Buscar

FELDMAN cap 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MemóriaMemória
66
Feldman_06.indd 202Feldman_06.indd 202 26/11/14 14:1326/11/14 14:13
Resultados de Aprendizagem para o Capítulo 1
M Ó D U L O 1
RA 1-1 O que é a ciência da psicologia? Os psicólogos no trabalho 5
As subáreas da psicologia: a árvore 
genealógica da psicologia 6
Trabalhando em psicologia 9
TrabalhoPsi: Assistente social 10
RA 1-2 Quais são as principais especialidades no campo da 
psicologia?
RA 1-3 Onde os psicólogos trabalham?
M Ó D U L O 2
RA 2-1 Quais são as origens da psicologia? Uma ciência desenvolve-se: o passado, 
o presente e o futuro 14
As raízes da psicologia 14
Perspectivas atuais 16
Aplicando a psicologia no século XXI: A 
psicologia é importante 20
As principais questões e controvérsias da 
psicologia 21
A neurociência em sua vida: Lendo os filmes 
em sua mente 23
Futuro da psicologia 23
RA 2-2 Quais são das principais abordagens na psicologia 
contemporânea?
RA 2-3 Quais são as principais questões e controvérsias 
da psicologia?
RA 2-4 O que o futuro da psicologia provavelmente nos reserva?
M Ó D U L O 3
RA 3-1 O que é o método científico? Pesquisa em psicologia 26
O método científico 26
Pesquisa psicológica 28
Pesquisa descritiva 29
Pesquisa experimental 32
RA 3-2 Que papel as teorias e hipóteses desempenham na 
pesquisa psicológica?
RA 3-3 Que métodos de pesquisa os psicólogos utilizam?
RA 3-4 Como os psicólogos estabelecem relações de causa e 
efeito nos estudos de pesquisa.
M Ó D U L O 4
RA 4-1 Quais são as principais questões confrontadas pelos 
psicólogos que realizam pesquisa?
Questões cruciais de pesquisa 40
A ética da pesquisa 40
Explorando a diversidade: Escolhendo 
participantes que representam o escopo do 
comportamento humano 41
A neurociência em sua vida: A Importância 
de usar participantes representativos 42
Animais devem ser usados em pesquisas? 42
Ameaças à validade experimental: evitando o 
viés experimental 43
Tornando-se um consumidor informado de 
psicologia: pensando criticamente sobre a 
pesquisa 44
Resultados de Aprendizagem para o Capítulo 6
M Ó D U L O 1 8
RA 18-1 O que é memória? Os Fundamentos da Memória
Memória sensorial
Memória de curto prazo
Memória de trabalho
Memória de longo prazo
A Neurociência em sua Vida: Experiência, 
memória e cérebro
Aplicando a Psicologia no Século XXI: 
Memória de um frasco
RA 18-2 Existem diferentes tipos de memória?
RA 18-3 Quais são as bases biológicas da memória?
M Ó D U L O 1 9
RA 19-1 O que causa dificuldades e déficits de memória? Recordando Memórias de Longo Prazo
Pistas de recuperação
Níveis de processamento
Memória explícita e implícita
Memórias instantâneas
Processos construtivos na memória: 
reconstruindo o passado
Explorando a Diversidade: Existem 
diferenças interculturais na memória?
M Ó D U L O 2 0
RA 20-1 Por que esquecemos as informações? Esquecendo: Quando a Memória Falha
Por que esquecemos
Interferência proativa e retroativa: o antes e o 
depois do esquecimento
Disfunções da memória: aflições do 
esquecimento
A Neurociência em sua Vida: Doença de 
Alzheimer e deterioração cerebral
Tornando-se um Consumidor Informado de 
Psicologia: Melhorando sua memória
RA 20-2 Quais são os principais comprometimentos de memória?
Feldman_06.indd 203Feldman_06.indd 203 26/11/14 14:1326/11/14 14:13
Prólogo Lembrando-se de tudo
Louise Owen tem a aparência típica de uma pessoa de 37 
anos. Violinista profissional, ela mora na cidade de Nova York.
Mas Louise está longe de ser típica. Ela é capaz de se lem-
brar de cada dia de sua vida desde a idade de 11 anos.
Pergunte a ela o que estava fazendo cinco, 10, mesmo 20 
anos atrás, e ela saberá exatamente o que estava fazendo em 
determinado dia.
Por exemplo, questionada sobre o que estava fazendo 
em 2 de janeiro de 1990, ela responde: “Neste exato momen-
to, estou me lembrando das aulas de jogging que comecei 
naquela manhã... Lembro-me do treinador dizendo ‘conti-
nue!’ ”.
Como Louise faz isso? É um pouco misterioso até mesmo 
para ela. Quando indagada sobre outra data, escolhida total-
mente a esmo – 21 de abril de 1991 –, ela diz: “1991, certo. 21 
de abril. Então, no momento entre ‘21 de abril’ e ‘1991’, repas-
sei todos os 21 de abril, pensando ‘Qual deles vai ser? Qual de-
les vai ser?’ Certo. 1991, que era um domingo. E eu estava em 
Los Angeles, pois tinha um concerto com a American Youth 
Symphony” (Stahl, 2010).
Olhando à frente
Louise Owen deve sua notável memória a uma rara condição 
chamada de síndrome hipertimésica, a qual afeta a parte de sua 
memória que armazena experiências relacionadas a eventos 
de vida. Ela tem lembranças vívidas perfeitas de praticamente 
todos os dias de sua vida. A propósito, se você está pensando 
se pessoas como Owen estão recordando com precisão, parece 
que sim: toda vez que elas dizem algo que pode ser corrobo-
rado por provas (como o clima em determinada data, usando 
registros climáticos), comprovou-se a sua exatidão.
A condição de Owen ilustra a complexidade e o mistério 
do fenômeno que chamamos de memória. A memória permi-
te-nos recuperar uma grande quantidade de informações. So-
mos capazes de lembrar o nome de um amigo que não vemos 
há anos e recordar os detalhes de um quadro que ficava pen-
durado em nosso quarto quando crianças. Ao mesmo tempo, 
contudo, déficits de memória são comuns. Esquecemos onde 
deixamos as chaves do carro e não conseguimos responder a 
uma pergunta em uma prova sobre um conteúdo que estuda-
mos apenas algumas horas antes. Por quê?
Passemos agora para a natureza da memória, consideran-
do o modo como a informação é armazenada e recuperada. 
Examinaremos os problemas de recuperar informações da 
memória, a precisão das lembranças e as razões pelas quais 
às vezes a informação é esquecida. Também consideraremos 
os fundamentos biológicos da memória e discutiremos alguns 
meios práticos de aumentar sua capacidade.
Feldman_06.indd 204Feldman_06.indd 204 26/11/14 14:1326/11/14 14:13
Os Fundamentos da Memória
MÓDULO 18
Você está disputando uma partida de Trivial Pursuit, e vencer o jogo resume-se a uma per-
gunta: Em que corpo de água Mumbai está localizado? Enquanto você quebra a cabeça em 
busca da resposta, vários processos fundamentais relacionados à memória entram em jogo. 
Por exemplo, você pode não ter sido exposto à informação sobre a localização de Mumbai. 
Ou, se foi, pode simplesmente não tê-la registrado de maneira significativa. Em outras pala-
vras, a informação pode não ter sido registrada corretamente em sua memória. O processo 
inicial de registrar informações de um modo que possa ser usado pela memória, processo 
conhecido como codificação, é a primeira etapa na recordação de algo.
Mesmo que você tivesse sido exposto à informação e originalmente soubesse o nome 
do corpo de água, é possível que seja incapaz de recordá-la durante a partida por causa de 
uma falha na retenção. Os especialistas em memória falam de armazenamento, a manuten-
ção do material salvo na memória. Se o material não é armazenado de modo adequado, não 
pode ser recordado posteriormente.
A memória também depende de um último processo – a recuperação: o material arma-
zenado tem de ser localizado e levado à consciência para ser usado. Sua incapacidade de 
recordar a localização de Mumbai, então, pode residir em sua incapacidade de recuperar 
informação que você recebeu anteriormente.
Em suma, os psicólogos consideram como memória o processo pelo qual codificamos, 
armazenamos e recuperamos informações (ver Fig. 1). Cada uma das três ações dessa de-
finição – codificar, armazenar e recuperar – representa um processo diferente. Você pode 
pensar esses processos como análogos ao teclado de um computador (codificação), ao disco 
rígido (armazenamento) e ao programa que acessa a informação para exibição na tela (re-
cuperação). Somente se todos os três processos operaram você terá êxito e será capaz de 
recordar o corpo de água onde se localiza Mumbai: o Mar Árabe.
Reconhecer que a memória envolve codificação, armazenamentoe recuperação forne-
ce-nos um ponto de partida para compreender o conceito. Mas como a memória realmente 
funciona? Como explicamos qual informação é inicialmente codificada, qual é armazenada 
e como ela é recuperada?
Segundo a abordagem dos três sistemas da memória, que dominou a pesquisa nesse 
campo durante várias décadas, existem diferentes sistemas ou etapas de armazenamento 
da memória por meio dos quais a informação deve passar para que possa ser lembrada 
(Atkinson & Shiffrin, 1968, 1971). Ao longo da história, essa abordagem tem sido ex-
tremamente influente na compreensão da memória e – embora novas teorias a tenham 
expandido – ela ainda fornece um arcabouço útil para compreender como a informação 
é recordada.
memória Processo pelo qual 
codificamos, armazenamos e 
recuperamos informações.
Resultados de 
Aprendizagem
RA 18-1 O que é 
memória?
RA 18-2 Existem 
diferentes tipos de 
memória?
RA 18-3 Quais são as 
bases biológicas da 
memória?
FIGURA 1 A memória 
baseia-se em três proces-
sos básicos – codificação, 
armazenamento e recu-
peração – que são análo-
gos ao teclado, ao disco 
rígido e ao programa de 
um computador para 
acessar a informação a ser 
exibida na tela. Contudo, 
a analogia não é perfeita, 
pois a memória humana é 
menos precisa do que um 
computador. Como pode-
mos modificar a analogia 
para torná-la mais precisa?
