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A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS ESCOLAS

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A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS ESCOLAS
RESUMO: o presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo dissertar sobre inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista no ambiente escolar. Visto que o autista tem suas próprias formas de se relacionar e aprender, surgem então dúvidas e dificuldades em atender as suas necessidades. A metodologia utilizada foi de caráter qualitativo, tendo como base uma pesquisa bibliográfica sobre o tema proposto, visando entender melhor o assunto Inclusão do Autista nas Escolas. O desenvolvimento do artigo está relacionado à hipótese de que um plano pedagógico elaborado com materiais adequados e um olhar atendo do professor que trabalha com esta criança pode tornar a educação enriquecida para um melhor atendimento ao aluno autista.
Palavras-chave: escola; inclusão; autismo.
INTRODUÇÃO
O primeiro paço para se trabalhar adequadamente a inclusão é conceituar alteridade. Segundo o dicionário Houaiss alteridade é “natureza ou condição do que é outro, do que é distinto”. De maneira mais clara a antropologia define a alteridade como “a aventura de se colocar no lugar do outro, de ver como o outro vê, de compreender um conhecimento que não é nosso” (GUSMÃO, 1997, p. 01).
A alteridade facilita as relações humanas, pois a experiência possibilita compreender o outro. Este ponto é fundamental para a educação pois
(...) contribui para o professor perceber o diferencial de cada indivíduo, tornando-se flexível, respeitando as variações do grupo. É papel dela também a igualdade no olhar para com o outro, pois a alteridade consiste em aceitar o ser como ele é em suas ações pessoais sem demarcação de certo ou errado. (BRANDÃO, 2008, p. 17).
	Mantoan (2005) destaca a importância de compreender a diversidade humana para que se possa entender como a pessoa aprende e compreende, tanto o mundo, como a si mesmo. 
	Tal postura é necessária para que alunos com necessidades especiais possam realmente ser atendidos em suas necessidades e efetivamente incluídos nas escolas. Sendo a escola um espaço de conhecimento, comunicação, aprendizagem e interação social. Dessa forma se faz necessário proporcionar práticas pedagógicas que contribuam para desenvolvimento do aluno Autista.
A inclusão é uma realidade já presente e que tende a se expandir, embora haja a resistência de muitos professores que alegam falta de preparo e apoio para atender alunos com necessidades especiais, salas de aula superlotadas, falta de investimentos e recursos. 
Todas estas questões são válidas, então o presente artigo foi escrito buscando responder as seguintes questões: há um ambiente educacional preparado para que a inclusão aconteça de forma satisfatória? E que práticas e materiais o professor pode usar para desenvolver as potencialidades de um aluno autista?
Para que se inicie tal conversação é importante salientar que o aluno autista, assim como de qualquer criança, possui potencialidades e suas possibilidades de desenvolvimento não estão predeterminadas, são criadas e recriadas nas situações concretas em que se manifestam de alguma forma, nos processos interativos.
1.1 Autismo
O termo autismo foi introduzido inicialmente por Eugen Bleuer, em 1911, para designar pessoas que tinham grande dificuldade para interagir com outros, tendendo a se isolar e fugir da realidade. “Para os doentes o mundo autístico é tão verdadeiro como o mundo real ainda que por vezes uma outra realidade.” (EUGEN BLEULER, 1911, p. s/n).
Somente em 1943, com os estudos de Leo Kanner, o autismo foi descrito de forma sistematizada, pois, até então, a maioria dos pesquisadores tinha dificuldade em diferenciar autismo de esquizofrenia infantil. Em suas pesquisas, Kanner (1943, p. 244, in: Baptista e Bossa, 2002, p.23-24) observou o comportamento de 11 crianças a que atendia e constatou que, nessas crianças, a inabilidade no relacionamento interpessoal era o que se diferenciava em relação a outras síndromes como, por exemplo, a esquizofrenia. “[...] o distúrbio fundamental mais surpreendente, “patognomônico”, é a incapacidade dessas crianças de estabelecer relações de maneira normal com as pessoas e situações desde o princípio de suas vidas”. (KANNER, apud BOSSA, 2002 p. 23).
