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Promoção de saúde e Discurso biomédico

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@_darlamendes
Desenvolvimento de Habilidades e 
Atitudes Profissionais
PROMOÇÃO DA SAÚDE – DISCURSO BIOMÉDICO
PROMOÇÃO DA SAÚDE
O discurso da saúde pública e as perspectivas de redirecionar as práticas de saúde, a partir das últimas décadas, vêm articulando-se em torno da ideia de promoção da saúde;
Promoção é um conceito tradicional, definido por Leavell & Clarck (1976) como um dos elementos do nível primário de atenção em medicina preventiva. 
· Quando a atenção básica surge, ela surge na tentativa de não superlotar os hospitais. 
· Uma forma de não fazer a população adoecer é trabalhar realizando campanhas de promoção da saúde;
· Prevenção e promoção caminham juntas, mas não são a mesma coisa. 
Promoção é um conceito mais amplo, fazer caminhada, por exemplo, é promoção de saúde uma vez que serve tanto para a saúde mental, perca de peso e dentre outros benefícios, já a prevenção é mais especifica como, por exemplo, usar mascara a fim de evitar a contaminação por Covid. 
A revalorização da promoção da saúde resgata, com um novo discurso, o pensamento médico social do século XIX, afirmando as relações entre saúde e condições de vida;
Uma das motivações centrais dessa retomada foi a necessidade de controlar os custos desmedidamente crescentes da assistência médica, que não correspondem a resultados igualmente significativos
Quando se pensa em promoção de saúde em nível nacional existem duas perspectivas em relação ao cuidado sendo elas a perspectiva conservadora e a perspectiva progressista. 
A perspectiva conservadora da promoção da saúde reforça a tendência de diminuição das responsabilidades do Estado, delegando, progressivamente, aos sujeitos, a tarefa de tomarem conta de si mesmos (Dina Czeresnia, 2003);
 Ao mesmo tempo, afirmam-se perspectivas progressistas que enfatizam uma outra dimensão do discurso da promoção da saúde, ressaltando a elaboração de políticas públicas intersetoriais, voltadas à melhoria da qualidade de vida das populações. 
Pensar saúde em uma perspectiva mais complexa se trata de construir discursos e práticas que estabeleçam uma nova relação com qualquer conhecimento científico.
O discurso científico, a especialidade e a organização institucional das práticas em saúde circunscreveram-se a partir de conceitos objetivos não de saúde, mas de doença;
O conceito de doença constituiuse a partir de uma redução do corpo humano, pensado a partir de constantes morfológicas e funcionais, as quais se definem por intermédio de ciências como a anatomia e a fisiologia.
O corpo é, assim, desconectado de todo o conjunto de relações que constituem os significados da vida (Mendes Gonçalves, 1994),
Desconsiderando-se que a prática médica entra em contato com homens e não apenas com seus órgãos e funções Canguilhem (1978).
Assim como as palavras, mesmo que seja uma elaborada forma de expressão e comunicação, não são suficientes para apreender a realidade em sua totalidade.
IMPORTÂNCIA DA FALA
A fala do sujeito é de suma importância durante o atendimento, uma vez que é a partir dela que se cria um vínculo com o paciente, se passa confiança, descobrir qual o problema do paciente, os hábitos e o modo de vida que ele leva. 
A saúde e o adoecer são formas pelas quais a vida se manifesta. Correspondem a experiências singulares e subjetivas, impossíveis de serem reconhecidas e significadas integralmente pela palavra. Contudo, é por intermédio da palavra que o doente expressa seu mal-estar, da mesma forma que o médico dá significação às queixas de seu paciente.
Por mais que o conceito tenha potencial explicativo e possa ser operativo, não é capaz de expressar o fenômeno na sua integridade, ou seja, não é capaz de 'representar' a realidade;
Nenhuma ciência seria capaz de dar conta da singularidade, por mais que se construam novos modelos explicativos - complexos - da realidade.
PREVENÇÃO E PROMOÇÃO
· PREVENÇÃO
Prevenção é evitar o surgimento de doenças especificas.
As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações.
A base do discurso preventivo é o conhecimento epidemiológico moderno;
Objetivo: é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos.
Os projetos de prevenção e de educação em saúde estruturam-se mediante a divulgação de informação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos.
· PROMOÇÃO
Promoção é mais ampla, pensa no todo, como determinada ação vai ser benéfica para a saúde geral do paciente. 
