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8 CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

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26
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Por Fernanda Evlaine
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS	3
2.	10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER	16
3.	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	17
4.	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	17
ATUALIZADO EM 17/02/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.] 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA – LEI Nº 8.137/90
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS
1. Bem Jurídico: Protege-se o interesse do Erário, o patrimônio do Estado e a Ordem Econômica. Trata-se de bens jurídicos de natureza supraindividual. 
Pergunta da aprovação: O que se entender por “crimes de colarinho branco”?
“Crimes de Colarinho Branco” é uma expressão cunhada pela doutrina penalista a partir dos estudos do sociólogo norte americano Edwin Sutherland para se referir aos delitos essencialmente praticados por indivíduos que gozam de elevado status social e/ou ocupam posição de destaque na iniciativa privada ou no serviço público.
Como exemplos típicos das infrações penais etiquetadas como crimes do colarinho branco, podemos citar a macrocriminalidade econômica, desenhada no ordenamento jurídico pátrio pelas leis (i) de lavagem de capitais (9.613/98), (ii) dos crimes contra o sistema financeiro nacional (7.492/86), (iii) dos crimes contra a ordem tributária (8.137/90), entre outras.
*#APROFUNDAMENTO: A terminologia utilizada, naturalmente, se deu com o evidente fito de identificar a parcela da população que mais frequentemente comete tais delitos, amiúde usando vestes sociais, gravatas, ternos e colarinho branco.
Esse fundamento é importante para compreender-se, de outra sorte, a ideia dos crimes do colarinho AZUL. Diversamente dos crimes do colarinho branco, esses delitos aqui são praticados por pessoas economicamente desabastadas e se verifica como uma alusão aos macacões azuis utilizados nas fábricas dos Estados Unidos, servindo como “identificador” dos autores mais recorrentes, evidenciando a oposição à criminalidade econômica supramencionada.
Aqui se pode dar como exemplos os crimes patrimoniais (furto, estelionato, roubo), lesões corporais, crimes de dano, entre outros. Apesar de um evidente caráter preconceituoso na classificação, ela se pauta por questões estatísticas a partir dos delitos efetivamente descobertos e/ou investigados pelo sistema de justiça, que autorizam identificar a “clientela” mais frequente desse tipo de criminalidade.
Essa classificação é realmente importante? Apesar de não ser assunto muito cobrado em provas de concurso, há uma razão bastante forte para pensarmos que isso não tardará a acontecer. É que o Ministro Luiz Fux, no julgamento da Ação Penal 470 (caso do Mensalão), valeu-se, em seu voto, dessa expressão, assim indicando: “O desafio na seara dos crimes do colarinho branco é alcançar a plena efetividade da tutela penal dos bens jurídicos não individuais. Tendo em conta que se trata de delitos cometidos sem violência, incruentos, não atraem para si a mesma repulsa social dos crimes do colarinho azul”.
Como sabemos que nomenclatura em prova de concurso público é questão de sobrevivência e que essa classificação pouco usual fora utilizada recentemente por um Ministro do Supremo Tribunal Federal em seu voto referente a um dos casos mais debatidos no Judiciário pátrio, é interessante e prudente dominar a ideia incutida nos chamados crimes do colarinho azul![footnoteRef:2] [2: Disponível em: <http://blog.ebeji.com.br/voce-sabe-o-que-e-um-crime-do-colarinho-azul/>. Acesso em 16/12/2016.] 
2. Competência: A competência para o processamento e julgamento dos crimes será definida pelo ente tributante. Nesse caso, será de competência da Justiça Federal:
a) Se o objeto do crime for tributo federal;
b) Se na mesma conduta forem sonegados tributos estaduais e federais, nos termos do entendimento Sumulado pelo STJ.
Súmula 122 – STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
c) Se utilizados documentos material e ideologicamente falsificados perante o Poder Judiciário Federal e a Secretaria da Receita Federal.
3. Natureza dos delitos: No art. 1º, incisos I a IV da Lei n.º 8.137/90 estão previstos os crimes materiais contra a ordem tributária, pois nestes existe uma conduta instrumental, que é a fraude, e uma conduta final, que é a supressão ou alteração do tributo. Não basta que o agente cometa as condutas previstas, pois elas também exigem o resultado de supressão ou redução de tributo[footnoteRef:3]. [3: (VUNESP – TJRJ – Juiz de Direito Substituto/2016) No que tange às infrações penais relativas ao Direito Penal Econômico, nos termos previstos no Edital, assinale a alternativa correta.
a) Caracteriza-se como crime contra a ordem econômica formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando a variação natural de preços ou quantidades vendidas ou produzidas.
b) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de contravenção penal não caracteriza o crime de lavagem de bens, direitos e valores.
c) Aquele que participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos na Lei de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, somente será responsabilizado pela prática destes crimes se, efetivamente, participar das condutas ilícitas desenvolvidas pela organização.
d) Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo só será considerado crime tributário se implicar na efetiva supressão ou redução tributária.
e) Com base na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, para a caracterização dos crimes materiais contra a ordem tributária não basta a omissão ou a falsa informação prestada, sendo necessário que impliquem na supressão ou redução tributária.
Gabarito: E. ] 
OBS: Se o agente sonegar tributos diversos em uma única conduta, restará caracterizado crime único!
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
Por outro lado, no art. 2º encontram-se previstos os crimes formais contra a ordem tributária. Nestes basta que ocorra a fraude. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária), desde que comprovado o dolo. O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária em qualquer hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde que comprovado o dolo Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito apenas às hipóteses em que há substituição tributária. O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo se apropriar do dinheiro relativo ao imposto, devidamente recebido de terceiro, quer porque descontou do substituído tributário, quer porque cobrou do consumidor não repassando aos cofres públicos. STJ. 3ª Seção. HC 399109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018(Info 633).
Qual é o termo inicial da prescrição nas hipóteses dos arts. 1° e 2°? Existe diferença entre os delitos?
- Art. 1º, I: O prazo prescricional somente tem início com a constituição do crédito tributário (lançamento definitivo). Trata-se de crime material.