Não existem causas específicas para o autismo, que é interpretado de acordo com os diferentes campos d/e investigação, com diagnóstico feito por especialistas, baseados em manuais, como o DSM-V (Manual de diagnóstico e estatístico das perturbações mentais) e pela classificação no Código Internacional de Doenças (CID).
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) é possível estimar que haja 70 milhões de autistas no mundo e cerca de dois milhões no Brasil, sendo mais comum no sexo masculino, na proporção de quatro meninos para cada menina. Em 2007, a ONU determinou o dia dois de abril como o dia mundial de conscientização do autismo, pedindo mais atenção da sociedade ao transtorno do espectro autista (TEA).
Ele pode ser definido como alterações comportamentais presentes desde idades muito precoces, sendo, geralmente, diagnosticado antes dos três anos de idade e afetando importantes áreas do desenvolvimento humano, tais como a comunicação, a socialização e o comportamento. 
Podendo haver distinções entre, números, gravidade, a combinação e interação de problemas que resultam em deficiências funcionais significativas tais como falta de conceito de sentido, foco excessivo em detalhes, pensamento concreto, dificuldade de combinar ou integrar ideias, dificuldade em organizar e generalizar, forte impulsividade, ansiedade excessiva e anormalidade sensório-perceptual. 
Segundo os critérios do DSM-IV-TR, para que a criança seja diagnosticada com transtorno autista, ela deve apresentar pelo menos seis da lista de doze sintomas apresentados na Tabela 1, sendo que pelo menos dois dos sintomas devem ser na área de interação social, pelo menos um na área de comunicação, e pelo menos um na área de comportamentos restritos, repetitivos e estereotipados. 
Comprometimento qualitativo da interação social: (a) Comprometimento acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social; (b) Fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento (i.e., à sua faixa etária); (c) Ausência de tentativas espontâneas de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (ex., não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse); Ausência de reciprocidade social ou emocional. 
Comprometimento qualitativo da comunicação: (a) Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar por meio de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica); (b) Em indivíduos com fala adequada, acentuado comprometimento da capacidade de iniciar ou manter uma conversa; (c) Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática; (d) Ausência de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos próprios do nível de desenvolvimento (i.e., da sua faixa etária). 
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades: (a) Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco; (b) Adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais; (c) Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (ex., agitar ou torcer mãos e dedos ou movimentos complexos de todo o corpo); (d) Preocupação persistente com partes de objetos. 
Além disso, a criança deve também ter começado a exibir atrasos (ou funcionamento atípico), até a idade de três anos, em, pelo menos, uma das seguintes áreas: (1) interação social, (2) linguagem para fins de comunicação social ou (3) brincadeiras ou jogos simbólicos ou imaginários. 
As características, apresentadas, são muito importantes para médicos, pais e educadores diagnosticarem o autismo. O diagnóstico do autismo é clinicoe feito através de observação direta do comportamento e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. 
1.2 Inclusão Escolar 
A inclusão é um tema que tem gerado muitos debates e questionamentos, tanto nos segmentos educacionais quanto nos sociais. Percebe-se que ela ainda está em construção, pois na prática existem muitos obstáculos e dificuldades, estes se manifestam em forma de preconceito, medo, dúvida e insegurança. A inclusão pode ser definida: 
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. (MANTOAN, 2005, p. s/n).
Várias são as políticas que garantem o acesso e permanência do aluno com necessidade especial à educação, como, por exemplo, a Lei nº 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que no seu artigo nº 58, define: como “[...] a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90, é obrigação do Estado ‘garantir atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino’. 
Outros marcos foram a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social. Define também, que é crime recusar, suspender ou cancelar a matrícula de um aluno por causa da deficiência, seja em qualquer curso ou nível de ensino público ou privado.
Realizou-se, em Jomtien, na Tailândia, em 1990 a Conferência Mundial sobre Educação para Todos. Participaram do evento: governo, agências internacionais, organismos não governamentais, associações, profissionais e personalidades de destaque no cenário educacional de todo o mundo.
Na Espanha, em 1994, realizou-se a Conferência Mundial sobre os princípios e práticas na área das Necessidades Educacionais Especiais, ou seja, a “Declaração de Salamanca”. O evento reuniu representantes de noventa e dois governos, vinte e cinco organizações internacionais com o objetivo de reafirmar o compromisso da Educação para Todos, de modo particular a inclusão das crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino.
