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0 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS PRINCÍPIOS APLICAÇÃO DA LEI PENAL

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3
DIREITO PROCESSUAL PENAL
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
SUMÁRIO
1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS	3
2 SISTEMAS PROCESSUAIS	4
2.1. SISTEMA INQUISITORIAL	4
2.2. SISTEMA ACUSATÓRIO	4
2.3. SISTEMA MISTO OU FRANCÊS	5
3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL	6
3.1. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU DA NÃO CULPABILIDADE)	6
3.2. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO	14
3.3 PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA	15
3.4. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE	17
3.5. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE	18
3.6. PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO	18
3.7. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL OU JUIZ LEGAL	19
3.8. PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE	20
3.9. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE	22
4 LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO	23
5 LEI PROCESSUAL NO TEMPO	25
6 FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL	25
6.1 – SIGNIFICADO	25
6.2 – CLASSIFICAÇÃO	25
6.2.1 – MATERIAIS, SUBSTANCIAIS OU DE PRODUÇÃO:	25
6.2.2 – FORMAIS, DE CONHECIMENTO, DE COGNIÇÃO OU DE REVELAÇÃO:	26
6.2.3 - IMEDIATAS OU DIRETAS	26
6.2.4 - MEDIATAS OU INDIRETAS (REMOTAS)	27
ATUALIZADO EM 31/10/2018[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
DIREITO PROCESSUAL PENAL
	1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
No momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no jus puniendi in concreto. O Estado, que até então tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter a pretensão concreta de punir o suposto autor do fato delituoso.
Surge a pretensão punitiva: que é o poder do Estado de exigir, de quem comete um delito, a submissão à sanção penal, tornando efetivo o ius puniendi.
Entretanto, essa pretensão já nasce insatisfeita, pois o Direito Penal não é um direito de coação direta – é necessário um processo. Apesar de o Estado ser o titular do direito de punir, não se admite a imposição imediata da sanção sem que haja um processo regular – assegurando-se a aplicação da lei penal no caso concreto.
#OBS.: Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo: o fato de ser admitida transação penal, com a imediata aplicação de penas restritivas de direito ou multas, não quer dizer uma imposição direta de pena. Trata-se de uma forma distinta da tradicional para a resolução da causa, sendo admitida a solução consensual com supervisão jurisdicional – privilegiando-se a vontade das partes.
* #OLHAOGANCHO¹: Justiça Restaurativa. Trata-se de uma nova perspectiva, oposta à ideia de Justiça Retributiva (retribuir o mal com outro mal), fundada basicamente na restauração do mal provocado pela infração penal. A Justiça Restaurativa se materializa através de conjuntos heterogêneos de iniciativas que visam criar um espaço de comunicação entre a vítima e o ofensor, como forma de buscar a reparação do delito e seus efeitos psicológicos e materiais, ou seja, visa uma reparação simbólica que vai além da dimensão meramente pecuniária. Ex.: em crimes contra a honra, um pedido público de desculpas. Essa vertente parte da seguinte premissa: o crime e a contravenção penal não necessariamente lesam interesses do Estado, difusos e indisponíveis. Tutela-se com maior intensidade a figura da vítima, historicamente relegada a um segundo plano no Direito Penal, que sempre se direcionou ao criminoso e à punição como resposta à sociedade. Dessa forma, relativizam-se os interesses públicos e indisponíveis, advindos com a prática da infração penal, que de difusos passam a ser tratados como individuais, e, consequentemente, disponíveis.
Essa nova ordem é também conhecida como Jurisdição Consensual (#DEOLHONOSINÔNIMO)
A partir daí, o litígio – antes entre a justiça pública e o responsável pelo ilícito penal – passa a ter como protagonistas o ofensor e o ofendido, e a punição deixa de ser o objetivo imediato da atuação do Direito Penal. Surge a possibilidade de conciliação entre os envolvidos (autor, coautor ou partícipe e vítima), mitigando-se a persecução penal, uma vez que não é mais obrigatório o exercício da ação penal. Como resultado, a justiça restaurativa pode acarretar em perdão recíproco entre os envolvidos, bem como em reparação à vítima, em dinheiro ou até mesmo com prestação de serviços em geral, a ela 
ou à sociedade. Seu foco principal é a assistência à vítima.
Ora, para legitimar a aplicação dos meios de Justiça Restaurativa, é necessária a observância de alguns requisitos, que têm como objetivo impedir arbitrariedades em desfavor da vítima ou do próprio ofensor:
(i) consentimento válido das partes, que podem desistir a qualquer momento;
(ii) o agressor deve reconhecer a prática do delito;
(iii) pode ocorrer a qualquer momento (desde a investigação até o trânsito em julgado);
(iv) confidencialidade;
(v) o reconhecimento da responsabilidade penal pelo ofensor não pode ser usado contra ele em eventual processo criminal;
vi)o descumprimento do acordo pelo ofensor não pode ser usado como argumento de acusação a fim de buscar uma punição mais severa em eventual ação criminal ajuizada.
#OBS: A Justiça Restaurativa embasa-se nos chamados três “R”: restauração, responsabilização e reintegração (não são os três “R” do CiclosR3 ).
#OBS: Os principais institutos reveladores da Justiça Restaurativa são: Composição dos danos civis, Transação penal, Suspensão condicional do processo, Suspensão condicional da pena, Possibilidade de fixação de indenização mínima pelo juiz na sentença, Lei 9.807/99: lei de proteção a vítimas e testemunhas, Medidas de Proteção da Lei Maria da Penha, Ampliação da participação do assistente de acusação.
* #OLHAOGANCHO²: Privatização do Direito Penal. Segundo Rogério Sanches, a “privatização” do direito penal é a expressão utilizada por parte da doutrina para destacar o (atual e crescente) papel da vítima no âmbito criminal. O divisor de águas veio com a criação da Lei 9.099/95.
* #OLHAOGANCHO³: Garantismo Penal e Sistema de Balanças de Contrapeso (Ferrajoli). Na doutrina garantista de Ferrajoli, são elencados alguns requisitos para que o sistema penal de determinado Estado seja considerado legítimo: i) a ação penal estatal deve ser justificada racionalmente; ii) o Direito Penal deve proteger o oprimido/vítima; iii) a intervenção penal só se legitima se o saldo entre a violência penal empregada (pena aplicada) e a violência que se quer evitar (delito praticado) gerar uma diminuição global da violência.
#SÓMAISUMGANCHOPROMETO: Terceira via do Direito Penal. Na concepção de Claus Roxin, é a reparação de danos, legitimada pelo princípio da subsidiariedade do direito penal. Isso porque, para além da primeira e da segunda via do direito penal, ela é uma medida penal independente, que alia elementos do direito civil e cumpre com os fins da pena.Para Roxin, a reparação substituiria ou atenuaria a pena naqueles casos nos quais convenha, tão bem ou melhor, aos fins da pena e às necessidades da vítima.
 FUNÇÃO DO PROCESSO PENAL: é um instrumento do qual se vale o Estado para a imposição de sanção penal ao possível autor do fato delituoso. 