- Art. 2º, I: O prazo prescricional tem início na data em que a fraude é praticada (e não a data em que ela é descoberta). Trata-se de crime formal. 
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
*#ATENÇÃO: o inciso V, contudo, possui natureza FORMAL.
#AJUDAMARCINHO[footnoteRef:4]: [4: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7aa685b3b1dc1d6780bf36f7340078c9#_=_] 
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
(...)
V - Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
 Em que consiste o crime:
a) O agente se nega ou deixa de fornecer nota fiscal (ou documento equivalente) relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada. Ex: o comprador pede a nota fiscal e o vendedor se nega (recusa) a fornecê-la.
b) O agente fornece a nota fiscal ou documento equivalente em desacordo com a legislação.
 Não se aplica a SV 24-STF (crime formal)
Chamo atenção novamente para o fato de que, para configurar o crime, NÃO será necessário aguardar a constituição definitiva do crédito tributário. O inciso V do art. 1º NÃO está abrangido pela SV 24-STF.
O crime do inciso V é formal:
O delito do art. 1º, inciso V, da Lei nº 8.137/90 é formal e prescinde do processo administrativo-fiscal para o desencadeamento da persecução penal, não estando abarcado pela condicionante da Súmula Vinculante nº 24 do STF (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.534.688/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 28/3/2016).
 O crime descrito no art. 1º, V, da Lei nº 8.137/90 ostenta natureza formal, ao contrário das condutas elencadas nos incisos I e IV do referido dispositivo, e a sua consumação prescinde da constituição definitiva do crédito tributário. Por consectário, o prévio exaurimento da via administrativa não configura condição objetiva de punibilidade. (STJ. 5ª Turma. RHC 31.062/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 12/8/2016).
4. Elemento subjetivo: dolo; não admitem modalidade culposa.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
- Crimes contra a ordem tributária e consunção
1. O delito contra a ordem tributária absorve o estelionato, por ser este um crime meio. 
2. De acordo com a Jurisprudência do STJ e STF, se o crime de falso tiver sido perpetrado como meio para a prática do crime contra a ordem tributária, o crime tributário absorverá o crime de falso, na vertente de crime progressivo. A extinção da punibilidade em virtude do pagamento do tributo impede a continuidade da persecução em relação ao delito de falso, pois se trata de delito carente de autonomia (STJ, RHC 31321).
- Absorção dos crimes de falsidade ideológica e de uso de documento falso pelo de sonegação fiscal
O crime de sonegação fiscal absorve o de falsidade ideológica e o de uso de documento falso praticados posteriormente àquele unicamente para assegurar a evasão fiscal. 
(...) Após evolução jurisprudencial, o STJ passou a considerar aplicável o princípio da consunção ou da absorção quando os crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica – crimes meio – tiverem sido praticados para facilitar ou encobrir a falsa declaração, com vistas à efetivação do pretendido crime de sonegação fiscal – crime fim 
(...) Aplica-se, assim, mutatis mutandis, o comando da Súmula 17 do STJ (Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido). 
Nota: o acórdão acima exposto é relevante porque foi proferido pela 3° Seção do STJ, que reúne as duas Turmas com competência penal (5° e 6° Turmas). (Informativo STJ 535 (2014) – Terceira Seção - DPN).
5. Denúncia nos crimes contra a ordem Tributária: Os delitos contra a ordem tributária também são conhecidos como delitos de gabinete ou societários, pois, são praticados a portas fechadas, dificultando a descrição da denúncia do fato criminoso. 
Nesse caso, o entendimento pacificado na Jurisprudência é o de que nos crimes de autoria coletiva não é necessária a descrição minuciosa e individualizada da ação de cada acusado. Entretanto, embora não seja necessária a descrição pormenorizada da conduta de cada denunciado, o MP deve narrar qual é o vínculo entre o denunciado e o crime a ele imputado, sob pena da denúncia ser inepta. (STJ, HC 214.861-SC). *Isso significa quer se admite a denominada denúncia geral. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Denúncia no crime de sonegação fiscal deve descrever a conduta do denunciado, não bastando apontar sua condição de sócio ou administrador.
É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem tributária previstos nos incisos do art. 1º da Lei 8.137/1990, limita-se a transcrever trechos dos tipos penais em questão e a mencionar a condição do denunciado de administrador da sociedade empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem descrever qual conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria contribuído para a consecução do resultado danoso. 
O simples fato de o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da denúncia não pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto de se ter dispensado ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob pena de restar configurada a repudiada responsabilidade criminal objetiva. STJ. 6ª Turma. HC 224.728-PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/6/2014 (Info 543).
*O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona no Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais. Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a ordem tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90). A denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o poder de determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados executassem o ato, sendo responsável pelo delito. O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente praticado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa. Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se pode fazer uma acusação baseada apenas no cargoocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).
- As pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas por crime contra a Ordem Tributária?
A responsabilidade penal da pessoa jurídica ainda é um tema controvertido na doutrina, mas as pessoas jurídicas possuem capacidade processual para figurar no polo passivo de ação penal ambiental (§ 3º do art. 225 da CF e art. 3º Lei 9.605/98). A CF também prevê a responsabilidade penal das PJ nos crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular (173, § 5º, CF), entretanto ainda não há responsabilidade penal da PJ nesse âmbito, por falta de regulamentação legal. Portanto, atualmente, a PJ somente pode ser responsabilizada penalmente em crimes ambientais.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É atípica a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos gramatical, estilístico e técnico das impugnações administrativas, não configurando o crime de advocacia administrativa perante a Administração Fazendária. STJ. 6ª Turma. REsp 1.770.444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 08/11/2018 (Info 639).
6. Princípio da insignificância: 
* #AJUDAMARCINHO[footnoteRef:5] #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: [5: Texto retirado do seguinte site: http://www.dizerodireito.com.br/2018/03/qual-e-o-valor-maximo-considerado.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+com%2FrviB+%28Dizer+o+Direito%29. ] 
O princípio da insignificância pode ser aplicado no caso de crimes tributários e no descaminho?
