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ISMAR DE SOUZA CARVALHO (Editor) EDITORA INTERCIENCIA Sumario APRESENTA<;AO .......................................................... .................................................... ........................ V PREFACIO ...... .................................................................................................................................. .......... VII PREFACIO DA 1·· EDI<;Ao ........................................................................................................ ........... IX CURADORIA E TECNICAS DE PREPARA<;AO .............................................................................. .. 1 Capitulo 1-Curadoria PaJeontol6gica ............................................................................................................................................ 3 Funty6es e a Etica da Curadoria ............................................................................................................................................ 4 Tafonomia nas Gavetas .......................................................................................................................................................... 5 Condi~ de Armazenamenro ........................................................................................................................................... 7 A Exposi~o de Objeros Paleontol6gicos ....................................................................................................................... 11 Referencias ................................................................................................................................................................................. 13 Capftu to 2-Tecnicas de Prepara~o de Microf6sseis .............................................................................................................. 17 Microf6sseis Calcirios ............................................................................................................................................................ 18 Microf6sseis Silicosos- Radiohirios ................................................................................................................................... 21 Microf6sseis Orgarucos - Palinomorfos ............................................................................................................................ 22 Referencias ................................................................................................................................................................................. 24 Capitulo 3- F 6sseis: Col era e Metodos de Escudo .................................................................................................................... 27 Prospe~o e Coleta de F 6sseis ......................................................................................................................................... 27 Prepara~o de F 6sseis ............................................................................................................................................................ 31 Trabalhos de Laborat6rio e Gabinete ............................................................................................................................... 36 Curadoria ..................................................................................................................................................................................... 39 Referencias ................................................................................................................................................................................. 40 Capitulo 4-Tecnicas de Prepara~o Quimica para Venebrados F6sseis ............................................................................ 43 Prepara~o Quimica: a utiliza~o de acidos .................................................................................................................... 43 Tecnicas de Prepara~o Misra (Mecaruca/Qufmica) ................................................................................................... 49 Procedimentos de Seguranr;a ............................................................................................................................................... 49 Considera~ Finais .............................................................................................................................................................. 49 Referencias ................................................................................................................................................................................. 58 Capitulo 5-Metodologias Digitais Aplicadas ao Escudo de Venebrados ........................................................................... 51 Tecrucas e Equipamentos .................................................................................................................................................... 53 Referencias ................................................................................................................................................................................. 55 Capitulo 6-Moldagem e Replica~ao de F 6sseis ....................................................................................................................... 57 Replicas ....................................................................................................................................................................................... 58 Produzindo Replicas ............................................................................................................................................................... 58 JAZIGOS FOSSILfFEROS .......................................... .............................................................................. 65 Capitulo 7-Jazigos Fossil.fferos do Brasil .................................................................................................................................... 67 Legisla~o Brasileira sobre Patrimonio Fossilifero .................................................................................................... 67 Comissao Brasileira de Sftios Geol6gicos e PaJeobiol6g1cos ................................................................................... 70 Principais jazigos Fossil.fferos do Brasil .......................................................................................................................... 70 XII Paleontologia <Ansidera~6cs Finais .............................................................................................................................................................. 81 Referencias ................................................................................................................................................................................. 82 Capfrulo 8-jazigos Paleoboclnicos do Brasil ............................................................................................................................ 85 juigos Paleoz.6icos ................................................................................................................................................................. 87 Jazigos ~lesoz6icos ................................................................................................................................................................. 90 ja7jgos Cenoz6icos ................................................................................................................................................................. 92 Referencias ................................................................................................................................................................................. 93 Caplrulo 9-F6sseis de Porrugal ....................................................................................................................................................97 Geologia dePorrugal ............................................................................................................................................................. 98 Oiversidade dos To.xa ............................................................................................................................................................ 100 Aplicary6es ...................................................................................................... ~····· · ··· ··············· ······· · ······ · ······························· ···· 117 Referencias ................................................................................................................................................................................. 120 Capitulo 10-Educaylio e Paleontologia .................................................................................................................................... 123 A Universidade e Seu Papel na Produryao e Transmissao do Conhecimento Paleontol6gico ........................ 124 A lmponancia dos Museus na Educaylio em Paleomologia .................................................................................... 124 0 Turismo Paleomol6gico: aliado ou amea~? ............................................................................................................ 125 A Mfdia e a Educaylio Paleontol6gica ............................................................................................................................ 126 A Paleomologia na Educaylio Basica: Por que a paleomologia anda rao distante das salas de aula? .............. 127 Decodificando a Linguagem Ciemffica na Escola ..................................................................................................... 