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Decadência e prescrição - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017

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16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
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SEÇÃO IV. DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
TÍTULO I. DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
CAPÍTULO IV. DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS
SEÇÃO IV. DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
SEÇÃO IV. DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
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Seção IV
16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
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Da decadência e da prescrição
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em:
I – 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não
duráveis;
II – 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto
duráveis.
§ 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva
do produto ou do término da execução dos serviços.
§ 2º Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente,
que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II – (Vetado.)
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento
em que ficar evidenciado o defeito.
I – DOUTRINA
Natureza do direito: A norma do art. 26 não é de todo translúcida. O caput
menciona a decadência do direito de reclamar, evitando falar da decadência do
direito subjetivo, ou de prescrição da ação que protege tal direito de receber um
produto adequado. Em seu § 2.º a norma do art. 26 dispõe que obstam a
decadência: “I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor
perante o fornecedor (…) até a resposta negativa (…)”. Ora, se a decadência fosse
efetivamente do direito de reclamar, este já teria sido usado, exercitado como
direito; logo, não poderia morrer, decair, caducar, como se queira.
Parece-nos que a regra do art. 26 refere-se à decadência do direito “de
reclamar” judicialmente, isto é, decadência do direito à satisfação contratual
perfeita, obstada por um vício de inadequação do produto ou serviço. De qualquer
maneira, parecenos que a discussão sobre o verdadeiro sentido da norma está
apenas começando. O STJ já recusou usar o prazo do art. 26 em caso de
inadimplemento total do serviço, recorrendo ao prazo geral do Código Civil,
considerado mais positivo.
Redução do prazo decadencial. Origem jurisprudencial: Mister destacar
que a posição do CDC representa a acolhida de uma evolução jurisprudencial de
lege ferenda, evolução esta que teve como base os fins sociais a que se destinam
as normas jurídicas, como preleciona o art. 5.º da Lei de Introdução ao Código
Civil.
16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
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Pioneiro neste sentido foi o Tribunal de Justiça de São Paulo, que, em casos de
compra de máquinas ou de animais, afirmou que “o prazo prescricional há de
contar-se, não da data da entrega, mas de sua experimentação” (RT 134/548). Tais
prazos seriam incompatíveis com as necessidades da vida atual, praticamente
anulando o direito do comprador; logo, propugnava uma interpretação adequada
às exigências sociais e aos ditames da boa-fé (RF 116/499).
Esta tese passou então a ser defendida pelo Supremo Tribunal Federal, que,
em voto lapidar do Ministro Thompson Flores, no RE 76.233, em 1973,
considerava a hipótese: “(…) na literalidade do dispositivo (art. 178, § 2.º
[CC/1916]), está claro nele qual seja o momento, o marco zero da contagem; é o
momento da tradição. Mas em certas situações de fato, conforme a natureza da
coisa ou do defeito que porte, não seria possível o exercício da ação dentro desse
prazo exíguo, se contado da tradição, não tanto pela exiguidade, mas pela
impossibilidade da revelação do defeito (…). Nesse caso, se atendermos à lei, na
sua letra fria, estaríamos condenando a um abortamento inapelável o direito dos
adquirentes, contra todos os princípios de direito e o bom senso (…)”. Propugnava
pela mudança da interpretação, afirmando: “(…) essa interpretação adequada às
exigências sociais é o imperativo que decorre do enunciado do art. 5.º da Lei de
Introdução ao Código Civil: ‘Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a
que ela se dirige e às exigências do bem comum’ (…) a ação redibitória objetiva a
garantia do comprador contra os defeitos ocultos da coisa adquirida (…) para que
se possa exercer efetivamente o direito à ação, decorrente da garantia (…) há de
ser proporcionado ao comprador um prazo razoável e que este seja contado a
partir de quando for possível a revelação do defeito oculto (…)” (RTJ 68/222).
Critério para fixação do prazo: Os critérios legais são: a facilidade de
constatação do vício (vício aparente ou oculto), e a durabilidade ou não do produto
ou serviço.
Assim, o prazo de 30 dias será usado para produtos e serviços não duráveis,
como os alimentos e refrigerantes comprados em um supermercado ou mercearia,
e, em matéria de serviços, aqueles de organização de festas, fornecimento de
informação pontual, de apresentação de um filme em cinema etc. Já o prazo de 90
dias é para produtos e serviços duráveis, tais como eletrodomésticos, veículos,
terrenos, imóveis etc., e, em matéria de serviços, serão duráveis os serviços que
se renovam ou são cobrados a cada 30 dias, como serviços bancários, financeiros,
de crédito, de fornecimento de informação, TV a cabo etc. Note-se que, nos
serviços e produtos duráveis, geralmente o vício não é aparente, mas oculto,
contando-se o prazo neste caso, ex vi art. 26, § 3.º, do “momento em que ficar
evidenciado o defeito”.
Vícios aparentes e vícios ocultos. Contagem do prazo: Os prazos
introduzidos, porém, são os mesmos (30 ou 90 dias) para vícios aparentes e vícios
ocultos, mas os primeiros contam-se da entrega efetiva do produto ou da execução
do serviço (§ 1.º do art. 26) e os ocultos, da revelação do defeito (§ 3.º do art. 26).
Interrupção da decadência. Reclamação do consumidor: No sistema
introduzido pelo CDC algumas ações (atos) do consumidor “obstam” a decadência
do direito. Especialmente a reclamação perante o fornecedor tem sido muito usada
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pelos consumidores, o que é positivo, pois coaduna-se com o espírito de
cooperação e boa-fé do CDC e permite ao fornecedor uma chance para reparar o
descumprimento contratual. Recomenda-se, porém, aos consumidores que reflitam
sobre a prova desta reclamação ante o fornecedor, caso a resposta deste seja
negativa. Esta novidade do CDC é inspirada no direito comparado, e agora o art.
207 do CC/2002 permite expressamente que lei especial (como o CDC) regule a
interrupção da decadência. A jurisprudência já desenvolvera soluções
semelhantes, como a Súmula 229 do STJ: “O pedido do pagamentode
indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado
tenha ciência da decisão”.
Dialogo das fontes. Prazo mais favorável ao consumidor: A jurisprudência
brasileira tem sido muito receptiva ao uso da teoria de Erik Jayme sobre o diálogo
das fontes para aplicar o prazo mais favorável ao consumidor em matéria de
decadência e prescrição, como autoriza o art. 7.º do CDC. A tendência é também,
sempre que presente o dano moral ou responsabilidade civil extracontratual,
utilizar o prazo mais longo de 5 anos do próprio CDC, em uma espécie de “diálogo”
interno no microssistema do próprio CDC. Na jurisprudência consolidada em
Súmulas, a teoria do diálogo das fontes ainda é pouco presente, a indicar que está
sendo usada caso a caso e para casos difíceis. De qualquer maneira se pode
destacar o espírito da Súmula 412 do STJ (“A ação de repetição de indébito de
tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código
Civil.”).
II – JURISPRUDÊNCIA
• Direito civil – Código de defesa do consumidor – Aquisição de veículo zero-
quilômetro para utilização profissional como táxi – Defeito do produto – Inércia na
solução do defeito – Ajuizamento de ação cautelar de busca e apreensão para
retomada do veículo, mesmo diante dos defeitos – Situação vexatória e humilhante
– Devolução do veículo por ordem judicial com reconhecimento de má-fé da
instituição financeira da montadora – Reposição da peça defeituosa, após
diagnóstico pela montadora – Lucros cessantes – Impossibilidade de utilização do
veículo para o desempenho da atividade profissional de taxista – Acúmulo de
dívidas – Negativação no SPC – Valor da indenização. 1. A aquisição de veículo
para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibilidade de aplicação das
normas protetivas do CDC. 2. A constatação de defeito em veículo zero-quilômetro
revela hipótese de vício do produto e impõe a responsabilização solidária da
concessionária (fornecedor) e do fabricante, conforme preceitua o art. 18, caput, do
CDC. 3. Indenização por dano moral devida, com redução do valor. 4. Recurso
especial parcialmente provido (STJ – 4.ª T – REsp 611.872/RJ – rel. Antonio
Carlos Ferreira – j. 02.10.2012 – DJ 23.10.2012).
Vícios aparentes – Arts. 26 e 27
• Direito do consumidor – Ação de preceito cominatório – Substituição de
mobiliário entregue com defeito – Vício aparente – Bem durável – Ocorrência de
decadência – prazo de noventa dias – art. 26, II, da Lei 8.078/1990 – Doutrina –
Precedente da turma – Recurso provido. I – Existindo vício aparente, de fácil
constatação no produto, não há que se falar em prescrição quinquenal, mas, sim,
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em decadência do direito do consumidor de reclamar pela desconformidade do
pactuado, incidindo o art. 26 do Código de Defesa do Consumidor. II – O art. 27 do
mesmo diploma legal cuida somente das hipóteses em que estão presentes vícios
de qualidade do produto por insegurança, ou seja, casos em que o produto traz um
vício intrínseco que potencializa um acidente de consumo, sujeitando-se o
consumidor a um perigo iminente. III – Entende-se por produtos não duráveis
aqueles que se exaurem no primeiro uso ou logo após sua aquisição, enquanto
que os duráveis, definidos por exclusão, seriam aqueles de vida útil não efêmera
(STJ – 4.ª T. – REsp 114473 – rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira – j.
24.03.1997).
