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Para uma entrada axial, a velocidade tangencial Vt1 = 0, e para pás de saída radial Vt2 = R2ω, de modo que a Eq. 10.1c fica reduzida a Teixo = ω = ω ρQ em que usamos a continuidade ( = ρQ). Portanto, e Este problema ilustra a aplicação da equação de Euler para turbomáquina para um volume de controle fixo a uma máquina de fluxo centrífuga. Eficiência – Potência Hidráulica O torque e a potência previstos pela aplicação da equação da quantidade de movimento angular ao rotor de uma turbomáquina (Eqs. 10.1c e 10.2a) são valores idealizados. Na prática, a potência do rotor e a taxa de variação da energia do fluido não são iguais. A transferência de energia entre o rotor e o fluido causa perdas por efeitos viscosos, por desvios do escoamento uniforme e por desvios de direção do escoamento em relação aos ângulos das pás. A transformação de energia cinética em aumento de pressão pela difusão do fluido no invólucro fixo introduz mais perdas. Dissipação de energia ocorre em selos e mancais e no atrito do fluido entre o rotor e a carcaça (perdas “windage”). A aplicação da primeira lei da termodinâmica a um volume de controle envolvendo o rotor mostra que estas “perdas” na energia mecânica são conversões irreversíveis de energia mecânica em energia térmica. Da mesma forma que no caso de escoamento em tubo discutido no Capítulo 8, a energia térmica aparece sob a forma de energia interna na corrente de fluido, ou como calor transferido para a vizinhança. Por causa dessas perdas, a potência real entregue ao fluido por uma bomba é menor do que aquela prevista pela equação de quantidade de movimento angular. No caso de uma turbina, a potência real entregue ao eixo é menor do que a potência cedida pela corrente de fluido. Podemos definir a potência, a altura de carga e a eficiência de uma turbomáquina, baseados em que a máquina ou realiza trabalho (ou potência) sobre o fluido ou extrai trabalho (ou potência) do fluido. Para uma bomba, a potência hidráulica é dada pela taxa de energia mecânica cedida ao fluido, em que Para uma bomba, o aumento de carga medido em uma bancada de testes é menor do que aquele produzido pelo rotor. A taxa de energia mecânica recebida é maior do que a taxa de aumento de carga produzida pelo rotor. A potência mecânica necessária para acionar a bomba é relacionada com a potência hidráulica pela definição da eficiência de bomba como Para avaliar a variação real na altura de carga através da máquina a partir da Eq. 10.3b, devemos conhecer a pressão, a velocidade e a elevação do fluido nas duas seções de medição. A velocidade do fluido pode ser calculada a partir da vazão volumétrica e dos diâmetros de passagem medidos. (Linhas de descarga e de sucção para bombas têm em geral diâmetros diferentes.) A pressão estática é geralmente medida em trechos retos de tubos a montante da entrada da bomba e a jusante da saída da bomba. A elevação de cada manômetro pode ser registrada, ou as leituras de pressão estática podem ser corrigidas para a mesma elevação. (A linha de centro da bomba fornece um nível de referência conveniente.) Para uma turbina hidráulica, a potência hidráulica é definida como a taxa de energia mecânica retirada da corrente de fluido em escoamento, em que Para uma turbina hidráulica, a potência cedida pelo rotor (a potência mecânica) é menor do que a taxa de energia transferida do fluido para o rotor, porque o rotor tem que superar perdas por atrito, viscoso e mecânico. A potência mecânica fornecida por uma turbina é relacionada com a potência hidráulica pela definição da eficiência de turbina como As Eqs. 10.4a e 10.4b mostram que, para obter potência máxima de uma turbina hidráulica, é importante minimizar a energia mecânica do escoamento de saída da turbina. Isto é realizado, na prática, fazendo a pressão, a velocidade e a elevação do fluido na saída