128 A Paleomologia no Currfculo Escolar: das experiencias coridianas aos conceitos ciemlficos ........................ 128 0 Papel dos Professores como l\lediadores da Construryao de Conceitos Paleomol6gicos na Escola .......... 129 Referencias ................................................................................................................................................................................. 130 f ndicc Remissivo-Volume 1 ......................................................................................................................................................... 131 fndice Remissivo- Volume2 ......................................................................................................................................................... 231 Aurores ...................................................................................................................................................................................................... 251 1 CURADORIA PALEONTOLOGICA Ismar de Souza Carvalho A curadoria em paleontologia compreende urn conjunto de procedimentos que visam resguardar o material f6ssi l, ja estudado ou nao, e que abrange a prote~ao ffsica, cataloga~ao e disponibiliza~ao publica. A a~ao de agentes ffsicos e qufmicos ambientais, distintos do contexto original em que o fossi l se inseria, tais como luminosidade, condi~oes de umidade, temperatura e polui~ao, sao determinantes na busca de solu~oes para a durabilidade dos especimens. Os tipos lirol6gicos que compoem os f6sseis e o tempo de exposi~ao a que estao sujeitos aos agemes ambientais sao determinantes para a manuten~ao da integridade dos acervos. Uma cole9ao de f6sseis e o registro documental da diversidade paleobiol6gica e da hist6ria geol6gica da Terra, e seu manejo adequado e fundamental para sua preservac;:ao destinada as gerac;:oes futuras. As func;:oes desempenhadas por urn curador sao geralmcnte objero de controversias. Se seu papel rclaciona-se ao de urn pesquisador, educador ou tecnico cnvolvido na exibic;:ao de exposic;:oes e no cui dado com as colec;:oes (Conaway, 1978). Esse conflito resulta numa perspecti va equivocada das ac;:oes relacionadas a curadoria, vista muitas vezes como uma atividade de menor importancia e prestfgio academico. Como indicado por Colbert (1958), o curador envolvido com aspectos da hist6ria natural e antes de rudo urn especialista, responsavel e interessado em seu campo de especializac;:ao, e sua autoridade ad vern das pesquisas cientfficas que realiza. Devido a sua competencia em uma especialidade, espera-se que atue na qualificac;:ao de novos pesquisadores. Some-se a tais tarefas o planejamento e a s upervisao das instalac;:oes das exposic;:oes. Emretanto, o curador e antes de tudo responsavel pelas colec;:oes e sua manutenc;:ao. 0 curador deve ter rota! responsabilidade pelas colec;:oes sob sua guarda, bern como trabalhar para o incrementO da mesma. Ao curad or compete a responsabil idade de guarda, manutenc;:ao, definic;:ao dos criterios de uso, selec;:ao dos materiais a serem incorporados a colec;:ao e ac;:oes voltadas para a educac;:ao e pesquisa. Sua func;:ao transcende a de urn "organizador de gavetas", pois cad a elemento de uma colec;:ao paleontol6gica e l"mico e, caso pcrdidos, sao insubstitufveis. Nao importa se existe mais de urn exemplar atribuido a uma mesma especie. Se representam hol6tipos ou nao. Todos devem ser entendidos num contexto amplo de acervo cientffico e que representam parte da hist6ria da vida. Assim, as func;:oes do c urador situam-se neste co ntexto multifacetado, devendo em especial garanti r as condic;:oes de perenidade do acervo. F un~s e a Erica da Curadoria A presen·a~ao de urn especimen poderia ser potencializada caso nunca ocorresse sua manipula~ao, e se fosse mantido em condi~6es de controle tcrmico e de umidade (Brad ley, 2001). Entrctanto o curador deve garantir a seguran~a dos f6sseis, realizando urn controle tal que rctarde ou impe~a a deteriora~ao e defina regras para scu uso e exposi~ao. Este comrole deve ser constance, com levantamentos regulares dos acervos e visroria das condi~oes ambientais em que se insercm. \lesmo sem grande disponibilidade financcira, a curadoria deve tcr a preocupa~ao com o adequado armazenamenro dos f6sscis, o qual podc scr melhorado segundo Bachmann & Rush field (2001) a craves de manuten~6cs rcgulares, evitando a poeira e omras partfculas carregadas pelo ar, que atraem insetos, e abrasiva e concern esporos de fungos. Tambem 6 fun~ao do curador a decisao sobre os especimcns a serem incluldos em uma co l e~ao paleontol6gica. De acordo com Molnar ( 1996) prioritariamente os que devem ser inclufdos em urn acervo museo16gico sao: os que representam novos taxa; cspecimens de interesse local; os que apresentam estruturas nao presences, ou pouco preservadas em espccimens ja colctados; os que dcnotam aspectos parol6gicos; os que representam estagios de urn ciclo de vida, ou sexual; especimens que indicam novas ocorrencias geograficas ou temporais. Tal concep~ao, de prioriza~ao dos objetos de uma co l e~ao paleonto l6gica, relaciona-se essencia lmente a impossibi lidad e de acondicionar todo o material advindo das coletas de campo aos espa~os flsicos instirucionais destinados a tais acervos. As cole~6es de f6sseis devem ser entendidas como materiais ciencfficos perperuados e disponfvcis para novos escudos, c nao como depositos de objeros da curiosidadc cientffica. 0 curador de uma coJe~ao paJeonroJ6gica deve ter antes de wdo ctica na composi~ao do acervo de sua instiwir,:ao. A defini~ao do termo c tica nao e enrretanto muito precisa, varian do do ponco de vista do observador e do contexto de sua aplica~ao. Porem, a etica envolve em colocar o desejo publico alem do instiwcional e do interesse profissional pessoal. A etica vai alem da csscncia de nossas cren~as, inibindo nossa liberdade de atuar isoladamente para nossos pr6prios ganhos, demandando urn senso de responsabilidade para com OS outros (Boyd, 1991). A rna etica produz cicncia de rna qualidade. A cie ncia de boa qualidade somente podeser bascada em praticas cticas que incluem desde 0 Paleontologia con hecimento da origem do espccimen, pesquisa e curadoria, incerprcta~ao e publica~ao (Besterman, 2001 ). Tal sirua~ao e muito bern exemplificada por Padian (2000) em sua analise sobrc a compra de f6sscis por instituir,:oes cicntfficas. Seu estudo avalia a comercializa~ao de f6sscis da China, indicando a publica~ao de informa~6es erroncas, em fun~ao de f6sseis deliberadamente falsificados destinados ao comercio inrernacional. Tambem f6sseis crctacicos oriundos da Bacia do Araripe sao deliberadamentc adulterados e vendidos no mercado inrernacional. I-H a composi~ao de indivfduos de uma mesma especie, ou de especies diferences, assembleias de espec ies, altera~ao da morfologia dos taxa, confec~ao de partes que faltam, modifica~ao da colora~ao (por adi~ao de tintas ou ceras) e mesmo a inclusao em carbonatos de animais e vegetais recences (Martill, 1994 ). Apesar de em algumas situa~6cs tais falsifica~6es sercm facilmente reconhecidas, ha inumeros casos em que houve a moncagem de cspectes descritas cientificamente e compradas no ilegal mercado de f6sscis (Marti II et alii, 1996; Sereno et alii, 1994; Sues el alii, 2002). F6sseis comumente forjados sao aqueles imersos em ambar. Grimaldi et alii (1994) analisaram diversas inclus6es em pressupostos ambares, as quais mostraram-se como imers6es de animais e plantas atuais em resinas narurais (por exemplo copal) ou sinteticas (poliester). Grimaldi et alii (1994) e Bauer & Branch (1995) indicaram difcrcntes tecnicas que possibilitam a dis tin~ao entre as fa lsifica~oes e o material autentico.Tais situa~6es sao facilmente conrornadas quando o curador incorpora especimens nas colc~oes institucionais sabendo sua origem, contexto de ocorrencia e obedecendo a legisla~ao (Besterman, 2001; MacDonald, 1991). Oucro aspecto importance da curadoria relacio- na-se a sua influencia nas a~6es voltadas para a educa- ~ao (Barreto et alii, 1999; Carvalho et alii, 1999; Macha- do & Senra, 1999; Marconato & Bertini, 1999; Moita et alii, 1999; Pereira et alii, 2001; Silva et alii, 2001; Sou- za-Lima et alii, 1999; Vega, 1999). Segundo Grynszpan (2002), atualmente a museologia de objetos deu Iugar a uma museologia de ideias, na qual os objeros sao contcxrualizados e mostrados com urn senti do. 0 desa- fio oeste novo cenario seria o equilfbrio entre a manu- ten~ao das cole~6es como missao de garantir a heranr;a do patrimonio da cu ltura cientffica e a difusao do co- nhecimento ciemffico. Urn born exemplo e apresenra- do por Clarke (2002) em sua analise do processo de moderniza~ao do Museu de Geologia, em Londres. Curadoria Paleontol6gica Segundo esce aucor, o trabalho de urn curador nao se resume rna is a organiza~ao de colec;oes em \ icrines, ~:om eciquecas erudicas, deixando o objeco falar por si proprio. Para as a~oes relacionadas a educa~ao em cien- ~:ia, a qual em olve o pensamento absrrato, necessica-se de uma comunica~ao bem-sucedida como publico, cs- cimulando-o a concentrar-se no assunco exposto c a convence-lo da impomincia do mesmo. Em rela~ao a disponibili.ta~ao dos acerYos cien- rfficos e de a~oes direcionadas a educa~ao, urn born caminho c o do uso das novas tecnologias de informa- ~ao (Sabourin et alii, 1999). Atraves do uso da ft1ttmer ha a possibilidade de uma maior inccracao entre pesquisa- dores eo publico em geral com as inscicui~oes cienrffi- cas. Assim, atraves da ceconologia pode-se expandir as a~oes voltadas para a educacao publica (Sarraf, 1999; Thomas, 1999), bern como avaliacroes quancicacivas e qualitacivas do acervo disponivel (Abu hid et alii, 1999; Fairchild ef alii, 1999; Souza-Lima & Souza-Lima, 2001). Tafonomia nas Gavetas Durance OS eventos que conduzem a preserva- ~·ao de urn organismo como fossil, muiros sao os ele- mentos que acuam nesra uansforma~ao. Enrendemos como ' lafonomia a esce con junco de processos que ori- gin am o exemplar f6ssil como o descobrimos no afloramenro. Posteriormenre, estarao sujeitos a toda uma serie de processos relacionados ao incemperismo fisico, quimico e biol6gico, que ramo dccompoem a rocha, como o proprio f6ssil. A coleta de urn f6ssil, e sua posterior incorporacao ao acer\'o de uma colecrao, nao e garancia para sua maior durabilidade. Ila posceriormen- ce a sua incorpora~ao em uma cole~ao, urn con junco de fenomenos que podemos designar genericamence como uma "Tafonomia nas Gavecas", cambem responsavel pela decomposi91io do fossil. 