Codificação
(Registro inicial 
da informação)
Armazenamento 
(Informação salva 
para uso futuro)
Recuperação 
(Recuperação da 
informação armazenada)
Feldman_06.indd 205Feldman_06.indd 205 26/11/14 14:1326/11/14 14:13
206 Capítulo 6 Memória
A teoria dos três sistemas propõe a existência de três armazenamentos de memória 
separados, conforme mostrado na Figura 2. A memória sensorial refere-se ao armazena-
mento momentâneo inicial da informação, que dura apenas um instante. Aqui, uma réplica 
exata do estímulo registrado pelo sistema sensorial de uma pessoa é armazenada por um 
tempo muito curto. Em uma segunda etapa, a memória de curto prazo retém a informação 
por 15 a 25 segundos e a armazena de acordo com seu significado, e não como mera estimu-
lação sensorial. O terceiro tipo de sistema de armazenamento é a memória de longo prazo. 
A informação é armazenada na memória de longo prazo de uma forma relativamente per-
manente, embora possa ser difícil recuperá-la.
Memória sensorial
O clarão momentâneo de um raio, o som de um graveto quebrando-se e a ardência de uma 
picada representam estímulos de duração extremamente breve; não obstante, fornecem uma 
informação importante que pode exigir uma resposta. Esses estímulos são inicialmente – e 
fugazmente – armazenados na memória sensorial, o primeiro repositório das informações 
que o mundo apresenta. Na verdade, existem vários tipos de memórias sensoriais, cada um 
deles relacionado a uma fonte de informação sensorial diferente. Por exemplo, a memória 
icônica reflete informações do sistema visual. A memória ecoica armazena as informações 
auditivas provenientes das orelhas. Além disso, existem memórias correspondentes para 
cada um dos outros sentidos.
A memória sensorial pode armazenar informações somente por um tempo muito cur-
to. Se a informação não passa para a memória de curto prazo, ela se perde para sempre. 
Por exemplo, apesar da breve duração da memória sensorial, sua precisão é alta: ela pode 
armazenar uma réplica quase exata de cada estímulo ao qual é exposta (Darwin, Turvey, & 
Crowder, 1972; Long & Beaton, 1982; Sams et al., 1993; Deouell, Parnes, & Pickard, 2006; 
Saneyoshi et al., 2011).
memória sensorial 
Armazenamento 
momentâneo inicial da 
informação, que dura apenas 
um instante.
memória de curto prazo 
Memória que retém a 
informação por 15 a 25 
segundos.
memória de longo prazo 
Memória que armazena 
a informação de maneira 
relativamente permanente, 
embora possa ser difícil 
recuperá-la.
Visão (icônica)
Som (ecoica)
Outras memórias sensoriais
Memória de
curto prazo
Ensaio repetitivo 
(retém informação na 
memória de curto prazo)
Ensaio elaborativo 
(move a informação para 
a memória de longo prazo)
Esquecimento 
tipicamente dentro 
de 1 segundo
Esquecimento 
dentro de 15 a 
25 segundos
Informação Memórias sensoriais
Memória de
longo prazo
FIGURA 2 No modelo de três estágios da memória, a informação inicialmente registrada pelo 
sistema sensorial da pessoa entra na memória sensorial, que armazena a informação tempora-
riamente. A informação então passa para a memória de curto prazo, que a armazena por 15 a 25 
segundos. Enfim, a informação pode passar para a memória de longo prazo, que é relativamente 
permanente. Dependendo do tipo e da quantidade de ensaio do material que é realizado, a infor-
mação é transferida para a memória de curto ou de longo prazo.
(Fonte: Atkinson & Shifrin, 1968.)
Alerta de 
estudo
Embora os 
três tipos de 
memória sejam 
discutidos como 
armazéns de memória 
separados, eles não são 
minidepósitos localizados 
em áreas específicas do 
cérebro. Em vez disso, 
representam três tipos 
diferentes de sistemas 
de memória com 
características distintas.
Feldman_06.indd 206Feldman_06.indd 206 26/11/14 14:1326/11/14 14:13
Módulo 18 Os Fundamentos da Memória 207
O psicólogo George Sperling (1960) demonstrou a existência da memória sensorial em 
uma série de estudos inteligentes clássicos. Ele expôs pessoas brevemente a uma série de 12 
letras ordenadas no seguinte padrão:
 F T Y C
 K D N L
 Y W B M
Quando exposta a esse padrão de letras por apenas um vigésimo de segundo, a maioria 
das pessoas só foi capaz de recordar quatro ou cinco das letras com precisão. Embora elas sou-
bessem que tinham visto mais, a memória daquelas letras tinha desaparecido no momento em 
que elas relataram as primeiras letras. Era possível, então, que a informação tivesse inicialmen-
te sido armazenada com precisão na memória sensorial. Contudo, durante o tempo que levou 
para verbalizar as primeiras quatro ou cinco letras, a memória das outras letras desapareceu.
Para testar essa possibilidade, Sperling realizou um experimento em que um som alto, 
médio ou baixo tocava logo depois que uma pessoa era exposta ao conjunto completo das 
letras. Pediu-se às pessoas que nomeassem as letras na linha superior caso ouvissem um 
som alto, na linha intermediária caso ouvissem o som médio, ou na linha inferior se ouvis-
sem o som baixo. Uma vez que o som tocava depois da exposição, as pessoas tinham de se 
basear em suas memórias para descrever a fila correta.
Os resultados do estudo mostraram claramente que as pessoas estavam armazenando 
o conjunto completo na memória. Elas recordavam com precisão das letras na linha que 
havia sido indicada pelo som independentemente de ser a linha superior, intermediária ou 
inferior. Obviamente, todas as linhas que elas haviam visto tinham sido armazenadas na 
memória sensorial. Apesar da perda rápida, a informação na memória sensorial era uma 
representação precisa do que as pessoas tinham visto.
Prolongando gradualmente o tempo entre a apresentação do padrão visual e o som, 
Sperling pôde determinar com alguma precisão a quantidade de tempo que a informação 
ficava armazenada na memória sensorial. A capacidade de recordar determinada linha do 
conjunto quando o som era tocado diminuiu progressivamente à medida que o período en-
tre a exposição visual e o som aumentou. Esse declínio continuou até que o período chegas-
se a um segundo de duração, ponto em que a linha não podia absolutamente ser recordada 
com precisão. Sperling concluiu que a imagem visual inteira ficava armazenada na memória 
sensorial por menos de um segundo.
Em suma, a memória sensorial funciona como uma espécie de retrato que armazena 
informações – as quais podem ser de natureza visual, auditiva ou de outra natureza sen-
sorial – por um breve instante no tempo. Porém, é como se cada retrato, imediatamente 
depois de ser tirado, fosse destruído e substituído por um novo. A menos que a informação 
no retrato seja transferida aalgum tipo de memória, ela se perde.
Memória de curto prazo
Dado que a informação que é armazenada brevemente na memória sensorial consiste em 
representações de estímulos sensoriais brutos, ela não tem significado para nós. Para dar-
-lhe sentido e possivelmente retê-la, a informação precisa ser transferida para a próxima 
etapa da memória: a memória de curto prazo. A memória de curto prazo é o local onde a 
informação adquire seu primeiro significado, embora a duração máxima da retenção ali 
seja relativamente curta (Hamilton & Martin, 2007).
O processo específico pelo qual as memórias sensoriais são transformadas em memó-
rias de curto prazo não está claro. Alguns teóricos sugerem que a informação é primei-
ro traduzida em representações gráficas ou imagens, enquanto outros conjecturam que a 
transferência ocorre quando os estímulos sensoriais são convertidos em palavras (Baddeley 
& Wilson, 1985). O que está claro, porém, é que, diferentemente da memória sensorial, que 
contém uma representação relativamente completa e detalhada – mesmo que efêmera – do 
mundo, a memória de curto prazo tem capacidades representacionais incompletas.
O clarão momentâneo de 
um raio deixa uma memó-
ria visual sensorial, uma ré-
plica fugaz, mas exata, do 
estímulo que desaparece.
Feldman_06.indd 207Feldman_06.indd 207 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
208 Capítulo 6 Memória
Na verdade, a quantidade específica de informações que podem ser mantidas na me-
mória de curto prazo foi identificada com sendo de sete itens ou “agrupamento” de infor-
mação, com variações de duas porções a mais ou a menos. Um agrupamento são porções 
de informações que podem ser armazenadas na memória de curto prazo. Por exemplo, um 
agrupamento pode ser uma porção de sete letras ou números, permitindo-nos guardar um 
número de telefone de sete dígitos (como 226-4610) na memória de curto prazo.
No entanto, um agrupamento também pode consistir de categorias maiores, tais como 
palavras ou outras unidades significativas. Por exemplo, considere a seguinte lista de 21 letras:
P B S F O X C N N A B C C B S M T V N B C
Uma vez que a lista de letras excede sete itens, é difícil recordar as letras após uma exposi-
ção. Mas vamos supor que elas fossem apresentadas da seguinte forma:
PBS FOX CNN ABC CBS MTV NBC
Nesse caso, embora ainda sejam 21 letras, você seria capaz de armazená-las na memória de 
curto prazo porque elas representam apenas sete agrupamentos.
Os agrupamentos podem variar de tamanho, indo desde letras ou algarismos até cate-
gorias muito mais complexas. A natureza específica do que constitui um agrupamento varia 
de acordo com nossa experiência passada. Você pode confirmar isso fazendo uma expe-
riência que foi primeiramente realizada para comparar enxadristas experientes e inexpe-
rientes, ilustrada na Figura 3 (deGroot, 1978; Oberauer, 2007; Gilchrist, Cowan, & Naveh-
-Benjamin, 2009).
Embora seja possível recordar até cerca de sete conjuntos relativamente complicados de 
informações que entram na memória de curto prazo, a informação não pode ser mantida 
agrupamento Porção de 
informações que podem ser 
armazenadas na memória de 
curto prazo.
FIGURA 3 Examine o tabuleiro de xadrez por cerca de cinco segundos. Depois, cubra o tabulei-
ro e indique a posição das peças no tabuleiro vazio. (Você também pode usar seu próprio tabu-
leiro e colocar as peças nas mesmas posições.) Se você não for um enxadrista experiente, prova-
velmente terá grande dificuldade para realizar tal tarefa. Contudo, os mestres de xadrez – aqueles 
que vencem torneios – fazem isso muito bem (deGroot, 1966). Eles são capazes de reproduzir 
corretamente 90% das peças no tabuleiro. Em comparação, enxadristas inexperientes são capazes 
de reproduzir apenas 40% do tabuleiro corretamente. Os mestres do xadrez não têm memória 
superior em outros aspectos; eles geralmente obtêm resultados normais em outras medidas de 
memória. O que eles sabem fazer melhor do que os outros é ver o tabuleiro em termos de agru-
pamentos de unidades significativas e reproduzir a posição das peças usando essas unidades.