Em 2001, o decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001, na Convenção de Guatemala, reforça as normas contidas na LDB. Logo, o acesso ao Ensino Fundamental é um direito humano, e privar as pessoas em idade escolar, mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais, fere a convenção e a Constituição. Em síntese, o decreto reafirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas.
Em 2002, foram promulgadas as Leis nº 10.048 e nº 10.098. A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A segunda estabelece as normas sobre acessibilidade física e define como barreira os obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo o que impede a expressão ou recebimento de mensagens através dos meios de comunicação.
De acordo com os marcos políticos legais da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, 
a concepção de educação inclusiva que orienta as políticas educacionais e os atuais marcos normativos e legais rompe com uma trajetória de exclusão e segregação das pessoas com deficiência, alterando as práticas educacionais para garantir a igualdade de acesso e permanência na escola, por meio da matrícula dos alunos público alvo da educação especial nas classes comuns de ensino regular e da disponibilização do atendimento educacional especializado (BRASIL, 2010, p. 8).
Considerando o que nos dizem tais leis as práticas educacionais garantem o acesso e permanência das pessoas com deficiência nas escolas, sendo assim toda a forma de exclusão e segregação enfrentada durante muito tempo banida, principalmente nas escolas e para isso é necessário que a escola ofereça o atendimento educacional especializado.
No caso aluno autista, assim como outras crianças com necessidades especiais, existem instrumentos legais que garantir sua inclusão, mas só a lei não é suficiente. É imprescindível para a inclusão do autista que o professor adquira um método, uma maneira de comunicar-se com essa criança ou jovem, o vínculo afetivo e a motivação são muito importantes para uma inclusão com qualidade, o professor deve manter sempre contato visual com o aluno, instigar a comunicação, propor atividades que envolvam toda a turma utilizando sempre uma linguagem simples, aberta e fundamentada. 
A lei garante também a possibilidade de haver a presença de um monitor ou acompanhante para servir de apoio a esse professor, pensando que esse aluno não é o único em sala de aula, existem outros que também precisam constantemente de auxilio. Recursos como materiais especiais devem ser utilizados e disponibilizados pela escola para melhor trabalhar com a deficiência
A inclusão é um processo contínuo e para que realmente aconteça é fundamental a participação, o empenho e a parceria de todos os profissionais da escola, além da família e comunidade. Tendo como sustentação um Projeto Político Pedagógico de inclusão, promovendo o seu acesso e a sua permanência, de forma que todos se sintam acolhidos e ocupem um lugar na sociedade. 
Tal ideia está presente na fala de Chiote (2013)
 
Incluir a criança com Autismo vai além de colocá-la em uma escola regular, em uma sala regular; é preciso proporcionar a esta criança aprendizagens significativas, investindo em suas potencialidades, constituindo, assim, o sujeito como um ser que aprende, pensa, sente, participa de um grupo social e se desenvolve com ele e a partir dele, com toda singularidade. (CHIOTE, 2013, p. 21)
Embora não seja um processo fácil ou simples, a inclusão, na escola, possibilita à criança autista o encontro com outras crianças, que muitas vezes não acontece em outros espaços pelos quais circula, que frequentemente priorizam um atendimento individual. O espaço escolar possibilita a vivência e as experiências, a partir da relação com outras crianças.
1.3 Autismo e práticas pedagógicas
Crianças com autismo possuem maiores dificuldades na comunicação, atenção, socialização, mudanças de rotinas, entre outros, portanto é fundamental que o professor, primeiramente conheça seu aluno. O professor precisa descobrir quais são suas limitações, carências e habilidades. A partir daí traçar estratégias de ensino, adaptando-as de acordo com as suas necessidades, fazendo com que as tarefas do dia-a-dia sejam pensadas individualmente e, consequentemente, alcançando um retorno positivo e eficaz.
É possível concordar com autores como Becker (2001), Amaral (1998) e Marques (2000), que têm demonstrado a importância de considerar as concepções do professor como elemento constitutivo da prática pedagógica. Ele deve observar as necessidades que o cotidiano coloca e as condições reais que delimitam sua prática para não correr o risco de se ter uma visão limitada da ação docente.
