CONTEÚDO 49 3.3 A CONSTRUÇÃO DE CONCEITOS EM SALA DE AULA 50 3.3.1 Psicanálise do Conhecimento 53 3.3.1.1 Consciencialização 54 3.3.1.2 Desequilibração 54 3.3.1.3 Familiarização 55 3.3.2 Psicossíntese do Conhecimento 56 3.3.2.1 Abstração 57 3.3.2.2 Dialetização 58 3.3.2.3 Síntese Transformante 58 3.4 O CONTRATO DIDÁTICO 60 3.4.1 Discutindo o Termo “Contrato” 60 3.4.2 Um Outro Tipo de Contrato 63 3.4.2.1 Características 64 3.4.2.2 Funções 66 3.4.2.3 Dinâmica 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS 69 REFERÊNCIAS 70 ANEXO 74 4 INTRODUÇÃO A disciplina Didática tem por objetivo entender a dinâmica do processo de ensino a partir do foco de ação intencional do professor. Para tanto, são temas a serem abordados: os pressupostos teórico-metodológicos da área, a construção da intencionalidade docente e a relação didática. No primeiro tema, estudaremos os seguintes tópicos: uma breve retrospectiva histórica acerca da evolução da área; o estudo das tendências e abordagens educacionais, chegando às perspectivas atuais. Ainda neste tema, estudaremos as diferentes metodologias de ensino, à luz da concepção de educação transformadora e da noção de aprendizagem significativa. No segundo, ocupar-nos-emos do planejamento e das suas implicações no processo ensino-aprendizagem, dando especial relevância às questões do registro do processo educativo por meio da elaboração do plano de ensino. Encerrando o tema discutiremos a questão da avaliação. Por fim, procuraremos entender os elementos estruturantes da relação didática. A seleção desses temas traça o tênue limiar desta disciplina com a de Prática Pedagógica e deveu-se à relevância dos mesmos para a compreensão das escolhas metodológicas dos docentes em relação ao processo ensino- aprendizagem. Acreditamos que, como futuros educadores, os discentes de Pedagogia necessitam compreender a importância de tais conceitos e o quanto são determinantes de suas opções didáticas. 5 1 PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA ÁREA Neste tema, faremos uma retrospectiva histórica da Didática a fim de compreendermos como se estruturaram as práticas pedagógicas ao longo dos anos, e como se constituíram as tendências e abordagens educacionais, traçando uma perspectiva atual da área, por meio do estudo das diferentes metodologias de ensino. 1.1 RETROSPECTIVA HISTÓRICA Não se pode encarar a educação a não ser como um quefazer1humano. Quefazer, portanto, que ocorre no tempo e no espaço, entre os homens, uns com os outros. Paulo Freire Iniciamos a disciplina de Didática. A partir deste momento, vamos viajar no tempo, procurando retomar os rumos das práticas educacionais que fizeram parte da História da Educação na Europa e no Brasil, pois somos frutos de uma colonização européia. Nesta trajetória, também não descartaremos a Filosofia, pois pensamento e história caminham juntos e são construções do homem, único sujeito capaz de produzir cultura. Entretanto, antes de entrarmos na evolução histórica e filosófica, nos conceitos e paradigmas que alteraram e influenciaram a Educação2, precisamos situar a Didática no campo educacional, pois o espaço e a importância da Didática têm sido objetos de acaloradas discussões nos meios acadêmicos. 1 Paulo Freire criou o substantivo quefazer para indicar que o ato de educar é uma atividade humana e, como tal, é uma ação contínua, que se interroga a cada momento acerca dos rumos a tomar. 2 A palavra educação nos remete a duas acepções: desenvolvimento e intervenção. A Didática faz parte da segunda acepção, a intervenção. É uma intervenção que requer alguma exigência profissional, não podendo, pois, presumir que seja apenas a ordenação de algumas operações sobre o sujeito. Trata-se de uma complexa construção que leva em conta tanto o sujeito da intervenção e sua tríplice característica psicológica, biológica e social, como a cultura e a produção do saber. (Martins, 1996, p. 5). 6 A história da Didática encontra-se atrelada ao surgimento do ensino, no decorrer e desenvolvimento da sociedade, da produção e das ciências, como atividade planejada e intencional dedicada à instrução. Etimologicamente, instrução e ensino são palavras que dizem respeito a educare3 e a educere4. Enquanto a primeira refere-se à formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas, o segundo corresponde a ações, meios e condições para a realização da instrução. Para Libâneo (1994, p. 23): Há uma relação de subordinação da instrução à educação, uma vez que o processo e o resultado da instrução, mediante o ensino têm resultados formativos quando convergem para o objetivo educativo, isto é, quando os conhecimentos, habilidades e capacidades propiciados pelo ensino se tornam reguladores da ação humana, em convicções e atitudes reais frente à realidade [...] o objetivo educativo não é um resultado natural e colateral do ensino, devendo-se supor por parte do educador um propósito intencional e explícito de orientar a instrução e o ensino para objetivos educativos.[...] o ensino é o principal meio e fator da educação – ainda que não o único – e, por isso, destaca-se como campo principal da instrução e da educação. Neste sentido, quando mencionamos o termo educação escolar, referimo-nos ao ensino. A partir das proposições do autor, podemos avançar e afirmar que enquanto a educação é o objeto de estudo da Pedagogia, o que faz com que a ação educativa torne-se objeto de reflexão, no sentido de se explicar sua natureza, seus determinantes, suas formas de atuação (processos e modos), a Didática ocupa-se do trabalho docente, ou seja, do ensino – processo pedagógico que orienta a educação para as suas finalidades específicas, determinadas socialmente, mediante a teoria e a metodologia da educação e instrução. Estabelecido o papel da Didática em relação à Pedagogia, examinaremos, a seguir, como foi sua evolução no decorrer de nossa história. Ainda de acordo com Libâneo (ibid), desde os primeiros tempos da história do Homem, existem indícios de formas elementares de instrução e aprendizagem. Sabemos, por exemplo, que nas comunidades primitivas os jovens passavam por um ritual de iniciação para ingressarem nas atividades do mundo 3 Educare: Uma das formas verbais em latim da palavra educação. 4 Educere: Que diz respeito a trazer à luz, a educar, a ter cuidado na criação de alguém. 7 adulto. Podemos considerar esse ritual uma forma de ação pedagógica, embora lá não estivesse presente o didático como forma intencional de ensino. A escola como direito de todos, como conhecemos hoje, surgiu somente no século XVIII, tendo como função organizar, sistematizar e transmitir todo o conhecimento produzido pela humanidade. No entanto, desde a Antiguidade Clássica, filósofos como Sócrates5, Platão6, Aristóteles7 e, posteriormente, na Idade Média, São Tomás de Aquino8, representaram o pensamento da época ao desenvolverem e difundirem, como filósofos e educadores, suas concepções de mundo (Damis, 1992, p. 14). Foi no período medieval, com o monopólio educacional exercido pela Igreja, mais conhecido como Escolástica9 que surgiu o tradicional conceito de práticas pedagógicas fundadas na palavra do mestree na disciplina. 5 Sócrates: Filósofo grego nasceu em Ática por volta de 470 a.C. e morreu em Atenas em 399 a.C. Sua vida é inseparável de seu ensino. É representado como uma figura vestida com um manto ordinário, percorrendo as ruas descalço, com aspecto vulgar, mas de temperamento vigoroso. Qualquer pretexto lhe servia para propagar seus ensinamentos. Apresentava-se como um homem que nada sabia e interrogava sem cessar os atenienses, principalmente os jovens, para destruir a cultura adquirida sem reflexão, com intuito de substituir os preconceitos por um saber que emergisse do interior do ser humano. Essa ironia lhe valeu a condenação à morte sob o pretexto de que corrompia a juventude. Tomou cicuta, conversando com seus discípulos, e morreu com absoluta serenidade. 6 Platão: Outro grande filósofo grego nasceu em (ou perto de) Atenas em 429 a.C., ano da morte de Péricles. O seu nome era Aristocles Platão, conhecido como O Largo, alcunha motivada, provavelmente, pela sua figura. Começou por escrever poesias; mas depois de ter encontrado Sócrates, aos 20 anos, queimou-as. Foi, durante 10 anos, seu discípulo, acompanhando-o no seu julgamento e morte. Depois viajou muito e passou a ensinar Filosofia em Atenas; um de seus alunos foi Aristóteles. Os seus Diálogos são, ainda, o mais nobre conjunto do pensamento filosófico que existe, e a sua beleza literária é sem igual. Diz Emerson que de Platão vêm todas as coisas tratadas e discutidas por homens que pensam [...] Platão é a filosofia, e a filosofia é Platão. 7 Aristóteles: Filósofo grego que viveu entre 384 a.C. e 322 a.C. Após a morte de seu pai, fixou-se em Atenas onde ouviu durante 20 anos as lições de Platão. Com a morte de seu mestre em 348 a.C., foi para Atarnéia onde se casou. Foi preceptor de Alexandre, o Grande. Em Atenas, fundou a escola do Liceu, onde o mestre dava suas lições passeando com os alunos. Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., Aristóteles, mal visto pelos atenienses, refugia-se na ilha de Eubéia. Condenado à morte, morreu no mês de agosto de 322 a.C., com 62 anos. Seus tratados provêm de notas tomadas por seus ouvintes; não foram redigidos por ele; constituem um vasto conjunto enciclopédico, dividido, posteriormente, em quatro grupos de obras. Aristotelismo é o nome de sua doutrina. 8 São Tomás de Aquino: Nasceu em Nápoles, sul da Itália, em 1226, e faleceu em 1274 no convento Fossanuova, próximo de sua cidade, aos 49 anos de idade. É considerado o maior filósofo da Escolástica Medieval. Inserida no movimento escolástico, a filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo) já nasceu com um objetivo claro: não contrariar a fé. De fato, a finalidade de sua filosofia era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo. Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento aristotélico, com a finalidade de nele buscar os elementos racionais que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo tempo em que transformou essa filosofia numa síntese original. 8 A educação dessa época objetivava a formação de um homem com ideal moral elevado – cujos caráter e hábitos visariam ao domínio das paixões e ao exercício da justiça – , este homem dedicar-se-ia, também, à busca do desenvolvimento físico e artístico e, sobretudo, intelectual, para atender a um sistema político-social-econômico conhecido como feudalismo10. A visão de mundo e de homem dominante, então, era o teocentrismo, isto é, o paradigma11 que norteava o pensamento medieval tinha como centro as criações divinas, que concebiam o homem e a sociedade como obedientes à Igreja e voltados para as especulações do mundo espiritual. O período seguinte remete-nos a outro paradigma, o antropocentrismo. Como a Fênix12 que renasce das próprias cinzas, o homem, após o período influenciado pelo catolicismo, mentalidade dominante na Idade Média, ressurgiu, descobrindo-se como se fosse um deus, centro das indagações filosóficas. Isso devido ao florescimento do comércio, ao aparecimento e ascensão da classe burguesa, à desagregação da cristandade com a reforma protestante, aos avanços tecnológicos e científicos. Nesse contexto, o homem passou a enfrentar os desafios da Modernidade. 9Escolástica: No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a Renascença Carolíngia. Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: Gramática, Retórica e Dialética (o trivium) e Geometria, Aritmética, Astronomia e Música (o quadrivium). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à Teologia. A fundação dessas escolas e das primeiras Universidades no século XI fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (da escola). A partir do século XIII, o Aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deu devido à descoberta de muitas obras de Aristóteles, desconhecidas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego. 10Feudalismo: O Regime Feudal dava o direito de governar a quem possuísse grandes extensões de terras, as quais eram denominadas feudos, neles trabalhavam os servos. Presos à terra, fonte de toda a riqueza, os servos eram os únicos que realizavam trabalhos braçais na sociedade feudal, produzindo os bens de consumo para as classes dominantes - o clero e a nobreza. Oprimidos e explorados, os servos representavam muito pouco para os seus senhores, na verdade, um camponês, muitas vezes, recebia menos consideração que um cavalo. 11Paradigma: Mudança conceitual, ou uma mudança de visão de mundo, conseqüência de uma insatisfação com os modelos anteriormente dominantes de explicação. 12 Fênix: um pássaro fabuloso, que, conforme a lenda, viveu vários séculos, queimando-se em fogueira e renascendo das próprias cinzas. 9 O período transitório entre a mentalidade medieval e a moderna, que ficou conhecido como movimento artístico e científico, é denominado Renascimento13 (séculos XV a XVII). Esse movimento criaria a base conceitual e de valores que permitiriam a valorização da razão e da ciência no século XVII. O Renascimento foi rico em tratados pedagógicos, porém numa declarada oposição ao magister dixit14 medieval, pois se apregoava uma pedagogia liberal e destituída do autoritarismo característico do ensino escolástico. Se no mundo medieval a educação servia para manter vivos as necessidades e os privilégios sociais do clero e da nobreza, com a ascensão da burguesia e o aparecimento do capitalismo15, a educação passou a ser defendida como um direito de todos, pois as necessidades de evolução do movimento capitalista assim o exigiam. Nessa medida, a nova prática pedagógica deveria considerar os interesses individuais de quem aprende, uma vez que as relações sociais capitalistas emergentes exigiam mão-de-obra diversificada. O professor não poderia mais se preocupar, apenas, com a transmissão de um conteúdo, deveria, também, tornar atraente o ensino, facilitando o aprendizado de seus alunos. Vários foram os pensadores que influenciaram as propostas pedagógicas transformadoras nos séculos XVII e XVIII. Dentre eles, podemos destacar João Amós Comênio16, autor da obra Didactica Magna17, na qual elaborou uma proposta de reestruturação da escola e do ensino priorizando a arte de ensinar, que ele denominou Didática.13 Renascimento: termo que causa muitas controvérsias, porém vários autores definem-no como o período de transição entre a mentalidade medieval e a mentalidade moderna. 14 Magister dixit: (palavra do mestre), quando o professor determinava algo, suas determinações não podiam ser questionadas. 15 Capitalismo: regime econômico de uma sociedade humana caracterizada pelo desenvolvimento dos bens de produção, por trabalhadores que não são proprietários dos mesmos, ou seja, no qual são expropriados dos frutos do seu trabalho. 16 Comenius: Entre os reformadores educacionais de todos os tempos, João Amós Comênio merece lugar de destaque. A história de sua vida (1592-1670) foi marcada pela perseguição, e ele viveu em meio ao impacto doloroso da Guerra de Trinta Anos. Nasceu em Nivnitz, como membro dos Irmãos da Moravia. Sua primeira educação foi extremamente inadequada. Aos vinte anos de idade, entrou para um seminário em Herborn, Nassau, para se preparar para o clero. 17 Publicada em 1632, tinha como princípio fundamental que aquele que se dedica ao ensino deve selecionar os métodos de modo a obter o máximo de resultado com o mínimo de esforço. 10 A obra de Comênio tornou-se importante na medida em que se contrapôs às idéias da nobreza e do clero. No entanto, sua obra ainda possuía alguns ranços da velha forma autoritária de ensino. Nesse universo de transformações culturais e científicas, outros autores também deram suas contribuições, as quais mudaram definitivamente o rumo da educação na Europa. Os que mais se destacaram foram: Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Henrique Pestalozzi (1746-1827), Johann Friedrich Herbart (1766- 1841), Froebel (1782-1852), entre outros. Entretanto, como a Didática está ligada às questões filosófico-históricas, outros autores foram surgindo no cenário educacional, mediante as transformações dos séculos XIX e XX, (re) visitando teorias propostas ou introduzindo outras. A partir do século XIX, a Didática passou a ter, também, interfaces com uma área do conhecimento então emergente, as ciências do comportamento, especialmente a Biologia e a Psicologia, por meio das pesquisas experimentais. Várias das Tendências Pedagógicas, que estudaremos no próximo tópico e que influenciaram a evolução do pensamento acerca do ensino no Brasil, são de autores que surgiram como críticos a seus antecessores ou que avançaram em algumas questões. Entre eles, podemos destacar John Dewey (1859-1952), que influenciou o movimento da Escola Nova na América Latina, sob a liderança do brasileiro Anísio Teixeira. No decorrer do século XX, pensadores como Piaget, Vygotsky e Wallon passaram a fazer parte do universo de estudo dos educadores. À luz de tais estudos, as questões da construção do conhecimento e do processo de interação professor-aluno passaram a ter uma nova conotação na História da Educação no Brasil18. 