Feldman_06.indd 208Feldman_06.indd 208 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 18 Os Fundamentos da Memória 209
nela por muito tempo. Mas exatamente quanto tempo? 
Se você já consultou uma lista telefônica, repetiu o nú-
mero para si mesmo, guardou a lista e então se esque-
ceu do número depois de digitar os primeiros três no 
telefone, você sabe que a informação não permanece na 
memória de curto prazo por muito tempo. A maioria 
dos psicólogos acredita que a informação na memó-
ria de curto prazo perde-se após 15 a 25 segundos – a 
menos que seja transferida para a memória de longo 
prazo.
Ensaio
A transferência de material da memória de curto prazo 
para a memória de longo prazo ocorre basicamente por 
ensaio, a repetição das informações que entraram na 
memória de curto prazo. O ensaio realiza duas tarefas. 
Primeiro, enquanto é repetida, a informação é mantida 
na memória de curto prazo. Mais importante, contu-
do, o ensaio permite-nos transferir a informação para a 
memória de longo prazo (Kvavilashvili & Fisher, 2007; 
Jarrold & Tam, 2011).
O tipo de ensaio realizado parece em grande parte 
determinar se vai ocorrer a transferência da memória de curto prazo para a memória de 
longo prazo. Se a informação é simplesmente repetida diversas vezes – como faríamos 
com um número de telefone enquanto corremos da lista telefônica para o telefone –, ela é 
mantida corrente na memória de curto prazo, mas não será necessariamente transferida 
para a memória de longo prazo. Em vez disso, assim que pararmos de digitar os números 
do telefone, o número provavelmente será substituído por outras informações e será es-
quecido por completo.
Ao contrário, se a informação na memória de curto prazo é ensaiada usando-se um 
processo chamado de ensaio elaborativo, ela tem muito mais chance de ser transferida para 
a memória de longo prazo. Ensaio elaborativo ocorre quando a informação é considerada 
e organizada de alguma maneira. A organização pode incluir expandir a informação para 
fazê-la caber em uma estrutura lógica, ligá-la a outra lembrança, transformá-la em uma 
imagem, ou transformá-la de alguma outra forma. Por exemplo, uma lista de legumes a 
serem comprados em um mercado poderia ser guardada na memória como os itens usados 
para preparar uma salada elaborada, poderia ser relacionada aos itens comprados em uma 
ida anterior ao supermercado, ou poderia ser pensada em termos de uma imagem de uma 
horta com filas de cada item.
Usando estratégias organizacionais como essas – denominadas mnemônicas –, pode-
mos aumentar consideravelmente nossa retenção de informações. Mnemônicas são técni-
cas formais para organizar a informação de um modo que aumente sua probabilidade de ser 
lembrada. (Carney & Levin, 2003; Sprenger, 2007; Worthen & Hunt, 2011).
Memória de trabalho
Em vez de considerar a memória de curto prazo como uma estação intermediária indepen-
dente na qual as memórias chegam, ou para desaparecer ou para serem repassadas para a 
memória de longo prazo, a maioria dos teóricos contemporâneos concebe a memória de 
curto prazo como muito mais ativa. Nessa visão, a memória de curto prazo é como um sis-
tema de processamento de informações que gerencia tanto o novo material reunido da me-
ensaio Repetição de 
informações que entraram 
na memória de curto prazo.
©
 R
oz
 C
ha
st
/T
he
 N
ew
 Y
or
ke
r C
ol
le
ct
io
n/
w
w
w
.c
ar
to
on
ba
nk
.c
om
COMO NÃO LEMBRAR NOMES
 Oi!
 Lembra de
 mim?
Ok! Ele tem um nariz de 
botão. Isso rima com João. João Bosco. 
João Bosco é um cantor. Cantor rima 
com Pastor. Não... Pastor é estranho. 
Eu acho que é Nestor! Seu nome 
é Nestor! Não... não é Nestor...
Feldman_06.indd 209Feldman_06.indd 209 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
210 Capítulo 6 Memória
mória sensorial como o material antigo puxado do armazenamento de longo prazo. Sob tal 
perspectiva cada vez mais influente,a memória de curto prazo é chamada de memória de 
trabalho e definida como um conjunto de armazenamentos temporários que manipulam e 
ensaiam as informações de maneira ativa (Bayliss et al., 2005a, 2005b; Unsworth & Engle, 
2005; Vandierendonck & Szmalec, 2011).
Considera-se que a memória de trabalho contém um processador executivo central que 
está envolvido no raciocínio e na tomada de decisão. O executivo central coordena três 
sistemas de armazenamento e ensaio distintos: o armazenamento visual, o armazenamento 
verbal e a memória episódica. O armazenamento visual é especializado em informações vi-
suais e espaciais, ao passo que o armazenamento verbal contém e manipula material relativo 
a fala, palavras e números. A memória episódica contém informações que representam epi-
sódios ou eventos (Rudner & Rönnberg, 2008; Baddeley, Allen, & Hitch, 2011; ver Fig. 4).
A memória de trabalho permite-nos manter as informações em um estado ativo bre-
vemente para que possamos fazer algo com a informação. Por exemplo, usamos a memória 
de trabalho quando estamos resolvendo mentalmente um problema aritmético de múltiplas 
etapas, armazenando o resultado de um cálculo enquanto nos preparamos para passar para 
a próxima etapa. (Faço uso de minha memória de trabalho quando calculo uma gorjeta de 
20% em um restaurante primeiro calculando 10% da conta total e depois duplicando esse 
valor.)
Embora a memória de trabalho auxilie na recordação de informações, ela consome 
uma quantidade significativa de recursos cognitivos durante sua operação. Logo, isso pode 
nos tornar menos conscientes do ambiente – algo que tem implicações como por que é 
inseguro usar telefones celulares enquanto estamos dirigindo. Se uma conversa telefôni-
ca exige pensar, ela sobrecarregará a memória de trabalho e deixará os condutores menos 
conscientes de seu ambiente, uma circunstância obviamente perigosa (Sifrit, 2006; Strayer 
& Drews, 2007).
Além disso, o estresse pode reduzir a eficácia da memória de trabalho por diminuir 
sua capacidade. Na verdade, um estudo constatou que os alunos com maior capacidade 
de memória de trabalho e maior habilidade matemática eram os mais vulneráveis à 
pressão para se desempenharem bem. Aqueles que deveriam desempenhar-se melhor, 
eram os mais propensos a perturbar-se na prova porque suas capacidades de memória 
de trabalho foram reduzidas pelo estresse (Carey, 2004; Beilock & Carr, 2005; Schweizer 
& Dalgleish, 2011).
memória de trabalho 
Conjunto de 
armazenamentos 
temporários ativos que 
manipulam e ensaiam 
informações.
Armazenamento verbal
(fala, palavras, números)
Memória episódica
(episódios ou ocorrências)
362
512 153
24
cão
gato
Executivo central
(coordena o material)
Armazenamento visual
(material visual e espacial)
FIGURA 4 A memória de trabalho é um “espaço de trabalho” onde as informações são recupera-
das e manipuladas, e mantidas por ensaio. 
(Fonte: Adaptada de Baddeley, Chincotta, & Adlam, 2001.)
Feldman_06.indd 210Feldman_06.indd 210 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 18 Os Fundamentos da Memória 211
Memória de longo prazo
O material que vai da memória de curto prazo para a memória de longo prazo entra em 
um depósito de capacidade quase ilimitada. Como um novo arquivo que salvamos em um 
disco rígido, a informação na memória de longo prazo é arquivada e codificada para que 
possamos acessá-la quando necessitarmos dela.
As evidências da existência da memória de longo prazo, como distinta da memória de 
curto prazo, provêm de diversas fontes. Por exemplo, pessoas com certos tipos de lesões 
cerebrais não têm lembrança duradoura de novas informações recebidas depois que a lesão 
ocorreu, embora pessoas e eventos armazenados na memória antes da lesão permaneçam 
intactas (Milner, 1966). Uma vez que as informações que foram codificadas e armazenadas 
antes da lesão podem ser recordadas e a memória de curto prazo após a lesão parece ser 
operacional – novo material pode ser recordado por um período muito breve –, podemos 
inferir que existem dois tipos distintos de memória: uma para armazenamento de curto 
prazo e outro para armazenamento de longo prazo.
Resultados de experimentos laboratoriais também são compatíveis com a noção de 
memória de curto e de longo prazo. Por exemplo, em um conjunto de estudos, pediu-se 
às pessoas que recordassem uma quantidade relativamente pequena de informações (tais 
como um conjunto de três letras). Depois, para impedir a prática da informação inicial, os 
participantes recitaram algum material irrelevante em voz alta, tal como contar de trás para 
a frente de três em três (Brown, 1958; Peterson & Peterson, 1959). Variando a quantidade de 
tempo entre a apresentação do material inicial e a necessidade de sua recordação, os inves-
tigadores constataram que a recordação era muito boa quando o intervalo era muito curto, 
mas diminuía rapidamente depois disso. Decorridos 15 segundos, a recordação flutuou em 
torno de 10% do material apresentado inicialmente.
Ao que parece, a distração de contar de trás para a frente impediu que quase todo o mate-
rial inicial atingisse a memória de longo prazo. A recordação inicial foi boa porque ela estava 
vindo da memória de curto prazo, mas aquelas lembranças rapidamente se perderam. Por 
fim, tudo o que podia ser recordado era a pequena quantidade de material que tinha chegado 
ao armazenamento de longo prazo a despeito da distração de contar de trás para a frente.
A distinção entre memória de curto prazo e de longo prazo também tem o respaldo do 
efeito de posição serial, em que a capacidade de recordar informações em uma lista depende 
de onde um item aparece na lista. Por exemplo, muitas vezes ocorre um efeito de primazia, em 
que itens apresentados anteriormente em uma lista são lembrados de modo mais fácil. Tam-
bém existe um efeito de recentidade, em que os itens apresentados por último em uma lista são 
mais facilmente lembrados (Bonanni et al., 2007; Tan & Ward, 2008; Tydgat & Grainger, 2009).