É preciso buscar um ponto de equilíbrio entre a exigência de se assegurar ao investigado e ao acusado a aplicação das garantias fundamentais do devido processo legal (por lidar com a liberdade de locomoção) e a necessidade de maior efetividade do sistema persecutório para a segurança da coletividade.
	2 SISTEMAS PROCESSUAIS
2.1. SISTEMA INQUISITORIAL
Adotado pelo Direito canônico a partir do século XIII, posteriormente se propagou pela Europa, sendo empregado inclusivepelos tribunais civis até o século XVIII. Ademais, carrega características do regime político absolutista.
É um sistema rigoroso, secreto e escrito (em regra – mas a forma não lhe era essencial), que adota ilimitadamente a tortura como meio de atingir o esclarecimento dos fatos e de concretizar a finalidade do processo penal – para se chegar à confissão, por exemplo, e à verdade material. Não há que se falar em contraditório, pois as funções de acusar, defender e julgar estão reunidas nas mãos do juiz inquisidor, sendo o acusado considerado mero objeto do processo, e não sujeito de direitos. O magistrado, chamado de inquisidor, era a figura do acusador e do juiz ao mesmo tempo, possuindo amplos poderes de investigação e de produção de provas, seja no curso da fase investigatória, seja durante a instrução processual (para se chegar à verdade absoluta) – o que comprometia a imparcialidade do juiz. E o acusado geralmente permanecia encarcerado previamente, sendo mantido incomunicável.
2.2. SISTEMA ACUSATÓRIO
Vigorou entre a Antiguidade grega e romana e na Idade Média, nos domínios do direito germânico. A partir do século XIII entra em declínio, passando a ter prevalência o sistema inquisitivo. Atualmente, o processo penal inglês é o que mais se aproxima de um sistema acusatório puro.
Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. 
Há uma separação das funções de acusar, defender e julgar. 
O processo caracteriza-se como um legítimo actumtriumpersonarum.
#SELIGA: CARACTERÍSTICAS: oralidade; publicidade; aplicação do princípio da presunção de inocência (o acusado permanece solto durante o processo); atividade probatória pertence às partes – o juiz não era dotado do poder de determinar, de ofício, a produção de provas (que devem ser fornecidas pelas partes – posição de passividade do juiz quanto às provas e reconstrução dos fatos), e seu poder instrutório era excepcional no decorrer do processo; separação rígida entre juiz e acusação; paridade entre acusação e defesa.
Foi o sistema acolhido pela CF/88, que tornou privativa do MP a propositura da ação penal pública; a relação processual somente tem início mediante a provocação da pessoa encarregada de deduzir a pretensão punitiva (ne procedatjudexofficio); impede que o magistrado promova atos de ofício na fase investigatória – atribuição do MP.
#OBS.: O que diferencia o sistema inquisitorial do acusatório é a posição dos sujeitos processuais e a gestão da prova. 
#FOCONATABELA
	SISTEMA INQUISITORIAL
	SISTEMA ACUSATÓRIO
	Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, que assume as vestes de um juiz inquisidor;
	Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por consequência, caracteriza-se pela presença das partes (actumtriumpersonarum), contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira equidistante e imparcial.
	Como se admite o princípio da verdade real, o acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado como mero objeto do processo, daí por que se admite inclusive a tortura como meio de se obter a verdade absoluta;
	O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa;
	Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade para determinar de ofício a colheita de elementos informativos e de provas, seja no curso das investigações, seja no curso da instrução processual.
	Gestão de prova: recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado, e desde que haja necessidade de investigação judicial. Durante a instrução processual, prevalece o entendimento de que o juiz tem certa iniciativa probatória, podendo determinar a produção de provas de ofício, desde que o faça de maneira subsidiária;
	A concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa acusatória dela decorrente são incompatíveis com a garantia da imparcialidade (CADH, art. 8o, §1o) e com o princípio do devido processo legal
	A separação das funções e a iniciativa probatória residual restrita à fase judicial preservam a equidistância que o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatíveis com a garantia da imparcialidade e com o princípio do devido processo legal.
2.3. SISTEMA MISTO OU FRANCÊS
É a fusão dos dois modelos anteriores – surge com o Code d’InstructionCriminelle francês, de 1808 (instituído por Napoleão).
A primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e sem contraditório. O objetivo é apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso.
Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade.
#OBS.: Quando o CPP entrou em vigor, havia o entendimento de que ele era misto, sendo o inquérito policial a primeira fase. Porém, com o advento da CF/88, que prevê de maneira expressa a separação das funções de acusar, defender e julgar, assegurado o contraditório e a ampla defesa; e o princípio da presunção de não culpabilidade, entendeu-se tratar de um sistema acusatório (apesar de não ser um sistema acusatório puro).
	3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL
3.1. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU DA NÃO CULPABILIDADE)
Cesare Beccaria – em 1764, na obra Dos delitos e das penas: “um homem não pode ser chamado de réu antes da sentença do juiz, e a sociedade só lhe pode retirar a proteção pública após ter decidido que ele violou os pactos por meio dos quais ela lhe foi outorgada”.
DUDH – Art. 11.1: “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade, de acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as garantias necessárias para sua defesa”. 
Significados – por Marco Antônio Marques da Silva: 
· Tem por finalidade estabelecer garantias para o acusado diante do poder do Estado de punir; 
· Visa proteger o acusado durante o processo penal, não devendo sofrer medidas restritivas de direito no decorrer deste; 
· Trata-se de regra dirigida diretamente ao juízo de fato da sentença penal, o qual deve analisar se a acusação provou os fatos imputados ao acusado, sendo que, em caso negativo, a absolvição é de rigor.
É o direito de não ser declarado culpado senão mediante sentença transitada em julgado, ao término do processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório). 
Desse princípio, derivam duas regras fundamentais: a regra probatória e a de tratamento.
A) DA REGRA PROBATÓRIA (in dubio pro reo)
A parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável. Recai exclusivamente sobre a acusação o ônus da prova. 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: CRIMINAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO. EMPREGO DE ARMA. DESNECESSIDADE DE APREENSÃO E REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. UTILIZAÇÃO DE OUTROS MEIOS DE PROVA. INCIDÊNCIA DA MAJORANTE. EMBARGOS CONHECIDOS E REJEITADOS. I – Para a caracterização da majorante prevista no art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, prescinde-se da apreensão e realização de perícia em arma utilizada na prática do crime de roubo, se por outros meios de prova restar evidenciado o seu emprego. Precedentes do STF. II – Os depoimentos do condutor, da vítima, das testemunhas, bem como qualquer meio de captação de imagem, por exemplo, são suficientes para comprovar a utilização de arma na prática delituosa de roubo, sendo desnecessária a apreensão e a realização de perícia para a prova do seu potencial de lesividade e incidência da majorante. III - A exigência de apreensãoe perícia da arma usada na prática do roubo para qualificá-lo constitui exigência que não deflui da lei resultando então em exigência ilegal posto ser a arma por si só -- desde que demonstrado por qualquer modo a utilização dela – instrumento capaz de qualificar o crime de roubo. IV – Cabe ao imputado demonstrar que a arma é desprovida de potencial lesivo, como na hipótese de utilização de arma de brinquedo, arma defeituosa ou arma incapaz de produzir lesão. V – Embargos conhecidos e rejeitados, por maioria.