18 Recordando: a História da Educação no Brasil começa em 1549 com a chegada dos padres jesuítas, responsáveis pelo lançamento das bases de um vasto sistema educacional, que se desenvolveu progressivamente com a expansão territorial da colônia. Por dois séculos, eles foram quase os únicos educadores do Brasil. Desde a expulsão dos jesuítas, em 1759, até a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, a educação na colônia passou por um período de desagregação e decadência. Porém, com a chegada do príncipe regente, D. João VI, modificou-se a política educacional que o governo português adotava em relação ao Brasil. Diversas instituições educativas e culturais foram inauguradas. Surgiram os primeiros cursos superiores: escolas de Direito, Medicina, Engenharia, mas não universidades. Os níveis básicos da educação, entretanto, continuaram ignorados. Com a independência, conquistada em 1822, surgiram novos ideais e a Assembléia Nacional Constituinte discutiu seriamente a questão da educação popular. Uma lei de 1827 estabeleceu que se criassem escolas primárias em todas as cidades e vilas mais populosas. Infelizmente, esta lei não foi implementada e, em 1834, a educação primária passou para a responsabilidade das províncias. A ausência de um centro de formulação da política educacional, 11 1.2 TENDÊNCIAS E ABORDAGENS EDUCACIONAIS Mas, e agora, em pleno fim do século XX, que ideal de homem nossa escola pretende formar? Esta é uma questão fundamental, para a qual precisamos encontrar uma resposta, pois, de outra forma, será infrutífera toda reforma educacional. Enquanto não se souber que tipo de ser humano precisa ser formado, qualquer tentativa de reformular a escola, seja definindo objetivos e programando conteúdos, seja criando novas técnicas, será em vão, pois o que está sendo questionado não é o como educar, mas o para que educar. Em outras palavras, o que está em jogo é o próprio sentido da educação. Regina Célia Cazaux Haydt No tópico anterior fizemos uma retrospectiva de como a educação e as práticas escolares19 foram, ao longo do tempo, compreendidas e transformadas indispensável face às características culturais e políticas do país, acabou comprometendo o desenvolvimento da educação popular. A expansão do ensino foi lenta e irregular. A proclamação da República, em 1889, quase nada alterou desse panorama, a não ser pela expansão do ensino superior, com a criação de grande número de escolas para a formação de profissionais liberais. A política educacional começou a se modificar após a Primeira Guerra Mundial, quando surgiu uma geração de grandes educadores, como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e Almeida Júnior. Datam deste período diferentes reformas do ensino nos estados. O Manifesto dos Pioneiros da Educação de 1932 sintetizou esse movimento, explicitando os pontos centrais de uma ampla reforma da educação nacional e influiu poderosamente em toda a orientação posterior. Data da década de 30 a criação das primeiras universidades brasileiras e amplas reformas do ensino nos demais níveis, que foram importantes apesar da inspiração burocrática que as guiou, decorrentes da implantação de um regime autoritário. A redemocratização que se seguiu à Segunda Guerra Mundial levou a um novo ímpeto reformista, de cunho mais popular. Surgiu nessa época um admirável movimento em prol da escola pública, universal e gratuita, que repercutiu diretamente no Congresso Nacional e culminou com a promulgação, em 1961, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4024/61, após difícil trajetória que durou 13 anos. Com a instalação de um novo regime autoritário, em 1964, arrefeceu-se o debate popular, mas a ação governamental promoveu uma considerável ampliação do sistema de ensino, inclusive do superior. Criaram-se agências de apoio à pesquisa e à pós-graduação. Ampliou-se o ensino obrigatório de quatro para oito anos. Algumas leis fundamentais foram promulgadas, como a 5.540/68 e a 5.692/71, que introduziram mudanças importantes nos diferentes níveis de ensino. A Constituição de 1988, promulgada após amplo movimento de redemocratização do País, abriu um novo período. Ampliaram-se consideravelmente as responsabilidades do Poder Público para com a educação, dando origem ao novo movimento de reforma que culminou com a promulgação da nova L.D.B., nº 9494/96. As mudanças introduzidas por essa lei e as novas necessidades que se põem à Educação no Séc. XXI estão em curso atualmente. (adaptado de DURHAM, E. R. Processo Histórico. Site: http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/polsoc/educa/phistor/apresent.htm). 19 Práticas escolares: quando falamos em práticas escolares, estamos nos referindo à Didática, pois essa permeia toda a ação do professor. 12 pelos modelos sociais, econômicos e culturais de cadaépoca. No Brasil não foi diferente. Como exemplo, podemos citar a década de 30 e o Movimento dos Pioneiros20 da Escola Nova, cuja atuação foi decisiva na formulação da política educacional, na legislação, na investigação acadêmica e na prática escolar. Durante as últimas décadas, vários autores têm se dedicado à reconstrução da História da Didática no Brasil, analisando as raízes de alguns modelos educacionais que orientaram e/ou orientam o ensino no país. Dentre esses autores, destacamos a contribuição do professor José Carlos Libâneo21, que classifica as tendências pedagógicas em liberais e progressistas, utilizando como critério para tal, a posição que adotam em relação às finalidades da educação escolar. Apontaremos apenas algumas categorias com intenção de restringirmo-nos ao nosso campo direto de ação, sem que isso signifique que as categorias mais amplas não estejam indiretamente interligadas ao nosso agir pedagógico. De acordo com Libâneo, no contexto da Pedagogia Liberal, estão alocadas a Pedagogia Tradicional, a Renovada Progressivista, a Renovada Não- Diretiva e a Tecnicista. Na Pedagogia Progressista estão alocadas a Pedagogia Libertadora, a Libertária e a Crítico-Social dos Conteúdos. 20 Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte na Europa, na América do Norte e no Brasil, na primeira metade do século XX. "Escola Ativa" ou "Escola Progressiva" são termos mais apropriados para descrever esse movimento que, apesar de muito criticado, ainda pode ter muitas idéias interessantes a nos oferecer. No Brasil, as idéias da Escola Nova foram introduzidas já em 1882 por Rui Barbosa (1849-1923). No século XX, vários educadores se destacaram, especialmente após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Vide Anexo I), de 1932. Podemos mencionar Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-1971), grandes humanistas e nomes importantes de nossa história pedagógica. A Escola Nova recebeu muitas críticas, foi acusada, principalmente, de não exigir nada, de abrir mão dos conteúdos tradicionais e de acreditar ingenuamente na espontaneidade dos alunos. A leitura das obras e a análise das poucas experiências em que, de fato, as idéias dos escolanovistas foram experimentadas com rigor, mostram que essas críticas são válidas apenas para interpretações distorcidas do espírito do movimento. Apesar de todo o seu sucesso, a Escola Nova não conseguiu modificar de maneira significativa o modo de operar das redes de escolas e perdeu força sem chegar a alterar o cotidiano escolar. Hoje, quando continuamos a buscar rumos para nossa educação, as idéias e experiências dos autores da Escola Nova, mesmo que contenham algumas concepções ultrapassadas ou ingênuas, podem continuar nos servindo como fonte de prazer literário e de inspiração pedagógica. 21 José Carlos Libâneo é doutor em Filosofia e História da Educação pela PUC-SP. Em São Paulo, foi diretor de escola pública, professor em instituições de ensino superior e colaborador em projetos da Secretaria de Estado dos Negócios da Educação. Em Goiânia, trabalhou na Secretaria de Educação em programas de formação e capacitação profissional de professores. Professor Titular da Universidade Federal de Goiás, coordenou por quatro anos o Mestrado em Educação. Atualmente é professor da Universidade Católica de Goiás. 13 A Pedagogia Liberal tem sua fundamentação na doutrina liberal, que apareceu como justificação do sistema capitalista ao defender a liberdade dos interesses individuais na sociedade, estabelecendo também, uma forma de organização social que tem por fundamento a propriedade privada dos meios de produção. Apesar de defender a idéia de igualdade de oportunidades, não considera a desigualdade de condições, quando não leva em conta a realidade das diferenças de classes. Libâneo estabelece diferenças entre as Pedagogias Liberais, pois a Pedagogia Tradicional caracteriza-se por acentuar o ensino a partir da cultura geral, e o aluno, neste contexto, é educado para atingir sua plena realização como pessoa a partir do seu próprio esforço. Nesta abordagem, os conteúdos escolares, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não apresentam nenhuma relação com o cotidiano do aluno e com a realidade social. As regras são impostas; a palavra do professor predomina e, em relação ao conteúdo do ensino, há a certeza em um corpo de conhecimentos prontos e acabados a serem transmitidos aos alunos, ou seja, há a crença em uma verdade absoluta. A Pedagogia Liberal Renovada (escolanovista) também parte da cultura para o desenvolvimento de aptidões individuais. O ensino é orientado no sentido de desenvolver as capacidades em função de sua utilidade para a vida em sociedade. A auto-educação, o aluno como sujeito do conhecimento, a ênfase na aquisição dos processos de conhecimento em oposição aos conteúdos, a valorização da iniciativa do aluno em oposição à interferência do adulto são pressupostos da Pedagogia Liberal Renovada. Libâneo, ao falar da Pedagogia Progressista, toma emprestado o termo de Snyders22, apontando como tendências progressistas, aquelas que partem de uma análise crítica das realidades sociais e que sustentam as finalidades sócio- políticas da educação. Para o autor, a Pedagogia Progressista, em suas versões Libertadora, Libertária e Crítico-Social de Conteúdos, não tem como se institucionalizar na sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores, ao lado das práticas sociais. 