0 primeiro aspecto importante na manuten9lio de urn acerco paleontol6gico relaciona-se as condi~oes ambientais do local onde se sirua a cole~ao. ~1endcs et alii (2001) indicam que o processo de deceriora~ao dos maceriais rem quase sempre uma relacrao dircca com fatores incrfnsicos dos meios ucilizados para sua guarda. Neste concexco incluem-se: manejo e/ou exposi9lio inadequadas; a9ao de insecos e roedores; crescimento de fungos e ou ourros microorganismos; acrao de poluences acmosfericos; material inadequado para acondicionamenro, cransporce e exposicrao; danos 5 causados por variacroes bruscas e inrensas de umidade e cemperacura combinadas; infilcra~oes devido a cubula9oes hidraulicas ou pill\ iais defeiruosas; incendios por curto-circuico; corrosao meralica; edificacoes nao adapcadas para abrigar acervos; atos de \·andalismo, furro ou roubo de pe~as da cole~ao. Assim, a expeccaciva de que urn exemplar acondicionado em uma colecrao cenha urn a preservacao infinica nao e \ erdadeira <Bradley, 2001). De acordo com King & Pearson (2001 ) o concrole ambiencal para fins de conservarrao expressa-~e pela manutencao da luz, temperatura, umidade relati\a, limiracao de polucnces atmosfericos, tais como gases, parciculas e esporos de fungos, e climina91io de insecos e roedorcs. No caso do concrole de pragas de inseco~. Williams & Walsh (1989) ressalcam a necessidade de estrategias de controle quimico que evicem rea~oes descrucivas sobre o acervo ou que se moscrem ineficazes no concrole de pragas. A deteriora9ao dos f6sseis, a partir de sua incorporacao aos acervos paleoncol6gicos, rem quase sempre uma rela~ao direta com a natureza da marriz rochosa em que se inserem, ou com sua composi~ao mineral6gica. As condiyoes de temperatura c umidade cambem sao facores determinanres- dimas quences e umidos sao exrremamenre agressivos nos processos de deceriora~ao, pois a umidade eo calor afetam em muiro a velocidade das rea96es quimicas e facilicam a coloniza9lio de superficies expostas por fungos. Assim, rna ceria is carbonlhicos sao muiro suscepciveis ao ataque por solu~oes acidas. Ambiences polufdos, com co! e CO, gases comuns na atmosfera das grandes cidades, sao decerminances nos fenomenos corrosivos. Elementos organicos, rais como os palinoformos, quando em ambiences de grande umidade, escao sujeicos a servirem como subsrrato nurricivo para fungos e bacterias. 0 aspecco gerado e o de urn cufo de filamenros ("laminas cabeludas") que desrroem progressi,·amenre as esrrucuras anaromicas do fossil (figura 1.1). Em condi~oes muico secas, o processo de desidraca~ao em rochas ricas em materia organica, cais como os folhelhos, conduz ao ressecamenco e conrra~ao, produ.Gindo fissuras e muitas vezes acentuado descamamenco. Por oucro !ado, a presen~a de materia is muiro higrosc6picos na rocha macriz, como por exemplo gipsira, anidrira e carnalira, e a posterior migracao de sais advindos da decomposi~ao dcsres minerais em condicroes de clevada umidade ambienral, e oucro dos facores de risco para os f6sseis. Em rochas com alto conreudo de carbono organico. a presen~a de sulferos e sulfacos cam berne responsavel pela geracrao de pel feu las 6 Paleontologia A B c D F;gura 1.1 (A) Vista geral do campo de uma Him ina palinol6gica montada com balsamo do Canada. Os esporos de fungo concenuam-se ao redor de urn palinomorfo em decomposi~ao (mancha escura em meio a nuvem de esporos de fungo). (B)Oetalhe do campo mosrrado em (A). Hifas e esporos de fungo sendo produzidos dentro da lamina deteriorada. (C) Lamina palinol6gica montada com gelatina glicerinada. Cma "ilha" de gelatina preservada em meio a urn "mar" de hifas. 0 palinomorfo que aparece no centro da fotografia (mancha escura) tern seus dias contados. (0) Cma "ilha" de gelatina em meio a "mar" de hifas. Repare na ocorrencia de hifas pioneiras (filamentos finos) ja instaladas dentro da "ilha". Fotografias digitais obtida diretameme ao microsc6pio Zeiss por Cecflia Cunha Lana. esbranqui~adas tais como as observadas em mesossaurfdeos da Forma~ao Irati (Permiano, Bacia do Parana). Alguns ripos de f6sseis, como as inclusoes em ambar, demandam grandes cuidados. Luz forte, aquecimemo e o pr6prio ar desrroem a superffcie do am bar ap6s longos perfodos de tempo. Os simomas da degrada~ao superficial sao o escurecimento e urn rerlculo de finas fraturas. Estes aspectos sao facilmeme observaveis em co pale resinas recentes, pois sao menos polimerizadas e os volateis escapam mais freqi.ientemente. Porem, o ambar tambem esta susceptive! a tais processos, tornando-se escuro com o tempo e oxidando-se como resulrado da exposi~ao constante ao ar. Ha assim, uma consideravel varia~ao natural na intensidade da cor. Grimaldi (1993) indicou que o armazenamento de f6sseis imersos em am bar deve ser feito em locais escuros, inclusos em rccipientes selados e em ambiences aclimatados. As etiquetas colocadas em contaro com as amostras de am bar de,·em ser feitas em papel nao-acid ificado. No caso de especimcns importances recomenda-se a imersao das amostras em resinas sinteticas ou narurais (balsamo de Canada). No escudo de vegetais rerrestres primirivos do Siluro-Devoniano, Wellman et alii (1996) apresentam urn problema novo no ambito da curadoria : a impossibilidade de integridade ffsica do f6ssil em fun~ao do metoda de estudo. Os vegetais rerrestres do Siluro- Devoniano sao formas normalmente pequenas (1 -2 em) fossi lizadas como comprcssoes incarbonizadas. Ha rambem formas preservadas tridimensionalmente. Para 0 escudo destes f6sseis e utilizada a tecnica de macera~ao, com posterior ataque qufmico para dissolu~ao do material inorganico. 0 resfduo (f6sseis) e entao scparado e montado em stubs para observac;:ao ao mic rosc6pio eletronico de varredura (ME\") e microsc6pio eleu6nico de transmissao (t\lET). Durante Curodorio Poleontol6gico o e:.tudo, as amostras sao progressivamente .. di,sccadas" para a analise das diferentes estruturas .maromicas. Tal situar,:ao resulta numa progressi\a de!>truir,:ao do exemplar, restando aoenas urn documentario fotognHico. Alem disso, ha urn limite temporal de estocagem dos f6sseis, os quais ap6s asolados rornam-se ressecados e extremameme frageis, frarurando-se sob efeito de pequenas vibrac;oes. Tum intcnalo de cinco anos, os f6sseis apresentavam pmfundas alterar,:oes, a ponto do nao reconhecimento da e~pecie a qual original mente haviam sido atribufdos. :\dl\:ionalmcnte, o tempo de vida dos especimens fica condicionado ao adcsivo utilizado nos stubs, que dificultam a remor,:ao, fraturando os exemplares ou conduzindo os mesmos a afundarem no adesivo. Assim, Wellman et alii (1996) demonstraram que o .umazenamento destes f6sseis e problematico, ja que necc:.sitam ser fragmentos para urn esrudo adequado, o que destr6i algumas de suas partes ou feir,:oes. Con~equentemente nao existe uma coler,:ao com·encional baseada em especimens para urn futuro exame por outros pesquisadores. Os que dcsejarem reexaminar os exemplarcs rerao de se basear na mformayliO (documentada e pubJicada/fotografias nao puhlicadas) registrada pelos cientiscas que realizaram a In\ estigar,:ao inicial. Como o numero de fotografias em uma publicar,:ao e limitado, a maior parte do regisuo documental fotografico e arqui\·ada no proprio ltborat6rio dos pesquisadores. Estabelece-se assim urn banco de imagens, incluindo descrir,:oes, informar,:ocs quantitativas e urn rcgisuo pict6rico de codas as mformar,:oes relevances desde o uatamento inicial do f6:.:.il. A curadoria transforma-se assim, da curadoria de urn objeto ffsico (fossil) para a curadoria de urn objero digital (registro fotogn1fico). Urn aspecro problematico da preservar,:ao refere- e as condir,:oes ambientais em que esrao acondicionados os acervos, em especial nas condir,:oes clim~iticas tropicais. Em siruar,:oes de umidade relariva acima de 70% pode haver o crescimento de fungos e bacterias. A analise geral das condir,:oes de armazenamento para diferentes tipos de objetos museol6gicos indica, como ideal, urn nhel de umidade relativa entre 40% e 70%, sendo uma condir,:ao dificil de ser mantida em climas tropicais. A variar,:ao da umidade relativa faz com que mauizes que contenham materiais higrosc6picos contraiam-se sob condir,:oes mais secas e a medida que ha o aumento da umidade, haja a absorr,:ao d'agua e urn subsequence inchamento, havendo assim urn verdadeiro processo de 7 intemperismo ffsico sobre os materiais acondicionados nas coleyoes. Alem disso, gcralmeme ha o uso da ventilar,:ao natural e artificial. o que significa a enrrada de agenres poluenres do are uma oscila~o constance das condir,:oes de temperatura e umidade relati\·a. Deve- se ter em arenr,:ao que o ambience adequado para os acervos cientfficos nao e necessariamenre o que e fresco, mas o que se demonsrra cstavel (Craddock. ZOOl: Pearson. 2001; Scolow. 