da turbina tão pequenos quanto possível. A turbina deve ser montada em uma elevação mais próxima possível do nível do rio de coleta da descarga de água, atentando para o aumento do nível no período de enchente. Testes para medir eficiência de turbina podem ser realizados para vários níveis de potência produzida e para diferentes condições de carga constante (veja a discussão das Figs. 10.35 e 10.36). Análise Dimensional e Velocidade Específica A análise dimensional para turbomáquinas foi introduzida no Capítulo 7, em que os coeficientes adimensionais de vazão, de altura de carga e de potência foram deduzidos de forma generalizada. Os parâmetros independentes eram o coeficiente de vazão e uma forma do número de Reynolds. Os parâmetros dependentes eram os coeficientes de altura de carga e de potência. Nosso objetivo aqui é desenvolver as formas de coeficientes adimensionais de uso comum, e dar exemplos ilustrando seus empregos na seleção de um tipo de máquina, no projeto de testes com modelos e no transporte por escala dos resultados. Uma vez que desenvolvemos uma teoria idealizada para turbomáquinas, podemos ganhar mais compreensão física desenvolvendo coeficientes adimensionais diretamente a partir das equações de cálculo resultantes. Então, aplicaremos essas expressões para dimensionamento de turbomáquinas por meio de regras de similaridade na Seção 10.3. O coeficiente de vazão adimensional, Φ, é definido pela normalização da vazão volumétrica, usando a área de saída e a velocidade da roda na descarga. Assim, em que Vn2 é a componente da velocidade perpendicular à área de saída. Esta componente é também referida como velocidade meridional no plano de saída da roda. Ela aparece em verdadeira grandeza na projeção no plano meridional, que é qualquer seção reta radial através da linha de centro de uma máquina. Um coeficiente de carga adimensional, Ψ, pode ser obtido pela normalização da altura de carga, H (Eq. 10.2c), com /g. Assim, Um coeficiente de torque adimensional, τ, pode ser obtido normalizando o torque, T (Eq. 10.1c) com ρA2 R2. Assim, Finalmente, o coeficiente de potência adimensional, Π, é obtido pela normalização da potência, (Eq. 10.2b), com = ρQ . Assim, Para bombas, a potência mecânica de entrada excede a potência hidráulica, e a eficiência é definida como ηp = h/ m (Eq. 10.3c). Daí, Introduzindo os coeficientes adimensionais Φ (Eq. 10.5), Ψ (Eq. 10.6) e τ (Eq. 10.7) na Eq. 10.9, obtemos uma relação análoga entre os coeficientes adimensionais como Para turbinas, a potência mecânica de saída é inferior à potência hidráulica, e a eficiência é definida como ηt = m/ h (Eq. 10.4c). Daí, Introduzindo os coeficientes adimensionais Φ, Ψ e τ na Eq. 10.11, obtemos uma relação análoga entre os coeficientes adimensionais como Os coeficientes adimensionais formam a base para o projeto de testes com modelos e para o transporte de resultados por escala para o protótipo. Conforme mostrado no Capítulo 7, o coeficiente de vazão Φ é tratado como o parâmetro independente. Então, se os efeitos viscosos forem desprezados, os coeficientes de carga, de torque e de potência são tratados como parâmetros dependentes múltiplos. Com estas hipóteses, a semelhança dinâmica é alcançada quando o coeficiente de vazão do modelo igualase ao do protótipo. Como discutido no Capítulo 7, um parâmetro útil chamado velocidade específica pôde ser obtido combinando os coeficientes de vazão e de carga e eliminando o tamanho da máquina. O resultado foi Quando a altura de carga é expressa como energia por unidade de massa (isto é, com dimensões equivalentes a L2/t2, ou g vezes a carga em altura de líquido), e ω é expressa em radianos por segundo, a velocidade específica definida pela Eq. 7.22a é adimensional. Embora a velocidade específica seja um parâmetro adimensional,é prática comum utilizar uma equação de “engenharia” na forma da Eq. 7.22a, na qual