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Paleontologia - Volume 2 - Carvalho

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ISMAR DE SOUZA CARVALHO 
(Editor) 
EDITORA INTERCIENCIA 
Sumario 
APRESENTA<;AO .......................................................... .................................................... ........................ V 
PREFACIO ...... .................................................................................................................................. .......... VII 
PREFACIO DA 1·· EDI<;Ao ........................................................................................................ ........... IX 
CURADORIA E TECNICAS DE PREPARA<;AO .............................................................................. .. 1 
Capitulo 1-Curadoria PaJeontol6gica ............................................................................................................................................ 3 
Funty6es e a Etica da Curadoria ............................................................................................................................................ 4 
Tafonomia nas Gavetas .......................................................................................................................................................... 5 
Condi~ de Armazenamenro ........................................................................................................................................... 7 
A Exposi~o de Objeros Paleontol6gicos ....................................................................................................................... 11 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 13 
Capftu to 2-Tecnicas de Prepara~o de Microf6sseis .............................................................................................................. 17 
Microf6sseis Calcirios ............................................................................................................................................................ 18 
Microf6sseis Silicosos- Radiohirios ................................................................................................................................... 21 
Microf6sseis Orgarucos - Palinomorfos ............................................................................................................................ 22 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 24 
Capitulo 3- F 6sseis: Col era e Metodos de Escudo .................................................................................................................... 27 
Prospe~o e Coleta de F 6sseis ......................................................................................................................................... 27 
Prepara~o de F 6sseis ............................................................................................................................................................ 31 
Trabalhos de Laborat6rio e Gabinete ............................................................................................................................... 36 
Curadoria ..................................................................................................................................................................................... 39 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 40 
Capitulo 4-Tecnicas de Prepara~o Quimica para Venebrados F6sseis ............................................................................ 43 
Prepara~o Quimica: a utiliza~o de acidos .................................................................................................................... 43 
Tecnicas de Prepara~o Misra (Mecaruca/Qufmica) ................................................................................................... 49 
Procedimentos de Seguranr;a ............................................................................................................................................... 49 
Considera~ Finais .............................................................................................................................................................. 49 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 58 
Capitulo 5-Metodologias Digitais Aplicadas ao Escudo de Venebrados ........................................................................... 51 
Tecrucas e Equipamentos .................................................................................................................................................... 53 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 55 
Capitulo 6-Moldagem e Replica~ao de F 6sseis ....................................................................................................................... 57 
Replicas ....................................................................................................................................................................................... 58 
Produzindo Replicas ............................................................................................................................................................... 58 
JAZIGOS FOSSILfFEROS .......................................... .............................................................................. 65 
Capitulo 7-Jazigos Fossil.fferos do Brasil .................................................................................................................................... 67 
Legisla~o Brasileira sobre Patrimonio Fossilifero .................................................................................................... 67 
Comissao Brasileira de Sftios Geol6gicos e PaJeobiol6g1cos ................................................................................... 70 
Principais jazigos Fossil.fferos do Brasil .......................................................................................................................... 70 
XII Paleontologia 
<Ansidera~6cs Finais .............................................................................................................................................................. 81 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 82 
Capfrulo 8-jazigos Paleoboclnicos do Brasil ............................................................................................................................ 85 
juigos Paleoz.6icos ................................................................................................................................................................. 87 
Jazigos ~lesoz6icos ................................................................................................................................................................. 90 
ja7jgos Cenoz6icos ................................................................................................................................................................. 92 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 93 
Caplrulo 9-F6sseis de Porrugal ....................................................................................................................................................97 
Geologia dePorrugal ............................................................................................................................................................. 98 
Oiversidade dos To.xa ............................................................................................................................................................ 100 
Aplicary6es ...................................................................................................... ~····· · ··· ··············· ······· · ······ · ······························· ···· 117 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 120 
Capitulo 10-Educaylio e Paleontologia .................................................................................................................................... 123 
A Universidade e Seu Papel na Produryao e Transmissao do Conhecimento Paleontol6gico ........................ 124 
A lmponancia dos Museus na Educaylio em Paleomologia .................................................................................... 124 
0 Turismo Paleomol6gico: aliado ou amea~? ............................................................................................................ 125 
A Mfdia e a Educaylio Paleontol6gica ............................................................................................................................ 126 
A Paleomologia na Educaylio Basica: Por que a paleomologia anda rao distante das salas de aula? .............. 127 
Decodificando a Linguagem Ciemffica na Escola ..................................................................................................... 128 
A Paleomologia no Currfculo Escolar: das experiencias coridianas aos conceitos ciemlficos ........................ 128 
0 Papel dos Professores como l\lediadores da Construryao de Conceitos Paleomol6gicos na Escola .......... 129 
Referencias ................................................................................................................................................................................. 130 
f ndicc Remissivo-Volume 1 ......................................................................................................................................................... 131 
fndice Remissivo- Volume2 ......................................................................................................................................................... 231 
Aurores ...................................................................................................................................................................................................... 251 
1 
CURADORIA PALEONTOLOGICA 
Ismar de Souza Carvalho 
A curadoria em paleontologia compreende urn 
conjunto de procedimentos que visam resguardar o 
material f6ssi l, ja estudado ou nao, e que abrange a 
prote~ao ffsica, cataloga~ao e disponibiliza~ao publica. 
A a~ao de agentes ffsicos e qufmicos ambientais, 
distintos do contexto original em que o fossi l se inseria, 
tais como luminosidade, condi~oes de umidade, 
temperatura e polui~ao, sao determinantes na busca de 
solu~oes para a durabilidade dos especimens. Os tipos 
lirol6gicos que compoem os f6sseis e o tempo de 
exposi~ao a que estao sujeitos aos agemes ambientais 
sao determinantes para a manuten~ao da integridade 
dos acervos. Uma cole9ao de f6sseis e o registro 
documental da diversidade paleobiol6gica e da hist6ria 
geol6gica da Terra, e seu manejo adequado e 
fundamental para sua preservac;:ao destinada as gerac;:oes 
futuras. 
As func;:oes desempenhadas por urn curador sao 
geralmcnte objero de controversias. Se seu papel 
rclaciona-se ao de urn pesquisador, educador ou tecnico 
cnvolvido na exibic;:ao de exposic;:oes e no cui dado com 
as colec;:oes (Conaway, 1978). Esse conflito resulta numa 
perspecti va equivocada das ac;:oes relacionadas a 
curadoria, vista muitas vezes como uma atividade de 
menor importancia e prestfgio academico. Como 
indicado por Colbert (1958), o curador envolvido com 
aspectos da hist6ria natural e antes de rudo urn 
especialista, responsavel e interessado em seu campo 
de especializac;:ao, e sua autoridade ad vern das pesquisas 
cientfficas que realiza. Devido a sua competencia em 
uma especialidade, espera-se que atue na qualificac;:ao 
de novos pesquisadores. Some-se a tais tarefas o 
planejamento e a s upervisao das instalac;:oes das 
exposic;:oes. Emretanto, o curador e antes de tudo 
responsavel pelas colec;:oes e sua manutenc;:ao. 0 curador 
deve ter rota! responsabilidade pelas colec;:oes sob sua 
guarda, bern como trabalhar para o incrementO da 
mesma. 
Ao curad or compete a responsabil idade de 
guarda, manutenc;:ao, definic;:ao dos criterios de uso, 
selec;:ao dos materiais a serem incorporados a colec;:ao e 
ac;:oes voltadas para a educac;:ao e pesquisa. Sua func;:ao 
transcende a de urn "organizador de gavetas", pois cad a 
elemento de uma colec;:ao paleontol6gica e l"mico e, 
caso pcrdidos, sao insubstitufveis. Nao importa se existe 
mais de urn exemplar atribuido a uma mesma especie. 
Se representam hol6tipos ou nao. Todos devem ser 
entendidos num contexto amplo de acervo cientffico e 
que representam parte da hist6ria da vida. Assim, as 
func;:oes do c urador situam-se neste co ntexto 
multifacetado, devendo em especial garanti r as 
condic;:oes de perenidade do acervo. 
F un~s e a Erica da Curadoria 
A presen·a~ao de urn especimen poderia ser 
potencializada caso nunca ocorresse sua manipula~ao, 
e se fosse mantido em condi~6es de controle tcrmico e 
de umidade (Brad ley, 2001). Entrctanto o curador deve 
garantir a seguran~a dos f6sseis, realizando urn controle 
tal que rctarde ou impe~a a deteriora~ao e defina regras 
para scu uso e exposi~ao. Este comrole deve ser 
constance, com levantamentos regulares dos acervos e 
visroria das condi~oes ambientais em que se insercm. 
\lesmo sem grande disponibilidade financcira, a 
curadoria deve tcr a preocupa~ao com o adequado 
armazenamenro dos f6sscis, o qual podc scr melhorado 
segundo Bachmann & Rush field (2001) a craves de 
manuten~6cs rcgulares, evitando a poeira e omras 
partfculas carregadas pelo ar, que atraem insetos, e 
abrasiva e concern esporos de fungos. 
Tambem 6 fun~ao do curador a decisao sobre os 
especimcns a serem incluldos em uma co l e~ao 
paleontol6gica. De acordo com Molnar ( 1996) 
prioritariamente os que devem ser inclufdos em urn 
acervo museo16gico sao: os que representam novos taxa; 
cspecimens de interesse local; os que apresentam 
estruturas nao presences, ou pouco preservadas em 
espccimens ja colctados; os que dcnotam aspectos 
parol6gicos; os que representam estagios de urn ciclo 
de vida, ou sexual; especimens que indicam novas 
ocorrencias geograficas ou temporais. Tal concep~ao, 
de prioriza~ao dos objetos de uma co l e~ao 
paleonto l6gica, relaciona-se essencia lmente a 
impossibi lidad e de acondicionar todo o material 
advindo das coletas de campo aos espa~os flsicos 
instirucionais destinados a tais acervos. As cole~6es de 
f6sseis devem ser entendidas como materiais ciencfficos 
perperuados e disponfvcis para novos escudos, c nao 
como depositos de objeros da curiosidadc cientffica. 
0 curador de uma coJe~ao paJeonroJ6gica deve 
ter antes de wdo ctica na composi~ao do acervo de sua 
instiwir,:ao. A defini~ao do termo c tica nao e enrretanto 
muito precisa, varian do do ponco de vista do observador 
e do contexto de sua aplica~ao. Porem, a etica envolve 
em colocar o desejo publico alem do instiwcional e do 
interesse profissional pessoal. A etica vai alem da 
csscncia de nossas cren~as, inibindo nossa liberdade de 
atuar isoladamente para nossos pr6prios ganhos, 
demandando urn senso de responsabilidade para com 
OS outros (Boyd, 1991). A rna etica produz cicncia de 
rna qualidade. A cie ncia de boa qualidade somente podeser bascada em praticas cticas que incluem desde 0 
Paleontologia 
con hecimento da origem do espccimen, pesquisa e 
curadoria, incerprcta~ao e publica~ao (Besterman, 2001 ). 
