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Resumo – Patologias do sistema urinário Estrutura do trato urinário No trato urinário, há dois rins, dois ureteres, a bexiga e a uretra. Uma diferença entre o trato masculino e o feminino é a próstata no sistema masculino. Outra diferença é o tamanho da uretra, sendo a feminina muito mais curta que a masculina, o que é importante para entender o porquê de algumas patologias serem mais prevalentes em mulheres. Mecanismo de micção normal Precisa do funcionamento da musculatura lisa da bexiga, representada pelo músculo detrusor e da musculatura do assoalho pélvico. No momento em que ainda está ocorrendo o enchimento vesical, o m. detrusor encontra-se relaxado. Depois, vem a primeira sensação para urinar, com o aumento do desejo miccional (que é normal). Uma vez cheia e quando ocorrer a micção, ocorre a contração do m. detrusor e o relaxamento do músculo estriado periuretral. Isso permite a diminuição do comprimento da uretra e o aumento do seu calibre, permitindo a saída da urina. · SINTOMAS Alterações miccionais · Alterações do jato urinário: · Jato urinário “fraco”, “lento”, “fino” em RNs ou meninos: sugestivo de fimose ou de estenose do meato uretral. · Hesitação: demora para iniciar a micção, esforço para urinar, com diminuição da força e do calibre do jato urinário. É uma descrição comum em pacientes com alguma uropatia obstrutiva infravesical. · Retenção urinária: incapacidade de a bexiga esvaziar-se, parcial ou completamente. É fundamental diferenciá-la da anúria: paciente com retenção pode ficar sem eliminar a diurese, mas produz a urina normalmente! A anúria, por sua vez, consiste na ausência de produção de urina. Ex.: passando sonda em paciente com retenção, a urina vai sair. Caso esteja em anúria, não está produzindo, então não sai. · Bexiga neurogênica: retenção urinária é conseqüência da incapacidade de a musculatura vesical contrair-se com força adequada, geralmente em decorrência de neurônio motor superior (lesões de nervos sacrais, assim, podem causar a bexiga neurogênica). · Incontinência urinária: paciente elimina urina sem perceber, quase que continuamente. Observada em lesões raquimedulares completas. Alterações do volume e do ritmo urinário Em uma dieta normal, a quantidade de urina eliminada é de, pelo menos, 800ml de urina em 24 horas. · Oligúria: elimina < 400ml/24h. · Anúria: elimina < 100ml/24h. · Disúria: geralmente, termo utilizado para se referir a dor ou desconforto ao urinar, e é efetivamente recomendado que se use para esse fim. Contudo, conforme a etimologia da palavra, é qualquer alteração da micção (tais como na frequência, hesitação, gotejamento, estrangúria, urgência...). · Poliúria: elimina > 2.500ml/24h. Refere-se à quantidade (volume) da urina. · Polaciúria: relacionada à frequência da necessidade de urinar (não é ao volume!). Quando a necessidade de urinar ocorre repetidamente em intervalos inferiores a duas horas, sem que haja poliúria (aumento do volume de urina). · Noctúria ou nictúria: despertar diversas vezes para urinar; inversão do ciclo circadiano. Pode ser relacionada a IC, medicamentos, diabetes etc. Alterações na cor da urina Normalmente, varia entre amarelo claro e amarelo escuro. Achados com cor alterada. · Hematúria: sangue na urina; pode ser macroscópica (visível a olho nu) ou microscópica. · Hemoglobinúria: presença de hemoglobina livre na urina. Ocorre em casos de hemólise intravascular, como malária e leptospirose; transfusão incompatível. · Mioglobinúria: urina avermelhada em decorrência de destruição muscular maciça por traumatismos e queimaduras, por crises convulsivas ou após exercícios intensos e alongados (por exemplo, uma maratona). · Porfirinúria: urina vermelho-vinhosa em decorrência da eliminação de porfirinas na urina. Há alteração do metabolismo. Cuidado para não confundir com hematúria. · Urina turva: por outros motivos, tais como causas infecciosas, pacientes com bilirrubina elevada etc. qualquer infecção do trato urinário. · Proteinúria: geralmente se apresenta com aspecto de espuma. Em condições normais, elimina-se menos que 100mg dia. Decorre de 3 principais mecanismo: glomerular, tubular e hiperproteinemia. · Microalbuminúria - Tipo importante