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RCC Carolina Ferreira -O derrame pleural é definido como o acúmulo anormal de líquido no espaço pleural, pode ser causada por doença pleural primária ou manifestação pleural de doença sistêmica - da formação: ↑ líquido intersticial pulmonar; ↑ pressão intravascular; ↑ permeabilidade capilar e ↓ pressão oncótica - da absorção: obstrução dos linfáticos da pleura parietal e ↑ permeabilidade vascular sistêmica -Derrame pleural: da formação + da absorção -São conceitos importantes relacionados a derrame pleural: 1. Derrame parapneumônico: associado a infecção pulmonar, sobretudo pneumonia bacteriana; 2. Empiema: pus na cavidade pleural; 3. Hemotórax: acúmulo de sangue no espaço pleural, geralmente de origem traumática; 4. Quilotórax: acúmulo de linfa na cavidade pleural; 5. Urinotórax: acúmulo de urina, geralmente por nefropatia obstrutiva; 6. Hidrotórax hepático: acúmulo de líquido proveniente da cavidade peritoneal. -Ñ deve ser realizado toracocentese em derrames pleurais bilaterais cuja clinica seja fortemente sugestiva de transudado a ñ ser que haja falência terapêutica medica ANATOMIA -A pleura é um folheto contínuo, formado por uma camada única de células mesoteliais, firmemente unidas, apoiadas sobre uma membrana basal e uma frouxa camada de tecido conjuntivo. A pleura que recobre os pulmões e as cissuras interlobares é chamada de visceral e, nos demais trajetos, ela é chamada de parietal -O líquido, na cavidade pleural, é renovado continuamente por um balanço de forças entre as pressões hidrostática e osmótica da microcirculação e do espaço pleural -O líquido pleural é líquido intersticial da microcirculação sistêmica pleural -A pleura visceral é inervada pelo plexo autonômico simpático e não possui receptores de sensação dolorosa. A pleura parietal, por sua vez, é rica em terminações nervosas, sensitivas, dos nervos frênico, intercostais e ramos do plexo braquial EPIDEMIOLOGIA -Nos Estados Unidos estimam a ocorrência de cerca de 1,5 milhão de casos/ano, sendo as etiologias + frequentes a ICC, o derrame parapneumônico e o derrame neoplásico -Uma série ñ publicada em um hospital na Espanha mostrou as seguintes principais causas de derrame pleural: neoplasia (27%), ICC (20%), pneumonia (18%), tuberculose (TB) (9%), doenças pericárdicas (3,5%) e cirrose (3%). -A tuberculose (TB) é uma causa importante do derrame pleural no mundo em desenvolvimento e também deve ser considerada em áreas de alta incidência, em viajantes que voltam de áreas endêmicas e em pessoas imunocomprometidas. ETIOLOGIA RCC Carolina Ferreira -Classificação das principais causas de derrame pleural: • Transudatos (decorrem de alguma doença sistêmica que se manifesta com acúmulo de líquido no tórax, ou seja, que gere mudança da dinâmica da pleura, seja formação ou absorção do líquido pleural): insuficiência cardíaca; cirrose hepática; síndrome nefrótica; síndrome da veia cava superior; mixedema; diálise peritoneal; embolia pulmonar; urinotórax e hipoalbuminemia grave • Exsudatos (são causados por uma doença que está acontecendo ativamente na pleura, ou seja, fatores locais influenciam diretamente na alteração da formação e absorção de líquido pleural): pneumonia; tuberculose; neoplasia – primária ou metastática; embolia pulmonar; colagenoses; pancreatite; hemotórax; quilotórax; síndrome de meigs – fibroma ovariano; ruptura esofágica; uremia; pós-cirurgia; asbestose; sarcoidose; síndrome de dressler e síndrome das unhas amarelas. -A principal causa de transudato, por conseguinte, é insuficiência cardíaca(sendo também a principal causa de derrame pleural). A principal causa de exsudato é pneumonia bacteriana. ✓ Um derrame exsudativo ocorre quando estão alterados fatores locais , como inflamação do pulmão ou da pleura que causa o extravasamento capilar do líquido para o espaço pleural. Por outro lado, um derrame transudativo é mediado por fatores sistêmicos. Esses incluem pressão portal elevada por cirrose, pressão capilar pulmonar visceral elevada por insuficiência cardíaca do lado esquerdo, pressão capilar pleural parietal elevada por insuficiência cardíaca do lado direito ou pressão oncótica baixa em decorrência de hipoalbuminemia -O derrame pleural é relativamente comum após cirurgia torácica -Medicamentos são uma causa + rara de derrame pleural e reação de hipersensibilidade podem ocorrer c/ medicamentos como nitrofurantoína e dantroleno. -A síndrome de hiperestimulação ovariana (SHEO) induzida por gonadotrofina é uma causa incomum de derrame pleural. A SHO é caracterizada por um da permeabilidade capilar que resulta em deslocamentos do fluido intravascular para outros compartimentos, em particular a cavidade abdominal. FISIOPATOLOGIA -A causa primária de um derrame pleural é simplesmente um desequilíbrio entre a produção e a remoção de líquido no espaço pleural.Em circunstâncias normais, o espaço pleural deve ter uma pequena quantidade de líquido lubrificante presente p/ permitir que a superfície do pulmão deslize no tórax durante o ciclo respiratório. Normalmente, cerca de 15 mL/dia de líquido entram nesse espaço potencial, principalmente dos capilares da pleura parietal. Esse