O professor recebe alunos com deficiências, inclusive o autismo e, mesmo quando suas práticas pedagógicas têm pressupostos de integração e de inclusão, elas vêm acompanhadas de concepções excludentes e segregacionistas. Então é fundamental que o professor se conheça e perceba se suas práticas visam privilegiar a homogeneidade ou a diversidade. Daí deve pensar em atitudes cotidianas que podem auxiliar o aprendizado do aluno autista, tais como manter o contato visual, chamá-lo pelo nome, identificar-se, nomear objetos, ajudá-lo a compreender sentimentos, desejos e necessidades. Pequenas atitudes diárias podem fazer toda a diferença.
A fala do educador deve ser lenta, objetiva,e com instruções simples, utilizando frases curtas e diretas, permitindo a compreensão da atividade que se quer desenvolver. Realizando uma tarefa de cada vez, anteriormente deve-se mostrar visualmente ao aluno o que será feito, integrando ao dia-a-dia da escola uma rotina a ser seguida. 
Uma característica importante do aluno autista é sua necessidade de ter segurança na rotina diária. É possível auxiliar nessa necessidade montando uma rotina semanal, utilizando fichas ou cartazes. Podendo utilizar o sistema baseado em figuras ou fotos selecionadas de acordo com as necessidades individuais. Com o tempo o aluno, normalmente, é capaz de estabelecer uma associação entre a atividade e o símbolo, o que vai facilitar tanto a comunicação quanto à compreensão. 
Imagens e cores podem também ser usadas para criar calendários pitorescos ou visuais, a fim de ajudar a criança a entender em quais dias ela terá aulas, em quais não, e a marcar eventos ou atividades específicas que serão realizadas. Como por exemplo, nos dias em que a criança tem aula, uma pequena imagem ou fotografia da escola pode ser colocada no calendário, em dias em que não há aula, pode-se usar uma imagem da residência, se a criança tem uma atividade como futebol, a imagem de uma pequena bola de futebol pode ser desenhada e assim por diante.
Outra estratégia que pode ser utilizada é a confecção de um dado de brincadeiras. Ele vai servir como incentivo à integração e socialização em uma brincadeira descontraída, em cada lado do dado escreva uma ação, como: pular, correr, dançar, cantar, rodar, entre outras. Pode-se também fazer um dado usando números. A criança joga o dado numerado relacionando o número à quantidade usando tampinhas.
É normal que o aluno autista tente esquivar-se para fugir do que é solicitado, ficando muitas vezes irritado e agressivo. É importante que a atitude do educador não valorize essas reações, mas redirecione de forma lúdica e pacífica a situação. Elogiando e valorizando seus avanços por menores que eles sejam.
Outra ferramenta muito útil é a tecnologia assistiva. Ela se trata de uma área do conhecimento e de pesquisa que tem se revelado uma importante ferramenta para autonomia, comunicação, inclusão escolar e social do aluno autista ou com outras deficiências.
Segundo Prestes (2014) o Comitê de Ajudas Técnicas 
 
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (PRESTES, 2014, p. 30).
Dentro da tecnologia assistiva, os recursos multimídia: som, imagem, textos, jogos são utilizados com frequência, pois dão à criança autista a possibilidade de compreender a atividade com maior eficácia. 
A informática é uma importante ferramenta de inclusão a criança autista. Softwares educativos, sites da internet, agem auxiliando e facilitando o desenvolvimento da aula e ainda o interesse do aluno, principalmente no caso da comunicação que costuma ser um grande desafio das crianças autistas. 
Na especificação de requisitos para a comunicabilidade, Pontes (2008) destaca que
São necessárias interfaces mais eficazes que possam atender a uma variedade cada vez maior de usuários, devendo utilizar-se de métodos e técnicas na construção de websites que permitam que a mensagem seja devidamente captada. Estas técnicas, é importante ressaltar, devem ser baseadas na experiência dos usuários. Atualmente existem ferramentas desenvolvidas para prestar apoio na aplicação de alguns métodos de avaliação (PONTES, 2008, p. 7).
	Isso indica que é necessário levar em consideração todos os aspectos envolvidos na comunicação e as ferramentas de acessibilidade disponíveis hoje em dia para promover o desenvolvimento dos alunos. 
