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Fenômenos Cadavéricos e a Determinação da Hora da Morte

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Cronotanatognose
Gabriella R. Oliveira – Ética e Bioética – 4º período
ainda não pode o perito consciente de suas responsabilidades estabelecer com precisão determinada hora como aquela em que ocorreu a morte. No máximo, deve fazer uma aproximação em uma faixa de tempo tão segura quanto possível. de modo que inclua o real momento da morte. Nesse aspecto, é melhor ampliar a faixa e aderir à verdade do que ser vítima de um preciosismo irresponsável. Dessa informação pode resultar a prisão de um inocente ou a libertação de um culpado cujo álibi o coloque fora daquela estreita faixa garantida pelo competente perito. Além disso, o perito não pode esquecer que poderá vir a ser questionado severamente em um tribunal e que só poderá resistir e manter sua avaliação se estiver bem fundamentado. É imperioso que a interpretação dos resultados seja feita com parcimônia porque, apesar da tecnologia disponível. são muitas as variáveis que interferem na evolução dos fenômenos cadavéricos. A determinação da hora da morte não é importante apenas no foro criminal. Nas Varas de Órfãos e Sucessões, não são raros os casos em que é preciso estabelecer quem morreu primeiro, se o pai ou o filho. Na dependência da ordem de falecimento, a herança pode ir para urna ou outra família. O Código Civil antigo estabelecia em seu artigo 11 que Se dois indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros. presumir-se-ão simultaneamente mortos". Adotou o critério da comoriência. O novo código (Lei 10.406 de I0/0l/20l2) manteve o princípio.
FENÔMENOS CADAVÉRICOS
São as alterações passivas, de ordem física, decorrentes daquela parada, mas inclui a rigidez muscular, de ordem química. São divididos em fenômenos abióticos, ou vitais negativos, e fenômenos transformativos. Os abióticos são divididos em imediatos (decorrentes da parada cardiorrespiratória) e os consecutivos (mais tardios); os transformativos, em destrutivos (putrefação e maceração) e conservadores (mumificação e saponificação).
FENÔMENOS CADAVÉRICOS DE ORDEM FÍSICA
· DESIDRATAÇÃO: A perda de água, que nos vivos é compensada pela ingestão, continua no cadáver de modo contínuo, mas sem reposição. Sua rapidez depende das condições que favorecem a evaporação e que são: baixa umidade do ar. temperatura elevada, boa ventilação e superfície ampla. Nos climas quentes e úmidos, como na maioria dos países tropicais, a umidade alta dificulta e retarda o aparecimento dos sinais que dependem da desidratação. Causa perda de peso, apergaminhamento da pele, dessecamento das mucosas e fenômenos oculares no cadáver. A perda de peso é tanto mais importante quanto maior a proporção de água no corpo, como nos recém-nascidos. O apergaminhamento da pele ocorre nas áreas de arrancamento posterior da epiderme e na pele fina da bolsa escrotal e dos grandes e pequenos lábios da genitália feminina quando desnudas. A pele fica endurecida ao toque, semelhante a couro dessecado e com coloração amarelada. É possível encontrar aspecto semelhante na pele submetida a uma compressão intensa e contínua, como no sulco dos enforcados. Mas o que ocorre aí é unia expulsão dos líquidos orgânicos para as áreas vizinhas. não uma evaporação. O dessecamento das mucosas aumenta·lhes a consistencia e modifica sua cor para uma tonalidade pardo-avermelhada, tal aspecto é confundido com a ação de substâncias cáusticas, principalmente se houver história de envenenamento. São considerados fenômenos oculares: a tela viscosa. A opacificação da córnea, a mancha negra da esclerótica e a hipotonia do globo ocular. A tela viscosa é uma película que substitui o brilho da córnea e que resulta da evaporação da lágrima. É reversível, pois desaparece se pingarmos soro fisiológico. Aparece após alguns minutos da morte, quando o olho permanece aberto. Com o passar das horas. a côrnea vai-se tornando opaca e leitosa, não importando se os olhos estão abertos ou fechados. Após dez a 12 horas, já não é possível ver o fundo do olho com o oftalmoscópio. A mancha negra da esclerótica é o sinal de Sommer, uma modificação da cor que se observa pela fenda palpebral quando os olhos permanecem entreabertos apos a morte. Surge, inicialmente. na metade temporal da fenda. tem forma quase circular e coloração amarelada que vai-se tornando azulada e mais escura à medida que aumenta depois fica enegrecida. Enquanto cresce na metade temporal começa a surgir também na metade nasal da fenda. Por fim, chega a ocupar toda a porção exposta da esclera (parte branca do olho). Resulta de sua maior transparência. que permite ver o pigmento escuro da camada coroide. que fica mais interiormente no olho. Aparece em uma a três horas. quando as condições de evaporação são muito disponíveis, tornando-se negra em seis horas. A hipotensão do globo ocular é um dado que pode ser observado inclusive em vivos quanto em mortos) ao lado de desidratação. Por isso, nao é de se admirar sua ocorrência em cadáveres. 