líquido é removido pelo sistema linfático na pleura parietal. A qualquer momento, há cerca de 20 mL de líquido em cada hemitórax, e a camada de líquido tem de 2 a 10 micrômetros de espessura.Esse equilíbrio hídrico regulado é interrompido quando ocorrem desequilíbrios locais ou sistêmicos. Quando fatores locais estão alterados, o líquido fica rico em proteína e lactato desidrogenase (LDH) e chama-se exsudato. Fatores locais incluem capilares com extravasamento decorrente de inflamação devida a infecção, infarto ou tumor. Quando fatores sistêmicos são alterados, produzindo um derrame pleural, o líquido tende a ter baixos níveis de proteína e LDH e é chamado de transudato. Isso pode ser causado por pressão capilar pulmonar elevada c/ insuficiência cardíaca, ascite em excesso c/ cirrose ou baixa pressão oncótica devido à hipoalbuminemia (por exemplo, com síndrome nefrótica). Na prática clínica, transudatos geralmente são multifatoriais, sendo uma causa comum a insuficiência renal mais insuficiência cardíaca mais desnutrição -São mecanismos do derrame pleural: a) da pressão hidrostática capilar pulmonar: insuficiência cardíaca; b) Redução da pressão coloidosmótica do plasma: hipoalbuminemia grave, síndrome nefrótica; c) da permeabilidade vascular pleural: processos inflamatórios; d) Negativação excessiva da pressão intrapleural: atelectasias grandes; e) Passagem de líquido da cavidade peritoneal: hidrotórax hepático; f) Acúmulo de sangue ou quilo no espaço pleural: trauma. RCC Carolina Ferreira FATORES DE RISCO -São: ICC; pneumonia, neoplasia maligna, cirurgia de revascularização miocárdica recente; embolia pulmonar; infarto do miocárdio recente; doença pulmonar ocupacional; AR; LES; insuficiência renal; derrame pleural induzido por medicamento; tratamento recente de estimulação ovariana e quilotorax DERRAMES PLEURAIS INFLAMATORIOS -São: • Pleurite serosa • Pleurite serofibrinosa • Pleurite fibrinosa -Causas: são as doenças inflamatórias nos pulmões, como tuberculose, pneumonia, infartos pulmonares, abscessos pulmonares e bronquiectasia. -Empiema: é um exsudato pleural purulento que resulta da semeadurabacteriana ou micótica do espaço pleura,o corre por disseminação contígua de organismos de uma infecção intrapulmonar, mas, ocasionalmente, ocorre por disseminação linfática ou hematogênica a partir de uma fonte + distante. Possui pus loculado, verde-amarelado, cremoso composto por massas de neutrófilos mesclados c/ outros leucócitos -A pleurite hemorrágica verdadeira é manifestada por exsudatos inflamatórios sanguíneos sendo rara e é encontrada nas diáteses hemorrágicas, doenças por Rickettsia e envolvimento neoplásico da cavidade pleural DERRAMES PLEURAIS NÃO INFLAMATÓRIOS -As coleções ñ inflamatórias de líquido seroso nas cavidades pleurais são chamadas de hidrotórax. O líquido é transparente e tem cor de palha, pode ser unilateral ou bilateral, dependendo da causa subjacente, a causa + comum de hidrotórax é a insuficiência cardíaca e, por esse motivo, geralmente está acompanhado por congestão e edema pulmonar -Os transudatos podem se acumular em outras doenças sistêmicas associadas a edemas generalizados e, portanto, são encontrados na insuficiência renal e cirrose hepática. QUADRO CLÍNICO -Dependerá da doença de base e do volume do derrame pleural, assim por exemplo, edema periférico e dispneia paroxística noturna são da insuficiência cardíaca -Quadro clínico típico: dispneia aos esforços, tosse seca ou produtiva, trepopneia (piora da dispneia com decúbito lateral) e dor pleurítica (piora c/ a inspiração profunda) -Achados ao exame físico são: redução da expansibilidade, macicez à percussão torácica ou submacicez(é o sinal + precoce), frêmito toracovocal ou abolido(quando peço p/ o pct falar 33 a voz dele se encontra anasalada), murmúrio vesicular reduzido ou abolido, egofonia, atrito pleural(dá p/ ouvir na ausculta) EXAMES DE IMAGEM -Existem 2 sinais clínicos que, quando presentes, ajudam a diferenciar derrame de atelectasia pelo exame físico: sinal de Signorelli – macicez à percussão da coluna torácica, característica de derrames pleurais – e sinal de Lemos-Torres – abaulamento do espaço intercostal à expiração. -O Rx de tórax é o exame + utilizado p/ identificar essa patologia, quando se tem a presença de 100 a 150 mL de líquido já conseguimos ver derrame pleural (apresenta desvio do mediastino p/ outro lado) -Em situações duvidosas, pode-se solicitar radiografias em decúbito lateral ipsilateral ao derrame – incidência de Hjelm-Laurell –, eu vejo ate 50 mL nessa incidência, em que se espera que o líquido mude de conformação c/ a RCC Carolina Ferreira mudança de decúbito, quando se tem 10 mm ou 1 cm é indicado realizar a toracocentese -O aspecto clássico do derrame pleural é de opacidade homogênea nos segmentos inferiores, c/ conformação “em parábola”, ou curva de Damoiseau, o que caracteriza líquido livre na cavidade pleural. -Há uma situação especial de derrame pleural livre: o derrame subpulmonar, que se caracteriza por acúmulo de líquido abaixo do pulmão, gerando um aspecto semelhante à elevação da hemicúpula, sem velamento do seio costofrênico ou conformação “em parábola”. Em situações normais, a