SIM. É plenamente possível que incida o princípio da insignificância tanto nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/90 como também no caso do descaminho (art. 334 do CP).
O descaminho é também considerado um crime contra a ordem tributária, apesar de estar previsto no art. 334 do Código Penal e não na Lei nº 8.137/90.
Existe algum limite máximo de valor para que possa ser aplicado o princípio da insignificância nos crimes tributários?
SIM. A jurisprudência criou a tese de que nos crimes tributários, para decidir se incide ou não o princípio da insignificância, será necessário analisar, no caso concreto, o valor dos tributos que deixaram de ser pagos.
E qual é, então, o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários?
Tradicionalmente, esse valor era de 10 mil reais.
Assim, se o montante do tributo que deixou de ser pago era igual ou inferior a 10 mil reais, não havia crime tributário, aplicando-se o princípio da insignificância.
Qual era o parâmetro para se chegar a esse valor?
Esse valor foi fixado pela jurisprudência tendo como base o art. 20 da Lei n.°10.522/2002, que determina o arquivamento das execuções fiscais cujo valor consolidado for igual ou inferior a R$ 10.000,00. Em outros termos, a Lei determina que, até o valor de 10 mil reais, os débitos inscritos como Dívida Ativa da União não serão executados.
Segundo a jurisprudência, não há sentido lógico permitir que alguém seja processado criminalmente pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer será cobrado no âmbito administrativo-tributário.
Nesse caso, o direito penal deixaria de ser a ultima ratio.
Esse valor de 10 mil reais permanece ainda hoje?
NÃO. Recentemente, foi publicada a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, na qual o Ministro da Fazenda determinou, em seu art. 1º, inciso II, “o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).”
Desse modo, o Poder Executivo “atualizou” o valor previsto no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002 e passou a dizer que não mais deveriam ser executadas as dívidas de até 20 mil reais.
Em outras palavras, a Portaria MF 75/2012 “aumentou” o valor considerado insignificante para fins de execução fiscal. Agora, abaixo de 20 mil reais, não interessa à Fazenda Nacional executar (antes esse valor era 10 mil reais).
Diante desse aumento produzido pela Portaria, começou a ser defendida a tese de que o novo parâmetro para análise da insignificância penal nos crimes tributários passou de 10 mil reais (de acordo com o art. 20 da Lei n.°10.522/2002) para 20 mil reais (com base na Portaria MF 75).
A jurisprudência acolheu essa tese?
STF: SIM, de imediato.
Para o STF, o fato de as Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda terem aumentado o patamar de 10 mil reais para 20 mil reais produz efeitos penais.
Logo, o novo valor máximo para fins de aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários passou a ser de 20 mil reais.
Precedentes:
STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04/02/2014.
STF. 2ª Turma. HC 120620/RS e HC 121322/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgados em 18/2/2014.
STJ: relutou durante anos para aceitar a tese.
O STJ, durante anos, ficou decidindo que o valor de 20 mil reais, estabelecido pela Portaria MF nº 75/12 como limite mínimo para a execução de débitos contra a União, não poderia ser considerado para efeitos penais (não deveria ser utilizado como novo patamar de insignificância).
O Tribunal apontava dois argumentos principais:
i) a opção da autoridade fazendária sobre o que deve ou não ser objeto de execução fiscal não pode ter a força de subordinar o exercício da jurisdição penal;
ii) não é possível majorar o parâmetro previsto no art. 20 da Lei nº 10.522/2002 por meio de uma portaria do Ministro da Fazenda. A portaria emanada do Poder Executivo não possui força normativa passível de revogar ou modificar lei em sentido estrito.
Em suma, para o STJ, o valor máximo para aplicação do princípio da insignificância no caso de crimes contra a ordem tributária (incluindo o descaminho) continuava sendo de 10 mil reais.
Nesse sentido:
AgRg no AREsp 331.852/PR, j. em 11/02/2014
AgRg no AREsp 303.906/RS, j. em 06/02/2014
Qual é a novidade sobre o tema? #CHEIRINHODENOVIDADE:
O STJ curvou-se ao entendimento do STF.
O STJ, vendo que as suas decisões estavam sendo reformadas pelo STF, decidiu alinhar-se à posição do Supremo e passou a também entender que o limite para a aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários e no descaminho subiu realmente para R$ 20 mil.
O tema foi decidido sob a sistemática do recurso repetitivo e fixou-se a seguinte tese: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo).
Em suma, qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho?
Tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 do MF).
Esse valor deve ser calculado quando? No momento da sentença, ele deve ser atualizado com juros e correção monetária para saber se passa do teto de R$ 20 mil?
NÃO. Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento.
Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito tributário quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. RHC 74.756/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2016.
Para o STF é possível aplicar o novo limite (de 20 mil reais) mesmo que o fato tenha ocorrido antes da Portaria 75/2012?
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa para fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Esse valor é considerado insignificante tanto no casode crimes envolvendo tributos federais, como também estaduais e municipais?
NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse é o valor que a União considera insignificante.
Para fins de crimes de sonegação fiscal que envolvam tributos estaduais ou municipais, deve ser analisado se há lei estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado valor. Esse será o parâmetro para a insignificância. Veja como decidiu o STJ:
(...) 4. Para a aplicação do referido entendimento aos tributos que não sejam da competência da União, seria necessária a existência de lei estadual no mesmo sentido, até porque à arrecadação da Fazenda Nacional não se equipara a das Fazendas estaduais. Precedentes e doutrina.
5. Inviável a aplicação do referido entendimento ao caso em análise, no qual o paciente foi denunciado por, em tese, suprimir o valor de R$ 819,00 (oitocentos e dezenove reais) de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II, da Constituição Federal.
6. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a impossibilidade de se aplicar referido entendimento de forma indiscriminada à sonegação dos tributos de competência dos diversos entes federativos da União. (...) STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2014 (Info 540).
E o contrabando? Podemos aplicar esse entendimento acima explicado para o contrabando?
NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assi, de um delito pluriofensivo. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 01/09/2015. #VAICAIR: O caso mais comum e que pode cair na sua prova é o de contrabando de cigarros.
Por que se aplica o princípio da insignificância para o descaminho, mas não para o contrabando?
No delito de contrabando, o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa é a mercadoria PROIBIDA (proibição absoluta ou relativa). Em outras palavras, o objetivo precípuo dessa tipificação legal é evitar o fomento de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei.
No contrabando não se cuida, tão somente, de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas principalmente, de tutelar, entre outros bens jurídicos, a saúde pública.
Em suma, no contrabando, o desvalor da conduta é maior, razão pela qual se deve afastar a aplicação do princípio da insignificância. Veja:
O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que “não é o valor material que se considera na espécie, mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-penal resguarda. STF. 2ª Turma. HC 118.359, Min. Cármen Lúcia, DJ 11/11/2013.
Em sede de contrabando, ou seja, importação ou exportação de mercadoria proibida, em que, para além da sonegação tributária há lesão à moral, higiene, segurança e saúde pública, não há como excluir a tipicidade material tão-somente à vista do valor da evasão fiscal, ainda que eventualmente possível, em tese, a exclusão do crime, mas em face da mínima lesão provocada ao bem jurídico ali tutelado, gize-se, a moral, saúde, higiene e segurança pública. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1418011/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/12/2013.
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 622). STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/04/2018.
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 20 mil reais (tanto para o STF como para o STJ) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 127173, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso, julgado em 21/03/2017. 
* #CASCADEBANANA #CUIDADO: Neste informativo 897, a 1ª Turma do STF afirmou que esse parâmetro de 20 mil reais não poderia produzir efeitos penais em virtude do princípio da independência das instâncias: Asseverou que a lei que disciplina o executivo fiscal não repercute no campo penal. Tal entendimento, com maior razão, deve ser adotado em relação à portaria do Ministério da Fazenda. STF. 1ª Turma. HC 128063, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 (Info 897). Este precedente, contudo, não é a posição majoritária, não sendo recomendável a sua adoção em provas.
* #AJUDAMARCINHO: Diante disso, muitos leitores indagaram: o que fazer agora? Houve mudança de entendimento do STF? O STF deixou de aplicar o limite de 20 mil reais da Portaria 75/2012? NÃO. De fato, este julgado (HC 128063) vai contra aquilo que o STF vinha decidindo há anos sobre o tema. Isso não significa, contudo, que o STF tenha mudado de posição. O que houve, no presente caso, foi uma decisão isolada decorrente de uma ausência temporária de dois Ministros na Turma.
* #DEOLHONOCENÁRIO #POLÊMICA: Ei, psiu: o que você precisa entender é que esse julgado não representa, por enquanto, mudança de entendimento do STF.
Vale ressaltar que o limite imposto por essa portaria pode ser aplicado de forma retroativa para fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
- Esse valor é considerado insignificante tanto no caso de crimes envolvendo tributos federais, como também estaduais e municipais?
NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, que trata dos tributos federais. 
- No cálculo do valor do crédito tributário devem ser incluídos os valores de juros e multa?
Não. O valor a ser considerado para fins de aplicação do princípio da insignificância é aquele fixado no momento da consumação do crime, vale dizer, da constituição definitiva do crédito tributário, e não aquele posteriormente alcançado com a inclusão de juros e multa por ocasião da inscrição desse crédito na dívida ativa.” (STJ. 6ª Turma. REsp 1306425/RS, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em 10/06/2014). 
OBS.: O critério da continuidade delitiva (crime continuado: mesma espécie, condições de tempo, lugar e execução) é mais elástico para os crimes contra a ordem tributária, com intervalo de até 3 anos no caso do IR ou 3 meses nos outros tributos.
- Caso prático:
Mévio mora em Rio Branco/AC e se aproveita do fato do Estado do Acre fazer fronteira com a Bolívia para adquirir produtos por preços baixíssimos. Ocorre que Mévio responde a mais de 10 processos por descaminho, e os valores dos tributos ilididos, somados, ultrapassam pouco mais de 10 mil reais. É possível a aplicaçãodo princípio da insignificância?
NÃO. Se o agente for considerado criminoso habitual, restará impedida a aplicação do princípio da insignificância.[footnoteRef:6] [6: Para mais informações sobre a aplicação do princípio da insignificância ver o Ponto 1 do Material Ciclos – Penal.] 
7. Prévio exaurimento da instância administrativa: O STF entende que a decisão definitiva no processo administrativo fiscal, concluindo pela efetiva supressão ou redução do tributo, constitui justa causa e condição objetiva de punibilidade em relação aos crimes definidos no art. 1º da Lei nº 8.137/90, por se tratarem de crimes materiais. A invalidação posterior do lançamento definitivo acarreta a sua inexistência, e consequentemente, a atipicidade do delito[footnoteRef:7]. [7: (CESPE – PE – Delegado de Polícia/2016): A seguinte assertiva foi considerada errada: “Para o STF, haverá crime contra a ordem tributária, ainda que esteja pendente de recurso administrativo que discuta o débito tributário em procedimento fazendário específico, haja vista independência dos poderes.”. ] 
 
*#SELIGANASÚMULA #MUITOIMPORTANTE:
Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
A Súmula Vinculante 24 pode ser aplicada para fatos ocorridos antes da sua vigência?
SIM. Segundo a 1ª Turma do STF. A súmula vinculante não é lei nem ato normativo, de forma que a SV 24-STF não inovou no ordenamento jurídico. O enunciado apenas espelhou {demonstrou) o que a jurisprudência já vinha decidindo. STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 19/5/2015 (lnfo 786).
Pergunta-se, essa súmula se aplica ao descaminho? 
NÃO! Como bem diz o enunciado, só é aplicável aos crimes tributários materiais. O Descaminho é considerado crime tributário formal. 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O descaminho é crime tributário FORMAL. Logo, para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário. Não se aplica a Súmula Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação ou exportação de mercadorias. STJ. 6ª Turma. REsp 1.343.463-BA, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/3/2014 (Info 548). STF. 2ª Turma. HC 122325, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/05/2014. 
