Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hilário Oliveira - T29 @hilarioof 1 METABOLISMO DA BILIRRUBINA DE MANEIRA INTRODUTÓRIA: A bilirrubina provém do grupamento heme da hemoglobina e da mioglobina (em menor parte); Entende-se que a bilirrubina é sintetizada para que se possa excretar os grupamentos heme que não podem ser reaproveitados é necessário então que se faça um produto hidrossolúvel que possa ser excretado principalmente pelo TGI (pela bile); FASES DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA: A 1ª fase tem a ver com a síntese da bilirrubina (Bb) e o seu transporte até o fígado; No fígado se inicia a fase hepática e lá ocorre a transformação da bilirrubina em um produto mais solúvel, logo: Ocorre a captação hepática da Bb conjugação hepática da Bb excreção hepática da Bb; Após cair no intestino, inicia-se a fase intestinal, caracterizada por uma ação das bactérias intestinais; Na fase intestinal ocorre: desconjugação da bilirrubina eliminação intestinal da bilirrubina eliminação renal da bilirrubina; SÍNTESE DE BILIRRUBINA: São sintetizadas cerca de 250 mg de Bb ao dia, onde de maneira majoritária, 85% dessa bilirrubina produzida vem do metabolismo da hemoglobina e 15% vem da mioglobina (fígado) e eritrócitos imaturos; Os eritrócitos têm uma vida máxima de cerca de 120 dias e após esse período, são capturados pelo sistema retículo endotelial (sistema macrofágico – presente no baço e no fígado por ex.) e são destruídas ainda assim, se sabe que existe uma grande reciclagem de conteúdo. Sabendo desse aproveitamento, entende-se também que o grupamento heme (que é a protorfirina), cofator da hemoglobina que ajuda a transportar o O2, não pode ser reaproveitado logo, na reciclagem, a hemoglobina é quebrada, dividindo sua parte heme da parte globina (proteína aminoácidos). Assim, com a sobra do grupo heme, faz-se necessária à sua excreção; o óbice é que este é um grupo extremamente apolar, ou seja, insolúvel então, esse núcleo porfirínico deve ser metabolizado de maneira que seja obtido um metabólito de possível excreção. METABOLIZAÇÃO DO GRUPAMENTO HEME: O grupamento heme (onde estão inclusas a protorfirina + ferro) deve ser metabolizado. O primeiro passo se dá pela enzima HEMEOXIGENASE, que por um processo de descarboxilação, quebra e redução, quebra o núcleo porfirínico e reaproveita o ferro que será levado pela ferritina para utilização na medula no processo de eritropoiese ou será armazenado no fígado. O primeiro passo de clivagem do grupamento heme dá origem a BILIVERDINA (VERDE), pela quebra do grupo heme na ação da hemeoxigenase. Com a síntese da biliverdina, tem-se uma ação de redução desse composto, na tentativa de transforma- la em um composto mais solúvel, redução essa, realizada pela enzima BILIVERDINA REDUTASE e originando a BILIRRUBINA (AMARELA). Obs. Em um hematoma: inicialmente temos um machucado vermelho, que se converte em roxo (hemoglobina desoxigenada), e nesse momento ocorre a presença de células macrofágicas que irão limpar o local, causando hematoma esverdeado (formada a biliverdina) hematoma amarelo (formada a bilirrubina). A bilirrubina embora fruto metabólico, ainda é insolúvel e tóxica, podendo se precipitar nos tecidos; Essa bilirrubina insolúvel, também chamada de não conjugada ainda dever sofrer algum tipo de metabolização que a transforme em solúvel (bilirrubina conjugada) e isso irá ocorrer no fígado; O transporte da bilirrubina de qualquer local que esteja sendo produzida será feio pela ALBUMINA por ligação. FASE HEPÁTICA: A fase hepática é compreendida na captação da bilirrubina não conjugada que chega ao fígado, nos sinusóides hepáticos (especificamente no polo sinusoidal) transportada pela albumina; Apo sua chegada a bilirrubina desacopla-se da albumina e adentra os hepatócitos, sendo transportada por proteínas carreadoras (LIGANDINA ou proteína Y) a ligandina