curvatura da cúpula é + acentuada medialmente; no derrame subpulmonar, ocorre + lateralmente. P/ confirmar o diagnóstico, basta solicitar a radiografia em decúbito lateral c/ raios horizontais, em que será observada a mudança de conformação do líquido. -Eventualmente, o líquido pode ñ estar livre na cavidade pleural, recebendo a denominação de derrame pleural loculado. -Em alguns casos posso solicitar o US e a TC, pois eles me proporcionam uma > riqueza de detalhes - Achados nos exames de imagem: ✓ Rx de tórax: embotamento dos ângulos costofrênicos ✓ USG pleural: líquido no espaço pleural ✓ LDH e proteína no liquido pleural e no soro: xsudato se a proporção entre proteína do líquido pleural e proteína sérica for >0.5, se a proporção entre LDH do líquido pleural e LDH sérico for >0.6 ou se o LDH do líquido pleural for maior que dois terços do limite superior normal para LDH sérico ✓ Contagem de eritrócitos no liquido pleural: >100,000 eritrócitos/ mm³ em malignidade, trauma, derrames parapneumônicos e embolia pulmonar ✓ Contagem de leucócitos e diferencial no liquido pleural: leucócitos elevados ✓ Citologia do liquido pleural: células anormais presentes em derrame pleural maligno ✓ Cultura do liquido pleural: crescimento microbiano positivo em derrame parapneumônico ou empiema ✓ pH do líquido pleural: < 7,20 em derrame parapneumonico complicado, AR ou malignidade avançada ✓ glicose no liquido pleural: < 3,3 mmol/L(60 mg/Dl) em empiema, AR, TB e malignidade ✓ nível de adenosina desaminase (ADA) no líquido pleural: elevado (>40 U/L) na TB ✓ análise lipídica do líquido pleural: triglicerídeos >1.2 mmol/L (110 mg/Dl) ✓ toracoscopia: visualização da anormalidade da pleura e da superfície do pulmão ✓ broncoscopia: variável; pode mostrar lesões endobrônquicas em derrames malignos ✓ biópsia: a histologia e a cultura podem demonstrar malignidade ou TB ✓ procalcitonina: elevada BIÓPSIA DE PLEURA RCC Carolina Ferreira -É indicada aos derrames exsudativos, sem etiologia definida pela análise bioquímica ou bacteriológica -Alguns grupos realizam a biópsia transtorácica c/ agulha de Cope no momento da toracocentese inicial, na presença de estigmas clínicos de exsudato ou na compatibilidade da aparência macroscópica do líquido. A biópsia transtorácica tem excelente acurácia p/ o diagnóstico de pleurite tuberculosa, pois o envolvimento pleural é difuso e homogêneo -Assim, nos casos a que se indica biópsia, se a transtorácica for negativa, o próximo passo será indicar uma videopleuroscopia c/ biópsia dirigida. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL -São: espessamento pleural; colapso e condensação pulmonares; cúpula diafragmática elevada; tumores pleurais/gordura extrapleural; COVID-19 INDICAÇÕES DE TORACOCENTESE -A toracocentese pode ser diagnóstica ou de alívio, seguem as recomendações universais p/ realização de toracocentese está abaixo: Na suspeita de insuficiência cardíaca e outras causas de derrame transudativo: ñ realizar toracocentese, nem diagnóstica nem de alívio, tentar manejo de terapia clínica e reavaliar; Alívio de sintomas nos derrames exsudativos – também sempre se deve realizar toracocentese. -Deve ser reservado um local limpo e destinado p/ pequenos procedimentos, exceto em situações emergenciais. -Local da punção: deve ser delimitado por meio do exame físico, c/ percussão e ausculta da voz, e confirmado c/ uma Rx de tórax. Em pacientes c/ suspeita de derrame pleural loculado, pode ser necessária a realização do procedimento guiado por USG de tórax. -Técnica de punção: deve sempre ser c/ a agulha em posição perpendicular à pele e tangenciando a borda superior do arco costal inferior, de modo a evitar punção acidental do feixe vasculonervoso, que percorre a margem inferior de cada uma das costelas. Deve ser realizada limpeza apropriada da pele c/ solução antisséptica, e deve ser utilizado campo estéril; anestesia da pele e subcutâneo, assim como da pleura parietal, deve ser feita c/ anestésico local antes do procedimento. Atingindo o espaço pleural c/ saída de líquido, deve-se retirar a agulha e introduzir o Jelco®, c/ retirada posterior do mandril, mantendo apenas o cateter plástico. Pode-se retirar todo o líquido, mas é prudente ñ + de 1.500 mL por vez, pela possibilidade de edema pulmonar de reexpansão. P/ a retirada do líquido, podem ser utilizados frascos comuns ou a vácuo, c/ o cuidado de garantir débito lento. RCC Carolina Ferreira-US p/ guiar a toracocentese: tem > utilidade no derrame pleural pequeno e em casos de dificuldade na toracocentese. -Radiografia após a toracocentese: ñ é recomendada a realização de Rx de tórax de rotina após uma toracocentese, exceto na presença de sinais e sintomas (tosse, dispneia, dor após punção, saída de ar ou redução do frêmito toracovocal na parte superior do hemitórax). Por outro lado, quando a toracocentese é de alívio – retirada de 1 a 1,5 L –, uma radiografia após a punção pode mostrar lesão parenquimatosa subjacente, embora seja necessária muita cautela na interpretação dos achados, uma vez que são comuns atelectasias decorrentes de compressão extrínseca pelo derrame. • Eu paro na toracocentese de alívio quando eu conversar c/ o paciente