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Os Fósseis e os Ambientes do Mesozoico O Mesozoico ou Era Mesozoica compreende o intervalo entre 251,9 e 66 milhões de anos antes do presente. O termo foi usado por John Phillips em 1840 e deriva do prefixo grego “meso” = entre, e de “zoon” = animal ou ser vivo, significando “vida-média”. É subdividido em três períodos: Triássico, Jurássico e Cretáceo. Durante o Mesozoico iniciou a fragmentação do Pangeia com a separação dos continentes e a formação de novos oceanos ocorreu um aumento da diversidade nos ambientes marinhos e a intensificação do provincialismo, principalmente nos ambientes continentais. Durante esse intervalo o nível dos mares estava relativamente alto com relação aos mares atuais e o clima estava quente, com variações da umidade. Conforme Holz (2015), a fragmentação do supercontinente Pangeia implicou em mudanças nos continentes e na configuração das linhas costeiras gerando os mares epicontinentais, o aumento da intensidade do vulcanismo, a mudança no padrão de circulação oceânica, uma zonação do clima e a consequentemente evolução da vida. A Era iniciou com condições severas de “estado estufa”. Do início do Triássico até o Jurássico Médio essas condições extremas permaneceram. No Jurássico Superior ocorreu uma queda da temperatura marcando fases de variações do clima com as condições de estufa, seguidas por breves resfriamentos ou pequenas eras glaciais alternadas por condições de estufa de curta duração. Anote! Extinções do Mesozoico O período Triássico registrou um evento de extinção importante durante o Noriano/Rhaetiano (> 30% de taxa de extinção). No período Jurássico ocorreram três extinções perceptíveis (Pliensbachiano, Calloviano e Tithoniano (todas com taxas de extinção próximas a 20%), e no período Cretáceo foram três: durante o Aptiano (taxa de extinção ∼15%), no Cenomaniano (taxa de extinção ∼18%) e especialmente a extinção do Maastrichtiano (taxa de extinção próxima a 45%). No Mesozoico a fauna mudou em relação ao Paleozoico, sendo os dinossauros os mais populares. Porém ocorreram grandes mudanças nas floras com o domínio das plantas com sementes e a origem das plantas com flores. Nos ambientes marinhos surgiram novos grupos de corais e outros invertebrados. Anote Os termos “Greenhouse ou “Estufa’ e “Icehouse” ou “Casa do Gelo” foram usados por Fischer (1982) para diferenciar os principais estados do clima do Fanerozoico. Em 2010 esses estados Tectônica e Paleogeografia do Mesozoico A deformação tectônica com a construção de montanhas por meio de placas convergentes (colidindo) do Mesozoico foi comparativamente menor que do Paleozoico. Na transição Permiano-Triássico (∼252 Ma) o Pangeia estava completamente montado e atingiu seu desenvolvimento máximo no Triássico com a adição do Cazaquistão, Sibéria, partes da China e sudeste da Ásia. Foi no final do Carbonífero que o supercontinente começou a se reunir com a colisão do Gondwana e da Laurásia. A divisão do supercontinente Pangeia iniciou com a gradual separação ao norte da Laurásia e ao sul Gondwana acompanhada da criação de uma margem continental. No final do Mesozoico as placas continentais apresentavam as formas atuais, mas não nas suas atuais localizações. A Laurásia se dividiu em América do Norte e Eurásia. A separação do Gondwana começou durante o Triássico Inferior com a abertura do Oceano Índico e a separação da Índia e da Austrália. O Gondwana originou a América do Sul, África, Austrália, Antártica e o subcontinente Indiano. de clima foram subdivididos em três: Icehouse, Greenhouse (subdividido em estados Cool e Warm) e Hothouse (HOLZ, 2015). - estado “casa do gelo”: a Terra apresentava gelo polar, forte gradiente de temperatura latitudinal (50-60° C) e episódios glacial-interglaciais alternados. - estado “estufa-frio”: os polos apresentavam pouco gelo polar e nas regiões elevadas ocorriam geleiras, mas não ocorria movimentação de icebergs nos oceanos. As temperaturas médias globais variavam