22 George Snyders: Professor honorário de Ciências da Educação da Universidade de Paris. 14 As versões Libertadora (fundamentada nas idéias educacionais de Paulo Freire) e Libertária (fundamentada nas idéias educacionais dos defensores da autogestão) têm em comum o antiautoritarismo, a valorização da experiência vivida como base para a relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Estas versões são preferidas pelos educadores das modalidades de educação popular e dão mais atenção ao processo de aprendizagem grupal que aos conteúdos de ensino. Por outro lado, a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, sem perder de vista a atividade e a participação do aluno, atribui fundamental importância à transmissão dos conteúdos. Em cada tendência há um resumo dos principais aspectos contidos nas seguintes categorias: • Papel da escola; • Conteúdo de ensino; • Método; • Relação professor-aluno; • Pressuposto de aprendizagem; • Manifestação na prática escolar. A Tabela 1 mostra, sucintamente, as concepções das tendências pedagógicas desenvolvidas e adotadas pelas escolas brasileiras. Apontaremos apenas algumas categorias, com intenção de nos restringir ao nosso campo direto de ação, sem que isso signifique que as categorias mais amplas não estejam indiretamente interligadas ao agir pedagógico. Vários autores discutiram o tema acerca do qual discorremos neste tópico. Outra contribuição conhecida e discutida no meio acadêmico que gostaríamos de ressaltar é a da professora Maria da Graça Nicoletti Mizukami23, que parte do pressuposto de que no Brasil há provavelmente cinco abordagens de ensino: tradicional24, comportamentalista25, humanista26, cognitivista27 e 23 Maria da Graça Nicoletti Mizukami é professora Titular da UFSCAR, tem Doutorado em Ciências Humanas, área Psicologia Educacional - PUC-RJ e PhD - Santa Clara University - California, Teacher Education. 24Tradicional: Ensino centrado no professor. Voltada para o que é externo ao aluno, como os programas e as disciplinas. O aluno escuta o que é prescrito por autoridades, independente de sua 15 sociocultural28. A autora exclui a abordagem escolanovista por julgar que estejaincluída nas já citadas. vontade. Concepção educacional que persistiu no tempo e passou a fornecer um quadro referencial para o surgimento de novas abordagens. 25Comportamentalista: Centrada na mudança de comportamento no processo de aquisição de conhecimento. A experiência é a base do conhecimento (comportamentalistas behavioristas, instrumentalistas e positivistas lógicos). Uso da tecnologia educacional, que libera o professor de uma série de tarefas, principalmente a de ensinar por meio de aulas expositivas, que são substituídas por materiais auto-instrutivos e recursos audiovisuais que garantem aos alunos, considerados recipientes de informações, a auto-aprendizagem dos conteúdos. 26Humanista: Centrada no sujeito; conhecimento advém das experiências dos próprios alunos, e o professor é considerado facilitador do processo. Essa abordagem dá ênfase às relações interpessoais e ao crescimento que delas resulta. No Brasil, essa abordagem foi adotada a partir de estudiosos estrangeiros e apresentou dois enfoques predominantes, fundados nas concepções de dois autores principais: • Neill: classificado como espontaneísta, propõe que a criança se desenvolva sem intervenções. Obra principal: Liberdade sem Medo, a experiência de Summerhill; • Rogers: proposta identificada como representativa da psicologia humanista. Obra principal: Tornar-se pessoa; 27Cognitivista: Psicólogos que investigam processos centrais do indivíduo, dificilmente observáveis, como a organização do conhecimento, estilo de pensamento, estilos cognitivos, comportamentos relativos à tomada de decisões. Implica em estudar cientificamente a aprendizagem como sendo mais um produto do ambiente das pessoas que de fatores externos. Ênfase nos processos cognitivos e investigações científicas, separados dos problemas sociais contemporâneos. As emoções são consideradas em suas articulações com o conhecimento. Abordagem predominantemente interacionista. 28Sociocultural: Advém do fenômeno da preocupação com a cultura popular, surgida após a 2ª Guerra Mundial e se liga a problemas da democratização da cultura. O movimento da cultura popular volta-se para os valores que caracterizam um povo em geral e para as camadas socioeconômicas inferiores. Uma das suas tarefas tem sido a alfabetização de adultos. 16 TABELA 1: TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E PRÁTICAS ADOTADAS TENDÊNCIAS CONTEÚDO DO ENSINO MÉTODO RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO TRADICIONAL Prioriza conhecimentos herdados e transmitidos pela geração adulta. Expositivo: Preparação do conteúdo, apresentação, associação, generalização e aplicação em exercícios e atividades. O professor: postura autoritária, ele é o transmissor do conhecimento. O aluno: mero ouvinte. A relação é centrada no professor. RENOVADA PROGRESSISTA A importância recai sobre as experiências vivenciadas, os desafios cognitivos e as situações-problema. O processo de aquisição de conhecimentos é menos relevante que a metodologia aplicada. Ativo: deve-se aprender fazendo. Pesquisar, trabalhar em grupo, resolver problemas, propor soluções, estudar o meio ecológico e social, etc. Relação democrática; o professor é um facilitador da aprendizagem do aluno. A relação é centrada na vivência. RENOVADA NÃO-DIRETIVA A ênfase é dada no desenvolvimento das relações e das comunicações. Incentivo aos alunos para que busquem por si mesmos, seu próprio conhecimento. Terapêutico: o papel do professor é o de facilitador da aprendizagem. Uso de técnicas de sensibilização e ênfase na melhoria do relacionamento inter-pessoal. Relações humanas: o professor não deve dirigir o aluno no que tange às atividades. A relação é centrada no aluno. TECNICISTA Voltada para a preparação técnica a fim de que o aluno possa responder adequadamente ao sistema social global e ao mercado de trabalho. Método científico de Spencer: metodologia tecnicista e abordagem sistêmica. Uso de instrução programada, planejamento, recursos audiovisuais, etc. Técnica-diretiva: relações estruturadas, objetivas, com papéis bem definidos. Professor: administrador. Aluno: ser que responde. A relação é centrada no controle das condições. LIBERTADORA Tem um caráter político, que incorpora a realidade vivencial do aluno como ponto de partida para a seleção dos conteúdos da ação educativa. Dialogicidade; trabalho em grupos de discussão e conscientização. Não-diretividade: os alunos são sujeitos do ato de conhecimento. Professor favorece a aproximação da consciência. A relação é centrada nas relações interpessoais. LIBERTÁRIA O conteúdo emerge dos interesses dos alunos, não é pré-determinado. Autogestão da experiência do grupo: formas de participação e de expressão pela palavra, mediante organização e execução do trabalho. Não-diretiva: o professor é o orientador e catalisador do processo, junto com o grupo gera reflexões. Não há centralidade. CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS Há conteúdos determinados que são escolhidos a partir dos bens culturais da humanidade, com funções formativas e instrumentais. Participativo e fundamentado no saber universal: vínculo teoria e prática. Interação diretiva: trocas entre professores e alunos. Professor: mediador e intervencionista. Aluno: confronta sua experiência com os conhecimentos selecionados pelo professor. A relação é centrada nos conteúdos do ensino. Resumo adaptado de LIBÂNEO, J.C. 17 1.3 METODOLOGIAS DE ENSINO Ideais humanísticos só se tornam realidade através da ação. Enquanto não transformamos o que falamos sobre o homem em ação, esses ideais serão de pouca ou nenhuma valia. O que é a liberdade humana? Como posso promovê-la dentro dos limites da sala de aula? Quando alguém é crítico, curioso, criativo? Como desenvolver estas potencialidades? O que é compreensão? Ela difere da repetição? Em quê? Como posso saber que meu aluno compreendeu? Aprendizagem supõe transformação, modificação. Como percebê-la? Operacionalizar é exercitar a nossa capacidade de transformar nossas idéias e expectativas em ação que humaniza. Eliana Audi Para Libâneo (1994, p. 149), [...] o processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e dos alunos. [...] A direção eficaz desse processo depende do trabalho sistematizado do professor que, tanto no planejamento como no desenvolvimento das aulas, conjuga objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino. Os métodos29 são fundados na relação objetivo-conteúdo, e determinam o como alcançar, no processo de ensino, os objetivos gerais e específicos que são a intenção do docente, ou seja, trata-se de uma sequência de operações com vistas a determinado resultado esperado. Por outro lado, procedimentos de ensino são ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com as coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos. Logo, “método de ensino é um procedimento didático caracterizado por certas fases e operações para alcançar um objetivo previsto.” (HAIDT, 2003, p. 144). 