e ele me relatar que está c/ uma sensação de tosse insuportável ai eu devo parar a toracocentese, porque se não vai gerar o edema de reexpansão ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL -O objetivo principal da análise do líquido pleural é a diferenciação entre exsudato e transudato. Richard Light validou critérios utilizando dosagem de proteínas e de desidrogenase láctica (DHL) no líquido pleural e no sangue do paciente. Outros critérios, como dosagem de colesterol pleural, gradiente de proteína pleural sérico e relação proteína sérica-pleural também são utilizados na tentativa de diferenciação exsudato/transudato. -A seguir, estão os critérios de Light p/ exsudato: a) Relação proteína do líquido pleural- proteínas séricas > 0,5; b) Relação DHL do líquido pleural-DHL sérica > 0,6; c) DHL do líquido superior a 2/3 do limite do laboratório. -A relação proteína sérica/pleural tem sido utilizada no seguinte contexto: paciente c/ exsudato pelos critérios de Light e quadro clinicamente compatível c/ transudato. Sendo esta relação > 3,1 g/dL, a caracterização de exsudato pelos critérios de Light deve ser ignorada e o derrame pleural encarado como transudato. Tal problema ocorre classicamente em pacientes c/ ICC que receberam diurético, o que torna o líquido um pouco + “concentrado”, alterando as concentrações de DHL e proteínas no fluido. -Outro parâmetro que pode auxiliar neste mesmo contexto é o cálculo do gradiente de albumina soro-líquido pleural; este, quando ≥ 1,2, na situação citada, define transudato -A análise do líquido busca a caracterização como transudativo ou exsudativo e também o o diagnóstico etiológico, através das características macroscópicas, bioquímicas e bacteriológicas do líquido. -Características macroscópicas: a aparência e o odor do líquido pleural podem sugerir a etiologia. 1. Hialino: característico dos transudatos; 2. Amarelo-citrino espumoso: característico dos exsudatos; 3. Serossanguinolento ou sanguinolento: neoplasia, trauma ou embolia pulmonar – raramente, pode ocorrer em derrame parapneumônico ou tuberculose 4. Leitoso: quilotórax ou empiema 5. Purulento c/ odor fétido: empiema; RCC Carolina Ferreira 6. Achocolatado: abscesso amebiano; 7. Odor de urina: urinotórax -Bacterioscópico: na suspeita de derrame exsudativo, deve-se sempre solicitar uma bacterioscopia – Gram – e inocular, à beira do leito, o líquido pleural em meios de cultura p/ aeróbios e anaeróbios. Dependendo do caso, podem-se pedir culturas p/ fungos e micobactérias; o micológico direto pode mostrar algum fungo, mas a pesquisa de micobactérias no esfregaço tem baixíssimo rendimento, exceto na AIDS ou no empiema tuberculoso. -Citologia: • Predominância de neutrófilos: indica processo agudo (derrame parapneumônico ou colagenoses/tb fase aguda ou pós-manipulação) • Predominância de linfócitos: indica processo crônico (tuberculose ou neoplasia ou colagenoses) • Predominância de eosinófilos: indica pós-hemotórax (TEP) • Citologia oncótica: à sensibilidade de até 90% p/ células neoplásicas -Bioquímica: • pH: quando pH < 7,2, é compatível c/ derrame parapneumônico complicado, artrite reumatoide, ruptura esofágica, tuberculose, neoplasia ou urinotórax • Glicose: quando < 60 mg/dL, indica derrame parapneumônico complicado, neoplasia, pleurite lúpica ou reumatoide. Empiema e pleurite reumatoide podem cursar c/ níveis extremamente baixos de glicose (< 20 mg/dL). • Adenosina deaminase (ADA): trata-se de um marcador de atividade linfocitária, importante como auxílio diagnóstico a casos suspeitos de tuberculose pleural em regiões c/ alta incidência da doença. Está em casos de tuberculose, empiema, linfomas. Devemos considerar a idade, perfil citológico e quadro clínico. ADA > 40 possui sensibilidade 82 a 100% p/ tuberculose e especificidade 89 a 100% • Amilase: a principal causa de sua elevação é a neoplasia. Classicamente, entretanto, está na presença de pancreatite e ruptura esofágica. Lembrando que na ruptura esofagiana a amilase presente é a salivar. • Triglicérides: quando triglicérides > 110 mg/dL, definem a presença de quilotórax. Se o aspecto for leitoso, c/ pH normal e triglicérides < 50 mg/dL, c/ colesterol elevado, define-se pseudoquilotórax – aspecto de derrame pleural antigo. Quando entre 50 e 110 mg/dL, deve-se solicitar a dosagem de quilomícrons, p/ tentar caracterizar o quilotórax. • Ureia e creatinina: seus no líquido pleural sugerem a presença de urinotórax. • Testes imunológicos: fator reumatoide, fator antinuclear e células LE podem ser encontrados no líquido pleural de pacientes com derrame associado a colagenoses. CAUSAS ESPECÍFICAS -Derrame pleural por insuficiência cardíaca: é a principal causa de derrame pleural tipo transudato. Geralmente bilateral e > à direita. Toracocentese deve ser sempre realizada na presença de situações que causem dúvida são elas: paciente c/ febre, derrame pleural unilateral e ñ melhora do derrame após terapia c/ diurético. Um marcador que ajuda a definir derrame pleural por insuficiência cardíaca, é o N- terminal peptídio natriurético pró-cerebral (NT- pró-BNP). Quando este acima de 1.500 pg/mL, é diagnóstico. -Tuberculose: é uma causa frequente de derrame