- Consectários: 
· Incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do acusado; 
· Necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, não de demonstrar a inconsistência das desculpas do acusado; 
· Tal comprovação deve ser feita legalmente (conforme o devido processo legal); 
· Impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na apuração dos fatos (daí o direito ao silêncio).
Deve ser usado no momento da valoração das provas: na dúvida, a decisão tem que favorecer o imputado, pois o imputado não tem a obrigação de provar que não praticou delito. 
Só incide até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Assim, na revisão criminal, não há que se falar em in dubio pro reum, mas sim em in dubio contra reum. O ônus da prova recai única e exclusivamente sobre o postulante – por isso, na dúvida, o Tribunal deve julgar improcedente o pedido revisional.
B) DA REGRA DE TRATAMENTO
Vedação de prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade de execução provisória ou antecipada da sanção penal. 
Assim, por força da regra de tratamento oriunda do princípio constitucional da não culpabilidade, o Poder Público está impedido de agir e de se comportar em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao acusado, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, enquanto não houver sentença condenatória com trânsito em julgado. Atenção: ver mudança de entendimento no quadro abaixo.
Há quem entenda que esse princípio atua em duas dimensões: 
· Interna ao processo – funciona como dever imposto, inicialmente, ao magistrado, no sentido de que o ônus da prova recai integralmente sobre a parte acusadora, devendo a dúvida favorecer o acusado. E as prisões cautelares devem ser excepcionais, comprovada a necessidade; 
· Externa ao processo – proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado. Os princípios, a presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem funcionam como limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do processo judicial.
#OBS.: A vedação à execução provisória da pena, decorrente do princípio da presunção de não culpabilidade (obs: entendimento superado – ver abaixo), não impede a antecipação cautelar dos benefícios da execução penal definitiva ao preso processual. Assim, na antecipação dos benefícios, o cidadão que está submetido à prisão cautelar, justificada pela existência dos requisitos do art. 312, CPP e, como há privação de liberdade, seria possível a incidência de institutos como a progressão de regime e outros incidentes da execução – já que a LEP estende seus benefícios aos presos provisórios (Lei 7.210/84, art. 2o, § único). 
#SELIGANASÚMULA:
SÚMULA 716, STF: “Admite-se a progressão do regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
SÚMULA 717, STF: “Não impede a progressão do regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”.
#MUDANÇADEENTENDIMENTO #VAICAIR:
A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. (STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016).
Posição ANTERIOR do STF: NÃO
HC 84078, Rel.  Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2009.
A CF/88 prevê que ninguém poderá ser considerado culpado até que haja o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII, da CF/88). É o chamado princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) que é consagrado não apenas na Constituição Federal, como também em documentos internacionais, a exemplo da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. Logo, enquanto pendente qualquer recurso da defesa, existe uma presunção de que o réu é inocente. Dessa forma, enquanto não houver trânsito em julgado para a acusação e para a defesa, o réu não pode ser obrigado a iniciar o cumprimento da pena, porque ainda é presumivelmente inocente. Assim, não existia no Brasil a execução provisória (antecipada) da pena. Em virtude da presunção de inocência, o recurso interposto pela defesa contra a decisão condenatória era recebido no duplo efeito (devolutivo e suspensivo) e o acórdão de 2º grau que condenou o réu ficava sem produzir efeitos. Este era o entendimento adotado pelo STF desde o leading case HC 84078, Rel.  Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2009.
Obs: o condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE preso, desde que estivessem previstos os pressupostos necessários para a prisão preventiva (art. 312 do CPP). Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente) e não como execução provisória da pena.
Posição ATUAL do STF: SIM
STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016.
É possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência.
O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP e art. 27, § 2º da Lei nº 8.038/90 – *dispositivo revogado pelo NCPC). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto algum desses recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível a execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento do recurso.
O Min. Teori Zavascki defendeu que, até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se presumir a inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio da não culpabilidade, até porque, os recursos cabíveis da decisão de segundo grau ao STJ ou ao STF, não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito.
Para o Relator, “a presunção da inocência não impede que, mesmo antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório produza efeitos contra o acusado”.
"A execução da pena na pendência de recursos de natureza extraordinária não compromete o núcleo essencial do pressuposto da não culpabilidade, na medida em que o acusado foi tratado como inocente no curso de todo o processo ordinário criminal, observados os direitos e as garantias a ele inerentes, bem como respeitadas as regras probatórias e o modelo acusatório atual. Não é incompatível com a garantia constitucional autorizar, a partir daí, ainda que cabíveis ou pendentes de julgamento de recursos extraordinários, a produção dos efeitos próprios da responsabilização criminal reconhecida pelas instâncias ordinárias".
O Ministro Teori, citando a ex-Ministra Ellen Gracie (HC 85.886), afirmou que “em país nenhum do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica suspensa aguardando referendo da Suprema Corte”.
• Votaram a favor da execução provisória da pena 7 Ministros: Teori Zavascki, Edson Fachin, Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
• Ficaram vencidos 4 Ministros: Rosa Weber, Marco Aurélio, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Para que seja iniciado o cumprimento da pena é necessário que o réu tenha sido condenado em 1ª instância (pelo juiz) e esta sentença tenha sido confirmada pelo Tribunal (2ª instância) ou ele poderá ser obrigado a cumprir a pena mesmo que o juiz o tenha absolvido e o Tribunal reformado a sentença paracondená-lo?
Para início do cumprimento provisório da pena o que interessa é que exista um acórdão de 2º grau condenando o réu, ainda que ele tenha sido absolvido pelo juiz em 1ª instância. Dessa forma, imagine que João foi absolvido em 1ª instância. O MP interpôs apelação e o Tribunal reformou a sentença para o fim de condená-lo, isso significa que o réu terá que iniciar o cumprimento da pena imediatamente, ainda que interponha recursos especial e extraordinário. A execução provisória pode ser iniciada após o acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, não importando se a sentença foi absolutória ou condenatória. Para o início da execução provisória não se exige dupla condenação (1ª e 2ª instâncias), mas apenas que exista condenação em apelação e a interposição de recursos sem efeito suspensivo.
Embargos de declaração
Se o réu, condenado em apelação, opuser embargos de declaração, o início da execução provisória da pena ficará adiado até o fim do julgamento dos embargos. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. HC 366.907-PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 6/12/2016 (Info 595).
Como ainda está pendente o julgamento dos embargos de declaração, o acórdão condenatório ainda é passível de integração. Desse modo, pode-se dizer que não houve esgotamento da jurisdição ordinária. Isso porque não houve, ainda, pronunciamento definitivo do Tribunal de Justiça passível de ser impugnado por meio de recurso especial ou recurso extraordinário. Realmente os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e apenas interrompem o prazo para a interposição dos recursos cabíveis. No entanto, dada a falibilidade que é característica do ser humano, excepcionalmente, a jurisprudência admite que sejam atribuídos efeitos infringentes aos embargos declaratórios.