Tal sirua~ao e muito bern exemplificada por Padian 
(2000) em sua analise sobrc a compra de f6sscis por 
instituir,:oes cicntfficas. Seu estudo avalia a 
comercializa~ao de f6sscis da China, indicando a 
publica~ao de informa~6es erroncas, em fun~ao de 
f6sseis deliberadamente falsificados destinados ao 
comercio inrernacional. Tambem f6sseis crctacicos 
oriundos da Bacia do Araripe sao deliberadamentc 
adulterados e vendidos no mercado inrernacional. I-H a 
composi~ao de indivfduos de uma mesma especie, ou 
de especies diferences, assembleias de espec ies, 
altera~ao da morfologia dos taxa, confec~ao de partes 
que faltam, modifica~ao da colora~ao (por adi~ao de 
tintas ou ceras) e mesmo a inclusao em carbonatos de 
animais e vegetais recences (Martill, 1994 ). Apesar de 
em algumas situa~6cs tais falsifica~6es sercm 
facilmente reconhecidas, ha inumeros casos em que 
houve a moncagem de cspectes descritas 
cientificamente e compradas no ilegal mercado de 
f6sscis (Marti II et alii, 1996; Sereno et alii, 1994; Sues el 
alii, 2002). F6sseis comumente forjados sao aqueles 
imersos em ambar. Grimaldi et alii (1994) analisaram 
diversas inclus6es em pressupostos ambares, as quais 
mostraram-se como imers6es de animais e plantas atuais 
em resinas narurais (por exemplo copal) ou sinteticas 
(poliester). Grimaldi et alii (1994) e Bauer & Branch 
(1995) indicaram difcrcntes tecnicas que possibilitam 
a dis tin~ao entre as fa lsifica~oes e o material 
autentico.Tais situa~6es sao facilmente conrornadas 
quando o curador incorpora especimens nas colc~oes 
institucionais sabendo sua origem, contexto de 
ocorrencia e obedecendo a legisla~ao (Besterman, 2001; 
MacDonald, 1991). 
Oucro aspecto importance da curadoria relacio-
na-se a sua influencia nas a~6es voltadas para a educa-
~ao (Barreto et alii, 1999; Carvalho et alii, 1999; Macha-
do & Senra, 1999; Marconato & Bertini, 1999; Moita et 
alii, 1999; Pereira et alii, 2001; Silva et alii, 2001; Sou-
za-Lima et alii, 1999; Vega, 1999). Segundo Grynszpan 
(2002), atualmente a museologia de objetos deu Iugar a 
uma museologia de ideias, na qual os objeros sao 
contcxrualizados e mostrados com urn senti do. 0 desa-
fio oeste novo cenario seria o equilfbrio entre a manu-
ten~ao das cole~6es como missao de garantir a heranr;a 
do patrimonio da cu ltura cientffica e a difusao do co-
nhecimento ciemffico. Urn born exemplo e apresenra-
do por Clarke (2002) em sua analise do processo de 
moderniza~ao do Museu de Geologia, em Londres. 
Curadoria Paleontol6gica 
Segundo esce aucor, o trabalho de urn curador nao se 
resume rna is a organiza~ao de colec;oes em \ icrines, 
~:om eciquecas erudicas, deixando o objeco falar por si 
proprio. Para as a~oes relacionadas a educa~ao em cien-
~:ia, a qual em olve o pensamento absrrato, necessica-se 
de uma comunica~ao bem-sucedida como publico, cs-
cimulando-o a concentrar-se no assunco exposto c a 
convence-lo da impomincia do mesmo. 
Em rela~ao a disponibili.ta~ao dos acerYos cien-
rfficos e de a~oes direcionadas a educa~ao, urn born 
caminho c o do uso das novas tecnologias de informa-
~ao (Sabourin et alii, 1999). Atraves do uso da ft1ttmer ha 
a possibilidade de uma maior inccracao entre pesquisa-
dores eo publico em geral com as inscicui~oes cienrffi-
cas. Assim, atraves da ceconologia pode-se expandir as 
a~oes voltadas para a educacao publica (Sarraf, 1999; 
Thomas, 1999), bern como avaliacroes quancicacivas e 
qualitacivas do acervo disponivel (Abu hid et alii, 1999; 
Fairchild ef alii, 1999; Souza-Lima & Souza-Lima, 
2001). 
Tafonomia nas Gavetas 
Durance OS eventos que conduzem a preserva-
~·ao de urn organismo como fossil, muiros sao os ele-
mentos que acuam nesra uansforma~ao. Enrendemos 
como ' lafonomia a esce con junco de processos que ori-
gin am o exemplar f6ssil como o descobrimos no 
afloramenro. Posteriormenre, estarao sujeitos a toda 
uma serie de processos relacionados ao incemperismo 
fisico, quimico e biol6gico, que ramo dccompoem a 
rocha, como o proprio f6ssil. A coleta de urn f6ssil, e sua 
posterior incorporacao ao acer\'o de uma colecrao, nao e 
garancia para sua maior durabilidade. Ila posceriormen-
ce a sua incorpora~ao em uma cole~ao, urn con junco de 
fenomenos que podemos designar genericamence como 
uma "Tafonomia nas Gavecas", cambem responsavel 
pela decomposi91io do fossil. 
0 primeiro aspecto importante na manuten9lio 
de urn acerco paleontol6gico relaciona-se as condi~oes 
ambientais do local onde se sirua a cole~ao. ~1endcs et 
alii (2001) indicam que o processo de deceriora~ao dos 
maceriais rem quase sempre uma relacrao dircca com 
fatores incrfnsicos dos meios ucilizados para sua guarda. 
Neste concexco incluem-se: manejo e/ou exposi9lio 
inadequadas; a9ao de insecos e roedores; crescimento 
de fungos e ou ourros microorganismos; acrao de 
poluences acmosfericos; material inadequado para 
acondicionamenro, cransporce e exposicrao; danos 
5 
causados por variacroes bruscas e inrensas de umidade e 
cemperacura combinadas; infilcra~oes devido a 
cubula9oes hidraulicas ou pill\ iais defeiruosas; incendios 
por curto-circuico; corrosao meralica; edificacoes nao 
adapcadas para abrigar acervos; atos de \·andalismo, furro 
ou roubo de pe~as da cole~ao. Assim, a expeccaciva de 
que urn exemplar acondicionado em uma colecrao cenha 
urn a preservacao infinica nao e \ erdadeira <Bradley, 
2001). De acordo com King & Pearson (2001 ) o concrole 
ambiencal para fins de conservarrao expressa-~e pela 
manutencao da luz, temperatura, umidade relati\a, 
limiracao de polucnces atmosfericos, tais como gases, 
parciculas e esporos de fungos, e climina91io de insecos 
e roedorcs. No caso do concrole de pragas de inseco~. 
Williams & Walsh (1989) ressalcam a necessidade de 
estrategias de controle quimico que evicem rea~oes 
descrucivas sobre o acervo ou que se moscrem ineficazes 
no concrole de pragas. 
A deteriora9ao dos f6sseis, a partir de sua 
incorporacao aos acervos paleoncol6gicos, rem quase 
sempre uma rela~ao direta com a natureza da marriz 
rochosa em que se inserem, ou com sua composi~ao 
mineral6gica. As condiyoes de temperatura c umidade 
cambem sao facores determinanres- dimas quences e 
umidos sao exrremamenre agressivos nos processos de 
deceriora~ao, pois a umidade eo calor afetam em muiro 
a velocidade das rea96es quimicas e facilicam a 
coloniza9lio de superficies expostas por fungos. Assim, 
rna ceria is carbonlhicos sao muiro suscepciveis ao ataque 
por solu~oes acidas. Ambiences polufdos, com co! e 
CO, gases comuns na atmosfera das grandes cidades, 
sao decerminances nos fenomenos corrosivos. 
Elementos organicos, rais como os palinoformos, 
quando em ambiences de grande umidade, escao 
sujeicos a servirem como subsrrato nurricivo para fungos 
e bacterias. 0 aspecco gerado e o de urn cufo de 
filamenros ("laminas cabeludas") que desrroem 
progressi,·amenre as esrrucuras anaromicas do fossil 
(figura 1.1). Em condi~oes muico secas, o processo de 
desidraca~ao em rochas ricas em materia organica, cais 
como os folhelhos, conduz ao ressecamenco e conrra~ao, 
produ.Gindo fissuras e muitas vezes acentuado 
descamamenco. Por oucro !ado, a presen~a de materia is 
muiro higrosc6picos na rocha macriz, como por exemplo 
gipsira, anidrira e carnalira, e a posterior migracao de 
sais advindos da decomposi~ao dcsres minerais em 
condicroes de clevada umidade ambienral, e oucro dos 
facores de risco para os f6sseis. Em rochas com alto 
conreudo de carbono organico. a presen~a de sulferos e 
sulfacos cam berne responsavel pela geracrao de pel feu las 
6 Paleontologia 
A B 
c D 
F;gura 1.1 (A) Vista geral do campo de uma Him ina palinol6gica montada com balsamo do Canada. Os esporos de fungo 
concenuam-se ao redor de urn palinomorfo em decomposi~ao (mancha escura em meio a nuvem de esporos de fungo). (B)Oetalhe do campo mosrrado em (A). Hifas e esporos de fungo sendo produzidos dentro da lamina deteriorada. (C) Lamina 
palinol6gica montada com gelatina glicerinada. Cma "ilha" de gelatina preservada em meio a urn "mar" de hifas. 0 palinomorfo 
que aparece no centro da fotografia (mancha escura) tern seus dias contados. (0) Cma "ilha" de gelatina em meio a "mar" de 
hifas. Repare na ocorrencia de hifas pioneiras (filamentos finos) ja instaladas dentro da "ilha". Fotografias digitais obtida 
diretameme ao microsc6pio Zeiss por Cecflia Cunha Lana. 
esbranqui~adas tais como as observadas em 
mesossaurfdeos da Forma~ao Irati (Permiano, Bacia do 
Parana). 