pleural em nosso meio e deve sempre entrar no diagnóstico diferencial de exsudatos. Na maioria das vezes, o derrame pleural tuberculoso decorre de uma reação de hipersensibilidade da pleura ao bacilo. Os antígenos podem entrar no espaço pleural após ruptura de foco caseoso pulmonar na região subpleural, por contiguidade da lesão pulmonar, por ruptura do gânglio mediastinal ou pela via hematogênica-linfática. Os pacientes costumam buscar auxílio médico c/ tosse seca – eventualmente c/ secreção –, febre e dispneia. Na maioria das vezes, o quadro é agudo, simulando infecção pulmonar bacteriana. O quadro clínico pode ser arrastado – perda de peso, sudorese noturna, febre vespertina –, principalmente na presença de envolvimento de outros órgãos na apresentação inicial. O aspecto do líquido pleural é geralmente amarelo-citrino ou turvo, sendo incomum a apresentação hemática. O derrame pleural é unilateral, habitualmente de tamanho pequeno a moderado, mas podendo ocupar todo um hemitórax. Deve-se suspeitar de tuberculose se houver predomínio de linfócitos no líquido pleural, mas, em pacientes c/ sintomas há menos de 15 dias, é possível o predomínio de neutrófilos, caracterizando a fase aguda da inflamação. Outro dado contrário ao diagnóstico é a presença de mais de 10% de eosinófilos no líquido, a menos que o paciente tenha realizado múltiplas punções ou pneumotórax. O PPD é negativo em 1 terço dos pacientes, ao passo que o parênquima pulmonar, à radiografia de tórax, é normal na maioria dos casos, podendo mostrar sinais de tuberculose prévia. -Reação em cadeia da polimerase p/ M. tuberculosis: regra geral: um teste de PCR positivo indica tuberculose pleural c/ + de 90% de especificidade. RCCCarolina Ferreira -Adenosina deaminase: trata-se de uma enzima em grande quantidade em linfócitos e monócitos ativados, sobretudo em linfócitos T-helper. É proveniente do catabolismo das purinas, que, catalisando a conversão da adenosina em inosina e da desoxiadenosina em desoxiinosina, é importante p/ a diferenciação de linfócitos, principalmente da população T. Em algumas situações que ñ a tuberculose, pode haver elevação da ADA no líquido pleural, especialmente em linfomas e raramente em empiema pleural, mesotelioma e artrite reumatoide. -Gamainterferona: semelhante à ADA, quando aumentada, sugere tuberculose pleural. Entretanto, em nosso meio, ñ está facilmente disponível p/ uso rotineiro. -Biópsia pleural fechada: recomenda-se a coleta de 2 a 3 fragmentos p/ a realização do exame anatomopatológico e outro p/ a cultura. A sensibilidade pode chegar a 60%. -Lisozima: exame pouco utilizado, é uma enzima bacteriolítica decorrente, principalmente, da decomposição dos leucócitos. Níveis elevados dessa enzima são encontrados no líquido pleural por tuberculose e nos empiemas. O valor da relação líquido pleural-sangue > 1 pode ser utilizado no diagnóstico diferencial c/ exsudatos de outras etiologias. significativos (> 50 UI/L), excluindo empiema, apresentam alta probabilidade de tuberculose. -Videotoracoscopia c/ biópsia: método + sensível do que a biópsia pleural “às cegas” – sensibilidade igual a 95% –, possibilita o diagnóstico de outras doenças c/ manifestações semelhantes, como o câncer. O diagnóstico deve ser realizado por meio da pesquisa e/ou da cultura de BAAR, cultura p/ bactérias e/ou biópsia de pleura. É necessário fazer drenagem pleural em sistema fechado. Posteriormente, pleurostomia ou drenagem aberta – por dreno ou próteses – podem estar indicadas, e pleuroscopia, p/ lise de aderências, deve ser realizada em pacientes c/ espessamento pleural significativo. O tratamento segue as orientações gerais p/ casos de tuberculose pulmonar ou extrapulmonar, c/ esquema básico c/ rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol por 2 meses, seguindo-se 4 meses c/ rifampicina e isoniazida. -Derrame pleural parapneumônico: é a principal causa de derrame pleural exsudativo. O derrame pleural associado à infecção do trato respiratório inferior – pneumonia, abscesso ou bronquiectasias – é chamado de parapneumônico. Na maioria das vezes, é pequeno, sem a necessidade de intervenção específica, remitindo c/ o tratamento da infecção, caracterizando um derrame pleural ñ complicado. Entretanto, pode haver infecção da cavidade pleural c/ inflamação exuberante e presença de germes na pleura, caracterizando derrame pleural parapneumônico complicado. Os fatores que predizem pior prognóstico e se relacionam a derrame pleural parapneumônico complicado são: derrame pleural loculado, pH < 7,2 do derrame, glicose pleural < 60 mg/dL, Gram ou cultura bacteriana positiva no derrame pleural e presença de empiema. Na presença de derrame pleural complicado, devemos estar atentos p/ a possível necessidade de drenagem do líquido pleural junto a antibioticoterapia. As decisões a serem tomadas acerca de derrame pleural parapneumônico dependem da análise do volume de líquido, da presença de loculações, do pH, da DHL, da glicose e da presença de germes. A indicação clássica de drenagem pleural fechada se faz no estágio de derrame fibrinopurulento, para evitar progressão p/ empiema e sepse ou encarceramento pulmonar. A antibioticoterapia segue