29 Etimologicamente, a palavra método vem do vocábulo grego méthodos que significa caminho para chegar a um fim. 18 Para efetivar o processo de ensino por meio de um método, necessita-se da apropriação de um saber fazer30, que se consolida na competência técnica31. Técnica é, portanto, a operacionalização do método. Haidt (2003) aponta que, atualmente, o termo estratégia de ensino é empregado para designar os procedimentos e recursos didáticos a serem utilizados para atingiros objetivos almejados. A escolha dos métodos e técnicas empregados no processo ensino- aprendizagem não é neutra, implica em uma opção que tem pressupostos teóricos implícitos. Adepto, também, desta linha de pensamento, Libâneo (1994, p. 150) ressalta que: [...] dizer que o professor ‘tem método’ é mais do que dizer que domina procedimentos e técnicas de ensino, pois o método deve expressar, também, uma compreensão global do processo educativo na sociedade: os fins sociais e pedagógicos do ensino, as exigências e desafios que a realidade social coloca, as expectativas de formação dos alunos para que possam atuar na sociedade de forma crítica e criadora, as implicações da origem de classe dos alunos no processo de aprendizagem, a relevância social dos conteúdos de ensino, etc. Há inúmeras maneiras de classificarmos os métodos de ensino, pois como já afirmamos, a Didática é um campo de pesquisa que mantém interfaces com diversas áreas do conhecimento e, assim, dependendo da interface selecionada, podemos montar diferentes classificações. Piaget (1970) propõe a seguinte classificação: • Métodos verbais tradicionais, cujos fundamentos advêm da epistemologia associacionista; • Métodos ativos, originários da aplicação, em educação, das conclusões que foram produto das pesquisas da psicologia do desenvolvimento; • Métodos intuitivos ou audiovisuais, que têm por base a psicologia da forma; 30 Saber-fazer: domínio de técnicas específicas em relação a um determinado campo de conhecimento. 31 Competência técnica: competência profissional ligada ao saber-fazer. 19 • Ensino programado, fruto da psicologia comportamental. Já Carvalho (1973) propõe uma outra forma de classificar os métodos de ensino: • Métodos individualizados de ensino: valorizam o atendimento às diferenças individuais e fazem a adequação do conteúdo à maturidade, à capacidade intelectual e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, considerado individualmente; • Métodos socializados de ensino: valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem efetivar-se em grupo; • Métodos sócio-individualizados: combinam as duas atividades, a individualizada e a socializada, alternando em fases os aspectos individuais e sociais. Libâneo (1994) propõe uma classificação em cinco itens: • Método de exposição pelo professor; • Método de trabalho independente; • Método de elaboração conjunta; • Método de trabalho em grupo; • Atividades especiais. Independentemente da classificação que utilizarmos, cada método tem técnicas que lhes são pertinentes. A seguir, propomos a correlação de algumas técnicas, relacionadas a métodos de trabalho. Para facilitar a compreensão, os dados estão organizados na Tabela 2. Utilizaremos a classificação dos métodos adotada por Carvalho (1973). 20 TABELA 2: RELAÇÃO MÉTODO / TÉCNICA (PROCEDIMENTO DE ENSINO) MÉTODO TÉCNICA SUB-DIVISÕES DESCRIÇÃO Exposição dogmática A mensagem transmitida não pode ser contestada, devendo ser repetida por ocasião das provas de verificação. AULA EXPOSITIVA: o método expositivo consiste na apresentação oral de um tema logicamente estruturado. Exposição aberta ou dialogada A mensagem do professor é simples pretexto para desencadear a participação da classe, podendo haver contestação, pesquisa e discussão. Leitura de texto Ler a partir de um roteiro de questões a serem respondidas. Manipulação de materiais ou construção de objetos Busca de conclusões. Observação de objetos, fatos ou fenômenos Anotações a partir do roteiro estruturante do foco da observação. ESTUDO DIRIGIDO32: fazer com que os alunos estudem a partir de um roteiro elaborado pelo professor, o qual estabelece a extensão e a profundidade do estudo. Realização de experiências Busca de generalizações. MÉTODO MONTESSORI: sua concepção de educação está baseada nos princípios biológicos do crescimento e do desenvolvimento e num sistema didático que concebe o homem e o mundo de uma perspectiva vitalista, ou seja, que considera a vida e seu pleno desenvolvimento como o bem supremo. PRINCÍPIOS: • Liberdade; • Atividade; • Vitalidade; • Individualidade. a) A educação dos sentidos, por meio da realização de jogos sensoriais e do uso de material didático próprio; b) A educação do movimento, por meio da prática de exercícios físicos e rítmicos e do exercício de linha; c) A educação da inteligência, por meio de lições e exercícios sistemáticos; d) A prática da aula do silêncio, que visa a desenvolver a capacidade de atenção, a autodisciplina e a percepção auditiva; e) A realização de exercícios de vida prática. Métodos individualizados de ensino CENTROS DE INTERESSE: concepção também fundada na Biologia concebia a educação como manutenção e conservação da vida. PRINCÍPIOS: • Auto-educação; • Uma escola para a vida e pela vida. a) Organização de classes homogêneas de acordo com o ritmo de aprendizagem dos alunos; b) Diminuição do número de alunos por classe; c) Consideração aos interesses naturais das crianças e às condições locais; d) Centros de interesse. 32 O trabalho com estudo dirigido deve mobilizar operações cognitivas a partir de tarefas operatórias. Vide quadro anexo no final da apostila. 21 O USO DOS JOGOS: atividade física ou mental, organizada por um sistema de regras, é natural do ser humano, inserindo-se na ludicidade humana e estimulando-a. PRINCÍPIOS: • Mobiliza os esquemas mentais de forma a acionar as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento; • Integra as dimensões afetivas, motoras e cognitivas da personalidade. a) Corresponde a um impulso natural do aluno, seja ele criança ou adulto, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica; b) Absorve o jogador de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. DRAMATIZAÇÃO (role- playing): representação, pelos alunos, de um fato ou fenômeno, de forma espontânea ou planejada. PRINCÍPIOS: • Leva o aluno a concretizar uma situação-problema; • Contribui para aumentar o nível de motivação dos alunos; • Ajuda a desenvolver a capacidade dos alunos de se colocarem imaginariamente em um papel que não é o próprio. a) Caracterização da situação; b) Representação; c) Discussão. TRABALHO EM GRUPO33: oportunidade para o diálogo, e a troca de idéias e informações. PRINCÍPIOS: • Facilitar a construção do conhecimento; • Permitir a troca de idéias e informações; • Possibilitar a prática da cooperação para conseguir um fim comum; • Favorecer a formação de certos hábitos e atitudes de convívio social. a) Cooperar e unir esforços para que o objetivo comum seja atingido; b) Planejar, em conjunto, as etapas de um trabalho; c) Dividir tarefas e atribuições, tendo em vista a participação de todos; d) Expor idéias e opiniões sucinta e objetivamente, de forma a serem compreendidas; e) Aceitar e fazer críticas construtivas; f) Ouvir com atenção os colegas e esperar a vez de falar; g) Respeitar a opinião alheia; h) Aceitar a decisão quando ficar resolvido que prevalecerá a opinião da maioria. Métodos socializados de ensino ESTUDO DE CASOS: apresentação de uma citação real aos alunos, dentro do assunto estudado, para que analisem, e, se for necessário, proponham alternativas de solução. PRINCÍPIOS: • Facilitar a construção do conhecimento; • Permitir a troca de idéias e informações; a) Estudo individual do caso; b) Discussão em grupos; c) Debate geral com a classe. 33 Técnicas usadas pelos especialistas em dinâmica de grupo: Discussão em pequenos grupos; Grupos de Cochicho; Discussão66 ou Phillips 66; Simpósio; Painel; Seminário; Brainstorming ou Tempestade Cerebral. 