ω e Q são especificados em unidades convenientes, porém inconsistentes, e a energia por unidade de massa, h, é substituída pela energia por unidade de peso, H. Quando isto é feito, a velocidade específica não é um parâmetro sem unidades e o seu módulo depende das unidades empregadas para calculálo. Unidades habituais usadas nos Estados Unidos na prática de engenharia de bombas são rpm para ω, gpm para Q e pés (energia por unidade de peso) para H. Na prática, o símbolo N é usado para representar a taxa de rotação (ω) em rpm. Dessa forma, a velocidade específica dimensional para bombas, expressa em unidades habituais dos Estados Unidos,* tornase Os valores de velocidade específica adimensional, NS(Eq. 7.22a), devem ser multiplicados por 2733 para obter os valores da velocidade específica correspondentes a este conjunto corriqueiro de unidades, embora inconsistente (veja o Exemplo 10.2). Para turbinas hidráulicas, usamos o fato de que a produção de potência é proporcional à vazão e à altura de carga, α ρQH em unidades consistentes. Substituindo /ρh por Q na Eq. 7.22a, resulta, como a forma adimensional da velocidade específica. Na prática de engenharia nos Estados Unidos é usual eliminar o fator ρ1/2(a água é invariavelmente o fluido de trabalho nas turbinas para as quais a velocidade específica é aplicada) e usar a carga H em lugar da energia por unidade de massa, h. Unidades habituais usadas na prática de engenharia de turbinas hidráulicas nos Estados Unidos são rpm para ω, hp (horsepower) para e pés para H. Na prática, o símbolo N é usado para representar a taxa de rotação (ω) em rpm. Dessa forma, a velocidade específica dimensional para uma turbina hidráulica, expressa em unidades corriqueiras nos Estados Unidos, tornase Os valores de velocidade específica adimensional para uma turbina hidráulica, NS (Eq. 10.13a), devem ser multiplicados por 43,46 para obter os valores de velocidade específica correspondentes para este conjunto usual de unidades, embora inconsistente. A velocidade específica pode ser pensada como a velocidade de operação na qual a máquina produz altura de carga unitária a uma vazão volumétrica unitária (ou para uma turbina hidráulica, potência unitária a uma carga unitária). Para ver isso, resolva para N nas Eqs. 7.22b e 10.13b, respectivamente. Para bombas e para turbinas hidráulicas Mantendo a velocidade específica constante, são descritas todas as condições de operação de máquinas geometricamente semelhantes com condições similares de escoamento. É comum caracterizar uma máquina pela sua velocidade específica no ponto de projeto. Tem sido verificado que esta velocidade específica caracteriza os aspectos de projeto hidráulico de uma máquina. Baixas velocidades específicas correspondem à operação eficiente de máquinas de fluxo radial. Altas velocidades específicas correspondem à operação eficiente de máquinas de fluxo axial. Para uma carga e uma vazão especificadas, pode ser escolhida tanto uma máquina de baixa velocidade específica (que opera a baixa velocidade) quanto uma de alta velocidade específica (que opera a velocidades mais altas). Proporções típicas para projetos de bombas comerciais e suas variações com a velocidade específica adimensional são mostradas na Fig. 10.8. Nesta figura, o tamanho de cada máquina foi ajustado para dar a mesma altura de carga e a mesma vazão para rotação a uma velocidade correspondente à velocidade específica. Assim, pode ser visto que, se o tamanho e o peso da máquina forem críticos, a escolha deveria cair sobre uma velocidade específica mais alta. A Fig. 10.8 mostra a tendência de geometrias de bombas, partindo das bombas radiais (puramente centrífugas), passando pelas de fluxo misto, até as de fluxo axial, conforme a velocidade específica aumenta. As tendências de eficiência correspondentes para bombas típicas são mostradas na Fig. 10.9, na qual é visto que