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ATENDIMENTO AO PACIENTE DIABÉTICO CONTEXTO - Problema de saúde pública - O número de casos tem aumentado ao longo das últimas décadas - Envelhecimento populacional, urbanização, sedentarismo, obesidade e longevidade aumentada das pessoas com DM DE ACORDO COM A SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES: - 10 Milhões de pessoas no Brasil são portadores de Diabetes Melito (DM). - 90% são do tipo II (adultos que não dependem de insulina). Destes: 23% não fazem tratamento 29% tentam controlar com dieta 41% recorrem à medicação oral 7% usam insulina FISIOLOGIA NORMAL I- Alimentos ingeridos + suco gástrico = moléculas simples (glicose). II- Absorção intestinal + circulação sanguínea = disponível para as células III- Hiperglicemia IV- Células beta das ilhotas de Langerhans no pâncreas: secretam insulina V- Glicose passa a ser armazenada pelas células e usadas para energia e crescimento (absorção celular da glicose). VI- Normalização da taxa glicêmica Diabetes é um distúrbio metabólico que resulta na hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue). Resulta de - Defeitos na ação da insulina - Defeitos na secreção de insulina - Ou em ambas CLASSIFICAÇÃO - DM tipo I: deficiência absoluta da produção de insulina; insulinodependentes; inicia-se antes de 40 anos de idade - DM tipo II: diminuição da resposta tecidual aos níveis normais de insulina, ou produção insuficiente de insulina; inicia-se depois dos 40 anos de idade ETIOLOGIA Tipo I - Fatores genéticos - Viroses - Autoimunidade Tipo II - Obesidade - Hereditariedade - Baixa secreção de insulina - Deficiência de receptores de insulina - Idade - Sedentarismo OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS DE DM - Induzido por drogas - Associado a síndromes genéticas - Associado a endocrinopatias - Diabetes gestacional (só na gestação, porém maior risco de DM II). CONDIÇÃO ESPECIAL - Pré-Diabetes: a glicemia em jejum alterada e a tolerância à glicose diminuída (capacidade de produzir insulina é insuficiente). REFERÊNCIA DOS VALORES - Diagnóstico por exames laboratoriais: glicemia - Glicose em jejum: valor de referência: 70 a 110 mg/dL - Pré diabético: 110 a 126 mg/dL em jejum - Diabético: > 126mg/dL em jejum ou > 200 no exame casual com sintomas clássicos Diagnóstico por exames laboratoriais: glicosúria Presença de glicose na urina: - Os rins reabsorvem a glicose: não aparece na urina, pois não passa pela membrana - Quando há alteração na vascularização renal: o rim perde a capacidade de reabsorção e a glicose é eliminada na urina - Isso ocorre quando a glicemia está entre 160mg/dL e 180mg/dL *glicosímetro: glicemia capilar. Diagnóstico por exames laboratoriais: teste de tolerância à glicose ou curva glicêmica: Representa a função do pâncreas: - No dia da realização do exame, o paciente está em jejum e no local ingere 100mg de glicose; - Estímulo para produção de insulina; - O sangue é retirado e determinado a glicemia de meia em meia hora durante 4 horas Pacientes normais: a taxa de glicose chega ao pico com 45 minutos, retornando ao normal em 60 minutos com uma taxa entre 140mg/dL e 160mg/dL de sangue. - A urina é coletada e não apresenta sinais de glicose Pacientes diabéticos: glicemia elevada de 30 a 65 minutos: 300mg/dL a 400mg/dL. Retorno aos níveis normais com demora de até 5 horas - Observam-se traços de glicose na urina Hemoglobina glicada: HbA1c ou A1c - Utilizada para avaliar a eficácia do controle terapêutico do diabetes e o risco de complicações - Níveis de glicose persistentemente elevados: a glicose se liga à hemoglobina das hemácias = glicação - Valores normais em indivíduos normais: 4-6% - A glicose no sangue precisa de um tempo para se ligar à hemácia: Em 30 dias: 50% Média de 6 a 8 semanas: 6% = 126mg/dL 10% = 239%mg/dL SINTOMAS CLÁSSICOS (4 Ps) POLIDPSIA – muita sede POLIÚRIA – urina em excesso POLIFAGIA – muita fome PERDA DE PESO - A glicose que não foi utilizada e ficou no sangue é