· RESFRIAMENTO DO CORPO (ALGIDEZ CADAVÉRICA): a temperatura corporal é mantida pelo equilíbrio entre a produção interna de calor, decorrente das reações químicas que constituem a essência da vida, e as perdas para o meio ambiente. Não existindo o metabolismo e suas reações químicas exotérmicas. a nossa temperatura seria sempre semelhante à do meio ambiente. Continuamente, estamos perdendo calor por irradiação. convexão e condução. Com a morte. o corpo humano tende a estabelecer um equilíbrio térmico com o ambiente. A temperatura corporal interna não se reduz. e até aumenta um pouco no período de 10 dias apôs a morte. Se se fizer um registro clínico da temperatura retal, começando logo apôs a morte. resultando uma curva sigmoide. Com um platô inicial seguido por fase de queda rápida e outra final de queda lenta. Um dos principais mecanismos de perda de calor de nosso corpo é a irradiação a partir da superfície cutânea. fato usado para se visualizar pessoas no escuro usando-se óculos sensíveis aos raios infravermelhos (radiação calorífica). Mas o que mantem a pele aquecida e irradiando calor é a circulação do sangue. Com a morte. cessa a circulação e desaparece o principal mecanismo de aquecimento da pele. A partir daí. ela passa a se comportar como a superfície de um cilindro de matéria inerte, obedecendo às leis da termodinâmica. Mas as partes mais profundas do cilindro demoram mais a se resfriar. pois estão insuladas pelas partes mais superficiais. Por outro lado. a produção de calor pelo metabolismo não para de imediato. pois, os tecidos permanecem vivos e só vão morrendo aos poucos. Assim. continua a produção e se perde o principal modo de eliminação do calor. Por isso. a temperatura retal logo após a morte pode aumentar e demorar até quatro horas para voltar ao valor da hora da morte
Conforme o local em que se faca a medida da temperatura do cadáver, é possível encontrar curvas de resfriamento diferentes. A temperatura retal custa mais a abaixar do que a temperatura axilar. Várias são as condições clinicas que causam alteração da temperatura para mais (estados febris, hemorragia cerebral. certos remédios) ou para menos (hipotireoídismo. anemia aguda). Assim. não há como saber a temperatura verdadeira do individuo ao morrer. Sempre haverá a possibilidade de erro para mais ou para menos. É por isso que as estimativas devem estabelecer uma margem ampla de segurança em cujo centro fica a temperatura calculada. A velocidade do resfriamento do corpo pode ser influenciada por vários fatores. A posição em que morreu é importante, pois um corpo encolhido e com os segmentos superpostos tem menor superfície de irradiação de calor do que um estendido. O estado de nutrição também importa. Os
magros representam um cilindro com raio menor e têm proporcionalmente maior superfície para irradiação. Além disso, um panículo adiposo espesso representa uma camada isolante térmica. O vestuário pode fazer com que o corpo perca calor mais devagar. A idade é outro fator importante. As crianças apresentam maior área de irradiação doque os adultos. Pois sua relação superficie/massa corporal é maior. A velocidade e o ritmo de resfriamento estão sujeitos a fatores ambientais que são muito difíceis de aferir. Se o corpo está ao ar livre. as condições climáticas sào importantes. O vento facilita o resfriamento. aumentando as perdas de calor por convexão. A chuva aumenta muito a sua
velocidade, mas a umidade alta a diminui por reduzir a evaporação ao nivel da pele, já que cada grama de agua consome 0.54 cal ao se evaporar. Corpos que jazem em locais com temperatura mais alta que 3 7"C vão-se aquecer. É importante saber se houve, ou não, exposição direta ao sol e por quanto tempo. Nos ambientes fechados. o local onde jaz o corpo pode representar uma proteção contra as perdas de calor, como uma cama, ou facilitar a condução térmica como uma mesa de necropsia metálica. A existência de refrigeração ou aquecimento do ambiente pode modificar o cálculo da hora da morte
se for desligado por algum tempo. A determinação da temperatura retal ajuda a avaliar a hora da morte quando tomada nas prín1eiras 18 horas. Mas é preciso muita cautela em face das numerosas causas de erro apontadas, principalmente o desconhecimento da temperatura do indivíduo ao morrer e a variabilidade dos fatores ambientais. O mais prudente é cotejar o cálculo feito a partir da temperatufa com os outros fenômenos cadavéricos e adotar uma margem grande de segurança.