Alguns ripos de f6sseis, como as inclusoes em 
ambar, demandam grandes cuidados. Luz forte, 
aquecimemo e o pr6prio ar desrroem a superffcie do 
am bar ap6s longos perfodos de tempo. Os simomas da 
degrada~ao superficial sao o escurecimento e urn 
rerlculo de finas fraturas. Estes aspectos sao facilmeme 
observaveis em co pale resinas recentes, pois sao menos 
polimerizadas e os volateis escapam mais 
freqi.ientemente. Porem, o ambar tambem esta 
susceptive! a tais processos, tornando-se escuro com o 
tempo e oxidando-se como resulrado da exposi~ao 
constante ao ar. Ha assim, uma consideravel varia~ao 
natural na intensidade da cor. Grimaldi (1993) indicou 
que o armazenamento de f6sseis imersos em am bar deve 
ser feito em locais escuros, inclusos em rccipientes 
selados e em ambiences aclimatados. As etiquetas 
colocadas em contaro com as amostras de am bar de,·em 
ser feitas em papel nao-acid ificado. No caso de 
especimcns importances recomenda-se a imersao das 
amostras em resinas sinteticas ou narurais (balsamo de 
Canada). 
No escudo de vegetais rerrestres primirivos do 
Siluro-Devoniano, Wellman et alii (1996) apresentam 
urn problema novo no ambito da curadoria : a 
impossibilidade de integridade ffsica do f6ssil em fun~ao 
do metoda de estudo. Os vegetais rerrestres do Siluro-
Devoniano sao formas normalmente pequenas (1 -2 em) 
fossi lizadas como comprcssoes incarbonizadas. Ha 
rambem formas preservadas tridimensionalmente. Para 
0 escudo destes f6sseis e utilizada a tecnica de 
macera~ao, com posterior ataque qufmico para 
dissolu~ao do material inorganico. 0 resfduo (f6sseis) e 
entao scparado e montado em stubs para observac;:ao ao 
mic rosc6pio eletronico de varredura (ME\") e 
microsc6pio eleu6nico de transmissao (t\lET). Durante 
Curodorio Poleontol6gico 
o e:.tudo, as amostras sao progressivamente 
.. di,sccadas" para a analise das diferentes estruturas 
.maromicas. Tal situar,:ao resulta numa progressi\a 
de!>truir,:ao do exemplar, restando aoenas urn 
documentario fotognHico. Alem disso, ha urn limite 
temporal de estocagem dos f6sseis, os quais ap6s 
asolados rornam-se ressecados e extremameme frageis, 
frarurando-se sob efeito de pequenas vibrac;oes. Tum 
intcnalo de cinco anos, os f6sseis apresentavam 
pmfundas alterar,:oes, a ponto do nao reconhecimento 
da e~pecie a qual original mente haviam sido atribufdos. 
:\dl\:ionalmcnte, o tempo de vida dos especimens fica 
condicionado ao adcsivo utilizado nos stubs, que 
dificultam a remor,:ao, fraturando os exemplares ou 
conduzindo os mesmos a afundarem no adesivo. Assim, 
Wellman et alii (1996) demonstraram que o 
.umazenamento destes f6sseis e problematico, ja que 
necc:.sitam ser fragmentos para urn esrudo adequado, o 
que destr6i algumas de suas partes ou feir,:oes. 
Con~equentemente nao existe uma coler,:ao 
com·encional baseada em especimens para urn futuro 
exame por outros pesquisadores. Os que dcsejarem 
reexaminar os exemplarcs rerao de se basear na 
mformayliO (documentada e pubJicada/fotografias nao 
puhlicadas) registrada pelos cientiscas que realizaram a 
In\ estigar,:ao inicial. Como o numero de fotografias em 
uma publicar,:ao e limitado, a maior parte do regisuo 
documental fotografico e arqui\·ada no proprio 
ltborat6rio dos pesquisadores. Estabelece-se assim urn 
banco de imagens, incluindo descrir,:oes, informar,:ocs 
quantitativas e urn rcgisuo pict6rico de codas as 
mformar,:oes relevances desde o uatamento inicial do 
f6:.:.il. A curadoria transforma-se assim, da curadoria de 
urn objeto ffsico (fossil) para a curadoria de urn objero 
digital (registro fotogn1fico). 
Urn aspecro problematico da preservar,:ao refere-
e as condir,:oes ambientais em que esrao 
acondicionados os acervos, em especial nas condir,:oes 
clim~iticas tropicais. Em siruar,:oes de umidade relariva 
acima de 70% pode haver o crescimento de fungos e 
bacterias. A analise geral das condir,:oes de 
armazenamento para diferentes tipos de objetos 
museol6gicos indica, como ideal, urn nhel de umidade 
relativa entre 40% e 70%, sendo uma condir,:ao dificil 
de ser mantida em climas tropicais. A variar,:ao da 
umidade relativa faz com que mauizes que contenham 
materiais higrosc6picos contraiam-se sob condir,:oes 
mais secas e a medida que ha o aumento da umidade, 
haja a absorr,:ao d'agua e urn subsequence inchamento, 
havendo assim urn verdadeiro processo de 
7 
intemperismo ffsico sobre os materiais acondicionados 
nas coleyoes. Alem disso, gcralmeme ha o uso da 
ventilar,:ao natural e artificial. o que significa a enrrada 
de agenres poluenres do are uma oscila~o constance 
das condir,:oes de temperatura e umidade relati\·a. Deve-
se ter em arenr,:ao que o ambience adequado para os 
acervos cientfficos nao e necessariamenre o que e 
fresco, mas o que se demonsrra cstavel (Craddock. ZOOl: 
Pearson. 2001; Scolow. 1966 a,b). 
Os acervos paleontol6gicos estao geralmenre 
localizados em coler,:oes de universidades e museus. os 
quais desrinam-se quase sempre ao trabalho de pesquisa. 
exposir,:ao e atividades voltadas ao ensino. Esta divisao 
das finalidades de uma coler,:ao e de extrema 
imporrancia para a definir,:ao dos meios de conservar,:ao. 
No caso de coler,:oes destinadas a pesquisa e composta 
por urn acervo que abranja elementos das series-ripo, 
urn aspecto fundamental e o da seguranr,:a. Segundo 
Bradley (2001), o efeico seguranr,:a de uma coler,:ao 
consiste na limitayao do acesso aos objetos do acervo. 
A resrrir,:ao das pessoas·aurorizadas a manusear os objetos 
de grande valor academico potencializaria a 
esrabilizar,:ao e prote~ao dos mesmos, contribuindo 
decisivamenre para sua durabilidade. A manipular,:ao 
constance de especimens e a falta de normas para seu 
manuseio produz danos causados pelo atrito, trepidar,:ffo, 
oleosidade das maos e que conduzem a fragmentar,:ao e 
mesmo perda toral. 
Condi~oes de Armazenamento 
Desde a retirada do f6ssil de urn afloramento o 
armazenamenco do mesmo deve estar entre nossas 
prioridades. Nao basta simplesmence sua descoberta, 
sem que haja uma preocupar,:ao com as condir,:oes de 
uansporre ate o local de escudo e posterior inclusao em 
uma coler,:ao. Muitas vezes o armazenamento dos f6sseis 
ap6s seu esrudo e neg1igenciado, relegando-o a urn 
papel secundario. As condir,:oes de urn armazenamenro 
bern estruturado e organizado sao fatores dercrminanres 
para a preservar,:lio futura do mesmo (figura 1.2). Segundo 
Bachmann & Rushfield (2001) esta etapa do trabalho 
de curadoria, proporcionando o mclhor armazenamento 
e acondicionamento posslvel, e o primeiro e mais 
importance passo para a preservar,:lio de nossos bens 
culturais. Na analise apresenrada por Colbert (1965) o 
armazenamento seguro dos f6sseis deve ser realizado 
em condiy6es de baixa umidade. Apesar da poeira nao 
ser especialmenre danosa e preferivel mante-los limpos. 
8 
A 
B 
Figura 1.2 Armazenamemo de macrof6sseis da cole<;ao 
da Universidade Federal do Rio de janeiro- Departamento 
de Geologia (l FRJ-DG). (A) Acondiciooamemo dos f6ssci.s 
em mobili:irio de madeira e em (B) ga,·creiros de a<;o. 
Fowgrafias de Pedro llenrique Nobre. 
Pcquenos exemplares devem ser acondicionados em 
ga' etas, e disposros em recipientes (caixas) adequados. 
E desejavel que os espccimens denrro das gavetas 
sejam alocados em caixas individuais, com sua 
Paleontologiaidenrifica9lio. Os que forem frageis dcvem ser dispostos 
sobre algodao. Aqueles de tamanho muito pequeno, 
em cubos de vidro ou plastico. 
0 planejamenro e uma das eta pas importances 
para urn adequado armazenamenro. E para tanto e 
necessaria o conhecimento da natureza do acervo. C ma 
cole9ii0 de macrof6sscis de vertebrados, por exemplo, 
deve ter condi~oes de acondicionamenro bastanre 
distintas de uma cole~ao de microf6sseis de 
vertebrados. Enquanro os de grande dimensoes podem 
ser acondicionados em gavetas ou em esranres abertas 
(figura 1.3), os de natureza microsc6pica requerem 
ourros procedimenros. 0 armazenamenro em condi9oes 
abertas, em grandes estanres de a~o ou madeira, facilita 
a visibi lidade e acess ibilidade dos pesquisadores, 
mostrando-sc adeq uados e seguros (Col bert, 1961) desde 
que haja um rfgido concrole de uso das cole~oes (Wolf, 
1981 ). No caso de microf6sseis de venebrados (dentes, 
escamas e pequenos ossos), os especimens devem ser 
Figum 1.3 Especimens de grandes dimensoes, como 
lajes com pcgadas f6sseis podem ser disposcas em cstantes 
vazadas de a<;o. Cole<;ao da Vniversidade Federal do Rio de 
Janeiro- Departamento de Geologia (CFRJ-DG). 
Curodoria Paleontol6gica 9 
----------~~--------------------------------------------------------~ 
euardados isoladamente, momados em pinos metaJicos 
denuo de tubos de vidro ou silicone (figura 1.4) e 
posteriormeme acondicionados em uma caixa. ~unca 
devem ser mantidos solcos, e quando removidos para 
eswdo devem ser manipulados individualmence (para 
e' itar a confusao dos exemplares) em uma bandeja com 
areia (Ward, 1984). 
