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CHOQUE 1º O passo inicial na abordagem do choque em um doente traumatizado é reconhecer sua presença. O diagnóstico inicial baseia-se na avaliação clínica da presença de perfusão e oxigenação tecidual inadequadas. Choque é uma anormalidade do sistema circulatório, que resulta em perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequadas 2º O segundo passo na abordagem inicial do choque é identificar sua provável causa. Relacionado com o mecanismo de trauma. A responsabilidade do médico no atendimento inicia-se com o reconhecimento do estado de choque e o início do tratamento deve ser simultâneo à identificação da provável causa do estado de choque. TIPOS A hemorragia é a causa mais comum de choque no doente traumatizado. Em sua maioria, os traumatizados em choque apresentam hipovolemia; entretanto, podem apresentar também choque cardiogênico, obstrutivo, neurogênico e, ocasionalmente, séptico. Choque obstrutivo pneumotórax hipertensivo por reduzir o retorno venoso tamponamento cardíaco porque o sangue no saco pericárdico inibe a contratilidade e o débito cardíaco. Lesões acima do diafragma Choque neurogênico resulta de lesão extensa da medula espinhal no nível da coluna cervical e torácica alta – perda da resposta simpática do paciente podem apresentar, inicialmente, choque por vasodilatação e hipovolemia relativa Choque séptico infrequente, mas deve ser considerado em doentes cuja chegada à sala de emergência tenha sido postergada por muitas horas. FISIOLOGIA CARDÍACA débito cardíaco: volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto frequência cardíaca x volume sistólico volume sistólico: quantidade de sangue bombeado a cada contração cardíaca determinado pela pré-carga, contratilidade miocárdica e pós-carga. Pré-carga = retorno venoso determinada pela capacitância venosa, pelo estado da volemia e pela diferença entre a pressão venosa sistêmica média e a pressão do átrio direito contratilidade miocárdica = bomba que movimenta o sistema. pós-carga = resistência vascular sistêmica (periférica) FISIOPATOLOGIA DA PERDA SANGUÍNEA As respostas circulatórias precoces à perda sanguínea constituem-se em mecanismo de compensação: progressiva vasoconstrição da circulação cutânea, muscular e visceral para preservar o fluxo sanguíneo aos rins, coração e cérebro resposta à perda aguda aumento da frequência cardíaca na tentativa de preservar o débito cardíaco liberação de catecolaminas endógenas aumenta a resistência vascular periférica retorno venoso na fase inicial do choque hemorrágico é preservado em algum grau pelo mecanismo de compensação (redistribuição do volume sanguíneo no sistema venoso) Mecanismo limitado No nível celular, as células que são perfundidas e oxigenadas inadequadamente ficam privadas de substratos essenciais para o metabolismo aeróbico e para a produção de energia Inicialmente, a compensação é realizada pela mudança para o metabolismo anaeróbico, que leva à formação de ácido lático e ao desenvolvimento de acidose metabólica (indica choque mais prolongado) Se o choque for prolongado membrana celular perde a capacidade de manter a sua integridade dano orgânico final e subsequente disfunção de múltiplos órgãos e sistemas Onde entramos? A maneira mais efetiva de restaurar o débito cardíaco e a perfusão a órgãos-chave é o restabelecimento do retorno venoso ao normal, através da localização e interrupção do foco de sangramento e de reposição volêmica apropriada. A administração de quantidades apropriadas de soluções eletrolíticas isotônicas e sangue ajuda a combater o processo de lesão tecidual Portanto, o tratamento é direcionado para reverter o estado de choque, proporcionando oxigenação e ventilação adequadas e reposição apropriada de fluidos bem como a interrupção da hemorragia. Os objetivos do