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Rio 9 de setembro de 2011 - Julian Chediak

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Rio, 9 de setembro de 2011 
Direito Societário I
Qualquer banco pode fazer um depósito de entrada (integralização de capital com fins de Constituição da Sociedade), porém apenas o Banco do Brasil, por ser citado na lei, faz isso com facilidade. 
Continuando a aula passada, na qual foi exposto o modo de realização de um balanço, concluímos que o conceito de que o capital social é garantia dos credores existe, porém é o patrimônio líquido que de fato ilustra a real condição da sociedade. 
Na sociedade anônima, o capital social, cujo conceito não difere do capital social da limitada, é dividido em ações. Essas ações são a grande revolução, sob o ponto de vista de desenvolvimento societário. Mas qual seria a natureza jurídica da ação? O que é uma ação? Debater a natureza jurídica de algo é importante para saber as normas que se aplicam a ele. A sistematização e classificação de algo é um esforço difícil e essencial em toda a disciplina do direito. No direito empresarial, porém, como se parte do fato para a norma e não da norma para o fato, existem casos em que a sistematização não pode ocorrer ou é muito dificultada. 
A ação é um valor mobiliário, mas isso não é suficiente. A ação seria um título de crédito? Não, pelo menos não um título de crédito próprio, porque os acionistas não são credores, não há valor líquido e certo e os acionistas possuem obrigações para com a sociedade. Título de crédito é um documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele contido (definição de Vivante). Nesse caso, o direito pode ser exercido independentemente do complexo de relações entre as partes. A ação pode ser um título de crédito impróprio, caso se utilize uma definição mais ampla (se a premissa mudar, muda-se a conclusão). Ou seja, a ação pode ser ou não um título de crédito dependendo da definição que está sendo utilizada. Ascarelli criou categorias de títulos de créditos, sendo que ele colocou as ações entre os títulos de participação, que são tipos de títulos de créditos impróprios. Segundo Lami Filho, a ação é um título de crédito (ele utiliza a teoria de Ascarelli). Poderia ser utilizada a legislação aplicável aos títulos de crédito para aplicar às ações? Isso gera muita insegurança, devido à questão de depender da premissa. Mas essa insegurança, na prática, não se aplica, já que a própria legislação regula a ação especificamente, indicando o que se aplica e o que não se aplica. Portanto, a discussão de se a ação é título de crédito ou não, no geral, não é relevante. 
Hoje em dia, os direitos que antes eram colocados em papéis são feitos e arquivados eletronicamente. Estamos em um momento em que, como indica Chediak, o conceito de título de créditos está mais fluído, não está solidificado. A tecnologia avança muito rápido e os títulos também. Chediak diz que ele mesmo não sabe dizer se ação é um título de crédito porque é muito difícil conceituar título de crédito. 
Quanto às ações, tem se uma lei específica que indica quais são os direitos que as ações dá e como as ações devem circular. A lei trata das ações a partir do artigo 11, que se inicia dizendo que o estatuto vai fixar o número de ações em que se divide o capital social e vai estabelecer se elas têm ou não valor nominal (valor de face). Valor nominal é o valor que resulta da divisão do capital social pelo número de ações. Na prática, no mundo real, se criam ações sem valor nominal porque se tiver valor nominal não poderão ser emitidas ações abaixo do valor nominal. 
O preço de emissões das ações, artigo 15, será visto depois.
As ações podem ser classificadas. Elas são classificadas quanto à sua espécie ou quanto à sua forma. Classificação quanto à espécie tem a ver com os direitos que a ação confere (em ações ordinárias e ações preferenciais), enquanto a classificação quanto à forma indica o modo com que elas circulam. A ação é ordinária no sentido de comum, que confere todos os direitos de qualquer ação (common shares) e as ações preferenciais tem, em tese, um benefício concedido, porém algo é retirado em troca. A regra é que, da ação preferencial, se retire o direito de voto e em troca se confere algum benefício patrimonial (como uma parcela maior dos lucros). A ação preferencial, portanto, é ideal para aquele que não quer se envolver nas decisões da sociedade, objetivando apenas os dividendos. É errado, do ponto de vista técnico, dizer que a ação preferencial não tem direito a voto – mas na prática, ela nunca tem.

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