entre 21° e 24°C. Os níveis de CO2 atmosférico estava entre 2 e 4 vezes os de hoje. O gradiente de temperatura de alta para baixa latitude era mais fraco do que na casa de gelo. - estado “estufa-quente”: a Terra estava desprovida de qualquer gelo polar. As temperaturas médias globais podem ter variado de 24° a 30°C. Os níveis de CO2 atmosférico estavam entre 4 e 16 vezes os atuais. Os gradientes latitudinais mais baixos de temperatura (<34°C) significavam ventos reduzidos, e o oceano mais quente absorveria ainda menos oxigênio. - estado “casa quente”: com duração relativamente curta (<1 a 3 Ma) e resultou de liberação anormais de CO2 na atmosfera durante intervalos de intenso vulcanismo (Grandes Províncias Ígneas), com concentrações de CO2 atmosférico podendo ser acima de 16 vezes. Figura 1: O supercontinente Pangeia com os seus fragmentos no intervalo de 300 milhões de anos. Figura disponível em: https://ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S007461420080100X-gr24.gif?_ Triássico Jurássico Cretáceo Figuras disponíveis em: www.scotese.com Para saber mais! Clicando nos endereços abaixo você vai visualizar o movimento das placas tectônicas: 1) https://www.youtube.com/watch?v=gQqQhZp4uG8&feature=emb_imp_woyt 2) Scotese, 2016: https://www.youtube.com/watch?v=g_iEWvtKcuQ https://ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S007461420080100X-gr24.gif?_ Nível do Mar e Clima do Mesozoico Os níveis globais do mar em todo o Mesozoico foram, em geral, mais elevados do que no presente. Porém existem registros de quedas no nível do mar nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo. As mudanças no nível do mar modificaram a configuração da linha de costa, aumentaram as áreas de mares epicontinentais e alteraram profundamente a circulação oceânica e a biodiversidade marinha. O supercontinente Pangeia no Triássico estava cercado pelo oceano global Pantalassa, que tinha um braço de extensão para o oeste chamado Tetis. A separação do Gondwana começou no início do Triássico com a abertura do oceano Índico a separação entre Índia e Austrália. As mudanças no nível do mar alteraram a configuração das áreas de plataformas e induziram mudanças na biodiversidade. Durante o Triássico o nível do mar estava elevado com um pico no intervalo Noriano e novo aumento no final do período Triássico. O nível do mar no Jurássico aumentou durante quase todo o período, com pico durante próximo ao final do período. O aumento do nível do mar inundou áreas continentais ao redor da Pangeia, formando enormes mares epicontinentais. No Cretáceo, os níveis do mar estavam em elevação (provavelmente o mais alto no Fanerozoico) e existiam numerosos mares epicontinentais. São registrados dois intervalos de elevação, o primeiro no início do Barremiano e o segundo, o pico mais alto, no início de Turoniano. O desmembramento da Pangeia também promoveu consequências no clima. O conteúdo de oxigênio e gás carbônico atmosférico também era diferente quando comparado aos valores atuais. Essas condições do Mesozoico tornavam a Terra um mundo estranho em comparação com as condições climáticas atuais. Durante o Mesozoico as evidências de gelo polar são esparsas e controversas. Por outro lado, são comuns os registros de depósitos de sedimentos evaporíticos e desérticos. Os recifes fósseis não são encontrados em latitudes maiores do que hoje, tanto para o norte quanto para o sul. Por outro lado, os fósseis de vertebrados são encontrados muito mais ao norte e ao sul. Cálculos baseados na composição química e isotópica das rochas sedimentares indicam que o O2 atmosférico variou durante o Mesozoico entre 15 e 25%. Durante o Triássico Inicial era de cerca de 15%, depois aumentou para 20% até o Jurássico Inferior e, finalmente para 25% em direção ao Cretáceo Superior.O clima também foi influenciado pela liberação de gases do vulcanismo relacionado ao processo de fragmentação da Pangeia e as emissões de metano das biotas reptilianas aumentaram o CO2 às concentrações