Módulos da memória de longo prazo
Assim como a memória de curto prazo é com frequência conceitualizada em termos de 
memória de trabalho, muitos pesquisadores contemporâneos agora consideram a memória 
de longo prazo como formada por diversos componentes ou módulos de memória. Cada um 
desses módulos representa um sistema de memória separada no cérebro.
A principal distinção referente à memória de longo prazo ocorre entre a memória de-
clarativa e a memória processual. Memória declarativa é aquela para informações factuais: 
nomes, rostos, datas e fatos como “uma bicicleta tem duas rodas”. Memória processual (ou 
memória não declarativa) refere-se à memória para habilidades e hábitos, como andar de 
bicicleta ou rebater uma bola. Informações sobre coisas são armazenadas na memória de-
clarativa; informações sobre como fazer as coisas são armazenadas na memória processual 
(Brown & Robertson, 2007; Bauer, 2008; Freedberg, 2011).
A memória declarativa pode ser subdividida em memória semântica e memória episó-
dica. Memória semântica é aquela para conhecimentos e fatos gerais sobre o mundo, bem 
como para as regras de lógica que são usadas para deduzir outros fatos. Graças à memória 
semântica, lembramos que o código postal de Bervely Hills é 90210, que Mumbai fica no 
PsicoTec
Estudos 
mostram 
que, 
quando nos 
defrontamos com 
questões e materiais 
complicados, somos 
propensos a pensar 
em computadores e 
mecanismos de busca 
como o Google. De acordo 
com o efeito Google, 
somos menos propensos a 
armazenar as informações 
na memória de curto 
prazo e a recordá-las, 
mas temos uma memória 
melhor para onde 
podemos encontrá-las na 
internet. 
(Fonte: Sparrow, Liu, & 
Wegner, 2011).
memória declarativa 
Memória para informações 
factuais: nomes, rostos, datas 
e fatos.
memória processual 
Memória para habilidades 
e hábitos, como andar de 
bicicleta ou rebater uma 
bola; às vezes, é chamada de 
memória não declarativa.
memória semântica 
Memória para conhecimento 
geral e fatossobre o mundo, 
bem como para as regras de 
lógica que são usadas para 
deduzir outros fatos.
Feldman_06.indd 211Feldman_06.indd 211 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
212 Capítulo 6 Memória
Mar Árabe e que enchergar é a ortografia incorreta de enxergar. Assim, a memória semânti-
ca assemelha-se a um almanaque mental dos fatos (Nyberg & Tulving, 1996; Tulving, 2002).
Memória episódica é aquela para eventos que ocorrem em determinado tempo, lugar 
ou contexto. Por exemplo, recordar de aprender a rebater uma bola, nosso primeiro beijo, 
ou organizar uma festa-surpresa no aniversário de 21 anos de nosso irmão baseia-se em 
nossas memórias episódicas. Memórias episódicas estão relacionadas a contextos particula-
res. Por exemplo, lembrar-se quando e como aprendemos que 2 × 2 = 4 seria uma memória 
episódica; o fato em si (que 2 × 2 = 4) é uma memória semântica. (Ver também Fig. 5.)
As memórias episódicas podem ser surpreendentemente detalhadas. Considere, por 
exemplo, como você responderia se lhe pedissem para identificar o que estava fazendo em 
um dia específico dois anos atrás. Impossível? Talvez você pense de outra forma depois 
de ler o seguinte diálogo entre um pesquisador e um participante em um estudo a quem 
se perguntou, em um experimento sobre memória, o que ele estava fazendo “na tarde de 
segunda-feira na terceira semana de setembro de dois anos atrás”.
PARTICIPANTE: Por favor. Como é que eu vou saber?
EXPERIMENTADOR: Apenas tente se lembrar.
 PARTICIPANTE: Certo. Vamos ver: dois anos atrás... Eu estaria no ensino médio em 
 Pittsburgh.... Seria o meu ano de conclusão. Terceira semana de setembro – isso é logo 
depois do verão – seria o semestre do outono... Deixe-me ver. Acho que eu tinha aula 
de química nas segundas-feiras. Não sei. Eu provavelmente estava no laboratório de 
química. Espere um pouco – essa seria a segunda semana de aulas. Lembro-me que o 
professor começou com a tabela periódica – um quadro grande sofisticado. Pensei que 
ele estava louco tentando nos fazer memorizar aquilo. Sabe, lembro-me de estar senta-
do... (Lindsay & Norman, 1977).
A memória episódica, então, pode prover informações sobre eventos que aconteceram 
há muito tempo. Contudo, a memória semântica não é menos impressionante, permitindo-
-nos desencavar milhares de fatos, desde a data de nosso aniversário até o conhecimento de 
que um dólar é menos que cinco dólares.
Redes semânticas
Tente, por um instante, recordar todas as coisas de cor vermelha que puder. Agora, puxe de 
sua memória os nomes de todas as frutas que você conseguir lembrar.
memória episódica 
Memória para eventos que 
ocorrem em determinado 
tempo, lugar ou contexto.
PsicoTec
Use a Figura 
5 para 
ajudar a 
esclarecer 
as distinções entre os 
diferentes tipos de 
memória de longo prazo. 
FIGURA 5 A memória 
de longo prazo pode ser 
subdividida em vários ti-
pos diferentes. Que tipo 
de memória de longo pra-
zo está envolvido em sua 
recordação do momento 
em que pisou pela primei-
ra vez no campus quando 
entrou na faculdade? Que 
tipo de memória de longo 
prazo está envolvida em 
lembrar a letra de uma 
música, comparada com a 
melodia de uma música?
Memória de longo prazo
Memória declarativa
(informação factual)
Exemplo: George Washington foi 
o primeiro presidente dos 
Estados Unidos.
Memória processual
(habilidades e hábitos)
Exemplo: Andar de bicicleta.
Memória semântica
(memória geral)
Exemplo: George Washington 
usava peruca.
Memória episódica
(conhecimento pessoal)
Exemplo: Lembrar-se de sua 
visita à casa de Washington 
em Mount Vernon.
Feldman_06.indd 212Feldman_06.indd 212 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 18 Os Fundamentos da Memória 213
O mesmo item aparece quando você fez as duas tarefas? Para muitas pessoas, uma maçã 
vêm à mente em ambos os casos porque ela se encaixa perfeitamente nas duas categorias. 
E o fato de que você possa ter pensado em uma maçã ao fazer a primeira tarefa torna ainda 
mais provável que você pensará nela ao fazer a segunda tarefa.
É realmente incrível que somos capazes de recuperar material específico da vasta reser-
va de informações em nossas memórias de longo prazo. De acordo com alguns pesquisa-
dores da memória, uma ferramenta organizacional fundamental que nos permite recordar 
informações detalhadas da memória de longo prazo são as associações que construímos 
entre diferentes informações. Nessa visão, o conhecimento é armazenado em redes semân-
ticas, representações mentais de aglomerados de informações interconectadas (Collins & 
Quillian, 1969; Collins & Loftus, 1975; Cummings, Ceponiene, & Koyama, 2006).
Considere, por exemplo, a Figura 6, que mostra algumas das relações na memória re-
lacionadas a carro de bombeiros, à cor vermelha e a diversos outros conceitos semânticos. 
Pensar a respeito de determinado conceito leva à recordação de conceitos relacionados. Por 
exemplo, ver um carro de bombeiros pode ativar nossas recordações de outros tipos de veí-
culos de emergência, tais como uma ambulância, o que por sua vez pode ativar a recordação 
do conceito relacionado de veículo. E pensar em um veículo pode levar-nos a pensar sobre 
um ônibus que vimos no passado. A ativação de uma memória desencadeia a ativação de 
memórias relacionadas em um processo conhecido como ativação por propagação (Foster 
et al., 2008; Kreher et al., 2008).
A neurociência da memória
Podemos determinar a localização exata no cérebro onde residem as memórias de longo 
prazo? Existe um único local que corresponde a uma memória particular, ou a memória 
se distribui em diferentes regiões do cérebro? As memórias deixam um traço físico que os 
cientistas podem ver?
redes semânticas 
Representações mentais de 
aglomerados de informações 
interconectadas.
Verde
Laranja
Amarelo Vermelho
Rosa
Carro de 
bombeiros
Caminhão
Ônibus
Veículo
Rua
Carro
Ambu-
lância
Nascer
do sol
Pôr
do sol
Nuvem
Cereja
Maçã
Pera
FIGURA 6 As redes semânticas consistem em relações entre informações, tais como aquelas 
relacionadas ao conceito de um carro de bombeiros. As linhas sugerem as conexões que indicam 
como a informação é organizada na memória. Quanto mais próximos os itens, maior a força da 
associação.
(Fonte: Collins & Loftus, 1975.)
Feldman_06.indd 213Feldman_06.indd 213 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
214 Capítulo 6 Memória
A busca pelo engrama, termo que designa o traço físico da memória no cérebro que 
corresponde a uma lembrança, provou ser um grande enigma para os psicólogos e outros 
neurocientistas interessados pela memória. Usando técnicas de varredura cerebral avan-
çadas em seus esforços para determinar a base neurocientífica da formação da memória, 
os investigadores aprenderam que certas áreas e estruturas do cérebro especializam-se em 
diferentes tipos de atividades relacionadas à memória. O hipocampo, que faz parte do sis-
tema límbico do cérebro (ver Fig. 7), desempenha um papel central na consolidação das 
memórias. Localizado nos lobos temporais mediais do cérebro, logo atrás dos olhos, o hipo-
campo auxilia na codificação inicial da informação, atuando como um tipo de sistema de 
correio eletrônico neurológico. Essa informação é subsequentemente repassada ao córtex 
cerebral, onde ela é, de fato, armazenada (J. Peters et al., 2007; Lavenex & Lavenex, 2009; 
Dudai, 2011).
A importância do hipocampo é exemplificada por estudos de indivíduos que têm tipos 
particularmente bons, ainda que especializados, de memória. Por exemplo, os motoristas de 
táxi em Londres, na Inglaterra, precisam ter uma memória completa e precisa da localização 
do labirinto de ruas e vielas em um raio de nove quilômetros a partir do centro da cidade. 
São necessários anos de estudo para memorizar o material. Imagens de ressonância mag-
nética dos motoristas de táxi mostram que, em relação a não motoristas com menos habili-
dades de orientação, a parte posterior do hipocampo é maior, enquanto a anterior é menor. 