1966 a,b). Os acervos paleontol6gicos estao geralmenre localizados em coler,:oes de universidades e museus. os quais desrinam-se quase sempre ao trabalho de pesquisa. exposir,:ao e atividades voltadas ao ensino. Esta divisao das finalidades de uma coler,:ao e de extrema imporrancia para a definir,:ao dos meios de conservar,:ao. No caso de coler,:oes destinadas a pesquisa e composta por urn acervo que abranja elementos das series-ripo, urn aspecto fundamental e o da seguranr,:a. Segundo Bradley (2001), o efeico seguranr,:a de uma coler,:ao consiste na limitayao do acesso aos objetos do acervo. A resrrir,:ao das pessoas·aurorizadas a manusear os objetos de grande valor academico potencializaria a esrabilizar,:ao e prote~ao dos mesmos, contribuindo decisivamenre para sua durabilidade. A manipular,:ao constance de especimens e a falta de normas para seu manuseio produz danos causados pelo atrito, trepidar,:ffo, oleosidade das maos e que conduzem a fragmentar,:ao e mesmo perda toral. Condi~oes de Armazenamento Desde a retirada do f6ssil de urn afloramento o armazenamenco do mesmo deve estar entre nossas prioridades. Nao basta simplesmence sua descoberta, sem que haja uma preocupar,:ao com as condir,:oes de uansporre ate o local de escudo e posterior inclusao em uma coler,:ao. Muitas vezes o armazenamento dos f6sseis ap6s seu esrudo e neg1igenciado, relegando-o a urn papel secundario. As condir,:oes de urn armazenamenro bern estruturado e organizado sao fatores dercrminanres para a preservar,:lio futura do mesmo (figura 1.2). Segundo Bachmann & Rushfield (2001) esta etapa do trabalho de curadoria, proporcionando o mclhor armazenamento e acondicionamento posslvel, e o primeiro e mais importance passo para a preservar,:lio de nossos bens culturais. Na analise apresenrada por Colbert (1965) o armazenamento seguro dos f6sseis deve ser realizado em condiy6es de baixa umidade. Apesar da poeira nao ser especialmenre danosa e preferivel mante-los limpos. 8 A B Figura 1.2 Armazenamemo de macrof6sseis da cole<;ao da Universidade Federal do Rio de janeiro- Departamento de Geologia (l FRJ-DG). (A) Acondiciooamemo dos f6ssci.s em mobili:irio de madeira e em (B) ga,·creiros de a<;o. Fowgrafias de Pedro llenrique Nobre. Pcquenos exemplares devem ser acondicionados em ga' etas, e disposros em recipientes (caixas) adequados. E desejavel que os espccimens denrro das gavetas sejam alocados em caixas individuais, com sua Paleontologiaidenrifica9lio. Os que forem frageis dcvem ser dispostos sobre algodao. Aqueles de tamanho muito pequeno, em cubos de vidro ou plastico. 0 planejamenro e uma das eta pas importances para urn adequado armazenamenro. E para tanto e necessaria o conhecimento da natureza do acervo. C ma cole9ii0 de macrof6sscis de vertebrados, por exemplo, deve ter condi~oes de acondicionamenro bastanre distintas de uma cole~ao de microf6sseis de vertebrados. Enquanro os de grande dimensoes podem ser acondicionados em gavetas ou em esranres abertas (figura 1.3), os de natureza microsc6pica requerem ourros procedimenros. 0 armazenamenro em condi9oes abertas, em grandes estanres de a~o ou madeira, facilita a visibi lidade e acess ibilidade dos pesquisadores, mostrando-sc adeq uados e seguros (Col bert, 1961) desde que haja um rfgido concrole de uso das cole~oes (Wolf, 1981 ). No caso de microf6sseis de venebrados (dentes, escamas e pequenos ossos), os especimens devem ser Figum 1.3 Especimens de grandes dimensoes, como lajes com pcgadas f6sseis podem ser disposcas em cstantes vazadas de a<;o. Cole<;ao da Vniversidade Federal do Rio de Janeiro- Departamento de Geologia (CFRJ-DG). Curodoria Paleontol6gica 9 ----------~~--------------------------------------------------------~ euardados isoladamente, momados em pinos metaJicos denuo de tubos de vidro ou silicone (figura 1.4) e posteriormeme acondicionados em uma caixa. ~unca devem ser mantidos solcos, e quando removidos para eswdo devem ser manipulados individualmence (para e' itar a confusao dos exemplares) em uma bandeja com areia (Ward, 1984). Entretanto, indiferente das dimensoes dos materiais paleomol6gicos a serem guardados, ha urn ponro comum no que se refere ao armazenamento: o regtsrro adequado das informa~oes concernences aos f6s-;eis. Urn especimen sem dados e urn especimen sem 'alor (Colberr, 1965 ). Os f6sseis dc\·em ser cataJogados e mdi,idualmeme numerados com rima nanquim prera, a qual ap6s seca deve ser recoberra por uma camada de e:;malre incolor, o qual previne a desco lora~ao dos ntimeros. Em Wood & Williams ( 1993) sao enconuadas a~ amilises de diferemes tipos de tinta preta para registro (Colbert, 1965). A exiscencia de urn caralogo (livro de tombo), com o lastreamento e numerac;ao de codos os exemplares c fundamental para o comrole individual de cada elcmenco da colec;ao. E importance a dimlgacrao em colc~oes. A degrada~ao sob a~ao da luz, resitencia A lllilllii•illlililll a(Js fluidos, viscosidade e lasqueamento foram a\ aliadas, indicando a maior ou men or adequacrao des cas, para as necessidades curadoriais. Considera-se tambem tmportante a existencia de eciquetas com os e .. pecimens, com as informa~oes pertinemes a cada urn. Dados como origem do material, colecor, data de coleta, ~ao fundamemais para escudos presences e fucuros dos pr6prios f6sseis e/ou de outros materia is ucilizados para comparayoes (figura 1.5). Cadernetas de campo, carras e demais fontes de informa~ao devem :;er cuidadosamente guardadas para referencias futuras Figura 1.4 Exemplares de microf6sseis de vertebrados, rais como denres de mamfferos, devem ser fixados em uma hasre meralica e incluidos em recipiente pl:istico ou de \idro. :\a ilustra~o urn deme de mamlfero da Bacia de Sao Jose de Itaboraf (UFRJ-DG 319M). B c Figura 1.5 Cole~ao do Ocean Drilling Program - Centro de Rcfcrencia em l\licrof6ssets da CFRj. 0 mobiliario especifico (A. B) guarda amosrras com foraminiferal>, as quais sao acondicionadas em caixas plasticas, com especifica~oes sobrc a localiza~ao da coleta. Forografias de Alex Bet.crra Ferreira. 10 c pubhca~o dos comeudos dos acen·os institucionais, em especial no que se refere a serie-tipo. rais como as publica~Ocs de Campos (1985), Fernandes & Fonseca (2001), Henriques et alii (2000) e Macedo et alii ( 1999) que facilitam a busca do reposit6rio dos f6sseis de referencia cientffica. Atualmente, os ca talogos informatizados sao comuns, porem como ressaltado por Ri\·ard & Miller (1991) eSquires (1966) a qualidade da documcntar,;ao (incl u indo as bases de dados) e conseqi.iencia da qualidade do trabalho desenvolvido na classifica~ao e organiza~ao das cole~oes, e nao a dos materiais e equipamentos utilizados para o processamenro das informa~oes . N unca se deve presumir que os compuradores sao mais inteligentes e produtivos que seus operadores. Na defini~ao dos parametros descritivos das coler,;oes de f6sseis, pode-se adotar as proposi~6es de Squires (1970) que incluem uma hierarquia taxonomica da classifica~ao biol6gica, localiza~ao geografica, distribuir,:ao vertical (profundidade, altitude, idade geol6gica, nfvel estratigrafico), nome do coletor e data da coleta, organizados atraves de um numero unico de catalogo para cada especimen ou grupo de especimens. A Iocalizac;ao do acervo e outro ponto de A Paleontologia I 0 0,5cm 11----1 • •• destaque nas a~oes curadoriais. As cole~oes devem cstar B em locais higienizados, afasradas das paredes externas, encanamentos de agua e da luz do dia (Bachmann & Rush field, 2001). Alem disso, a boa armazenagem deve ser acessfvel, permitindo uma facil movimenta~ao dos objetos e pessoas. Normalmente urilizamos armarios, prateleiras, arquivos com gavetas, confeccionados em madeira ou a~o. Os produzidos em madeira tern geralmente manuten~ao mais facil, apesar de estarem sujeitos ao ataque de pragas com maior freqi.iencia. Ja os de a~o. apesar da durabilidade, tern custo de aquisir,:ao alto e, em areas litoraneas, mostram-se sujeitos aos processos de oxida~ao. F6sseis de grandes dimcnsoes podem ser guardados diretamenre em estantes ou armarios, cnquanto que os menores devem preferencialmente ser acondicionados em pequenas caixas individuais. A disposi~ao dos f6sseis nas cole~oes e outro aspecto importance do armazenamento. Aqueles de <;arater mais fragil devem ser acondicionados em espa~os reservados e seguros, garamindo sua maior seguran~a. Ha tambem de se levar em coma a natureza da cole~ao que escl sendo armazenada. Assim, laminas que contenham palinomorfos (p6lens, esporos, acritarcos, dinoflagelados) devem ser acondicionadas em posir,:ao horizontal. Evita-se o deslocamento das substancias adesivas entre a lamina e a lamfnula, que c Figura 1.6 Laminas palinol6gicas, originalmenre monradas com balsamo de Canada, em processo de dcscolamenro. (A) Descolamenro concenrrico resulranre do processo de liquefa~ao do balsamo de Canada. (B) A frenre de descolamenro adquire aspecto semelhanre a um dendriro e acomoda os primeiros filamenros de hifas de fungo. l':ao ha mais materia organica fossil (fragmenros escuros) nas panes invadidas pe lo "dendriro". (C) Por~ao da lamina totalmente tomada por fungos que formam um emaranhado de hifas. (B) e (C) Fotografias digitais obtidas diretamente ao microsc6pio Zeiss por Cecilia Cunha Lana. Curadoria Paleontol6gica em posic;ao vertical possibilitam a entrada dear. Neste caso pode resultar urn posterior descolamento da lamfnula (figura 1.6), conduzindo a perda dos especimens (Joao Graciano Mendonc;a Filho, informac;ao verbal). Outro aspecro relativo a fluidez das resinas adesivas refere-se a modifica9ao das coordenadas de localiza9a0 dos f6sseis em relac;ao a descri9ao original. Dependendo do tipo de substiincia adesiva, tam bern pod em ocorrer fissuras enos casos de montagem com "gelatina" glicerinada, uma rapida deteriorac;ao (Mitsuru Arai, informac;ao verbal), como os observados nas figuras 1. 