de até 16 vezes em comparação com os níveis atuais (HOLZ, 2015). As temperaturas médias globais foram em torno de 6-9°C mais altas do que as atuais. Figura disponível em: https://ars.els-https://ars.els- cdn.com/content/image/1-s2.0- S1342937X16304129-fx1_lrg.jpg Figura disponível em: www.scotese.com https://ars.els-https/ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S1342937X16304129-fx1_lrg.jpg https://ars.els-https/ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S1342937X16304129-fx1_lrg.jpg https://ars.els-https/ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S1342937X16304129-fx1_lrg.jpg A transição do final do Permiano para o início do Triássico foi marcada por um pronunciado evento “estufa” (warm) que aparentemente impulsionou a evolução dos répteis (pelicossauros sucessivos, dinocéfalos, dicinodontes, rincossauros e faunas dos primeiros dinossauros) e a extinção em massa das plantas que contribuíram para os depósitos de carvão no hemisfério sul (glossopterídeas, gigantopterídeas, licopsídas arborescentes e cordaites). No Triássico o interior da Pangeia era quente e seco enquanto as regiões polares eram quentes e mesmo durante o inverno não havia gelo. O intervalo com as condições quentes do Triássico pode ter sido um dos com temperaturas mais altas da história da Terra. Mesmo quente e seco, o Pangeia apresentava um zoneamento climático com três zonas: uma úmida em baixas latitudes, uma zona sazonalmente úmida em latitudes médias e uma zona árida em latitudes altas. As mega-monsões do Pangeia vigoravam durante o Jurássico inicial e médio. Ao final do Jurássico, devido à divisão da Pangeia, o clima global começou a mudar. O interior da Pangeia tornou-se menos seco e existem registros de neve sazonal. Durante o intervalo do médio ao final do Jurássico Existem evidências de episódios de climas polares frios ou sub- congelantes. O Cretáceo teve um clima relativamente quente, mas existem evidências para uma tendência de resfriamento em direção ao final do desse período, com possíveis glaciações. No início do período, a temperatura global média era de ∼18°C (representando 4° acima da temperatura global atual), o conteúdo médio de CO2 na atmosfera era cerca de seis vezes o atual e o oxigênio chegando a 30%. Durante o Cretáceo Superior, o clima global era mais quente do que o de hoje. Não existia gelo nos polos. Os dinossauros migraram entre as zonas temperadas quentes e temperadas frias à medida que as estações mudavam. Mais informações Os principais fatores que afetaram os climas do Mesozoico são (HOLZ, 2015): - A configuração paleocontinental com um supercontinente formando uma massa de terra contínua entre os polos é um dos fatores que determinaram um clima árido. Existiam mega-monsões com diminuição da taxa de precipitação e evaporação nas latitudes médias do interior de Pangeia com a ocorrência de enormes cinturões semi-áridos a áridos. A abertura do supercontinente modificou as configurações das massas de terra e de seus litorais e ocasionou a formação de enormes mares epicontinentais e a alteração da circulação oceânica. Esses fatores ajudaram a controlar a mudança climática durante o Mesozoico Médio e Final. - O processo de liberação de gases ligado à tectônica de placas com a intensa propagação do fundo marinho e com eventos de liberação de basaltos em grandes províncias ígneas, tanto continentais como oceânicas. Foi um fator de controle do clima uma vez que durante esses eventos, o curto prazo de resfriamento é seguido pelo aquecimento induzido pelo CO2 e aumento do efeito estufa no clima. Os gases de efeito estufa não só afetaram o clima mais quente e úmido, mas a vida terrestre por meio da disseminação de patógenos tropicais, migrações de plantas e animais, aumento do nível do mar, água subterrânea pouco oxigenada e acidificação da água. A queda do oxigênio atmosférico teria afetado os animais das altitudes elevadas tornando esses ambientes inabitáveis e reduzindo posteriormente o habitat para muitos