As descobertas coadunam-se com a ideia de que determinadasáreas do hipocampo estão 
envolvidas na consolidação de memórias espaciais (ver Fig. 8 em A Neurociência em sua 
Vida; Maguire, Woollett, & Spiers, 2006; Spiers & Maguire, 2007; Woollett & Maguire, 2009).
A amígdala, outro componente do sistema límbico, também desempenha um papel im-
portante na memória. A amígdala atua especialmente em memórias que envolvem emoção. 
Por exemplo, se você se assustou com um grande dobermann, é provável que você se lembre 
do evento de maneira nítida – um resultado relacionado ao funcionamento da amígdala. 
Encontrar um dobermann ou qualquer cachorro grande no futuro tende a reativar a amíg-
dala e trazer à tona lembrança desagradável (Hamann, 2001; Buchanan & Adolphs, 2004; 
Talmi et al., 2008).
Memória no nível dos neurônios. Embora esteja claro que o hipocampo e a amígdala 
desempenham um papel central na formação de memórias, como a transformação das in-
formações em uma lembrança se reflete no nível neuronal?
Uma resposta é a potencialização de longo prazo, que mostra que certas rotas neurais 
tornam-se facilmente excitadas enquanto uma nova resposta está sendo aprendida. Ao 
mesmo tempo, o número de sinapses entre neurônios aumenta à medida que os dendritos 
ramificam-se para receber mensagens. Essas alterações refletem um processo chamado de 
consolidação, em que as mensagens tornam-se fixas e estáveis na memória de longo prazo. 
FIGURA 7 O hipocampo 
e a amígdala, componen-
tes do sistema límbico do 
cérebro, desempenham 
um papel central na con-
solidação das memórias.
(Fonte: Van De Graaff, 2000.)
Amígdala
Hipocampo
Feldman_06.indd 214Feldman_06.indd 214 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 18 Os Fundamentos da Memória 215
As memórias de longo prazo levam algum tempo para se estabilizar; isso explica por que 
eventos e outros estímulos não se fixam subitamente na memória. Em vez disso, a conso-
lidação pode continuar durante dias e até mesmo anos (McGaugh, 2003; Meeter & Murre, 
2004; Kawashima, Izaki, & Grace, 2006).
Visto que um estímulo contém aspectos sensoriais diferentes, as áreas visuais, audi-
tivas e outras zonas cerebrais podem estar simultaneamente processando as informações 
sobre aquele estímulo. O armazenamento de informações parece ligado aos locais onde esse 
processamento ocorre, estando, portanto, situado nas áreas particulares que inicialmente 
processaram a informação em termos de seus estímulos sensoriais visuais, auditivos ou de 
outro tipo. Por isso, os traços de memória encontram-se distribuídos por todo o cérebro. 
Por exemplo, quando você se lembra de um lindo pôr do sol, sua recordação utiliza arma-
zéns de memória localizados nas áreas visuais do cérebro (a visão do pôr do sol), nas áreas 
auditivas (os sons do oceano) e nas áreas táteis (a sensação do vento) (Brewer et al., 1998; 
Squire, Clark, & Bayley, 2004).
Em suma, o material físico da memória – o engrama – é produzido por um complexo 
de processos bioquímicos e neurais. Os cientistas estão começando a compreender como 
o cérebro compila os componentes neurais para formar uma lembrança única coerente. 
Pode ser que os mesmos neurônios que disparam quando somos inicialmente expostos ao 
material sejam reativados durante esforços para recordar aquela informação. Contudo, em-
bora os pesquisadores da memória tenham feito consideráveis avanços na compreensão da 
neurociência por trás da memória, há mais a aprender – e lembrar (Gelbard-Sagiv et al., 
2008). (Para saber mais sobre a base biológica da memória, ver Aplicando a Psicologia no 
Século XXI.)
A Neurociência em sua Vida:
Experiência, memória e cérebro
Hipocampo posterior (HP)
(a)
D
Hipocampo anterior (HA)
(b)
FIGURA 8 Ilustrando como a experiên-
cia pode moldar o modo como nosso cére-
bro processa as memórias, essas imagens 
de ressonância magnética funcional (IRMf ) 
mostram como o número de anos dirigin-
do um táxi está relacionado ao tamanho de 
áreas particulares do hipocampo, tornando 
os participantes experts em memória es-
pacial e orientação. Em (a), vemos áreas do 
hipocampo posterior (atrás) que aumentam 
de atividade (em branco) com o número de 
anos dirigindo um táxi. Em (b), vemos áreas 
do hipocampo anterior (frente) que apresen-
tam atividade reduzida (também em branco) 
depois de muitos anos dirigindo um táxi e a 
relação retratada graficamente. As alterações 
nas áreas ativadas durante tarefas de memó-
ria mostram como a prática pode moldar o 
cérebro e como isso nos permite desenvol-
ver habilidades especializadas, tais como 
memória para localizações espaciais.
(Fonte: Maguire et al., 2006.)
Feldman_06.indd 215Feldman_06.indd 215 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
216 Capítulo 6 Memória
Aplicando a Psicologia no Século XXI
Memória de um frasco
Se você pudesse tomar uma pílula que 
melhorasse seu funcionamento mental, 
você a tomaria? Talvez se você tivesse de 
virar a noite estudando para uma prova di-
fícil no dia seguinte e só precisasse de um 
pouco de ajuda para manter a concentra-
ção? Todavia, isso seria justo com os outros 
estudantes que não usaram estimulação ar-
tificial para se preparar? E quais seriam os 
efeitos colaterais e consequências a longo 
prazo de usar uma substância desse tipo? 
Essas são perguntas polêmicas, que os es-
pecialistas em ética médica também con-
frontam.
A ideia de receber um incentivo 
cognitivo de uma “droga da inteligência” 
é certamente muito popular, e existem 
medicamentos para tratar o enfraqueci-
mento mental associado a certos distúrbios 
neurológicos. Por exemplo, o metilfenidato 
(também conhecido como Ritalina) ajuda a 
crianças com transtorno de déficit de aten-
ção/hiperatividade (TDAH) a recuperar sua 
concentração, o modafinil melhora a pron-
tidão de pessoas com sonolência excessiva 
e o donepezil é usado para ajudar pessoas 
com doença de Alzheimer a aprimorar sua 
memória (Stix, 2009; Sahakian & Morein-
-Zamir, 2011).
Contudo, existem muitas preocupa-
ções em relação ao uso desses medicamen-
tos. Nem todas as pessoas reagem da mesma 
forma, e em algumas pessoas esses medica-
mentos podem produzir o efeito oposto ao 
pretendido. O que é pior, elas têm efeitos co-
laterais, que podem incluir desenvolvimento 
de dependência, complicações cardiovascu-
lares, convulsões e erupções cutâneas (Gre-
ely et al., 2008).
Também existe a questão de se essas 
substâncias realmente fazem o que as pes-
soas pensam que elas fazem. Uma coisa é 
restituir alguma prontidão a uma pessoa 
cronicamente fatigada que deve realizar 
tarefas repetitivas maçantes no trabalho; 
outra é ajudar uma pessoa a aprender cál-
culo avançado. Os medicamentos visam a 
corrigir enfraquecimentos, não prover au-
mento da capacidade a pessoas com pleno 
funcionamento. E, mesmo entre pessoas 
com enfraquecimentos, os efeitos desses 
agentes podem ser menos significativos do 
que se costuma pensar; por exemplo, anfe-
taminas usadas para melhorar o foco fazem 
os pacientes acharem que estão tendo me-
lhor desempenho, mas isso pode dever-se 
mais aos efeitos de melhora no humor do 
que a incrementos reais na performance 
(Rasmussen, 2008; Stix, 2009).
Por fim, existe a importante questão 
referente ao que essas substâncias estão 
fazendo no cérebro. Em alguns casos, os 
cientistas não sabem ao certo. Por exem-
plo, metilfenidato e modafinil agem no 
neurotransmissor dopamina, mas não está 
claro qual é o mecanismo exato que pro-
duz seus efeitos. Alterar a neuroquímica 
cerebral, então, especialmente quando os 
efeitos de curto e longo prazo das “drogas 
da inteligência” não são compreendidos 
por completo, não parece uma atitude 
particularmente inteligente. Por enquanto, 
as melhores maneiras de aumentar nossa 
acuidade mental continuam sendo as tra-
dicionais: estudo, prática e repouso sufi-
ciente.
R E P E N S E
• Como você explicaria os inconvenientes de usar substâncias que alteram a química cere-
bral para melhorar o desempenho a um amigo que deseja experimentá-las?
• Você concorda que os riscos de usar medicamentos neurológicos para melhorado desem-
penho em pessoas saudáveis não valem os potenciais benefícios? Justifique sua resposta.
Alguns estudantes estão usando certos 
medicamentos para melhorar sua capa-
cidade mental, mas tal uso pode custar-
-lhes caro devido às complicações dos 
efeitos colaterais e ao potencial para 
dependência.
Feldman_06.indd 216Feldman_06.indd 216 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 18 Os Fundamentos da Memória 217
Recapitule/avalie/repense
Recapitule
RA 18-1 O que é memória?
• Memória é o processo pelo qual codificamos, armazena-
mos e recuperamos informações. 
RA 18-2 Existem diferentes tipos de memória?
• A memória sensorial, que corresponde a cada um dos 
sistemas sensoriais, é o primeiro local onde a informação 
é salva. As memórias sensoriais são muito breves, mas 
elas são precisas, armazenando uma réplica quase perfei-
ta de um estímulo.
• Aproximadamente sete (com dois a mais ou menos) 
agrupamentos de informação podem ser transferidos e 
mantidos na memória de curto prazo. A informação na 
memória de curto prazo é mantida durante 15 a 25 se-
gundos e, se não transferida para a memória de longo 
prazo, perde-se. 
• As memórias são transferidas para o armazenamento de 
longo prazo por ensaio. Se as memórias são transferidas 
para a memória de longo prazo, elas se tornam relativa-
mente permanentes.
• Alguns teóricos veem a memória de curto prazo como 
uma memória de trabalho em que a informação é re-
cuperada e manipulada e mantida por meio de ensaio. 
Nessa visão, ela é um processador executivo central en-
volvido no raciocínio e na tomada de decisão; ela coor-
dena a memória visual, a memória verbal e a memória 
esporádica.
