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PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE – Prof. Livia Beatriz Aula 9 – Aaron Beck Aaron Beck • Aaron Beck nasceu dia 18 de julho de 1921 em Rhode Island nos EUA. Seus pais eram judeus imigrantes da Rússia. Ele estudou na Brown University, graduado em 1942 nas áreas de Inglês e Ciência Política. Depois, estudou na Yale Medical School, formando-se em Medicina no ano de 1946. • Passou a dar aulas sobre psiquiatria na University of Pennsylvania, onde estabeleceu uma pesquisa clínica sobre depressão. Teve seus estudos principalmente focados no tratamento da depressão e passou a questionar o tratamento somente fármaco. • Conhecido como o pai da Terapia Cognitivo Comportamental, desenvolveu sua teoria depois de perceber que os métodos antes utilizados, não eram tão eficientes no tratamento da depressão. • Depois de ver o sucesso do tratamento psicoterápico para os pacientes com depressão, passou a expandir e utilizar técnicas similares para tratar outras doenças como ansiedade e transtornos de personalidade. • Foi também o criador do Beck Institute, juntamente com sua filha psicóloga, Judith Beck. O Instituto possui como objetivo o estudo de doenças psíquicas e treinamento sobre a Terapia Cognitivo-Comportamental para profissionais. • O primeiro trabalho que Aaron Beck desenvolveu foi a Terapia Cognitiva da Depressão. A partir daí o modelo evoluiu e tem sido aplicado ao tratamento de todas as síndromes clínicas, em todas as idades e utilizada em uma variedade de contextos. Seu modelo traz a seguinte tese: importantes estruturas cognitivas estão categórica e hierarquicamente organizadas. As principais teorias contemporâneas da estrutura e desenvolvimento cognitivos estão coerentes com essa formulação. Cognição • A TC utiliza o conceito de cognição pensar os fenômenos relativos à psicologia humana, o processo de prever e identificar relações entre eventos de modo a facilitar a adaptação a ambientes passiveis de mudanças. • É uma abordagem que focaliza o trabalho sobre os fatores cognitivos da psicopatologia – Estudo dos processos cognitivos ou processamento da informação que inclui: percepção, interpretação, recordação (como o ser humano processa e constrói o mundo). Teoria Cognitiva • A principal colocação e a mais básica do modelo da Terapia Cognitiva é de que são as categorias atributivas (as qualificações, significados) as que constituem a principal fonte de afeto e conduta disfuncionais em adultos. Isso quer dizer que a maneira como uma pessoa avalia uma situação geralmente se apresentam as suas cognições, isto é, em pensamentos e imagens visuais de cada sujeito. • As cognições como circunstâncias verbais ou pictóricas têm base em atitudes ou suposições desenvolvidas a partir de experiências prévias. Modelo Cognitivo Níveis de Cognição • Três níveis de cognições são identificados pela TCC, sendo eles: pensamentos automáticos (PAs), crenças intermediárias e crenças centrais (A. Beck et al., 1997). • Os PAs (pensamentos automáticos) fazem parte de um fluxo de processamento cognitivo subjacente ao processamento consciente. Geralmente, são particulares ao indivíduo e ocorrem de maneira rápida através da avaliação do significado de episódios de sua vida. • De acordo com J. Beck (1997), as crenças centrais ou nucleares são desenvolvidas na infância através das interações do indivíduo com outras pessoas significativas e da vivência de muitas situações que fortaleçam essa idéia. As crenças centrais podem ser relacionadas ao próprio indivíduo, às outras pessoas ou ao mundo. Geralmente, essas crenças são globais, excessivamente generalizáveis e absolutistas. representam os mecanismos desenvolvidos pelas pessoas para lidar com as situações cotidianas, ou seja, a maneira como os indivíduos percebem a si mesmos, aos outros e ao mundo, e ao futuro, sendo esta percepção chamada de tríade cognitiva. • As crenças centrais acabam influenciando o desenvolvimento das crenças intermediárias, que consistem em atitudes, regras e suposições. • Para Judith Beck (1997), as crenças são formadas a partir da relação estabelecida entre os indivíduos e o mundo no qual eles se encontram inseridos, e elas são consideradas "as lentes" a partir das quais eles interpretam as situações de vida. TC – Aaron Beck • Para Beck comportamento e afeto são influenciados e determinados pelo modo como