animais. A evolução dos vertebrados terrestres aparentemente foi outro fator de controle do clima. Durante o Mesozoico, os vertebrados herbívoros exibiam uma tendência evolutiva para o gigantismo. As emissões de metano pelos vastos rebanhos de vertebrados gigantes também são consideradas um fator de controle do clima. - Os eventos de impacto: a colisão de enormes asteroides produziu e espalhou uma grande quantidade de material para a atmosfera causando o chamado "inverno de impacto" que é um período de frio prolongado resultante de bloqueio da luz solar. Períodos do Mesozoico Triássico: fósseis e ambientes (251,9 a 201 milhões de anos; durou 55,6 milhões de anos, do final do Período Permiano ao início do Jurássico) O nome foi usado por Friedrich von Alberti em 1834 para as rochas com marcada divisão tripartite na Alemanha. No início do Triássico podem ser diferenciadas três categorias de organismos: os grupos sobreviventes do evento de extinção do Permiano-Triássico, novos grupos que surgiram e os grupos que começaram a dominar na Era Mesozoica. A extinção do Permiano-Triássico devastou a vida terrestre. A biodiversidade foi recuperada depois de 30 milhões de anos quando os registros indicam o estabelecimento de comunidades com estruturas complexas na cadeia alimentar. No intervalo entre de 659-645 milhões de anos e o final do Permiano as algas vermelhas e verdes foram os principais componentes do fitoplâncton marinho. No Triássico, as algas endossimbionticas foram os mais importantes elementos planctônicos. Nos ambientes marinhos do Triássico ocorriam corais escleractíneos que formavam recifes pequenos em tamanho e extensão. As faunas marinhas apresentaram, em geral, baixa diversidade e elevada densidade. Durante o Triássico surgem os serpulídeos e novas linhagens de cefalópodes amoníticos nectônicos que constituíram o grupo dominante, seguido pelos bivalves substituindo os braquiópodes, sendo raros os foraminíferos e os equinodermas. Ocorreu também o início da mudança de hábito para a infauna de grupos bentônicos escavadores de bivalves e equinóides (essa mudança continuou no Jurássico e Cretáceo). Os peixes com nadadeiras raiadas apresentaram diversificação com o pico dessa diversidade ocorrendo no Triássico Médio. Também existem registros de muitos grupos de répteis marinhos incluindo os primeiros plesiossauros e ictiossauros. Anote No Brasil na área central do Rio Grande do Sul existe um importante registro do Triássico com fósseis de vertebrados e plantas. https://www.ufrgs.br/ciencia/tag/fosseis-do-rio-grande-do-sul/ Nos ambientes continentais as plantas sobreviventes da extinção do Permiano incluíam: licófitas, cicas, gincos, samambaias, esfenófitas e grupos remanescentes de glossopterídeas. No https://www.ufrgs.br/ciencia/tag/fosseis-do-rio-grande-do-sul/ início do Triássico, os elementos integrantes da Flora de Glossopteris foram gradualmente substituídos pelos da Flora de Dicroidium. A Flora de Dicroidium que se desenvolveu entre 30 e 80 graus de latitude sul, com o gênero de pteridospermofita dominante Dicroidium ocorreu em solos de ambientes secos (xerófilos). Essa flora fóssil apresenta associação com coníferas e em alguns locais, com esfenófitas, pteridófitas, cicas e gincos. As esfenófitas ocorriam em solos úmidos (higrófilos) e em habitats ribeirinhos ao longo das margens de rios, riachos e lagos. A radiação das plantas com sementes iniciou no hemisfério norte com as coníferas e as benetitales.As faunas aquáticas continentais incluíam os dipnoicos (peixes pulmonados) nos lagos e rios e grupos de tetrápodes anfíbios primitivos.No início do Mesozoico os diápsidos se dividiam em dois grandes sub-grupos: lepidosauromorfa, vindo originar os atuais lagartos e cobras e arcosauromorfa, no qual estão incluídos dinossauros, pterossauros (répteis voadores), fitossauros e crocodilos. Os grandes herbívoros primários em muitos ecossistemas foram os rincossauros e dicinodontes. Os rincossauros surgiram e se extinguiram no período