a capacidade da bomba em geral aumenta com o aumento da velocidade específica. A figura mostra também que, para qualquer velocidade específica dada, a eficiência é maior para bombas grandes do que para pequenas. Fisicamente, este efeito de escala significa que as perdas viscosas tornamse menos importantes à medida que o tamanho da bomba aumenta. As proporções características de turbinas hidráulicas também são correlacionadas pela velocidade específica, conforme mostrado na Fig. 10.10. Assim como na Fig. 10.8, o tamanho da máquina foi colocado em escala nesta ilustração de modo que a máquina forneça aproximadamente a mesma potência para carga unitária, quando girando a uma velocidade igual à velocidade específica. As tendências de eficiência correspondentes para turbinas típicas são mostradas na Fig. 10.11. Fig. 10.8 Proporções geométricas típicas de bombas comerciais variando com a velocidade específica adimensional [5]. Fig. 10.9 Eficiências médias de bombas comerciais variando com a velocidade específica e com o tamanho da bomba [6]. Fig. 10.10 Proporções geométricas típicas de turbinas hidráulicas comerciais variando com a velocidade específica adimensional [5]. Fig. 10.11 Eficiências médias de turbinas hidráulicas comerciais variando com a velocidade específica [6]. Diversas variações de velocidade específica, calculadas diretamente de unidades de engenharia, são largamente usadas na prática. As formas de velocidade específica mais comumente empregadas são definidas e comparadas no Exemplo 10.2. Exemplo 10.2 COMPARAÇÃO DE DEFINIÇÕES DE VELOCIDADE ESPECÍFICA No ponto de melhor eficiência, uma bomba centrífuga, com diâmetro de rotor D = 200 mm, produz H = 7 m a Q = 68 m3/h com N = 1170 rpm. Calcule as velocidades específicas de engenharia e adimensionais. Desenvolva fatores de conversão para relacionar as velocidades específicas. Dados: Bomba centrífuga no ponto de melhor eficiência (PME ou BEP). Considere que as características da bomba são H = 7 m, Q = 68 m3/h e ω = 1170 rpm. Determinar: (a) Velocidade específica em unidades usuais dos Estados Unidos. (b) Velocidade específica em unidades SI. (c) Velocidade específica em unidades europeias. (d) Fatores de conversão apropriados para relacionar as velocidades específicas. Solução: Equações básicas: A partir das informações dadas, a velocidade específica em unidades usuais dos Estados Unidos é A energia por unidade de massa é h = gH = 9,81 × 6,68 m= 65,5 m2/s2 A velocidade específica adimensional é Para relacionar as velocidades específicas, forme razões: Este problema demonstra o uso das equações “de engenharia” para calcular velocidade específica de bombas a partir de cada um dos três conjuntos de unidades comumente utilizados e comparar os resultados. (Neste exemplo, três algarismos significativos foram usados em todos os cálculos. Resultados ligeiramente diferentes podem ser obtidos, se um maior número de algarismos significativos for considerado nos cálculos intermediários.) 10.3 Bombas, Ventiladores e Sopradores Agora, vamos analisar várias máquinas de fluxo em detalhes. Começaremos nossa discussão com máquinas rotativas que realizam trabalho sobre um fluido incompressível, a saber, bombas, ventiladores e sopradores. Aplicação da Equação de Euler para Tubomáquina para Bombas Centrífugas Como demonstrado no Fig. 10.7 na Seção 10.2 representa o escoamento através de um rotor simples de bomba centrífuga. Se o fluido entra no rotor com uma velocidade absoluta puramente radial, ele não terá quantidade de movimento angular e Vt1 é identicamente zero. Com Vt1 = 0, o aumento em altura de carga (da Eq. 10.2c) é dado por Do diagrama de velocidade de saída da Fig. 10.7c, Então, Para um rotor de largura w, a vazão volumétrica é Para expressaro aumento na altura de carga em termos da vazão volumétrica, substituímos Vn1 em termos de Q a partir da Eq. 10.17. Assim, A Eq. 10.18a