Imagine que o réu, após ser condenado pelo Tribunal em apelação, iniciou o cumprimento provisório da pena (foi para a prisão). O STF, ao julgar o recurso extraordinário, concorda com os argumentos da defesa e absolve o réu. Ele terá direito de ser indenizado pelo período em que ficou preso indevidamente?
Segundo a jurisprudência atual, a resposta é que, em regra, não haveria direito à indenização. Se formos aplicar, por analogia, a jurisprudência atual sobre prisão preventiva, o que os Tribunais afirmam é que se a pessoa foi presa preventivamente e depois, ao final, restou absolvida, ela não teria, em regra, direito à indenização por danos morais, salvo situações excepcionais. Confira:
(...) O dano moral resultante de prisão preventiva e da subsequente sujeição à ação penal não é indenizável, ainda que posteriormente o réu seja absolvido por falta de provas. Em casos dessa natureza, ao contrário do que alegam as razões do agravo regimental, a responsabilidade do Estado não é objetiva, dependendo da prova de que seus agentes (policiais,  membro do Ministério Público e juiz) agiram com abuso de autoridade. (...) STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 182.241/MS, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 20/02/2014.
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Responsabilidade civil do Estado. Prisões cautelares determinadas no curso de regular processo criminal. Posterior absolvição do réu pelo júri popular. Dever de indenizar. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Ato judicial regular. Indenização. Descabimento. Precedentes.
1. O Tribunal de Justiça concluiu, com base nos fatos e nas provas dos autos, que não restaram demonstrados, na origem, os pressupostos necessários à configuração da responsabilidade extracontratual do Estado, haja vista que o processo criminal e as prisões temporária e preventiva a que foi submetido o ora agravante foram regulares e se justificaram pelas circunstâncias fáticas do caso concreto, não caracterizando erro judiciário a posterior absolvição do réu pelo júri popular. Incidência da Súmula nº 279/STF.
2. A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de que, salvo nas hipóteses de erro judiciário e de prisão além do tempo fixado na sentença - previstas no art. 5º, inciso LXXV, da Constituição Federal -, bem como nos casos previstos em lei, a regra é a de que o art. 37, § 6º, da Constituição não se aplica aos atos jurisdicionais quando emanados de forma regular e para o fiel cumprimento do ordenamento jurídico. 3. Agravo regimental não provido.
STF. 1ª Turma. ARE 770931 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/08/2014.
A decisão do STF proferida no HC 126292/SP acima explicado é vinculante?
Tecnicamente não. A decisão foi tomada pelo Plenário da Corte em um habeas corpus, de forma que não goza de efeito vinculante. No entanto, na prática, o entendimento será obrigatoriamente adotado. Isso porque, ainda que o TJ ou o TRF que condenarem o réu não impuserem o início do cumprimento da pena, o Ministro Relator do recurso extraordinário no STF irá fazê-lo. Dessa forma, na prática, mesmo os Tribunais que tinham posicionamento em sentido contrário acabarão se curvando à posição do STF.
O entendimento acima é aplicado aos processos que já estão em andamento, inclusive com condenações proferidas?
SIM. Apesar de ter havido uma brutal alteração da jurisprudência do STF, não houve modulação dos efeitos (pelo menos até agora). Dessa forma, o entendimento proferido tem plena aplicabilidade, considerando que, para o STF, não existe proibição de se aplicar nova jurisprudência a casos em andamento, mesmo que mais prejudiciais ao réu, salvo se houve modulação dos efeitos.
Haverá vagas no sistema prisional para todas essas pessoas?
Aí já não sei. Mas é uma preocupação que deve ser estudada, porque existe uma grande quantidade de recursos especiais e extraordinários contra acórdãos condenatórios de 2º grau pendentes de julgamento. Em tese, todos esses condenados já poderão iniciar o cumprimento da pena.
Medida cautelar no recurso especial ou recurso extraordinário ou HC
Vale ressaltar que o réu condenado que interpuser recurso especial ou recurso extraordinário poderá tentar evitar a execução provisória da pena. Para isso, deverá propor uma medida cautelar pedindo que seja conferido efeito suspensivo ao recurso, nos termos do art. 1.029, § 5º do CPC 2015. Outra opção é a defesa, após interpor o RE ou REsp, impetrar habeas corpus pedindo que o STJ ou STF suspenda o cumprimento da pena enquanto se aguarda o julgamento do recurso. Importante esclarecer que a concessão desta medida cautelar ou de liminar no HC só ocorrerá em casos excepcionais, em que ficar evidentemente constatada alguma ilegalidade flagrante ou injustiça praticada no acórdão condenatório.
O STJ acompanhou o novo entendimento do STF decidido no HC 126292/SP mesmo ainda não tendo havido a publicação do acórdão do Supremo.
É possível a execução provisória de pena imposta em acórdão condenatório proferido em ação penal de competência originária de tribunal. STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp 1.484.415-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 3/3/2016 (Info 581). 
CONFIRMAÇÃO DO ENTENDIMENTO ACIMA POR MEIO DO PLENÁRIO DO STF: A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88) e não viola o texto do art. 283 do CPP. STF. Plenário. ADC 43 e 44 MC/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em 05/10/2016 (Info 842).
#OLHAOGANCHO #NÃOCONFUNDIR #MUITOIMPORTANTE #VAIDESPENCAREMPROVA:
Não é possível a execução da pena RESTRITIVA DE DIREITOS antes do trânsito em julgado da condenação. Assim, é cabível execução provisória de penas privativas de liberdade, mas não de penas restritivas de direito. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 14/6/2017 (Info 609).
*#ATENÇÃO #DIVERGÊNCIA #DIZERODIREITO:
É possível executar provisoriamente a condenação enquanto se aguarda o julgamento do recurso extraordinário? É possível que o réu condenado em 2ª instância seja obrigado a iniciar ocumprimento da pena restritiva de direitos mesmo sem ter havido ainda o trânsito em julgado?
A jurisprudência está dividida sobre o tema:
1ª corrente: SIM. A execução provisória de pena restritiva de direitos imposta em condenação de segunda instância, ainda que pendente o efetivo trânsito em julgado do processo, não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. STF. 1ª Turma. HC 141978 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/06/2017.
2ª corrente: NÃO. Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 14/6/2017 (Info 609).
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #OUSESABER: O art. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06 leciona que as penas do crime de tráfico de drogas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas, nem integre organização criminosa. O STJ entendeu SER POSSÍVEL a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. De acordo com o julgado, os princípios constitucionais devem ser interpretados de forma harmônica e, por isso, o princípio da presunção de inocência não pode impedir que a existência de inquéritos ou ações penais sejam utilizados para mensurar a dedicação do réu em atividade criminosa, sob pena de se equiparar o acusado que responde a inúmeras ações penais com aquele que numa única ocasião na vida se envolveu com as drogas, situação que ofende o princípio também previsto na Constituição Federal de individualização da pena. Do mesmo modo, o princípio da vedação de proteção deficiente também deve ser parâmetro, uma vez que intimamente interligado com o mandamento constitucional de criminalização do tráfico de drogas, que deve ser ponderado na avaliação, em atenção ao direito fundamental de segurança (art. 5º, caput, CF/88). Importante frisar que o STJ não vedou, de forma absoluta, a concessão do benefício a quem responde a outros inquéritos ou ações penais. Nas palavras do Min. Relator Felix Fischer, “não se pretende tornar regra que a existência de inquérito ou ação penal obste o benefício em todas as situações”. Por fim, necessário destacar que o STF possui um precedente aplicando este entendimento (HC 108135, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/06/2012). 