Triássico e constituem um dos grupos herbívoros abundantes do planeta. Os dicinodontes constituíram o mais abundante grupo de herbívoros entre o final do Permiano e o terço inferior do Triássico. Os dicinodontes promoviam a trituração dos alimentos por meio do contato entre as bordas afiadas das coberturas córneas que existiam nas porções anteriores do crânio e da mandíbula. Os predadores incluíam fitossauros (arcossauros, que lembram crocodilos), grupos de aetossauros (embora a maioria fosse herbívora, eles apresentavam a região dorsal blindada), rauisuquios (predadores principais dos ecossistemas), terópodes (os primeiros dinossauros) e cinodontes (grande grupo que inclui os primeiros mamíferos). No final do Permiano, surgiram os Cinodontes. Durante o final do Triássico a partir de grupos de cinodontes avançados evoluíram os primeiros mamíferos. Cinodontes e mamíferos apresentavam nítida diferenciação dentária, tendo os dentes incisivos, caninos e pós-caninos com formas complexas e funções específicas e bem definidas no processamento do alimento. Os primeiros mamíferos eram pequenos, de hábito principalmente insetívoro e noturnos. A vida noturna pode ter influenciado a evolução dos pelos e uma taxa metabólica mais alta. Também nesse intervalo são registrados os primeiros pterossauros e vários dinossauros e as tartarugas. Os Dinossauros incrementaram o processo de locomoção por meio do bipedalismo, e os cinodontes, permanecendo quadrúpedes, reformularam toda a postura das vértebras, cinturas e membros, tornando-se tão ágeis quanto àqueles. Exemplos de Fósseis do Triássico Coral escleractíneo Cefalópode amonóide Caule de esfenófita Mandíbula de rincossauro Folha de Cicadófita Taeniopteris Folha da Pteridosperma Dicroidium Jurássico: fósseis e ambientes (201 a 145 milhões de anos; durou 56 milhões de anos e iniciou no final do Período Triássico até o início do Período Cretáceo) O nome deriva das montanhas Jura no norte da Suíça descritas por Alexander von Humboldt em 1795. Os principais eventos do Jurássico foram a radiação adaptativa dos dinossauros e a evolução dos pássaros (às vezes chamados de dinossauros avianos), a diversificação das cicas, pteridospermas e dos cicadeóides. No Jurássico ocorreu a dispersão de animais marinhos nectônicos e planctônicos. O nécton era ocupado pelos amonóides, peixes, ictiossauros (auge da diversidade) e plesiossauros. As associações de animais incrustantes incluíam: ostras, briozoários, serpulídeos e crinóides. Nos ambientes marinhos do Jurássico ocorriam bivalves com sifões e que eram mais hábeis para escavar. Também surgiram os bivalves rudistas e cefalópodes belemnites. Entre os vertebrados marinhos dominavam os peixes e répteis incluindo os ictiossauros (auge de diversidade), plesiossauros, pliossauros e crocodilos marinhos, além de numerosas tartarugas que ocorriam em lagos, rios e ambientes terrestres. Os ictiossauros atingiram a diversidade máxima no início do Jurássico. Os primeiros plesiossauros tinham corpo pequeno e o tamanho médio do corpo aumentou nos grupos que surgiram até o Jurássico médio. Alguns crânios fósseis apresentam até 2 metros de comprimento indicando que os animais apresentavam entre 10 e 12 metros. O Jurássico foi um momento importante na evolução de grupos de tubarões em ambientes marinhos e de água doce. Nos ambientes terrestres dominavam os grandes dinossauros saurópodes herbívoros (gigantes) que habitavam ambientes cobertos de samambaias, cicas e bennetitales. Os predadores desse período eram os grandes terópodes – dinossauros saurísquios. Uma radiação de dinossauros é registrada no início do Jurássico incluindo os grupos terópodes e ornitisquios (dinossauros menores) entre outros, com os primeiros anquilossauros, estegossauros e cerapsídeos. Os grandes dinossauros terrestres herbívoros – saurópodes, se alimentavam de samambaias, cicas e coníferas nas pradarias. Os dinossauros ornitisquios eram menos predominantes que os saurisquios (estegossauros e ornitopodes). Vários