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INTERDISCIPLINARIDADE ENQUANTO MÉTODO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

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@_darlamendes
Desenvolvimento de Habilidades e Atitudes Profissionais 2
INTERDISCIPLINARIDADE ENQUANTO MÉTODO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
INTRODUÇÃO
Atualmente tem-se uma nova referencia do que realmente importa em relação à percepção de mundo, dessa maneira constantemente tem-se mudado essa percepção e a partir disso é observada a necessidade de outros olhares. Com isso na interdisciplinaridade tem-se uma característica muito especifica que consiste na aproximação de diferentes disciplinas para a solução de problemas específicos. Logo a interdisciplinaridade são varias profissões e profissionais que buscam tratar o sujeito a partir de seu conhecimento em prol de algo comum, que no caso é o bem estar do individuo. 
Na contemporaneidade, não se pode considerar somente um nível de realidade e, no âmbito da saúde coletiva, a fusão de conhecimentos das diversas áreas que a compõe se faz cada vez mais necessária como forma de se lidar com a complexidade inerente a esse campo.
Tem como característica a aproximação de diferentes disciplinas para a solução de problemas específicos, como é o caso da saúde coletiva.
INTERDISCIPLINARIDADE
Interdisciplinaridade é um termo que surge na pedagogia.
As experiências multidisciplinares vão apresentar uma característica muito própria como a principal sendo a aproximação de diferentes disciplinas para a solução de problemas específicos. Logo a interdisciplinaridade visa desenvolver um trabalho de integração dos conteúdos de uma disciplina com outras áreas de conhecimento, tal fato contribui para o desenvolvimento da aprendizagem.
Na interdisciplinaridade se observa que essa aproximação acontece de forma intencional com o proposito de proporcionar bem estar ao sujeito. 
 Na interdisciplinaridade as metodologias são compartilhadas gerando uma nova disciplina;
 Tem sido comumente utilizado como interação entre duas ou mais disciplinas;
 Consiste numa abordagem em que duas ou mais disciplinas intencionalmente relacionam-se entre si para alcançar maior abrangência de conhecimento. 
Hoje se tem observado que existe uma grande falta de consenso sobre o termo interdisciplinaridade, pois utilizam muito os termos multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade como se fossem sinônimos, no entanto isso não é uma verdade. Elas podem se complementar, mas dizer que são sinônimos é errôneo. 
· Multidisciplinaridade 
Existe uma temática comum, porém não existe relação nem cooperação entre as disciplinas. Logo esse caso existe conhecimentos diferentes que trabalham de forma independente uma da outra. 
· Interdisciplinaridade 
Existe cooperação e diálogo entre as disciplinas, ou seja, existe uma ação coordenada. Aqui existem diferentes conhecimentos onde cada um faz o seu, porém cada um está intimamente relacionado com o outro. 
· Transdisciplinaridade 
Cooperação entre todas as disciplinas e interdisciplinas. Nesse caso o nível de cooperação é muito intenso, sendo de forma bem mais ampla. 
A saúde é um “produto social” resultante de fatos econômicos, políticos, ideológicos e cognitivos, o que implica inscrevê-la como campo do conhecimento, na ordem da interdisciplinaridade.
A saúde é um produto social, pois não existe um fator especifico que possa estar associado ou relacionado com a saúde ou o adoecimento do sujeito. 
Como a própria palavra indica, não é um conceito fechado em si mesmo, pois desta forma já não seria inter = movimento; Logo é um movimento disciplinas, de saberes de áreas diferentes. 
Etimologicamente, interdisciplinaridade significa, em sentido geral, relação entre as disciplinas;
Quando se fala e se faz interdisciplinaridade, é necessário ter consciência de que o sujeito é plenamente ativo;
Interdisciplinaridade é o movimento, sem a qual a disciplinaridade se torna vazia;
É um ato de reciprocidade e troca, integração e vôo na busca da totalidade que transcende a pessoa humana;
Interdisciplinaridade leva o aluno a ser protagonista da própria história, personalizando-o e humanizando-o, numa relação de interdependência com a sociedade. 