Uma ferramenta que tem se mostrado bastante útil é a prancha de comunicação, que pode ser criada pelo professor ou acessada através de dispositivos eletrônicos. 
 
Figura 1. Prancha de comunicação com comentários.
Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/90/2b/41/902b41360fb73746541c98 d2ca51abba.jpg
O exemplo acima mostra uma prancha de comunicação desenvolvida para crianças autistas. Este tipo de material pode ser impresso ou pode ser usado em tablets e smartphones. As pranchas de comunicação que se encontram em softwares podem emitir sons e possuem diversos recursos para ajudar na sala de aula. 
Outro exemplo de tecnologia assistiva são os jogos pedagógicos, eles incentivam e complementam o processo de aprendizagem, pois a criança é estimulada a desenvolver sua atenção, concentração, raciocínio, coordenação motora, etc. 
O uso correto de qualquer tecnologia assistiva é necessário que o professor identifique quais déficits cognitivos seu aluno possui e quais as dificuldades que está apresentando e, a partir desta descoberta, planejar atividades, onde o uso do computador será mais um dos recursos utilizados que terá como objetivo despertar o interesse da criança pela aprendizagem.
1.4 O autista no contexto escolar
A sociedade de forma geral possui um número infinito de diferenças. A síndrome do Espectro Autista é mais uma delas e se caracteriza por prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos. Apesar do convívio com a diversidade, ainda existem pessoas que não buscam conhecer o outro, que rejeitam o “diferente”. 
Segundo Minetto, Prestes, Facion e Stival (2015) 
parece-nos que ainda não é claro para a sociedade o que se quer com a inclusão escolar. Além dos problemas de ordem política, legislações, declarações, etc., existe a força dos movimentos radicais, que hasteiam a bandeira ignorando as consequências de uma situação imposta (MINETTO, PRESTES, FACION E STIVAL, 2015, p. 17). 
Apesar de tudo isso, a escola tem o papel fundamental de garantir o pleno desenvolvimento do aluno para que possa conviver em harmonia na sociedade.
“A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse comportamento é logo confundido com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento, alguns profissionais da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um autista, principalmente os de autofuncionamento, com grau baixo de comprometimento. Os profissionais da educação não são preparados para lidar com crianças autistas e a escassez de bibliografias apropriadas dificulta o acesso à informação na área” (SANTOS, 2008, p. 9).
Incluir a criança com autismo vai além de colocá-la em uma escola regular, em uma sala regular, deve ir mais além, também deve possuir um projeto pedagógico direcionado, diversificado e reflexivo. Precisa-se pautar em um trabalho que visa desenvolver a criança e não o deficiente, rompendo, assim, com os modelos classificatórios que predeterminam as possibilidades de desenvolvimento da criança a partir de suas supostas limitações. Caso isso não ocorra, não existirá uma real inclusão. Apenas uma inserção. 
A família precisa fazer parte desse processo, fornecendo aos profissionais informações sobre a criança, participando de encontros, reuniões, pensando de forma conjunta ações concretas para que a inclusão aconteça. Além disso se faz necessário um olhar especial para o profissional que trabalha diretamente com esta criança, pois ambos acabam desenvolvendo vínculos que fazem com que seja interessante para o desenvolvimento da criança, que sejam perdurados. 
Tais vínculos tornarão possível o desenvolvimento completo do aluno e este pode ser mediado por atividades lúdicas. 
A brincadeira é uma atividade fundamental no desenvolvimento, ao participar de jogos e brincadeiras a criança está usando sua criatividade, favorecendo a interação e sua capacidade de invenção, buscando novos conhecimentos. 
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimentoproximal da criança. No brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contam todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (VYGOTSKY, 1998, p. 134). 
Dessa forma, ao brincar, a criança imita situações reais, muitas vezes interpretando papéis de adultos. Cada uma com seu jeito, de forma criativa, com alta capacidade de invenção, buscando novos conhecimentos, pois é a partir da brincadeira que a criança pensa e age, adequando-se a ela, favorecendo o desenvolvimento do autocontrole, operando com regras e valores sociais, comportando-se além do que é habitual para sua idade.
“A brincadeira, além de possibilitar ganhos de desenvolvimento que lhe são próprios, [...] é uma importante fonte para os processos de constituição dos sujeitos”. (MARTINS, 2009, p. 43-45).