É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição do crédito tributário para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP), tendo em conta sua natureza formal. STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
OBS: Quando o delito contra a ordem tributária for praticado em concurso de crimes com outro delito que não seja contra a ordem tributária, a ausência de lançamento definitivo do crédito tributário não impede que a persecução penal prossiga com relação aos outros delitos praticados em concurso.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva do crédito tributário (Súmula Vinculante 24), sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento Administrativo Fiscal correspondente. STJ. 5ª Turma. RHC 94.288-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/05/2018 (Info 627).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos fatos ocorridos anteriormente à sua edição. Como a SV 24 representa a mera consolidação da interpretação judicial que já era adotada pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua edição, entende-se que é possível a aplicação do enunciado para fatos ocorridos anteriormente à sua publicação. STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (Info 786). STJ. 3ª Seção. EREsp 1.318.662-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 28/11/2018 (Info 639). 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
- Sonegação fiscal. Procedimento administrativo.
Para a promoção da ação penal referente ao delito de sonegação fiscal (art. 1º da Lei n. 8.137/1990), não é necessário que se instaure procedimento administrativo fiscal contra cada um dos corréus na qualidade de pessoas físicas, se já transcorreu outro procedimento de igual natureza em que se apurou haver a prática do crime por meio da pessoa jurídica. (STJ, 6ª Turma, HC 86.309-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 8/2/2011, Info 462).
- Impossibilidade de medidas cautelares penais antes da constituição definitiva.
Antes da constituição definitiva do crédito tributário não existe crime de sonegação. Logo, não é lícito que a autoridade policial inicie investigação para apurar esse fato e não é possível que o juiz decrete medidas cautelares penais. (STJ, 5ª Turma, HC 211.393/RS, julgado em 13/08/2013).
#IMPORTANTE #ATENÇÃO: Investigação preliminar antes da constituição definitiva do crédito tributário.
Imagine que determinada empresa deixou de pagar tributos, fraudando a fiscalização tributária (inciso II do art. 1º da Lei nº 8.137/90). Ocorre que o Fisco ainda não terminou o processo administrativo-fiscal instaurado para apurar o fato. É possível que seja instaurado inquérito policial para apurar o crime mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário? SIM. Nos crimes de sonegação tributária, apesar de a jurisprudência do STF condicionar a persecução penal à existência do lançamento tributário definitivo, o mesmo não ocorre quanto à investigação preliminar. Em outras palavras, mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário, já é possível o início da investigação criminal para apurar o fato. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Nota: Ou seja, se na sua prova perguntar se pode ocorrer investigação preliminar antes da constituição definitiva do crédito, marque que sim. Por outro lado, se for indagado se pode ocorrer a decretação de medidas cautelares antes da constituição definitiva do crédito tributário, marque que não.
- Ajuizamento da ação antes da constituição definitiva.
Imagine que, mesmo após a edição da SV 24-STF, o Ministério Público tenha oferecido denúncia contra o réu pelo art. 1°, I, sem que tivesse havido constituição definitiva do crédito tributário. O juiz recebeu a denúncia. O réu impetrou habeas corpus invocando o enunciado. Antes que fosse julgado o HC, houve lançamento definitivo. O que deverá acontecer nesse caso? A superveniente constituição definitiva convalida o vício inicial?
NÃO. A constituição do crédito tributário após o recebimento da denúncia não tem o condão de convalidar a ação penal que foi iniciada em descompasso com as normas jurídicas vigentes e com a SV 24 do STF. Desde o nascedouro, essa ação penal é nula porque referente a atos desprovidos de tipicidade (STJ. 5ª Turma. HC 238.417/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/03/2014).
8. Pagamento definitivo e parcelamento dos créditos tributários: O art. 9º da Lei nº 10.684/2003, criou o denominado parcelamento especial (PAES), que dispõe acerca do instituto da suspensão da pretensão punitiva estatal, que se dá quando o agente estiver incluído no regime de parcelamento. Nesse caso, parcelamento do crédito tributário acarreta a suspensão da pretensão punitiva, não podendo haver o oferecimento da denúncia nesse meio tempo. Acarreta também a suspensão do prazo prescricional.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: O que acontece se o réu de um crime contra a ordem tributária aderir ao parcelamento da dívida? Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem tributária, quando o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a pretensão punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o que ocorre com o prazo prescricional? Também fica suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as condições do parcelamento do débito fiscal. É o que prevêo art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. Se, ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. STF. 2ª Turma. ARE 1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
*#IMPORTANTE: O pedido de parcelamento deve ser feito antes do recebimento da denúncia.
E se houver o pagamento integral? Nesse caso haverá a extinção da punibilidade.
OBS.: O pagamento da penalidade pecuniária (multa) imposta ao contribuinte que deixa de atender às exigências da autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos fiscais não se adequa a nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade previstas no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.864/2003. STJ. 6ª Turma. REsp 1.630.109-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/2/2017 (Info 598).
E qual o momento limite para o pagamento integral?
a) Pagamento integral antes da condenação: Extingue a punibilidade.
b) Pagamento integral depois da condenação, mas antes do trânsito em julgado: Extingue a punibilidade.
c) Pagamento integral depois do trânsito em julgado: Posição tradicional do STJ: NÃO irá interferir no crime. A condenação persiste. Isso porque a punição já foi imposta e o art. 9º da Lei nº 10.684/2003 fala em extinção da punibilidade, e não extinção da executoriedade (STJ, HC 302.059-SP, Info 556). 
Atenção! Mudança de entendimento:
*#IMPORTANTE: O STJ passou a entender que o pagamento integral do débito, nos crimes contra a ordem tributária, extingue a punibilidade mesmo que efetuado após o trânsito em julgado. O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.