• A memória de longo prazo pode ser vista em termos de 
módulos de memória, cada um dos quais relacionado a 
sistemas de memória separados no cérebro. Por exemplo, 
podemos distinguir entre memória declarativa e memó-
ria processual. A memória declarativa é subdividida em 
memória episódica e memória semântica. 
• Redes semânticas sugerem que o conhecimento é arma-
zenado na memória de longo prazo como representações 
mentais de aglomerados de informações interconec-
tadas. 
RA 18-3 Quais são as bases biológicas da memória?
• O hipocampo e a amígdala são especialmente importan-
tes no estabelecimento da memória. 
• As memórias encontram-se distribuídas por todo o cé-
rebro, relacionadas aos diferentes sistemas de processa-
mento de informações sensoriais envolvidos durante a 
exposição inicial a um estímulo. 
Avalie
 1. Combine o tipo de memória com sua definição:
1. memória de longo prazo
2. memória de curto prazo
3. memória sensorial
a. mantém a informação 
durante 15 a 25 segun-
dos
b. armazena informações 
de uma forma relativa-
mente permanente
c. dirige a representação 
de um estímulo
 2. Um __________ é um grupo significativo de estímulos 
que podem ser armazenados juntos na memória de curto 
prazo.
 3. Parecem existir dois tipos de memória declarativa: me-
mória __________ para conhecimentos e fatos e memó-
ria ____________ para experiências pessoais.
 4. Alguns pesquisadores da memória acreditam que a me-
mória de longo prazo é armazenada como associações 
entre informações em redes ___________.
Repense
 1. É uma obviedade que “a gente nunca esquece como an-
dar de bicicleta”. Qual seria a razão para isso? Em que 
tipo de memória fica armazenada a informação sobre 
andar de bicicleta?
 2. Da perspectiva de um especialista em marketing: Como 
os publicitários e outros profissionais usam modos de 
aumentar a memória para promover seus produtos? 
Quais princípios éticos estão envolvidos? Como se pro-
teger da publicidade antiética?
Respostas das questões de avaliação
1. 1-b, 2-a, 3-c; 2. agrupamento; 3. semântica, episódica; 
4. semânticas
Termos-chave
memória p. 205
memória sensorial p. 206
memória de 
curto prazo p. 206
memória de 
longo prazo p. 206
agrupamento p. 208
ensaio p. 209
memória de trabalho p. 210
memória declarativa p. 211
memória processual p. 211
memória semântica p. 211
memória episódica p. 212
redes semânticas p. 213
Feldman_06.indd 217Feldman_06.indd 217 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Uma hora depois de sua entrevista, Ricardo estava em um café contando a sua amiga Laura so-
bre como havia se saído bem, quando a mulher que o tinha entrevistado entrou. “Olá, Ricardo? 
Como vai?”. Tentando causar uma boa impressão, Ricardo começou a fazer as apresentações, 
mas de repente ele se deu conta de que se esquecera do nome da entrevistadora. Gaguejando, ele 
vasculhou sua memória, mas foi em vão. “Sei o nome dela”, pensou consigo mesmo, “mas aqui 
estou, parecendo um idiota. Posso dar adeus a esse emprego.”
Você já tentou lembrar o nome de alguém, convencido de que o sabia, mas era incapaz de 
recordá-lo por mais que tentasse? Essa ocorrência comum – conhecida como fenômeno 
da ponta da língua – é um exemplo de como pode ser difícil recuperar informações arma-
zenadas na memória de longo prazo (Brennen, Vikan, & Dybdahl, 2007; Schwartz, 2002, 
2008; Schwartz & Metcalfe, 2011).
Pistas de recuperação
Talvez a recordação de nomes e outras memórias não seja perfeita porque existem muitas 
informações armazenadas na memória de longo prazo. Uma vez que o material que vai para 
a memória de longo prazo é relativamente permanente, a capacidade da memória de longo 
prazo é imensa. Por exemplo, se você é um estudante universitário mediano, seu vocabulário 
inclui cerca de 50 mil palavras, você conhece centenas de “fatos” matemáticos e é capaz de 
evocar imagens – tais como a aparência de sua casa de infância – sem qualquer dificuldade. 
Na verdade, a simples catalogação de suas memórias provavelmente levaria anos de trabalho.
Como examinamos essa ampla variedade de materiais e recuperamos informações es-
pecíficas no momento adequado? Uma forma é por meio de pistas de recuperação. Uma 
pista de recuperação é um estímulo que nos permite recordar mais facilmente informações 
que se encontram na memória de longo prazo. Pode ser uma palavra, uma emoção ou um 
som: seja qual for a sugestão específica, uma memória subitamente virá à mente quando a 
pista de recuperação estiver presente. Por exemplo, o odor de 
peru assado pode evocar memórias do Ano-Novo ou de reu-
niões familiares.
As pistas de recuperação orientam as pessoas por meio de 
informações armazenadas na memória de longo prazo de uma 
forma muito parecida com que uma ferramenta de busca como 
o Google orienta as pessoas na internet. Elas são especialmente 
importantes quando estamos fazendo um esforço para recordar 
uma informação, em lugar de ser solicitado a reconhecer material 
armazenado na memória. Na recordação, uma informação es-
pecífica precisa ser recuperada – tal como aquela necessária para 
responder a uma questão de preenchimento de lacunas ou para 
escrever a uma redação em uma prova. Em contrapartida, ocorre 
reconhecimento quando apresentamos um estímulo às pessoas 
e então perguntamos se elas foram expostas a ele anteriormente 
ou pedimos que o identifiquem em uma lista de alternativas.
Como você poderia imaginar, o reconhecimento geralmen-
te é uma tarefa muito mais fácil do que a recordação (ver Figs. 1 
fenômeno da ponta da 
língua Incapacidade de 
recordar informação que 
percebemos que sabemos 
– uma consequência da 
dificuldade de recuperar 
informações da memória de 
longo prazo.
recordação Tarefa 
da memória pela qual 
informação específica deve 
ser recuperada.
reconhecimento Tarefa da 
memória pela qual indivíduos 
são apresentados a um 
estímulo e são perguntados 
se foram expostos ao mesmo 
no passado ou devem 
identificá-lo em uma lista de 
alternativas.
Resultado de 
Aprendizagem
RA 19-1 O que causa 
dificuldades e déficits de 
memória?
Recordando Memórias 
de Longo Prazo
MÓDULO 19
FIGURA 1 Tente recordar os nomes destes persona-
gens. Por ser uma tarefa de recordação, ela é relativamen-
te difícil.
Feldman_06.indd 218Feldman_06.indd 218 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 19 Recordando Memóriasde Longo Prazo 219
e 2). Recordar é mais difícil porque consiste em uma série de processos: busca na memória, 
recuperação de informação potencialmente relevante e depois uma decisão relativa à preci-
são da informação encontrada. Se a informação parece estar correta, a busca acaba; porém, 
se não estiver, a busca deve continuar. O reconhecimento, por sua vez, é mais simples porque 
envolve menos etapas (Miserando, 1991; Leigh, Zinkhan, & Swaminathan, 2006).
Níveis de processamento
Um determinante do quão favoravelmente as memórias são recordadas é o modo como o 
material é percebido, processado e compreendido pela primeira vez. A teoria dos níveis 
de processamento enfatiza o grau em que o novo material é mentalmente analisado. Ela 
propõe que a quantidade de processamento de informação que ocorre quando o material 
é inicialmente encontrado é essencial para determinar quanto da informação é por fim re-
cordada. De acordo com essa abordagem, a profundidade do processamento da informação 
durante a exposição ao material – ou seja, o grau em que ela é analisada e considerada – é 
crucial: quanto maior a intensidade de seu processamento inicial, maior a probabilidade de 
nos lembrarmos dela (Craik & Lockhart, 2008; Mungan, Peynircioğlu, & Halpern, 2011).
Por não prestarmos atenção à grande parte das informações às quais somos expostos, 
ocorre muito pouco processamento mental, e esquecemos o novo material quase imediata-
mente. Contudo, a informação à qual prestamos mais atenção é processada de forma mais 
detalhada. Portanto, ela entra na memória em um nível mais profundo – sendo menos pro-
pensa a ser esquecida do que a informação processada em níveis mais superficiais.
A teoria prossegue para afirmar que existem diferenças consideráveis nos modos como 
a informação é processada em diversos níveis da memória. Em níveis superficiais, a infor-
mação é processada apenas em termos de seus aspectos físicos e sensoriais. Por exemplo, 
prestamos atenção somente às formas que compõem as letras na palavra cão. Em um nível 
intermediário de processamento, as formas são traduzidas em unidades significativas – nes-
se caso, letras do alfabeto. Essas letras são consideradas no contexto de palavras, e sons 
fonéticos específicos podem ser atribuídos às letras.
No nível mais profundo de processamento, a informação é analisada em termos de 
seu significado. Podemos vê-la em seu contexto mais amplo e fazer associações entre o 
significado da informação e as redes de conhecimento mais amplas. Por exemplo, podemos 
pensar em cães não apenas como animais com quatro pernas e um rabo, mas também em 
termos de sua relação com cães e outros mamíferos. Podemos formar uma imagem de nos-
so cão, relacionando, assim, o conceito a nossa vida. De acordo com a abordagem de níveis 
de processamento, quanto mais profundo for o nível inicial de processamento de informa-
ção específica, por mais tempo a informação será retida.
Existem diversas implicações práticas da noção de que recordar depende do grau em 
que a informação é inicialmente processada. Por exemplo, a profundidade do processamen-
to de informação é crucial ao aprender e estudar algum material didático. Decorar uma 
lista de palavras-chave para uma prova tem pouca chance de produzir recordação de infor-
PsicoTec
Lembre-se 
da distinção 
entre 
recordação 
(em que uma 
informação específica 
deve ser recuperada) 
e reconhecimento (em 
que a informação é 
apresentada e deve 
ser identificada ou 
distinguida de outro 
material).
teoria dos níveis de 
processamento Teoria da 
memória que enfatiza o grau 
em que um novo material é 
mentalmente analisado.
FIGURA 2 Nomear os 
personagens na Figura 1 
(uma tarefa de recorda-
ção) é mais difícil do que 
resolver o problema de 
reconhecimento proposto 
nesta lista.
Responda a esta pergunta de reconhecimento:
Quais dos seguintes são os nomes dos sete anões na história da Branca de Neve?