as orientações de tratamento da pneumonia e deve ser ajustada conforme o germe isolado em culturas. -Derrame pleural neoplásico: dentre as neoplasias, as que + evoluem c/ comprometimento pleural, em ordem decrescente de frequência, são neoplasia pulmonar, neoplasia de mama e linfoma. Estes 3 respondem por 75% dos casos de derrame pleural de causa neoplásica. O derrame pleural é de volume variável, podendo ter velocidade de acúmulo rápida. É um exsudato, amarelo-citrino ou hemático, c/ predomínio de linfócitos e níveis de glicose e pH reduzidos em cerca de 20% dos casos. Eosinofilia é incomum. Os derrames neoplásicos são a principal causa de elevação de amilase em líquido pleural, entretanto, níveis de amilase estão elevados em apenas 10 a 20% dos casos. As principais queixas clínicas são dispneia e dor torácica, e são, muitas vezes, desproporcionais ao volume do líquido pleural acumulado. O líquido pleural neoplásico tem característica exsudativa, cor amarelo-citrino ou hemático, predomínio linfocitário e pH e glicose reduzidos – 20% dos casos. Pode apresentar, ainda, elevação da amilase em 10% dos casos. A citologia oncótica tem baixa sensibilidade, que é um pouco > nos casos de adenocarcinoma; sempre deve ser solicitada, pois, se positiva, define o diagnóstico. Uma vez confirmado o derrame pleural maligno em paciente c/ carcinoma pulmonar, está caracterizada doença avançada, com estádio, no mínimo, IIIb, apresentando tratamento paliativo. Nesse caso, o objetivo do tratamento é a melhora da dispneia. Os derrames pleurais malignos de pequeno volume, minimamente sintomáticos, ñ progressivos e não recidivantes, podem ser acompanhados somente com observação RCC Carolina Ferreira clínica. A toracocentese é o procedimento de escolha p/ o alívio da dispneia em pacientes c/ sobrevida curta, de 3 a 6 meses. Uma opção de tratamento, p/ pacientes em que ñ ocorre expansão pulmonar após a toracocentese, é a drenagem pleural, usando cateter de fino calibre. A pleurodese representa uma opção p/ o tratamento definitivo -Tromboembolismo pulmonar: o derrame tem volume pequeno a moderado e nem sempre é hemorrágico, este ocorre quando há infarto pulmonar. Caso seja puncionado muito precocemente, haverá predomínio de neutrófilos; logo em seguida, o predomínio passa a ser de linfócitos. O derrame exsudativo habitualmente ocorre por pleurite reacional à área de infarto periférica; o transudativo associa-se a eventos c/ algum grau de repercussão hemodinâmica, já que resulta de elevação significativa e rápida das pressões em câmaras direitas, transmitidas às vênulas do espaço pleural, que têm sua drenagem prejudicada. Definida a presença de embolia pulmonar e iniciada anticoagulação, devemos estar atentos em relação ao do tamanho do derrame pleural. Caso este aumente, podemos estar diante de hemotórax pós-início de anticoagulação. -Pleurite reumatoide: apenas 5% dos pacientes c/ artrite reumatoide têm derrame pleural. É + frequente em homens, idosos, 80% deles c/ nódulos subcutâneos e artrite reumatoide de longa data. Febre, tosse e dor torácica são comuns. O derrame costuma ser de tamanho pequeno a moderado e bilateral em 25%. Pode haver regressão espontânea do derrame de um lado e, em seguida, surgir do outro. Em 1 terço, há manifestações pulmonares associadas. A pleura costuma tornar-se espessada e apresenta vários nódulos. São características do líquido pleural: glicose (< 30 mg/dL), pH (< 7,2), DHL aumentado e alto título de fator reumatoide (> 1:320). No início, a glicose do líquido pleural pode estar normal, mas, com o tempo, diminui. Concentração de colesterol aumentada é comum, assim como a formação de cristais. O prognóstico é pouco conhecido. Alguns têm remissão em 3 meses, outros evoluem com espessamento pleural, necessitando de decorticação -Pleurite lúpica: os pacientes com lúpus podem ter derrame pleural associado à própria doença ou relacionado a drogas. Estima-se que 40% dos lúpicos terão um derrame pleural ao longo da vida. Geralmente, artrite e artralgia precedem as manifestações pleurais, mas, em até 30%, as manifestações pleurais podem preceder as articulares. A pleurite lúpica costuma fazer parte de uma exacerbação sistêmica da doença. Em geral, o derrame pleural é pequeno e, em até 50% dos casos, bilateral. A pleurite lúpica deve ser considerada hipótesediagnóstica em todos os derrames pleurais exsudativos de causa indeterminada. As características do líquido pleural são exsudativo, glicose normal ou baixa e possibilidade de predomínio de PMN precocemente, evoluindo com predomínio linfomononuclear. O achado de fator antinúcleo positivo no líquido pleural não costuma fornecer informação adicional à obtida pelos testes sorológicos, e essa pesquisa não mais é recomendada de rotina. O diagnóstico é feito por meio de dados clínicos e marcadores séricos de atividade lúpica. Sempre se deve descartar uma etiologia infecciosa. Ao contrário da artrite reumatoide, a pleurite lúpica responde bem a corticosteroides, mas só estão indicados a casos cujos sintomas são exuberantes. -Doenças abdominais: podem ser oligossintomáticas e causar derrame pleural, o que pode dificultar o diagnóstico. Algumas particularidades