As atividades lúdicas oferecidas para crianças com autismo, em sala de aula, ou fora dela, são de grande importância, estimulam as áreas de interação social, comportamento e comunicação. Salientando que sempre devemos respeitar o seu nível de desenvolvimento, promovendo uma atividade prazerosa e gradativamente oferecendo desafio para que a criança amplie o seu repertório lúdico e social.
Segundo Vygotsky (2007, p. 101) “as crianças podem imitar uma variedade de ações que vão muito além dos limites de suas próprias capacidades. Em uma atividade coletiva ou sob orientação de adultos, usando a imitação às crianças são capazes de fazer muito mais coisas”. 
O brincar é essencial para toda criança, portanto é importante a mediação pedagógica no aprendizado do aluno, pois além de possibilitar ações sobre o meio no qual se encontra, também contribui para as trocas entre o sujeito e o objeto de conhecimento. A qualidade das interações é essencial para todos, mas, sobretudo, para aquelas crianças com necessidades educativas especiais que passam pelo processo de inclusão.
CONCLUSÃO
Com a realização do trabalho é possível concluir, portanto, que o processo de inclusão ainda é um desafio tanto para as escolas como para os educadores. A lei determina incluir, mais não oferece subsídios necessários para que isso aconteça de modo satisfatório, não prepara docentes, funcionários e gestores para a realidade que encontram no ambiente educacional.
É necessário que além da capacitação, os professores obtenham auxiliares nas salas de aula, com metodologias e recursos adequados para que os desafios e as limitações possam ser superados. Tecnologias assistivas podem ser ferramentas muito importantes neste momento, fornecendo cada vez mais subsídios para facilitar a comunicação, a interação e o desenvolvimento dos alunos. 
O apoio e incentivo da família, escola e da sociedade aos educadores é fundamental no processo de inclusão, fazendo-os conscientes, não apenas das características e potencialidades dos seus alunos, mas de suas próprias condições de ensiná-los em um ambiente inclusivo.
O caminho para uma sociedade inclusiva se fundamenta em reconhecer e valorizar a diversidade. Garantindo o acesso e a participação de todos, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo. E este caminho começa a ser trilhado na escola. Sem ignorar que é um longo caminho, embora e possa encontrar atalhos, algumas vezes, é possível observar avanços significativos, ao se focar em possibilidades e casos de sucesso, ao invés de dificuldades e fracassos. Alguns avanços são bastante significativos e podem fornecer indícios de como se buscar os melhores caminhos. 
Sem dúvida o presente trabalho não busca esgotar o assunto, mas sim mostrar novas possibilidades e algumas sugestões do que pode ser feito para facilitar um processo que é irreversível, que é a inclusão. Tudo isso é um processo, um caminho para novas possibilidades de interagir com os outros e o mundo.
REFERÊNCIAS 
AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. In: AQUINO, Júlio Groppa (Org.). Diferenças e
Preconceito na Escola: alternativas teóricas e práticas. 2. ed. São Paulo: Summus, 1998.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM IV – TR. Manual Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
BECKER, Fernando. A Epistemologia do Professor: o cotidiano da escola. Petrópolis:
Vozes, 2001.
BLEULER, Eugen (1911). Dementia Praecox ou Grupo das Esquizofrenias. Lisboa. Climepsi Editores. 2005.
BOSSA, Cleonice. Autismo: atuais interpretações para antigas observações. In: BAPTISTA, Cláudio Roberto; BOSSA, Cleonice, (Org.). Autismo e Educação. Porto Alegre: Artemed, 2002.
BRANDÃO, Anna Paula Lins; RAMOS, Celiomar Porfírio. Um olhar sobre: educação, cultura, alteridade. SINOP, 2008. 
 
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. 2. ed. Brasília, DF: Corde, 1997.
______. Decreto nº 3.956/2001. Disponível em: < http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/pessoa-deficiencia/d3956.2001_conv_ elim_discr_ pessoascomdeficiencia.pdf> Acesso 28 de abril de 2018. 
______. Lei nº 8069, de 13/07/1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 28 de abril de 2018.
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______. Lei nº 9.394, de 20/12/1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: 
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