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1 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA CHOQUE FISIOLOGIA DO CHOQUE Metabolismo aeróbico é insuficiente e o sistema reserva de energia, o metabolismo anaeróbico, começa a atuar. Se o metabolismo anaeróbico não for rapidamente revertido, as células não poderão continuar a funcionar e morrerão (acidose). Morte do órgão Doente pode falecer A avaliação pré-hospitalar é direcionada para a prevenção ou a reversão de um metabolismo anaeróbico Garantir que os sistemas críticos do corpo estejam funcionando corretamente. Manter via aérea e ventilação adequadas Ajudar na ventilação por meio de uso de suplemento de oxigênio Manter circulação adequada (perfusão) Quando o choque ocorre, o corpo tenta compensar reduzindo a perfusão para órgãos não vitais, como a pele. DEFINIÇÃO DE CHOQUE Hipoperfusão das células teciduais que conduz ao metabolismo anaeróbico e à perda da produção de energia necessária para suportar a vida. Fornecimento de O2 em nível celular é inadequado para atender às necessidades metabólicas do corpo. A causa mais comum de morte por choque é a falta de reanimação inicial. Os sinais de hipoperfusão manifestam-se como um mau funcionamento do cérebro e SNC, coração e sistema cardiovascular, sistema respiratório, pele, extremidades e rins. TIPOS DE CHOQUE A causa mais comum de choque no traumatizado é a hemorragia, e a abordagem mais segura no controle de um traumatizado é considerar que a causa do choque é hemorrágica até que se prove o contrário. CHOQUE HIPOVOLÊMICO – perda aguda de volume sanguíneo. Causa de choque mais comum e a mais perigosa (choque hemorrágico). Perda de sangue Aumento DC e FC SN simpático – vasoconstrição Redução do fornecimento de O2 Se os mecanismos de defesa não conseguirem mais compensar a quantidade de sangue perdido, a PA cairá. Choque deixa de ser compensado e passa a ser descompensado, que leva 2 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA ao óbito se não for realizada uma reanimação agressiva Pele fria, pegajosa, pálida ou azulada e retardo no tempo de enchimento capilar. Redução das PAS e PAD. Pulso fraco, imperceptível e rápido Redução do nível de consciência / ansiedade / combatividade Choque hemorrágico a. Classe I i. Perda de até 15% (até 750 mL) do VS; ii. Poucas manifestações clínicas iii. Taquicardia mínima iv. Não ocorrem alterações mensuráveis na PA, pressão de pulso ou FR v. Administrar fluido de manutenção b. Classe II – choque compensado i. Perda de 15% a 30% do VS (750 a 1500 mL) ii. Aumento da FR (taquipneia) iii. Taquicardia iv. Redução da pressão de pulso v. PAS normal vi. Ansiedade ou medo vii. Produção de urina diminui para entre 20 a 30 mL/h c. Classe III – choque descompensado i. Perda de 30% a 40% do VS (1500 a 2000 mL) ii. Hipotensão iii. Taquicardia (>120 bpm) iv. Taquipneia (30 a 40 irpm) v. Redução da PAS (<90mmHg) vi. Ansiedade severa ou confusão vii. Produção de urina cai para 5 a 15 mL/h viii. Realizar transfusão sanguínea e intervenção cirúrgica d. Classe IV i. Perda de mais de 40% de VS (>2000 mL) ii. Taquicardia (>140 bpm) iii. Taquipneia (>35 irpm) iv. Confusão profunda ou letargia v. Redução significativa da PAS (na faixa de 60 mmHg) vi. Realizar cirurgia, transfusões de sangue e de plasma com o mínimo de cristaloide No ambiente pré-hospitalar, os socorristas devem tomar medidas para controlar a hemorragia externa, fornecer solução eletrolítica intravenosa mínima (plasma quando disponível) e transportar rapidamente para o hospital. Índice de reposição de uma solução eletrolítica – 3L para cada 1L de sangue perdido. Apenas ¼ a 1/3 do volume da solução permanece no espaço intravascular de 30 a 60 min após a infusão. Solução de Ringer-lactato ou a solução salina (solução cristaloide isotônica) O resultado da administração demasiada de solução cristaloide é o 3 