Vida útil – Vício aparente – Garantia legal e contratual – Arts. 18 e 26 e 50
• Direito do consumidor e processual civil – Recurso especial – Ação e
reconvenção – Julgamento realizado por uma única sentença – Recurso de
apelação não conhecido em parte – Exigência de duplo preparo – Legislação local
– Incidência da súmula 280/STF – Ação de cobrança ajuizada pelo fornecedor –
Vício do produto – Manifestação fora do prazo de garantia. Vício oculto relativo à
fabricação – Constatação pelas instâncias ordinárias. Responsabilidade do
fornecedor – Doutrina e jurisprudência – Exegese do art. 26, § 3.º, do CDC. (…) 3.
No mérito da causa, cuida-se de ação de cobrança ajuizada por vendedor de
máquina agrícola, pleiteando os custos com o reparo do produto vendido. O
Tribunal a quo manteve a sentença de improcedência do pedido deduzido pelo ora
recorrente, porquanto reconheceu sua responsabilidade pelo vício que inquinava o
produto adquirido pelo recorrido, tendo sido comprovado que se tratava de defeito
de fabricação e que era ele oculto. Com efeito, a conclusão a que chegou o
acórdão, sobre se tratar de vício oculto de fabricação, não se desfaz sem a
reapreciação do conjunto fático-probatório, providência vedada pela Súmula 7/STJ.
Não fosse por isso, o ônus da prova quanto à natureza do vício era mesmo do ora
recorrente, seja porque é autor da demanda (art. 333, inciso I, do CPC/1973) seja
porque se trata de relação de consumo, militando em benefício do consumidor
eventual déficit em matéria probatória. 4. O prazo de decadência para a
reclamação de defeitos surgidos no produto não se confunde com o prazo de
garantia pela qualidade do produto – a qual pode ser convencional ou, em algumas
situações, legal. O Código de Defesa do Consumidor não traz, exatamente, no art.
26, um prazo de garantia legal para o fornecedor responder pelos vícios do
produto. Há apenas um prazo para que, tornando-se aparente o defeito, possa o
consumidor reclamar a reparação, de modo que, se este realizar tal providência
dentro do prazo legal de decadência, ainda é preciso saber se o fornecedor é ou
não responsável pela reparação do vício. 5. Por óbvio, o fornecedor não está, ad
aeternum, responsável pelos produtos colocados em circulação, mas sua
responsabilidade não se limita pura e simplesmente ao prazo contratual de
garantia, o qual é estipulado unilateralmente por ele próprio. Deve ser considerada
para a aferição da responsabilidade do fornecedor a natureza do vício que
inquinou o produto, mesmo que tenha ele se manifestado somente ao término da
garantia. 6. Os prazos de garantia, sejam eles legais ou contratuais, visam a
acautelar o adquirente de produtos contra defeitos relacionados ao desgaste
natural da coisa, como sendo um intervalo mínimo de tempo no qual não se espera
que haja deterioração do objeto. Depois desse prazo, tolera-se que, em virtude do
uso ordinário do produto, algum desgaste possa mesmo surgir. Coisa diversa é o
16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
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vício intrínseco do produto existente desde sempre, mas que somente veio a se
manifestar depois de expirada a garantia. Nessa categoria de vício intrínseco
certamente se inserem os defeitos de fabricação relativos a projeto, cálculo
estrutural, resistência de materiais, entre outros, os quais, em não raras vezes,
somente se tornam conhecidos depois de algum tempo de uso, mas que, todavia,
não decorrem diretamente da fruição do bem, e sim de uma característica oculta
que esteve latente até então. 7. Cuidando-se de vício aparente, é certo que o
consumidor deve exigir a reparação no prazo de noventa dias, em se tratando de
produtos duráveis, iniciando a contagem a partir da entrega efetiva do bem e não
fluindo o citado prazo durante a garantia contratual. Porém, conforme assevera a
doutrina consumerista, o Código de Defesa do Consumidor, no § 3.º do art. 26, no
que concerne à disciplina do vício oculto, adotou o critério da vida útil do bem, e
não o critério da garantia, podendo o fornecedor se responsabilizar pelo vício em
um espaço largo de tempo, mesmo depois de expirada a garantia contratual. 8.
Com efeito, em se tratando de vício oculto não decorrente do desgaste natural
gerado pela fruição ordinária doproduto, mas da própria fabricação, e relativo a
projeto, cálculo estrutural, resistência de materiais, entre outros, o prazo para
reclamar pela reparação se inicia no momento em que ficar evidenciado o defeito,
não obstante tenha isso ocorrido depois de expirado o prazo contratual de
garantia, devendo ter-se sempre em vista o critério da vida útil do bem. 9.
Ademais, independentemente de prazo contratual de garantia, a venda de um bem
tido por durável com vida útil inferior àquela que legitimamente se esperava, além
de configurar um defeito de adequação (art. 18 do CDC), evidencia uma quebra da
boa-fé objetiva, que deve nortear as relações contratuais, sejam de consumo,
sejam de direito comum. Constitui, em outras palavras, descumprimento do dever
de informação e a não realização do próprio objeto do contrato, que era a compra
de um bem cujo ciclo vital se esperava, de forma legítima e razoável, fosse mais
longo. 10. Recurso especial conhecido em parte e, na extensão, não provido (STJ
– 4.ª T. – REsp 984.106/SC – rel. Min. Luis Felipe Salomão – j. 04.10.2012 – DJe
20.11.2012).
Decadência – Prazo de 90 dias deve ser cumprido
• Código de Defesa do Consumidor – Decadência. Reconhecido pelo acórdão
recorrido que a data inicial do prazo de decadência aconteceu muito antes dos 90
dias anteriores à propositura da ação, não há violação à lei no julgamento que
extingue o processo por ter a autora decaído do direito de ação. Art. 26 do Código
de Defesa do Consumidor. Recurso não conhecido (STJ – 4.ª T. – REsp
242192/MA – rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar – j. 02.03.2000).
Falta de reclamação perante fornecedor – Inércia por 12 meses –
Decadência
• Apelação cível – Responsabilidade civil pelo vício do produto – Direito do
consumidor – Inércia do comprador – Decadência operada. Ação de indenização
ajuizada com base na relação de consumo. Situação em que se passaram quase
doze (12) meses da data em que o apelante tomou ciência dos defeitos do produto
adquirido até o efetivo ajuizamento da ação. Ademais, não houve reclamação
comprovada perante o fornecedor, de molde a obstaculizar o transcurso do prazo
decadencial. Inteligência do art. 26 do CDC. Apelação desprovida, unânime (TJRS
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– 18.ª Câm. Cív. – Ap. Cív. 70006641484 – rel. Mário Rocha Lopes Filho – j.
25.09.2003).
Art. 26, § 3.º – Vício oculto – Início do prazo decadencial
• Apelação cível – Subscrição de ações – Contrato de participação financeira –
Diferença de ações – Possibilidade jurídica do pedido – Legitimidade passiva e
ativa – Prescrição – Contrato de adesão – Princípio da boa-fé. A prescrição deve
ser contada da data em que o contratante tomou conhecimento do número de
ações que recebeu e percebeu o prejuízo, ao compará-lo com o de outros
contratantes em situação semelhante à sua. Tratando-se de contrato de adesão e
inexistindo regra contratual no tocante à hipótese de variação do preço, o contrato
deve ser interpretado de forma favorável ao aderente, aplicando-se o princípio da
boa-fé. Apelação da (…) provida somente para afastar a obrigatoriedade de
emissão de certificados de ações. Apelação parcialmente provida (TJRS – 2.ª
Câm. – Ap. Cív. 599487733 – rel. Des. Lúcia de Castro Boller – j. 26.10.2000).
Prazo mais favorável – Defeito em construção
• Indenização – Defeito em construção – Arguida decadência e prescrição –
Não configuração – Prazo prescritivo de vinte anos – Precedentes jurisprudenciais
– Preliminar afastada. Ementa: Procedência. Insurgência contra excessivo valor da
condenação. Possibilidade de atribuir-se o menor valor dos orçamentos para fins
de reparos. Afastabilidade do percentual relativo à depreciação do padrão por não
incluídas, no memorial descritivo, obras constantes em anúncio. Recurso
parcialmente provido (TJSP – 4.ª Câm. – Ap. Cív. 860144-8/SP – rel. Des. Fonseca
Tavares – j. 02.09.1999 – RDPriv 2/220).
Dúvida sobre o momento da ocorrência do defeito – Prazo mais favorável
ao consumidor – Art. 7.º
• Decadência – Consumidor – Indenização – Compra e venda – Defeito no
imóvel – Prazo decadencial previsto no art. 26, § 3.º, da Lei 8.078/1990 –
Inaplicabilidade se há dúvida sobre o momento da ocorrência do defeito – Hipótese
em que se considera o prazo de garantia legal ou convencional de cinco anos,
conforme o previsto no art. 1.245 do CC [art. 618, CC/2002] – Garantia do
construtor imobiliário, ademais, que é prescricional e vintenária – Inteligência do
art. 7.º da Lei 8.078/1990, c/c o art. 177 do CC, e da Súmula 194 do STJ. Ementa
oficial: A decadência do art. 26, § 3.º, do CDC deve ser contada a partir do
momento em que ficar evidenciado o defeito do produto. Havendo dúvida a
respeito deste momento, deve-se considerar o prazo de garantia legal ou
convencional, cinco anos em se tratando de imóvel (art. 1.245 do CC) [art. 618,
CC/2002]. Afasta-se, pois, alegação de decadência se a ação foi proposta no
prazo de garantia. Aliás, a garantia do construtor imobiliário é prescricional e
vintenária (Súmula 194 do STJ; art. 7.º do Codecon c/c o art. 177 do CC).