7 e 1.8. Tambem relacionado ao armazenamento dos f6sseis eo seu manuseio. Bachmann & Rushfield (2001) abordam esta questao enfatizando que "nenhum objeto deve ser retirado do local em que se encontra, enq uanto outro espac;o nao estiver preparado para recebe-lo. Objetos pesados, grandes ou desajeitados nunca devem ser deslocados por uma unica pessoa. Devem-se usar bandejas ou plataformas forradas para transportaras pe9as e todas as pessoas que deslocarem objetos devem esrar com as maos lim pas". Apesar destas normas de manuseio destinaram-se a objetos de caniter arqueol6gico ou hist6rico, sao perfeitamente aplicaveis aos f6sseis. No caso do deslocamento dos f6sseis do acervo, urn ponto e fundamental: ap6s analisa-los, retorne-os ao local de armazenamento. Assim havera a garantia de urn controle eferivo sobre a colec;ao. A Exposi~ao dos Objetos Paleontol6gicos 0 projeto de uma exposic;ao paleontol6gica deve contemplar a emoc;ao e a perplexidade do visitante frente aos materiais expostos, possibilitanto o aprendizado atraves da descoberta (Rennes, 1978). A moriva9ao deve ser assim o principal objetivo a ser alcan9ado quando de uma exposic;ao com f6sseis. Indiferente do publico-alvo, devem existir elementos de grande comunicabilidade e de facil compreensao publica. Ao curador cabe a func;ao de traduc;ao aos visitantes leigos da importancia do objeto cientifico, e de sua uriliza9ao em ac;oes educativas. Urn aspecto importance neste contexto eo das informa96es explicativas dos f6sseis. Como analisado por Kane! & Tamir (1991)- diferentes etiquetas, diferemes aprendizados. Na ausencia de urn instrutor competente, as etiquetas sao os elementos rna is comuns 11 e possivelmente a melhor interface entre a exibic;ao e os visitantes. 0 desenho grafico e o conteudo destas deve ser adequado para uma rapida compreensao do objeto exposto. Deve-se evitar a exposic;ao de f6sseis que sejam raros ou que constituam parte da serie-tipo. Trata-se de urn procedimento que visa a resguardar a integridade de materiais de extrema relevancia cientffica. Em caso de serem exemplares importances para o conteudo da exposic;ao, sugere-se a confecc;ao de replicas ou apenas ilustrac;oes dos mesmos. Os procedimemos para a execuc;ao de replicas pode ser encontrado em aurores tais como Almeida & Carvalho (1999), Godoi (2002), Goldfinger (1992), Jensen (1961), Klein (2002), O'Brien (1961), Schrimper (1973), Schwanke et alii (1999) e Waters & Savage (1971). A B Figura 1. 7 Lamina montada em balsamo do Canada exibindo diferentes padroes (A, B) de descolamentos dendrfticos. Fotografias digitais obtidas diretamente ao microsc6pio Zeiss por Cecilia Cunha Lana. 12 Paleontologia A B c D Figllm 1.8 Laminas palinol6gicas montadas com gel a tina glicerinada. (A) Por~ao de lamina palinol6gica com a interdigita<;;ao entre a parte dominada por hifas e a preservada. Repare que a parte preservada contem ainda a materia organica sedimentar (manchas escuras) constitulda por "querogenio" e palinomorfos. (B) Filete de gelarina preservada sendo atacada por hifas de fungos. (C) Tres "ilhas" de gelatina preservada scndo atacadas por hifas de fungos. Observe que em (B) e (C) nao existe mais materia organica preservada na parte tomada por hifas. Fotografias digirais obtidas diretamenre ao microsc6pio Zeiss por Cecilia Cunha Lana. (0) Hifas de fungo sobre p6len de Malpighiaceae. Fotomicrografia de Orrhrud Monika Barth. A exibi9ao dos f6sseis pode ser feita por urn curador, o qual nao e necessariamente urn paleont6logo. Porem, sempre do is cuidados devem ser tornados: se os fc:isseis sao pequenos, coloca-los sob a protcyao de uma vi trine, protegendo-os do concaro direro como publico; sc sao grandes em demasia para serem exposros dentro de uma vitrinc-coloca-los atras de barreiras, novarnen- te como urn grau de protel(ao do publico. Os f6sseis representarn investirnentos em tempo e ern recursos financeiros, sendo necessarios cuidados em relayao ao manuseio, vibra96es e ate mesrno marcas de dedo (Colbert, 1965). Alem dos f6sseis, dioramas, reconstrul(oes, videos e equipamentos de informatica sao elementos uteis na elaboral(ao de uma exposiyao paleontol6gica. Os multimeios sao importances para urna percepyao diferente do significado dos f6sseis. Atraves do uso do vfdco e animayoes, os animais cscaticos em dioramas, podem ganhar vida, levando a uma viagem no te mpo, apresentando relal(6es ecol6gicas entre animais e plantas ja extimas (Diamond et alii, 1995). Uma tecnologia fundamental para ai(Oes educacionais. 2 TECNICAS DE PREPARA~AO DE MICROFOSSEIS Maria Dolores Wanderley Neste t6pico abordaremos algumas tecnicas usa- das para separar os microf6sseis da matriz rochosa (folhelhos, arenitos, siltitos, carbonatos, cherts e margas). Sao tecnicas que vi sam a orientar os que pretendem tra- balhar com os microf6sseis, incluindo a fase de prepara- ~ao da amostra. Inicialmence, chamamos a aten~o para a impor- tancia da tencaciva., ou seja, a medida que fazemos testes e controlamos as variaveis do processo (tempo de exposi~o a produtos qufmicos, tempo de decanta9ao, tempo de centrifuga9ao, aberrura da malha de peneiras), e mudando essas variaveis quando necessaria, certamente iremos apri- morar os resultados. Chamamos a aten~o tambem, para o resultado negacivo, ou seja, aflrmar que uma amostra nao concern rnicrof6sseis, as vezes, pode significar apenas que nao se usou a metodologia de excra~o adequada. Por esse motivo, devemos nos ater a essencia do metoda, ir testan- do e mudando as variaveis caso necessaria. 0 conhecimento da composi~lio qufmica ou mineral6gica do microf6ssil, bern como da rocha em que ocorrem, e basico na escolha do metoda a ser ucili- zado. Normal mente, usam-se reagentes qufmicos visan- do destruir os componentes mineral6gicos ou organicos indesejados e separar ou concemrar os microf6sseis. As carapa9as sao, na sua maioria, calcarias, silicosas, organi- cas e fosfaticas. Os microf6sseis fosfaticas nao serao aq ui abordados. Conhecer o tamanho dos microf6sseis tambem e importance, pais condiciona tanto os procedimentos de separa9lio, como a escolha do instrumento 6ptico a ser utilizado em seu escudo. E necessaria lembrar que vari- aveis como mineralogia da rocha, porosidade, idade, grau de diagenese, tipo de estrutura das carapa9as, tambem devem ser consideradas. Composi~;ao quirnica das carapa~as dos ta:m mais estudados Taxon Calcaria Silicosa Organica Aglutinada F oraminiferos X X X X Ostracodes X X Nanof6sseis X Cal pionelrdeos X 1intinfdeos X X Macroalgas X (fragmentos) Radiohtrios X x• Diatomaceas X P6lens e esporos X Acritarcas X Quitinozoarios X Tasmanitfdeos X Dinoflagelados X X X •(Com sflica) 18 Paleontologia Tamanho das carapa~as dos tam mais estudados ltl.\0/J ' lamanho mfnimo f.L mm f.L Fontminffcro~ 100 0,1 62 o,tracodcs 300 0,3 ISO 'anof6sseis 0,2S 0.02S I Cal pionelfdco~ .w 0,04 -+S \ lacroalgas calcarias - - 1.000 ( fragmcntos) Radiolarios 10 0.01 so Oiatomaceas 5 0,005 20 P61cns e esporos 5 0,005 20 Acri tarcas 5 0,005 20 Quitinozoarios 30 0,03 1SO ' I 'asmanitfdcos <100 <0, 1 Oinoflagelados 5 0,005 20 Microf6sseis Calcarios A. F orarniniferos e ostracodes Os foraminfferos e OStracodes sao liberados da rocha pelo mesmo processo. lsto se devc ao fa to de pos- sufrcm carapa<;a de mesma composi<;ao qufmica e tama- nho medio aproximadamentc iguais. Os foraminfferos sao encomrados normalmente em rochas de origem ma- rinha, sendo comuns em folhelhos, arcniros finos e car- bonatos. Os ostracodes sao comuns em rochas de ori- gem nao marinha como folhelhos e tambem em rochas de origem marinha. 0 metodo normalmentc utilizado para sepani-los da matriz e o de Boltovskoy & Wright ( 1976) e seu ex ito depende fundamental mente da quan- tidade de materia organica presence nos interstfcios e da porosidade da rocha. Neste metodo. utiliza-se o per6xido de hidrogenio <HPz> o qual reagc com a materia organica porventura existence na rocha. 0 ataque como pcr6xido ,·isa a desagregar a rocha. pela forma<;ao de gases (COz) que se expandcm entre os poros da rocha, promovendo urn afrouxamento, e com isso liberando os foraminfferos e ostracodes (figura 2.1A). Em amosuas contendo betu- me c necessaria o uso de sol vente (diclorometano puro) antes de procederao ataquc como per6xido. Em amos- ' lamanho da maioria Tamanho maximo mm ~L mm f.L mm 0,062 a 1.000 I 190.000 190 0,1S a 2.000 2 80.000 80 0,001 a 1S 0,015 so o.os 0,0-tS a 7S 0,07S 150 0,15 1 a 3.000 3 - O,OS a 250 0,25 2.000 2 0,02 a 200 0,20 2.000 2 o.oz a -+0 0,04 >200 >0,2 0.02 a 150 0,15 250 0,25 O,IS a 300 0,30 2.000 2 - >600 >0,6 0,02 a 150 0.15 2.000 2 uas do Recente , quando interessa preservar o protoplasma do organismo, e aconselhavel nao utilizar o per6xido de hidrogenio, pelo menos em alta conccn- trar;:ao. Quando a rocha e carbonatica .. com pouca ou ne- nhuma materia organica e a porosidade e baixa, fica di- ffcil separar os foraminlferos e ostracodes da matriz. Lethiers & Crasquin-Soleal (1988) prop6em o uso do acido acetico para libera-los, entretanw, 0 uatamento e muiro demorado. Moura et alii (1996; 1999) pro poem urn metodo alternativo para exuair esses microf6sseis calcarios de rochas carbonaticas usando acidos clorfdri- co e acetico em baixas concemrar;:oes e tempo de rea<;ao comrolado. 0 melhor resultado foi obtido com acido clorfdrico 0,1 M que mostrou urn aumento de quase oiro vezes no numero de testas exuafdas quando comparado ao metodo do per6xido de hidrogenio. Liberados OS microf6sseis, procede-se a sepa- rar;:ao mecanica lavando-se a amostra sob jato de agua e detergente em peneiras superpostas com mal has de 1 mm e de 0.062 mm (figura 2.1 B). A malha de 1 mm retem partfculas maiores que normalmente nao interessam. A malha de diamerro 0,062 mm retem a maioria dos foraminfferos e ostracodes, alem de ourras partfculas, como por exemplo graos de quartzo. sen do Ticnicas de Preparariio de Microf6sseis AMOSTRA A B D F;gura 2.1 Material utilizado na preparar,:ao de m1crof6sseis (foraminfferos e ostracodes). (A) Ataque da amos- rra com per6xido de hidrogenio para desagragacrao. (B) Tipos de peneiras com diametros de malhas mais urilizados na se- parar,:ao mecanica. (C) Bandeja para uiagem. (0) Celula para . lrm.lZenamenro. necessaria uma triagem da amostra sob lupa binocular em etapa posterior. 