Entretanto, indiferente das dimensoes dos 
materiais paleomol6gicos a serem guardados, ha urn 
ponro comum no que se refere ao armazenamento: o 
regtsrro adequado das informa~oes concernences aos 
f6s-;eis. Urn especimen sem dados e urn especimen sem 
'alor (Colberr, 1965 ). Os f6sseis dc\·em ser cataJogados 
e mdi,idualmeme numerados com rima nanquim prera, 
a qual ap6s seca deve ser recoberra por uma camada de 
e:;malre incolor, o qual previne a desco lora~ao dos 
ntimeros. Em Wood & Williams ( 1993) sao enconuadas 
a~ amilises de diferemes tipos de tinta preta para registro 
(Colbert, 1965). A exiscencia de urn caralogo (livro de 
tombo), com o lastreamento e numerac;ao de codos os 
exemplares c fundamental para o comrole individual 
de cada elcmenco da colec;ao. E importance a dimlgacrao 
em colc~oes. A degrada~ao sob a~ao da luz, resitencia A lllilllii•illlililll 
a(Js fluidos, viscosidade e lasqueamento foram 
a\ aliadas, indicando a maior ou men or adequacrao des cas, 
para as necessidades curadoriais. Considera-se tambem 
tmportante a existencia de eciquetas com os 
e .. pecimens, com as informa~oes pertinemes a cada urn. 
Dados como origem do material, colecor, data de coleta, 
~ao fundamemais para escudos presences e fucuros dos 
pr6prios f6sseis e/ou de outros materia is ucilizados para 
comparayoes (figura 1.5). Cadernetas de campo, carras 
e demais fontes de informa~ao devem :;er 
cuidadosamente guardadas para referencias futuras 
Figura 1.4 Exemplares de microf6sseis de vertebrados, 
rais como denres de mamfferos, devem ser fixados em uma 
hasre meralica e incluidos em recipiente pl:istico ou de \idro. 
:\a ilustra~o urn deme de mamlfero da Bacia de Sao Jose de 
Itaboraf (UFRJ-DG 319M). 
B 
c 
Figura 1.5 Cole~ao do Ocean Drilling Program -
Centro de Rcfcrencia em l\licrof6ssets da CFRj. 0 
mobiliario especifico (A. B) guarda amosrras com 
foraminiferal>, as quais sao acondicionadas em caixas plasticas, 
com especifica~oes sobrc a localiza~ao da coleta. Forografias 
de Alex Bet.crra Ferreira. 
10 
c pubhca~o dos comeudos dos acen·os institucionais, 
em especial no que se refere a serie-tipo. rais como as 
publica~Ocs de Campos (1985), Fernandes & Fonseca 
(2001), Henriques et alii (2000) e Macedo et alii ( 1999) 
que facilitam a busca do reposit6rio dos f6sseis de 
referencia cientffica. Atualmente, os ca talogos 
informatizados sao comuns, porem como ressaltado por 
Ri\·ard & Miller (1991) eSquires (1966) a qualidade da 
documcntar,;ao (incl u indo as bases de dados) e 
conseqi.iencia da qualidade do trabalho desenvolvido 
na classifica~ao e organiza~ao das cole~oes, e nao a dos 
materiais e equipamentos utilizados para o 
processamenro das informa~oes . N unca se deve 
presumir que os compuradores sao mais inteligentes e 
produtivos que seus operadores. Na defini~ao dos 
parametros descritivos das coler,;oes de f6sseis, pode-se 
adotar as proposi~6es de Squires (1970) que incluem 
uma hierarquia taxonomica da classifica~ao biol6gica, 
localiza~ao geografica, distribuir,:ao vertical 
(profundidade, altitude, idade geol6gica, nfvel 
estratigrafico), nome do coletor e data da coleta, 
organizados atraves de um numero unico de catalogo 
para cada especimen ou grupo de especimens. 
A Iocalizac;ao do acervo e outro ponto de 
A 
Paleontologia 
I 
0 0,5cm 
11----1 
• 
•• 
destaque nas a~oes curadoriais. As cole~oes devem cstar B 
em locais higienizados, afasradas das paredes externas, 
encanamentos de agua e da luz do dia (Bachmann & 
Rush field, 2001). Alem disso, a boa armazenagem deve 
ser acessfvel, permitindo uma facil movimenta~ao dos 
objetos e pessoas. Normalmente urilizamos armarios, 
prateleiras, arquivos com gavetas, confeccionados em 
madeira ou a~o. Os produzidos em madeira tern 
geralmente manuten~ao mais facil, apesar de estarem 
sujeitos ao ataque de pragas com maior freqi.iencia. Ja 
os de a~o. apesar da durabilidade, tern custo de aquisir,:ao 
alto e, em areas litoraneas, mostram-se sujeitos aos 
processos de oxida~ao. F6sseis de grandes dimcnsoes 
podem ser guardados diretamenre em estantes ou 
armarios, cnquanto que os menores devem 
preferencialmente ser acondicionados em pequenas 
caixas individuais. A disposi~ao dos f6sseis nas cole~oes 
e outro aspecto importance do armazenamento. Aqueles 
de <;arater mais fragil devem ser acondicionados em 
espa~os reservados e seguros, garamindo sua maior 
seguran~a. Ha tambem de se levar em coma a natureza 
da cole~ao que escl sendo armazenada. Assim, laminas 
que contenham palinomorfos (p6lens, esporos, 
acritarcos, dinoflagelados) devem ser acondicionadas 
em posir,:ao horizontal. Evita-se o deslocamento das 
substancias adesivas entre a lamina e a lamfnula, que 
c 
Figura 1.6 Laminas palinol6gicas, originalmenre 
monradas com balsamo de Canada, em processo de 
dcscolamenro. (A) Descolamenro concenrrico resulranre do 
processo de liquefa~ao do balsamo de Canada. (B) A frenre 
de descolamenro adquire aspecto semelhanre a um dendriro 
e acomoda os primeiros filamenros de hifas de fungo. l':ao 
ha mais materia organica fossil (fragmenros escuros) nas 
panes invadidas pe lo "dendriro". (C) Por~ao da lamina 
totalmente tomada por fungos que formam um emaranhado 
de hifas. (B) e (C) Fotografias digitais obtidas diretamente 
ao microsc6pio Zeiss por Cecilia Cunha Lana. 
Curadoria Paleontol6gica 
em posic;ao vertical possibilitam a entrada dear. Neste 
caso pode resultar urn posterior descolamento da 
lamfnula (figura 1.6), conduzindo a perda dos 
especimens (Joao Graciano Mendonc;a Filho, 
informac;ao verbal). Outro aspecro relativo a fluidez das 
resinas adesivas refere-se a modifica9ao das 
coordenadas de localiza9a0 dos f6sseis em relac;ao a 
descri9ao original. Dependendo do tipo de substiincia 
adesiva, tam bern pod em ocorrer fissuras enos casos de 
montagem com "gelatina" glicerinada, uma rapida 
deteriorac;ao (Mitsuru Arai, informac;ao verbal), como 
os observados nas figuras 1. 7 e 1.8. 
Tambem relacionado ao armazenamento dos 
f6sseis eo seu manuseio. Bachmann & Rushfield (2001) 
abordam esta questao enfatizando que "nenhum objeto 
deve ser retirado do local em que se encontra, enq uanto 
outro espac;o nao estiver preparado para recebe-lo. 
Objetos pesados, grandes ou desajeitados nunca devem 
ser deslocados por uma unica pessoa. Devem-se usar 
bandejas ou plataformas forradas para transportaras 
pe9as e todas as pessoas que deslocarem objetos devem 
esrar com as maos lim pas". Apesar destas normas de 
manuseio destinaram-se a objetos de caniter 
arqueol6gico ou hist6rico, sao perfeitamente aplicaveis 
aos f6sseis. No caso do deslocamento dos f6sseis do 
acervo, urn ponto e fundamental: ap6s analisa-los, 
retorne-os ao local de armazenamento. Assim havera a 
garantia de urn controle eferivo sobre a colec;ao. 
A Exposi~ao dos Objetos 
Paleontol6gicos 
0 projeto de uma exposic;ao paleontol6gica 
deve contemplar a emoc;ao e a perplexidade do visitante 
frente aos materiais expostos, possibilitanto o 
aprendizado atraves da descoberta (Rennes, 1978). A 
moriva9ao deve ser assim o principal objetivo a ser 
alcan9ado quando de uma exposic;ao com f6sseis. 
Indiferente do publico-alvo, devem existir elementos 
de grande comunicabilidade e de facil compreensao 
publica. Ao curador cabe a func;ao de traduc;ao aos 
visitantes leigos da importancia do objeto cientifico, e 
de sua uriliza9ao em ac;oes educativas. 
Urn aspecto importance neste contexto eo das 
informa96es explicativas dos f6sseis. Como analisado 
por Kane! & Tamir (1991)- diferentes etiquetas, 
diferemes aprendizados. Na ausencia de urn instrutor 
competente, as etiquetas sao os elementos rna is comuns 
11 
e possivelmente a melhor interface entre a exibic;ao e 
os visitantes. 0 desenho grafico e o conteudo destas 
deve ser adequado para uma rapida compreensao do 
objeto exposto. 
Deve-se evitar a exposic;ao de f6sseis que sejam 
raros ou que constituam parte da serie-tipo. Trata-se de 
urn procedimento que visa a resguardar a integridade 
de materiais de extrema relevancia cientffica. Em caso 
de serem exemplares importances para o conteudo da 
exposic;ao, sugere-se a confecc;ao de replicas ou apenas 
ilustrac;oes dos mesmos. Os procedimemos para a 
execuc;ao de replicas pode ser encontrado em aurores 
tais como Almeida & Carvalho (1999), Godoi (2002), 
Goldfinger (1992), Jensen (1961), Klein (2002), O'Brien 
(1961), Schrimper (1973), Schwanke et alii (1999) e 
Waters & Savage (1971). 
A 
B 
Figura 1. 7 Lamina montada em balsamo do Canada 
exibindo diferentes padroes (A, B) de descolamentos 
dendrfticos. Fotografias digitais obtidas diretamente ao 
microsc6pio Zeiss por Cecilia Cunha Lana. 
12 Paleontologia 
A B 
c D 
Figllm 1.8 Laminas palinol6gicas montadas com gel a tina glicerinada. (A) Por~ao de lamina palinol6gica com a interdigita<;;ao 
entre a parte dominada por hifas e a preservada. Repare que a parte preservada contem ainda a materia organica sedimentar 
(manchas escuras) constitulda por "querogenio" e palinomorfos. (B) Filete de gelarina preservada sendo atacada por hifas de 
fungos. (C) Tres "ilhas" de gelatina preservada scndo atacadas por hifas de fungos. Observe que em (B) e (C) nao existe mais 
materia organica preservada na parte tomada por hifas. Fotografias digirais obtidas diretamenre ao microsc6pio Zeiss por Cecilia 
Cunha Lana. (0) Hifas de fungo sobre p6len de Malpighiaceae. Fotomicrografia de Orrhrud Monika Barth. 
A exibi9ao dos f6sseis pode ser feita por urn 
curador, o qual nao e necessariamente urn paleont6logo. 