Indenização – Compra e venda – Área do imóvel constante do contrato que não
corresponde à dimensão enunciada – Viabilidade do pedido da verba a título de
abatimento do preço, o qual é o de venda e não o de mercado. Ementa oficial: Não
correspondendo a área do imóvel constante do contrato do instrumento de venda à
dimensão enunciada, viável o pedido de indenização a título de abatimento do
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preço, o qual é o de venda e não o de mercado. Compra e venda – Indenização –
Vícios na parte comum do prédio – Ilegitimidade do comprador para pleitear a
verba – Hipótese em que o condomínio deve realizar a pretensão em relação à
vendedora. Ementa oficial: O comprador é parte ilegítima para cobrar indenização
por vícios na parte comum do prédio, devendo fazê-lo o condomínio em relação à
vendedora.Indenização – Compra e venda – Desvalorização do preço em
decorrência das irregularidades verificadas nas unidades imobiliárias – Alegações
não comprovadas – Verba indevida. Ementa oficial: Não provada a desvalorização
do preço do prédio em decorrência das irregularidades verificadas nas unidades
imobiliárias, rejeita-se o pedido de indenização formulado a este propósito (TJDF –
5.ª T. – Ap. 45778/1997 – rel. Des. Waldir Leôncio Júnior – j. 05.11.1998 – RT
769/312).
Nota: V. art. 205, CC/2002.
Decadência do direito de reclamação de vícios do serviço (90 dias), não
exclui pretensão de indenização do consumidor com prazo prescricional de
cinco anos
• Direito do consumido – Ação de indenização por danos materiais e morais
decorrentes de vícios no serviço – Prescrição – Cinco anos – Incidência do art. 27
do CDC – 1. Escoado o prazo decadencial de 90 (noventa) dias previsto no art. 26,
II, do CDC, não poderá o consumidor exigir, do fornecedor do serviço, as
providências previstas no art. 20 do mesmo Diploma – reexecução do serviço,
restituição da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço –, porém, a
pretensão de indenização dos danos por ele experimentados pode ser ajuizada
durante o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, porquanto rege a hipótese o art. 27
do CDC. 2. Recurso especial conhecido e provido (STJ – REsp 683.809/RS – rel.
Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª T., j. 20.04.2010 – DJe 03.05.2010).
Vício oculto – Prazo decadencial tem início no momento em que
evidenciado o defeito
• Direito processual civil e direito do consumidor. Recurso especial. Deficiência
de fundamentação do acórdão recorrido. Não ocorrência. Revestimento de piso em
porcelanato. Vício do produto. Ação condenatória.Decadência. 1. Inexiste ofensa
aos arts. 165 e 458 do CPC/1973 quando o decisum se manifesta, de modo claro e
objetivo, acerca da matéria submetida a sua apreciação. 2. O Código de Defesa do
Consumidor estabelece dois regimes jurídicos para a responsabilidade civil do
fornecedor: a responsabilidade por fato do produto ou serviço (arts. 12 a 17) e a
responsabilidade por vício do produto ou serviço (arts. 18 a 25). Basicamente, a
distinção entre ambas reside em que, na primeira, além da desconformidade do
produto ou serviço com uma expectativa legítima do consumidor, há um
acontecimento externo (acidente de consumo) que causa dano material ou moral
ao consumidor. Na segunda, o prejuízo do consumidor decorre do defeito interno
do produto ou serviço (incidente de consumo). 3. Para cada um dos regimes
jurídicos, o CDC estabeleceu limites temporais próprios para a responsabilidade
civil do fornecedor: prescrição de 5 anos (art. 27) para a pretensão indenizatória
pelos acidentes de consumo; e decadência de 30 ou 90 dias (art. 26) para a
reclamação pelo consumidor, conforme se trate de produtos ou serviços não
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duráveis ou duráveis. 4. Tratando-se de vício oculto do produto, o prazo
decadencial tem início no momento em que evidenciado o defeito, e a reclamação
do consumidor formulada diretamente ao fornecedor obsta o prazo de decadência
até a resposta negativa deste. 5. Inexistindo, no caso, prova da resposta negativa,
o ajuizamento de cautelar preparatória de produção antecipada de provas
evidencia o exaurimento das tratativas negociais, contando-se o prazo decadencial
a partir do trânsito em julgado da respectiva sentença, que reconheceu a
existência de vício do produto. Ocorrido o trânsito em julgado em 11.4.2002, a
ação condenatória, ajuizada em 21.4.2003, cujo pedido se circunscreve ao prejuízo
diretamente relacionado ao vício do produto, não abrangendo danos a ele
exteriores, encontra-se atingida pela decadência do direito do consumidor. 6.
Recurso especial conhecido e desprovido. (STJ, REsp 1303510/SP, rel. Min. João
Otávio de Noronha, 3.ª T., j. 03.11.2015, DJe 06.11.2015).
Art. 26, II – Vício é diferente de defeito do produto – Prazos
• Recurso especial. Direito do consumidor. Venda e compra de imóvel.
Metragem. Propaganda. Contrato. Diferença. Vício. Produto durável. Prazo
decadencial. Art. 26, II, do CDC. Indenização. Danos morais. Prescrição
quinquenal. 1. O Código de Defesa do Consumidor estabeleceu limites temporais
diferentes para a responsabilização civil do fornecedor. O art. 27 prevê o prazo
prescricional de 5 (cinco) anos para a pretensão indenizatória pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço; e o art. 26, o prazo decadencial de 30
(trinta) ou 90 (noventa) dias para a reclamação, conforme se trate de vícios
aparentes ou de fácil constatação de produtos ou serviços não duráveis ou
duráveis. 2. Segundo a jurisprudência desta Corte, se o produto apresenta vício
quanto à quantidade ou qualidade, ou que lhe diminua o valor, estar-se-á diante de
vício aparente ou de fácil constatação, de acordo com o art. 26 do Código
Consumerista. 3. No caso, decaiu em 90 (noventa) dias o direito de os autores
reclamarem da diferença entre a metragem do imóvel veiculada em propaganda e
a área do apartamento descrita na promessa de contra e venda. 4. A pretensão de
indenização pelos danos morais experimentados pelos autores pode ser ajuizada
no prazo prescricional de 5 (cinco) anos. Precedentes. 5. Recurso especial
parcialmente provido. (STJ, REsp 1488239/PR, rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, 3.ª T., j. 01.03.2016, DJe 07.03.2016).
Art. 26, II, § 3.º – Vício oculto – Termo inicial – Seis reparos do aparelho –
Garantia
• Direito do consumidor – Ação ordinária – Decadência. Se o vício é oculto, isto
é, aquele capaz de só se manifestar com o uso, o termo inicial da garantia fica em
aberto, de tal sorte que somente após constatado o vício é que inicia a contagem
do prazo decadencial. Inteligência do art. 26, § 3.º, do CDC. Garantia. Vício oculto
ou de inadequação. A teor do art. 24 da Lei 8.078/1990, “a garantia legal de
adequação do produto ou serviço independe de termo expresso”. Assim, o dever
de proceder à substituição do aparelho por outro semelhante se mostra inarredável
na hipótese dos autos, em que, remetido o aparelho seis vezes para conserto, não
se mostrou adequado ao uso. Apelo improvido (TJRS – 16.ª Câm. – Ap. Cív.
70002393593 – rel. Des. Genacéia da Silva Alberton – j. 05.12.2001).
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Vício oculto – Termo inicial em aberto – Prejuízos à lavoura – Prova
• Direito do consumidor – Ação redibitória – Decadência. Se o vício é oculto,
isto é, só se manifesta com o uso, o termo inicial da garantia fica em aberto, de tal
sorte que somente depois de constatado o vício inicia a contagem do prazo
decadencial. Inteligência do art. 26, § 3.º, do CDC. Vício oculto. O dever de
proceder à restituição do valor pago pelo bem se mostra inarredável na hipótese
dos autos, em que, remetido o mesmo para conserto, não se mostrou adequado ao
uso. Responsabilidade civil. Indenização por prejuízos da lavoura. Ausência de
prova dos prejuízos sofridos. Incumbe ao autor fazer prova de que os danos
sofridos se devem a fato do produto vendido pela outra parte. Prova insuficiente.
Danos materiais. O dever de reparar cinge-se aos danos efetivamente
demonstrados. Sobre o que não puder ao menos existir uma presunção concreta
de existência, deve ser afastado. Apelo provido em parte. Sucumbência
redimensionada (TJRS – 9.ª Câm. Cív. – Ap. Cív. 597067750 – rel. Des. Rejane
Maria Dias de Castro Bins – j. 11.09.2002).
Vício aparente – Imóvel – Art. 26 pode ser utilizado
• Direito civil e do consumidor. Aquisição de imóvel. Apartamento. Defeitos na
construção. Reparação. Prazo para reclamar. Vícios aparentes. Não
comprometimento da estrutura da edificação. Decadência. Aplicação do CDC. 1. É
de 90 (noventa) dias o prazo para a parte reclamar a remoção de vícios aparentes
ou de fácil constatação decorrentes da construção civil (art. 26, II, do CDC). 2. Na
vigência do estatuto civil revogado, era restrita a reparação de vícios (removíveis)
na coisa recebida em virtude de contrato comutativo. Prevalecia, então, para casos
como o dos autos (aquisição de bem imóvel), a regra geral de que cessa, com a
aceitação da obra, a responsabilidade do empreiteiro. A regulamentação legal do
direito, nos moldes como hoje se concebe, somente veio a lume com a edição do
CDC, em 1990. 3. O prazo de garantia de 5 (cinco) anos estabelecido no art. 1.245
do CC de 1916 (art. 618 do CC em vigor) somente se aplica aos casos de efetiva
ameaça à “solidez e segurança do imóvel”, conceito que abrange as condições de
habitabilidade da edificação. 4. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1172331/RJ,
rel. Min. João Otávio de Noronha, 3.ª T., j. 24.09.2013, DJe 01.10.2013).
