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A supersaturação de sais insolúveis na urina pode levar à formação de cristais. A urina muito concentrada também contribui, portanto, é importante orientar o paciente a beber bastante água. pH urinário <5 (ácido): contribui pra formação de cristais de cistina e ácido úrico. pH urinário >6 (alcalino): contribui para a formação de cristais de estruvita e apatita. Cálculos de oxalato de cálcio não apresentam relação com pH urinário. Cristais não são cálculos e podem ser eliminados espontaneamente sem gerar repercussões. No entanto, quando os cristais sofrem nucleação, formam cálculos macroscópicos. Isso ocorre quando a concentração do sal é maior do que a capacidade da pessoa em dissolvê-lo. Tipo de cálculo Frequência Conteúdo chave Forma Oxalato de cálcio 70 a 80% Sem relação com pH Mono- hidratado: haltere Di- hidratado: envelope Estruvita 10 a 25% Bactérias produtoras de uréase pH alcalino > 6 Cálculos coraliformes Retangular Ácido úrico 5 a 10% pH ácido <5 Radiotransparentes Amorfo Cistina 2 a 3% pH <5 Hexagonal Hidroxiapatita (fosfato de cálcio) 5% pH alcalino >6 Amorfo Miscelânea <1% Induzido por antirretrovirais (indinavir, atazanavir), bruxita Misto Cistina: Cálculo duro, relacionado à doença genética. Estrutiva: Relacionado a infecção PPK (bactérias produtoras de uréase: Proteus mirabilis, Klebsiella sp, Staphylococcus sp, Pseudomonas sp e Ureaplasma sp). Sais de Cálcio: Hiperparatireoidismo e cirurgia bariátrica. Ácido Úrico: Síndrome metabólica e gota. Retrovirais: Indinavir – não aparece na TC. Litíase prévia, história familiar, absorção intestinal aumentada de oxalato, baixa ingesta de citrato, ITU de repetição, uso de medicamentos (Indinavir, aciclovir, sulfadiazina) e baixa ingesta de água. É duas vezes mais frequente em homens, principalmente entre 40 e 60 anos. O paciente pode apresentar-se assintomático. Quando o cálculo se manifesta – quando sai do rim e vai para o ureter –, o paciente apresenta dor lombar com irradiação para região inguinal. Pode estar associado à hematúria microscópica ou macroscópica, disúria, urgência miccional e náuseas e vômitos. Junção ureteropiélica (JUP): ponto mais comum de obstrução, sendo o padrão de dor lombar com irradiação para flanco. Hidronefrose. Terço médio do ureter no cruzamento com vasos ilíacos: dor em flanco com irradiação para a pelve, região inguinal e genital. Junção ureterovesical (JUV): quadro se assemelha a uma cistite, com disúria, polaciúria e urgência miccional. Também pode causar dor em região inguinogenital com irradiação para testículo/grande lábio. Atentar-se aos sinais e sintomas sugestivos de infecção associada (pielonefrite obstrutiva), que agregam maior gravidade: Dor a punho percussão (sinal de Giordano), febre e hipotensão (choque séptico). Diagnósticos diferenciais: cistite, dor musculoesquelética (dor lombar), abdome agudo inflamatório e gravidez ectópica. Dá-se pela história e exame físico do paciente. Solicitar hemograma e urocultura para verificar presença de ITU, Urina I ou sumário de urina, USG de rins e vias urinárias e TC de abdome e pelve sem contraste (padrão ouro). Raio-X de abdome simples: Não é muito recomendado pela dificuldade em avaliar o tamanho do cálculo e complicações relacionadas ao mesmo. USG de rins e vias urinárias: Exame de escolha para grávidas. Identifica muito bem sinais de hidronefrose, mas, USG que não visualiza litíase não exclui diagnóstico. TC de abdome sem contraste: Padrão ouro. Detecta complicações com maior acurácia (ex: sinais de pielonefrite obstrutiva), além de gerar informações importantes sobre a localização e a presença de outros cálculos. RMN de abdome: É uma possível indicação para gestantes com suspeita de nefrolitíase/ureterolitíase e com USG normal. *Cálculos de indinavir podem não ser detectados na TC. Crise: Hidratação e analgesia. 1ª linha: AINEs – Cuidado com contraindicações (alergia, doença ulcerosa péptica ou IRA). Analgésicos simples. 