INTERDISCIPLINARIDADE E OS DESAFIOS NA ODONTOLOGIA
Quando se fala em saúde, ainda hoje é observada uma incapacidade no sentido do modelo de atenção que é proporcionado para o sujeito. Ainda é visto de maneira muito marcante a presença do modelo biomédico no atendimento, no qual esse se mostra na atualidade um modelo insuficiente e esse não consegue dar conta da complexidade que é o ser humano. 
No campo da saúde, é cada vez mais reconhecida a incapacidade do modelo de atenção vigentebaseado hegemonicamente no conhecimento e no parque tecnológico biomédico, na noção de risco e atenção individual- de explicar e responder aos processos de saúde e doença de uma população.
É urgente pensar em modelos de atenção/cuidado que possam ser pautados em novos princípios (integralidade) e conceitos que rompam os limites biomédicos e avancem para outras fronteiras setoriais, muito além das práticas disciplinares. 
Desde os primórdios a humanidade empenha-se e desenvolve novas estratégias para enfrentar seu estado de saúde-doença de distintas formas, com diferentes conceitos;
Dois eventos internacionais que aconteceram tiveram um impacto muito grande sobre a saúde, inclusive na maneira de se entender a saúde para além dos muros, esse entendimento de saúde ampliada fazendo uso da interdisciplinaridade. Essas conferências resultaram cada qual em um documento, uma delas que foi a Conferência de Alma-Ata e a Conferência de Ottawa. Nessas conferências foi pensando na necessidade de integração do conceito de saúde para que as pessoas pudessem entender que a saúde é algo que estar além da doença e que ela não é somente a sintomatologia ou sintomas do paciente. 
Com o passar dos anos a gestão sanitária, embasada em documentos de referência (Conferência de Alma-Ata e Ottawa) e diretrizes, passou a integrar a conceituação da saúde (atual conceito) aos seus serviços, fato que permitiu a abertura para mudanças na forma de promover o cuidado à saúde, pela interdisciplinaridade conforme as tendências de estudos e relatórios mundiais. (Mafi e colaboradore, 2017)
DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA
A declaração de Alma-Ata foi um documento que foi gerado a partir da conferencia internacional em 1978. Nessa conferencia eles trataram “cuidados primário em saúde”, nessa mesma conferencia foi gerado um documento – Declaração de Alma-Ata - no qual dizia que os cuidados primários de saúde precisam ser desenvolvidos e aplicados em todo mundo com urgência e particularmente em países em desenvolvimento. 
'A Declaração de Alma-Ata se revestiu de uma grande
relevância em vários contextos'
Em setembro de 1978, a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Alma-Ata, na República do Cazaquistão, expressava a “necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo”. A Declaração de Alma Ata – documento síntese desse encontro – afirmava que os cuidados primários de saúde precisavam ser desenvolvidos e aplicados em todo o mundo com urgência, particularmente nos países em desenvolvimento. 
CARTA DE OTTAWA
A carta de Ottawa também foi uma conferencia internacional organizada pela OMS, mas diferente da conferência de Alma-Ata, esta veio falar sobre a promoção de saúde no ano de 1986. O resultado dessa conferencia foi a Carta de Ottawa e nela estava descrito algumas intenções que iriam contribuir para que se atingisse saúde para todos no ano de 2000 e nos anos subsequentes. 
CARTA DE OTTAWA PRIMEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE Ottawa, novembro de 1986. A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986, apresenta neste documento sua Carta de Intenções, que seguramente contribuirá para se atingir Saúde para Todos no Ano 2000 e anos subseqüentes. As discussões foram baseadas nos progressosalcançados com a Declaração de Alma- Ata para os Cuidados Primários em Saúde, com o documento da OMS sobre Saúde Para Todos, assim como com o debate ocorrido na Assembléia Mundial da Saúde sobre as ações intersetoriais necessárias para o setor.