é da forma em que as constantes C1 e C2 são funções da geometria e da velocidade da máquina, Desse modo, a Eq. 10.18a prevê uma variação linear da altura de carga, H, com a vazão em volume, Q. Note que essa relação linear é um modelo ideal; dispositivos reais podem ter apenas uma variação linear aproximada e podem ser modelados melhor através de um método baseado em uma curva obtida a partir de dados experimentais. (Veremos um caso desse tipo no Exemplo 10.5.) A constante C1 = /g representa a altura de carga ideal desenvolvida pela bomba para vazão zero; isto é denominado altura de carga de bloqueio (ou de “shutoff”). A inclinação da curva de altura de carga versus vazão volumétrica (a curva H − Q) depende do sinal e da magnitude de C2. Para pás de saída radial, β2 = 90º e C2 = 0. A componente tangencial da velocidade absoluta na saída é igual à velocidade do rotor e é independente da vazão. Da Eq. 10.18a, a altura de carga ideal é independente da vazão. A curva característica H − Q está traçada na Fig. 10.12. Se as pás são curvadas para trás (conforme mostrado na Fig. 10.7a), β2 > 90º e C2 > 0. Então, a componente tangencial da velocidade absoluta de saída é menor do que a velocidade do rotor e diminui proporcionalmente com a vazão. Da Eq. 10.17a, a altura de carga ideal diminui linearmente com o aumento da vazão. A curva H − Q correspondente está traçada na Fig. 10.12. Se as pás são curvadas para a frente, então β2 < 90º e C2 > 0. A componente tangencial da velocidade absoluta do fluido na saída é maior do que a velocidade do rotor e aumenta com o aumento da vazão. Da Eq. 10.7a, a altura de carga ideal aumenta linearmente com o aumento da vazão. A curva H − Q correspondente está traçada na Fig. 10.12. Fig. 10.12 Relação idealizada entre altura de carga e vazão volumétrica para uma bomba centrífuga com as pás do rotor curvadas para a frente, radiais e curvadas para trás. As características de uma máquina de fluxo radial podem ser alteradas mudando o ângulo de saída das pás; o modelo idealizado prevê as tendências à medida que o ângulo de saída das pás é variado. As previsões da teoria idealizada da quantidade de movimento angular, para uma bomba centrífuga, estão resumidas na Fig. 10.12. Pás curvadas para a frente quase nunca são utilizadas na prática porque elas tendem a ter um ponto de operação instável. Aplicação da Equação de Euler para Bombas e Ventiladores Axiais A Equação de Euler para Turbomáquina desenvolvida na Seção 10.2 também pode ser usada para máquinas de fluxo axial. Contudo, para isso, algumas considerações precisam ser feitas. A mais importante é que as propriedades no raio médio (o ponto médio das pás do rotor) representam completamente o escoamento em todo o raio. Esta consideração é boa desde que a razão da altura da pá em relação ao raio seja aproximadamente 0,2 ou menos [7]. Para razões maiores, é preciso usar uma análise tridimensional. Tais análises estão fora do escopo deste livro, mas outras fontes podem fornecer informações sobre o fenômeno, como Dixon [7]. A segunda consideração é que velocidade de escoamento não possui componente radial. Essa é uma consideração razoável, pois muitas máquinas apresentam incorporados estatores ou conjunto de pás que guiam o fluxo para dentro da máquina, removendo componentes indesejáveis de velocidade radial. A terceira consideração é que o escoamento varia apenas na direção axial. Isso não é o mesmo que dizer que há apenas uma componente axial de velocidade! De fato, haverá uma componente de velocidade na direção tangencial significativa quando o escoamento passar através de uma máquina de fluxo axial, isto é, o escoamento terá “redemoinhos”. O significado desta consideração é que para uma dada localização, a quantidade de redemoinhos no escoamento é constante, em vez de variar entre as pás da máquina [7]. A consequência primária deste modelo aplicado