de proteinúria – o paciente elimina até 300mg de albumina em 24h. É um indicador precoce de nefropatia diabética e de nefroesclerose em hipertensos Alterações no cheiro da urina O cheiro normal da urina se deve à liberação de amônia. Diversos fatores podem alterar seu cheiro, tais como infecções e medicações. Dor · Dor lombar e no flanco: descrita como dor profunda, de intensidade variável, fixa e persistente, que piora com a posição ortostática e se agrava ao fim do dia. Investigar se não é uma dor osteomuscular. · Cólica renal: acompanhada de contrações da musculatura lisa. No início, pode haver apenas desconforto na região lombar (do flanco), e esse desconforto vai se irradiar para o quadrante inferior do abdome no mesmo lado. · Dor vesical: originada no corpo da bexiga e geralmente localizada na região suprapúbica. · Estrangúria ou tenesmo vesical: emissão lenta e dolorosa de urina, que pode ser causada por inflamação vesical intensa. Se confunde com a disúria. · Dor perineal: mais relacionada à infecção aguda da próstata, sendo referida no sacro ou no reto. · Dor testicular: pode ser primária ou referida, por irradiação da cólica renal. Pode ser consequência de epididimite aguda, torção testicular e dos nos rins ou no retroperitônio que pode ser referida para o testículo. Se a dor é suprapúbica, já pensamos em algo mais alto, ao nível da bexiga Outros sinais: edema, febre e calafrios. · EXAMES COMPLEMENTARES EXAME SIMPLES DE URINA · Sinônimos: sumário de urina, urina do tipo I, EAS · Melhor amostra é a primeira urina da manhã · Descartar o primeiro jato (pega o meio do jato urinário) e higienizar a região pélvica para evitar contaminação · Usar frasco limpo · O que se avalia? Até 150 mg de proteína é normal. As bactérias transformam nitrato em nitrito. Assim, a presença de nitrito é um sinal indireto de infecção urinária. Cilindros são produtos bacterianos. PROVAS DE FUNÇÕES RENAIS · Uréia – normal entre 18 e 45 mg dl · Creatinina – normal entre 0,6 e 1,2 mg dl EXAME BACTERIOLÓGICO DA URINA · Precauções para evitar contaminação externa; · Coleta em recipiente estéril; · Boa higiene dos órgãos genitais; · Afastar lábios vulvares; · Microscopia direta e cultura; · Cultura com mais de 10.000 (10 a 5) colônias por ml indica seguramente ocorrência de infecção. Obs.: as alterações bacteriológicas só têm indicativo de tratamento quando for sintomático, gestante ou paciente que vai se submeter a cirurgia do trato urinário. Por isso, não há utilidade em fazer exame de urina de rotina. ULTRASSONOGRAFIA · Vantagens: exame não invasivo, ampla disponibilidade, não utiliza radiação ionizante · Principais indicações: identificação de obstrução, diagnóstico diferencial entre lesões sólidas e císticas, avaliação de insuficiência renal aguda e crônica, seguimento de pacientes com rins transplantados e como guia para procedimentos invasivos. RADIOLOGIA CONVENCIONAL · Baixa acurácia para a maioria das doenças renais UROGRAFIA EXCRETORA (com contraste) · Baseia-se na propriedade renal de filtrar e concentrar substâncias radiopacas (contraste iodado) · Avalia aspectos anatômicos e funcionais dos rins e vias urinárias TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA · Fornece mais parâmetros que a urografia excretora em casos de litíase · Padrão-ouro na avaliação de litíase urinária (sem contraste), pielonefrite · Avaliar a presença de massas neoplásicas e estabelecer o diagnóstico diferencial entre lesões sólidas, císticas e abcesso ou hematoma. · Detectar invasão neoplásica do espaço perirrenal · Examinar urolitíase ou litíase renal · Guiar biópsia percutânea · Analisar traumas renais OUTROS EXAMES · Ressonância magnética, principalmente para análise da próstata; · Cintilografia renal; · Biópsia renal; · Endoscopia – bastante usada para retirada de cálculos; ·Angiografia renal. · DOENÇAS DOS RINS E DAS VIAS URINÁRIAS · Síndrome nefrótica e síndrome nefrítica · Insuficiência renal (aguda e crônica) · Infecção urinária alta (pielonefrite) e baixa (cistite) · Litíase urinária · Síndrome de obstrução urinária · Neoplasias dos rins e do trato urinário · Doença cística renal CASO 1 Identificação: 68 anos, sexo feminino, procedente de Murici. QP: Dor nas costas e para urinar há 2 