Promoção da saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que "não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais"
A promoção da saúde, seria uma decisão do próprio sujeito, em aceitar inserir-se num grupo, onde não se visa uma doença específica, e sim, alcançar a melhoria de vida das pessoas, como por exemplo, na dança, onde além de ser exercício, existe uma interação social, que geram grandes benefícios, sendo a prevenção uma parte da promoção.
As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersetorial (Terris, 1990).
O debate sobre a promoção da saúde, passando-se a associá-la a medidas preventivas sobre o ambiente físico e sobre estilos de vida, não estando mais voltadas exclusivamente para indivíduos e famílias com enfoque biomédico, tal como formulado no modelo da história natural da doença.
Projetos definidos como promoção também apontam exposições ocupacionais e ambientais na origem de doenças, assim como propõe o estímulo a mudanças de comportamento, como, por exemplo, o incentivo à prática de exercícios, ao uso de cintos de segurança, à redução do fumo, álcool e outras drogas etc.
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE SAÚDE
Em 1986 teve uma primeira Conferencia Internacional de Saúde, e foi nela que foram pensadas algumas ações para evitar que as pessoas em algum momento da vida tivessem alguma enfermidade, a ideia central era trabalhar de modo que as pessoas não adoecessem e assim também ocorreria a redução de gastos que se teria no ambiente hospitalar (atenção terciaria). 
A Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada em Ottawa (1986), postula a idéia da saúde como qualidade de vida resultante de complexo processo condicionado por diversos fatores, tais como, entre outros, alimentação, justiça social, ecossistema, renda e educação.
No Brasil, a conceituação ampla de saúde assume destaque nesse mesmo ano, tendo sido incorporada ao Relatório Final da VIII Conferência Nacional de Saúde:
Apesar de configurar avanço inquestionável tanto no plano teórico quanto no campo das práticas, a conceituação positiva de saúde traz novo problema. Ao se considerar saúde em seu significado pleno, está se lidando com algo tão amplo como a própria noção de vida.
A partir de concepções e teorias a respeito da especificidade biológica ou psíquica, foram elaboradas intervenções objetivas e operacionais de assistência à saúde;
Ao se tentar pensar a unidade do sujeito, o máximo que se consegue é expressá-la como 'integração bio-psico-social' que não deixa de se manifestar de forma fragmentada, mediante conceitos que não dialogam com facilidade entre si.
DISCURSO BIOMÉDICO
Foco nas distorções induzidas pela centralidade da categoria doença neste modelo;
Série de conseqüências indesejáveis, em particular a redução da concepção de saúde à mera ausência de doenças;
Redução da terapêutica à prescrição medicamentosa e à ênfase numa perspectiva dita curativa;
Exclusão de seu horizonte de preocupações, por exemplo, toda a dinâmica social e subjetiva que dá de fato sentido à existência humana.
A concepção de doença nesse discurso articula três ordens de dificuldades interligadas:
 INDEFINIÇÃO CONCEITUAL
A indefinição conceitual da categoria doença é apontada pordiversos autores, entre os quais destaca-se Canguilhem doença como ausência de saúde e saúde como ausência de doença (CANGUILHEM, 1966). Transcorridos mais de 60 anos contudo, a biomedicina tende a pautar suas ações conforme esse discurso.
 REDUCIONISMO BIOLÓGICO DA BIOMEDICINA
O reducionismo biológico da biomedicina, também apontado por diversos autores, é destacado por Arouca (2003, p. 157-74). Essa redução exclui do escopo de considerações sobre o processo saúde/doença fatores sociais ou individuais, ditos “subjetivos”, com implicações para todas as intervenções da saúde.
 REIFICAÇÃO DA NOÇÃO DE DOENÇA
A reificação da categoria doença, por fim, desloca o indivíduo doente do foco do olhar médico; para lidar com determinadas modalidades de sofrimento, torna-se coisa.
As doenças são coisas, de existência concreta, fixa e imutável, de lugar para lugar e de pessoa para pessoa; as doenças se expressam por um conjunto de sinais e sintomas, que são manifestações que devem ser buscadas, por sua vez, no do organismo e corrigidas por algum tipo de intervenção concreta. 
A simplicidade da unicausalidade reside em trabalhar apenas a relação causa-efeito imediata. Embora seja um modelo que permite uma abordagem direta sobre o doente, é uma explicação que, se solitária, torna-se bastante reducionista. Não se preocupa nem com o contexto social, nem emocional em que estas condições podem ocorrer. 
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