para máquinas de fluxo é que o raio usado nas Eqs. (10.1) é constante, isto é, Desde que a velocidade angular ω também seja constante, segue que: Portanto, Eqs. (10.1) e (10.2) se reduzam a: No Exemplo 10.3 essas versões especiais da Equação de Euler para Turbomáquina e diagramas de velocidade são utilizadas na análise do escoamento através de um ventilador de fluxo axial. Exemplo 10.3 VENTILADOR DE FLUXO AXIAL IDEALIZADO Um ventilador de fluxo axial opera a 1200 rpm. O diâmetro periférico da pá é 1,1 m e o diâmetro do cubo (eixo) é 0,8 m. Os ângulos de entrada e de saída das pás são 30º e 60º, respectivamente. Pás-guias de entrada geram um ângulo de 30º com o escoamento absoluto entrando no primeiro estágio. O fluido é ar na condição-padrão e o escoamento pode ser considerado incompressível. Não há variação na componente axial da velocidade através do rotor. Considere que o escoamento relativo entre e saia do rotor nos ângulos geométricos da pá, e use as propriedades no raio médio de pá para os cálculos. Para estas condições idealizadas, desenhe o diagrama de velocidade de entrada, determine a vazão em volume do ventilador e esboce as formas das pás do rotor. Usando os dados assim obtidos, desenhe o diagrama de velocidade de saída e calcule a potência e o torque mínimos necessários para acionar o ventilador. Dados: Escoamento através do rotor de um ventilador de fluxo axial. Diâmetro da periferia: 1,1 m Diâmetro do cubo: 0,8 m Velocidade de operação: 1200 rpm Ângulo de entrada absoluto: 30º Ângulo de entrada da pá: 30º Ângulo de saída da pá: 60º O fluido é ar na condição-padrão. Use propriedades no diâmetro médio das pás. Determinar: (a) Diagrama de velocidade de entrada. (b) Vazão volumétrica. (c) Forma da pá do rotor. (d) Diagrama de velocidade de saída. (e) Torque no rotor. (f) Potência requerida. Solução: Aplique a equação da quantidade de movimento angular a um volume de controle fixo. Equação básica: Considerações: (1) Desprezar torques causados por forças superficiais e de campo. (2) Escoamento permanente. (3) Escoamento uniforme nas seções de entrada e de saída. (4) Escoamento incompressível. (5) Não há variação na área de escoamento axial. (6) Use o raio médio das pás do rotor, Rm. As formas da pá são (Note que, para uma máquina de fluxo axial, as componentes normais da velocidade são paralelas ao eixo, e não normais à superfície circunferencial!) O diagrama de velocidades de entrada é Da continuidade (−ρVn1A1) + (ρVn2A2) = 0 ou Q = Vn1 A1 = Vn2A2 Como A1 = A2, segue que Vn1 = Vn2, e o diagrama de velocidade de saída é conforme mostrado na seguinte figura: No raio médio das pás, Da geometria do diagrama de velocidade de entrada, U = Vn1(tg α1 + cotg β1) de modo que, Consequentemente, e A vazão volumétrica é Da geometria do diagrama de velocidade de saída, ou e Finalmente, Vt 1 = V 2 senα 2 = 51,6 × sen59,9° = 44,6m/s Aplicando a Eq. 10.20 Assim, o torque sobre o VC tem o mesmo sentido de . A potência requerida é Este problema ilustra a construção de diagramas de velocidade e a aplicação da equação da quantidade de movimento angular para um volume de controle fixo a uma máquina de fluxo axial, sob condições idealizadas. Características de Desempenho Para especificar máquinas de fluxo para sistemas de escoamento, o projetista deve conhecer o aumento de pressão (ou de altura de carga), o torque, o requisito de potência e a eficiência de uma máquina. Para uma dada máquina, cada uma destas características é uma função da vazão; as características para máquinas similares dependem do tamanho e da velocidade de operação. Nesta seção, definimos características de desempenho para bombas e turbinas e revisamos tendênciasmedidas experimentalmente para máquinas típicas. As análises idealizadas apresentadas na Seção 10.2 são úteis para prever tendências e para avaliar, em primeira aproximação, o desempenho do ponto de