dias. HDA: Paciente relata que há 2 dias iniciou quadro de dor lombar à direita associada a disúria, polaciúria, febre e eliminação de urina escurecida. Também refere náuseas e vômitos + prostração e diminuição do apetite. Nega infecções urinárias de repetição. Antecedentes: Nega HAS, nega DM e nega uso de medicações regularmente. História social: Nega tabagismo e etilismo. Ao exame físico: consciente, eupnéica, acianótica, corada, hidratada, febril e anictérica. PA = 121/61 mmHg FC = 102 bpm. FR = 16 irpm. Tax (temperatura axilar) = 38°C SatO2 = 96% (AA). -AR : MV audível universalmente sem RA. -ACV :RCR em 2T BNF sem sopros audíveis. -ABD: Plano, flácido, sem visceromegalias, sem sinais de irritação peritoneal, peristalse presente. Giordano positivo à direita. -EXT: Pulsos presentes, simétricos, sem edemas, panturrilhas livres. Resultados de exames laboratoriais: Hemograma: Hb = 11,8g/dl e Ht = 36% GB = 18.500 77% de neutrófilos com desvio à esquerda (15% de bastões) Plaquetas = 150.000. Creatinina = 2,29 / Uréia = 65 Urina I (sumário de urina): Moderadamente turva, presença 12 leucócitos por campo, flora bacteriana +++, nitrito positivo. USG de rins e vias urinárias: alterações parenquimatosas, com presença de micro-abscessos em rim direito. História clínica congruente com quadro infeccioso; a taquicardia pode ser justificada pela presença da febre. O hemograma também é muito sugestivo de processo infeccioso, com plaquetas de contagem normal. A função normal dele está alterada, conforme valores da creatinina e da uréia. Nitrito positivo também indica bactéria (positividade do nitrito reflete a capacidade de bactérias gram positivas transformarem nitrato em nitrito). #HD ITU alta pielonefrite aguda (apesar do US estar normal, sem inflamação renal). #Conduta · Internamento hospitalar. · Início de antibioticoterapia: Ceftriaxona. · Hidratação endovenosa + sintomáticos. · Profilaxia para TVP. Evolução · Evolução com melhora clínica após 3 dias de internamento, principalmente com melhora da dor lombar. Sem febre. · Isolamento na urina de E.coli + de 100.000U formadoras de colônias, sensível a celalosporinas de 2ª e 3ª gerações, sulfametoxazol-trimetropin, piperacilinatazobactan e ciprofloxacina, resistente a norfloxacina, cefalosporinas de 1ª geração e amoxicilina-clavulanato. · Alta hospitalar com medicação por via oral – com cefuroxima 250mg de 12/12 horas por mais 7 dias. · INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU) Epidemiologia · ITU é a segunda infecção bacteriana mais comum na prática clínica. · São responsáveis por 7.000.000 de consultas por ano, 1.000.000 de atendimentos em emergência/ano e 100.000 internações/ano nos EUA. · Cerca de 20% das mulheres apresentam um episódio de ITU durante a vida, predominantemente de cistite. · A incidência em mulheres é o dobro da de homens, mas, acima de 50 anos, a incidência passa a ser igual. · Populações mais suscetíveis a ITU: · Crianças pequenas; · Mulheres grávidas; · Idosos; · Diabéticos; · Usuários de sonda vesical; · Imunodeprimidos; · Pacientes com lesões medulares (podem evoluir com bexiga neurogênica). Fisiopatologia A litíase (presença de cálculo) se relaciona muito às infecções. Outras causas: refluxo vesicoureteral (pode ser congênito), lesões medulares (bexiga neurogênica), tamanho reduzido da uretra (mulheres). Etiologia ITUs de comunidade · E. coli (70 a 85% dos casos): é a principal bactéria relacionada às ITUs. · Staphylococcus saprophyticus. · Proteus. · Klebsiella. · Enterococcus faecalis. ITUs hospitalares: enterobactérias e cândida. ITUs complicadas e de repetição: germes produtores de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL) – bactérias resistentes. Classificação De acordo com a localização. · ITU Alta: pielonefrite. · ITU Baixa: cistite e uretrite. OBS.: É possível ter pielonefrite e cistite ao mesmo tempo. PIELONEFRITE AGUDA · Invasão bacteriana do rim e da pelve renal. · Geralmente unilateral. · Pode estar associada a: · Obstrução do trato urinário; · Cálculos; · Neoplasias; · Malformações anatômicas. · Nas mulheres, é mais comum na primeira infância ou no início da fase de atividade sexual. · Principal germe: Escherichia coli. Quadro clínico · Febre alta (geralmente > 