tratamento do choque hemorrágico são o controle da hemorragia e o restabelecimento do volume circulante adequado No tratamento do choque hemorrágico, os vasopressores são contraindicados porque eles pioram a perfusão tecidual. Paciente deve ser reavaliado com frequência, ajudando a identificar os doentes em choque compensado ou aqueles que são incapazes de montar uma resposta compensatória antes do colapso cardiovascular. AVALIAÇÃO INICIAL Deve-se reconhecer o choque durante a avaliação inicial. O doente está em choque? O choque circulatório profundo, evidenciado pelo colapso hemodinâmico com perfusão inadequada da pele, rins e sistema nervoso central, é facilmente reconhecido. Ideal identificar precocemente as manifestações do choque, incluindo a taquicardia e a vasoconstrição cutânea. A pressão sistólica como indicador resulta em reconhecimento tardio do estado de choque. Os mecanismos de compensação podem evitar uma queda mensurável na pressão sistólica até uma perda de 30% da volemia. SINAIS Avaliar frequência cardíaca, frequência respiratória, perfusão cutânea e pressão de pulso (diferença entre as pressões diastólica e sistólica) Os sinais mais precoces de perda de volume sanguíneo, na maioria dos adultos, são a taquicardia e a vasoconstrição cutânea. todo doente traumatizado que está frio e taquicárdico está em choque, até prova em contrário. FREQUÊNCIA CARDÍACA Taquicardia FC > 160 no lactente, > 140 na criança em idade pré-escolar > 120 até a puberdade > 100 no adulto. Atenção para Os idosos! devido à limitação da resposta cardíaca ao estímulo das catecolaminas ou ao uso de medicamentos tais como agentes bloqueadores beta- adrenérgicos, podem não apresentar taquicardia SINAIS Os níveis de hematócrito ou da concentração de hemoglobina não são métodos apropriados nem confiáveis para estimar a perda sanguínea aguda As perdas sanguíneas maciças podem produzir decréscimo mínimo de hb/ht Portanto, não devem ser utilizados para excluir a presença de choque. O valor do déficit de base e/ou do lactato na gasometria pode ser útil para determinar a presença e a gravidade do choque. QUAL TIPO DE CHOQUE? A determinação inicial da etiologia do choque depende de uma história clínica apropriada e de um cuidadoso exame físico. Testes diagnósticos adicionais podem fornecer evidências que confirmam a etiologia do estado de choque, mas não devem retardar a restauração agressiva do volume sanguíneo. CHOQUE HEMORRÁGICO X CHOQUE NÃO HEMORRÁGICO CHOQUE NÃO HEMORRÁGICO • choque cardiogênico • tamponamento cardíaco • pneumotórax hipertensivo • choque neurogênico • choque séptico. Choque cardiogênico • A disfunção miocárdica pode ser causada por traumatismo fechado do coração, por tamponamento cardíaco, por embolia gasosa ou, mais raramente, por infarto do miocárdio associado ao trauma. • Suspeitar de traumatismo fechado do coração sempre que a desaceleração rápida for o mecanismo de lesão torácica • Todo doente com trauma fechado do tórax necessita de monitoração eletrocardiográfica (ECG) contínua para determinar a presença de arritmias ou de traçados sugestivos de lesão. • Enzimas cardíacas raramente tem algum valor no tratamento do traumatizado no ps • O FAST pode identificar a presença de líquido no pericárdio e a possibilidade de tamponamento cardíaco Tamponamento cardíaco • Mais comum no ferimento penetrante do tórax, mas pode ocorrer como resultado de contusões torácicas. • Taquicardia, bulhas abafadas, veias do pescoço dilatadas e engurgitadas com hipotensão que não responde à reposição volêmica • O tamponamento cardíaco é tratado melhor por toracotomia. • A pericardiocentese pode ser uma manobra paliativa temporária Pneumotórax hipertensivo • Emergência cirúrgica e requer diagnóstico e tratamento imediatos • Forma um mecanismo valvular que permite a entrada dear no espaço pleural, mas