leva a bilirrubina ao sistema microssomal para que a mesma seja transformada. (Conjugação hepática). A conjugação consiste na integração de açúcares na cadeia da bilirrubina, afim de aumentar a sua Hilário Oliveira - T29 @hilarioof 2 solubilidade substâncias polares que irão dar mais polaridade a molécula. Nessa etapa, ocorre majoritariamente a integração de ÁCIDO GLICURÔNICO (uma glicose ácida) e com menor intensidade a ligação com outras moléculas, como o sulfato. A bilirrubina é transformada em DIGLICURONATO DE BILIRRUBINA por uma enzima chamada de URIDINA DIFOSFATO-GLICURONIL TRANSFERASE ou UDP-GT a bilirrubina então transforma-se em um composto polar e hidrossolúvel de possível excreção na bile, pelos canalículos biliares (bilirrubina conjugada ou direta). Essa bilirrubina então vai até a vesícula biliar e aguarda o período digestivo propício para ser excretada no TGI, duodeno... FASE INTESTINAL: Ao chegar no intestino, a bilirrubina sofre a ação de bactérias intestinais, que vão manipular a mesma; A principal ação das bactérias (bactérias do íleo intestinal principalmente) é a desconjugação da bilirrubina (direta) por meio da enzima BETA- GLICURONIDASE volta a ser uma bilirrubina não conjugada (indireta); Então, a bilirrubina agora não conjugada irá continuar a receber a ação bacteriana, se reduzindo e transformando em UROBILINOGÊNIO ainda atacada pelas bactérias, o urobilinogênio será oxidado, dando origem a UROBILINA e a ESTERCOBILINA. A estercobilina tem uma concentração de 246 mg ao dia e a urobilina de maneira bem reduzida tem uma concentração de 4 mg ao dia. A estercobilina (eliminada nas fezes) será a responsável pela coloração marrom característica das fezes e a urobilina (eliminada na urina), pela coloração amarelada da urina. De 100% do urobilinogênio produzido pelas bactérias, 80% será oxidado em estercobilina e liberada nas fezes e 2% em urobilina, liberada na urina; os 18% restantes serão direcionados para a circulação hepática, que excretará o mesmo novamente na bile. Faz-se importante o entendimento das quantidades de degradação intestinal, pois diferentes frações de bilirrubina conjugada ou não, urobilinogênio... irão influenciar no tipo de patologia apresentada (principalmente ao que se trata de icterícias). ICTERÍCIAS: A icterícia é classificada como uma HIPERBILIRRUBINEMIA, ou seja, um aumento dos níveis de bilirrubina no sangue. A icterícia em si não é uma patologia, mas sim um sintoma de um distúrbio ou patologia que acomete alguma fase do metabolismo de bilirrubina, causando assim o aumento de alguma bilirrubina ou ambas (direta ou indireta) esses fatores levam a deposição da bilirrubina em tecidos, como pele, leito ungueal e esclera; -Normalmente, a população normal deve ter até 1,0 mg% de Bb -Pessoas com hiperbilirrubinemia tem a Bb acima de1,0 mg% -Pessoas com icterícia te a Bb acima de 3,0 mg% Obs. É importante ao diagnosticar o paciente, que se tenha o diagnóstico diferencial da hipercarotenemia (dieta rica em cenoura e tomate) nesse, o indivíduo tem as palmas da mão e plantas do pé amareladas, porém isso é normal, pois as mucosas estarão normais. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE BILIRRUBINA: O problema com a bilirrubina é esclarecido através de sua dosagem, que irá dizer a quantidade da mesma e identificar que frações estão alteradas (a direta ou a indireta) identificada a fração, pode ser identificada a causa primária da icterícia. REAÇÃO DE VAN DENBERGH: Utilizada para se obter a quantidade de cada fração da bilirrubina que está alterada. A reação acontece preferencialmente em meio aquoso e com a utilização de ácido sulfanílico o ácido reage com a bilirrubina transformando-a em um produto vermelho denominado azodipirol. O problema é que o sangue circula com as duas frações de bilirrubina, então faz-se necessário duas maneiras de identificação para separar a direta da indireta. A fração indireta é bem mais abundante que a fração indireta. Como a bilirrubina não conjugada é insolúvel, dificilmente ela poderá ter sua dosagem identificada em ambiente aquoso então faz-se da seguinte maneira: Hilário Oliveira - T29 @hilarioof 3 1-Primeiro faz-se a reação no meio aquoso com o ácido sulfanílico e nesse meio, só estará solubilizada a bilirrubina direta, sendo assim a única capaz de reagir e consegue-se a concentração de bilirrubina conjugada (direta). 