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Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período APG 22 – O CÉU FENDIDO 1) ENTENDER A EMBRIOGÊNESE DA CAVIDADE ORAL (PALATO E LÁBIO) DESENVOLVIMENTO DA FACE Os primórdios da face começam a aparecer no início da quarta semana, em torno do grande estomodeu (boca primitiva). O desenvolvimento da face depende da influência indutora dos centros organizadores do prosencéfalo e do rombencéfalo (sistema nervoso). Os cinco primórdios da face aparecem como proeminências em torno do estomodeu: Uma proeminência - superior ao estomodeu - frontonasal (narinas e fronte=testa); O par - lateral ao estomodeu - de proeminências maxilares (maxila = musculatura, ossos, arcada dentária superior); O par - caudal ao estomodeu - de proeminências mandibulares (mandíbula = musculatura, ossos, arcada dentaria inferior); Os pares de proeminências da face derivam do PRIMEIRO PAR DE ARCOS FARÍNGEOS. A mandíbula e o lábio inferior são as primeiras partes da face a se formarem. Eles resultam da proliferação e fusão das extremidades mediais das proeminências mandibulares no plano mediano. Na proeminência frontonasal terá espessamentos bilaterais do ectoderma superficial, os PLACÓIDES NASAIS. Após esse espessamento os placóides nasais ficam situados no fundo de depressões, assim, sofrerão apoptose na região central, formando as fossetas nasais. Essas fossetas fazem com que o placóide fique mais espesso, chamando agora de PROEMINÊNCIAS NASAIS MEDIAIS E LATERAIS, que são os primórdios da formação do nariz. Enquanto essas proeminências estão se formando, está ocorrendo a proliferação do mesênquima das proeminências maxilares, que faz com que estas aumentem de tamanho e cresçam medialmente, uma em direção a outra, e em direção às proeminências nasais mediais, ocorrendo fusão das duas e formando o SEGMENTO INTERMAXILAR. O segmento intermaxilar dá origem: - À parte central do lábio superior; - À parte pré-maxilar da maxila e a gengiva associada; - Ao palato primário. Cada proeminência nasal lateral é separada da proeminência maxilar por uma fenda denominada de sulco nasolacrimal. As partes laterais do lábio superior, a maior parte da maxila e o palato secundário se formam a partir das proeminências maxilares. Estas proeminências se fundem lateralmente com as proeminências mandibulares. O desenvolvimento facial necessita de todos os seguintes componentes: • A proeminência frontonsal forma a testa, dorso e o ápice do nariz. • As proeminências nasais laterais formam as asas (lados) do nariz. • As proeminências nasais mediais formam o septo nasal, o osso etmoide e a placa cribriforme (aberturas para a passagem dos nervos olfatórios). • As proeminências maxilares formam as regiões das bochechas superiores e o lábio superior. • As proeminências mandibulares formam o queixo, o lábio inferior e as regiões das bochechas. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período DESENVOLVIMENTO DO PALATO O palato desenvolve-se a partir de dois primórdios, o palato primário e o palato secundário na 6ª semana, e se completa na 12ª semana. Existem dois genes importantes que participam desse desenvolvimento do palato: o WNT e o PRICKLE1. O desenvolvimento se inicia com o palato primário e na sequência ele conclui o fechamento do palato que é importante da separação da cavidade oral e nasal com a fusão das lâminas palatinas laterais, concluindo o desenvolvimento o palato secundário. Anteriormente tem-se o palato primário, que tem uma origem embrionária diferente do palato secundário. E na sequência o palato secundário se funde, e esse ponto de intersecção entre essas duas estruturas é o FORAME INCISIVO = marco embrionário que divide o que está anterior (palato primário) e posterior (palato secundário). PALATO PRIMÁRIO No início da sexta semana, o palato primário começa a se desenvolver, e a sua origem é da fusão das proeminências nasais mediais (segmento intermaxilar). O desenvolvimento do mesênquima do palato primário vai se dar na parte interna das proeminências maxilares. O palato primário também é chamado de pré- -maxila, já que está anterior ao forame incisivo, e representa apenas uma pequena parte do palato duro no adulto. PALATO SECUNDÁRIO O palato secundário (palato definitivo) é o primórdio das partes duras e moles do palato. Ele origina-se a partir da ruptura da membrana oro-nasal, membrana que separa a cavidade oral da cavidade nasal, e com o passar das semanas, essa membrana precisa se romper para permitir o espaço para o desenvolvimento e crescimento dos processos palatinos laterais, que são originados da proeminência maxilar. A ruptura da membrana oro-nasal, é um marco importante, e quando não ocorre tem-se um erro no desenvolvimento do palato. A formação do palato secundário ocorre entre a sétima e a oitava semana de gestação, decorrente de uma fusão medial dos processos palatinos. As cristas palatinas, a princípio, estão voltadas para baixo, a cada lado da língua. Com o contínuo crescimento, após a sétima semana, ocorre um rebaixamento aparente da língua, possibilitando que as cristas palatinas sejam elevadas, fundindo-se entre si e com o palato primário. Então, inicialmente, as cavidades oral e nasal são separadas pela membrana oro-nasal, depois são conectadas para permitir o espaço para o crescimento dos processos palatinos laterais, que vão se fundir na linha mediana formando o palato secundário. A formação do palato, então, será devido à fusão dos processos palatinos laterais (secundário), que derivaram das proeminências maxilares, com o processo palatino mediano (primário) que derivou do segmento intermaxilar. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período PALATO DEFINITIVO: DURO (ANTERIOR AO FORAME INCISIVO = PALATO PRIMÁRIO) E MOLE (POSTERIOR AO FORAME INCISIVO = PALATO SECUNDÁRIO = UMA PORÇÃO É OSSO, QUE FINALIZA O PALATO DURO E A PARTE MAIS POSTERIOR, JÁ NA FARINGE, O PALATO MOLE). 2) EXPLICAR A INFLUÊNCIA DOS FATORES GENÉTICOS E AMBIENTAIS NO DESENVOLVIMENTO DA FENDA PALATINA E LABIAL Fendas orais são divididas em 2 grupos: Sindrômica Não sindrômica Nos casos sindrômicos, as síndromes são responsáveis por aproximadamente 30% dos casos de fissura labial e 50% dos casos de fenda palatina. Variantes em um único gene ou deleção ou duplicação de uma região genômica podem ser associadas à fissura sindrômica. Embora a fenda oral seja observada em mais de 100 síndromes, 6 merecem ser citados devido à sua frequência, apresentações variáveis e modos de herança: Síndrome de Van der Woude, Síndrome de Stickler, Deleção do cromossomo 22q11, Síndrome oral-facial-digital tipo I, Síndrome de Treacher Collins e Síndrome SATB2 Nos casos não sindrômicos, a fenda é um evento geneticamente complexo com interações gene- gene e gene-ambiente. Genética: O processo de desenvolvimento da face média envolve genes que controlam o padrão celular, a proliferação celular, a comunicação extracelular e a diferenciação. Variantes gênicas em qualquer um desses processos de desenvolvimento cruciais para o desenvolvimento da face média foram associadas ao desenvolvimento de fissuras. Variantes em genes associados a fissuras sindrômicas são encontradas em aproximadamente 10 por cento dos indivíduos com fendas orais aparentemente não sindrômicas, sugerindo sobreposição genética entre etiologias não sindrômicas e sindrômicas. Fatores ambientais: É possível que a ex- posição a teratógenos contribua para a fissura em um feto geneticamente em risco: tabagismo, drogas, deficiência de folato, obesidade materna e sequência de banda amniótica - Normalmente, a sequência de banda amniótica descreve uma variedade de defeitos congênitos frequentemente exemplificados poramputações de extremidades e anéis de constrição. A fenda oral é a malformação craniofacial mais comum no recém-nascido. Os três principais tipos de fenda oral são fissura labial isolada, fissura labial com fenda palatina e fenda palatina apenas. Fissura labial com ou sem fenda palatina e fenda palatina sozinha diferem em relação à embriologia, etiologia, genes candidatos, anormalidades associadas e risco de recorrência. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período Fissura labial: Normalmente, o fechamento completo do lábio é realizado 35 dias após a concepção, conforme os processos nasais laterais, nasal mediano e mesodérmico maxilar se fundem. A falha de fechamento de qualquer um dos três locais normais de fusão pode produzir fenda labial unilateral (mais comum), bilateral (menos comum) ou mediana (rara). As fendas labiais resultam da NÃO fusão das proeminências maxilares com as proeminências nasais mediais. Fenda palatina: ocorre quando a fusão da linha média do palato não ocorre. Há comunicação da boca com a cavidade nasal, assim, o alimento cai na no sistema respiratório, resultando em infecções respiratórias.Anormalidades na morte celular programada podem contribuir para a falta de fusão palatina, embora esse mecanismo continue sendo debatido. A fenda palatina pode ocorrer com fissura labial ou sozinha, o último é possível porque o fechamento do palato não é concluído até 56 a 58 dias após a concepção, bem após o fechamento do lábio, e porque a etiologia pode ser diferente. O uso materno pré-natal de tabaco e álcool pode aumentar o risco. Ter uma criança afetada aumento o risco de ter um segundo filho afetado. O uso de ácido fólico, antes da gestação e durante o 1º trimestre, diminui o risco. 3) DISCUTIR OS FATORES PSICOSSOCIAIS EM INDIVÍDUOS COM FENDA PALATINA E LABIAL Os indivíduos com fissura labiopalatina apresentam uma significativa fragilidade psicoemocional, tais como depressão, ansiedade, frustação e isolamento social que deve ser incluída no seu tratamento. Além da assistência médica, fonoaudiológica, apoio psicológico ao longo do crescimento, desenvolvimento e reabilitação, a harmonização da face pode ser feita e o uso de preenchimento com ácido hialurônico para assimetria dos lábios do indivíduo com a fissura em conjunto pode melhor a autoestima afetada dos pacientes com a fissura labiopalatina. REFERÊNCIAS MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 10.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. KATCHBURIAN, E.; ARANA, V. Histologia e embriologia oral: texto, atlas, correlações clínicas. 4. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. SILVA, Nathalye Suyanne. Autoestima de pessoas portadoras da fissura labiopalatina: uma revisão narrativa. 2021. Tipos de fenda labial e palatina: A, Lábio e palato normais. B, Úvula fendida. C, Fenda unilateral do palato secundário (posterior). D, Fenda bilateral da parte posterior do palato. E, Fenda unilateral completa do lábio e do processo alveolar da maxila com uma fenda unilateral do palato primário (anterior). F, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares das maxilas com fenda bilateral da parte anterior do palato. G, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares dos maxilares com fenda bilateral da parte anterior do palato e fenda unilateral da parte posterior do palato. H, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares das maxilas com fenda bilateral completa do palato anterior e posterior.
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