22 ESTUDO DO MEIO: Técnica que permite ao aluno estudar de forma direta o meio natural e social que o circunda e do qual ele participa PRINCÍPIOS: • Criar condições para que o aluno entre em contato com a realidade circundante, promovendo o estudo de seus vários aspectos de forma direta, objetiva e ordenada; • Propiciar a aquisição de conhecimentos geográficos, históricos, econômicos, sociais, políticos, científicos, artísticos etc., de forma direta por meio da experiência vivida; • Desenvolver as habilidades de observar, pesquisar, descobrir, entrevistar, coletar dados, organizar e sistematizar os dados coletados, analisar, sintetizar, tirar conclusões. a) Planejamento; b) Execução; c) Exploração e apresentação dos resultados; d) Avaliação. MÉTODO DA DESCOBERTA: proposição aos alunos de uma situação de experiência e observação, para que eles formulem por si próprios conceitos e princípios, utilizando o raciocínio indutivo. PRINCÍPIOS: • Uso do procedimento indutivo; • Participação ativa; • Erro como fonte de aprendizagem. a) Descrição com as próprias palavras das observações feitas; b) Fazer generalizações; c) Elaborar conclusões. MÉTODO DA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS: apresentação ao aluno de uma situação problemática, para que ele proponha uma solução satisfatória, utilizando os conhecimentos de que já dispõe ou buscando novas informações por meio da pesquisa. PRINCÍPIOS: • Estimular a participação do aluno na construção do conhecimento; • Desenvolver o raciocínio e a reflexão; • Favorecer a aquisição de conhecimentos; • Facilitar a transferência de aprendizagem; • Desenvolver a iniciativa na busca. a) Definir o problema; b) Coletar e sistematizar os dados necessários à solução do problema; c) Propor alternativas de solução; d) Selecionar uma alternativa; e) Verificar se a alternativa escolhida efetivamente resolve o problema proposto. Métodos sócio- individualizados MÉTODO DE PROJETOS: o ensino realiza-se por meio de amplas unidades de trabalho com um fim em vista e supõe a atividade propositada do aluno. PRINCÍPIOS: • Desenvolvimento do raciocínio aplicado à vida real; • Buscar a solução de um problema; • Integração de pensamento, sentimento e ação dos educandos; • Busca de informação a partir da realidade; • Ensino globalizado. a) Escolha do projeto pelos alunos; b) Planejamento de trabalho; c) Coleta de informações; d) Execução do projeto; e) Apresentação em classe do trabalho executado; f) Apreciação e avaliação do trabalho realizado. 23 UNIDADES DIDÁTICAS: organização e desenvolvimento do ensino por meio de unidades amplas, significativas e globalizadas de conhecimento. PRINCÍPIOS: • Promover a aquisição de conhecimentos de forma globalizada, estruturada e ordenada, permitindo ao aluno construir o saber como um todo orgânico; • Estimular o pensamento lógico e a atividade reflexiva do educando. a) Exploração ou sondagem; b) Apresentação geral da unidade; c) Assimilação; d) Organização; e) e) Expressão (exposição discente). MOVIMENTO FREINET: movimento de caráter comunitário e cooperativo, procurando a elaboração, pelo conjunto do grupo docente, dos próprios instrumentos de trabalho, de acordo com o meio em que está inserido e visando a aperfeiçoar a prática docente. PRINCÍPIO: • Realizar um trabalho educativo que incentive os educandos a falar e a escrever melhor e de forma mais fluente. ATIVIDADES PROPOSTAS: a) Imprensa escolar; b) Projeção de filmes; c) Biblioteca escolar; d) Uso de fichários; e) Cooperativa escolar. Encerrando este tema, gostaríamos de retornar à questão essencial da Didática: não basta a escolha de um determinado método ou técnica se não tivermos clareza da intencionalidade de nossa ação. Métodos e técnicas são recursos, mas a educação só acontece se soubermos aonde queremos chegar. 24 2 A CONSTRUÇÃO DA INTENCIONALIDADE DOCENTE Este tema visa a fundamentar a prática docente, abordando aspectos conceituais; reflexões de diferentes teóricos contemporâneos da área educacional, ampliando as visões para os tempos atuais, a relevância do planejamento enquanto processo que mobiliza recursos para uma ação intencional e transformadora. 2.1 O PLANEJAMENTO Uma aranha constrói sua teia com uma perfeição que nunca será atingida por um pedreiro ao construir uma casa. O que distingue o pedreiro da aranha é que este é capaz de conceber sua construção idealmente e planejar as etapas de sua ação, enquanto a aranha repete mecanicamente um comportamento herdado de sua espécie. Karl Marx Vimos, anteriormente, a trajetória histórico-filosófica da Didática e percebemos, ainda, que as práticas escolares sofrem transformações ao longo do tempo. Assim, nesta disciplina, optamos pela concepção de Educação Transformadora34 e a partir dela discutiremos o conceito de planejar. Nosso segundo tema é a discussão da construção da intencionalidade docente por meio do processo de planejar, porém, não podemos deixar de esclarecer, inicialmente, a nossa concepção de educação, isto é, o enfoque que daremos a esse assunto. A Educação Transformadora traz-nos, pela sua vinculação teórica, a idéia de práxis. A concepção de práxis35 diz respeito à unidade dialética entre homem e sociedade em constante transformação. É a partir da idéia de práxis que se origina a visão de Educação como prática transformadora. Esta concepção decorre do 34 A Educação Transformadora refere-se à ação do homem necessária para a transformação da sociedade a qual pertence. 35 Ribas (2000) revelando sua concepção sobre práxis aponta: Trata-se de uma atividade humana consciente e intencional, transformadora da realidade natural e humana. Na práxis descobrimos a racionalidade da prática, ou seja, tomamos consciência da realidade. [...] É na prática e na reflexão sobre ela que o professor consolida ou revê ações, encontra novas bases e descobre novos conhecimentos. (p. 59) 25 pensamento e funda-se nas obras de educadores brasileiros como, por exemplo, Paulo Freire36 em A Pedagogia do Oprimido, Moacir Gadotti 37 em Concepção Dialética da Educação, e Demerval Saviani 38 em Escola e Democracia. 36 Paulo Freire: Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que se deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos". Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958, na sua tese de concurso para a Universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963. A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados. Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto em urbanas. Durante os dez anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesseperíodo, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de dezesseis anos de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores. A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de setenta e dois dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante cinco anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi lá que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do Oprimido. Em Paulo Freire, conviveram o sempre presente senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna. Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do Oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia da Esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995). Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continente (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio. 37 Moacir Gadotti: licenciado em Pedagogia (1967) e em Filosofia (1971). Fez Mestrado em Filosofia da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, 1973), Doutorado em Ciências da Educação na Universidade de Genebra (Suiça, 1977) e Livre Docência na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 1986). Em 1991, prestou concurso para Professor Titular na Universidade de São Paulo. Foi professor de História e Filosofia da Educação em cursos de graduação e pós-graduação em Educação e Filosofia de diversas instituições, entre elas a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Desde 1988, é professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Foi assessor técnico da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (1983-1984) e Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo (1989-1990), na gestão de Paulo Freire. Atualmente é Prof. Titular da Universidade de São Paulo e Diretor do Instituto Paulo Freire. Possui um grande número de publicações em que desenvolve uma proposta educacional cujos eixos são a formação crítica do educador e a construção da Escola 26 A Educação Transformadora fundamenta-se na estreita relação homem- sociedade, evitando, assim, a visão fragmentada da realidade, que mascara a relação do homem com o mundo no qual se insere. Para sua efetivação, faz-se necessário que as ações docentes passem por um processo de organização do trabalho, de forma intencional e sequencial, constituindo-se no ato de planejar, isto é: Planejar como uma atividade relevante dentro do contexto da ação docente visando, objetivamente, a ter clareza suficiente de onde se quer chegar, no que se refere à aprendizagem significativa, bem como aos problemas a serem enfrentados e superados na trajetória do processo pedagógico. Entendemos que aprendizagens significativas são aquelas realizadas pelos próprios alunos, levando-os a "aprender a aprender", ou seja, a compreensão é garantida, para as novas aprendizagens, a partir dos conhecimentos prévios trazidos pelo sujeito. Dessa forma, a construção de significados implica a conexão ou vinculação do que o aluno já sabe com os novos conhecimentos, associando o antigo ao novo, o currículo oculto do aluno. O Esquema 1 abaixo demonstra as características dos conhecimentos prévios: Cidadã, numa perspectiva dialética integradora da educação e orientada pelo paradigma da planetariedade. 