Atenção: Não confundir as hipóteses de parcelamento com pagamento integral. O parcelamento só pode ser feito até o recebimento da denúncia.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Se o denunciado pelo crime de descaminho fizer o pagamento integral da dívida tributária, haverá extinção da punibilidade? NÃO. Segundo a posição atual do STJ, o pagamento do tributo devido NÃO extingue a punibilidade do crime de descaminho. STJ. 5ª Turma. RHC 43.558-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 5/2/2015 (Info 555).
9. Dificuldades financeiras
A Doutrina e a Jurisprudência têm tomado posicionamento favorável e admitido causas de inexigibilidade de conduta diversa que não estão positivadas na legislação brasileira (art. 22, do Código Penal), razão pela qual são denominadas supralegais. Essa tese atualmente possui aplicabilidade nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/90, no delito de apropriação indébita de contribuição previdenciária (art. 168-A do Código Penal) e no crime de descaminho. Ilustra-se Súmula do TRF:
4ª REGIÃO. SÚMULA Nº 68[footnoteRef:8]. "A prova de dificuldades financeiras, e consequente inexigibilidade de outra conduta, nos crimes de omissão no recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser feita através de documentos, sendo desnecessária a realização de perícia." [8: Cuidado: a Súmula é do TRF e não do STJ/STF, não vão confundir!] 
Segue ementa de caso em que fora alegada pela DPU a referida tese:[footnoteRef:9] [9: O processo está em tramitação. Sem decisão até o momento.] 
EMENTA DEFENSÓRIA: PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. INCISOS I E II DO ART. 1º DA LEI Nº 8.137/90. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. CONDIÇÃO DE SÓCIO-PROPRIETÁRIO QUE NÃO É SUFICIENTE, POR SI SÓ, PARA CARACTERIZAR A RESPONSABILIDADE PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE DOLO. AUSÊNCIA DO ESPECIAL FIM DE AGIR DE FRAUDAR O FISCO. TENTATIVA DE “SALVAR” A EMPRESA COM O PAGAMENTO DA MÃO DE OBRA.CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS TRABALHISTAS. EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. CAUSA SUPRALEGAL DE INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. EMPRESA QUE SOFREU PUNIÇÃO DE CONTRATAR COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DIFICULDADES FINANCEIRAS ENFRENTADAS PELA EMPRESA. RÉUS QUE OPTARAM PELO PAGAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS. DECLARAÇÃO DO CONTADOR E DOCUMENTOS DA SUSPENSÃO DA EMPRESA FEITA PELO DEPASA E PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO. BIS IN IDEM. CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS. INCISO II DO ART. 1º DA LEI Nº 8.137/90 (CRIME-FIM) ABSORVE O INCISO I (CRIME-MEIO).
10. Artigos relevantes:
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
I - ocasionar grave dano à coletividade;	
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública incondicionada.
Art. 16, Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE:
O art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 prevê que a pena do crime de sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90) deverá ser aumentada no caso de o delito “ocasionar grave dano à coletividade”. A jurisprudência entende que se configura a referida causa de aumento quando o agente deixa de recolher aos cofres públicos uma vultosa quantia. Em outras palavras, se o valor sonegado foi alto, incide a causa de aumento do art. 12, I. A Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, prevê que os contribuintes que estão devendo acima de R$ 10 milhões são considerados “grandes devedores” e devem receber tratamento prioritário na atuação dos Procuradores. Diante disso, surgiu uma tese defensiva dizendo que somente as dívidas acima de R$ 10 milhões poderiam ser consideradas de grande porte, justificando a incidência da causa de aumento do art. 12, I. Essa tese não foi acolhida pelo STF e STJ. Não é razoável dizer que somente deverá incidir a causa de aumento de pena do art. 12, I, se o valor dos tributos sonegados for superior a R$ 10 milhões, previsto no art. 2º da Portaria nº 320/PGFN. Isso porque este dispositivo define "quantia vultosa" para fins internos de acompanhamento prioritário pela Fazenda Nacional dos processos de cobrança, não limitando ou definindo o que seja grave dano à coletividade. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1274989/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/08/2014. STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/10/2017 (Info 882).
11. Jurisprudência sobre o tema
- Tipicidade da Omissão de declaração de rendimentos ao fisco.
Se o contribuinte deixa de apresentar declaração ao Fisco com o fim de obter a redução ou supressão de tributo e consegue atingir o resultado almejado, tal conduta consubstancia crime de sonegação fiscal, na modalidade do inciso I do art. 1º da Lei nº 8.137/90.
A constituição do crédito tributário, por vezes, depende de uma obrigação acessória do contribuinte, como a declaração do fato gerador da obrigação tributária (lançamento por declaração). Se o contribuinte não realiza tal ato com vistas a não pagar o tributo devido ou a reduzir o seu valor, comete o mesmo crime daquele que presta informação incompleta. A circunstância de o Fisco dispor de outros meios para constituir o crédito tributário, ante a omissão do contribuinte em declarar o fato gerador, não afasta a tipicidade da conduta; o arbitramento efetivado é uma medida adotada pelo Fisco para reparar a evasão decorrente da omissão e uma evidência de que a conduta omissiva foi apta a gerar asupressão ou, ao menos, a redução do tributo na apuração. 
Assim, segundo entendeu o STJ, a omissão na entrega da antiga Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) consubstanciava conduta apta a firmar a tipicidade do crime de sonegação fiscal previsto no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90, ainda que o Fisco dispusesse de outros meios para a constituição do crédito tributário. Obs.: a DIPJ foi substituída pela Escrituração Contábil Fiscal (ECF). STJ. 6ª Turma. REsp 1.561.442-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/2/2016 (Info 579).
- Crime tributário, ausência de constituição definitiva e extradição.
Se o estrangeiro está respondendo a ação penal por crime tributário no exterior, ele poderá ser extraditado mesmo que ainda não tenha havido a constituição do crédito tributário no país requerente. O que se exige, para o reconhecimento do pedido, é que o fato seja típico em ambos os países, não sendo necessário que o Estado requerente siga as mesmas regras fazendárias existentes no Brasil. (STF. 2ª Turma. Ext 1222/República Federal da Alemanha, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/8/2013 (lnfo 716).