Art. 26, § 1.º – Vício do serviço – Dano moral – Publicação errônea do
telefone da pessoa jurídica-consumidora
• Ementa: Ação ordinária de reparação de dano moral. Responsabilidade por
vício do serviço. Número de linha telefônica equivocadamente publicado. Ação e
reconvenção. Pretensão visando a indenização por dano moral, casada com
pedido de publicação do telefone correto da autora e esclarecimento do equívoco,
com o alerta de que “a empresa existe”. Hipótese abarcada dentro de uma relação
contratual de fornecimento e consumo regida pelo Código de Defesa do
Consumidor, e, destarte, sujeita ao espartilho do art. 26, § 1.º, da Lei 8.078/1990.
Decadência pronunciada. Ação improcedente e reconvençãoprocedente.
Sentença modificada. Desprovimento da apelação da autora e provimento do
recurso adesivo da ré (TJRS – 9.ª Câm. – Ap. Cív. 70002556660 – rel. Des. Ana
Lúcia Carvalho Pinto Vieira – j. 27.11.2002).
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• Civil e processual – Ação de indenização – Publicação de anúncio
incorretamente nas listas telefônicas, com número trocado – Restaurante – Dano
moral, em face de a clientela ficar frustrada e ser destratada ao ser atendida ao
telefone – Discussão na via especial sobre o prazo decadencial e a data inicial de
sua fluição – Situação que recai, na verdade, na hipótese do art. 27 do CDC e não
na do art. 26, II, e § 1.º. prazo quinquenal. I. A ação de indenização movida pelo
consumidor contra a prestadora de serviço por defeito relativo à prestação do
serviço prescreve em cinco anos, ao teor do art. 27 c/c o art. 14, caput, do CDC. II.
Em tal situação se insere o pedido de reparação de danos materiais e morais
dirigido contra a empresa editora das Listas Telefônicas em face de haver sido
publicado erroneamente o número de telefone do restaurante anunciante, o que
direcionou pedidos de fornecimento de alimentos a terceira pessoa, que destratou
a clientela da pizzaria, causando-lhe desgaste de imagem. III. Acórdão estadual
que ao confirmar sentença que deferira os danos morais, enquadrou a hipótese no
prazo decadencial do art. 26, II, do CDC, que, todavia, não é aplicável à espécie,
por se direcionar, em verdade, à ação que objetiva a rescisão ou alteração do
negócio avençado, o que não é o caso dos autos. IV. Ainda que se cuidasse de
incidência, mesmo, do art. 26, II, estaria correta a interpretação dada pelo Tribunal
a quo, de que a contagem teria início apenas com o fim do período de circulação
das listas telefônicas, porquanto se compreende, aí, que a prestação do serviço foi
contínua durante todo esse tempo. V. Destarte, seja pela aplicação do prazo
quinquenal do art. 27, seja pela do art. 26, II, parágrafo único, na exegese dada à
espécie, foi atempado o ajuizamento da ação indenizatória. VI. Recurso especial
conhecido e improvido (STJ – 4.ª T. – REsp 511558/ MS – rel. Min. Aldir
Passarinho Junior – j. 13.04.2004, DJ 17.05.2004).
Distinção entre vício de adequação (prazo do art. 26) e defeito de
segurança do produto (prazo do art. 27) – Repercussão prática – Garantia
legal é indisponível e complementar (no tempo) à contratual (art. 50)
• Consumidor – Responsabilidade pelo fato ou vício do produto – Distinção –
Direito de reclamar – Prazos – Vício de adequação – Prazo decadencial – Defeito
de segurança – Prazo prescricional – Garantia legal e prazo de reclamação –
Distinção – Garantia contratual – Aplicação, por analogia, dos prazos de
reclamação atinentes à garantia legal. No sistema do CDC, a responsabilidade
pela qualidade biparte-se na exigência de adequação e segurança, segundo o que
razoavelmente se pode esperar dos produtos e serviços. (…) O CDC apresenta
duas regras distintas para regular o direito de reclamar, conforme se trate de vício
de adequação ou defeito de segurança. Na primeira hipótese, os prazos para
reclamação são decadenciais, nos termos do art. 26 do CDC, sendo de 30 (trinta)
dias para produto ou serviço não durável e de 90 (noventa) dias para produto ou
serviço durável. A pretensão à reparação pelos danos causados por fato do
produto ou serviço vem regulada no art. 27 do CDC, prescrevendo em 05 (cinco)
anos. A garantia legal é obrigatória, dela não podendo se esquivar o fornecedor.
Paralelamente a ela, porém, pode o fornecedor oferecer uma garantia contratual,
alargando o prazo ou o alcance da garantia legal. A lei não fixa expressamente um
prazo de garantia legal. O que há é prazo para reclamar contra o descumprimento
dessa garantia, o qual, em se tratando de vício de adequação, está previsto no art.
26 do CDC, sendo de 90 (noventa) ou 30 (trinta) dias, conforme seja produto ou
serviço durável ou não. Diferentemente do que ocorre com a garantia legal contra
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vícios de adequação, cujos prazos de reclamação estão contidos no art. 26 do
CDC, a lei não estabelece prazo de reclamação para a garantia contratual. Nessas
condições, uma interpretação teleológica e sistemática do CDC permite integrar
analogicamente a regra relativa à garantia contratual, estendendo-lhe os prazos de
reclamação atinentes à garantia legal, ou seja, a partir do término da garantia
contratual, o consumidor terá 30 (bens não duráveis) ou 90 (bens duráveis) dias
para reclamar por vícios de adequação surgidos no decorrer do período desta
garantia. Recurso especial conhecido e provido (STJ – 3.ª T. – REsp 967.623/RJ,
rel. Min. Nancy Andrighi – j. 16.04.2009 – DJe 29.06.2009).
Decadência pelo art. 26 do CDC – Pacote turístico
• Código de Defesa do Consumidor – Pacote turístico – Decadência – Dano
moral – Prequestionamento – Precedente da corte. 1. O acórdão recorrido apoiou-
se no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, não desafiando a Convenção
de Varsóvia, com o que não há prequestionamento, presente a Súmula 211 da
Corte. 2. Na forma do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, o acórdão
recorrido acolheu a decadência, ademais de repelir o dano moral por falta de
comprovação dos fatos que o teriam ocasionado, não desafiando as regras dos
arts 14, 17 e 27 do mesmo Código, que não foram prequestionadas. 3. Recurso
especial não conhecido (STJ – 3.ª T. – REsp 174112/RJ – rel. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito – j. 19.08.1999).
Inexecução total – Prazo geral e não do art. 26 do CDC – Pacote turístico
• Recurso especial – Civil – “Pacote turístico” – Inexecução dos serviços
contratados – Danos materiais e morais – Indenização – Art. 26, I, do CDC – Direto
à reclamação – Decadência. O prazo estatuído no art. 26, I, do CDC, é inaplicável
à espécie, porquanto a pretensão indenizatória não está fundada na
responsabilidade por vícios de qualidade do serviço prestado, mas na
responsabilidade contratual decorrente de inadimplemento absoluto, evidenciado
pela não prestação do serviço que fora avençado no “pacote turístico” (STJ – 3.ª T.
– REsp 278893/DF – rel. Min. Nancy Andrighi – j. 13.08.2002).
Revisão de lançamentos em conta ou nos extratos – Prazo geral e não do
art. 26 do CDC
• Civil – Direito bancário – Conta corrente – Revisão – Anatocismo –
Comprovação – Prescrição – Não ocorrência – Juros – Pactuarão – Ausência –
Encargos variáveis – Ilegalidade – CDC – Incidência – Compensação –
Impossibilidade – Apelo não provido. 1. Os extratos juntados aos autos são
suficientes para demonstrar a incidência de juros capitalizados. 2. A prescrição da
ação destinada a revisar os lançamentos da conta corrente é vintenária. 3. É ilegal
a incidência de encargos livres pelo credor e sem qualquer comunicação prévia ao
correntista. 4. O Código de Defesa do Consumidor se aplica aos contratos
bancários. 5. O ato nulo não gera qualquer efeito, daí a impossibilidade de ser
considerada como obrigação natural o pagamento feito em tais condições. Apelo
conhecido e não provido (TJPR – 2.ª Câm. Cív. – Ap. Cív. 23259 – rel. Vitor
Roberto Silva – j. 03.09.2003).
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Juros da poupança – Acessório – Prazo da prescrição da pretensão do
direito principal – Prazo geral de 20 anos e não o do art. 178 § 10.º do
CC/1916 [art. 206, § 5.º do CC/2002]
• Civil – Prescrição – Juros de caderneta depoupança – Os juros creditados em
caderneta de poupança são capitalizáveis, não se lhes aplicando, por isso, a regra
do art. 178, § 10, inciso III, do Código Civil; transformando-se em capital, seguem,
quanto à prescrição, o regime jurídico deste – Agravo regimental provido. (AgRg no
REsp 490410/SP – rel. Min. Ari Pargendler – 3.ª T. – j. 06.09.2005 – DJ 17.10.2005
p. 290)
• Caderneta de poupança – Remuneração nos meses de junho de 1987 e
janeiro de 1989 – Planos Bresser e Verão – Prescrição –. Direito adquirido –
Quitação tácita – Fundamento inatacado – IPC de 42,72% – Datas-bases das
cadernetas de poupança – Ausência de prequestionamento – Súmula 07/STJ –
Juros de mora – Termo inicial – Precedente da Corte. 1. Nas ações em que são
impugnados os critérios de remuneração de cadernetas de poupança e são
postuladas as respectivas diferenças, a prescrição é vintenária, já que se discute o
próprio crédito e não os seus acessórios. (…) 7. Recurso especial da instituição
financeira conhecido e provido, em parte, e recurso dos autores não conhecido.