Porem, sempre do is cuidados devem ser tornados: se os 
fc:isseis sao pequenos, coloca-los sob a protcyao de uma 
vi trine, protegendo-os do concaro direro como publico; 
sc sao grandes em demasia para serem exposros dentro 
de uma vitrinc-coloca-los atras de barreiras, novarnen-
te como urn grau de protel(ao do publico. Os f6sseis 
representarn investirnentos em tempo e ern recursos 
financeiros, sendo necessarios cuidados em relayao ao 
manuseio, vibra96es e ate mesrno marcas de dedo 
(Colbert, 1965). 
Alem dos f6sseis, dioramas, reconstrul(oes, 
videos e equipamentos de informatica sao elementos 
uteis na elaboral(ao de uma exposiyao paleontol6gica. 
Os multimeios sao importances para urna percepyao 
diferente do significado dos f6sseis. Atraves do uso do 
vfdco e animayoes, os animais cscaticos em dioramas, 
podem ganhar vida, levando a uma viagem no te mpo, 
apresentando relal(6es ecol6gicas entre animais e 
plantas ja extimas (Diamond et alii, 1995). Uma 
tecnologia fundamental para ai(Oes educacionais. 
2 
TECNICAS DE PREPARA~AO 
DE MICROFOSSEIS 
Maria Dolores Wanderley 
Neste t6pico abordaremos algumas tecnicas usa-
das para separar os microf6sseis da matriz rochosa 
(folhelhos, arenitos, siltitos, carbonatos, cherts e margas). 
Sao tecnicas que vi sam a orientar os que pretendem tra-
balhar com os microf6sseis, incluindo a fase de prepara-
~ao da amostra. 
Inicialmence, chamamos a aten~o para a impor-
tancia da tencaciva., ou seja, a medida que fazemos testes e 
controlamos as variaveis do processo (tempo de exposi~o 
a produtos qufmicos, tempo de decanta9ao, tempo de 
centrifuga9ao, aberrura da malha de peneiras), e mudando 
essas variaveis quando necessaria, certamente iremos apri-
morar os resultados. Chamamos a aten~o tambem, para o 
resultado negacivo, ou seja, aflrmar que uma amostra nao 
concern rnicrof6sseis, as vezes, pode significar apenas que 
nao se usou a metodologia de excra~o adequada. Por esse 
motivo, devemos nos ater a essencia do metoda, ir testan-
do e mudando as variaveis caso necessaria. 
0 conhecimento da composi~lio qufmica ou 
mineral6gica do microf6ssil, bern como da rocha em 
que ocorrem, e basico na escolha do metoda a ser ucili-
zado. Normal mente, usam-se reagentes qufmicos visan-
do destruir os componentes mineral6gicos ou organicos 
indesejados e separar ou concemrar os microf6sseis. As 
carapa9as sao, na sua maioria, calcarias, silicosas, organi-
cas e fosfaticas. Os microf6sseis fosfaticas nao serao aq ui 
abordados. 
Conhecer o tamanho dos microf6sseis tambem e 
importance, pais condiciona tanto os procedimentos de 
separa9lio, como a escolha do instrumento 6ptico a ser 
utilizado em seu escudo. E necessaria lembrar que vari-
aveis como mineralogia da rocha, porosidade, idade, grau 
de diagenese, tipo de estrutura das carapa9as, tambem 
devem ser consideradas. 
Composi~;ao quirnica das carapa~as 
dos ta:m mais estudados 
Taxon Calcaria Silicosa Organica Aglutinada 
F oraminiferos X X X X 
Ostracodes X X 
Nanof6sseis X 
Cal pionelrdeos X 
1intinfdeos X X 
Macroalgas X 
(fragmentos) 
Radiohtrios X x• 
Diatomaceas X 
P6lens e esporos X 
Acritarcas X 
Quitinozoarios X 
Tasmanitfdeos X 
Dinoflagelados X X X 
•(Com sflica) 
18 Paleontologia 
Tamanho das carapa~as dos tam mais estudados 
ltl.\0/J ' lamanho mfnimo 
f.L mm f.L 
Fontminffcro~ 100 0,1 62 
o,tracodcs 300 0,3 ISO 
'anof6sseis 0,2S 0.02S I 
Cal pionelfdco~ .w 0,04 -+S 
\ lacroalgas calcarias - - 1.000 
( fragmcntos) 
Radiolarios 10 0.01 so 
Oiatomaceas 5 0,005 20 
P61cns e esporos 5 0,005 20 
Acri tarcas 5 0,005 20 
Quitinozoarios 30 0,03 1SO 
' I 'asmanitfdcos <100 <0, 1 
Oinoflagelados 5 0,005 20 
Microf6sseis Calcarios 
A. F orarniniferos e ostracodes 
Os foraminfferos e OStracodes sao liberados da 
rocha pelo mesmo processo. lsto se devc ao fa to de pos-
sufrcm carapa<;a de mesma composi<;ao qufmica e tama-
nho medio aproximadamentc iguais. Os foraminfferos 
sao encomrados normalmente em rochas de origem ma-
rinha, sendo comuns em folhelhos, arcniros finos e car-
bonatos. Os ostracodes sao comuns em rochas de ori-
gem nao marinha como folhelhos e tambem em rochas 
de origem marinha. 0 metodo normalmentc utilizado 
para sepani-los da matriz e o de Boltovskoy & Wright 
( 1976) e seu ex ito depende fundamental mente da quan-
tidade de materia organica presence nos interstfcios e da 
porosidade da rocha. 
Neste metodo. utiliza-se o per6xido de 
hidrogenio <HPz> o qual reagc com a materia organica 
porventura existence na rocha. 0 ataque como pcr6xido 
,·isa a desagregar a rocha. pela forma<;ao de gases (COz) 
que se expandcm entre os poros da rocha, promovendo 
urn afrouxamento, e com isso liberando os foraminfferos 
e ostracodes (figura 2.1A). Em amosuas contendo betu-
me c necessaria o uso de sol vente (diclorometano puro) 
antes de procederao ataquc como per6xido. Em amos-
' lamanho da maioria Tamanho maximo 
mm ~L mm f.L mm 
0,062 a 1.000 I 190.000 190 
0,1S a 2.000 2 80.000 80 
0,001 a 1S 0,015 so o.os 
0,0-tS a 7S 0,07S 150 0,15 
1 a 3.000 3 -
O,OS a 250 0,25 2.000 2 
0,02 a 200 0,20 2.000 2 
o.oz a -+0 0,04 >200 >0,2 
0.02 a 150 0,15 250 0,25 
O,IS a 300 0,30 2.000 2 
- >600 >0,6 
0,02 a 150 0.15 2.000 2 
uas do Recente , quando interessa preservar o 
protoplasma do organismo, e aconselhavel nao utilizar 
o per6xido de hidrogenio, pelo menos em alta conccn-
trar;:ao. 
Quando a rocha e carbonatica .. com pouca ou ne-
nhuma materia organica e a porosidade e baixa, fica di-
ffcil separar os foraminlferos e ostracodes da matriz. 
Lethiers & Crasquin-Soleal (1988) prop6em o uso do 
acido acetico para libera-los, entretanw, 0 uatamento e 
muiro demorado. Moura et alii (1996; 1999) pro poem urn 
metodo alternativo para exuair esses microf6sseis 
calcarios de rochas carbonaticas usando acidos clorfdri-
co e acetico em baixas concemrar;:oes e tempo de rea<;ao 
comrolado. 0 melhor resultado foi obtido com acido 
clorfdrico 0,1 M que mostrou urn aumento de quase oiro 
vezes no numero de testas exuafdas quando comparado 
ao metodo do per6xido de hidrogenio. 
Liberados OS microf6sseis, procede-se a sepa-
rar;:ao mecanica lavando-se a amostra sob jato de agua 
e detergente em peneiras superpostas com mal has de 
1 mm e de 0.062 mm (figura 2.1 B). A malha de 1 mm 
retem partfculas maiores que normalmente nao 
interessam. A malha de diamerro 0,062 mm retem a 
maioria dos foraminfferos e ostracodes, alem de ourras 
partfculas, como por exemplo graos de quartzo. sen do 
Ticnicas de Preparariio de Microf6sseis 
AMOSTRA 
A B 
D 
F;gura 2.1 Material utilizado na preparar,:ao de 
m1crof6sseis (foraminfferos e ostracodes). (A) Ataque da amos-
rra com per6xido de hidrogenio para desagragacrao. (B) Tipos 
de peneiras com diametros de malhas mais urilizados na se-
parar,:ao mecanica. (C) Bandeja para uiagem. (0) Celula para 
. lrm.lZenamenro. 
necessaria uma triagem da amostra sob lupa binocular 
em etapa posterior. 0 uso de detergcnte tern como 
finalidade limpar melhor a amostra, libcrando os resf-
duos ao maximo. 
0 tamanho apresentado pela maioria dos 
foraminfferos e ostracodes f6sseis e recentes varia en-
tre os diametros das mal has acima cicadas (0,062 mm e 
1 mm). Os graos reridos na malha de maior diamerro 
sao descartados, os foraminiferos e ostracodes devem 
passar por ela e ficar reridos na malha de rnenor diame-
tro. Entretanto, e aconselhavel, antes do peneiramcnto, 
observar urn pouco da amostra sob lupa para verificar o 
tamanho aproximado do maior exemplar desses 
mi<:rof6sseis e mudar se necessaria, o diametro da 
malha maior. 
0 diametro de aberrura das malhas e padroniza-
do segundo o pais fabricante e foi estabelecido visando 
19 
o uso ern sedimentologia. Nao havendo peneiras padro-
nizadas disponlveis, pode-se usar uma malha de nylo11 
de alta qualidade bern colada em urna arma~ao rigida. 0 
diamerro de aberwra da malha pode ser medido em urn 
microsc6pio contendo escala micromerrica. 
Para evirar contaminafYiio enrre amosrras diferen-
tes e necessaria lavar bern as peneiras ao rermino da 
preparafYiiO de cada amostra, escovando-as com agua 
corrente e sabao varias vezes e depois, mergulhando-as 
em uma solufYiiO contendo azul de metileno. Ap6s wdo 
esse procedimento, se ainda res tar alguma carapar,:a pre-
sana malha, ela ficara corada de azul, e sera idemificada. 
nas amostras seguinrcs, como material ex6geno. 
Quando se quer preservar o proto plasma dos in-
divfduos, em escudo de foraminfferos do Recente, e ne-
cessaria que durante a coleta o sedimento seja colocado 
em uma solufYiiO contendo 1 g do corante Rosa Bengala 
+ 5 ml de fenol + 100 ml de agua desrilada (Ellison & 
Nichols, 1970). 