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA aumento do fluido intersticial (edema), prejudicando a transferência de O2 O objetivo não é elevar a PA até níveis normais, mas fornecer apenas o fluído suficiente para manter a perfusão O fluido de reposição ideal é o que for mais parecido possível com o sangue total. CHOQUE DISTRIBUTIVO (VASOGÊNICO) – Compartimento vascular aumenta de forma desproporcional ao aumento do volume de fluidos. Lesões medulares Choque neurogênico (hipotensão neurogênica) – lesão medular interrompe a via do SN Simpático para os músculos lisos vasculares, de modo que os vasos periféricos dilatam abaixo do nível da lesão. o Redução da RVP e vasodilatação o Redução das PAS e PAD o Pressão de pulso normal ou aumentada o Pele quente e seca abaixo da lesão o Bradicardia o Pulso fraco o Paciente alerta, orientado e lúcido Frequentemente, pacientes com choque neurogênico apresentam lesões que desencadeiam hemorragia significativa. Portanto, se ele apresentar taquicardia, deve ser tratado como se houvesse perda sanguínea. CHOQUE CARDIOGÊNICO – falha na atividade de bombeamento do coração. Causas intrínsecas: Danos ao músculo cardíaco (Ex.: contusão cardíaca) Rotura valvar (Ex.: impactos de compressão súbita e forte no tórax ou abdome podem danificar as valvas cardíacas – ICC) Presença de um novo ruído na ausculta do coração. Causas extrínsecas: Tamponamento cardíaco – sangue extravasa para o saco pericárdico e impede que o coração se encha completamente durante a diástole Pneumotórax hipertensivo – colapso do pulmão Volume corrente é reduzido a cada respiração Os alvéolos não estão disponíveis para a transferência de O2 para as hemácias Vasos sanguíneos pulmonares também estão colapsados, reduzindo o fluxo sanguíneo pulmão-coração Necessário mais força de contração cardíaca para forçar o sangue pelos vasos pulmonares (hipertensão pulmonar) O tamponamento cardíaco e o pneumotórax hipertensivo são evidenciados pela distensão das veias do pescoço. Desvio da traqueia, diminuição do murmúrio vesicular, enfisema subcutâneo, insuficiência respiratória sugerem pneumotórax hipertensivo. Descompressão imediata com agulha do lado lesado do tórax AVALIAÇÃO Via aérea Ventilação Perfusão Cor e temperatura da pele Tempo de enchimento capilar Pressão sanguínea / pulso Realiza o ABCDE! 4 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA A relação entre a ETCO2 e a PaCO2 não é boa em um paciente com choque, de modo que não serve para orientar se a ventilação está adequada A situação clínica é sempre mais importante Um paciente que está sangrando pode ter saturação de O2 normal pois o sangue está totalmente saturado de oxigênio, mas há uma redução do oxigênio total porque não há sangue suficiente para transportar o O2 necessário para suprir as células. Em geral, a perda de um pulso radial indica hipovolemia grave (se um pulso central estiver fraco) ou dano vascular para o braço. Hipóxia e hipotensão devem ser corrigidas, se presentes, e se deve evitar que ocorram caso não estejam presentes. Um retardo no enchimento capilar pode ser causado por hemorragia, hipovolemia, hipotermia, arteriosclerose. Pelo menos 5 condições podem gerar nível de consciência alterado ou mudança de comportamento em traumatizados: Hipóxia Choque com perfusão cerebral comprometida TCE Intoxicação com álcool ou drogas Processos metabólicos como diabetes, convulsões e eclampsia Dentre essas, a hipóxia é a que mais mata rapidamente, mas também a mais fácil de tratar. Qualquer doente com NC alterado deve ser tratado como se a reduçãoda oxigenação cerebral fosse a causa até que outra causa seja encontrada. FATORES DE CONFUSÃO Idade o Crianças e adultos jovens apresentam tremenda capacidade de compensação; se eles estiverem descompensados, representa uma emergência dramática o Idosos têm mais propensão a certas complicações de choque prolongado, como insuficiência renal