- Extensão do dano e aumento da pena base.
Em se tratando de infrações penais contra a ordem tributária, a extensão do dano causado pode ser invocada na 1º fase da dosimetria como critério para exasperação da pena-base, sem que tanto implique bis in idem. (STF, 2ª Turma. HC 128446/PE, Rel. Min Teori Zavascki, julgado em 15/09/2015. (Info 799).
*Determinado réu foi condenado por sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei 8.137/90). O STF considerou correta a sentença do juiz que, na 1ª fase da dosimetria da pena, aumentou a pena-base com fundamento em dois argumentos: 
1) Na análise das circunstâncias, o magistrado aumentou a pena sob a alegação de que o réu omitiu seu nome do quadro societário da empresa com o objetivo de esconder que era ele quem realmente administrava a empresa. O STF afirmou que o ardil utilizado pelo réu (omissão do seu nome do quadro societário da empresa) teve como objetivo acobertar sua real condição de administrador da empresa investigada e, com isso, furtar-se de possível aplicação da lei penal. Essa omissão do nome do réu no quadro societário não é a mesma omissão de que trata o inciso I do art. 1º. A omissão que é elementar do tipo é a omissão para suprimir ou reduzir tributo. A omissão do nome do réu foi para evitar que ele fosse descoberto. Logo, punir a omissão do nome do réu não significa punir o condenado duas vezes pelo mesmo fato. LOGO, É LEGÍTIMO O AUMENTO DA PENA.
2) No exame das consequências do crime, o juiz também majorou a pena argumentando que o crime praticado gerou um grande prejuízo ao erário (mais de 2 milhões de reais), o que autorizaria a elevação da pena-base. Segundo entende o STF, em se tratando de infrações penais contra a ordem tributária, a extensão do dano causado pode ser invocada na 1ª fase da dosimetria como critério para exasperação da pena-base, sem que tanto implique bis in idem. LOGO, É LEGÍTIMO O AUMENTO DA PENA. STF. 2ª Turma. HC 128446/PE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 15/9/2015 (Info 799).
- Termo Inicial do prazo prescricional do art. 2º, I, da Lei nº 8.137/90.
*O termo inicial do prazo prescricional da pretensão punitiva do crime previsto no art. 2º, I, da Lei nº 8.137/90 é a data em que a fraude é praticada, e não a data em que ela é descoberta. Isso porque o referido tipo tem natureza de crime formal, instantâneo, sendo suficiente a conduta instrumental, haja vista não ser necessária a efetiva supressão ou redução do tributo para a sua consumação, bastando o emprego da fraude. Assim, o fato de a fraude ter sido empregada em momento determinado, ainda que irradie efeitos até ser descoberta, não revela conduta permanente, mas sim crime instantâneo de efeitos permanentes – os quais perduraram até a descoberta do engodo. STJ. 5ª Turma. RHC 36.024-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
- Extinção da punibilidade e pagamento integral do débito fiscal.
*Em mudança de entendimento, o STJ passou a entender que, nos crimes tributários materiais (ex: apropriação indébita previdenciária), o pagamento integral do débito tributário, ainda que feito após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, extinguirá a punibilidade do agente. STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611). 
Vamos entender o raciocínio que ocasionou a mudança de posicionamento da Corte?
Antigamente, prevalecia a tese de que o pagamento integral do débito tributário apenas extinguiria a punibilidade se fosse feito até o trânsito em julgado, porque a extinção de punibilidade se relacionava à pretensão punitiva. Logo, havendo o trânsito em julgado da sentença, iniciava-se a pretensão executória.
Contudo, o Ministro Marco Aurélio (STF), em consonância com a doutrina, entendeu que a extinção da punibilidade pode ocorrer mesmo depois do trânsito em julgado, ao fundamento de que punibilidade é gênero, que contempla as espécies pretensão punitiva e pretensão executória. Ademais, a própria lei não estabeleceu nenhum marco temporal. Hoje, esse entendimento é pacífico no STJ.
*O art. 9º da Lei n.º 10.684/2003 prevê que o pagamento integral do débito fiscal realizado pelo réu é causa de extinção de sua punibilidade. Imagine que determinado indivíduo tenha praticado estelionato contra o INSS, conhecido como estelionato previdenciário (art. 171, § 3º do CP). Antes do recebimento da denúncia, o agente paga integralmente o prejuízo sofrido pela autarquia. Isso poderá extinguir sua punibilidade, com base no art. 9º da Lei 10.684/2003? NÃO. Não extingue a punibilidade do crime de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º, do CP) a devolução à Previdência Social, antes do recebimento da denúncia, da vantagem percebida ilicitamente. O art. 9º da Lei n.º 10.684/2003 menciona os crimes aos quais são aplicadas suas regras: a) arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90; b) art. 168-A do CP (apropriação indébita previdenciária); c) Art. 337-A do CP (sonegação de contribuição previdenciária). Repare, portanto, que o estelionato previdenciário (art. 171, § 3º do CP) não está listado nessa lei. Mesmo sem o estelionato previdenciário estar previsto, não é possível aplicar essas regras por analogia em favor do réu? NÃO. O art. 9º da Lei 10.684/2003 somente abrange crimes tributários materiais, delitos que são ontologicamente distintos do estelionato previdenciário e que protegem bens jurídicos diferentes. Dessa forma, não há lacuna involuntária na lei penal a demandar analogia. O fato de o agente ter pago integralmente o prejuízo trará algum benefício penal? SIM. O agente poderá ter direito de receber o benefício do arrependimento posterior, tendo sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 16 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.380.672-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015 (Info 559).