(REsp 433003/SP – rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito – 3.ª T – j. 26.08.2002
– DJ 25.11.2002, p. 232)
Prazo decadencial – Veículo novo – Prazo contato do conhecimento do
vício – Prazo após todos os consertos do art. 18 do CDC
• Consumidor – Veículo novo – Defeito – Restituição do valor do bem acrescido
de perdas e danos – Vício do produto – Prazo decadencial – 1. Adquirido veículo
novo com defeito não sanado no prazo de trinta dias, pode o consumidor exigir a
restituição da quantia paga, acrescida de eventuais perdas e danos. Inteligência do
art. 18 do Código de Defesa do Consumidor. 2. O prazo a ser tomado em conta
para o ingresso com a ação nas hipóteses de vício do produto é o previsto no art.
26 do Código de Defesa do Consumidor (90 dias quando se tratar de bem durável).
3. Nos termos do § 1.º, do referido art. 26, o prazo decadencial de noventa dias se
inicia quando termina a execução dos serviços realizados na tentativa de conserto
do bem, sendo previstas, ainda, no § 2.º, circunstâncias que obstam a decadência,
como, por exemplo, a reclamação feita pelo consumidor. Nesse contexto, como a
verificação da data inicial do prazo, bem como de eventuais situações obstativas
demandam incursão no conjunto fático-probatório dos autos, necessário se faz o
retorno do processo ao Tribunal de origem para que se manifeste sobre a questão.
4. Recurso conhecido em parte e, nesta extensão, provido. (REsp 567.333/RN –
rel. Min. Fernando Gonçalves – 4.ª T. – j. 02.02.2010 – DJe 08.03.2010).
Art. 26, § 3.º – Defeito oculto – Peças
• Consumidor – Prestação de serviços – Manutenção de equipamentos
duráveis – Reparos em peças internas de tecnologia que não é de conhecimento
comum – Constatação da permanência do defeito após o prazo de garantia de três
meses – Circunstância que não acarreta decadência do direito de reclamar pela
má prestação do serviço, pois trata-se de vício oculto – Inteligência do art. 26, §
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3.º, da Lei 8.078/1990. Ementa da redação: Na prestação de serviços de
manutenção de equipamentos duráveis, em que foram realizados reparos em
peças internas, de tecnologia que não é de conhecimento comum, a constatação
da permanência do defeito após o prazo de garantia de três meses não acarreta
em decadência do direito do consumidor em reclamar pela má prestação do
serviço, pois trata-se de vício oculto, conforme inteligência do art. 26, § 3.º, do
CDC (1.º TACivSP – 7.ª Câm. – Ap. Cív. 1015451-1 – rel. Juiz Sebastião Alves
Junqueira – j. 27.11.2001).
Sementes – Produto diverso – Início do prazo decadencial
• Decadência – Inocorrência – Ação indenizatória – Sementes de gramíneas –
Entrega de produto diverso. À luz do Código de Defesa do Consumidor, a semente
destinada à germinação não pode ser equiparada ao produto não durável, pois não
se consome ou se destrói pelo simples lançamento ao solo, se figurando, assim,
espécie sui generis de peculiaridades correlatas com produtos duráveis, uma vez
que o fim a que se destina somente vem a ser conhecido após relativamente longo
processo reprodutivo, circunstâncias, portanto, que impedem o reconhecimento da
decadência do direito à indenização pela entrega das sementes de gramíneas de
variedade diversa da comprada, pois transcendem à conceituação binária do art.
26 da Lei 8.078/1990 (1.º TACivSP – Ap. 812848-7 – rel. Juiz Jô Tatsumi – j.
09.02.1999 – RT 767/260).
Prestação de contas de corretista não se aplica o art. 26 do CDC
• Processual civil – Recurso especial – Ação de prestação de contas – Prazo
decadencial – Art. 26 do Código de Defesa do Consumidor – Não incidência –
Recurso representativo da controvérsia. 1. O art. 26 do Código de Defesa do
Consumidor dispõe sobre o prazo decadencial para a reclamação por vícios em
produtos ou serviços prestados ao consumidor, não sendo aplicável à ação de
prestação de contas ajuizada pelo correntista com o escopo de obter
esclarecimentos acerca da cobrança de taxas, tarifas e/ou encargos bancários. 2.
Julgamento afetado à Segunda Seção com base no procedimento estabelecido
pela Lei 11.672/2008 (Lei dos Recursos Repetitivos) e pela Resolução/ STJ
8/2008. 3. Recurso especial provido (STJ – 2.ª Seção – REsp 1.117.614/PR – rel.
Min. Maria Isabel Gallotti – j. 10.08.2011 – DJe 10.10.2011).
Eletrificação rural – Prazos do Código civil e não do CDC
• Agravo regimental no agravo em recurso especial – Contrato – Rede de
eletrificação rural – Prescrição vintenária na vigência do CC/1916 e quinquenal, na
vigência do CC/2002, respeitada a regra de transição do art. 2.028, CC/2002 –
Devolução dos valores empregados – Devida – Decisão agravada mantida –
Improvimento. 1. Conforme entendimento jurisprudencial desta Corte, prescreve
em 20 (vinte) anos a pretensão de cobrança dos valores aportados para a
construção de rede de eletrificação rural quando o fato gerador ocorrer na vigência
do Código Civil de 1916, e em 5 (cinco) anos, na vigência do Código Civil de 2002,
respeitada a regrada de transição prevista no art. 2.028 do CC/2002. 2. A Segunda
seção desta Corte, no julgamento de causa submetida ao regime do art. 543-C do
Código de Processo Civil já assinalou que é devida a devolução dos valores
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empregados pelos aderentes aos programas de universalização da energia
elétrica. 3. Agravo Regimental improvido (STJ – 3.ª T. – AgRg no AREsp
265.438/MS – rel. Min. Sidnei Beneti – j. 14.05.2013– DJe 07.06.2013).
Extravio de bagagem – Prazo mais favorável ao consumidor – Art. 27 do
CDC e art. 177 do CC/1916
• Responsabilidade civil – Transporte aéreo – Atraso em voo – Ação de
indenização – Contrato de transporte – Código de Defesa do Consumidor, art. 26 –
Decadência de 30 (trinta) dias – Inaplicabilidade – Ação de reparação de danos por
fato de serviço – Dessemelhança com a responsabilidade civil decorrente do
inadimplemento contratual – Prescrição vintenária – Código Civil, art. 177 –
Subsistência – Lei de Introdução, art. 2.º, § 2.º – Recurso desacolhido. I – À ação
de indenização decorrente do inadimplemento do contrato de transporte, por atraso
de voo, não se aplica o art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, dispondo
essa norma a propósito da decadência em trinta (30) dias no caso de vício
aparente, de fácil constatação. II – De qualquer forma, nos termos da
jurisprudência deste Tribunal, o prazo prescricional do art. 177 do Código Civil
subsiste mesmo com o advento do Código de Defesa do Consumidor,
considerando que suas disposições não se confundem (STJ – 4.ª T. – REsp
304705/RJ – rel.Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira – j. 03.05.2001).
• Consumidor – Prescrição – Transporte aéreo de pessoas – A reparação de
danos resultantes da má prestação do serviço pode ser pleiteada no prazo de
cinco anos. Recurso especial não conhecido (STJ – 742.447 – AL –rel. p/ acórdão
Min. Ari Pargendler – j. 20.03.2007).
Nota: V. art. 205, CC/2002.
III – CONEXÕES RÁPIDAS PARA CITAÇÃO OU REFLEXÃO
♦ Principiologia
A garantia legal de adequação de produtos e serviços é direito potestativo
do consumidor, pois trata-se de garantia legal assegurada por lei de ordem
pública (arts. 1.º, 24 e 25 do CDC), à qual o fornecedor não pode resistir, daí a
decadência
Imposição da garantia legal contra vícios dos produtos e dos serviços –
arts. 18 a 25
Vícios aparentes e ocultos – o prazo começa a correr da entrega ou do
final do serviço para vícios aparentes, mas do “momento em que fica
evidenciado o defeito” para vícios ocultos (flexibilidade no início do prazo)
A garantia legal começa a correr depois de terminada a garantia
contratual (arts. 24, 25 e 50 c/c art. 7.º); logo, o prazo do art. 26 tem início a
depender da garantia contratual
Usa-se o prazo decadencial mais favorável ao consumidor (art. 7.º c/c art.
26)
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♦ Método
30 dias para produtos e serviços não duráveis
ex.: alimentos, refrigerantes etc.
ex.: organização de festas, fornecimento de informação pontual etc.
90 dias para produtos e serviços duráveis
ex.: eletrodomésticos, veículos etc.
ex.: serviços que se renovam ou são cobrados a cada 30 dias, como serviços
bancários, financeiros, de crédito, de fornecimento de informação, TV a cabo etc.
Obstam a decadência (prazo não corre ou reinicia-se completo!):
1. A reclamação formulada pelo consumidor ao fornecedor (qualquer
fornecedor da cadeia!) até a resposta negativa e inequívoca (art. 26, § 2.º, I)
2. A instauração de inquérito civil (art. 26, § 2.º, III), até seu encerramento
(final do recurso ao conselho superior)
IV – DIÁLOGOS ENTRE O CÓDIGO CIVIL DE 2002 E O CDC
▪ DIÁLOGO SISTEMÁTICO DE COERÊNCIA
Atenção – O CDC é lei especial para as relações de consumo e o CC/2002
é lei geral sobre direito civil; sendo assim, convivem no mesmo sistema.
Observe as convergências e as divergências.
