NFT e Criptomoedas como título de crédito

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Docente: João Vargas Leal Junior
Discente: Pablo Kayk do Vale Cirqueira
Disciplina: Direito Empresarial II (noturno)
Data: 25/11/2021
O NFT e as criptomoedas criadas a partir de blockchains podem ser considerados títulos de crédito? Justifique
Antes de tudo, é importante ter em mente o conceito de cada componente presente na respectiva pergunta. De início, o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido e somente produz efeito quando preenche os requisitos da lei, ademais, reporta um fato, ou seja, ele é a prova de que foi estabelecida uma relação jurídica. Ele representa um crédito relacionado a uma transação no mercado, facilitando e impulsionando a economia, pois substituem a moeda corrente ou o dinheiro em espécie e dão segurança ao negócio realizado, sendo considerado título executivo extrajudicial. 
Por conseguinte, a criptomoeda é um tipo de dinheiro – como outras moedas com as quais convivemos cotidianamente – com a diferença de ser totalmente digital. Ligado diretamente as criptomoedas, está o NFT (non-fungible token), em tradução livre “token não fungível”. Um token, no universo das criptomoedas, é a representação digital de um ativo como dinheiro, propriedade ou obra de arte, registrada em uma blockchain (uma base de dados distribuída que guarda um registro de transações permanente e à prova de violação). Na prática, ser um token não fungível significa ser um certificado digital de propriedade que qualquer um pode ver e confirmar a autenticidade, mas ninguém pode alterar.
Sabendo de todas definições, podemos então responder ao questionamento que originou o trabalho. 
O título de crédito tem alguns princípios base para identifica-lo, o princípio da cartularidade (no documento estão incorporados todos os direitos), da literalidade (conteúdo do título de crédito deve estar expresso nele) e da autonomia (as relações jurídicas que nascem de um título de crédito são autônomas, pois o título pode ser desvinculado da obrigação que o originou). Ocorre que por esse olhar é difícil que seja classificado o NFT e as criptomoedas como título de crédito, tendo em vista não conter a maior parte das características dos títulos de crédito, observando que não são documentos formais e não estão sujeitos a legislação. E mesmo que seja considerado bens móveis nos moldes dos artigos 82 a 84 do Código Civil Brasileiro, não são títulos de apresentação, visto que não é documento necessário ao exercício de qualquer direito.
Com isso é possível identificar que essas criptmoedas não preenchem o requisito da cartularidade por não ser uma cártula com direitos de crédito, cabendo ressaltar ainda que não tem qualquer direito de crédito, sua transação é completamente opcional. Não cabe no princípio da literalidade porque seu valor é definido por princípios matemáticos e de mercado, sendo que os títulos de créditos têm como valor o que está escrito neles. Por fim não atendente também ao princípio da autonomia por não ser documento constitutivo de direito novo.
Assim, Tendo em vista que não foi promulgada qualquer legislação no sentido de reconhecer ou regulamentar criptomoedas no ordenamento jurídico pátrio como títulos de crédito, embora moedas virtuais possuam funcionalidades similares aos referidos títulos, parece errônea, senão precoce, a inserção do Bitcoin nesta categoria conceitual.