#IMPORTANTE: Pedro foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão e o TJ manteve a condenação. O Ministério Público foi intimado do acórdão e requereu que o Tribunal determinasse imediatamente a prisão do condenado, dando início à execução provisória da pena. Vale ressaltar, no entanto, que a Defensoria Pública ainda não foi intimada do acórdão. Diante deste caso, o TJ poderá determinar a imediata prisão do condenado, mesmo antes da intimação da defesa acerca do acórdão? NÃO. Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acórdão condenatório, mostra-se ilegal a imediata expedição de mandado de prisão em desfavor do condenado. Como a Defensoria Pública ainda não foi intimada, não se encerrou a jurisdição em 2ª instância, considerando que é possível que interponha embargos de declaração, por exemplo. STJ. 5ª Turma. HC 371.870-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2016 (Info 597).
* O desaforamento de um caso se encerra com o veredicto do júri popular. Por isso, a execução provisória da pena (que ocorre depois de a condenação ser confirmada pelo Tribunal em 2ª instância) deverá ser determinada pelo juízo originário da causa, e não pelo presidente do Tribunal do Júri onde se deu o julgamento. Em outras palavras, em caso de desaforamento, o deslocamento da competência ocorre apenas para o julgamento no Tribunal do Júri. Uma vez tendo este sido encerrado, esgota-se a competência da comarca destinatária, devendo a execução provisória ser conduzida pelo juízo originário da causa. STJ. 6ª Turma. HC 374.713-RS, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 6/6/2017 (Info 605).
3.2. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Art. 5o, LV, CF: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Joaquim Canuto Mendes de Almeida: contraditório como a ciência bilateral dos atos ou termos do processo e a possibilidade de contrariá-los. 
Núcleo fundamental do contraditório: ligado à discussão dialética de fiscalização recíproca dos atos praticados no curso do processo. 
 Elementos do contraditório: 
· Direito à informação: a parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos argumentos da parte contrária – meios de comunicação processuais (citação, intimação e notificação).
· Direito de participação: possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária. 
· Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor – Art. 261, CPP: “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado e julgado sem defensor”. 
#SELIGANASÚMULA: 
SÚMULA 707, STF: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”.
Em um primeiro momento, o contraditório limitava-se ao direito à informação e à possibilidade de reação. Mas, passou a ser analisado também no sentido de assegurar respeito à paridade de tratamento (par conditio ou paridade de armas). Há de se assegurar, pois, o equilíbrio entre acusação e defesa, munidas de forças similares – devendo haver uma defesa técnica.
#OBS.: Prevalece o entendimento, na jurisprudência e na doutrina, que o contraditório é obrigatório apenas na fase do processo, e não na fase investigatória. Por isso, a palavra “prova” só pode ser usada para se referir aos elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial – que deve ser produzida com a participação do acusado e acusador, e sob a direta e constante supervisão do órgão julgador. 
Contraditório para a prova (contraditório real): demanda que as partes atuem na própria formação do elemento de prova, na presença do órgão julgador e das partes. 
Contraditório sobre a prova (contraditório diferido ou postergado): reconhecimento da atuação do contraditório após a formação da prova. A observância do contraditório é feita posteriormente, dando-se oportunidade ao acusado e ao seu defensor de, no curso do processo, contestar a providência cautelar, ou de combater a prova pericial feita no curso do inquérito. Ex.: interceptação telefônica judicialmente autorizada no curso das investigações. 
3.3 PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA
Art. 5o, LC, CF: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Pode ser vista como um direito (sob a ótica que privilegia o interesse do acusado), ou como uma garantia (sob o enfoque publicístico, preponderando o interesse geral de um processo justo).
Garante o contraditório e por ele se manifesta.
A defesa e o contraditório são manifestações simultâneas, intimamente ligadas pelo processo, sem que daí se possa concluir que um derive do outro. É possível violar-se o contraditório, sem que se lesione o direito de defesa, uma vez que o contraditório diz respeito tanto à defesa, quanto à acusação. Portanto, deixar de comunicar a acusação de determinado ato processual fere o contraditório, mas não o direito de defesa. 
O contraditório se manifesta em relação a ambas as partes, já a defesa diz respeito apenas ao réu. 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A sustentação oral do representante do Ministério Público que diverge do parecer juntado ao processo, com posterior ratificação, não viola a ampla defesa. STF. 1ª Turma. HC 140780/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 30/10/2018 (Info 922).
 Defesatécnica: exercida por um profissional da advocacia, dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, seja nomeado, seja defensor público. Para ser ampla, deve ser necessária, indeclinável, plena e efetiva.
#OBS.: Não é possível a defesa técnica por estagiário, nem por advogado suspenso por ato disciplinar. Quando se tratarem de atos praticados por advogado que não estava legalmente habilitado a tanto, deve se reputar violado o direito à defesa plena, efetiva e real. Em julgado isolado, entretanto, a Turma do STF entendeu não haver nulidade em processo criminal no qual a defesa técnica foi exercida por advogado licenciado da OAB. 
 Direito de escolha do defensor: Na visão do STF, “essa liberdade de escolha traduz, no plano da persecutio criminis, específica projeção do postulado da amplitude de defesa proclamado pela Constituição. Cumpre ao magistrado processante, em não sendo possível ao defensor constituído assumir ou prosseguir o patrocínio da causa penal, ordenar a intimação do réu para que este, querendo, escolha outro advogado. Antes de realizada essa intimação – ou enquanto não exaurido o prazo nela assinalado – não é lícito ao juiz nomear defensor dativo sem expressa aquiescência do réu”.
A constituição do defensor se dá, em regra, por instrumento de procuração. Mas o art. 266, CPP faz menção à possibilidade de a constituição do defensor ser feita independentemente de mandato, caso o acusado indique seu advogado por ocasião do interrogatório – a nomeação diretamente no termo chama-se apud acta.
Para que a defesa seja ampla e efetiva, deve-se deferir ao acusado e a seu defensor tempo hábil para sua preparação e exercício. 
É possível que um mesmo advogado patrocine a defesa técnica de dois ou mais acusados, desde que não haja teses colidentes. 
Autodefesa (material ou genérica): é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo.
#DEOLHONASÚMULA: 
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/03/2015, DJe 6/4/2015.
- Deve ser citado pessoalmente. 
#DEOLHONASÚMULA: 
SÚMULA 351, STF: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”.