não a sua saída • A pressão intrapleural aumenta progressivamente, causando colapso total do pulmão e desvio do mediastino diminuição do retorno venoso e redução no débito cardíaco • insuficiência respiratória aguda • enfisema subcutâneo • ausência de murmúrio vesicular • timpanismo à percussão • desvio da traqueia • sugerem fortemente o diagnóstico e a descompressão torácica sem esperar a confirmação radiológica está autorizada. Choque neurogênico • Lesões intracranianas isoladas não causam choque. • A presença de choque num doente com trauma de crânio indica a necessidade de pesquisar outra causa de choque. • Uma lesão medular cervical ou torácica alta pode provocar hipotensão por perda do tônus simpático. • Ciclo: A perda do tônus simpático acentua o efeito fisiopatológico da hipovolemia e a hipovolemia acentua o efeito fisiopatológico da denervação simpática. • quadro clássico do choque neurogênico: hipotensão sem taquicardia e sem vasoconstrição cutânea • O insucesso no restabelecimento da perfusão orgânica com a reposição volêmica sugere a presença de hemorragia contínua ou de choque neurogênico. Choque séptico • Choque por infecção, imediatamente após o trauma, é incomum. Entretanto, esse problema pode ocorrer se a chegada do doente ao PS demorar algumas horas • doentes com ferimentos penetrantes de abdome com contaminação peritoneal por conteúdo intestinal. • Na fase precoce do choque séptico, os doentes podem ter volume circulante normal, discreta taquicardia, pele rósea e quente, pressão sistólica próxima do normal e alargamento da pressão de pulso. Choque hemorrágico • A hemorragia é a causa mais comum de choque após trauma. • Focos potenciais de perda sanguínea: tórax, abdome, pelve, retroperitônio, membros e sangramentos externos • Devem ser rapidamente avaliados no exame físico e estudos complementares apropriados. • Radiografia do tórax, da pelve, ultrassonografia FAST, lavagem peritoneal diagnóstica, sondagem vesical • A resposta do doente traumatizado à perda de sangue torna-se mais complexa em virtude das transferências de líquidos entre os diferentes compartimentos do organismo • Hemorragia = perda aguda de volume sanguíneo. • volume sanguíneo de um adulto normal corresponde a aproximadamente 7% do seu peso corporal. • Para obesos é calculado de acordo com o seu peso corporal ideal • Para crianças, o volume sanguíneo é calculado de 8 a 9% do peso corporal • CLASSIFICAÇÃO DE CHOQUE VAI CAIR NA PROVA • A classificação de hemorragia em quatro classes baseada em sinais clínicos é uma ferramenta útil para estimar a porcentagem da perda aguda de sangue e para enfatizar os sinais precoces e a fisiopatologia do choque. • Vários fatores podem confundir profundamente a resposta hemodinâmica clássica à perda aguda de sangue • Idade do doente • Gravidade do trauma, com especial atenção ao tipo e localização anatômica das lesões • Intervalo de tempo entre o trauma e o início do tratamento • Reposição volêmica pré-hospitalar • Medicamentos utilizados para o tratamento de doenças crônicas Hemorragia Classe I • Perda de até 15% do Volume Sanguíneo • sintomas clínicos são mínimos. • Não ocorrem alterações mensuráveis na pressão arterial, na pressão de pulso ou na frequência respiratória • em doentes saudáveis não exige reposição • o preenchimento capilar e outros mecanismos de compensação restabelecem o volume circulatório em 24h • doador de uma unidade de sangue Hemorragia Classe II • Perda de 15% a 30% do Volume Sanguíneo (se 70kg = 750 a 1.500 mL) • taquicardia (fc > 100 no adulto), taquipneia e diminuição da pressão; • Hipotensão relacionada à elevação do componente diastólico decorrente do aumento de nível de catecolaminas circulantes. • A pressão sistólica muda pouco no início do choque hemorrágico; portanto, é mais importante avaliar a pressão de pulso que a pressão