LIVORES HIPOSTÁTICOS
A pressão intravascular cai a zero tão logo se dá a parada da circulação sanguínea. Assim, a única força que continua a atuar sobre o sangue é a de gravidade, atraindo-o para as partes mais baixas do corpo. ou seja. aquelas que se situam mais próximas do solo. A velocidade com que se produz o · deslocamento do sangue dentro dos vasos, após a morte, pela ação da força de gravidade, depende dos mesmos fatores que modificam o fluxo de qualquer liquido em um sistema de vasos comunicantes. Os fatores mais importantes, são o diametro dos vasos
e a viscosidade do sangue. O diâmetro dos vasos cutâneos pode estar aumentado pela exposição ao calor, ocorrendo o contrário no frio. Quando os vasos sanguíneos estão dilatados e o sangue tem viscosidade díminuida, a migração para as regiões mais declives faz-se mais rapidamente. Essa migração do sangue leva ao aparecimento de pequenas áreas circulares de tonalidade mais avermelhada, em zonas separadas, os livores de hipóstase, que vão aumentando e confluindo até constituirem uma mancha extensa que ocupa toda a face do corpo voltada para o solo. Tal coloração só não aparece nos pontos de apoio do corpo pelo fato de a compressão exercida sobre os capilares e vênulas locais bloquear o seu enchimento. Desse modo, se o indivíduo morrer e ficar apoiado sobre uma grade. o desenho da grade ficará impresso com faixas claras no território dos livores. Costumam ser muito mais fracos, ou mesmo inexistentes, nas cicatrizes em função da sua pouca vascularização. Com o passar do tempo, intensificam-se, e a pressão do sangue vai aumentando dentro dos vasos até que alguns capilares e vênulas são rompidos. Isso leva ao aparecimento de petéquias {minúsculos focos hemorrágicos) nas zonas de maior intensidade dos livores. Aparecem nos membros inferiores dos enforcados após cerca de duas a quatro horas de suspensão do corpo. O legista precisa estar atento a essa possibilidade para não as confundir com equimoses produzidas em vida. Podem ser tão extensas a ponto de formarem sufusões hemorrágicas. Se o corpo for mudado de posição depois da formação dos livores, a gravidade passa a atuar em outra direção e o sangue se desloca para as regiões que se voltaram para a parte mais próxima do solo, desaparecendo gradualmente das áreas onde se haviam formado primitivamente. Diz-se que ainda não estavam fixados. Uma manobra fácil de fazer para saber se os livores já estão fixados, se não vão desaparecer com a mudança de decúbito do corpo, é exercer sobre a mancha pequena compressão digital, ou com qualquer corpo rígido. Se a área comprimida clarear, ainda não houve fixação. A mais aceita explicação era a coagulação intravascular do sangue. Mas os coágulos formados após a morte são dissolvidos por um sistema fibrinolítico, principalmente nas mortes de evolução rápida. Alguns alegam que a fixação decorre da impregnação dos tecidos pela hemoglobina liberada das hemácias pela hemólise que se inicia pouco antes da putrefação, ou com o início delas. Nos corpos de afogados, a hemólise pode ser tão intensa a ponto de simular extensas hemorragias na face profunda do couro cabeludo. Há os que falam em passagem das hemácias por roturas ou através das paredes vasculares para infiltrar os tecidos de modo difuso. Mais recentemente, foi proposto que a fixação dos livores ocorre por causa da passagem da parte líquida do sangue (plasma) para os tecidos, deixando as hemácias muito aglomeradas dentro dos vasos, o que impediria seu deslocamento para outras regiões. A cor dos livores pode variar de acordo com a causa da morte. Como o que lhe confere a cor é a hemoglobina, alterações na cor desse pigmento refletem-se nos livores. Assim, nos casos de intoxicação pelo monóxido de carbono, assumem coloração vermelho-carmim por causa da formação da carboxiemoglobina, que tem cor vermelho-cereja. Essa mudança de cor é nítida quando se atinge concentração de 30% de carboxiemoglobina. Nas intoxicações pelo cianeto e pelo fluoroacetato, há bloqueio da respiração celular e do consumo de oxigênio, o que leva à manutenção de altos teores de oxiemoglobina no sangue, tornando os livores de cor vermelha mais intensa, mais viva. Contudo, isso pode resultar da