dinossauros viviam em florestas de grandes coníferas. Durante o Jurássico é registrada a diversificação dos lepidossauros (que incluem os atuais lagartos e cobras) e rincocéfalos (hoje os tuatara) que ocuparam diferentes ambientes e com diferentes relações ecológicas, incluindo grupos aquáticos e herbívoros especializados. A diversidade de crocodilomorfos durante o Jurássico era similar à do final do Triássico, mas com uma ampla variedade de hábitos de vida. Além daqueles que habitavam ambientes aquáticos de água doce, existiam formas herbívoras, alguns terrestres de corpo pequeno e pernas longas, e um grupo predominantemente marinho. As tartarugas eram representadas por dois grandes grupos que ocorriam em ambientes terrestres e aquáticos. Em ambientes de florestas são registrados os primeiros grupos associados aos sapos, salamandras e cecílias. No Jurássico médio são registrados os primeiros fósseis da linhagem das cobras. Os mamíferos diversificaram-se amplamente durante o Jurássico sendo a maioria conhecidos apenas por dentes isolados e fragmentos de mandíbula. Os poucos fósseis bem preservados indicam hábitos de vida diferentes: adaptados para a vida aquática, semelhante aos esquilos voadores, especialista em insetos coloniais. Os vários grupos de mamíferos existentes habitavam locais com vegetação rasteira. Durante o Jurássico Superior são registradas as primeiras aves como o Archaeopteryx (terópode) que derivaram de pequenos dinossauros celurossauros. Os pterossauros eram comuns e apresentavam diferentes relações ecológicas. A principal radiação dos pterossauros jurássicos incluiu os ranforrincos que teriam hábitos piscívoros. Também apareceram os primeiros pterodáctilos com dentição, o que sugere um hábito alimentar filtrador. A diversidade de insetos aumentou substancialmente ao final do Jurássico incluindo os besouros, borboletas, mariposas e pulgas. As aranhas e ácaros também se diversificariam no Jurássico. A extinção final do Triássico resultou no declínio das pteridospermas. No limite Triássico-Jurássico na Groenlândia, a diversidade de pólens e esporos sugere uma renovação floral completa. As florestas do Jurássico eram dominadas por coníferas com os grupos modernos de coníferas se diversificando durante o período. Nos hemisférios norte e sul ocorriam araucárias e a família extinta queirolepidiaceas. São encontrados os primeiros registros de ciprestes em regiões tropicais temperadas quentes do hemisfério norte. Também existe registro de pináceas, taxaceas e podocarpaceas. As gincos eram diversificados no Jurássico sendo integrantes importantes nas florestas da Laurásia e estavam adaptadas a uma ampla variedade de condições climáticas. O solo era coberto por samambaias e cavalinhas e o registro mais antigo do gênero vivente Equisetum (cavalinha) é do início do Jurássico. As cicas provavelmente eram elementos acessórios nas floras do Mesozoico e estavam confinadas nos ambientes das regiões de latitudes tropicais e subtropicais. No Jurássico Médio da China são encontrados fósseis das primeiras gnetófitas. As pteridospermas do Jurássico incluindo as caitoniales e as coristospermales estariam relacionadas com as ancestrais das plantas com flores. Exemplos de Fósseis do Triássico Equinoide Braquiópode Pinha de conífera Peixe Caule de ginco.Pterodactilus Cretáceo: fósseis e ambientes (145 a 66 milhões de anos; durou 79 milhões de anos com início no final do Período Jurássico até o início do Período Paleógeno (Cenozoico). A palavra Cretáceo deriva do latim “creta” que significa “giz”. Em 1822, Jean d'Omalius d'Halloy usou o termo para denominar as rochas na Bacia de Paris que apresentavam extensas camadas de carbonato de cálcio (giz) originário de conchas e de nanofósseis calcários (cocolitos). Nos ambientes marinhos surgiram novas famílias de cefalópodes amonóides incluindo heteromorfos, além de bivalves rudistas, recifes e ostras. As comunidades de organismos bentônicos eram dominadas por moluscos