sistólica • alterações sutis do sistema nervoso central, como ansiedade, medo ou hostilidade. • se está pouco alterada. • O débito urinário é usualmente de 20 a 30 mL/h no adulto. • Alguns desses doentes acabam necessitando de transfusão sanguínea, mas podem ser estabilizados inicialmente pela reposição de soluções cristaloides. • hemorragia não complicada, mas na qual é necessária a reposição de cristaloides Hemorragia Classe III • Perda de 30% a 40% do Volume Sanguíneo (1 .500 a 2.000 mL no adulto) • sinais clássicos de perfusão inadequada: taquicardia acentuada, taquipneia, alterações significativas do estado mental e queda mensurável da pressão sistólica. • Doentes com esse grau de perda sanguínea quase sempre requerem transfusão. • a prioridade no tratamento inicial é interromper a hemorragia por meio da realização de cirurgia de emergência ou embolização se necessário • é um estado hemorrágico mais complicado no qual é necessária a reposição de, no mínimo, cristaloides e, possivelmente, de sangue Hemorragia Classe IV • Perda de Mais de 40% do Volume Sanguíneo • é uma ameaça imediata à vida • Sintomas: taquicardia acentuada, diminuição significativa da pressão sistólica e presença de pressão do pulso muito pinçada ( ou de pressão diastólica não mensurável). • débito urinário é desprezível e o nível de consciência está notadamente deprimido. • pele está fria e pálida. • Tais doentes usualmente exigem transfusão rápida e intervenção cirúrgica imediata • um evento pré-terminal, no qual, a menos que medidas terapêuticas muito agressivas sejam adotadas, o doente morrerá dentro de minutos ALTERAÇÕES SECUNDÁRIAS DO FLUIDO NA LESÃO DE PARTES MOLES • As lesões extensas de partes moles e as fraturas comprometem o estado hemodinâmico do doente traumatizado de duas maneiras: 1) perda de sangue no local lesado • Fratura de úmero ou tíbia - 750 mL • Fraturas de fêmur - até 1.500 mL • hematoma de retroperitônio consequente a fratura pélvica - vários litros de sangue 2) edema que ocorre nas partes moles traumatizadas. • A lesão tecidual acarreta a ativação de resposta inflamatória sistêmica e a produção e liberação de múltiplas citocinas efeitos no endotélio vascular aumentando a permeabilidade transferência de líquidos do plasma para o espaço extravascular depleção maior no volume intravascular. O que fazer? • O princípio básico é parar o sangramento e substituir a perda de volume. • O exame físico é dirigido para o diagnóstico imediato das lesões que ameaçam a vida e inclui a avaliação dos ABCDE AVALIAÇÃO INICIAL Via Aérea e Ventilação • O estabelecimento de uma via aérea permeável com ventilação e oxigenação adequadas é a prioridade. • O fornecimento suplementar de oxigênio visa manter a saturação da hemoglobina em níveis maiores que 95% Circulação - Controle da Hemorragia • As prioridades são controle da hemorragia externa, obtenção de acesso venoso adequado e avaliação da perfusão tecidual • O sangramento de feridas externas usualmente pode ser controlado com pressão direta sobre o local, embora hemorragia maciça em uma extremidade possa requerer um torniquete, lençol ou cinta pélvica, controle cirúrgico ou angiográfico Distúrbio Neurológico • útil na avaliação da perfusão cerebral, no acompanhamento da evolução de distúrbios neurológicos e no prognóstico quanto à recuperação • O restabelecimento da perfusão e oxigenação cerebrais deve ser alcançado antes da atribuição desses achados a lesões intracranianas Exposição -Exame Completo • Depois de realizadas as manobras prioritárias de reanimação, o doente deve ser despido e examinado cuidadosamente • Ao despir o doente, a prevenção da hipotermia é essencial Descompressão Gástrica • A dilatação gástrica ocorre frequentemente no trauma, especialmente em crianças • pode ser causa de hipotensão inexplicada ou de arritmias cardíacas, comumente