- Formas de manifestação da autodefesa no processo penal – Desdobramentos:
· Direito de audiência: direito de apresentar ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente, que se materializa através do interrogatório. Daí o entendimento majoritário hoje sobre a natureza jurídica do interrogatório, que é meio de defesa. Mas, por força do direito ao silêncio, não é obrigado a responder qualquer indagação (Art. 5o, LXIII, CF).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte: Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. O STF declarou que a expressão “para o interrogatório”, prevista no art. 260 do CPP, não foi recepcionada pela Constituição Federal. Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal conduta poderá ensejar: • a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade • a ilicitude das provas obtidas • a responsabilidade civil do Estado. Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não desconstitui (não invalida) os interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).
· Direito de presença: assegura-se a oportunidade de ao lado de seu defensor, acompanhar os atos de instrução, auxiliando-o na realização da defesa. Daí a importância da obrigatória intimação do defensor e do acusado para todos os atos processuais. Direito fundamental de presenciar e participar da instrução processual. Mas não é absoluto.
· Direito a postular pessoalmente: em alguns momentos específicos do processo penal, defere-se ao acusado capacidade postulatória autônoma, independentemente da presença de seu advogado. 
3.4. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
Garantia do acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo – assegurar a transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por toda comunidade. 
Funciona como um pressuposto de validade não apenas dos atos processuais, mas também das próprias decisões tomadas pelo Poder Judiciário.
É ampla, plena, popular, absoluta ou geral, quando os atos processuais são praticados perante as partes e aberto a todo o público. 
É restrita ou interna, quando houver limitação à publicidade dos atos do processo. Nesse caso, alguns atos ou todos serão realizados somente perante as pessoas diretamente interessadas no feito e seus respectivos procuradores, ou somente perante estes – é o Segredo de Justiça.
#STJ #INFORMATIVO #IMPORTANTE: No caso de processo penal que tramita sob segredo de justiça em razão da qualidade da vítima (criança ou adolescente), o nome completo do acusado e a tipificação legal do delito podem constar entre os dados básicos do processo disponibilizados para consulta livre no sítio eletrônico do Tribunal, ainda que os crimes apurados se relacionem com pornografia infantil. Muito embora o delito de divulgação de pornografia infantil possa causar repulsa à sociedade, não constitui violação ao direito de intimidade do réu a indicação, no site da Justiça, do nome de acusado maior de idade e da tipificação do delito pelo qual responde em ação penal, ainda que o processo tramite sob segredo de justiça. STJ. 5ª Turma. RMS 49.920-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 2/8/2016 (Info 587).
3.5. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE
Superando o dogma da verdade real.
A crença de que a verdade podia ser alcançada pelo Estado tornou a sua perseguição o fim precípuo do processo criminal. Assim, em nome da verdade real, tudo era válido.
Atualmente, a dicotomia entre verdade material (típica do processo penal – a verdade real) e formal (típica do processo civil) deixou de existir. 
A verdade absoluta coincide com os fatos ocorridos, é um ideal, porém inatingível. O que vai haver é uma aproximação, maior ou menor, da certeza dos fatos. Há de se buscar a maior exatidão na reconstituição do fato controverso, mas jamais a pretensão de uma verdade real, e sim uma aproximação da realidade, que tende a refletir ao máximo a verdade.
# OBS.: A busca pela verdade no processo penal está sujeita a algumas restrições:
· A CF diz que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5o, LVI);
· CPP: impossibilidade de leitura de documentos ou exibição de objetos em plenário do júri, se não tiverem sido juntados aos autos com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte (CPP, art. 479), as limitações ao depoimento de testemunhas que têm ciência do fato em razão do exercício de profissão, ofício, função ou ministério (CPP, art. 207), o descabimento de revisão criminal contra sentença absolutória com trânsito em julgado (CPP, art. 621), ainda que surjam novas provas contra o acusado. 
· Questões prejudiciais devolutivas absolutas – questões prejudiciais heterogêneas que versam sobre o estado civil das pessoas. 
Busca da verdade consensual nos Juizados: o simples consenso entre as partes é capaz de influir diretamente na busca da verdade, tanto que esta pode ser colocada em segundo plano, a ponto de tornar-se prescindível ao resultado final do processo. 
3.6. PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO
Previsão: Art. 5o, LVI, CF: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
3.7. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL OU JUIZ LEGAL
Deve ser compreendido como o direitoque cada cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processá-lo, bem como julgá-lo, caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico.
Juiz natural ou legal é aquele constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras taxativas de competência estabelecidas em lei.
Assegurar que as partes sejam julgadas por um juiz imparcial e independente. 
Para grande parte da doutrina, a primeira vez que o princípio do Juiz Natural surgiu com tal denominação foi mesmo na Carta Constitucional Francesa de 1814.
 Regras de proteção: 
· Só podem exercer jurisdição, os órgãos instituídos pela CF;
· Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato;
· Entre os juízes pré-constituídos, vigora uma ordem taxativa de competência que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja.
#OLHAOGANCHO #IMPORTANTE:
Não viola o Princípio do Promotor Natural se o Promotor de Justiça que atua na vara criminal comum oferece denúncia contra o acusado na vara do Tribunal do Júri e o Promotor que funciona neste juízo especializado segue com a ação penal, participando dos atos do processo até a pronúncia. No caso concreto, em um primeiro momento, entendeu-se que a conduta não seria crime doloso contra a vida, razão pela qual os autos foram remetidos ao Promotor da vara comum. No entanto, mais para frente comprovou-se que, na verdade, tratava-se sim de crime doloso. Com isso, o Promotor que estava no exercício ofereceu a denúncia e remeteu a ação imediatamente ao Promotor do Júri, que poderia, a qualquer momento, não ratificá-la. Configurou-se uma ratificação implícita da denúncia. Não houve designação arbitrária ou quebra de autonomia. STF. 1ª Turma. HC 114093/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/10/2017 (Info 880).
3.8. PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE
Art. 5o, LXIII, CF: “O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”. 
O direito ao silêncio é uma decorrência do nemotenetur se detegere, segundo o qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
- É uma modalidade de autodefesa passiva, exercida pela inatividade do indivíduo sobre quem recai ou pode recair uma imputação.
É a proibição de uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado (ou acusado) em processo de caráter sancionatório, para obtenção de uma confissão ou para que colabore em atos que possam ocasionar sua condenação. 
Localização topográfica: CF, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14.3, “g”) e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (art. 8o, §2o, “g”). 
É necessária prévia e formal advertência quanto ao direito ao silencio, sob pena de se macular de ilicitude a prova então obtida. Assemelha-se ao Aviso de Miranda do direito norte-americano, em que o policial, no momento da prisão, tem que ler para o preso os seus direitos.
Tem-se tornado comum à entrega ao preso, no momento da sua prisão, de uma nota de ciência das garantias constitucionais. 
As declarações precipitadas que são fornecidas pelo preso ao repórter, sob influência do clima sensacionalista criado pela mídia, não podem ser usadas indiscriminadamente no processo – Ana Lúcia Menezes Vieira.
 Desdobramentos do princípio:
· O direito ao silêncio ou direito de ficar calado;
· Direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal;
· Inexigibilidade de dizer a verdade;
· Direito de não querer praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo – (1) não está obrigado a fornecer padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial de verificação de interlocutor; (2) não está obrigado a fornecer material para exame grafotécnico; (3) configura constrangimento ilegal a decretação de prisão preventiva de indiciados diante da recusa destes em participarem de reconstituição do crime; (4) direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. 