Preparayao da amostra 
1 - Trirura-se a rocha com auxflio de graal e 
pistilo ou mesmo martel a, se estiver muito endure-
cida. Quando os ostracodes e foraminfferos sao gran-
des e visiveis a olho nu, aconseUha-se niio triturar 
muito para nao danifica-los. 
Z- Pesa-se a amosrra (60 g quando se dispoe 
de muiro material). Em caso de amostras do 
Quaternario passar direramente ao item 4 . 
3 - Cobre-se a amostra com HzOz (per6xido 
de hidrogenio) 130 volumes (35%) por aproxima-
damente 2 h. HaYendo muita reafYiiO, repetir o ata-
que (figura 2.1 A). Em amostras con tendo bewme, e 
necessaria, antes do ataque com o per6xido, cobrir a 
amostra com urn solvente (diclorometano puro) e 
colocar no ultrasom, por cerca de ZO minutos. repe-
tindo por rres vezes a opera~ao. 
4- La va-se a amostra sob agua correnre usan-
do detergente e peneiras como indicado na figura 
2.1B. Quando o tamanho dos foraminiferos e 
ostracodes for maior que I mm, deve-se mudar o 
diamerro da malha maior. 
5 - Seca-se a amosrra em eswfa a 60 oc. E 
imporrante retirar a amostra da esrufa logo que este-
ja seca, para que nao tosre os microf6sseis quebran-
do-os. 
6- Procede-se a triagem sob lupa binocular. 
• 
Para esrudos quamirati\·os em foraminiferos e 
• :lhh-el esrudar cerca de 300 individuos, numero 
• ocxado represcnrarh·o de uma associa~o fossiHfera. 
()ando estes organismos sao muito abundances e ne-
ccssano haver urn quarteamento da amostra, quantas 
\C7CS necessirio, de modo que o quarto final tenha apro-
xunadamence 300 indivfduos. Coma-se apenas os indi-
'iduos presences no ultimo quarto. 0 numero total de 
indi' iduos da amostra e estimado multiplicando-se os 
indi\ fduos contados pelo numero de quartos. 
Para triagem, sob lupa binocular, utiliza-se ban-
deja apropriada (figura 2.1 C) onde a amos era e colocada 
e de onde sao pin{:ados os foraminfferos e ostracodes 
para celulas-porta-foraminfferos, onde serao estudados 
e posteriormente armazenados. 
B. Nanof6sseis calcarios 
Os nanof6sseis calcarios sao abundances em ro-
chas de origem marinha e de granulometria fina tais como 
folhelhos e arenitos finos. Sua separa~ao da matriz se da 
por processo fisico de decanta~ao e consiste em separar 
as diminutas placas que constituem seus esqueletos, os 
nanolitos, cujo tamanho varia entre 0,25 a 50 Jlm do res-
tame dos graos. 0 processo de separa~o dos nanof6sseis 
calcarios e dos mais simples e de baixo custo. 
Prepara~iio da amostra 
1 - Separa-se uma pequena quantidade de 
rocha previamente triturada ( 1 g) em urn saco plasti-
co resistente. 
2 - Coloca-se agua destilada e massageia-se 
ate formar uma solu{:ao cun·a. 
3 - Entorna-se esta solu{:ao em urn tubo de 
ensaio (pode-se acrescentar urn pouco mais de agua 
destilada ate 3/.i do tubo) e mexe-se com urn canudo 
plasrico. 
4- Repouso de aproximadameme 5 minucos. 
Prepara~ao da lamfnula 
Os procedimentos especificados a seguir 
devem ser realizados numa placa previamente 
aquecida a 60 "C: 
1 - Ap6s os cinco minutos de repouso, 
coletam-se aproximadamente 3 gotas do 
sobrenadante. 
Paleontologia 
2- Espalham-se uniformemente as gotas do 
sobrenadante sobre a laminula previamente 
aquecida, adicionando, se precisar, algumas gotas 
de agua destilada, deixando secar. A lamfnula estci 
pronta. 
Prepara~ao da lamina 
Os procedimemos especificados a seguir 
devem ser realizados sobre uma placa previameme 
aquecida a 60 "C em uma capela: 
1 -Com um bastao de vidro, coloca-se uma 
pequena quantidade de Balsamo do Canada sobre a 
lamina, espalhando uniformemente, onde posreri-
ormente sera colada a lamlnula. 
2 - Espcra-se o ponco ideal para colar a 
lamfnula, que e dado quando 0 balsamo salta um fio 
quando tocado por urn palico. 
3 - Coloca-sc a laminula (o lado comendo 
sedimento) sobre o balsamo, fazendo uma !eve pres-
sao com uma rolha de corti9a para expulsao das bo-
lhas dear. 
4 - Espera-se a lamina ja momada esfriar. 
Para retirar o excesso de balsamo, mergulha-se a 
lamina em um recipiente com alcool por urn breve 
tempo. 
5 - Com o balsamo amolecido, limpa-se a 
lamina com papel absorvence fino. 0 balsamo mais 
resisrence e retirado comlamina corcante ripo 
"Gillete" . 
6- Escrevem-se os dados de identifica~ao na 
lamina com uma caneta 11Dnquitl, cobrindo com es-
malte transparence. A Himina estci pronca. 
Quando se preparam amoscras para escudos 
quantitativos e importance partir sempre da mesma quan-
tidade de mate rial, ou seja, do mesmo peso de sedimento 
( 1 g) e do mesmo numero de gotas do sobrenadame sobre 
a lamlnula, que devem ser espalhadas homogeneameme. 
Esce procedimenco nao garante uma perfeita 
homogenei.ta~o, mas apenas urn resultado aproximado. 
Merodo propos co para sol ucionar este problema foi apre-
semado por Wei (1988), mas sao muico demorados ror-
nando-se impraticaveis. Como conseqilencia, o calculo 
da abundancia absoluta de especies fica compromecido, 
recomendando-se o uso apenas da abundancia relativa 
das especies. 
Como a essencia do processo e decamar a fra~ao 
mmanho enue 0,25 f.Lm e 50 f.Lm, a granulometria da 
-=b3 vai interferit e determinar o tempo de decanm~ao. 
ap6s cinco minutos de repouso sugeridos, a solu~o 
linda e:.tiver muiro turva (caso de sedimentos muito fi-
-.s poJe-se decantar por mais 2 ou 3 minutos. Quando a 
~nta~iio se da em menos de cinco minutos (caso de 
wahmentos mais grossos) a coleta do sobrenadante deve 
tcr feira aos tres ou q uauo mi nutos de decanra~o. E acon-
tdh3.' cl fazer testes, observando ao microsc6pio se a Hi.-
81113 e-;ta com uma boa concenrra~ao de nanof6sseis. 
Para observa~o dos nanof6sseis calcarios e ne-
cessario urn microsc6pio petrografico com aumemo mf-
auno de 400 vezes. 0 aumento ideal para escudo e de 
aproximadamente 1.200 vezes. 
Oevem ser identificados e contados os 
aanof6sseis presences em 300 campos de visao. Alguns 
autores como Jeremiah (1996) e Styzen (1997) propoem 
~pectivamente a leitura de 30 e 120 campos de visao. 
Emretanro, testes tern revelado que estes numeros sao 
msuficienres para abranger as especies presences tanto 
qualitativa quanro quantitativameme. 
C. Calpionelideos e macroalgas calcarias 
Os calpionelfdeos ocorrem tipicamente em 
calcarios marinhos micrfticos ou em calcarios margosos. 
Em condi~oes favoraveis podem ser isolados de sedi-
mentos margosos, mas os uabalhos estratigraficos de 
rorina dependem inteirameme de seryoes petrograficas 
delgadas. As macroalgas calcarias sao encontradas prin-
cipalmente em rochas carbonaticas marin has e nao-ma-
rinhas e tam bern sao estudados em seryoes petrograficas 
delgadas. 
l\1icrof6sseis Silicosos - Radiohirios 
Os radiolarios podem ser preservados em sedi-
mentos e em diversos tipos de rocha de origem mari-
nha. Os diferentes merodos para isola-los da rocha le-
nm em consideraryao a mineralogia do esqueleto e a 
natureza do sedimemo ou rocha. A avaliaryao do metodo 
a ser utilizado deve ser caso a caso. 0 ideal e usar o 
mfnimo de eta pas possfvel para evitar a quebra dos es-
quelews, o que deve ser feitO, desde que garanta a 
extra~ao e perfeita limpeza dos mesmos. As vezes, s6 
agua e suficiente para libera-los (etapas 1 e 2). A cada 
etapa o material deve ser examinado sob a lupa para 
,·erificaryao. 
21 
Se a rocha a ser preparada tiver indfcios de 
calcificaryao, nao e aconselhavel usar 0 acido clorfdrico 
(HCI), ou seja, deve ser eliminada a etapa 4. 
0 procedimento a baixo explicado e indicado para 
sedimentos inconsolidados e pouco litificados. Quando 
os sedimentos estiio muito litificados, e necessario haver 
uma uirura~ao previa. A quantidade de material reco-
menda e de aproximadamente 30 g. 
Prepara9ao da amostra 
1 - Colocar o sedimento em urn becher com 
agua e aquecer em placa aquecedora. 
2 - Lavar o sedimento sob jato d'agua em 
peneira de diametro 0,044 mm. 
3 - Colocar o resfduo em urn becher com 
per6xido de hidrogenio (H
1
0z) para eliminar a ma-
teria organica. 
4 - Lavar em peneira de malha de diameuo 
0,044 mm. 
5 - Colocar o material em urn becher com 
acido clorfdrico (HCl) para eliminar OS microf6sseis 
calcarios. 
6- La\'ar. 
7 - Por o resfduo em urn becher e adicionar 4 
a 5 gotas de hexametafosfato de s6dio (urn 
amifloculante). 
8- Lavar. 
9- Colocar o resfduo em urn becher com agua 
e levar ao ultrasom por 5 a 10 segundos no maximo, 
visando eliminar argilas que possam estar aderidas 
ou preenchendo os esqueleros. 
10- Lavar. 
11 - Secar o resfduo na estufa com tempera-
tura a proximad a de 70 OC. 
Observar o resfduo sob lupa para verificar se ha 
radio Iarios em abundancia. 0 numero aconselhavel para 
esrudos quantitativos e de 300 indivfduos. Quando ha 
uma quamidade de indivfduos superior a este numero 
procede-se a urn quarteamenro da mesma forma como 
nos foraminfferos e ostracodes (ver item corresponden-
ce) ou prepara-se uma lamina para ser observada ao mi-
crosc6pio 6ptico, modificando o procedimemo a partir 
da etapa 8. A observa~ao ao microsc6pio 6ptico 
possibilita a visualizaryao de estrururas inrernas o que 
facilita a idenrifica~o das especies. A seguir apresenta-
se 0 metodo para prepara~ao da lamina. 