Pateta
Soneca
Esperto
Medroso
Dunga
Zangado
Ruidoso
Dengoso
Mesquinho
Mestre
Feliz
Raivoso
Atchim
Biruta
(As respostas corretas são Dengoso, Mestre, Dunga, Zangado, Feliz, Soneca e Atchim.)
Feldman_06.indd 219Feldman_06.indd 219 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
220 Capítulo 6 Memória
mações a longo prazo porque o processamento ocorre em um nível superficial. Contudo, o 
pensamento sobre o significado dos termos e a reflexão sobre como eles se relacionam com 
a informação que já sabemos resulta em uma retenção mais efetiva a longo prazo (Conway, 
2002; Wenzel, Zetocha, & Ferraro, 2007).
Memória explícita e implícita
Se você já fez uma cirurgia, provavelmente esperava que os cirurgiões estivessem concentra-
dos nela por completo e dessem atenção total a você enquanto cortavam seu corpo. Porém, 
a realidade da maioria das salas de cirurgia é muito diferente. Os cirurgiões podem ficar 
conversando com as enfermeiras sobre um novo restaurante enquanto costuram o paciente.
Se você é como a maioria dos pacientes, não guarda qualquer lembrança da conversa 
que ocorreu enquanto estava sob o efeito da anestesia. Contudo, é bem possível que, apesar 
de não ter lembranças conscientes das conversas sobre os méritos do restaurante, em algum 
nível você provavelmente se recorde ao menos de alguma informação. Na verdade, estudos 
meticulosos constataram que pessoas que ficam anestesiadas durante uma cirurgia às vezes 
são capazes de se lembrar de fragmentos das conversas que ouviram durante a operação – 
muito embora não tenham lembrança consciente da informação (Kihlstrom et al., 1990; 
Sebel, Bonke, & Winograd, 1993).
A descoberta de que as pessoas têm memórias das quais não têm consciência foi impor-
tante. Ela levou à especulação de que duas formas de memória, explícita e implícita, podem 
existir lado a lado. A memória explícita refere-se à recordação intencional ou consciente 
da informação. Quando tentamos lembrar o nome ou a data de algo que encontramos ou 
soubemos anteriormente, estamos pesquisando nossa memória explícita.
Por sua vez, a memória implícita refere-se às memórias das quais as pessoas não têm 
consciência, mas que podem afetar o desempenho e o comportamento posterior. Habilida-
des que operam automaticamente e sem pensar, tais como saltar fora da rota de um automó-
vel que vem em nossa direção enquanto estamos caminhando na lateral de uma rua, ficam 
armazenadas na memória implícita. Da mesma forma, um sentimento de vaga antipatia por 
um conhecido, sem saber por que temos aquele sentimento, pode ser reflexo de memórias 
implícitas. Talvez a pessoa faça-nos lembrar de outra pessoa no passado de que não gostá-
vamos, ainda que não estejamos conscientes da lembrança daquela outra pessoa (Coates, 
Butler, & Berry, 2006; Voss & Paller, 2008; Gopie, Craik, & Hasher, 2011).
A memória implícita está intimamente relacionada com o preconceito e a discrimina-
ção que as pessoas exibem frente a membros de grupos minoritários. Como inicialmente 
discutimos no módulo sobre realização de pesquisa psicológica, embora as pessoas digam e 
até acreditem que não têm preconceito, uma avaliação de suas memórias implícitas pode re-
velar que elas apresentam associações negativas sobre os membros de grupos minoritários. 
Essas associações podem influenciar o comportamento das pessoas sem que elas tenham 
consciência de suas crenças subjacentes (Greenwald, Nosek, & Banaji, 2003; Greenwald, 
Nosek, & Sriram, 2006; Hofmann et al., 2008).
Uma maneira de os especialistas em memória estudarem a memória implícita é por 
meio de experimentos que usam priming. Priming (preparação) é um fenômeno em que 
a exposição a uma palavra ou a um conceito (chamado de prime) posteriormente facilita a 
recordação de informação relacionada. Efeitos do priming ocorrem mesmo quando as pes-
soas não têm memória consciente da palavra ou do conceito original (Toth & Daniels, 2002; 
Schacter, Dobbins, & Schnyer, 2004; Geyer, Gokce, & Müller, 2011).
O experimento típico destinado a ilustrar o priming ajuda a esclarecer o fenômeno. 
Nos experimentos de priming,os participantes são rapidamente expostos a um estímulo, 
como, por exemplo, uma palavra, um objeto ou o desenho de um rosto. A segunda fase do 
experimento é feita após um intervalo que varia de alguns segundos a vários meses. Nessa 
fase, os participantes são expostos a uma informação perceptual incompleta relacionada ao 
primeiro estímulo, sendo indagados se o reconhecem. Por exemplo, o novo material pode 
memória explícita 
Recordação intencional ou 
consciente da informação.
memória implícita 
Lembranças das quais 
as pessoas não têm 
consciência, mas que podem 
afetar o desempenho e o 
comportamento posterior.
priming Fenômeno em que 
a exposição a uma palavra 
ou a um conceito (chamado 
de prime) posteriormente 
facilita a recordação de 
informação relacionada, 
mesmo não havendo 
memória consciente da 
palavra ou do conceito.
Feldman_06.indd 220Feldman_06.indd 220 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 19 Recordando Memórias de Longo Prazo 221
ser a primeira letra de uma palavra que tinha sido anteriormente apresentada ou uma parte 
de um rosto que havia sido exibido antes. Se os participantes são capazes de identificar 
o estímulo mais rapidamente do que reconhecem estímulos que não foram apresentados 
anteriormente, o priming ocorreu. É evidente que o estímulo anterior foi lembrado – ainda 
que o material resida na memória implícita, e não na memória explícita.
O mesmo acontece conosco na vida cotidiana. Vamos supor que vários meses atrás 
você assistiu a um documentário sobre os planetas, e o narrador descreveu as luas de Marte, 
concentrando-se em sua lua chamada Fobos. Você logo se esquece do nome da Lua, ao me-
nos conscientemente. Então, alguns meses depois, você está completando palavras cruzadas 
semipreenchidas, e há as letras obos. Assim que vê o conjunto de letras, você pensa em 
Fobos e subitamente se recorda pela primeira vez desde sua exposição inicial à informação 
de que ela é uma das luas de Marte. A súbita recordação ocorreu porque sua memória foi 
“preparada” pelas letras obos.
Em síntese, quando uma informação que somos incapazes de recordar conscientemente 
influencia nosso comportamento, a memória implícita está em ação. Nosso comportamento 
pode ser influenciado por experiências das quais não estamos conscientes – um exemplo do 
que foi chamado de “retenção sem lembrança” (Horton et al., 2005).
Memórias instantâneas
Você se lembra de onde estava no dia 11 de setembro de 2001?
Talvez você se recorde de sua localização e de diversos outros detalhes que ocorre-
ram quando soube dos ataques terroristas nos Estados Unidos, ainda que o incidente tenha 
ocorrido há mais de treze anos. Sua capacidade de se lembrar de detalhes sobre esse evento 
fatal ilustra um fenômeno conhecido como memória instantânea. Memórias instantâneas 
são aquelas relacionadas a um evento específico importante ou surpreendente que são re-
cordadas com facilidade e imagens vívidas.
Diversos tipos de memórias instantâneas são comuns entre estudantes universitários. 
Por exemplo, o envolvimento em um acidente de automóvel, o encontro com seu colega de 
quarto pela primeira vez e a noite da formatura no ensino médio são memórias instantâneas 
típicas (Romeu, 2006; Bohn & Berntsen, 2007; Talarico, 2009; ver Fig. 3, p. 222).
Evidentemente, as memórias instantâneas não contêm todos os detalhes de uma cena 
original. Lembro-me claramente de que há mais de quatro décadas eu estava assistindo à 
aula de geometria do professor Sharp, na sexta série, quando soube que o presidente John 
Kennedy havia sido baleado. Contudo, embora me recorde de onde estava sentado e de 
como meus colegas reagiram à notícia, não me lembro do que estava vestindo ou do que 
tinha almoçado naquele dia.
Além disso, os detalhes recordados em memórias instantâneas são com frequência im-
precisos, sobretudo quando envolvem eventos altamente emotivos. Por exemplo, quem tem 
idade suficiente para lembrar-se do dia em que o World Trade Center em Nova York foi 
atacado por terroristas geralmente se recorda de assistir à televisão naquela manhã e ver as 
imagens do primeiro avião, e depois do segundo avião, batendo nas torres. Porém, tal recor-
dação está errada: na verdade, as transmissões pela televisão mostraram imagens somente 
do segundo avião em 11 de setembro. Nenhum vídeo do primeiro avião estava disponível 
até o início da manhã seguinte, 12 de setembro, quando então isso foi exibido na televisão 
(Begley, 2002; Schaefer, Halldorson, & Dizon-Reynante, 2011).
Memórias instantâneas ilustram um fenômeno mais geral sobre a memória: memórias 
excepcionais são mais facilmente recuperadas (embora não necessariamente com precisão) 
do que aquelas relacionadas a eventos mais comuns. Quanto mais distintivo um estímulo 
e quanto mais relevância pessoal o evento tem, maior a probabilidade de recordá-lo poste-
riormente (Shapiro, 2006; Talarico & Rubin, 2007; Schaefer et al., 2011).
Todavia, mesmo com um estímulo distintivo, podemos não nos lembrar de onde veio 
a informação. A amnésia de fonte ocorre quando um indivíduo tem uma lembrança para 
memórias instantâneas 
Memórias relacionadas a um 
evento específico importante 
ou surpreendente que são 
recordadas com facilidade e 
imagens vívidas.
Feldman_06.indd 221Feldman_06.indd 221 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
222 Capítulo 6 Memória
algum material, mas não consegue recordar de onde. Por exemplo, a amnésia de fonte pode 
explicar situações em que você encontra alguém que conhece, mas não consegue lembrar 
onde conheceu aquela pessoa.
Da mesma forma, nossa motivação para lembrar algum material quando somos inicial-
mente expostos a ele afeta nossa capacidade de recordá-lo. Se soubermos que vamos preci-
sar recordar desse material posteriormente, ficaremos mais atentos a ele. Entretanto, se não 
esperarmos precisar recordar desse material posteriormente, estaremos menos propensos a 
recordá-lo (Naveh-Benjamin et al., 2000; Kassam et al., 2009).