0 uso de detergcnte tern como finalidade limpar melhor a amostra, libcrando os resf- duos ao maximo. 0 tamanho apresentado pela maioria dos foraminfferos e ostracodes f6sseis e recentes varia en- tre os diametros das mal has acima cicadas (0,062 mm e 1 mm). Os graos reridos na malha de maior diamerro sao descartados, os foraminiferos e ostracodes devem passar por ela e ficar reridos na malha de rnenor diame- tro. Entretanto, e aconselhavel, antes do peneiramcnto, observar urn pouco da amostra sob lupa para verificar o tamanho aproximado do maior exemplar desses mi<:rof6sseis e mudar se necessaria, o diametro da malha maior. 0 diametro de aberrura das malhas e padroniza- do segundo o pais fabricante e foi estabelecido visando 19 o uso ern sedimentologia. Nao havendo peneiras padro- nizadas disponlveis, pode-se usar uma malha de nylo11 de alta qualidade bern colada em urna arma~ao rigida. 0 diamerro de aberwra da malha pode ser medido em urn microsc6pio contendo escala micromerrica. Para evirar contaminafYiio enrre amosrras diferen- tes e necessaria lavar bern as peneiras ao rermino da preparafYiiO de cada amostra, escovando-as com agua corrente e sabao varias vezes e depois, mergulhando-as em uma solufYiiO contendo azul de metileno. Ap6s wdo esse procedimento, se ainda res tar alguma carapar,:a pre- sana malha, ela ficara corada de azul, e sera idemificada. nas amostras seguinrcs, como material ex6geno. Quando se quer preservar o proto plasma dos in- divfduos, em escudo de foraminfferos do Recente, e ne- cessaria que durante a coleta o sedimento seja colocado em uma solufYiiO contendo 1 g do corante Rosa Bengala + 5 ml de fenol + 100 ml de agua desrilada (Ellison & Nichols, 1970). Preparayao da amostra 1 - Trirura-se a rocha com auxflio de graal e pistilo ou mesmo martel a, se estiver muito endure- cida. Quando os ostracodes e foraminfferos sao gran- des e visiveis a olho nu, aconseUha-se niio triturar muito para nao danifica-los. Z- Pesa-se a amosrra (60 g quando se dispoe de muiro material). Em caso de amostras do Quaternario passar direramente ao item 4 . 3 - Cobre-se a amostra com HzOz (per6xido de hidrogenio) 130 volumes (35%) por aproxima- damente 2 h. HaYendo muita reafYiiO, repetir o ata- que (figura 2.1 A). Em amostras con tendo bewme, e necessaria, antes do ataque com o per6xido, cobrir a amostra com urn solvente (diclorometano puro) e colocar no ultrasom, por cerca de ZO minutos. repe- tindo por rres vezes a opera~ao. 4- La va-se a amostra sob agua correnre usan- do detergente e peneiras como indicado na figura 2.1B. Quando o tamanho dos foraminiferos e ostracodes for maior que I mm, deve-se mudar o diamerro da malha maior. 5 - Seca-se a amosrra em eswfa a 60 oc. E imporrante retirar a amostra da esrufa logo que este- ja seca, para que nao tosre os microf6sseis quebran- do-os. 6- Procede-se a triagem sob lupa binocular. • Para esrudos quamirati\·os em foraminiferos e • :lhh-el esrudar cerca de 300 individuos, numero • ocxado represcnrarh·o de uma associa~o fossiHfera. ()ando estes organismos sao muito abundances e ne- ccssano haver urn quarteamento da amostra, quantas \C7CS necessirio, de modo que o quarto final tenha apro- xunadamence 300 indivfduos. Coma-se apenas os indi- 'iduos presences no ultimo quarto. 0 numero total de indi' iduos da amostra e estimado multiplicando-se os indi\ fduos contados pelo numero de quartos. Para triagem, sob lupa binocular, utiliza-se ban- deja apropriada (figura 2.1 C) onde a amos era e colocada e de onde sao pin{:ados os foraminfferos e ostracodes para celulas-porta-foraminfferos, onde serao estudados e posteriormente armazenados. B. Nanof6sseis calcarios Os nanof6sseis calcarios sao abundances em ro- chas de origem marinha e de granulometria fina tais como folhelhos e arenitos finos. Sua separa~ao da matriz se da por processo fisico de decanta~ao e consiste em separar as diminutas placas que constituem seus esqueletos, os nanolitos, cujo tamanho varia entre 0,25 a 50 Jlm do res- tame dos graos. 0 processo de separa~o dos nanof6sseis calcarios e dos mais simples e de baixo custo. Prepara~iio da amostra 1 - Separa-se uma pequena quantidade de rocha previamente triturada ( 1 g) em urn saco plasti- co resistente. 2 - Coloca-se agua destilada e massageia-se ate formar uma solu{:ao cun·a. 3 - Entorna-se esta solu{:ao em urn tubo de ensaio (pode-se acrescentar urn pouco mais de agua destilada ate 3/.i do tubo) e mexe-se com urn canudo plasrico. 4- Repouso de aproximadameme 5 minucos. Prepara~ao da lamfnula Os procedimentos especificados a seguir devem ser realizados numa placa previamente aquecida a 60 "C: 1 - Ap6s os cinco minutos de repouso, coletam-se aproximadamente 3 gotas do sobrenadante. Paleontologia 2- Espalham-se uniformemente as gotas do sobrenadante sobre a laminula previamente aquecida, adicionando, se precisar, algumas gotas de agua destilada, deixando secar. A lamfnula estci pronta. Prepara~ao da lamina Os procedimemos especificados a seguir devem ser realizados sobre uma placa previameme aquecida a 60 "C em uma capela: 1 -Com um bastao de vidro, coloca-se uma pequena quantidade de Balsamo do Canada sobre a lamina, espalhando uniformemente, onde posreri- ormente sera colada a lamlnula. 2 - Espcra-se o ponco ideal para colar a lamfnula, que e dado quando 0 balsamo salta um fio quando tocado por urn palico. 3 - Coloca-sc a laminula (o lado comendo sedimento) sobre o balsamo, fazendo uma !eve pres- sao com uma rolha de corti9a para expulsao das bo- lhas dear. 4 - Espera-se a lamina ja momada esfriar. Para retirar o excesso de balsamo, mergulha-se a lamina em um recipiente com alcool por urn breve tempo. 5 - Com o balsamo amolecido, limpa-se a lamina com papel absorvence fino. 0 balsamo mais resisrence e retirado comlamina corcante ripo "Gillete" . 6- Escrevem-se os dados de identifica~ao na lamina com uma caneta 11Dnquitl, cobrindo com es- malte transparence. A Himina estci pronca. Quando se preparam amoscras para escudos quantitativos e importance partir sempre da mesma quan- tidade de mate rial, ou seja, do mesmo peso de sedimento ( 1 g) e do mesmo numero de gotas do sobrenadame sobre a lamlnula, que devem ser espalhadas homogeneameme. Esce procedimenco nao garante uma perfeita homogenei.ta~o, mas apenas urn resultado aproximado. Merodo propos co para sol ucionar este problema foi apre- semado por Wei (1988), mas sao muico demorados ror- nando-se impraticaveis. Como conseqilencia, o calculo da abundancia absoluta de especies fica compromecido, recomendando-se o uso apenas da abundancia relativa das especies. Como a essencia do processo e decamar a fra~ao mmanho enue 0,25 f.Lm e 50 f.Lm, a granulometria da -=b3 vai interferit e determinar o tempo de decanm~ao. ap6s cinco minutos de repouso sugeridos, a solu~o linda e:.tiver muiro turva (caso de sedimentos muito fi- -.s poJe-se decantar por mais 2 ou 3 minutos. Quando a ~nta~iio se da em menos de cinco minutos (caso de wahmentos mais grossos) a coleta do sobrenadante deve tcr feira aos tres ou q uauo mi nutos de decanra~o. E acon- tdh3.' cl fazer testes, observando ao microsc6pio se a Hi.- 81113 e-;ta com uma boa concenrra~ao de nanof6sseis. Para observa~o dos nanof6sseis calcarios e ne- cessario urn microsc6pio petrografico com aumemo mf- auno de 400 vezes. 0 aumento ideal para escudo e de aproximadamente 1.200 vezes. Oevem ser identificados e contados os aanof6sseis presences em 300 campos de visao. Alguns autores como Jeremiah (1996) e Styzen (1997) propoem ~pectivamente a leitura de 30 e 120 campos de visao. Emretanro, testes tern revelado que estes numeros sao msuficienres para abranger as especies presences tanto qualitativa quanro quantitativameme. C. Calpionelideos e macroalgas calcarias Os calpionelfdeos ocorrem tipicamente em calcarios marinhos micrfticos ou em calcarios margosos. Em condi~oes favoraveis podem ser isolados de sedi- mentos margosos, mas os uabalhos estratigraficos de rorina dependem inteirameme de seryoes petrograficas delgadas. As macroalgas calcarias sao encontradas prin- cipalmente em rochas carbonaticas marin has e nao-ma- rinhas e tam bern sao estudados em seryoes petrograficas delgadas. l\1icrof6sseis Silicosos - Radiohirios Os radiolarios podem ser preservados em sedi- mentos e em diversos tipos de rocha de origem mari- nha. Os diferentes merodos para isola-los da rocha le- nm em consideraryao a mineralogia do esqueleto e a natureza do sedimemo ou rocha. A avaliaryao do metodo a ser utilizado deve ser caso a caso. 0 ideal e usar o mfnimo de eta pas possfvel para evitar a quebra dos es- quelews, o que deve ser feitO, desde que garanta a extra~ao e perfeita limpeza dos mesmos. As vezes, s6 agua e suficiente para libera-los (etapas 1 e 2). A cada etapa o material deve ser examinado sob a lupa para ,·erificaryao. 21 Se a rocha a ser preparada tiver indfcios de calcificaryao, nao e aconselhavel usar 0 acido clorfdrico (HCI), ou seja, deve ser eliminada a etapa 4. 0 procedimento a baixo explicado e indicado para sedimentos inconsolidados e pouco litificados. Quando os sedimentos estiio muito litificados, e necessario haver uma uirura~ao previa. A quantidade de material reco- menda e de aproximadamente 30 g. Prepara9ao da amostra 1 - Colocar o sedimento em urn becher com agua e aquecer em placa aquecedora. 2 - Lavar o sedimento sob jato d'agua em peneira de diametro 0,044 mm. 3 - Colocar o resfduo em urn becher com per6xido de hidrogenio (H 1 0z) para eliminar a ma- teria organica. 4 - Lavar em peneira de malha de diameuo 0,044 mm. 5 - Colocar o material em urn becher com acido clorfdrico (HCl) para eliminar OS microf6sseis calcarios. 