formação de cianoemoglobina. Quando a morte resulta de asfixia, seja qual for a causa, a proporção de hemoglobina reduzida é muito grande, e os livores assumem coloração violácea escura, mais ou menos intensa, na dependência do teor de hemoglobina no sangue. Nas intoxicações por agentes oxidantes enérgicos, como os cloratos, nitratos, nitrobenzeno e anilinas, forma-se metemoglobina, que é de cor muito escura, o que torna os livores pardo avermelhados. Cadáveres mantidos em ambientes muito frios, como em geladeiras, costumam mudar a cor dos livores para uma tonalidade vermelha mais clara. O mesmo ocorre em corpos expostos ao ar livre em regiões de inverno rigoroso. Alguns autores explicam-no pela retenção de oxigênio nos tecidos pela falta de dissociação da Hb13 ou pela maior pressão de difusão do oxigênio da atmosfera através da pele. Não há qualquer dificuldade no reconhecimento dos livores quando já estão difundidos. Mas, no inicio de sua formação, pode ser dificil distingui-los de focos de hiperemia. Nas pessoas que morrem por anemia aguda, ou que apresentavam intensa anemia no curso de outra doença, os livores são muito pálidos, quase imperceptíveis, e demoram mais a se evidenciar. Nos indivíduos de raça negra, toma-se impossível reconhece-los, mas, fazendo-se cortes na pele, é possível ver o sangue brotar dos pequenos vasos das áreas dos livores. Os vasos viscerais também sofrem a ação da força de gravidade. Isso produz a hipóstase visceral. A redistribuição do sangue nas vísceras modifica sua coloração conforme a posição
do cadáver e pode levar os peritos menos experientes a erros de interpretação. Assim, não é raro que necropsistas interpretem como infarto do miocárdio a coloração vermelha mais escura da metade posterior do septo interventricular e porção adjacente do ventrículo esquerdo. As porções posteriores dos lobos pulmonares costumam ficar mais escuras e congestas do que as anteriores quando o corpo fica muito tempo em decúbito dorsal. Mas a distribuição dessa congestão, que não obedece a um padrão de segmentação dos brônquios nem dos vasos, auxilia a confirmar que se trata de hipóstase. No couro cabeludo, a parte tomada pelos livores mostra-se muito congesta e sangra bastante quando dos cortes feitos durante a necrópsia. A mesma congestão pode ser evidenciada nos vasos da pia-aracnóide, que envolve a metade posterior do cérebro, o cerebelo e a medula,e nos seios venosos da dura-máter.
Valor Médico-legal dos livores
são sinal tardio da realidade da morte. Mas há referências a seu aparecimento um pouco antes da morte nos casos de agonias ou de coma prolongados. O fenômeno à ocorrência de colapso circulatório periférico anterior à morte e outros, à dificuldade de retomo venoso associado à flacidez muscular dos membros paralisados. Pela cor dos livores, é possível ter uma idéia da causa da morte cm alguns casos. A mudança de posição de um corpo pode ser denunciada pela fixação dos livores, pois eles não desaparecem onde estiverem fixos e se formam em outras áreas que tenham sido colocadas em posição mais próxima do solo. Quanto à cronologia da morte, seu valor é relativo. Como é um fenômeno progressivo, que depende da situação de uma força constante, sua evolução é previsível. Contudo, depende de avaliação subjetiva visual. Quando refere-se ao inicio dos livores, pode estar pensando nas pequenas manchas iniciais ou nas manchas maiores e resultantes da confluência daquelas mais elementares. Do mesmo modo, a fixação depende de um critério subjetivo, como por exemplo, o tempo esperado para que desapareça de uma face do corpo para se formar de novo. Na face oposta. Além do mais, ora os livores mudam de posição completamente, ora parcialmente, ou até não se formam na nova posição de declive. Quanto a hora da morte pelos livores é que se iniciam de 10 minutos a quatro horas, atingem o máximo com cerca de 12 horas e persistem até à putrefação. Logo, não nos deve causar surpresa que as condições que antecipam a formação e difusão dos livores sejam: temperatura ambiente alta, morte rápida sem perda sanguínea, asfixias e certas intoxicações; e as que tendem a retardá-los: frio, anemias, morte lenta, diarréias, vômitos e outras causas de desidratação.