Processos construtivos na memória: 
reconstruindo o passado
Como vimos, embora esteja claro que podemos ter lembranças detalhadas de eventos significa-
tivos e distintivos, é difícil avaliar a precisão dessas memórias. Na verdade, é visível que nossas 
memórias refletem, ao menos em parte, processos construtivos, processos em que as memó-
rias são influenciadas pelo significado que atribuímos aos eventos. Quando recuperamos in-
formações, a memória que é produzida é afetada não apenas pela experiência prévia direta que 
tivemos do estímulo, mas também por nossas suposições e inferências sobre seu significado.
A noção de que a memória baseia-se em processos construtivos foi primeiramente pro-
posta por Frederic Bartlett, um psicólogo francês. Ele sugeriu que as pessoas tendem a recor-
dar informações em termos de esquemas, corpos organizados de informações armazenadas 
processos construtivos 
Processos em que memórias 
são influenciadas pelo 
significado que atribuímos 
aos eventos.
esquemas Corpos 
organizados de informações 
armazenadas na memória 
que influenciam o modo 
como novas informações são 
interpretadas, armazenadas e 
recordadas.
20100 30 40 50 60 70 80 90
Porcentagem da amostra que disse que o 
evento resultou em “memórias instantâneas”
Sofrer ou testemunhar
um acidente de automóvel
Noite da formatura 
no ensino médio
Encontrar um colega 
de quarto pela primeira vez
Noite do baile de 
formatura no ensino médio
Primeira experiência 
amorosa
Falar em público
Recebimento de carta 
de admissão à faculdade
Primeiro encontro – 
quando você o/a conheceu
Primeira viagem de avião
Momento em que você 
soube de seus resultados 
no vestibular
FIGURA 3 Esses são os eventos de memória instantânea mais comuns, conforme uma pesquisa entre estudantes universitários. 
Quais são algumas de suas memórias instantâneas? 
(Fonte: David C. Rubin, “The Subtle Deceiver: Recalling Our Past,” Psychology Today, September 1985, p. 39-46. Reproduzida, com permissão, da 
revista Psychology Today. Copyright © 1985 SussexPublishers, LLC.)
Feldman_06.indd 222Feldman_06.indd 222 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
Módulo 19 Recordando Memórias de Longo Prazo 223
na memória que influenciam o modo como novas informações são interpretadas, armazena-
das e recordadas (Bartlett, 1932). Visto que usamos esquemas para organizar as informações, 
nossas memórias muitas vezes consistem em uma reconstrução de experiência prévia. Con-
sequentemente, os esquemas baseiam-se não apenas no material real ao qual as pessoas são 
expostas, mas também em sua compreensão da situação, suas expectativas sobre a situação e 
sua consciência das motivações que subjazem ao comportamento dos outros.
Uma das primeiras demonstrações dos esquemas vieram de um estudo clássico que envol-
veu um procedimento semelhante ao jogo infantil do “telefone sem fio”, no qual informações 
de memória são passadas sequencialmente de uma pessoa para outra. No estudo, um partici-
pante viu um desenho no qual havia diversas pessoas de diferentes origens raciais e étnicas em 
um vagão de metrô, uma das quais – uma pessoa branca – aparecia com uma navalha na mão 
(Allport & Postman, 1958). Pediu-se ao primeiro participante que descrevesse o desenho para 
outra pessoa sem olhá-lo de novo. Depois essa pessoa devia descrevê-lo para outra pessoa (sem 
olhar para o desenho), e depois o processo era repetido com mais um participante.
O relato da última pessoa diferiu em aspectos significativos, ainda que sistemáticos, do 
desenho inicial. Especificamente, muitas pessoas descreveram o desenho como representan-
do um afro-americano com uma faca – uma recordação incorreta, já que o desenho mos-
trava uma navalha na mão de uma pessoa branca. A transformação da navalha da pessoa 
branca em uma faca de um afro-americano indica claramente que os participantes tinham 
um esquema que incluía um preconceito injustificado de que os afro-americanos são mais 
violentos do que os brancos, e por conseguinte, mais propensos a estar segurando uma faca. 
Em resumo, as expectativas e o conhecimento – assim como os preconceitos – afetam a 
confiabilidade de nossas memórias (McDonald & Hirt, 1997; Newby-Clark & Ross, 2003).
Embora a natureza construtiva da memória possa resultar em memórias que são parcial 
ou totalmente falsas, elas também podem ser benéficas em alguns aspectos. Por exemplo, 
memórias falsas podem ajudar-nos a manter autoimagens positivas. Além disso, elas po-
dem ajudar-nos a manter relações positivas com os outros conforme construímos visões 
demasiado positivas dos outros (Howe, 2011).
A memória também é afetada pelo significado emocional das experiências. Por exem-
plo, em um experimento, os pesquisadores perguntaram a fiéis torcedores do Yankee ou do 
Red Sox sobre detalhes de duas partidas decisivas entre as equipes em um campeonato de 
beisebol, uma delas vencida pelo Yankee e a outra pelo Red Sox. Os torcedores recordavam-
-se de detalhes da partida que seu time tinha vencido de maneira significativamente mais 
precisa do que da partida que seu time tinha perdido (ver Fig. 4; Breslin & Safer, 
2011).
Memória no tribunal: testemunhas em julgamentos
Para Calvin Willis, as memórias inadequadas de duas pessoas custaram-lhe mais 
de duas décadas de sua vida. Willis foi vítima de erro de identificação quando 
uma jovem vítima de estupro escolheu sua foto como o praticante da agressão. 
Com base nisso, ele foi julgado, condenado e sentenciado à prisão perpétua. 
Vinte anos depois, testes de DNA mostraram que Willis era inocente e que a 
identificação da vítima estava errada (Corsello, 2005).
Infelizmente, Willis não é única vítima a quem desculpas tiveram de ser pedi-
das; muitos casos de erro de identificação levaram a ações legais injustificadas. Es-
tudos sobre identificação de suspeitos por testemunhas, assim como sobre memória 
para outros detalhes de crimes, mostram que testemunhas oculares são propensas 
a cometer erros substanciais quando tentam recordar detalhes de atividades cri-
minosas – mesmo que estejam altamente convictas a respeito de suas recordações 
(Thompson, 2000; Zaragoza, Belli, & Payment, 2007; Paterson, Kemp, & Ng, 2011).
Uma das razões é o impacto das armas usadas nos crimes. Quando o prati-
cante de um crime mostra um revólver ou uma faca, ela age como um imã per-
ceptual, atraindo os olhos das testemunhas. Em consequência disso, elas prestam 
Alerta de 
estudo
Um fato-chave 
sobre a memória 
é que ela é 
um processo 
construtivo em 
que memórias são 
influenciadas pelo 
significado atribuído ao 
que está sendo recordado.
Pr
ec
is
ão
 m
éd
ia
2003
(Vitória do
Yankee)
2004
(Vitória do
Red Sox)
4,4
4,2
4,0
3,8
3,6
3,4
3,2
3,0
Torcedores 
do Yankee
Torcedores
do Red Sox
FIGURA 4 Torcedores do Yankee ou 
do Red Sox eram mais precisos quando 
recordavam detalhes de uma partida 
que seu time havia vencido do que de 
uma partida que seu time havia perdido.
(Fonte: Breslin & Safer, 2011.)
Feldman_06.indd 223Feldman_06.indd 223 26/11/14 14:1426/11/14 14:14
224 Capítulo 6 Memória
menos atenção a outros detalhes do crime e são menos capazes de recordar o que realmente 
aconteceu (Steblay et al., 2003; Zaitsu, 2007; Pickel, 2009).
Uma das razões pelas quais as testemunhas oculares são propensas a erros relacionados 
à memória é que as palavras usadas nas perguntas feitas a elas por policiais ou advogados 
afetam o modo como se recordam das informações, conforme ilustram vários experimen-
tos. Por exemplo, em um experimento, os participantes assistiram a um filme de dois carros 
chocando-se um contra o outro. Para alguns deles, perguntou-se depois: “Mais ou menos 
em que velocidade os carros estavam indo quando eles estraçalharam-se um contra o ou-
tro?”. Em média, os participantes estimaram que a velocidade era de 66 quilômetros por 
hora. No entanto, quando se perguntou a outro grupo de participantes: “Mais ou menos em 
que velocidade os carros estavam indo quando eles encostaram um no outro?”, a velocidade 
média estimada foi de apenas 51 quilômetros por hora (Loftus & Palmer, 1974; ver Fig. 5).
Confiabilidade das crianças. O problema da confiabilidade da memória torna-se ain-
da mais sério quando as crianças são testemunhas devido às evidências crescentes de que 
as memórias das crianças são altamente vulneráveis à influência dos outros (Loftus, 1993; 
Douglas, Goldstein, & Bjorklund, 2000). Por exemplo, em um experimento, mostrou-se a 
meninas de 5 a 7 anos de idade que recém tinham feito um exame físico de rotina um bo-
neco anatomicamente explícito. Mostrou-se às meninas a área genital e perguntou-se a elas: 
“O doutor tocou em você aqui?”. Três das meninas que não fizeram um exame vaginal ou 
anal disseram que o doutor tinha realmente tocado em sua área genital, e uma delas ainda 
inventou um detalhe: “O doutor tocou com uma vareta” (Saywitz & Goodman, 1990).
As lembranças das crianças são em especial suscetíveis à influência quando a situação é 
altamente emocional ou estressante. Por exemplo, nos julgamentos que são antecedidos por 
publicidade significativa ou em que as supostas vítimas são questionadas repetidamente, 
muitas vezes por entrevistadores não treinados, as memórias das supostas vítimas podem 
ser influenciadas pelo tipo de perguntas feitas (Scullin, Kanaya, & Ceci, 2002; Lamb & Gar-
retson, 2003; Quas, Malloy, & Melinder, 2007; Goodman & Quas, 2008).
Memórias reprimidas e falsas: separando a verdade da ficção. Considere o caso de 
George Franklin Sr., um homem acusado de ter assassinado uma colega de escola de sua 
filha. Todo o caso baseou-se nas memórias da filha de Franklin, que afirmou que as havia 
reprimido até começar a ter flashbacks do evento duas décadas depois. Pouco a pouco, as 
memórias foram ficando mais claras até ela recordar-se de seu pai levantando uma pedra 
sobre a cabeça e depois ver sua amiga coberta de sangue. Com base nas lembranças dela, seu 
pai foi condenado – mas posteriormente foi inocentado do crime após recorrer.
Existem bons motivos para questionar

Outros materiais