♦ Convergência de princípios CDC e CC/2002
No art. 445 o CC/2002 também prevê a decadência (ao contrário do art.
178, §§ 2.º e 5.º, do CC/1916, que mencionava a prescrição) do direito a vícios
dos bens, móveis ou imóveis.
No art. 207 permite expressamente que lei especial (como o CDC) regule a
interrupção da decadência.
A jurisprudência já desenvolvera soluções semelhantes – v. Súmula 229 do
STJ:
“O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de
prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.”
No art. 445 o prazo é de um ano para bens imóveis, a contar da entrega
efetiva, a exemplo do art. 26, § 1.º (mas o § 3.º do art. 26 considera para vícios
ocultos que o prazo começa a correr “no momento em que ficar evidenciado
o defeito” e inclui também o “término da execução dos serviços”).
♦ Divergência de princípios CDC e CC/2002
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No art. 445 o CC/2002 menciona apenas os vícios dos produtos; não
inclui, como o CDC, os serviços na garantia, nem na decadência deste
direito.
No art. 445 do CC/2002 o prazo para todos os produtos móveis, duráveis e
não duráveis, é de 30 dias (móveis), enquanto no art. 26, II, o prazo é de 90
dias para produtos duráveis e o prazo inclui também o “término da execução
dos serviços” duráveis (90 dias) e não duráveis (30 dias) (§ 1.º).
No art. 445 do CC/2002 o vício é sempre oculto; no CDC, art. 26, § 3.º, para
vícios ocultos o prazo começa a correr “no momento em que ficar
evidenciado o defeito”.
▪ DIÁLOGO SISTEMÁTICO DE COMPLEMENTAÇÃO
Atenção – Use para complementar o CDC, no que couber, as normas do
CC/2002 que possuem os mesmos princípios e que não contrariam normas
ou princípios do CDC.
Ex vi art. 7.º do CDC, deve-se usar o prazo decadencial mais favorável ao
consumidor
Quanto ao prazo geral de prescrição, a jurisprudência usa o mais
favorável, esteja no CC/1916 ou no CC/2002.
Ex.: Súmula 194 do STJ: “Prescreve em 20 (vinte) a ação para obter, do
construtor, indenização por defeitos da obra.”
Atenção: Observe, sobre contagem de prazos, o art. 2.028 do CC/2002:
“Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este
Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da
metade do tempo estabelecido na lei revogada.”
Atenção – O CC/2002 corta todos os prazos prescricionais e decadenciais
negativos pela metade. A jurisprudência em matéria de bancos de dados
pode evoluir positivamente para o consumidor, ex vi art. 7.º, pois o CC/2002
pode ser usado por “assegurar” mais direitos aos consumidores. V. art. 27 do
CDC.
Ex.: O prazo prescricional das dívidas registradas em bancos de dados cairia
de 5 para 3 anos, ex vi art. 43, § 5.º, do CDC c/c art. 206, § 3.º, VIII, do CC/2002.
“Art. 206. Prescreve: (…) § 3.º Em 3 (três) anos: (…) VIII – a pretensão para
haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as
disposições de lei especial; (…).”
Cuidado – Parte da jurisprudência defende o uso do prazo geral (de 20
anos no CC/1916, art. 177, e de 10 anos no CC/2002, art. 205) para ações
ordinárias de cobrança da dívida; logo, poderia haver registro no banco de
dados. Aqui o art. 7.º do CDC deve ser usado segundo seu espírito e a
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definição do art. 189 do CC/2002: a pretensão de cobrança extingue-se pela
primeira prescrição, extinguindo a pretensão de registro da dívida. Ação
ordinária de dívida prescrita não dá direito a registro nos bancos de dados!
“Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.”
Art. 27. Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano
e de sua autoria.
Parágrafo único. (Vetado.)
I – DOUTRINA
Prescrição. Fato do produto ou do serviço. Pretensão à indenização: A
prescrição é o fim (extinção) da pretensão (Anspruch). Como hoje afirma o art. 189
do CC/2002, violado o direito, nasce para o seu titular a pretensão, a qual se
extingue pela prescrição. No sistema do CDC, o direito ao ressarcimento do dano
causado por fato do produto ou do serviço está positivado nos arts. 12 a 17, daí
nascer a pretensão de ressarcimento para todos os consumidores-vítimas (art. 17).
O prazo começa a correr do conhecimento do dano e de sua autoria,
cumulativamente, não bastando ter o consumidor-vítima conhecimento apenas do
dano. No sistema do CDC a prescrição da pretensão é de 5 anos, mas com início
flexível. Por exemplo, se a garantia legal começa a correr depois de terminada a
garantia contratual (arts. 24, 25 e 50 c/c art. 7.º), o prazo do art. 27 tem início a
depender da garantia contratual; por exemplo, em matéria de construção civil.
Combinando o art. 7.º com o art. 27, o aplicador da Lei deve usar o prazo
prescricional mais favorável ao consumidor. Quanto à flexibilidade do prazo de
cinco anos, no sistema do CDC, destaque-se ainda que a prescrição pode ser
suspensa ou interrompida (vejaregime geral, arts. 197 e ss. e 202 e ss. do
CC/2002).
Cinco anos. Do conhecimento do dano causado por fato do produto e do
serviço e sua autoria: O sistema do CDC para danos causados por fato do
produto ou fato do serviço (arts. 12 a 17) é objetivo e o prazo prescricional é de
cinco anos. O sistema do CDC impõe que este prazo prescricional passe a correr a
partir do conhecimento tanto do dano como também de sua autoria.
Assim, não basta ter ciência sobre a ocorrência do dano (ex.: desabamento de
prédio de moradia após tempestade, explosão de cozinha em virtude de botijão de
gás etc.), pois a norma exige a cumulação dos conhecimentos: dano e autoria.
Caso muito difícil é o do erro médico, que o CC/2002 tratou de forma especial. O
prazo do art. 27 do CDC parece menor que o do CC/2002, mas o início da sua
contagem é determinado apenas quando o consumidor realmente consegue
estabelecer que foi o erro de um determinado médico que causou o dano (autoria)
e que houve o dano (talvez apenas após exames e opiniões de outros médicos).No
espírito de utilizar o prazo mais favorável ao consumidor, este prazo do CDC, pelos
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detalhes em que foi criado, pode inclusive ser in concreto mais favorável ao
consumidor, que os prazos mais longos do CC/2002.
Uso do prazo mais favorável ao consumidor. Art. 27 c/c art. 7.º: O sistema
de responsabilidade sem culpa e solidária do CDC é rápido e eficaz, mas, em caso
de prescrição, a jurisprudência tem utilizado o art. 7.º do CDC (abertura do
sistema) para utilizar o prazo geral, de 20 anos do CC/1916, ou agora (art. 205 do
CC/2002), de 10 anos para beneficiar o consumidor, bem ao espírito do CDC. A
jurisprudência também atuou para considerar muito sabiamente que diversos
pedidos referentes ao defeito do produto e serviço, mesmo que conectados a
contratos – mas abrindo a possibilidade de danos morais – sejam tratados pelo art.
27 do CDC. E ainda esclareceu que o art. 26 do CDC restringe-se ao
inadimplemento parcial, sendo o art. 27 do CDC o prazo em caso de
inadimplemento total, pois há apenas a possibilidade de indenização pelos danos
materiais e morais.
Prazo de cinco anos não é o prazo geral: Nos últimos anos, em virtude do
uso de “analogias”, que são proibidas em matéria de prescrição e decadência, a
jurisprudência iniciou um debate se é possível utilizar o prazo de 5 anos do CDC
como prazo geral, para todos os temas de consumo não regulados no Código.
Neste sentido, parece-me importante frisar que o prazo geral é o do Código Civil,
seja os 20 anos do art. 179 do CC/1916, seja os dez anos do CC/2002. Assim, por
exemplo, a ação visando declarar cláusulas abusivas de consumo não está
submetida a este prazo. A atualização do CDC foi clara neste sentido, tentando
esclarecer que o prazo geral é o de 10 anos do Código Civil, mas este
esclarecimento nem seria necessário, face ao campo de aplicação expressamente
restrito do art. 27, não fossem as dúvidas criadas no caso da aceitação de que as
ações coletivas prescrevem prazos diferentes e mais curtos do que as pretensões
materiais individuais, como alguns julgados.
II – JURISPRUDÊNCIA
• Cirurgia plástica – Erro médico – Ação indenizatória – Aplicação do prazo
prescricional estabelecido pelo art. 27 do CDC – Art. 14, § 4.º (STJ – REsp
731.078/SP – 3.ª T. – rel. Min. Castro Filho – RDC 62).
Prazo prescricional do art. 27 do CDC não é prazo geral – Diálogo
necessário com o prazo geral do Código Civil – Prazo subsidiário do art. 205
para violações dos deveres de boa-fé
• Direito civil e do consumidor – Recurso especial – Relação entre banco e
cliente – Consumo – Celebração de contrato de empréstimo extinguindo o débito
anterior – Dívida devidamente quitada pelo consumidor – Inscrição posterior no
SPC, dando conta do débito que fora extinto por novação – Responsabilidade civil
contratual – Inaplicabilidade do prazo prescricional previsto no artigo 206, § 3.º, V,
do Código Civil. 1. O defeito do serviço que resultou na negativação indevida do
nome do cliente da instituição bancária não se confunde com o fato do serviço, que
pressupõe um risco à segurança do consumidor, e cujo prazo prescricional é
definido no art. 27 do CDC. 2. É correto o entendimento de que o termo inicial do
prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória é a data em que o
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consumidor toma ciência do registro desabonador, pois, pelo princípio da “actio
nata”, o direito de pleitear a indenização surge quando constatada a lesão e suas
consequências. 3. A violação dos deveres anexos, também intitulados
instrumentais, laterais, ou acessórios do contrato – tais como a cláusula geral de
boa-fé objetiva, dever geral de lealdade e confiança recíproca entre as partes –,
implica responsabilidade civil contratual, como leciona a abalizada doutrina com
respaldo em numerosos precedentes desta Corte, reconhecendo que, no caso, a
negativação caracteriza ilícito contratual. 4. O caso não se amolda a nenhum dos
prazos específicos do Código Civil, incidindo o prazo prescricional de dez anos
previsto no artigo 205, do mencionado Diploma. 5. Recurso especial não provido
(STJ – 4.ª T. – REsp 1.276.311/RS – rel. Min. Luis Felipe Salomão – j. 20.09.2011 –
DJe 17.10.2011).