E A RELAÇÃO COM A ODONTOLOGIA ?
A INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL CIRURGIÃODENTISTA
É perceptível que a experiência na Clínica Universitária de Educação e Saúde (CURES) influencia na formação do cirurgião-dentista, assim como nos estudantes das demais áreas da saúde. Contudo, a tarefa é árdua quando se trata de trabalhar com interdisciplinaridade, quando no decorrer de séculos, se trabalhou somente com a educação para formação de profissionais tecnicistas.
A ideia de um saber unitário sempre existiu na história do pensamento e ainda é muito presente o pensamento de que um saber mais importante que outro. No entanto, os saberes tem importância em momentos diferentes. 
No entanto, o advento da Modernidade, por volta do século XVII, provocou um processo de desintegração crescente da unidade do saber;
A era moderna foi um período marcado por grande efervescência cultural, (Vilela e mendes, 2003)
O exagero das especializações conduz a uma situação patológica em que uma “inteligência esfacelada” produz um “saber em migalhas”;
O esforço de integração da interdisciplinaridade se apresenta como “o remédio mais adequado”;
“A interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa.”
A interdisciplinaridade tem se caracterizado como uma intensa troca das especialidades que acontecem e isso é positivo, mas da maneira que acontece. Sem o dialogo essa troca não se torna positiva. 
A interdisciplinaridade pode ser considerada como um “alargador” de conhecimentos, que articula a prática e teoria, desenvolve o senso crítico-racional, de forma autônoma, potencializando as possibilidades e capacidades individuais ou coletivas, assim superando a fragmentação do ensino, num viés muito mais humanizado do que simplesmente técnico.
As ações interdisciplinares propiciam experiências diferenciadas em um inovador cenário de ensino e de aprendizagem;
Contexto que contribuirá para a formação dos futuros cirurgiões-dentistas preparados a proceder atividades em formação humanizada e interligada com outras políticas públicas e diferentes áreas de conhecimento.
“Cabe aos profissionais da saúde rever sua prática, buscando entender que não basta trabalhar com as doenças, é necessário compreender o indivíduo no todo como alguém que vive a experiência da necessidade, do adoecimento, carregada de valores e significados subjetivos, únicos, capazes de interferir na qualidade do cuidado prestado.” 
· Possibilitar ao aluno a promoção da integração dos conteúdos já desenvolvidos nas várias especialidades;
· Propiciar ao aluno uma visão integral da profissão, buscando torná-lo apto asintetizar e aplicar os conhecimentos técnico-científicos, bem como os de ordem político-econômico-sociais;
· Preparar o aluno para elaborar e executar planos de tratamentos compatíveis com as condições socioeconômicas da população e que atendam às necessidades da maioria da comunidade.
· A complexidade do mundo e da cultura exige análises mais integradas;
· Qualquer acontecimento humano apresenta diversas dimensões, uma vez que a realidade é multifacetada;
· Sendo assim, a compreensão de qualquer fenômeno social requer que se leve em consideração as informações relativas a todas essas dimensões;
· Essa tem sido a linha de argumentação com maior poder de convencimento em favor da interdisciplinaridade.
Interdisciplinaridade é uma questão de atitude, ou seja, querer fazer, é entender que o paciente ele requer e necessita também de outros cuidados, logo é uma relação de reprocidade, mutualidade que sempre vai estar presente uma atitude diferente por parte do profissional e por parte do próprio paciente também. Tudo isso visa a substituição de uma concepção fragmentária para unitária do ser humano. 
A primeira condição de efetivação da interdisciplinaridade é o desenvolvimento da sensibilidade, fazendo-se necessário um treino na “arte de entender e esperar, um desenvolvimento no sentido da criação e da imaginação”. Interdisciplinaridade não se ensina nem se aprende, apenas vive-se e exerce-se. 
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