38ºC). · Calafrios. · Náuseas e vômitos. · Prostração, taquicardia e hipotensão arterial podem estar presentes falam a favor de quadro mais grave. · Dor unilateral ou bilateral em flancos com irradiação para fossa ilíaca e região supra-púbica, principalmente se associada a um cálculo no ureter. · Cistite associada: queixas de cistite polaciúria, disúria, urgência e eliminação de urina turva, denotando a presença de cistite associada. Exame físico · Sinal de Giordano positivo. É uma punho-percussão da região de loja renal; caso esteja com infecção, paciente refere dor à punho-percussão, falando muito a favor de ITU (especialmente ITU alta). Exames laboratoriais · Exame de urina: · Presença de piócitos, cilindros leucocitários e bactérias. · Hematúria está usualmente presente. · Resultado é mais rápido. · Urocultura: · Identificação do microorganismo. · + (positiva) quando tem mais de 100.000 ufc/ml colhida do jato médio de maneira asséptica. · Pacientes idosos, com infecção crônica e em uso de ATB, pode ser valorizado crescimento bacteriano > que 10.000 ufc/ml. · Bacteriúria assintomática: crescimento de pelo menos 100.000 ufc/ml de uma mesma bactéria em 2 amostras de urina de um paciente. · Sumário de urina em paciente assintomático e vem com flora bacteriana: pede a urocultura para confirmar a presença de pelo menos 100.000 UFC/ml. · Em geral, demora 3 a 6 dias para sair o resultado. · Hemocultura: positiva em 25% a 60% dos casos de ITU alta. Tem relação com a gravidade da doença e risco de sepse. · Nos casos mais graves. Identifica o MO no sangue; indicação para pacientes em internamento hospitalar. Exames de imagem · Indicação àqueles casos de cistite/pielonefrite não resolvidos com terapia empírica. · A maioria dos casos é E. coli; sabendo disso, já tem opções de tratamento a nível ambulatorial e hospitalar. Se usar de forma empírica o ATB e não resolver é que vai prescrever exames de imagem para investigar se tem outras complicações. · Assumem maior importância para o diagnóstico de complicações. · Podem evidenciar alterações estruturais e/ou funcionais do sistema urinário. CISTITE · Infecção na bexiga. · Caracterizada por polaciúria, disúria, urgência e piúria. · Desconforto e sensação dolorosa supra-púbica. · Desejo de urinar acompanhado de dor, mesmo quando o órgão está vazio, ou imediatamente após a micção (estrangúria). · Urina turva e com odor desagradável pode também estar presente. · Exame de urina: piócitos, hemácias, células epiteliais e bactérias. BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA · Observação de bactérias na urina de pacientes sem sintomatologia de infecção urinária. · Pediu o exame de urina ao acaso e percebeu a bacteriúria. · Deve ser comprovada em 2 culturas consecutivas, com crescimento do mesmo microorganismo (acima de 100.000 colônias/ml de urina). · Ocorre com mais frequência em crianças com refluxo vesicoureteral ou com outras alterações no trato urinário, mulheres gravidas e em idosos. Quando tratar bacteriúria assintomática? · Se o paciente não tem queixa, devem ser pesados os benefícios e malefícios do tratamento, uma vez que, com este, ocorrerá seleção de flora bacteriana e aumento da resistência bacteriana (quando ele adoecer e precisar, os MOs podem já estar selecionados). · Grupos a serem tratados: · Mulheres grávidas; · Homens que serão submetidos a procedimentos urológicos, como a RTU depróstata (ressecção transureteral da próstata); · Procedimento cirúrgico de trato urinário com previsão de sangramento. Não existe evidência, tratar bacteriúria assintomática em: · Mulheres não-grávidas, pré-menopausa ou na menopausa. · Mulheres diabéticas. · Idosos. · Paciente com lesão medular e com alteração funcional da bexiga. · Paciente com SVD sem sintomas. · Pacientes transplantados-órgãos sólidos. CASO 2 Identificação: sexo masculino, 78 anos, natural e procedente de Maceió. QP: Dor lombar à direita. HDA: Paciente procura atendimento por dor lombar à direita irradiando para fossa ilíaca direita, com muita náusea e vômitos. Nega febre. Sem história de perda ponderal nos últimos meses. Creatinina de 3,5mg/dL, sendo a creatinina prévia normal. Antecedentes: HAS, DM e com passado de nefrectomia a esquerda secundária a