6- La\'ar. 7 - Por o resfduo em urn becher e adicionar 4 a 5 gotas de hexametafosfato de s6dio (urn amifloculante). 8- Lavar. 9- Colocar o resfduo em urn becher com agua e levar ao ultrasom por 5 a 10 segundos no maximo, visando eliminar argilas que possam estar aderidas ou preenchendo os esqueleros. 10- Lavar. 11 - Secar o resfduo na estufa com tempera- tura a proximad a de 70 OC. Observar o resfduo sob lupa para verificar se ha radio Iarios em abundancia. 0 numero aconselhavel para esrudos quantitativos e de 300 indivfduos. Quando ha uma quamidade de indivfduos superior a este numero procede-se a urn quarteamenro da mesma forma como nos foraminfferos e ostracodes (ver item corresponden- ce) ou prepara-se uma lamina para ser observada ao mi- crosc6pio 6ptico, modificando o procedimemo a partir da etapa 8. A observa~ao ao microsc6pio 6ptico possibilita a visualizaryao de estrururas inrernas o que facilita a idenrifica~o das especies. A seguir apresenta- se 0 metodo para prepara~ao da lamina. 22 ~dal4mina 1 - Depois de submeter o material ao ultrasom e lava-lo em peneira de diametro 0,044 mm, homogeneizar com bastao de vidro e retirar uma fra~ao do sobrenadante com uma pipeta. 2 - Coletar aproximadamence 3 gotas em uma lamina sobre placa aquecedora e deixar secar. 3 - Colocar Balsamo do Canada em uma lamfnula sobre placa aquecedora. 4 - Colar a lamfnula a lamina e deixar secar por aproximadamente uma semana. 5 - Retirar o excesso de balsamo com aJcool. 6 - Escrever os dados de idemifica~o na la- mina usando caneta nanquin. A lamina esta pronta. 0 uso do Balsamo do Canada e preferlvel, pois as Himinas com ele montadas, sao mais duradouras. Entre- tanto, e aconselhavel para material do Cenoz6ico, cujo lndice refrativo das carapa~as e menor. Para radiolarios do Mesozoico, geralmence transformados em quartzo, o lndice refrativo do meio de moncagem deve ser )eve- mente diferente do quartzo (n = 1,54). Nesse caso, po- dem ser usados Neo-Encellan, Hyrax ou Clearmounc (De Wever tt alii, 2001). Para extrair radiohirios de rochas com matriz silicosa como cherts, Pessagno & Newport Jr. (1972) apre- semam uma outra tecnica. A recnica proposta por estes autores uriliza o acido fluorldrico e foi bern sucedida porque a silica das carapa~s dos radiolarios nao e dissol- vida com este acido por ser mais esravel que aquela que com poe a mauiz do chen. A visualiza~ao de escrururas internas dos radiolarios e facilitada fazendo-se cortes dos esquele- tos. De Wever et alii (2001) apresemam uma tecnica para obter essas microse~oes. Microf6sseis Organicos - Palinomorfos Os palinomorfos incluem todos os organis- mos encontrados nos reslduos insoluveis aos acidos inorganicos, proveniences de tratamentos de sedi- mentos de diferenres perlodos geol6gicos, sejam p61ens, esporos, acrirarcas, quirinozoarios, tasmanitfdeos ou dinoflagelados. Sao abundances em rochas de cor escura como folhelhos negros e sua quantidade na rocha pode ser pre vista grosseiramen- re em fun~ao da cor e da litologia. A quamidade e Paleontologia maior em sedimentos sflricos finos, diminuindo nas argilas e nos sedimentos de granula~ao mais grossa. Dado a constirui~ao organica das carapa~as, os sedi- mentos de cor verde, vermelha e branca, que sofre- ram algum grau de oxida~ao, sao estereis ou concern muitos poucos palinomorfos. Os de cor cinza-escuro a preta apresentam-se bern mais ricos. Rochas de ori- gem marinha e continental podem conter palinomorfos. Para separa~ao dos palinomorfos, OS metodos utilizados variam de acordo com a litologia, profundi- dade, idade, presen~a de 61eo na amostra e resistencia diferencial dos p61ens e esporos da rocha. Essas varia- veis influem nas rea~oes qufmicas e, dependendo do tratamenco utilizado, pode-se concencrar mais, ou me- nos os palinomorfos. Todos OS metodos visam a elirninar, da melhor forma possfvel, os constituinces mineral6gicos e orga- nicos indesejados por meio de reagemes qufmicos, dis- solvendo-os, ou separando-os pormeios ffsicos tais como cencrifuga~ao e peneiramento, para obter urn re- sfduo final rico em palinomorfos. 0 tratamenro de amoscras envolve opera~oes com reagenres qulmicos t6xicos, causticos e vola- teis, sendo recomendado o uso de exaustor. 0 me- todo aqui apresentado e melhor detalhado em Uesugui (1979). Em amostras recentes inconsolidadas, os palinomorfos sao separados por decanta~ao, sem qual- quer ataque qufmico. Procedimentos especificos para separar palinomorfos de sedimentos do Quaternario sao apresentados por Yberr et alii (1992) e Uesugui (1979). Prepara((iiO da arnostra A parte inremperizada da amostra deve ser re- movida antes de iniciar o processo, pois a oxida9ao des- tr6i a materia organica. 1 - Desagrega~ao e peneiramento A fragmenca~o da rocha deve ser feita com martelo, dencro de sacos plasticos. Posteriormente, passa-se o material fragmencado em peneiras com malha de diameuo de 2 mm. Os fragmencos gros- sos sao retirados e novamence fragmencados. A pul- veriza~ao da amostra deve ser evirada, pois ocasio- na a quebra dos palinomorfos. Ticnicas de Preparat;oo de Microf6sseis 2- Pesagem Como foi visto amenormente, o peso inicial da amostra varia em fun'rao da litologia. Cesugu.i (1979) sugcre a seguinte pesagem: Folhelhos c argilas escuros, carv6cs e rurfaslO a 20 g Folhelhos e siltitos cinza-claro 20 a 30 g Calcarios Anidrita e sais 30 a 40 g 40a 50 g A ctap~ seguinte consiste na elimina'rao dos componemes mineral6gicos da rocha. 3- Ataque aos carbonatos 0 acido clorfdrico (HCI) a frio e usado para eliminar a calcita. Para a dolomita, usa-sc o acido cloridrico a quente. Recomenda-se o uso de placa aquecedora. - Adiciona-se acido clorfdrico (HCI) 37% a amostra, lentamente, e espera-se a rea~ao. Se esta for in- tensa, borrifa-se alcool para quebrar a t.ensao. Caso continue a haver rea~o, ap6s alguns segundos. adiciona-se mais acido clorfdrico. - Cessada a rea'rao, a amostra deve ser aquecida por 15 min em placa aquecedora. Posteriormente, a amostra deve ser lavada tres vezes, ou ate a total remo'raO dos sais de calcio. A lavagem da amostra implica em uma centrifuga'rao por cinco minutos a 2.600 rpm, de- canta'rao, adi'rao de agua, agita~ao e nova cemrifuga~ao. -l - Ataque aos silicatos 0 acido fluorfdrico (HF) a 40% e utilizado para remover os silicatos da amostra. -A amosua deve ser colocada em tubo ou copos de polipropileno, pois 0 acido fluoridrico corr6i 0 vi- dro. - 0 acido deve ser adicionado aos poucos, evitan- do-se o coma to com os vapores. A rea'rao do acido com os si licacos (principalmente as argilas) e ex- cremamente violema e exotermica, chegando a ferver a temperatura ambience. - 0 tempo de rea~ao e de duas horas, quando utili- za-se 0 acido a quente, sob uma placa aquecedora. A desrrui'riio dos silicaros tambem se processa, deixando-se a amostra reagir com o HCI. a frio, por uma noire (12 horas). 23 - Quando ha muito material grosso na amosrra, re- comenda-se, antes de proceder a etapa seguinte, colocar 0 material para decantar seguin do 0 meto- da explicado mais adiante. 5- Ataque aos componemes organicos nao desejados As recnicas de prepara~ao palinol6gicas ge- ralmeme separam uma quantidade expressiva de materia organica nao desejavel, tais como tec\dos de plantas e animais, alem de cutlculas de plantas de origem incerta. Uesugui ( 1979) a borda alguns processos para diminuir ou eliminar essa materia organica indese- javel e au men tar a concentra'rao dos palinomorfos. Denue tais processos, estao a acet61ise e a oxida- ~ao. A acet61ise destr6i a celulose e e utilizada can- to em amostras de sedimentos recentes quanto em amosrras de rochas. Para fazer a solu~ao de acet61ise, coloca-se uma parte de acido sulfurico para nove partes de anidrido acetico, colocando-se primeiro. 0 acido sulfurico e depois 0 anidrido acetico. A rea'riiO e bastanre exotermica. A amostra deve ser desidratada previamen- te com acido acetico glacial, adicionando-se, em seguida, a solu~ao de acet61ise, gradativameme, pois tambem neste caso a rea~ao e exotermica. Oeixa-se reagir por cinco minutos, Ia va-se a amos- era com acido acetico glacial duas vezes e posteri- ormentc. lava-se com agua destilada. A oxida~ao e urn processo utilizado na pre- para~ao de amostras quando h:i mau!ria organica em avan'rado estado de carbonifica~o. em forma de carvao ou linhito inalterado. Os reagemes oxidances urilizados sao: :icido nitrico, clorato de s6dio ou pocissio, doreto de s6dio e :igua oxigena- da em di\·ersas propor'roes, formando solu~oes es- pecificas que recebem nomes diversos. Solu~ao de Shulze - Colocar sobre a amostra tres partes de acido nfrrico para uma parte de solu~ao supersaturada de elora to de potassio. Quando a amosrra e muito rica em materia organica e a percentagem de clorato ul- 24 ttapassar 30% do peso total da amostra, usa-se ape- nas algumas gotas do clorato de potassio, pois a rea~o pode ser violenta, havendo perigo de ex- plosao. Dependendo da idade das amostras, a con- cenua~ao do acido nitrico deve variar. As mais usadas sao as seguintes: Plioceno e Mioceno - acido nitrico a 35% Eoceno e Paleoceno - acido nitrico a 40% Cretaceo - acido nitrico a 45% Paleoz6ico- acido nitrico a 67% A agua oxigenada e tambem urn agente oxidante, clareador e dispersante muito util na oxi- da~ao de amostras escuras com alto grau de carbonifica~ao, como turfas. Hansen & Gudmundsson ( 1979) propoem urn metodo alternativo para eliminar a materia or- ganica, a}egando serem OS metodos tradicionais insatisfat6rios, tanto por danificar os microf6sseis, como por nao serem muito efetivos. Propoem que, ap6s os ataques com HCI e HF. cubra-se a amostra com alcool. Os microf6sseis por serem pardculas ocas, ao conuario das demais paniculas organicas, absorvem o alcool diferenciadamente, e separam- se por decanta~ao. 6- Separa~o dos palinomorfos do restante do residuo Separa~ao por decanta~ao Ap6s o final do tratamento qufmico os graos de tamanho muito fino que nao foram elirninados sao separados dos palinomorfos ( mais pesados) por densidade. - Coloca-se o residuo em vidro de estocagem. - Adiciona-se uma solu~ao de metafosfato de s6dio a 1%, agita-se e deixa-se em repouso por uma hora para decantar. ~ Transfere-se o sobrenadante escuro p,ara outro vi- dro e repete-se a opera~o ate que este fique cla- ro. Quando ha material de granulomeuia gros- sa na amostra e os grlios tamanho areia e ouuos com- ponentes mais pesados niio foram eliminados du- rante o ataque quimico, segue-se, normalmente ap6s 0 uso do acido tluorfdrico, 0 procedimento abaixo explicado. Paleontologia - Coloca-se a amostra em urn becher de 250 mi. - Enche-se o becher com agua, deixando em repou- so por 1 minuto. - Transfere-se o material em suspensao para outro becher, desprezando-se a parte sedimentada. - Repete-se a opera~ao por duas ou tres vezes. Separa~o por centrifuga~ao conrrolada A centrifuga~ao controlada abrevia o tempo de decanta~ao da amostra. Usando-se a velocidade apropriada e posslvel separar as parciculas muito finas dos palinomorfos, mais pesados. Procede-se a centrifuga~o. fazendo-se testes para estabelecer a rota~ao minima necessaria, em urn minuto, para que a fra~ao muito fina fique em suspensao e os palinomorfos se sedirnenrem. Referencias BOLTOVSKOY, E. & WRIGHT, R. 1976. Recent Foraminifera. Dr. W. Junk b.v. Publishers, The Hagne. 