38 Demerval Saviani: um dos pioneiros na década de 70, a desenvolver a tentativa de encaminhar dialeticamente o problema dos objetivos e meios da educação brasileira. Sua teoria, sobre a “curvatura da vara agregada aos pressupostos da pedagogia para além da essência e da existência” causou várias discussões no seio acadêmico. 27 Na procura da excelência da aprendizagem Antônio Cachapuz (Aveiro, 2000) remete-nos à reflexão crítica sobre a ampliação da visão do conceito de aprendizagem significativa. A concepção de excelência da aprendizagem de Cachapuz (2000) tem como base quatro pressupostos: • 1º - Devemos buscar superar a sobrevalorização que tem sido dada aos saberes conceituais, ou seja, devemos trabalhar os conceitos de forma a não esperarmos respostas mecânicas e destituídas de significado para os alunos, mas sim que decorram de uma relação indivíduo-sociedade-cultura de forma crítica e reflexiva; • 2º - Devemos respeitar as diferentes trajetórias individuais no processo de construção de conhecimento, sem seguir uma "organização psicológica" (por exemplo: relação idade-conhecimento) ou algum "padrão lógico" pré-estabelecido por forças externas ao interesse individual (por exemplo: partir do mais simples para o mais complexo); • 3º - Devemos enfatizar os conhecimentos trazidos pelos alunos, ou seja, os conhecimentos prévios, tanto quanto os conhecimentos a serem adquiridos no contexto escolar; • 4º - Devemos incluir o processo de problematização entre a aprendizagem e a formação do desenvolvimento do aluno, isto é, a aprendizagem deve decorrer da solução de "problemas" a serem propostos para os alunos dentro de um ambiente interativo. Assim sendo, devemos propor uma relação inter-subjetiva dos diferentes sujeitos do processo de aprendizagem valorizando a relação solidária entre o sujeito, objeto de estudo e sua construção de conhecimento39, processo no qual a linguagem tem uma presença marcante, não sendo utilizada apenas para fins de comunicação. 39 O conhecimento é sempre pessoal, decorrendo da construção a partir das representações contidas no cenário da vida comum, dos livros, das relações contidas nos espaços da sala de aula e da escola, articulados a uma grande rede de significações, isto é, constituindo-se na produção da grande teia tecida por nós que são significativos, construídos por meio das relações entre outros conhecimentos gerando re-significações. 28 O processo educacional, na perspectiva de uma Educação Transformadora, não poderia ser encarado de outra forma, visto que a apropriação, construção e reconstrução dos conhecimentos devem ser priorizadas nos processos que valorizama ação educativa, considerando o homem como um ser pertencente ao seu mundo, em relação com o contexto social ao qual pertence. Como afirma Morin40 (2000, p. 47): 40 Edgar Nahoun (que mais tarde adotará o sobrenome "Morin") nasceu em Paris no dia 8 de julho de 1921. Era o filho único de um casal de judeus sefarditas (descendentes dos judeus expulsos da península ibérica em 1492/1496). Seu pai, Vidal Nahum, nasceu em 1894 em Salônica (cidade grega, na época sob domínio otomano), tendo depois se naturalizado francês. Sua família (cujo nome em hebraico quer dizer "consolação") era originária de Livorno (Itália). Sua mãe, Luna Beressi, sofria de uma grave lesão no coração que a proibia de ter filhos (fato que ocultou ao marido). Edgar viria a ser fruto de uma gravidez que sua mãe não conseguira interromper. O parto se deu em condições dramáticas: o bebê nasceu semimorto, estrangulado pelo cordão umbilical. Foi necessária meia hora de esforço médico para que soltasse o primeiro choro. Aficcionado de cinema, consomiu todos os tipos de filmes (1933-1934), especialmente westerns, melodramas, operetas e filmes de aventura. Fascinou-se pelas divas Brigitte Helm e Gina Manés. Tornou-se um entusiasta de ciclismo e aviação. Lia, principalmente, romances de ação e aventura que encontrava num sebo na Rue de Ménilmontant; devorava autores como Gustave Aimard, Miguel Zevaco, Paul Feval (pai e filho), Jack London, Alphonse Daudet e Charles Dickens. Descobriu as obras de Zola e Balzac. Na 5ª série da escola, travou suas primeiras discussões políticas, motivadas pelo Caso Stavisky e pela manifestação da Cruz de Fogo. 1936 – 1937: A Frente Popular e a Guerra Civil Espanhola impeliram Edgar a se reconhecer politicamente. Passou a ler jornais de diversas tendências: L’Éveil des Peuples, L’Unique, SIA (Solidariedade Internacional Anarquista), Le Canard Enchainé e La Fléche. Engajou-se num ato militante em solidariedade aos anarquistas catalães e participou de seu primeiro comício político: uma reunião trotskista no cais de Valmy. 1938 – 1939: No clima tenso que antecedia a Segunda Guerra Mundial, Edgar aderiu aos Estudantes Frentistas, liderados por Gaston Bergery que preconizava um socialismo nacional e rejeição à guerra. Lá, tornou-se amigo de Georges Delboy, cujo professor de Filosofia, o comunista Maublanc, o introduziu ao marxismo. Em setembro de 1939, Vidal Nahum foi convocado e Edgar foi morar com Henriette, irmã de seu pai. 1942 – 1944: Cada vez mais envolvido em atividades subversivas, resolveu substituir o sobrenome "Nahum" por "Morin". Viveu uma dupla clandestinidade - como judeu e comunista - atuando na Resistência Francesa como militante oculto do Partido Comunista (ou "submarino", como o chamavam). Acuado pela Gestapo, retornou, no verão de 1943, a Toulouse, onde foi acolhido por uma família de operários, os Robène. Organizou sua célula clandestina com a ajuda de "Jean", marinheiro de Hamburgo que havia combatido na Guerra Civil Espanhola e acabaria sendo preso, torturado e morto pela Gestapo, em Toulouse. Voltou para Paris em 1944, onde faz amizade com Marguerite Duras. Participou intensamente das ações da Resistência que culminaram na Insurreição de Paris, em agosto de 1944. 1950 – 1951: Por sugestão de Georges Friedman, Edgar Morin canditou-se à Comissão de Sociologia do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica). Com cartas de recomendação de Merleau-Ponty, Pierre Georges e Vladimir Jankélévitch, conseguiu ser admitido como estagiário de pesquisas. Aproveitou o primeiro ano no CNRS para concluir o livro "L’Homme et la Mort" que seria lançado em 1951. Embora elogiada por intelectuais importantes, como Georges Bataille, Lucien Febvre e Maurice Nadeau, a obra não encontrou ressonância no meio acadêmico e cultural. Foi excluído do PCF por causa de um artigo publicado no jornal "France Observateur". 1971 – 1973: Morin foi iniciado, por Henri Atlan, no pensamento de Heinz von Förster, na teoria da auto-organização e na teoria dos automata auto- reprodutores de Von Neumann. Leu Prigogine, Serres e René Thom. Nesse processo de encontros, reaprendizados e reorganização dos princípios do conhecimento, concebeu a idéia de um livro que se chamaria "La Méthode" (O Método). Desligou-se do Centro Royaumont, por divergências com Monod, passando a direção a Massimo Piatelli. Aproveitou uma estadia de três meses em Nova Iorque, para redigir a introdução geral de "La Méthode" e leu Bachelard, Gottard Gunther, Tarsky, Wittgenstein, Popper, Lakatos, Feyerabend e Holton. Introduziu-se nos problemas lógicos suscitados pelo teorema de Gödel.Publiou "Le Paradigme Perdu: la Nature de l’Homme" (O Paradigma Perdido: a Natureza do 29 Conhecer o humano é, antes de mais nada, situá-lo no universo e não separá-lo dele. [...] Todo conhecimento deve contextualizar seu objeto, para ser pertinente. “Quem somos?” é inseparável de “Onde estamos?”, “De onde viemos?”, “Para onde vamos?” Assim, a ação de planejar é fundamental na constituição do humano. Dessa forma, podemos refletir sobre uma questão que nos auxilia a estruturar um plano contextualizado, isto é, considerando o meio sociocultural: Qual é a escola que se propõe a disseminar e concretizar esses ideais educacionais? Com certeza nos referimos a uma instituição educacional que se propõe a construir, reconstruir e socializar os saberes com competência, para desenvolver um amplo diálogo entre os diferentes atores sociais, sua interação permanente, estimulando a reflexão e promovendo a consciência crítica, destituída de preconceitos de qualquer espécie - aspectos confessionais, de gênero, raça, cor etc. Ribas (2000, p. 62) ressalta e valoriza a importância do professor ser facilitador da aprendizagem, destacando que é na prática e na reflexão sobre ela que o professor consolida ou revê ações, encontra novas bases e descobre novos conhecimentos. Esses referenciais constituem-se em ponto de partida para o processo de planejar, que prevê a aprendizagem de conteúdos, a adoção de materiais, o agrupamento de atividades e a proposição de normas para organização dos trabalhos em classe, despertando interesses e expectativas por parte dos alunos e oferecendo medidas de apoio e orientações necessárias. Não podemos considerar o planejamento como apenas uma obrigação a cumprir é, também, um momento agradável, de