eliminada em partes na urina, carregando uma grande quantidade de água (poliúria). - Essa perda de água, provoca a sensação de boca seca e muita sede (polidipsia): se não compensar a perda de água, pode ficar desidratado - A insulina possibilita que o corpo armazene glicose sob a forma de gorduras e proteínas (musculares). Na deficiência de insulina gera a quebra de gordura e proteína armazenada, levando à sensação de fraqueza e muita fome (polifagia) além da perda de peso. CONTROLE DOS NÍVEIS DE GLICOSE NO SANGUE DM TIPO I - Insulina exógena já que o pâncreas não produz - Monitoração (glicemia capilar). DM TIPO II - Uso de hiperglicemiantes orais - Uso de insulina exógena, quando o pâncreas perde a capacidade de secreção HIPOGLICEMIANTES MAIS EMPREGADOS - Sulfonilureias (clorpropamida e glibenclamida): primeira escolha para diabetes tipo II não obesos - Metiformina: primeira escolha para tratar diabéticos tipo II obesos ou com sobrepeso - A insulina pode substituir ou agregar caso não haja a resposta esperada - Responsabilidade exclusiva do médico OS PACIENTES PODEM SER CLASSIFICADOS CONFORME A CATEGORIA DE RISCO - Pequeno risco: bom controle metabólico, esquema médico estável, ausência de complicações neurológicas, vasculares ou infecciosas. *Glicemia em jejum inferior a 200mg/dL - Risco moderado: equilíbrio metabólico razoável, sintomas ocasionais, ausência de história recente de hipoglicemia ou cetoacidose, poucas complicações do diabetes. *Glicemia em jejum entre 200 e 250mg/dL - Risco elevado: presença de inúmeras complicações do diabetes e controle metabólico deficiente. História de hipoglicemia e cetoacidose recente. *Glicemia em jejum acima de 250mg/dL. CONDUTA CLÍNICA I- Anamnese dirigida II- Planejamento dos procedimentos III- Redução do estresse IV- Anestesia local V- Uso de analgésicos e anti-inflamatórios VI- Uso de antibióticos I- Anamnese dirigida - Grau de controle da doença - Acompanhamento médico regular - Complicações recentes II- Planejamento dos procedimentos - Adiar: - de 70mg/dL e + de 200mg/dL - Alimentação nos períodos pré e pós- operatórios - Procedimentos que provoquem limitação da função - Procedimentos de maior duração - Horário da consulta III- Redução do estresse - Ansiedade e estresse + maior secreção de catecolaminas + glicogenólise hepática + aumento da glicemia - Protocolo e esquema habitual com benzodiazepínicos, tranquilização verbal e condicionamento psicológico IV- Anestesia local - Adrenalina = hormônio hiperglicêmico - Doses pequenas na odontologia - Em pacientes instáveis = opção: felipressina V- Uso de analgésicos e anti-inflamatórios - Interação entre Sulfoniluréias (Diabmese, Daonil) e ácido acetilsalicílico e alguns AINES: hipoglicemia - Analgésicos e corticosteroides = protocolos habituais - Observar presença de glicose na formulação da droga VI- Antibióticos - Protocolos habituais - Maior possibilidade de infecção secundária por fungos - Profilaxia: pacientes instáveis, com cetoacidose sanguínea e cetonúria Atenção - Redução na resistência a infecções - Maior propensão à hemorroida - Dificuldade de reparação tecidual (falta de insulina, influi na síntese de ácido hialurônico=responsável pela reparação). ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Pacientes com pequeno risco - Controle da dieta - Redução da tensão - Tratamentos restauradores podem ser realizados normalmente - Cirurgias: considerar a demora na cicatrização e o risco de infecção - Considerar antibioticoterapia profilática Pacientes com risco moderado - Maior rigor no controle da dieta e no grau de ansiedade - Tratamentos restauradores poderão ser realizados normalmente - Cirurgias e procedimentos pulpares só poderão ser executados após consulta com o médicodo paciente, que pode considerar a possibilidade de ajuste do medicamento - Antibioticoterapia profilática indicada Pacientes com risco elevado - Exame bucal rigoroso - Esperar estabilização das condições médicas - Considerar a possibilidade de as