gastrópodes, escafópodes, bivalves (pectenídeos, ostrea, bivalves com bisso), corais formadores de recifes (hermatípicos), braquiópodes, crinóides, serpulítes, esponjas, poliquetos e briozoários. Os nectônicos incluiam: peixes, cefalópodes (nautilóides, amonóides e belemnitídeos), ictiossauros, plesiossauros e mosassauros. As infaunas incluiam os decápodes (crustáceos) e os equinóides. Muitos recifes fósseis desse período foram construídos por bivalves rudistas. No ambiente marinho apareceram os foraminíferos globogerinóides. Nos ambientes aquáticos ocorreu a primeira radiação das diatomáceas. Entre os equinodermas prosperavam os ouriços e as estrelas do mar. São registrados fósseis de peixes incluindo raias e grupos dos modernos tubarões e teleósteos. Também ocorriam aves voadoras incluindo mergulhões. Os predadores do topo da cadeia alimentar eram os dinossauros. Os pterossauros eram comuns no Cretáceo inicial e médio, mas declinaram no final do período. Na Formação Yixian da China, o Liaoning lagerstätte apresenta fósseis bem preservados de vários pequenos dinossauros, pássaros e mamíferos do Cretáceo Inicial. Os fósseis desses dinossauros são notáveis pela presença de penas. Nos ambientes continentais, os mamíferos eram relevantes na fauna, mas apresentavam pequeno porte. São registrados mamíferos de grupos carnívoros, forrageadores aquáticos e herbívoros. Os insetos eram diversificados no Cretáceo e incluíam as mais antigas formigas, cupins, lepidópteros (borboletas e traças), pulgões, gafanhotos e vespas. A flora do Cretáceo era dominada por plantas com sementes incluindo cicas, coníferas, gincos, gnetófitas e benetitales. As primeiras evidências de plantas com flores são grãos de pólens monossulcados de ~135 milhões de anos encontrados em Israel e na Itália. O pólen tricolpato característico das eudicotiledôneas aparece pela primeira vez no final do Barremiano (~128 Ma). Os registros de macrofósseis mais antigos são Montsechia do Barremiano (~128Ma) da Espanha e o Archaefructus do limite Barremiano-Aptiano (~125 Ma) da China. Os primeiros registros de monocotiledôneas são do Aptiano (~124 Ma). Os fósseis de gramíneas mais antigos são do Albiano (~110 Ma). Já as primeiras árvores de plantas com flores são do Turoniano (~90 Ma). O surgimento e a propagação das plantas com flores (angiospermas) coevoluiram com os insetos. Quase todas as famílias de plantas com flores existentes atualmente apareceram no final do Cretáceo. Anote No Brasil, na Bacia Sedimentar do Araripe que ocorre nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí existe um importante registro do Cretáceo com fósseis de vertebrados e plantas. http://geoparkararipe.urca.br/?page_id=2114 Exemplos de Fósseis do Cretáceo Equinoide regular (ouriço) Concha de cefalópode belemnites Gnetofita Welwitschia (Araripe, Coleção Museu Nacional) Folha de angiosperma (Bacia do Araripe, Coleção Museu Nacional) Inseto Ictiólito – peixe fóssil http://geoparkararipe.urca.br/?page_id=2114 Mais informações! A Extinção em Massa no Final do Cretáceo (Texto adaptado de: Khosla e Lucas, 2021) O Cretáceo foi o período mais longo do Mesozoico e apresentou uma das biotas mais diversificadas do Fanerozoico. As rochas cretáceas estão bem expostas em países europeus incluindo Espanha, França, Alemanha, Romênia, Portugal, Áustria e Hungria, e na América do Norte, refletindo a enorme extensão dos mares epicontinentais. Rochas do Cretáceo também estão expostas na América do Sul, incluindo Patagônia e Brasil, e na Nova Zelândia, Austrália, África, Cazaquistão, Irã, Tailândia, Coreia, Japão, China, Vietnã, Madagascar e Índia. O registro fóssil do Cretáceo é extenso e inclui: dinossauros, crocodilos, tartarugas, pterossauros, plesiossauros, mosasauros, ictiossauros, peixes, tubarões, amonóides, foraminíferos plantônicos, samambaias, vários grupos de plantas com sementes e angiospermas. O evento de extinção Cretáceo-Paleogene (K-Pg) foi relativamente repentino com o desaparecimento de aproximadamente 80% da fauna