2-Para que se consiga a concentração da bilirrubina não conjugada (indireta) outra parte do plasma do paciente será retirado e dissolvido em metanol assim, ambas as frações ficarão solúveis e irão reagir com o ácido obtém-se assim a fração total de bilirrubina para se ter a fração de bilirrubina indireta, basta que essa porção total do segundo exame seja subtraída da primeira porção do primeiro exame. CLASSIFICAÇÃO DA ICTERÍCIA: As icterícias podem ser classificadas como: 1-Clínica ou não cirúrgica quando há o predomínio da bilirrubina não conjugada ou indireta. 2-Obstrutiva ou cirúrgica quando há o predomínio da bilirrubina conjugada ou direta. BILIRRUBINA PRÉ-HEPÁTICA: Ocorre o aumento da produção de bilirrubina não conjugada, isso ocorre quando o fígado não suporta a quantidade de bilirrubina que chega ao mesmo; Está relacionada a icterícia hemolítica; Isso ocorre pois o fígado conjuga a bilirrubina em certa velocidade e quando a mesma chega o fígado de maneira que ele não pode suportar, parte dessa bilirrubina vaza para o sangue sem ser metabolizada isso leva a icterícia. BILIRRUBINA HEPÁTICA INDIRETA: Na icterícia indireta, o problema vem dos hepatócitos, em sua parte que capta, transporta ou conjuga (especialmente na parte de conjugação); Icterícia do recém-nascido é um exemplo de problema de conjugação que ocorre por baixa quantidade de enzimas que façam essa conjugação (bilirrubina-gluconil-transferase). A bilirrubina não conjugada que extravasa no sangue é toxica e precipita em sistema nervoso tratam-se esses bebês com luz azul, que irá converter a bilirrubina em isômeros mais polares e solúveis em água. ICTERÍCIA HEPÁTICA DIRETA: Lesões hepato-celulares que ocorrem por cirrose ou hepatite são um exemplo; Nessa, o hepatócito está ‘’doente’’ e não consegue conjugar a bilirrubina corretamente, além disso, uma lesão no canalículo pode prejudicar a excreção da mesma. Um exemplo desta é a hepatite, em que ocorre os dois problemas, a excreta está danificada e o hepatócito está ‘’doente’’. A fração mais aumentada é a conjugada, porém, também ocorre o aumento da não conjugada pelo fato da bilirrubina previamente conjugada não sair, impedindo a conjugação da próxima. Como ocorre: A bilirrubina que passa pro intestino é transformada em urobilinogênio estercobilina e urobilina; Porém: o urobilinogênio, 80% seria transformado em estercobilina e 20% ia pra circulação enterapática, mas essa circulação está diminuída porque temos uma lesão no fígado, então esse urobilinogênio normalmente extravasa, indo para o sangue e sendo eliminado pela urina logo, na icterícia hepatocelular tem a diminuição da secreção total de bilirrubina fazendo com que as fezes produzam menos estercobilina então as fezes ficam claras e como a circulação está prejudicada o urobilinogênio que sai do intestino e chega no fígado não consegue ser absorvido e fica circulando no sangue acaba sendo eliminado na urina em grandes quantidades fazendo com que a urina fique escura. ICTERÍCIA PÓS-HEPÁTICA: Essa ocorre pelo extravasamento da bilirrubina conjugada por não poder ser excretada pela bile. Normalmente se associa com a pedra na vesícula (litíase). Com esse comprometimento, a bilirrubina não pode ser excretada mesmo com os hepatócitos saudáveis, logo, não entra no TGI, não forma urobilinogênio ou estercobilina, causando a acolia fetal (coloração branca das fezes).
Compartilhar