neoplasia, paciente considerado curado. Tomografia de pelve: Discussão e #HD Dor lombar que irradia para FID; sem febre (exclui infecções); sem perda ponderal descarta a neoplasia (apesar de que os pacientes só perdem peso com a doença já avançada); a alteração da creatinina parece ter sido aguda. Na imagem, vê-se um cálculo localizado no ureter direito. Síndrome obstrutiva de vias urinárias, causada por uma litíase localizada nos ureteres (litíase renal é nos rins!). · LITÍASE URINÁRIA · Formação de concentrações calculosas em rins ou vias urinárias. · 90% dos casos formados por sais de cálcio (oxalato, fosfato) e os restantes 10%, por ácido úrico e cistina. Epidemiologia · A prevalência de nefrolitíase (cálculo no rim) é de 2-3% com incidência em países industrializados de 0,5% a 1% ao ano. · A probabilidade de um homem branco desenvolver cálculo até os 70 anos é de 1:8. · Apresenta alta taxa de recidiva, podendo chegar a 80% ao longo da vida e sendo de até 50% em cinco anos. · Pacientes com litíase assintomática tornam-se sintomáticos dentro de cinco anos em 50% dos casos. Litíase renal · Cálculos podem ser únicos ou múltiplos. · Cálculos são formados nos rins, nos cálices ou pelve renal, adotando inclusive a forma dos cálices e da pelve. · Pode lesar os rins, mesmo na condição assintomática. · Discreta sensação de dor ou peso no flanco correspondente. · Hematúria microscópica geralmente está presente. · Pacientes que apresentam sumário de urina com hematúria isolada, sem alterações infecciosas (sem nitrito positivo, sem piócitos, sem leucócitos) não deve ser infeccioso, então precisa investigar a presença de litíase, pelo que você solicitará um ultrassom. Litíase geralmente é descoberta na investigação da hematúria (em pacientes assintomáticos). Litíase vesical · Cálculos formados nos rins e que não foram eliminados durante a micção. · Obstrução e infecção urinária são fatores importantes no aparecimento dos cálculos vesicais. · Disúria, urgência e interrupção brusca do jato urinário: ocorrem quando o cálculo obstrui a uretra. · Pode causar cistite. · Diagnóstico radiológico, endoscópico ou ultra-sonográfico. Avaliação de um paciente com litíase · História clínica com ênfase em hábitos alimentares, medicamentos em uso, história familiar de doenças do sistema urinário, cólica renal, hematúria. · Hábitos alimentares podem estar diretamente associados a formações calculosas. · Exame de urina: hematúria e cristalúria (cristais indicam cálculo – são pedaços do cálculo que conseguiram ser expelidos.). · USG de vias urinárias. · Avaliação de alterações metabólicas capazes de causar litíase recorrente. Tratamento · O tratamento das litíases urinárias depende do tamanho, localização e composição dos cálculos. · Pode ser necessário urgência/emergência ou constituir um procedimento eletivo. · Na urgência, é comum que o paciente não saiba que tem o cálculo; há a obstrução e só se busca atendimento porque está com muita dor e alterações da função renal. · No ambulatório, a depender do tamanho do cálculo, é interessante o encaminhamento para o urologista, a fim de que este avalie se é cabível algum procedimento eletivo. · Cálculos menores que 6 mm: tratamento clínico conservador. Cálculo é pequeno, então provavelmente será expelido, não sendo necessária qualquer intervenção. · Cálculos maiores que 6 mm e menores que 2 cm: Esses cálculos não conseguem migrar, vão obstruir e causar muita dor, além de outras complicações. O tratamento de eleição é a ureteroscopia flexível, realizada através da introdução de endoscópio fino e flexível pelo canal uretral. Os cálculos são fragmentados com auxílio de fibras de laser (ou seja: quebra em cálculos menores para que o paciente consiga expeli-los). · Maiores que 2 cm: nefrostolitotomia percutânea. Nefroscópio é inserido e retira-se o cálculo sem a necessidade de abrir o paciente. Para cálculos maiores, avalia-se a possibilidade de procedimentos mais invasivos. · SÍNDROME DE OBSTRUÇÃO URINÁRIA · Principais causas intrínsecas: litíase, neoplasias e anomalias congênitas. Causas internas do aparelho urinário. · Principais causas extrínsecas: neoplasias e fibrose. Causas fora do aparelho urinário. Pacientes de neoplasia na pelve podem cursar com síndrome