são: 1. Cirróticos: mesmo sem ascite, podem apresentar derrame pleural – são transudatos –, que acontece pela passagem do líquido peritoneal para o espaço pleural por fenestras diafragmáticas, mais comumente unilaterais à direita. O diagnóstico é definido comparando as características dos líquidos peritoneal e pleural colhidos simultaneamente. Frequentemente, estes pacientes apresentam derrame pleural volumoso gerando intensa dispneia; 2. Pancreatite crônica c/ fístula pleural: exsudato, derrame pleural + frequente à esquerda; o diagnóstico é confirmado c/ a dosagem de amilase no líquido pleural; 3. Infarto esplênico: causa exsudato; pode cursar c/ dor na base do hemitórax esquerdo ou do hipocôndrio esquerdo, algumas vezes com elevação de cúpula frênica esquerda. O derrame pleural pode ser rico em PMN. As causas habituais são leucemia mieloide crônica, endocardite, sepse ou hemoglobinopatias 4. Abscesso subfrênico: exsudato, muitas vezes, devido à reação diafragmática – líquido estéril –, mas também pode ser uma extensão do processo infeccioso. Normalmente, há predomínio de PMN; os pacientes podem ser oligossintomáticos. 5. Amebíase e equinococose: na amebíase, o líquido pleural pode ser cinza ou de cor achocolatada e dificilmente se isola o parasita. Já na equinococose, os escóleces do parasita podem ser encontrados. -Quilotórax: ocorre por acúmulo de quilo, líquido linfático rico em gorduras na forma de quilomícrons, recém-absorvidos no trato gastrintestinal. O fluido é transportado pelo ducto torácico, que tem trajeto abdominal adjacente à aorta, até passar pelo hiato aórtico no diafragma e seguir em direção à cava. Lesões traumáticas – causa + comum – ou obstrutivas – neoplasias – podem interromper seu transporte e resultar em extravasamento de líquido para o espaço pleural. A aparência leitosa nem sempre é a RCC Carolina Ferreira regra, principalmente se transcorridas mais de 2 horas após a última refeição, já que as gorduras, que conferem o aspecto ao líquido, mesmo no espaço pleural, são absorvidas e metabolizadas. A dosagem de triglicérides habitualmente é elevada (> 110 mg/dL), mas pode estar um pouco + baixa (entre 50 e 110 mg/dL), sendo, às vezes, necessária a dosagem de lipoproteínas p/ definir o diagnóstico. O tratamento de escolha p/ a maioria dos quilotórax é a administração de octreotida via tubo torácico. Caso esta 1º opção ñ seja efetiva, realizar bloqueio do ducto torácico via percutânea transabdominal. Tratamento alternativo seria a ligadura do ducto torácico. Em casos neoplásicos considerar a possibilidade de pleurodese, já que as toracocenteses repetidas espoliam muitos nutrientes – gordura – desses pacientes. -Síndrome das unhas amarelas: tríade de mudança da coloração das unhas, derrame pleural e linfedema. O derrame é habitualmente pequeno e assintomático, mas pode ser grande; é bilateral em 50%, exsudativo, rico em linfócitos, com pH e glicose normais. Acredita-se que a causa subjacente seja uma hipoplasia do sistema linfático. As unhas costumam estar pálidas, amareladas ou esverdeadas, além de encurvadas, e podem estar espessadas ou separadas do leito ungueal – onicólise. -Reação medicamentosa: pode ocorrer como parte de uma síndrome lúpus-like: hidralazina, isoniazida, procainamida, fenitoína, clorpromazina, metildopa; ou ñ: nitrofurantoína, amiodarona, dantroleno, bromocriptina, procarbazina, metisergida. Deve ser sempre suspeitado quando diante de derrame pleural eosinofílico iniciado após início do uso de medicação. -Síndrome de Meigs: a tríade clássica consiste em ascite, derrame pleural e tumor benigno de ovário. A ascite origina-se da hiperprodução de fluido pelo tumor. Acredita-se que o derrame pleural decorra de passagem direta do líquido ascítico p/ a cavidade torácica. O diagnóstico pode ser sugerido pelo achado de massa pélvica. O derrame pleural é do lado direito em 70% dos pacientes e bilateral em 20%. As características do líquido pleural são: exsudativo; baixa celularidade (< 1.000 células); possibilidade de a citologia oncótica sugerir o diagnóstico; confirmação da doença pela laparoscopia c/ biópsia. Tanto o derrame pleural quanto a ascite desaparecem após o tratamento da causa-base. -Sarcoidose: é muito raro a sarcoidose apresentar-se c/ derrame pleural, mas, quando presente. O derrame pleural é pequeno e pode ser bilateral em 1 terço, além de ser exsudativo e rico em linfócitos. A biópsia pleural mostra granulomas ñ caseosos. Os pacientes costumam ter sarcoidose pulmonar extensa, inclusive extratorácica. Costuma responder bem a corticosteroides. -Miscelânea: mesotelioma maligno se apresenta c/ derrame pleural rico em ácido hialurônico. Está associado a exposição ao asbesto e cursa c/ dor torácica intensa junto a dispneia importante. Presença de placas pleurais na radiografia de tórax indicam esta possibilidade diagnóstica. TRATAMENTO -Ñ invasivo: específico + sintomáticos + nutrição+ oxigenoterapia + fisioterapia -Invasivo: toracocentese+ drenagem+ pleurodese + toracoscopia+ decorticação+ pleurostomia -Derrame metastático: toracocentese+ quimioterapia+ pleurodese + derivação (toracostomia c/ drenagem fechada) + pleurectomia + terapias intrapleurais -Indicação de pleurodese: derrame pleural maligno recidivante sintomático em paciente c/ pulmão expansível e c/ Karnofsky >70 e malignidade pleural diagnosticada durante VATS -Indicações de drenagem em infecção pleural: ▪ Purulento p/ organismos (GRAM e/ou cultura +) ▪ pH Lpl < 7,2 c/ evolução clínica desfavorável ▪ P/ PNM(Ñ preenche critérios de drenagem)→ ATB ▪ Coleção septada→ abordagem precoce ▪ Volumosos e ñ purulentos→ benefício sintomático -ICC: é a causa + frequente de transudato, é bilateral na maioria dos casos e, quando unilateral, é mais comum à direita. Geralmente ocorre melhora c/ o tratamento da ICC. A toracocentese é indicada se houver febre, dor torácica, derrame pleural unilateral, ou > de 1 dos lados, ou ausência de resposta ao tratamento da ICC. -Hidrotórax hepático: o tratamento, nesses casos, é dirigido à ascite. Ñ devem ser realizadas drenagens de repetição, visto que isso pode desencadear depleção proteica e reacumulação do líquido. A pleurodese pode ser tentada nos casos refratários -Derrames parapneumônicos: o tratamento envolve a instituição de antibioticoterapia adequada e a decisão quanto à necessidade ou ñ de drenagem. Em casos de DPP complicado RCC Carolina Ferreira ou empiema, dependendo da evolução clínica, o uso de fibrinolíticos intrapleurais e a necessidade de toracoscopia assistida por vídeo p/ lise de aderências, ou decorticação, ou de drenagem pleural aberta devem ser considerados. -Tuberculose: a resolução da tuberculose pleural pode ocorrer de forma espontânea, mesmo sem tratamento. Não realizar diagnóstico e tratamento pode causar, nos 5 anossubsequentes, a ocorrência de tuberculose pulmonar e/ou extrapulmonar em 65% dos casos. Efetua-se o tratamento do DP tuberculoso c/ o mesmo esquema de tratamento da tuberculose pulmonar (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol) durante 6 meses. Após o início do tratamento, o líquido é absorvido em aproximadamente quinze dias. Níveis elevados no líquido pleural de LDH e baixos níveis de glicose e pH são preditores de desenvolvimento de espessamento pleural como sequela da tuberculose pleural. -Derrames malignos: se ñ houver melhora do derrame pleural c/ o tratamento da neoplasia, pode-se tentar a realização de pleurodese. Em pacientes c/ sobrevida curta, toracocenteses de alívio podem ser feitas diversas vezes. PREVENÇÃO PRIMÁRIA -Medidas p/ prevenir causas primárias de derrame pleural incluem: imunização contra pneumonia pneumocócica; anticoagulação p/ pacientes c/ risco de embolia pulmonar; reduzindo o risco de cardiopatia. -A colchicina pode ajudar a evitar derrames pleurais e pericárdicos pós-operatórios depois de cirurgia cardíaca. -A recorrência do derrame pleural pode ser evitada com o tratamento adequado da causa primária (por exemplo, insuficiência cardíaca, malignidade ou cirrose). A pleurodese tem o objetivo de evitar definitivamente o reacúmulo de derrames. MONITORAMENTO -Ñ é necessário depois do tratamento da maioria dos derrames pleurais, se uma causa clara for encontrada. Se o paciente voltar a ficar sintomático, é indicada uma radiografia torácica. -Em pacientes com derrames parapneumônicos complicados, a pleura fica marcadamente espessa depois do tratamento da infecção. Esses pacientes devem ser acompanhados c/ radiografias torácicas em série e, se o espessamento pleural persistir por 6 meses e a qualidade de vida do paciente for limitada pela dispneia, deve ser considerada a decorticação . -Pacientes c/ derrames pleurais não diagnosticados devem ser monitorados até o derrame desaparecer e devem ser acompanhados por 2 anos em caso de possível malignidade. Se o derrame de tamanho, deverão ser realizados procedimentos diagnósticos mais agressivos como a toracoscopia. COMPLICAÇÕES -São: atelectasia/colapso lobar; pneumotórax após toracencetese; edema pulmonar c/ reexpansão; fibrose pulmonar; pseudoquilotorax e encarceramento pulmonar PROGNÓSTICO -O prognóstico depende da condição subjacente. Se for causado por insuficiência cardíaca, cirrose ou malignidade, o derrame provavelmente se repetirá. No entanto, a maioria dos pacientes c/ derrame pleural ñ tem sequelas em longo prazo. Derrames malignos podem mudar o estadiamento e o prognóstico subsequente do câncer subjacente. Derrames parapneumônicos complicados e empiema podem resultar em complicações em longo prazo como espessamento pleural ou encarceramento pulmonar, c/ consequentes defeitos pulmonares restritivos. Qual a importância de diferenciar derrame pleural exsudativo daquele transudativo? RCC Carolina Ferreira A diferenciação de derrames pleurais exsudativos e transudativos é realizada a partir da avaliação dos critérios de Light. Esta diferenciação auxilia muito na investigação diagnóstica. Derrames pleurais exsudativos representam causas diretamente relacionadas com acometimento pleural, como pneumonia, derrames pleurais neoplásicos, tuberculose pleural e outros. Já os transudativos são aqueles em que o derrame pleural é formado em consequência de causa não pleural, mas sim em reverberação de desajuste gerado por doença em outro sistema, como insuficiência cardíaca, cirrose e outras.
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