e flora. É a mais estudada e mais bem compreendida das cinco grandes extinções em massa. Ela tem sido atribuída aos efeitos do impacto de um grande asteroide ou meteorito com cerca de 10 a 15 km de largura. O impacto poderia ter criado uma tremenda nuvem de resíduos que teria subido no ar e circulado o planeta. Essa nuvem de resíduos diminuiu a luz que chegava à superfície da Terra influenciando na fotossíntese das plantas em terra e do fitoplâncton nos mares, causando rápidas e significativas mudanças. No registro geológico, o evento K-Pg é distinguido por uma camada muito fina com quantidades elevadas do irídio metálico, o que é incomum na crosta terrestre, mas abundante em asteroides. A hipótese de impacto extraterrestre foi apoiada pela identificação (em meados da década de 1990) da cratera de impacto Chicxulub com 180 km de largura no Golfo do México, ao longo da costa da Península de Yucatán. A cratera forneceu provas aparentemente indiscutíveis de que a camada de argila K-Pg incluía detritos de um impacto extraterrestre. A velocidade das extinções também foi considerada uma evidência de terem sido provocadas pelo asteroide. No entanto, o evento de extinção K-Pg aconteceu num contexto de mudanças naturais de longo prazo. Estas mudanças incluíram flutuações climáticas e do nível do mar e um extenso vulcanismo das Armadilhas de Deccan, uma grande província ígnea na Índia. Apesar da relação entre a cratera Chicxulub e as extinções do limite K-Pg, há indícios de que a cratera pode realmente ser 300mil anos mais antiga que o limite K-Pg e que outro impacto pode ter sido o responsável pela extinção do Cretáceo. A cratera deste outro impacto proposto não é conhecida, mas dada a magnitude da anomalia do irídio no limite K-Pg, acredita-se que seja comparável em tamanho à cratera Chicxulub. O limite K-Pg foi identificado com base no conteúdo fóssil, variações litológicas de campo e análise geoquímica. Dentre os critérios para considerar o limite K-Pg, a extinção de alguns grupos de foraminíferos planctônicos tem sido considerado o mais consistente. A composição das assembleias desses foraminíferos indicam que estavam extintos antes do limite K-Pg. Os desiquilíbrios ambientais estão associados ao vulcanismo com a liberação de gases tóxicos e diminuição do oxigênio pela eutrofização. Estudos de isótopos estáveis dessas carapaças demonstram um aquecimento abrupto (~2-38 °C) das águas oceânicas, provavelmente ligado ao aumento do pCO atmosférico. Assim, o vulcanismo estaria pressionando a comunidade planctônica marinha antes dos efeitos negativos de um impacto de asteroides. Na verdade, o impacto foi o "golpe de misericórdia" para os elementos bióticos já em apuros. Em síntese, a discussão continua sobre se o impacto foi a única razão para a extinção ou se outros fatores (vulcanismo e queda do nível do mar) também foram responsáveis. KHOSLA, A.; LUCAS, S.G. End-Cretaceous Extinctions. In: Encyclopedia of Geology (2.ed.). p. 665-678, 2021. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/ referencework/9780081029091/encyclopedia-of- geology>.https://www.sciencedirect.com/topics/earth-and-planetary-sciences/ammonite REFERÊCIAS BOLZON, R.T.; AZEVEDO, I. Paleoecologia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Departamento de Geologia, Laboratório de Paleontologia. 2008. 73p. il. ELIAS, S.A. Earth Systems and Environmental Sciences. 2013. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/referencework/9780124095489/reference-module-in-earth- systems-and-environmental-sciences>. FISCHER, A.G. Long-term climatic oscillations recorded in stratigraphy. In: WH Berger, J.C. Crowell (Eds.) Climate in Earth History. Washington: National Academy Press, 1982, pp. 97-104. HOLZ, M. 2015. Mesozoic paleogeography and paleoclimates - A discussion of the diverse greenhouse and hothouse conditions of an alien world. Journal of South American Earth Sciences, 61, p. 91-10, 2015. LUCAS, S.G. 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