de obstrução urinária (ex.: neoplasia de colo uterino acaba comprimindo extrinsecamente o ureter). OBS.: no caso clínico 2, o paciente tinha uma síndrome de obstrução urinária. O cálculo pode ter tido origem renal, porém o que estava causando o quadro clínico era a sua presença no ureter. · Pode ser causa de insuficiência renal aguda ou crônica. · Lesão acima da bexiga pode produzir hidronefrose (quando a dilatação atinge os cálices renais). Urina vai se acumulando nos cálices renais. · Na gravura ao lado estão os graus de hidronefrose. · Obstrução no colo vesical ou uretra: a dilatação é bilateral. · A obstrução aguda apresenta-se clinicamente com sintomas marcantes, enquanto na crônica as manifestações são insidiosas, não despertando a atenção dos pacientes. Quadro clínico da síndrome de obstrução urinária · Dor tipo “cólica renal”. · Relato de peso na região dos flancos. · Infecção urinária ou retenção urinária pode estar presente. · Obstrução bilateral podem acontecer sinais e sintomas de uremia. · Se for bilateral, os dois rins estarão acometidos, de forma que a uréia vai se acumular e terá sintomas relacionados à uremia, tais como vômitos. OBS.: no caso clínico 2, o paciente só tinha um rim. Com a obstrução da via urinária, logo a função renal foi alterada. · CISTOS RENAIS Cistos renais adquiridos · Normalmente após os 50 anos, aumentam de freqüência com o avançar da idade e estão presentes em mais de 50% das pessoas após os 60 anos. · Podem ser solitários, múltiplos, uni ou bilaterais e, eventualmente, podem apresentar sintomas clínicos de dor lombar, sangue na urina, infecção urinária e hipertensão arterial. · Dificilmente, os cistos se infectam e formam abscessos. · Pode ocorrer, eventualmente, ruptura e surgir sangramento interno ou aparecer no exame de urina. É mais raro. · São achados comuns em tomografias e em USG; o paciente deve ser tranquilizado no sentido de que cistos não são nódulos. A depender de determinadas características tomográficas é que se toma uma conduta de acompanhamento ou encaminhamento (classificação radiológica vista a seguir). · Cistos renais: sem tratamento específico, apenas seguimento com tomografia. Classificação radiológica: Bosniak Doença policística renal · Doença hereditária. · Origem genética, constitui uma anormalidade da estrutura tecidual renal. · Pode associar-se a outras anormalidades congênitas como o fígado policístico. · 2 tipos: · Adultos: Herança autossômica dominante de alta penetrância. · Crianças: Herança autossômica recessiva. CASO 3 · CSA, 5 anos, masculino, estudante, natural e procedente de Maceió · Queixa principal: inchaço nos olhos · HDA: Refere edema periorbital matutino há 5 dias, que diminui ao longo do dia. Há 3 dias observou hematúria com urina cor de café. A mãe refere que há 3 semanas a criança teve uma “crise de infecção de garganta”. Paciente queixa-se de fraqueza, adinamia e de que está urinandomuito pouco (< 400ml por dia) · Exame físico: · Pressão Arterial= 150x95 mmHg · Frequência cardíaca= 92 bpm · Regular estado geral, dispneia leve, afebril, hidratado, normocorado, edema periorbitário e de membros inferiores discretos · Exames complementares: · Urina 1: · Presença de cilindros hemáticos · 1.000.000 de hemácias · Cite duas hipóteses diagnósticas para o caso: glomérulo nefrite · Como se chama a alteração de volume da urina apresentado pelo paciente? Oligúria · Cite um dado da HDA que se refere à uma possível etiologia da patologia renal do paciente acima. A infecção de garganta e a idade do paciente. · SINDROME NEFRÍTICA Classificada em: · Glomerulonefrite aguda · Glomerulonefrite rapidamente progressiva · Glomerulonefrite crônica · Glomerulonefrite aguda Caracterizada por urina turva, hipertensão arterial (decorrente do aumento do volume intravascular), edema (especialmente periorbitário), azotemia (elevação dos níveis de uréia e creatinina) e recuperação em dias ou semanas. No sumário de urina temos: hemácias dismórficas e cilindros hemáticos. Principais causas: Pós-estreptocócica e Deposição de imunocomplexos (LES e nefropatia por IgA) · Pós-estreptocócica; · Pós infecciosa não estreptocócica · Nefropatia por IgA ou doença de berger
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