aguda Condição atlética o A frequência cardíaca normal de atletas é na faixa de 40 a 50 bpm Hipotensão ou batimento 100 a 110 podem ser sinais de hemorragia significativa Gestação o O volume sanguíneo aumenta 45% a 50%, de modo que a FC e o DC também são elevados A gestante pode não apresentar sinais até que a perda sanguínea tenha sido superior a 30% ou 35% do volume sanguíneo Quando a gestante vier apresentar sinais, o feto já foi muito afetado Condições médicas pré-existentes o Algumas condições médicas não permitem a capacidade de compensar uma hemorragia e um choque Medicamentos – podem interferir nos mecanismos de compensação Tempo entre a lesão e o tratamento TRATAMENTO 1. Verificar a oxigenação – via aérea e ventilação adequadas 2. Identificar qualquer indício de hemorragia – controlar o sangramento externo e reconhecer a probabilidade de uma hemorragia interna 3. Transportar o doente para um local de tratamento definitivo 4. Administrar fluidos a caminho do local, se apropriado É necessário identificar a fonte da causa do choque e tratar a causa para melhorar a circulação. 5 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA CONTROLE DA HEMORRAGIA 1. Pressão direta usando as mãos 2. Curativos compressivos – a pressão deve ser feita diretamente na lesão do vaso sanguíneo 3. Aplicação de curativo nas feridas 4. Bandagem elástica 5. Torniquete arterial – extremidades o O controle de uma hemorragia exsanguinante com uso de torniquete é de 80% ou mais o Utilizar torniquetes de pelo menos 4cm de largura o Deve ser colocado bem próximo ao local da ferida e não deve ser coberto (deve ser facilmente visualizado) o Podem ser usados por um período de até 120 a 150 min 6. Agente hemostático – tronco Obs.: Administração de grandes volumes de fluidos cristaloides intravenosos aumentam a PAS para valores superiores a 90mmHg e aumenta a hemorragia Reanimação hipotensiva para evitar que a pressão suba excessivamente Também deve ser usada em caso de hemorragias internas para manter a PAS entre 80 a 90 mmHg ACESSO VASCULAR – deve ser realizado depois de o paciente ter sido colocado na ambulância e o transporte ter sido iniciado. Fluido IV é benéfico em três condições: Doente está sangrando de 25 a 100 mL/min A taxa de administração de fluido é igual à de sangramento O tempo na cena e no transporte excedem 30 min Se duas tentativas de acesso periférico não forem bem-sucedidas em uma criança Acesso intraósseo A prioridade deve ser o transporte rápido ao invés da administração IV de fluidos! REANIMAÇÃO VOLÊMICA O sangue é o fluido de primeira opção devido à capacidade de transportar O2. Soluções endovenosas: - Não possuem capacidade de transportar O2 - Devem ser administrados em uma temperatura de aproximadamente 39ºC Após 30 a 60 min da administração, apenas ¼ a 1/3 do volume administrado permanece no sistema cardiovascular, o restante é desviado para o espaço intersticial. 1. Soluções isotônicas cristaloides a. Solução de Ringer-lactato é a solução isotônica de escolha 6 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA b. Solução salina normal é uma alternativa aceitável, embora possa ocorrer hipercloremia As soluções de glicose não fazem parte do tratamento pois não servem para expansão de volume. Em casos de lesões no SNC, deve ser administrado fluido a fim de manter a PAS > 90 mmHg Pode ser necessário reposição volêmica mais agressiva Doentes adultos com choque hemorrágico classe II, III ou IV devem receber bolo inicial rápido de 1 a 2 L de solução cristaloide aquecida. Doentes pediátricos devem receber um bolo de 20mL/Kg de uma solução cristaloide aquecida. Pode ocorrer: Pacientes com resposta rápida são candidatos a reanimação por volume contínuo até retornar ao normal. Resposta transitória e mínima – pacientes são mais bem controlados com um estado de hipotensão relativa.
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