• Civil, processo civil e consumidor – Reparação civil – Prescrição – Prazo –
Conflito intertemporal – CC/1916 e CC/2002 – Acidente de trânsito envolvendo
fornecedor de serviço de transporte de pessoas – Terceiro, alheio à relação de
consumo, envolvido no acidente – Consumidor por equiparação – Embargos de
declaração – Decisão omissa – Intuito protelatório – Inexistência. 1. Em relação à
regra de transição do art. 2.028 do CC/2002, dois requisitos cumulativos devem
estar presentes para viabilizar a incidência do prazo prescricional do CC/1916: i) o
prazo da lei anterior deve ter sido reduzido pelo CC/2002; e ii) mais da metade do
prazo estabelecido na lei revogada já deveria ter transcorrido no momento em que
o CC/2002 entrou em vigor. Precedentes. 2. Os novos prazos fixados pelo
CC/2002 e sujeitos à regra de transição do art. 2.028 devem ser contados a partir
da sua entrada em vigor, isto é, 11 de janeiro de 2003. 3. O art. 17 do CDC prevê a
figura do consumidor por equiparação (bystander), sujeitando à proteção do CDC
aqueles que, embora não tenham participado diretamente da relação de consumo,
sejam vítimas de evento danoso decorrente dessa relação. 4. Em acidente de
trânsito envolvendo fornecedor de serviço de transporte, o terceiro vitimado em
decorrência dessa relação de consumo deve ser considerado consumidor por
equiparação. Excepciona-se essa regra se, no momento do acidente, o fornecedor
não estiver prestando o serviço, inexistindo, pois, qualquer relação de consumo de
onde se possa extrair, por equiparação, a condição de consumidor do terceiro. 5.
Tendo os embargos de declaração sido opostos objetivando sanar omissão
presente no julgado, não há como reputá-los protelatórios, sendo incabível a
condenação do embargante na multa do art. 538, parágrafo único, do CPC/1973.
6. Recurso especial parcialmente provido (STJ – 3.ª T. – REsp 1.125.276/RJ – rel.
Nancy Andrighi – j. 28.02.2002 – DJ 07.03.2012).
Planos de saúde – Prazo geral do Código Civil – Diálogo das fontes
• Processual civil – Recurso especial – Ação civil pública – Ministério público –
Plano de saúde – Interesse individual indisponível – Reajuste – Cláusula abusiva –
Prescrição – Art. 27 do CDC – Inaplicabilidade – Lei 7.347/1985 omissa –
Aplicação do art. 205 do CC/2002 – Prazo prescricional de 10 anos – Recurso não
provido. 1. A previsãoinfraconstitucional a respeito da atuação do Ministério
Público como autor da ação civil pública encontra-se na Lei 7.347/1985 que dispõe
sobre a titularidade da ação, objeto e dá outras providências. No que concerne ao
prazo prescricional para seu ajuizamento, esse diploma legal é, contudo, silente. 2.
Aos contratos de plano de saúde, conforme o disposto no art. 35-G da Lei
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9.656/1998, aplicam-se as diretrizes consignadas no CDC, uma vez que a relação
em exame é de consumo, porquanto visa a tutela de interesses individuais
homogêneos de uma coletividade. 3. A única previsão relativa à prescrição contida
no diploma consumerista (art. 27) tem seu campo de aplicação restrito às ações de
reparação de danos causados por fato do produto ou do serviço, não se aplicando,
portanto, à hipótese dos autos, em que se discute a abusividade de cláusula
contratual. 4. Por outro lado, em sendo o CDC lei especial para as relações de
consumo – as quais não deixam de ser, em sua essência, relações civis – e o CC,
lei geral sobre direito civil, convivem ambos os diplomas legislativos no mesmo
sistema, de modo que, em casos de omissão da lei consumerista, aplica-se o CC.
5. Permeabilidade do CDC, voltada para a realização do mandamento
constitucional de proteção ao consumidor, permite que o CC, ainda que lei geral,
encontre aplicação quando importante para a consecução dos objetivos da norma
consumerista. 6. Dessa forma, frente à lacuna existente, tanto na Lei 7.347/1985,
quanto no CDC, no que concerne ao prazo prescricional aplicável em hipóteses em
que se discute a abusividade de cláusula contratual, e, considerando-se a
subsidiariedade do CC às relações de consumo, deve-se aplicar, na espécie, o
prazo prescricional de 10 (dez) anos disposto no art. 205 do CC. 7. Recurso
especial não provido (STJ – 3.ª T. – REsp 995.995/DF – rel. Nancy Andrighi – j.
19.08.2011 – DJ 16.11.2010).
Compra de adubo com defeito – Vulnerabilidade – Prazo de 5 anos
• Código de Defesa do Consumidor – Destinatário final: conceito – Compra de
adubo – Prescrição – Lucros cessantes. 1. A expressão “destinatário final”,
constante da parte final do art. 2.º do Código de Defesa do Consumidor, alcança o
produtor agrícola que compra adubo para o preparo do plantio, à medida que o
bem adquirido foi utilizado pelo profissional, encerrando-se a cadeia produtiva
respectiva, não sendo objeto de transformação ou beneficiamento. 2. Estando o
contrato submetido ao Código de Defesa do Consumidor, a prescrição é de cinco
anos. 3. Deixando o acórdão recorrido para a liquidação por artigos a condenação
por lucros cessantes, não há prequestionamento dos arts. 284 e 462 do Código de
Processo Civil, e 1.059 e 1.060 do Código Civil [arts. 402 e 403, CC/2002], que não
podem ser superiores ao valor indicado na inicial. 4. Recurso especial não
conhecido (STJ – 3.ª T. – REsp 208793/MT – rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito – j. 18.11.1999).
Indenização por dano moral resultante de falha do serviço de turismo –
Final da Copa do mundo – Prazo de ilícito ou de fato do serviço – 5 anos
• Pacote turístico – Copa do mundo – Art. 27 do Código de Defesa do
Consumidor. 1. A ação de indenização pela falta de entrega dos ingressos para a
final da Copa do Mundo, incluídos no pacote turístico comprado pelos autores, está
subordinada ao prazo de cinco anos previsto no art. 27 do Código de Defesa do
Consumidor, e não ao art. 26 do mesmo Código. 2. Recurso especial não
conhecido (STJ – 4.ª T. – REsp 435830/RJ – rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito – j. 11.02.2003).
Ressarcimento de Dano moral com prazo de 5 anos mesmo em caso de
vício do serviço de pretensão caduca
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• Direito do consumidor – Ação de indenização por danos materiais e morais
decorrentes de vícios no serviço – Prescrição – Cinco anos – Incidência do art. 27
do CDC. 1. Escoado o prazo decadencial de 90 (noventa) dias previsto no art. 26,
II, do CDC, não poderá o consumidor exigir do fornecedor do serviço as
providências previstas no art. 20 do mesmo Diploma – reexecução do serviço,
restituição da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço –, porém, a
pretensão de indenização dos danos por ele experimentados pode ser ajuizada
durante o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, porquanto rege a hipótese o art. 27
do CDC. 2. Recurso especial conhecido e provido (STJ – 4.ª T. – REsp 683.809/RS
– rel. Luis Felipe Salomão – j. 18.03.2010 – DJ 03.05.2010).
Cobrança indevida de serviços não contratados configura fato do serviço
– Ação indenizatória do consumidor prescreve em cinco anos
• Direito do consumidor – Prestação de contas ajuizada em face de instituição
financeira – Cobrança não contratada de taxas e tarifas bancárias – Direito de
repetição – Prazo decadencial do art. 26, CDC – Inaplicabilidade. Na hipótese de
vício, os prazos são decadenciais, nos termos do art. 26 do CDC, sendo de 30
(trinta) dias para produto ou serviço não durável e de 90 (noventa) dias para
produto ou serviço durável. Já a pretensão à reparação pelos defeitos vem
regulada no art. 27 do CDC, prescrevendo em 5 (cinco) anos. O pedido para
repetição de taxas e tarifas bancárias pagas indevidamente, por serviço não
prestado, não se equipara às hipóteses estabelecidas nos arts. 20 e 26, CDC.
Repetir o pagamento indevido não equivale a exigir reexecução do serviço, à
redibição e tampouco ao abatimento do preço, pois não se trata de má –prestação
do serviço, mas de manifesto enriquecimento sem causa, porque o banco cobra
por serviço que jamais prestou. Os precedentes desta Corte impedem que a
instituição financeira exija valores indevidos, mesmo que tais quantias não tenham
sido reclamadas pelos consumidores nos prazos decadenciais do art. 26, CDC.
Diante deste entendimento, de forma análoga, não se pode impedir a repetição do
indébito reclamada pelo consumidor. Recurso Especial provido (STJ – REsp
1094270/PR – rel. Min. Nancy Andrighi, 3.ª T., j. 02.12.2008, – DJe 19.12.2008).