trocas. Retomando o processo de planejar, lembramos que devemos identificar os problemas do cotidiano escolar, ter claras as ações a serem organizadas, bem como ter o cuidado no processo de seleção dos procedimentos metodológicos a serem adotados e a seleção de atividades visando a: • O QUE FAZER? • COMO FAZER? • POR QUE FAZER? Homem). Tornou-se co-diretor do Centro de Estudos Transdisciplinares (EHESS), cargo que exerceria até 1989 e para o qual colabora ativamente até hoje. 30 Percebam que esses questionamentos nos remetem à elaboração de um processo cuidadoso de planejar. A sua função primordial é a de organização da ação pedagógica, que necessita de pesquisa, organização e reflexão de forma contínua e flexível. Há algumas características fundamentais a serem observadas no processo de planejar, são elas: • 1ª Característica: O envolvimento de todos os participantes do processo. Como afirma Masetto (1994, p. 77), [...] esta participação coletiva na elaboração do planejamento traz consigo maior realismo e objetividade na identificação dos problemas, nas propostas apresentadas e na luta pela consecução das mesmas. É preciso que todos compartilhem das decisões que envolvem: o que fazer e como fazer. • 2ª Característica: O planejamento, para constituir-se num processo eficiente da ação educativa, deve passar, constantemente,por um processo de (re)avaliação e (re)visão, visando à sua adequação às novas necessidades que permeiam o transcorrer do trabalho docente. • 3ª Característica: O planejamento deve ser flexível, facilitando sua adaptação a possíveis alterações, sejam elas de calendário, introdução de novos temas, novos fatos, interesses etc. A ação de planejar é muito dinâmica. Estamos sempre (re)começando novas etapas, na intenção de aprimorar nossa ação no processo de ensino. O Esquema 2 nos dá uma ideia de como o processo de planejar é uma ação recursiva. 31 Para nortear nossos trabalhos de planejamento, temos documentos oficiais que nos propõem grandes diretrizes a serem atendidas, como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais41(PCN's) formulados pela Secretaria de Educação Fundamental do MEC. 2.2 OS PLANOS: O REGISTRO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO Ai de nós, educadores, se deixamos de sonhar sonhos possíveis. (...) Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história do seu povo, que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que adivinham, realizam. Paulo Freire 41 Os PCN's representam uma referência, um ponto de partida para que se possam articular objetivos e conteúdos, recursos e procedimentos metodológicos, adequando-os à realidade individual, social, regional e local. 32 Antes de iniciarmos a explicitação dos elementos que fazem parte do Plano de Ensino ou de Aula, queremos salientar que, no momento em que os educadores decidem a respeito de quais ações serão tomadas ou delineadas ao longo do ano letivo, ou seja, quais serão as propostas de ensino para a disciplina que ministram, passam de ações planejadas a ações documentadas. Estamos falando, então, da transformação do processo de planejamento em plano de disciplina ou de ensino. 2.2.1 Plano de Disciplina ou de Ensino e de Aula 2.2.1.1 Plano de Ensino O processo de planejamento do ensino, a fim de ser um elemento norteador da ação, compartilhado por todos os educadores em exercício em uma determinada instituição escolar necessita ser registrado, o que nos remete a um documento formal, que é resultante do processo de planejar, ou seja, o Plano de Ensino. Este é elaborado pelos professores contendo as propostas de trabalho de uma determinada área ou disciplina específica. Em outras palavras, trata-se, nesse caso, de documentar aquilo que foi previamente planejado e que será usado no decorrer do processo ensino-aprendizagem, ou seja, é a consolidação das decisões tomadas a partir do planejamento. Vejamos os elementos para a elaboração desse documento. Apresentamos a estrutura de um Plano de Ensino no Esquema 3, para exemplificar. É lógico que, na prática, cada instituição de ensino elabora seu próprio modelo de Plano de Ensino, mas os elementos aqui apresentados estão sempre presentes. 33 01 - EMENTA 02 – OBJETIVOS GERAIS Folha 1 Folha 2 Folha 3 03 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 04 - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 07 – BIBLIOGRAFIA BÁSICA Série: ____________ Turno: _________ Professor Responsável: _________________________________ Curso: ___________________________ Disciplina: ________________________ CH Semanal: ______ CH Anual: ______ 05 - ESTRATÉGIAS TÉCNICAS 06 - AVALIAÇÃO 08 – BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR MODELO DE PLANO DE ENSINO O que queremos dizer com isso é que esperamos que em um bom plano de ensino encontremos a declaração dos objetivos que o docente pretende alcançar ao longo do curso, da seleção organizada, coerente e contextualizada de conteúdos 34 e conhecimentos com os quais irá trabalhar - considerando as especificidades do curso, série e da disciplina, as características e expectativas da clientela e, sobretudo, a articulação com as áreas ou disciplinas afins. Outros elementos42 fazem parte do plano de disciplina ou de ensino e não são menos importantes. • O plano apresenta coerência e logicidade em relação ao Plano Curricular proposto para o curso? • Está adaptado às necessidades e expectativas dos alunos? • Os objetivos propostos para as disciplinas são exeqüíveis e os meios e recursos favorecem a execução? • Os conhecimentos (conteúdos) permitem que os objetivos propostos sejam alcançados? • O tempo destinado ao desenvolvimento dos conteúdos, em seus diversos níveis de complexidade, é suficiente para que esses sejam apreendidos pelos alunos? • Quanto à flexibilidade: Embora tenhamos, a priori, planejadas todas as atividades da disciplina, o plano deve possibilitar a inserção de novas questões, situações não previstas e que podem emergir no cotidiano da sala de aula. A curiosidade do aluno por situações ou problemas atuais pode se tornar um momento oportuno a análises e busca de respostas a questionamentos, além de servir de possibilidade de articulação dos conhecimentos que se vai desenvolver com a realidade. Portanto, a curiosidade do aluno deve ser considerada e, na medida do possível, relacionada ao que se pretende construir; • Quanto à avaliação: Devemos assumir postura diagnóstica de modo a verificar o grau de satisfação e eficácia das ações desenvolvidas, o 42 Exemplos de outros elementos (informações) esperados no Plano de Ensino: • Identificação do professor; • Identificação da disciplina; • Curso em que será ministrada; • Duração/carga horária; • Classe e número de alunos; • Série ou semestre. 35 real dimensionamento do que foi planejado. A avaliação, para se diminuir os níveis de complexidade e de arbitrariedade, precisa acontecer sob as mais diversas formas e, nem por isso, tem-se a garantia de ela ser justa, completa e real. 1. Objetivo(s) Geral(is): ligado(s) às capacidades/habilidades que pretendemos desenvolver com os alunos ao final da disciplina. Exemplo: Capacitar os alunos para a aplicação de...; Proporcionar os conhecimentos básicos sobre... Esses objetivos estão estritamente relacionados aos conhecimentos da disciplina em questão. 2. Objetivos Específicos: estão em estreita relação com o que queremos desenvolver em nossos futuros alunos (capacidade cognitiva, habilidades e atitudes), a partir dos conteúdos específicos da disciplina. Exemplo: Identificar as relações existentes entre...; Estabelecer relações entre...; Apontar as causas e conseqüências de...; Apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis de...; Descrever os fatos...; Construir... Como os objetivos específicos significam, num primeiro momento, o desenvolvimento das capacidades dos alunos, esses objetivos apontam para a escolha das atividades, ou seja, a operacionalização. Os verbos (ações) direcionam as atividades e servem de critérios para a avaliação - verificar em que medida os objetivos foram alcançados. Explicitando: É possível avaliar se o aluno conseguiu apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis de... uma determinada situação ou contexto de conteúdo. Para isso, devemos planejar atividades em os alunos tenham que, de fato, apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis de.... 3. Conteúdos: são a seleção, a relação de conteúdos que serão desenvolvidos em sala de aula. Comumente são apresentados em forma de unidades seqüenciais e com graus de dificuldade - dos mais simples aos mais complexos, subdivididos nos bimestres letivos. Há um apontamento dos conteúdos / temas gerais que serão trabalhados no decorrer do processo ou período letivo. 36 4. Estratégias: são os procedimentos ou critérios selecionados pelo professor e que serão utilizados no desenvolvimento dos conteúdos. As estratégias43 devem facilitar a aquisição de conhecimentos, o processo de aprendizagem. Inúmeras são as estratégias de ensino e podem
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