FENÔMENOS CADAVÉRICOS DE ORDEM QUIMICA
Autólise: É a destruição das células pela ação descontrolada das suas próprias enzimas. Assim que ocorre a parada circulatória, cessa o aporte de oxigênio aos tecidos. Por isso, as reações químicas dependentes de um bom nível de oxigenação dão lugar a outras de natureza anaeróbica. Ex: a queima da glicose pára na fase de produção de ácido láctico, sem chegar a produzir gás carbônico e água. Esse desvio metabólico leva a um acúmulo de radicais ácidos, com baixa do pH do sangue e liberação das enzimas atê então contidas nos lisossomas. As células afetadas mais rapidamente pela autólise são aquelas mais ricas em enzimas proteolíticas, pelo fato de que essas enzimas passam a destruir as proteínas ·constituintes das estruturas celulares. Assim, as células da ·mucosa gástrica, da mucosa intestinal e do pâncreas são as que primeiro sofrem a destruição autolítica. Os neurônios, embora mais carentes de oxigênio e, por isso, mais vulneráveis a uma parada cardíaca, não sofrem autólise tão rápida porque não contêm lisossomas cheios de enzimas. A autólise do tecido
nervoso pode ser diminuída se, antes da parada circulatória, houver um período prolongado de má oxigenação. Durante esse período, a quantidade de enzimas é reduzida, sobrando menos delas para efetuar a autólise. As modificações histológicas costumam atrapalhar muito o exame histopatológico, por vezes impedindo que se chegue a um diagnóstico.
Rigidez Muscular: É facilmente reconhecida, tanto por médicos como por leigos, já que leva a um aumento da consistência muscular que torna os segmentos do corpo de dificil manuseio. Sabe-se que ocorre tanto nos músculos esqueléticos como no cardíaco e na musculatura lisa. Esta última é formada por células musculares pequenas, providas de apenas um núcleo, que se associam em feixes encontrados na parede das vísceras ocas, nos vasos sanguíneos e em outras estruturas sólidas do organismo. Os músculos esqueléticos são formados
por feixes de fibras musculares, os fascículos, separados por septos de tecido conjuntivo. Cada fibra muscular é formada por 1.000 a 2.000 fibrilas. Cada fibrila muscular é formada por milhares de miofilamentos. Existem dois tipos de miofilamentos: um fino, formado pela actina, e um espesso, pela miosina. Esses miofilamentos estão arranjados paralelamente ao longo das miofibrilas, mas de modo entremeado, como os pelos de duas escovas que fizéssemos se interpenetrar, O comprimento entre duas linhas Z corresponde a uma unidade funcional da fibrila e, como consequência, da fibra muscular - o sarcômero. A contração faz com que haja uma aproximação das linhas Z entre si porque elas estão presas aos filamentos de actina, e esses são puxados pela miosina, no momento da contração, na direção do centro do sarcômero: Isso ocorre porque a molécula da miosina tem uma cadeia proteica central pesada, a qual se prendem cadeias laterais mais leves, com a propriedade de se combinar com a molécula do ATP (adenosin-triphosfate). Depois dessa combinação, as cadeias leves formam um complexo com a actina - complexo
actina-miosina. Quando se forma esse complexo, realiza-se um movimento de pivô no sentido do centro do sarcômero, como se fosse uma remada, puxando a actina. Após esse deslocamento, há degradação do ATP por uma enzima, a ATPase, o que fornece energia para liberar a actina. As fibrilas podem encurtar seu comprimento em até 50%, uma
vez que o deslocamento de cada linha Z corresponde a '1 do comprimento do sarcômero. Como há cerca de 4.000 sarcõmeros por centímetro de fibrila, a amplitude do movimento muscular é bem grande. Logo em seguida, o ATP tem que ser regenerado. A energia necessária para a renovação do ATP provém da queima da glicose, ou da fosfocreatina. Mas a queima da glicose pode ser por via aeróbica, na presença de oxigênio, com produção de CO e água; ou por via anaeróbica, com produção de ácido lâctico. A via aeróbica é lenta e pode manter a contração muscular por muito tempo, desde que haja oxigênio disponível, mas a outra via esgota-se rapidamente, em menos de um minutos. Com a renovação do ATP, o ciclo de formação do complexo actina-miosina pode-se repetir para aumentar ou manter a contração muscular.
Intensidade: 
Evolução: 
Espasmo: 
Putrefação: 
Fases de putrefação:
Maceração:
Saponificação:
Mumificação:

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