2ª linha: anti-espasmódicos (codeína, tramal ou morfina). Cálculo no ureter: Tratamento conservador: Terapia expulsiva – hidratação, analgesia e uso de alfa- bloqueador (Tansulosina 0,4mg, uma vez ao dia por 4 semanas é a primeira escolha). Indicação: cálculo ureteral de até 1cm. Contraindicações: dor refratária, sepse urinária, obstrução persistente, insuficiência renal, cálculo bilateral/rim único. Tratamento intervencionista: Cálculos >1cm, falha no tratamento clínico e contraindicação a tratamento conservador. Desobstrução: Cateter duplo J. Ureteroscopia Rígida: Cálculos distais que não respondem a uma terapia clínica. Ureteroscopia Flexível: Cálculos proximais de até 2cm, que não preenchem critérios para LECO (>1000 UH, distância pele-cálculo >10cm). LECO (Litotripsia Extracorpórea): É o tratamento menos invasivo de todos. Indicado para pacientes com cálculo proximal, <2cm, até 1000UH e distância da pele até 10cm. Dispara ondas de choque com alta energia para tentar fragmentar o cálculo. É contraindicado em caso de coagulopatia, infecção ativa, gestantes, aneurisma de aorta e de artéria renal. Nefrolitotripsia Percutânea: Realizada através de uma punção na pelve renal (via radioscopia ou USG) e passagem de nefroscópio equipado com aparelhos de litotripsia. Indicado para cálculos >2cm proximais ou >1cm se localizados no polo inferior (nesses casos, a LECO não apresenta bons resultados). Nefrolitotomia Aberta: É indicada para pacientes refratários às terapias previamente descritas, quando possui alguma anormalidade anatômica que impossibilita a via endourológica ou em casos em que pretendemos realizar uma nefrectomia (parcial ou total) por cálculo em rim não funcionante. Cálculo renal: <5 mm e assintomático – observação. Tratamento da causa do cálculo e aumento da ingesta hídrica. Cálculos > 2 cm: LECO. Cálculos 1-2 cm: LECo/ureteroscopia Cálculos <1cm: Conservador, LECO ou ureteroscopia. Hipercalciúria Idiopática: Aumento de ingesta hídrica + restrição de sal e proteínas. Caso esse tratamento não der certo, adicionar diuréticos tiazídicos, que auxiliarão no aumento da reabsorção de cálcio no túbulo distal. Determinada pela excreção de 250 mg/dia de cálcio urinário em mulheres ou 300 mg/dia em homens. Hipocitratúria: Reposição com citrato de potássio. ATR tipo I: Alcalinizar o sangue com citrato de potássio. Hiperoxalúria: Colestiramina, que facilita a excreção intestinal de oxalato. Pirodoxina (vitamina B6) pode ajudar também. Níveis normais de oxalato urinário de 24h: >50 mg. Cálculos de Estruvita: Realizar antibioticoterapia direcionada aos microorganismos. Em casos refratários, fazer uso também do ácido aceto- hidroxâmico, que inibe a uréase. Cálculos de Ácido Úrico: Realizar a alcalinização urinária com citrato de potássio, além de propor diminuição da ingesta de alimentos ricos em purinas (cervejas, refrigerantes, frutos do mar) e inibidores da xantina oxidase (alopurinol). A probenecida, utilizada na gota, está contraindicada nesses casos. Cálculos de Cistina: Tornar a urina alcalina com citrato de potássio + ingesta hídrica. Também pode ser utilizado tioproinina e D-penicilamina, que reduzem a excreção de cistina. É a principal causa de hidronefrose pré-natal e em crianças, com predominância em meninos. Sua etiologia pode ser intrínseca, em que durante a organogênese forma-se uma estenose do ureter proximal ao nível da JUP, ou extrínseca por presença de arterial renal acessória. Quadro clínico: No período pré-natalfaz-se o diagnóstico através da presença de hidronefrose na USG. EM recém-nascidos/crianças, é a presença de massa abdominal, podendo estar associada a dor abdominal, hematúria e ITU de repetição. Diagnóstico: Renografia utilizando o radioisótopo Tc- 99m-MAG3, junto com furosemida. Também é possível utilizar uretrocistografia miccional (UCM), já que parte deles apresentam refluxo vesicoureteral. Tratamento: Paciente assintomático: Conduta expectante. Obstrução grave unilateral, bilateral ou com piora da função renal: Realizar pieloplastia, ressecando o segmento estenosado e reanastomosando o ureter à pelve. Pieloplastia para estenose de JUP. Caracterizada pela passagem retrógrada de urina da bexiga para o ureter. A principal causa é congênita (primária) – defeito no fechamento da junção ureterovesical por inserção anômala do ureter na bexiga. Causas adquiridas ocorrem quando há aumento importante da pressão de esvaziamento vesical. Diagnóstico: Urerocistografia miccional (padrão ouro), classificando o refluxo de grau I a V. Tratamento: Graus mais avançados (III e V) necessitam de profilaxia antibiótica. A terapia cirúrgica é indicada aos que persistem com complicações (ITU de repetição, insuficiência renal). O procedimento de escolha é o reimplante ureterovesical. Segundo defeito congênito mais associado à obstrução do trato urinário. Gera dilatação a montante do ureter, causando um megaureter, que pode ser visualizado no USG. Tratamento: Em pacientes sintomáticos, realizar ressecção + reimplante do ureter distal associado a uma técnica antirrefluxo. É uma anomalia congênita, em que o ureter cruza a veia cava inferior posteriormente, podendo sofrer obstrução por parte dessa veia. Alguns pacientes se mostram assintomáticos até os 30 ou 40 anos de idade, que é quando desenvolvem hidronefrose. Diagnóstico: Pielografia, sendo sugestivo desse diagnóstico o achado de ureter em anzol de peixe ou em “S”. Tratamento: Em caso de obstrução, realizar procedimento cirúrgico – ressecar a porção proximal, realocando-o anteriormente à veia cava e reanastomosando-o ao trato urinário. Síndrome genética, acometendo 3,8 a cada 100 mil nascidos vivos – a maioria do sexo masculino. Tríade: Deficiência da musculatura abdominal, alterações do trato urinário e criptorquidismo bilateral. Tratamento: Suporte ventilatório, vesicostomia, quimioprofilaxia com ATB e correção plástica da parede abdominal. Causa congênita. É a dilatação cística do ureter, acometendo geralmente a sua porção distal, na região da JUV. Se acomete apenas a parte interna da bexiga, chama-se intravesical. Quando se estende para o colo vesical ou uretra, chama-se ectópico. Os pacientes podem ser oligossintomáticos, sendo diagnosticados tardiamente ou no pré-natal, via USG. 80% dos casos estão associados a uma duplicação do sistema coletor, sendo o ureter com ureterocele responsável por drenar o segmento superior não funcionante. Tratamento: Varia caso a caso. Pode ser realizada uma descompressão endoscópica em situações mais simples ou reimplante ureteral. Formação de uma membrana obstrutiva na uretra posterior na embriologia de indivíduos do sexo masculino. É a principal causa de hidronefrose bilateral em meninos. O diagnóstico pode ser pré-natal (evidenciando hidronefrose) ou pós-natal, com clínica de obstrução infravesical: jato urinário fraco e distensão abdominal por bexigoma. Bexiga espástica ou reflexa: O problema está no neurônio motor superior (ex: AV após fase aguda, Parkinson) e, a partir da não inibição do centro miccional, ocorre hiperatividade detrusora. Bexiga atônica: O problema é o neurônio motor inferior (ex: diabetes, radioterapia pélvica) e, com isso, a bexiga perde a capacidade de contratilidade e o paciente acaba urinando por transbordamento quando a bexiga está cheia. Tratamento: Medicamentos colinérgicos (cloreto de betanecol). Em casos sem resposta à medicação, solicitar cateterismo vesical intermitente. Tem importante causa de hidronefrose, normalmente ocorrendo de forma gradual e podendo acometer ambos os ureteres. Pode ser de origem idiopática (70% dos casos) ou secundário (linfoma, tuberculose, efeito colateral de drogas derivadas do ergot). Associado a refluxo vesicoureteral, bexiga neurogênica e estenose de uretra. A maioria dos pacientes são assintomáticos. O diagnóstico é realizado por meio de exame endoscópico (cistoscopia). O tratamento é indicado em caso de complicações do divertículo, realizando diverticulectomia.
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