projeto de uma máquina consumidora ou produtora de energia. Contudo, o desempenho completo de uma máquina real, incluindo a operação em condições fora de projeto, deve ser determinado experimentalmente. Para determinar o desempenho de uma turbomáquina, uma bomba, ventilador, soprador ou compressor deve ser instalado sobre uma bancada de testes instrumentada, com capacidade de medir vazão, velocidade, torque e aumento de pressão. O teste deve ser realizado de acordo com um procedimento normalizado, correspondente à máquina sendo testada [8, 9]. Medições são feitas enquanto a vazão é variada desde o bloqueio (vazão zero) até a descarga máxima, por meio da variação da carga do máximo até o mínimo (iniciando com uma válvula fechada e abrindoa em estágios até sua abertura total). A potência absorvida pela máquina é determinada por meio de um motor calibrado ou calculada a partir da velocidade e do torque medidos; em seguida, a eficiência é calculada conforme ilustrado no Exemplo 10.4. Finalmente, as características calculadas são colocadas em gráficos em unidades desejadas de engenharia ou na forma de adimensionais. Se apropriado, curvas suaves podem ser ajustadas através dos pontos assinalados ou, então, curvas de regressão podem ser ajustadas aos resultados, conforme ilustrado no Exemplo 10.5. Exemplo 10.4 CÁLCULO DE CARACTERÍSTICAS DE BOMBA A PARTIR DE DADOS DE TESTE O sistema de escoamento empregado no teste de uma bomba centrífuga com velocidade nominal de 150 mm está mostrado na figura. O líquido é água a 27ºC e os diâmetros dos tubos de sucção e de descarga são de 150 mm. Os dados medidos durante o teste são apresentados na tabela. O motor é trifásico, alimentado com 460 V, tem fator de potência 0,875 e uma eficiência constante de 90%. Vazão (m3/h) Pressão de Sucção (kPa-manométrica) Pressão de Descarga (kPa-manométrica) Corrente do Motor (amp) 0 –25 377 18,0 114 –29 324 25,1 182 –32 277 30,0 227 –39 230 32,6 250 –43 207 34,1 273 –46 179 35,4 318 –53 114 39,0 341 –58 69 40,9 Calcule a altura de carga líquida e a eficiência da bomba para uma vazão volumétrica de 227 m3/h. Trace a altura de carga da bomba, a potência e a eficiência como funções da vazão volumétrica. Dados: Sistema hidrodinâmico de teste de bomba e dados mostrados. Determinar: (a) Altura de carga da bomba e eficiência para Q = 227 m3/h. (b) Altura de carga, potência elétrica e eficiência da bomba como funções da vazão volumétrica. Apresente os resultados na forma gráfica. Solução: Equações básicas: Considerações: (1) Escoamento permanente. (2) Escoamento uniforme em cada seção. (3) 2 = 1 (4) Todas as alturas de carga corrigidas para a mesma elevação. Desde que 1 = 2 a altura de carga da bomba é em que as pressões de descarga e de sucção, corrigidas para a mesma elevação, são designadas por p2 e p1, respectivamente. Corrija as pressões estáticas medidas para a linha de centro da bomba e Calcule a altura de carga da bomba: Calcule a potência hidráulica entregue ao fluido: Calcule a potência de saída do motor (potência mecânica fornecida à bomba) a partir de informações elétricas: A correspondente eficiência da bomba é Os resultados de cálculos similares para outras vazões estão traçados na figura a seguir: Este problema ilustra o procedimento de redução de dados usado para obter as curvas de desempenho de uma bomba a partir de dados experimentais. Os resultados calculados e traçados neste exemplo são típicos para uma bomba centrífuga operada a velocidade constante: ✔ O aumento de pressão é máximo na condição de bloqueio (shutoff, vazão volumétrica zero); ✔ O aumento de pressão através da bomba decresce permanentemente quando a vazão é aumentada; compare esta curva experimental típica ao comportamento linear previsto pela Eq. 10.18b, e mostrado na Fig. 10.12, para rotores idealizados de pás curvas voltadas para trás (usadas na maioria de bombas centrífugas).