22 
~dal4mina 
1 - Depois de submeter o material ao 
ultrasom e lava-lo em peneira de diametro 0,044 
mm, homogeneizar com bastao de vidro e retirar 
uma fra~ao do sobrenadante com uma pipeta. 
2 - Coletar aproximadamence 3 gotas em uma 
lamina sobre placa aquecedora e deixar secar. 
3 - Colocar Balsamo do Canada em uma 
lamfnula sobre placa aquecedora. 
4 - Colar a lamfnula a lamina e deixar secar 
por aproximadamente uma semana. 
5 - Retirar o excesso de balsamo com aJcool. 
6 - Escrever os dados de idemifica~o na la-
mina usando caneta nanquin. A lamina esta pronta. 
0 uso do Balsamo do Canada e preferlvel, pois as 
Himinas com ele montadas, sao mais duradouras. Entre-
tanto, e aconselhavel para material do Cenoz6ico, cujo 
lndice refrativo das carapa~as e menor. Para radiolarios 
do Mesozoico, geralmence transformados em quartzo, o 
lndice refrativo do meio de moncagem deve ser )eve-
mente diferente do quartzo (n = 1,54). Nesse caso, po-
dem ser usados Neo-Encellan, Hyrax ou Clearmounc 
(De Wever tt alii, 2001). 
Para extrair radiohirios de rochas com matriz 
silicosa como cherts, Pessagno & Newport Jr. (1972) apre-
semam uma outra tecnica. A recnica proposta por estes 
autores uriliza o acido fluorldrico e foi bern sucedida 
porque a silica das carapa~s dos radiolarios nao e dissol-
vida com este acido por ser mais esravel que aquela que 
com poe a mauiz do chen. 
A visualiza~ao de escrururas internas dos 
radiolarios e facilitada fazendo-se cortes dos esquele-
tos. De Wever et alii (2001) apresemam uma tecnica 
para obter essas microse~oes. 
Microf6sseis Organicos - Palinomorfos 
Os palinomorfos incluem todos os organis-
mos encontrados nos reslduos insoluveis aos acidos 
inorganicos, proveniences de tratamentos de sedi-
mentos de diferenres perlodos geol6gicos, sejam 
p61ens, esporos, acrirarcas, quirinozoarios, 
tasmanitfdeos ou dinoflagelados. Sao abundances em 
rochas de cor escura como folhelhos negros e sua 
quantidade na rocha pode ser pre vista grosseiramen-
re em fun~ao da cor e da litologia. A quamidade e 
Paleontologia 
maior em sedimentos sflricos finos, diminuindo nas 
argilas e nos sedimentos de granula~ao mais grossa. 
Dado a constirui~ao organica das carapa~as, os sedi-
mentos de cor verde, vermelha e branca, que sofre-
ram algum grau de oxida~ao, sao estereis ou concern 
muitos poucos palinomorfos. Os de cor cinza-escuro 
a preta apresentam-se bern mais ricos. Rochas de ori-
gem marinha e continental podem conter 
palinomorfos. 
Para separa~ao dos palinomorfos, OS metodos 
utilizados variam de acordo com a litologia, profundi-
dade, idade, presen~a de 61eo na amostra e resistencia 
diferencial dos p61ens e esporos da rocha. Essas varia-
veis influem nas rea~oes qufmicas e, dependendo do 
tratamenco utilizado, pode-se concencrar mais, ou me-
nos os palinomorfos. 
Todos OS metodos visam a elirninar, da melhor 
forma possfvel, os constituinces mineral6gicos e orga-
nicos indesejados por meio de reagemes qufmicos, dis-
solvendo-os, ou separando-os pormeios ffsicos tais 
como cencrifuga~ao e peneiramento, para obter urn re-
sfduo final rico em palinomorfos. 
0 tratamenro de amoscras envolve opera~oes 
com reagenres qulmicos t6xicos, causticos e vola-
teis, sendo recomendado o uso de exaustor. 0 me-
todo aqui apresentado e melhor detalhado em 
Uesugui (1979). 
Em amostras recentes inconsolidadas, os 
palinomorfos sao separados por decanta~ao, sem qual-
quer ataque qufmico. Procedimentos especificos para 
separar palinomorfos de sedimentos do Quaternario 
sao apresentados por Yberr et alii (1992) e Uesugui 
(1979). 
Prepara((iiO da arnostra 
A parte inremperizada da amostra deve ser re-
movida antes de iniciar o processo, pois a oxida9ao des-
tr6i a materia organica. 
1 - Desagrega~ao e peneiramento 
A fragmenca~o da rocha deve ser feita com 
martelo, dencro de sacos plasticos. Posteriormente, 
passa-se o material fragmencado em peneiras com 
malha de diameuo de 2 mm. Os fragmencos gros-
sos sao retirados e novamence fragmencados. A pul-
veriza~ao da amostra deve ser evirada, pois ocasio-
na a quebra dos palinomorfos. 
Ticnicas de Preparat;oo de Microf6sseis 
2- Pesagem 
Como foi visto amenormente, o peso inicial 
da amostra varia em fun'rao da litologia. Cesugu.i 
(1979) sugcre a seguinte pesagem: 
Folhelhos c argilas escuros, carv6cs e rurfaslO a 20 g 
Folhelhos e siltitos cinza-claro 20 a 30 g 
Calcarios 
Anidrita e sais 
30 a 40 g 
40a 50 g 
A ctap~ seguinte consiste na elimina'rao dos 
componemes mineral6gicos da rocha. 
3- Ataque aos carbonatos 
0 acido clorfdrico (HCI) a frio e usado para 
eliminar a calcita. Para a dolomita, usa-sc o acido 
cloridrico a quente. Recomenda-se o uso de placa 
aquecedora. 
- Adiciona-se acido clorfdrico (HCI) 37% a amostra, 
lentamente, e espera-se a rea~ao. Se esta for in-
tensa, borrifa-se alcool para quebrar a t.ensao. Caso 
continue a haver rea~o, ap6s alguns segundos. 
adiciona-se mais acido clorfdrico. 
- Cessada a rea'rao, a amostra deve ser aquecida por 
15 min em placa aquecedora. Posteriormente, a 
amostra deve ser lavada tres vezes, ou ate a total 
remo'raO dos sais de calcio. 
A lavagem da amostra implica em uma 
centrifuga'rao por cinco minutos a 2.600 rpm, de-
canta'rao, adi'rao de agua, agita~ao e nova 
cemrifuga~ao. 
-l - Ataque aos silicatos 
0 acido fluorfdrico (HF) a 40% e utilizado 
para remover os silicatos da amostra. 
-A amosua deve ser colocada em tubo ou copos de 
polipropileno, pois 0 acido fluoridrico corr6i 0 vi-
dro. 
- 0 acido deve ser adicionado aos poucos, evitan-
do-se o coma to com os vapores. A rea'rao do acido 
com os si licacos (principalmente as argilas) e ex-
cremamente violema e exotermica, chegando a 
ferver a temperatura ambience. 
- 0 tempo de rea~ao e de duas horas, quando utili-
za-se 0 acido a quente, sob uma placa aquecedora. 
A desrrui'riio dos silicaros tambem se processa, 
deixando-se a amostra reagir com o HCI. a frio, 
por uma noire (12 horas). 
23 
- Quando ha muito material grosso na amosrra, re-
comenda-se, antes de proceder a etapa seguinte, 
colocar 0 material para decantar seguin do 0 meto-
da explicado mais adiante. 
5- Ataque aos componemes 
organicos nao desejados 
As recnicas de prepara~ao palinol6gicas ge-
ralmeme separam uma quantidade expressiva de 
materia organica nao desejavel, tais como tec\dos 
de plantas e animais, alem de cutlculas de plantas 
de origem incerta. 
Uesugui ( 1979) a borda alguns processos para 
diminuir ou eliminar essa materia organica indese-
javel e au men tar a concentra'rao dos palinomorfos. 
Denue tais processos, estao a acet61ise e a oxida-
~ao. A acet61ise destr6i a celulose e e utilizada can-
to em amostras de sedimentos recentes quanto em 
amosrras de rochas. 
Para fazer a solu~ao de acet61ise, coloca-se 
uma parte de acido sulfurico para nove partes de 
anidrido acetico, colocando-se primeiro. 0 acido 
sulfurico e depois 0 anidrido acetico. A rea'riiO e 
bastanre exotermica. 
A amostra deve ser desidratada previamen-
te com acido acetico glacial, adicionando-se, em 
seguida, a solu~ao de acet61ise, gradativameme, 
pois tambem neste caso a rea~ao e exotermica. 
Oeixa-se reagir por cinco minutos, Ia va-se a amos-
era com acido acetico glacial duas vezes e posteri-
ormentc. lava-se com agua destilada. 
A oxida~ao e urn processo utilizado na pre-
para~ao de amostras quando h:i mau!ria organica 
em avan'rado estado de carbonifica~o. em forma 
de carvao ou linhito inalterado. Os reagemes 
oxidances urilizados sao: :icido nitrico, clorato de 
s6dio ou pocissio, doreto de s6dio e :igua oxigena-
da em di\·ersas propor'roes, formando solu~oes es-
pecificas que recebem nomes diversos. 
Solu~ao de Shulze 
- Colocar sobre a amostra tres partes de acido nfrrico 
para uma parte de solu~ao supersaturada de elora to 
de potassio. Quando a amosrra e muito rica em 
materia organica e a percentagem de clorato ul-
24 
ttapassar 30% do peso total da amostra, usa-se ape-
nas algumas gotas do clorato de potassio, pois a 
rea~o pode ser violenta, havendo perigo de ex-
plosao. Dependendo da idade das amostras, a con-
cenua~ao do acido nitrico deve variar. As mais 
usadas sao as seguintes: 
Plioceno e Mioceno - acido nitrico a 35% 
Eoceno e Paleoceno - acido nitrico a 40% 
Cretaceo - acido nitrico a 45% 
Paleoz6ico- acido nitrico a 67% 
A agua oxigenada e tambem urn agente 
oxidante, clareador e dispersante muito util na oxi-
da~ao de amostras escuras com alto grau de 
carbonifica~ao, como turfas. 
Hansen & Gudmundsson ( 1979) propoem 
urn metodo alternativo para eliminar a materia or-
ganica, a}egando serem OS metodos tradicionais 
insatisfat6rios, tanto por danificar os microf6sseis, 
como por nao serem muito efetivos. Propoem que, 
ap6s os ataques com HCI e HF. cubra-se a amostra 
com alcool. Os microf6sseis por serem pardculas 
ocas, ao conuario das demais paniculas organicas, 
absorvem o alcool diferenciadamente, e separam-
se por decanta~ao. 