#OBS.1: Mentiras agressivas – quando o acusado imputa falsamente a terceiro inocente a prática do delito, dando causa à instauração de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, o agente responderá normalmente pelo delito de denunciação caluniosa (art. 339, CP). Nessa mesma linha, prevalece o entendimento de que o direito ao silêncio não abrande o direito de falsear a verdade quanto à identidade pessoal. Para o STF, tipifica o crime de falsa identidade o fato de o agente, ao ser preso, identificar-se com nome falso, com o objetivo de esconder seus maus antecedentes.
#OBS.2: Exemplos de provas não invasivas:
· As células bucais encontradas na saliva podem ser usadas para a realização de um exame de DNA. A forma de sua coleta é que vai determinar se é prova invasiva ou não. 
· A radiografia também pode ser considerada prova não invasiva, sendo comum sua utilização para constatação de entorpecentes no organismo, na forma de pílulas ou cápsulas. 
· A identificação dactiloscópica, das impressões dos pés, unhas e palmar. 
#OBS.3: Havendo o consentimento do sujeito passivo da medida, após prévia advertência do direito de não produzir prova contra si mesmo, a intervenção corporal poderá ser realizada normalmente. Entretanto, mesmo com a anuência, não se admite que o Estado submeta alguém a intervenções corporais que ofendam à dignidade da pessoa humana ou que coloquem em risco sua integridade física ou psíquica além do que é razoavelmente tolerável.
- Assim, em se tratando de prova invasiva, ou que exija um comportamento ativo, não é possível a produção forçada da prova contra a vontade do agente. Porém, se essa mesma prova tiver sido produzida, voluntária ou involuntariamente pelo acusado, nada impede que tais elementos sejam apreendidos pela autoridade policial. Ex.: Se não pode retirar um fio de cabelo à força para o exame de DNA, nada impede que um fio desse cabelo seja apreendido em um salão de beleza.
#OBS.4: O exercício do direito de não produzir prova contra si mesmo não pode ser utilizado como argumento a favor da acusação, não pode ser valorado na fundamentação de decisões judiciais, nem, tampouco, ser utilizado como elemento para a formação da convicção do órgão julgador. Não podem ser extraídas presunções em desfavor do acusado, tem tipificação de desobediência (art. 330, CP). Também não pode ser utilizado como critério para majoração da pena do condenado, nem para dar suporte à eventual decretação de prisão cautelar (pelo equivocado argumento da não colaboração com a produção probatória). 
#OBS.5: Caso haja a prática de nova infração penal, de maneira autônoma e dissociada de qualquer exigência de colaboração por parte de autoridade, com o objetivo de encobrir delito anteriormente praticado, não há que se falar em incidência do nemotenetur se detegere. 
3.9. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Não está previsto expressamente na CF – está inserido no aspecto material do princípio do devido processo legal: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5o, LIV).
Elementos essenciais do devido processo legal: (1) direito ao processo; (2) direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (3) direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; (4) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (autodefesa e defesa técnica); (5) direito de não ser processado e julgado com base em leis ex post facto; (6) direito à igualdade entre as partes; (7) direito de não ser processado com fundamento em provas revistas de ilicitude; (8) direito ao benefício da gratuidade; (9) direito à observância do princípio do juiz natural; (10) direito ao silêncio (contra autoincriminação); (11) direito à prova; (12) direito de presença e participação ativa nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, quando existentes.
O princípio da proporcionalidade se qualifica, enquantocoeficiente de aferição da razoabilidade dos atos estatais, como postulado básico de contenção dos excessos do Poder Público.
Requisitos, pressupostos do Princípio da Proporcionalidade:
· Pressuposto formal: o princípio da legalidade;
· Pressuposto material: o princípio da justificação teleológica (busca-se a legitimação do uso da medida cautelar – se o fim almejado é constitucionalmente legítimo e possui relevância social);
· Requisitos Extrínsecos: judicialidade (as limitações aos direitos fundamentais somente podem ocorrer por órgão judicial competente – Cláusula de reserva da jurisdição) e motivação (fundamentação da decisão judicial);
· Requisitos Intrínsecos (ou Subprincípios da Proporcionalidade ou ELEMENTOS do seu conteúdo): adequação (ou idoneidade), necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
Requisitos Intrínsecos, Elementos ou Subprincípios da Proporcionalidade:
· Adequação: a medida restritiva será considerada adequada quando for apta a atingir o fim proposto. Não se deve permitir ataque a um direito fundamental se o meio adotado não se mostrar apropriado à consecução do resultado pretendido. Deve ser aferida em um plano qualitativo (medidas idôneas por sua natureza), quantitativo (duração e intensidade da medida) e em seu âmbito subjetivo de aplicação (individualização do sujeito passivo da medida e à proibição de extensão indevida de sua aplicação). 
· Necessidade ou exigibilidade: também conhecido como princípio da intervenção mínima, da menor ingerência possível, da alternativa menos gravosa, da subsidiariedade, da escolha do meio mais suave, ou da proibição do excesso. Entende-se que, dentre várias medidas restritivas de direitos fundamentais idôneas a atingir o fim proposto, deve o Poder Público escolher a menos gravosa, a que menos interfira no direito de liberdade e que ainda seja capaz de proteger o interesse público para o qual foi instituída. 
· Proporcionalidade em sentido estrito: impõe um juízo de ponderação entre o ônus imposto e o benefício trazido, a fim de se constatar se se justifica a interferência na esfera dos direitos do cidadão. Canotilho: “uma lei restritiva, mesmo adequada e necessária, pode ser inconstitucional, quando adote cargas coativas de direitos, liberdades e garantias desmedidas, desajustadas, excessivas ou desproporcionadas em relação aos resultados obtidos”. 
	4 LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
Enquanto à lei penal se aplica o princípio da territorialidade (CP, art. 5o) e da extraterritorialidade (CP, art. 7o), o CPP adota o princípio da territorialidade ou da lexfori – porque a atividade jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo Estado – Art. 1o, CPP.
Assim, mesmo que um ato processual tenha que ser praticado no exterior (ex.: citação, intimação, interrogatório, oitiva de testemunha, etc.), a lei processual a ser aplicada é a do país aonde tais atos venham a ser realizados. Da mesma forma que se aplica a lei processual brasileira aos atos referentes às relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devam ser praticados no Brasil (ex.: cumprimento de carta rogatória, homologação de sentença estrangeira, procedimento de extradição, etc.). 
Situações em que a lei processual penal de um Estado pode ser aplicada fora dos seus limites territoriais (segundo a doutrina): (a) aplicação da lei processual penal de um Estado em território nullius; (b) quando houver autorização do Estado onde deva ser praticado o ato processual; (c) em caso de guerra, em território ocupado; (d) Art. 5o, §4o, CF: “O Brasil se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”. 