Saque indevido – Responsabilidade do Banco – Art. 27 do CDC
• Apelação cível – Responsabilidade civil – Indenização por dano moral –
Saque indevido de valor depositado em conta corrente – Relação de consumo. –
Código de Defesa do Consumidor. Pleito fundado em fato de serviço. Prescrição
quinquenária. Reconhecimento de ofício. Análise do recurso prejudicada.
Reconhecida a existência de relação de consumo entre as partes, o direito ao
pleito de indenização por fato de serviço prescreve em 5 (cinco) anos, a teor do art.
27 do Código de Defesa do Consumidor (TJSC – Ap.Cív. 2007.033122-9 – rel.
Des.Henry Petry Junior –3.ª Câm. Dir. Civ. – j. 18.01.2008).
Inscrição indevida nos bancos de dados pelo banco é relação de
consumo – ADI 2591 – Prazo geral de prescrição pois não seria fato do
serviço
• Civil e processual civil – Consumidor – Ação indenizatória – Inscrição indevida
em cadastro de proteção ao crédito – Danos morais – Prescrição. 1. A relação
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jurídica existente entre o contratante/usuário de serviços bancários e a instituição
financeira é disciplinada pelo Código de Defesa do Consumidor, conforme decidiu
a Suprema Corte na ADI 2591. Precedentes. 2. O defeito do serviço ensejador de
negativação indevida do nome do consumidor, ato ilícito em essência,
caracterizando-se também infração administrativa (art. 56 do CDC c/c oart. 13, inc.
XIII, do Decreto 2.181/97) e ilícito penal (arts. 72 e 73 do CDC), gerando direito à
indenização por danos morais, não se confunde com o fato do serviço, que
pressupõe um risco à segurança do consumidor. 3. Portanto, não se aplica, no
caso, o art. 27 CDC, que se refere aos arts. 12 a 17, do mesmo diploma legal. 4.
Inexistindo norma específica quanto ao prazo prescricional aplicável ao caso, é de
rigor a incidência do art. 177 do CC/1916. 5. Recurso especial conhecido e
provido. (REsp 740.061/MG – rel. Min. Luis Felipe Salomão – 4.ª T. – j.02.03.2010
– DJe 22.03.2010).
Publicação incorreta do nome em lista telefônica é fato do serviço e
prescreve em cinco anos
• Consumidor – Recurso especial – Danos decorrentes de falha na prestação
do serviço – Publicação incorreta de nome e número de assinante em listas
telefônicas – Ação de indenização – Prazo – Prescrição – Incidência do art. 27 do
CDC e não do art. 26 do mesmo Código. O prazo prescricional para o consumidor
pleitear o recebimento de indenização por danos decorrentes de falha na
prestação do serviço é de 5 (cinco) anos, conforme prevê o art. 27 do CDC, não
sendo aplicável, por consequência, os prazos de decadência, previstos no art. 26
do CDC. A ação de indenização movida pelo consumidor contra a prestadora de
serviço, por danos decorrentes de publicação incorreta de seu nome e/ou número
de telefone em lista telefônica, prescreve em cinco anos, conforme o art. 27, do
CDC. Recurso especial não conhecido. (REsp 722.510/RS – rel. Min. Nancy
Andrighi, 3.ª T., j. 29.11.2005 – DJ 01.02.2006, p. 553, RDC 62).
Fato do produto – Contagem do prazo do dano e conhecimento da autoria
– Pretensão de reparação de danos
• Responsabilidade por dano decorrente de fato do produto ou serviço –
Extinção do direito de exigir a reparação – Prazo quinquenal – Incidência do art. 27
do CDC. O direito de exigir a reparação por danos decorrentes de fato do produto
ou serviço só se extingue no prazo de cinco anos, contados da data do
conhecimento do dano e sua autoria, porque subsumido na hipótese do art. 27 do
CDC. Agravo desprovido (TJRS – 9.ª Câm. – Ag. In. 70000587212 – rel. Des. Mara
Larsen Chechi – j. 17.05.2000).
• Apelação cível – Responsabilidade civil – Ação de indenização de danos
materiais e morais – Roubo de automóvel – Defeito no equipamento antifurto –
Inexistência de provas de que defeito no equipamento tenha facilitado o roubo.
Dano moral não configurado – Agravo retido conhecido e desprovido – Decadência
não reconhecida – Não se trata de reclamação de sanação de vício, mas sim de
pretensão à reparação de danos, caso em que aplicável o art. 27 – e não o art. 26
– do CDC. O prazo prescricional estabelecido por tal dispositivo é de cinco anos,
contados do conhecimento do dano e de sua autoria, que a toda evidência, não se
consumou. A controvérsia cinge-se a perquirir se houve falha na prestação do
16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2
serviço de equipamento antifurto, na ocasião do assalto à mão armada, por não ter
disparado o alarme e bloqueado o motor do veículo (…). Unânime (TJ/RS –
Apelação Cível 70033247024 – 9.ª Câm. Cív. – rel. Iris Helena Medeiros Nogueira,
j. 12.05.2010).
Pretensão indenizatória do consumidor oferecimento de curso de
mestrado não reconhecido prescreve em cinco anos – Inadimplemento
absoluto
• Direito do consumidor – Oferecimento de curso de mestrado – Posterior
impossibilidade de reconhecimento, pela CAPES/MEC, do título conferido pelo
curso – Alegação de decadência do direito do consumidor a pleitear indenização –
Afastamento – Hipótese de inadimplemento absoluto da obrigação da instituição de
ensino, a atrair a aplicação do art. 27 do CDC – Alegação de inexistência de
competência da CAPES para reconhecimento do mestrado, e de exceção por
contrato não cumprido – Ausência de prequestionamento. Na esteira de
precedentes desta Terceira Turma, as hipóteses de inadimplemento absoluto da
obrigação do fornecedor de produtos ou serviços atraem a aplicação do art. 27 do
CDC, que fixa prazo prescricional de 5 anos para o exercício da pretensão
indenizatória do consumidor. Ausente o prequestionamento da matéria, não é
possível conhecer das alegações de que não é da competência da CAPES
reconhecer o mestrado controvertido, ou de que se aplicaria, à hipótese dos autos,
a exceção de contrato não cumprido. Recurso especial não conhecido (STJ –
REsp 773.994/MG – rel. Min. Nancy Andrighi – 3.ª T. – j. 22.05.2007 – DJ
18.06.2007 p. 258).
Dano pelo defeito do serviço de lista telefônica é ilícito – Dano contratual
e extracontratual – Prazo quinquenal
• Civil e processual. Ação de indenização. Publicação de anúncio
incorretamente nas listas telefônicas, com número trocado. Restaurante. Dano
moral, em face de a clientela ficar frustrada e ser destratada ao ser atendida ao
telefone. Discussão na via especial sobre o prazo decadencial e a data inicial de
sua fluição. Situação que recai, na verdade, na hipótese do art. 27 do CDC e não
na do art. 26, II, e § 1.º prazo quinquenal. I. A ação de indenização movida pelo
consumidor contra a prestadora de serviço por defeito relativo à prestação do
serviço prescreve em cinco anos, ao teor do art. 27 c/c o art. 14, caput, do CDC. II.
Em tal situação se insere o pedido de reparação de danos materiais e morais
dirigido contra a empresa editora das listas telefônicas em face de haver sido
publicado erroneamente o número de telefone do restaurante anunciante, o que
direcionou pedidos de fornecimento de alimentos a terceira pessoa, que destratou
a clientela da pizzaria, causando-lhe desgaste de imagem. III. Acórdão estadual
que ao confirmar sentença que deferira os danos morais, enquadrou a hipótese no
prazo decadencial do art. 26, II, do CDC, que, todavia, não é aplicável à espécie,
por se direcionar, em verdade, à ação que objetiva a rescisão ou alteração do
negócio avençado, o que não é o caso dos autos. IV. Ainda que se cuidasse de
incidência, mesmo, do art. 26, II, estaria correta a interpretação dada pelo Tribunal
a quo, de que a contagem teria início apenas com o fim do período de circulação
das listas telefônicas, porquanto compreende-se, aí, que a prestação do serviço foi
contínua durante todo esse tempo.V. Destarte, seja pela aplicação do prazo
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quinquenal do art. 27, seja pela do art. 26, II, parágrafo único, na exegese dada à
espécie, foi atempado o ajuizamento da ação indenizatória.VI. Recurso especial
conhecido e improvido (STJ – 4.ª T. – REsp. 511558/MS, rel. Min. Aldir Passarinho
Junior, j. 13.04.2004).
Revisional não se confunde com reparação de danos – Prazo geral e não
do art. 27 do CDC
• Civil. Ação revisional de contrato bancário. 1. Prescrição. A ação de revisão
contratual não se confunde com a ação de reparação de danos, de tal sorte que é
inaplicável o prazo prescricional quinquenal previsto no Código de Defesa do
Consumidor. A hipótese refere-se a direito pessoal e se sujeita ao lapso
prescricional vintenário. 2. Revisão contratual. Cobrança de encargos excessivos
pela instituição financeira. Mitigação do principio pacta sunt servanda.
Necessidade de intervenção do Poder Judiciário no contrato para preservação dos
princípios da boa-fé, igualdade e transparência contratual, dentre outros. 3. Código
de Defesa do Consumidor. Aplicação aos contratos bancários porque, por
expressa disposição legal, constituem relações de consumo (…) (TJPR – 1.ª Câm.
Cív. – Ap. Cív. 22219 – rel. Des. Ulysses Lopes, j. 17.09.2002).
Ação de cobrança em seguro não se confunde com reparação de danos –
Prazo especial do CC e não do art.

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