condições bucais precárias estarem influindo no controle do diabetes (adequação do meio bucal, com procedimentos mais simples). - Considerar sedação até para o tratamento restaurador - Tratamentos cirúrgicos em ambiente hospitalar - Antibioticoterapia profilática MANIFESTAÇÕES ORAIS - Referem-se principalmente aos pacientes não controlados - Relacionam-se à perda excessiva de líquidos, respostas alteradas às infecções, problemas na microcirculação e possibilidade de aumento da concentração de glicose na saliva (sulcos). - Xerostomia - Úlceras e irritações - Doença periodontal - Sensação de ardência na língua DIABETES E PERIODONTOPATIAS - Principal condição patológica que compromete os tecidos do periodonto é a doença periodontal inflamatória, caracterizada por dano ao tecido conjuntivo e osso alveolar, com formação de bolsas ao redor do dente - Alterações na resposta imune de pacientes diabéticos pode ser causa ou o efeito da doença periodontal inflamatória - Alterações funcionais dos neutrófilos: diminuem a resistência do periodonto, a aderência e fagocitose e comprometem a função quimiotáxica que aumentam a gravidade da doença - Comprometimento funcional dos monócitos com redução na liberação de interleucina I e II (substâncias que ativam outros celulares de defesa). - Rápida degradação do tecido periodontal decorre da remoção e da não reposição do colágeno que sofre alterações no seu metabolismo - Complicações microvasculares: baixa liberação de nutrientes para os tecidos, diminuição da difusão de oxigênio. COMPLICAÇÕES CRÔNICAS - Decorrem principalmente das alterações vasculares (macro e micro) causadas pela hiperglicemia - Mais comuns: neuropatia, retinopatia, doença cardíaca, doença cerebrovascular, polineuropatia e pé diabético - Dependência da duração da diabetes, de seu controle metabólico, da presença e controle da hipertensão, e da susceptibilidade genética COMPLICAÇÕES AGUDAS - A hipoglicemia é definida por valores sanguíneos de glicose abaixo de 70mg/dL no sangue - Rapidez da diminuição de glicose no sangue (abaixo de 40mg/dL). - Privação do SNC da principal fonte de energia Sinais e sintomas da hipoglicemia - Irritabilidade, fadiga, sudorese, tontura, dor de cabeça, taquicardia, fome súbita, tremores, desorientação, dormência nos lábios, visão dupla ou turva - Ao exame físico: paciente fraco, debilitado, com pele úmida e pálida e salivação intensa - Quando não tratada pode evoluir para síncope, convulsão, coma e morte COMPLICAÇÕES AGUDAS - Paciente consciente = administração de solução açucarada – resposta em 5 a 10 minutos. Observação por 30 minutos e dispensar com acompanhante - Paciente inconsciente = colocar o paciente em posição supina, com as pernas elevadas, manter vias aéreas livres e monitorar sinais vitais - Administração pela via intravenosa (20 a 50mL de dextrose 25% ou 50%) – resposta em 5 a 10 minutos ou Glucagon 1mg sublingual – resposta em 15 minutos Cetoacidose diabética (CAD) - Alta taxa de glicose sanguínea: acima de 200mg/dL - Perda de água, sódio, potássio, cloro, cálcio, e bicarbonato através da urina - Desidratação e choque hipovolêmico - Aumento de corpos cetônicos no plasma + acidose tecidual - Diminuição da função cerebral e coma diabético Sinais e sintomas do CAD - Hiperventilação (sinal de Kussmaul). - Vômitos e dor abdominal intensa - Desidratação: aumento da prega cutânea, língua seca enrugada e avermelhada, respiração rápida e profunda - Presença de hálito cetônico Rara ocorrência no consultório odontológico - Paciente consciente: interromper o atendimento e encaminhar ao médico (insulina + reposição de fluidos e eletrólitos). - Paciente inconsciente: assistência médica imediata+ manobras básicas de suporte à vida CONCLUSÕES - Importância da anamnese bem-feita - Contato com equipe multidisciplinar - Atualização de conhecimentos baseados em evidência científica - Inclusão dos pacientes - Atendimento de qualidade, humanizado e seguro
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