bradicardia, em decorrênciade estímulo vagal • No doente inconsciente, a dilatação gástrica aumenta o risco de aspiração de conteúdo gástrico, complicação potencialmente fatal • introdução de um tubo naso ou orogástrico que deve ser conectado a um equipamento de aspiração para remover o conteúdo gástrico. Sondagem Vesical • Permite a avaliação da presença de hematúria • O retroperitônio possa ser o foco significativo da perda sanguínea • Monitoração constante da perfusão renal por meio do débito urinário. • Sangue no meato uretral ou hematoma perineal podem indicar lesão uretral e contraindica a passagem de sonda antes da confirmação radiográfica de uma uretra intacta. Acesso vascular • O acesso deve ser obtido rapidamente. • Inserção de dois cateteres intravenosos periféricos (calibre mínimo 18 G no adulto) • Cateteres intravenosos periféricos curtos e calibrosos. • Líquidos aquecidos e bombas de infusão quando houver hemorragia maciça e hipotensão grave. • Os locais mais adequados para os avp no adulto são as veias do antebraço ou antecubitais. • Dissecção cirúrgica da veia safena ou o avc (veia femoral, jugular ou subclávia), através da técnica de Seldinger, • Em crianças de menos de 6 anos de idade, antes de se proceder à inserção de um cateter central, deve-se tentar o acesso intraósseo com uma agulha intraóssea. • Colhidas amostras de sangue para tipagem e prova cruzada, para exames laboratoriais adequados, estudos toxicológicos e teste de gravidez em todas as mulheres em idade fértil. • Colhido sangue para gasometria arterial. • Após a punção para inserção de cateter na subclávia ou jugular interna, deve ser solicitada uma radiografia de tórax para documentar a posição do cateter e avaliar a possível presença de pneumotórax ou de hemotórax. Reposição volêmica inicial • A quantidade de fluido e sangue necessária para a ressuscitação é difícil de prever na avaliação inicial de um paciente. • A dose usual é de 1 litro para adultos e 20 mL/kg para pacientes pediátricos com peso inferior a 40 kg. • Os volumes de fluido de ressuscitação devem ser com base na resposta do paciente à administração de fluidos, • Incluindo fluidos administrados no pré-hospitalar. • O objetivo da ressuscitação é restaurar a perfusão dos órgãos e oxigenação dos tecidos • No entanto, se a pressão arterial do paciente aumentar rapidamente antes que a hemorragia tenha sido definitivamente controlada, mais sangramento pode ocorrer. Por esta razão, administrar uma solução cristalóide excessiva pode ser prejudicial. • A infusão contínua de grandes quantidades de fluidos e sangue na tentativa de atingir pressão arterial normal não substitui o controle definitivo da hemorragia. • Repor a volemia e evitar a hipotensão são princípios importantes no tratamento inicial de doentes com trauma fechado, particularmente os com traumatismo craniencefálico. • Nos traumatismos penetrantes com hemorragia, o retardo da reposição volêmica agressiva, até que o controle definitivo da hemorragia tenha sido realizado, pode prevenir hemorragia maior. • A administração excessiva de fluidos pode exacerbar a tríade letal da coagulopatia, acidose e hipotermia com a ativação da cascata da inflamação. • Equilibrar o objetivo de perfusão de órgãos e tecidos com a prevenção de ressangramento • "ressuscitação controlada", " ressuscitação equilibrada”,“ressuscitação hipotensiva” ou “hipotensão permissiva” Resposta ao tratamento inicial • Os mesmos sinais e sintomas de perfusão inadequada utilizados para o diagnóstico de choque são guias úteis para avaliar a resposta do doente • A normalização da pressão sanguínea, da pressão e da frequência do pulso são sinais favoráveis e sugerem que a perfusão está retornando ao normal. • Porém, não fornecem informações a respeito da perfusão orgânica. • Por essa razão, o débito urinário