Gozam de imunidade diplomática: Chefes de governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e membros das comitivas, embaixadores e suas famílias, funcionários estrangeiros do corpo diplomático e suas famílias, assim como funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA, etc.) – têm a prerrogativa de responder no seu país de origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo 103/1964, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/1965). 
Assim, em razão de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em virtude de regras de Direito Internacional, a lei processual deixa de ser aplicada aos crimes praticados por tais agentes no território nacional.
Tais pessoas não podem ser presas e nem julgadas pela autoridade do país onde exercem suas funções, seja qual for o crime praticado (CPP, art. 1o, I). Em caso de falecimento do diplomata, os membros da sua família “continuarão no gozo dos privilégios e imunidades a que têm direito, até a expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar o território do Estado acreditado” (art. 39, § 3o, Convenção de Viena sobre relações diplomáticas). Admite-se a renúncia dessa garantia. 
#SELIGA¹: Tal imunidade não é extensiva aos empregados particulares dos agentes diplomáticos. 
#SELIGA²: Cônsul: só goza de imunidade em relação aos crimes funcionais.
 Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras autoridades, em relação aos crimes de responsabilidade – Refere-se à segunda ressalva do art. 1o, CPP. 
- Compete ao Senado Federal processar e julgar o Presidente da República e o Vice, quanto aos crimes de responsabilidade – Art. 52, I, II, CF, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes conexos com aqueles, os Ministros do STF, membros do CNJ e do CNMP, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade. 
 Processo e Competência da Justiça Militar – outra ressalva do Art. 1o, CPP. Art. 124, CF: à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
 Crimes de imprensa: a não recepção da lei de imprensa não impede o curso regular dos processos fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem, tampouco, a instauração de novos processos, aplicando-se a eles, contudo, as normas da legislação comum, o CC, o CP, o CPC e o CPP. 
 Crimes eleitorais: A competência criminal da Justiça Eleitoral é fixada em razão da matéria, cabendo a ela o processo e o julgamento dos crimes eleitorais (os previstos no Código Eleitoral e os que a lei, eventual e expressamente, defina como eleitorais). 
 Outras exceções: por força do princípio da especialidade, aplica-se a legislação especial, e o CPP subsidiariamente:
· Crimes de abuso de autoridade – Lei 4.898/65;
· Crimes de competência originária dos Tribunais possuem procedimento específico previsto na Lei 8.038/90;
· Infrações de menor potencial ofensivo – contravenções penais e crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos – procedimento especial dos Juizados Especiais Criminais – Lei 9.099/95;
· Crimes falimentares – Lei 11.101/05;
· Estatuto do Idoso – Lei 10.741/03;
· Lei Maria da Penha – Lei 11.340/06;
· Lei de drogas – Lei 11.340/06. 
	5 LEI PROCESSUAL NO TEMPO
Art. 2o, CPP – Princípio tempus regitactum: “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. 
Incide no Processo Penal a aplicabilidade imediata, porque se presume que ela seja mais perfeita que a anterior. 
Efeitos: (1) os atos processuais praticados sob a vigência da lei anterior são considerados válidos; (2) as normas processuais têm aplicação imediata, regulando o desenrolar restante do processo. 
 Normas genuinamente processuais: cuidam de procedimentos, atos processuais, técnicas do processo – a elas se aplica o art. 2o, CPP.
 Normas processuais materiais ou mistas: abrigam naturezas diversas, de caráter penal (que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da condenação e do direito de punir do Estado) e processual penal (versam sobre o processo desde o seu início até o final da execução ou extinção da punibilidade). 
A essas normas, aplica-se o critério do DireitoPenal: tratando-se de norma benéfica ao agente, mesmo depois da sua revogação, a referida lei continuará a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência (ultratividade da lei processual penal mista mais benéfica); na hipótese de novatio legis in mellius, a referida norma será dotada de caráter retroativo, a ela se conferindo o poder de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. 
	6 FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
6.1 – Significado
Fonte: nascedouro, nascente. Fonte processual penal: de onde nasce o direito penal.
6.2 – Classificação
As fontes processuais penais são divididas em fontes materiais ou substancias e fontes formais.
6.2.1 – Materiais, Substanciais ou De produção:
São aquelas que verdadeiramente criam o direito.
Fundamento Legal:
Art. 22, I CF - Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
Art. 24, IV, X e XI CF - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: IV - custas dos serviços forenses; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual.
#Obs.: A fonte material do direito processual penal, ou seja, quem cria/produz o direito processual penal é o Estado através do Congresso Nacional (CN). É competência privativa da União legislar sobre o direito processual, mas a Constituição permite que Lei Complementar autorize os Estados a legislar sobre matérias específicas das normas gerais de competência privativa da União.
#Obs.: As custas processuais podem ter valor diferente em cada Estado. Em relação à competência concorrente do art. 24, cada Estado pode regular de modo diferente, mas respeitando as normas gerais, no caso o Código Processual Penal (CPP).
6.2.2 – Formais, De conhecimento, De cognição ou De revelação:
São aquelas que exteriorizam, manifestam o direito que acabou de ser criado pelas fontes materiais. Por exemplo, o professor cria para os alunos presentes em sala uma regra de conduta – fonte material, e para dar conhecimento aos que faltaram à aula estabelece essa regra em uma folha e coloca na parede da sala – fonte formal.
6.2.3 - Imediatas ou Diretas
a) Primárias (CPP e CF): alguns autores só falam do Código Processual Penal, mas nenhuma lei pode contrariar a Constituição sob pena de ser declarada sua inconstitucionalidade.
b) Secundárias (Outros diplomas): Lei dos Juizados Especiais Criminais (9099/95) – JEC, Lei de Drogas etc.
Obs.: Súmula vinculante (Art. 103 “a” da CF – Emenda 45/04). A súmula formaliza o entendimento de um tribunal sobre determinado assunto. A súmula vinculante é para dar celeridade aos processos judiciais, ou seja, o juiz julga de acordo com a súmula do Supremo Tribunal Federal (STF), evitando diversos recursos. Polêmica: o Judiciário não estaria legislando, ferindo, assim, a tripartição de “poderes”? Não. O Supremo Tribunal Federal apenas está se manifestando sob uma norma já existente – art. 103, “a” CF. O Supremo Tribunal Federal (STF) só se manifestará sobre a validade, interrupção ou eficácia de uma determinada norma que gera controvérsias e, consequentemente, número de processos e recursos (insegurança jurídica).
6.2.4 - Mediatas ou Indiretas (Remotas)
a) Costumes: aquilo que é praticado de forma reiterada pela população na convicção de sua obrigatoriedade. Não é apenas um hábito por causa da convicção da obrigatoriedade.
b) Princípios Gerais do Direito: são constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. Orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração.
c) Jurisprudência: há divergência quanto à inclusão da jurisprudência nas fontes formais mediatas. Na verdade, para alguns, ao invés de ser considerada fonte, é considerada uma forma de interpretação.
d) Povo: apenas para alguns doutrinadores
7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVOS
	Código de Processo Penal
	Art. 1º ao art. 3º
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula
Jurisprudência do site Dizer o Direito.
Manual de Processo Penal – Renato Brasileiro
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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