6- Separa~o dos palinomorfos 
do restante do residuo 
Separa~ao por decanta~ao 
Ap6s o final do tratamento qufmico os graos 
de tamanho muito fino que nao foram elirninados 
sao separados dos palinomorfos ( mais pesados) por 
densidade. 
- Coloca-se o residuo em vidro de estocagem. 
- Adiciona-se uma solu~ao de metafosfato de s6dio 
a 1%, agita-se e deixa-se em repouso por uma hora 
para decantar. 
~ Transfere-se o sobrenadante escuro p,ara outro vi-
dro e repete-se a opera~o ate que este fique cla-
ro. 
Quando ha material de granulomeuia gros-
sa na amostra e os grlios tamanho areia e ouuos com-
ponentes mais pesados niio foram eliminados du-
rante o ataque quimico, segue-se, normalmente 
ap6s 0 uso do acido tluorfdrico, 0 procedimento 
abaixo explicado. 
Paleontologia 
- Coloca-se a amostra em urn becher de 250 mi. 
- Enche-se o becher com agua, deixando em repou-
so por 1 minuto. 
- Transfere-se o material em suspensao para outro 
becher, desprezando-se a parte sedimentada. 
- Repete-se a opera~ao por duas ou tres vezes. 
Separa~o por centrifuga~ao conrrolada 
A centrifuga~ao controlada abrevia o tempo 
de decanta~ao da amostra. Usando-se a velocidade 
apropriada e posslvel separar as parciculas muito 
finas dos palinomorfos, mais pesados. Procede-se a 
centrifuga~o. fazendo-se testes para estabelecer a 
rota~ao minima necessaria, em urn minuto, para que 
a fra~ao muito fina fique em suspensao e os 
palinomorfos se sedirnenrem. 
Referencias 
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carbonatic rocks. Anais da Academia Brasileira de 
Ciincias, 68(2): 268-269. 
3 
FOSSE IS: 
COLETA E METODOS DE ESTUDO 
Pedro Hen rique Nobre 
Ismar de Souza Carvalho 
Ap6s a descoben:a de urn f6ssil, o primeiro desafio 
de urn paleont61ogo, consiste em sua retirada do campo 
e preparac;:ao em laborat6rio. Estas duas etapas iniciais 
ao muitas vezes extremamente delicadas e 
C!>pecializadas, tomando por sua vez urn Iongo tempo 
do pesquisador, ao preparar o material para escudo. 
Nao existe uma tecnica formal e exata para a 
preparac;:ao de f6sscis, e no Brasil nao se encontra no 
mercado equipamentos destinados e fab ricados 
exclusivamence para este fim. Estes objecos sao na 
maioria das vet.es adaptados de ourras areas tecnicas 
como odontologia, conscruc;:ao civil e maceriais 
utilit.ados por restauradores de objecos de arte. A 
criatividade e o conhecimento de uma grande 
, ·ariedade destes objetos, atraves de catalogos e a 
propria observac;:ao direta em lojas especializadas de 
produtos exposcos em vitrines, permitem ao tecnico 
preparador escolher o melhor mecodo a ser utilizado 
em determinado f6ssil. 
Esce capitulo tern como objetivo apresentar 
algumas tecnicas ou procedimemos mais comuns, bern 
como instrumemos e equipamemos que possam auxiliar 
o paleont61ogo na tarefa de coleta e preparayao de f6sseis. 
Vale lembrar que urn pequeno f6ssil descrufdo pode 
representar uma grande perda para a reconstitui9ao da 
hist6ria da vida. 
l 
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Prospec~ao e Coleta de F 6sseis 
Sao inumeros os procedimentos, tanto para en-
contrar como para retirar o f6ssil da rocha ou sedimento. 
As tecnicas vao variar dependendo do objecivo do pes-
quisador, do tempo disponfvel, do local e natureza do 
sedimento. 
Sair a procura de f6sseis sem urn planejamenco 
p revio pode se transformar em urn verdadeiro 
fracasso, alem de ser extremamence dispendioso. 0 
pesqu isador, antes de ir ao campo e ap6s definir os 
locais de prospecyao, devera realizar uma vasca 
revisao bibliografica e analise de mapas, obtendo o 
maximo de informac;:oes possfveis a respeito da 
geologia local e dos f6sseis ja enconcrados na regiao. 
A partir deste escudo previo o paleonc61ogo podera 
otimizar a procura dos f6sseis e definir quais os 
equipamencos e tempo necessarios para o trabalho 
de campo (figura 3.1). 
Escolhido o local para prospecyao, o pesquisador 
devera excrair o maior numero possfvel de informayoes 
sobre a geologia da area em escudo. Para isso devera 
esboyar urn perfil do afloramenco em questao e uma 
descric;:ao do sedimento ou rocha sedimentar da 
localidade fossillfera. Essas informac;:oes sao essenciais 
para que se possa incerpretar o paleoambiente, alem de 
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contribuir para a compreensao da evolu~ao geol6gica 
de uma area ou bacia sedimentar. 
0 posicionamemo preciso do local de prospec~o 
torna-se tambem urn assunto de grande imporrancia, 
permitindo aos pesquisadores retornarem exatamenre 
ao local descrito, alem de conrribuir para a confec~ao de 
mapas geol6gicos e escudos de correla~oes 
estratigraficas. Para isso, uma boa descri~ao das 
localidades incluindo nome de municfpios, fazendas, 
esuadas, quilometragens, ponros de referencia e uso do 
GPS tornam-se fundamentais. Quamo mais detalhado 
os dados obridos no campo, melhores serao as 
informa~oes para as analises e interpreta~oes posteriores. 
Coleta em afloramentos 
As rochas sedimemares cobrem cerca de dois 
ter~os do territ6rio brasileiro, represenrando perfodos 
de tempo que vao desde o Pre-Cambriano ate os dias 
atuais. Estas rochas sao formadas pelo acumulo de sedi-
mentos, em grandes depressoes da crosta conhecidas 
como bacias sedimentares. lnfluenciadas pela dinami-
ca constance de movimema~ao da crosta, parte destas 
rochas se expoe, formando emao pequenas elevar.;oes 
ou ate mesmo grandes montanhas. Estas exposir.;oes, 
alem daquelas resultames dos cortes de estradas, tu-
Paleontologia 
neis, margens de rios e falesias litoraneas, sao conheci-
das como afloramenros e neles sao coletados a maioria 
de macrof6sseis existenres hoje. 
Em muitas situar.;oes os f6sseis estao visfveis nos 
afloramenros, bastando-se seguir os procedimentos 
corretos de escavar.;ao e prepara~ao para o posterior 
transporte. Geralmente os f6sseis encontrab-se 
fragmentados, desarticulados e aderidos a rocha marriz, 
sendo necessario que o pesquisador tenha noyao do 
conteudo fossilifero exposto antes de comer.;ar a 
escavayao. A confecr.;ao de desenhos esquematicos e 
fotografias da posi~ao dos f6sseis no afloramenco sao de 
grande importancia, auxiliando nos trabalhos de 
prepara~ao em Jaborat6rio, em escudos tafonomicos, e 
outras inrerpreta~oes fururas. Uma boa tecnica para se 
registrar a escavar,;ao e a demarcayao da area em 
quadranres numerados e de tamanho regular, variando 
de acordo com a dimensao da area a ser escavada. Todo 
material coletado deve ser registrado em caderneta de 
campo onde sao anotados o nfvel estratigrafico, a 
litologia do local de ocorrencia, a orienrar,;ao do f6ssil na 
rocha e outros elementos que possam estar associados a 
ele. 
A retirada do material do afloramento e urn 
procedimemo que requer cuidados e paciencia. Muitas 
vezes e necessaria a formar,;ao de uma trincheira ou 
Figura 3.1 Prospecr,:ao de f6sseis. (A) Trabalho de coleta de f6sseis em rochas sedimentares a margem do rio Acre 
desenvolvido pela Universidade Federal do Acre. (B) Coleta em rochas da Forma~o Adamantina, Estado de Sao Paulo realizada 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Deparramemo de Geologia). 
F6sseis: Coleta e Metoda de Estudo 
degrau possibilitando o acesso ao f6ssil em urn plano 
\ ertical (figura 3.2), facilitando a visualiza~ao e os 
trabalhos de escava~ao. 
Em urn plano horizontal, nao sendo possfvel a 
forma~ao destas trincheiras ou degraus, a rocha matriz 
dcveni ser recortada com a utiliza~ao de cinzeis e 
marrctas, respeitando-se uma distancia segura do mate-
rial, cvitando sua fragrnenta~ao (figura 3.3). Quanto maior 
a quantidade de rocha matriz envolvendo o f6ssil maior 
sera a seguran~a no mornento do transportc (figura 3.4). 
Figura 3.2 Rem~ao de blocos de rocha para forma~ao 
de trincheiras durante uma escava~ao em I\ lome Alto, Estado 
de Sao Paulo. 
Figura 3.3 Escava~o de f6sseis em plano horizontal. 
,\floramemo da Forma~ao Itapecuru (Bacia do Parnaiba. 
Cretaceo Inferior) no Estado do Maranhao. 
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Peneiramento 
0 peneiramcnto de sedimentos, para procura de 
f6sseis (figura 3.5) e uma das tecmcas mais difundidas 
na paJeontologia e pode ser utilizada tanto no campo 
quanto no laborat6rio. Existe hoje uma grande variedade 
de metodos empregados no peneiramento de 
sedimentos, porem todos seguem urn princfpio basico, 
que e 0 fracionamento de sedimentos por tamanho 
facilirando a visua liza~ao do material desejado. 
A coleta de pequenos f6sseis como escamas de 
peixe, dentes de vertebrados e pequenos inverrebrados, 
muitas vezes s6 e possfvcl atravcs do peneiramento e 
Figura 3 .4 Retirada de grandcs blocos de rocha 
comendo f6sseis da Forma~ao Adamantina (Bacia Bauru, 
Cretaceo Superior) para preparar;ao em laborat6rio (~1useu 
de Paleontologia de f\fonte Alto), em r-.tome Alto, Estado de 
Sao Paulo. 
Figura 3.5 Peneiramento de sedimento no campo 
para posterior triagem em laborat6rio, e m afloramento da 
Forma~ao Adamantina (Bacia Bauru, Cretaceo Superior). 
Escava~ao realizada pela Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (Departamemo de Geologia). 
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recolhimenco do sedimento peneirado para

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