é uma das formas mais importantes de monitorar a reanimação e a resposta do doente. Débito Urinário • A reposição adequada de volume deve restabelecer o débito urinário a aproximadamente 0,5 mL/kg/h no adulto • 1 mL/kg/h é adequado para doentes pediátricos • crianças abaixo de 1 ano de idade, devem ser mantidos 2 mL/kg/h. • A incapacidade de manter o débito urinário nesses níveis ou o decréscimo do débito urinário com aumento da densidade sugerem reanimação inadequada. • Nesse caso, torna-se necessário aumentar a reposição volêmica Equilíbrio ácido-básico • Os doentes com choque hipovolêmico precoce têm alcalose respiratória devido à taquipnéia. • A alcalose respiratória é seguida frequentemente por acidose metabólica leve nas fases precoces do choque e não necessita de tratamento. • A acidose metabólica grave pode surgir quando o choque é prolongado ou grave. • metabolismo anaeróbio perfusão tecidual inadequada e produção de ácido láctico. • O bicarbonato de sódio não deve ser usado rotineiramente para o tratamento da acidose metabólica secundária ao choque hipovolêmico. Resposta ao tratamento incial • A resposta do doente à reposição volêmica inicial é o principal aspecto para determinar a terapêutica subsequente. • Os padrões potenciais de resposta ao fluido inicial a administração pode ser dividida em três grupos: • resposta rápida • resposta transitória • Resposta mínima ou ausente. Resposta rápida • Aqueles que respondem rapidamente à reposição volêmica inicial e permanecem hemodinamicamente normais após o término da reposição inicial • Geralmente tiveram uma pequena perda da volemia (inferior a 20%). • não é indicada a administração adicional de soros ou a infusão imediata de sangue. • Porém, tipagem e prova cruzada deve permanecer disponíveis. • independente, é indispensável a avaliação cirúrgica, visto que pode ser necessário intervenção operatória. Resposta transitória • Aqueles que respondem à reposição inicial rápida. Entretanto, a medida que se reduz a velocidade de infusão para níveis de manutenção, mostram deterioração da perfusão periférica, indicando sangramento persistente ou reanimação inadequada • perda sanguínea inicial estimada entre 20 e 40% do volume sanguíneo • Sangue e derivados são indicados, mas o fato mais importante é reconhecer que este doente requer controle da hemorragia por cirurgia ou angiografia. Resposta mínima ou Ausente • A falta de resposta na sala de emergência à administração adequada de cristaloide e de sangue indica a necessidade de intervenção definitiva imediata • Os possíveis diagnósticos de choque não hemorrágico devem sempre ser lembrados nesse grupo de doentes • A monitoração da pressão venosa central ou a ecocardiografia de emergência ajudam a diferenciar entre as várias etiologias do choque Transfusão • Doentes com resposta transitória ou mínima/ausente • aqueles em hemorragia classe III ou IV • O principal objetivo da transfusão sanguínea é restabelecer a capacidade de transporte de oxigênio do volume intravascular • Proporção 1:1:1 -hemácia -Plaqueta -Plasma Fresco SANGUE COM PROVAS CRUZADAS, TIPO ESPECÍFICO ou TIPO O NEGATIVO • A alternativa preferível é sangue com todas as provas cruzadas. • o procedimento para realizar as provas cruzadas completas exige aproximadamente 1 hora • Na maioria dos bancos de sangue, sangue tipo específico pode ser providenciado em aproximadamente 10 minutos. • sangue compatível com o do doente, nos sistemas ABO e Rh. • Incompatibilidades devidas a outros anticorpos podem existir. • Quando não está disponível sangue tipo específico, indica-se o uso de concentrados de hemácias tipo O para doentes com hemorragia exsanguinante. AQUECIMENTO DOS LÍQUIDOS PLASMA E CRISTALOIDES • A hipotermia deve ser sempre evitada e deve ser corrigida quando o doente chega hipotérmico ao hospital. • A maneira mais