*#OUSESABER: Em decisão exarada no ARE 999.425, com repercussão geral reconhecida, o STF reafirmou a jurisprudência no sentido de que a criminalização de sonegação fiscal (prevista na Lei n. 8.137/1990) não viola o art. 5º, inciso LXVII, da CF/88, em virtude de ostentar caráter penal e não se relacionar com a prisão civil por dívida. Conforme o Supremo, referida lei está voltada contra condutas de sonegação fiscal e fraude, realizadas mediante omissão de informações ou declaração falsa às autoridades fazendárias, praticadas no intuito de suprimir ou reduzir tributo, contribuição social e qualquer acessório. Assim, ainda que possível a extinção da punibilidade ante o pagamento do débito verificado (art. 9º da Lei n. 10.684/2003), a Lei nº 8.137/90 não disciplina uma espécie de execução fiscal "sui generis", nem uma cobrança de débito fiscal. Ela apenas prevê que a incriminação da prática de fraude em documentação tributária está sujeita à fiscalização da autoridade fazendária, sem, no entanto, estatuir ou prever a possibilidade de prisão civil em razão de débito fiscal.
2. 10 COISAS QUE VOCÊNÃO PODE ESQUECER
Por fim, vamos elencar 10 pontos sobre o tema que você não pode deixar de saber, em hipótese alguma, devido a sua grande incidência em provas. Vejamos:
1) A competência nos crimes contra a ordem tributária é determinada pelo ente tributante.
2) Súmula 122 – STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
3) Todos os crimes só podem ser praticados na forma dolosa. Os crimes previstos no art. 1º são considerados crimes materiais, exigindo o resultado de redução ou supressão de tributo. Por outro lado, os do art. 2º são considerados crimes formais. 
4) É aplicável o princípio da Consunção. 
5) A denúncia não precisa descrever de maneira minuciosa a conduta de cada acusado, mas deve apontar qual o vínculo do denunciado, não sendo suficiente a mera condição de sócio. 
6) Não cabe a decretação de medidas cautelas antes da constituição definitiva do crédito tributário. Entretanto, é possível a investigação preliminar. 
7) Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. OBS: A súmula se aplica aos fatos antes da sua vigência. 
8) Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes materiais contra a ordem tributária. STF: 20 mil reais. STJ: 10 mil reais. 
9) O parcelamento do crédito é causa de suspensão de punibilidade e do prazo prescricional. Só pode ser feito até o recebimento da denúncia[footnoteRef:10]. [10: (FAURGS – TJRS – Juiz de Direito Substituto/2016) A seguinte assertiva foi considerada errada: “No crime de sonegação fiscal, o parcelamento administrativo do débito tributário é causa de extinção da pretensão punitiva, desde que seja realizado em momento anterior ao oferecimento da denúncia.”. ] 
10) O pagamento integral ocorrido até antes do trânsito em julgado acarreta a extinção da punibilidade[footnoteRef:11]. [11: (CESPE – DPE RN – Defensor Público Substituto/2015): No que se refere à extinção de punibilidade, a seguinte assertiva foi considerada errada: “Nos crimes contra a ordem tributária, o pagamento integral do débito tributário após o trânsito em julgado da condenação é causa de extinção da punibilidade.”.] 
3. JURISPRUDÊNCIA EM TESE[footnoteRef:12] [12: EDIÇÃO N. 99: DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA,ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - II] 
1. Aplica-se o princípio da consunção ou da absorção quando o delito de falso ou de estelionato (crime-meio) é praticado única e exclusivamente com a finalidade de sonegar tributo (crime-fim). (Informativo de Jurisprudência n. 0535)
2. No contexto da chamada guerra fiscal entre os estados federados, não se pode imputar a prática de crime contra a ordem tributária ao contribuinte que não se vale de artifícios fraudulentos com o fim de reduzir ou suprimir o pagamento dos tributos e que recolhe o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS segundo o princípio da não-cumulatividade. (Repercussão Geral no STF)
3. O processo criminal não é a via adequada para a impugnação de eventuais nulidades ocorridas no procedimento administrativo-fiscal. 
4. Eventuais vícios no procedimento administrativo-fiscal, enquanto não reconhecidos na esfera cível, são irrelevantes para o processo penal em que se apura a ocorrência de crime contra a ordem tributária.
5. O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, é causa extintiva de punibilidade, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/2003.
*#OUSESABER: O pagamento do débito tributário, após o trânsito em julgado da correspondente senteça penal condenatória, é causa extintiva da punibilidade?
ITEM CORRETO, visto que o art. 9º, §2º da Lei 10.684/2003 estabelece que “extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”, não havendo marco temporal como limite para referido pagamento. Diante disso, entendeu o STJ, no Informativo 611, que o pagamento a qualquer tempo é causa extintiva da punibilidade, o que torna correta a assertiva: 1. Com o advento da Lei 10.684/2003, no exercício da sua função constitucional e de acordo com a política criminal adotada, o legislador ordinário optou por retirar do ordenamento jurídico o marco temporal previsto para o adimplemento do débito tributário redundar na extinção da punibilidade do agente sonegador, nos termos do seu artigo 9º, § 2º, sendo vedado ao Poder Judiciário estabelecer tal limite. 2. Não há como se interpretar o referido dispositivo legal de outro modo, senão considerando que o pagamento do tributo, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado. 3. Como o édito condenatório foi alcançado pelo trânsito em julgado sem qualquer mácula, os efeitos do reconhecimento da extinção da punibilidade por causa que é superveniente ao aludido marco devem ser equiparados aos da prescrição da pretensão executória. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para declarar extinta a punibilidade do paciente, com fundamento no artigo 9º, § 2º, da Lei 10.684/2003. (HC 362.478/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2017, DJe 20/09/2017)
6. A garantia aceita na execução fiscal não possui natureza jurídica de pagamento da exação, razão pela qual não fulmina a justa causa para a persecução penal.
7. A consumação do crime previsto no parágrafo único do art. 1º da Lei n. 8.137/1990 ocorre com a simples inobservância à exigência da autoridade fiscal.
8. A malversação dos recursos administrados pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM se amolda ao tipo penal previsto no art. 2º, IV, da Lei n.º 8.137/90 e não ao do art. 171, § 3º, do Código Penal.
4. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVOS
	Lei 8.137/1990
	Integralmente
5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula.
BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2011. MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. 1. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
Informativos do site Dizer o Direito, Márcio André.

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