515p. De WEVER, P. ; DUMITICA, P. ; CAULET, J.P. ; NIGRINI, C. & CARIDOIT, M. 2001. Radiolarians in the Sedimmtary Record. Overseas Publi shers Association. The Netherlands. 533p. ELLISON, R. L. &NICHOLS, M. M.l970. Esruarine foraminifera from the Rappahannock River, Virginia. Contributions from the Cushman Foundation for Foraminiferal Research, 13: 231-241. HANSEN, J. & GUDM UN DSSON, L. 1979. A method for separating acid-insolu ble microfossils from organic debris. AHcropaleontology,25(2): 113- 11 7. JEREMIAH, J . 1996. A proposed Albian to lower Cenomanian nanofossil biozonation for England and the North Sea Basin. Joumal of Micropaleontology, /5: 97-129. LETHIERS, F. & CRASQUIN-SOLEAL, S. 1988. Comment ex traire les microfossiles a tests calcitiques des roches calcaires dures. Revue de A1icropaleontologie, 31(1 ):56-61. MOURA, J. C.; SOUSA, F. P.; WANDERLEY, M.D. & RlOS-NETTO, A.M. 1996. An alternative method for extracting calcareous microfossils from carbonatic rocks. Anais da Academia Brasileira de Ciincias, 68(2): 268-269. 3 FOSSE IS: COLETA E METODOS DE ESTUDO Pedro Hen rique Nobre Ismar de Souza Carvalho Ap6s a descoben:a de urn f6ssil, o primeiro desafio de urn paleont61ogo, consiste em sua retirada do campo e preparac;:ao em laborat6rio. Estas duas etapas iniciais ao muitas vezes extremamente delicadas e C!>pecializadas, tomando por sua vez urn Iongo tempo do pesquisador, ao preparar o material para escudo. Nao existe uma tecnica formal e exata para a preparac;:ao de f6sscis, e no Brasil nao se encontra no mercado equipamentos destinados e fab ricados exclusivamence para este fim. Estes objecos sao na maioria das vet.es adaptados de ourras areas tecnicas como odontologia, conscruc;:ao civil e maceriais utilit.ados por restauradores de objecos de arte. A criatividade e o conhecimento de uma grande , ·ariedade destes objetos, atraves de catalogos e a propria observac;:ao direta em lojas especializadas de produtos exposcos em vitrines, permitem ao tecnico preparador escolher o melhor mecodo a ser utilizado em determinado f6ssil. Esce capitulo tern como objetivo apresentar algumas tecnicas ou procedimemos mais comuns, bern como instrumemos e equipamemos que possam auxiliar o paleont61ogo na tarefa de coleta e preparayao de f6sseis. Vale lembrar que urn pequeno f6ssil descrufdo pode representar uma grande perda para a reconstitui9ao da hist6ria da vida. l •• Prospec~ao e Coleta de F 6sseis Sao inumeros os procedimentos, tanto para en- contrar como para retirar o f6ssil da rocha ou sedimento. As tecnicas vao variar dependendo do objecivo do pes- quisador, do tempo disponfvel, do local e natureza do sedimento. Sair a procura de f6sseis sem urn planejamenco p revio pode se transformar em urn verdadeiro fracasso, alem de ser extremamence dispendioso. 0 pesqu isador, antes de ir ao campo e ap6s definir os locais de prospecyao, devera realizar uma vasca revisao bibliografica e analise de mapas, obtendo o maximo de informac;:oes possfveis a respeito da geologia local e dos f6sseis ja enconcrados na regiao. A partir deste escudo previo o paleonc61ogo podera otimizar a procura dos f6sseis e definir quais os equipamencos e tempo necessarios para o trabalho de campo (figura 3.1). Escolhido o local para prospecyao, o pesquisador devera excrair o maior numero possfvel de informayoes sobre a geologia da area em escudo. Para isso devera esboyar urn perfil do afloramenco em questao e uma descric;:ao do sedimento ou rocha sedimentar da localidade fossillfera. Essas informac;:oes sao essenciais para que se possa incerpretar o paleoambiente, alem de 28 contribuir para a compreensao da evolu~ao geol6gica de uma area ou bacia sedimentar. 0 posicionamemo preciso do local de prospec~o torna-se tambem urn assunto de grande imporrancia, permitindo aos pesquisadores retornarem exatamenre ao local descrito, alem de conrribuir para a confec~ao de mapas geol6gicos e escudos de correla~oes estratigraficas. Para isso, uma boa descri~ao das localidades incluindo nome de municfpios, fazendas, esuadas, quilometragens, ponros de referencia e uso do GPS tornam-se fundamentais. Quamo mais detalhado os dados obridos no campo, melhores serao as informa~oes para as analises e interpreta~oes posteriores. Coleta em afloramentos As rochas sedimemares cobrem cerca de dois ter~os do territ6rio brasileiro, represenrando perfodos de tempo que vao desde o Pre-Cambriano ate os dias atuais. Estas rochas sao formadas pelo acumulo de sedi- mentos, em grandes depressoes da crosta conhecidas como bacias sedimentares. lnfluenciadas pela dinami- ca constance de movimema~ao da crosta, parte destas rochas se expoe, formando emao pequenas elevar.;oes ou ate mesmo grandes montanhas. Estas exposir.;oes, alem daquelas resultames dos cortes de estradas, tu- Paleontologia neis, margens de rios e falesias litoraneas, sao conheci- das como afloramenros e neles sao coletados a maioria de macrof6sseis existenres hoje. Em muitas situar.;oes os f6sseis estao visfveis nos afloramenros, bastando-se seguir os procedimentos corretos de escavar.;ao e prepara~ao para o posterior transporte. Geralmente os f6sseis encontrab-se fragmentados, desarticulados e aderidos a rocha marriz, sendo necessario que o pesquisador tenha noyao do conteudo fossilifero exposto antes de comer.;ar a escavayao. A confecr.;ao de desenhos esquematicos e fotografias da posi~ao dos f6sseis no afloramenco sao de grande importancia, auxiliando nos trabalhos de prepara~ao em Jaborat6rio, em escudos tafonomicos, e outras inrerpreta~oes fururas. Uma boa tecnica para se registrar a escavar,;ao e a demarcayao da area em quadranres numerados e de tamanho regular, variando de acordo com a dimensao da area a ser escavada. Todo material coletado deve ser registrado em caderneta de campo onde sao anotados o nfvel estratigrafico, a litologia do local de ocorrencia, a orienrar,;ao do f6ssil na rocha e outros elementos que possam estar associados a ele. A retirada do material do afloramento e urn procedimemo que requer cuidados e paciencia. Muitas vezes e necessaria a formar,;ao de uma trincheira ou Figura 3.1 Prospecr,:ao de f6sseis. (A) Trabalho de coleta de f6sseis em rochas sedimentares a margem do rio Acre desenvolvido pela Universidade Federal do Acre. (B) Coleta em rochas da Forma~o Adamantina, Estado de Sao Paulo realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Deparramemo de Geologia). F6sseis: Coleta e Metoda de Estudo degrau possibilitando o acesso ao f6ssil em urn plano \ ertical (figura 3.2), facilitando a visualiza~ao e os trabalhos de escava~ao. Em urn plano horizontal, nao sendo possfvel a forma~ao destas trincheiras ou degraus, a rocha matriz dcveni ser recortada com a utiliza~ao de cinzeis e marrctas, respeitando-se uma distancia segura do mate- rial, cvitando sua fragrnenta~ao (figura 3.3). Quanto maior a quantidade de rocha matriz envolvendo o f6ssil maior sera a seguran~a no mornento do transportc (figura 3.4). Figura 3.2 Rem~ao de blocos de rocha para forma~ao de trincheiras durante uma escava~ao em I\ lome Alto, Estado de Sao Paulo. Figura 3.3 Escava~o de f6sseis em plano horizontal. ,\floramemo da Forma~ao Itapecuru (Bacia do Parnaiba. Cretaceo Inferior) no Estado do Maranhao. 29 Peneiramento 0 peneiramcnto de sedimentos, para procura de f6sseis (figura 3.5) e uma das tecmcas mais difundidas na paJeontologia e pode ser utilizada tanto no campo quanto no laborat6rio. Existe hoje uma grande variedade de metodos empregados no peneiramento de sedimentos, porem todos seguem urn princfpio basico, que e 0 fracionamento de sedimentos por tamanho facilirando a visua liza~ao do material desejado. A coleta de pequenos f6sseis como escamas de peixe, dentes de vertebrados e pequenos inverrebrados, muitas vezes s6 e possfvcl atravcs do peneiramento e Figura 3 .4 Retirada de grandcs blocos de rocha comendo f6sseis da Forma~ao Adamantina (Bacia Bauru, Cretaceo Superior) para preparar;ao em laborat6rio (~1useu de Paleontologia de f\fonte Alto), em r-.tome Alto, Estado de Sao Paulo. Figura 3.5 Peneiramento de sedimento no campo para posterior triagem em laborat6rio, e m afloramento da Forma~ao Adamantina (Bacia Bauru, Cretaceo Superior). Escava~ao realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Departamemo de Geologia). 30 recolhimenco do sedimento peneirado para
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