as pessoas estruturam e atribuem significado ao mundo e as situações vivenciadas. • Nas pessoas deprimidas as informações positivas são bloqueadas e as informações negativas são prontamente aceitas. Padrões automáticos estereotipados que poderíamos rotular de “pensamento sem reflexão”. • “Em resposta a situações traumáticas o indivíduo normal ainda manterá interesse pela vida e avaliará realisticamente outros aspectos não traumáticos de sua vida. Por outro lado, o pensamento da pessoa propensa a depressão torna-se marcadamente restrito e ideias negativistas se desenvolvem sobre cada aspecto de sua vida” (Beck, p.14 – indicação texto aula) Modelos Teórico-Explicativos Sobre O Funcionamento Humano • Modelo de processamento de informações esquemático ou linear (modelo primário da depressão e outros transtornos) ➢ Identificou que os conteúdos representativos na depressão (pensamentos), temas da cognição consciente, eram distorções cognitivas de autoavaliação, expectativas e memória negativa. ➢ Utilizou 3 conceitos para explicar o substrato psicológico da depressão: o Tríade cognitiva: 1. interpreta as experiências de forma negativa; 2. percebe a si mesmo de forma negativa; 3. percebe o futuro de forma negativa) o Erros de distorções cognitivas / falha no processamento da informação: distorções da realidade e erros sistemáticos de preconceito contra si mesmo. o Esquemas: se formam a partir das crenças centrais. São estruturas estáveis que constituem a personalidade Esquemas • Esquemas são regras e padrões que regem o processamento de informações e, consequentemente, as nossas ações. Os esquemas vão sendo formados ao longo da vida, ainda bem cedo a partir das crenças centrais das quais são compostos. • O esquema constitui o fundamento que molda os estímulos e os torna cognição (pensamento, significação), funciona extraindo, codificando e diferenciando dados do mundo, avaliando as situações e as experiências, e faz isso a partir de uma matriz de esquemas. Esquemas e Personalidade • “A terapia cognitiva considera que a personalidade se baseia na operação coordenada de sistemas complexos que foram selecionados ou adaptados para assegurar sobrevivência biológica. Os vários sistemas apresentam continuidade através do tempo e das situações de vida e foram descritos em escritos psicológicos como os inúmeros “traços” e “transtornos” da personalidade. Mais abstratamente, esses atos coordenados consistentes são controlados por processos ou estruturas genética e ambientalmente determinados, denominados esquemas. • Os esquemas são essencialmente “estruturas de significados” conscientes e inconscientes, eles servem a função de sobrevivência. Para ser efetivo, o processo esquemático deve ser adaptativo a demandas sociais e ambientais imediatas por meio da coordenação e de operações de sistemas adaptativos” (Beck, p. 35 – indicação texto aula) Personalidade • Para Beck, a personalidade seria um resultado da interação entre as disposições genéticas e as experiências, sendo, ainda, um conjunto de esquemas individuais que determinam o funcionamento dos sistemas cognitivos, motivacionais e emocionais em relação aos contextos ambiental, biológico e social. Para Beck, isso constituiria os "traços" ou padrões de personalidade que seriam organizações de processos esquemáticos. • Considerações importantes: ➢ As crenças se organizam segundo uma hierarquia que atribui significados progressivamente mais amplos e mais complexos, em níveis sucessivos. ➢ A personalidade é um todo coerente, organizado, dinâmico, por estar voltado aalcançar objetivos, por ser sensível e adaptativo ao contexto ambiental. • Conclusão: ➢ “A personalidade diz de um conjunto de esquemas individuais que determinam o funcionamento dos sistemas motivacionais, cognitivos, emocionais em relação ao contexto ambiental, social e biológico. Isto constituiria os traços ou padrões da personalidade (por exemplo, dependente, extrovertido, agressivo, tímido) padrões estes que seriam organizações de processos esquemáticos, ou seja, conjuntos organizados de estruturas cognitivas denominadas esquemas onde estariam contidas as crenças e as funções de selecionar, sintetizar e atribuir significado ás situações, mantendo certa estabilidade dos sistemas cognitivos, afetivos e comportamentais ao longo do tempo” (Beck, p.32 – texto indicação aula)
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