eficiente e fácil de prevenir a hipotermia em qualquer doente que receba volumemaciço de cristaloides é o aquecimento do líquido a 39°C antes de usá-lo. • deve-se armazenar os cristaloides em estufa aquecida ou pelo uso de um forno de micro-ondas. • Hemoderivados não podem ser aquecidos em forno de micro-ondas, mas sim através da passagem por aquecedores de fluidos endovenosos. AUTOTRANSFUSÃO • A coleta do sangue para autotransfusão deve ser considerada em qualquer hemotórax volumoso. • Existem no comércio dispositivos ajustáveis aos tubos de drenagem de tórax que permitem a coleta estéril, a anticoagulação (geralmente com solução de citrato de sódio e não heparina) TRANSFUSÃO MACIÇA • Transfusão > 10 unidades de sangue em 24 horas de admissão ou > 4 unidades em 1 hora. • protocolo de transfusão maciça: disponibilidade imediata de todos os componentes do sangue • Esses protocolos também melhoram o prognóstico. COAGULOPATIA • Tramatismos graves e hemorragias consomem os fatores de coagulação e podem levar à coagulopatia precocemente • presentes em até 30% dos doentes gravemente traumatizados à admissão • A transfusão maciça com diluição de plaquetas e de fatores de coagulação e os efeitos adversos da hipotermia na agregação plaquetária e na cascata da coagulação são as causas comuns de coagulopatia no doente traumatizado. • Doentes com trauma craniencefálico grave são particularmente propensos ao desenvolvimento de anormalidades da coagulação • ácido tranexâmico no ambiente pré-hospitalar para pacientes gravemente feridos em demonstraram melhora na sobrevivência quando este medicamento é administrado dentro de 3 horas de lesão. • A primeira dose geralmente é administrada em 10 minutos • Após: 1 grama é dado em 8 horas • Tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial e a contagem de plaquetas são valiosos para obter na primeira hora, especialmente em pacientes com história de distúrbios de coagulação ou que tomam medicamentos que alterar a coagulação • Tromboelastografia (TEG) e tromboelastometria rotacional (ROTEM) podem ser úteis na determinação da deficiência de coagulação e hemocomponentes para corrigir a deficiência. TP/TTPa -não são precisos em sangramentos intensos agudos -demorados (45 a 60min) -não são preditores de sangramento Tromboelastograma -rápido (15 a 20 min) -limitações: distúrbio primário/antiagregantes plaquetários/anticoagulantes orais ADMINISTRAÇÃO DE CÁLCIO • A maioria dos doentes que recebe transfusão de sangue não necessita de suplementação de cálcio. • Quando necessária, a administração deve ser guiada por dosagem de cálcio ionizado. • A suplementação excessiva de cálcio pode ser nociva. Considerações especiais • Um aumento da pressão sanguínea pode não equivaler a um aumento concomitante do débito cardíaco ou da recuperação do choque. • O aumento da resistência periférica como, por exemplo, o decorrente do uso de vasopressores, sem alterações no débito cardíaco, resulta em aumento da pressão arterial, mas não melhora a perfusão e a oxigenação tecidual. IDOSO • O processo de envelhecimento produz uma diminuição relativa da atividade simpática no que diz respeito ao sistema cardiovascular • Déficit na resposta do receptor às catecolaminas • A complacência cardíaca diminui com a idade. • Idoso não consegue aumentar a frequência cardíaca ou a eficiência das contrações miocárdicas quando submetido a perda de volume sanguíneo • O uso de bloqueadores beta-adrenérgicos pode mascarar a taquicardia como indicador precoce do choque. • A redução na complacência pulmonar, a diminuição da capacidade de difusão e a fraqueza geral da musculatura respiratória limitam a resposta do doente idoso ao aumento da demanda de permutas gasosas • Piora a oxigenação celular já prejudicada por redução do aporte local de oxigênio. • Os rins são também mais suscetíveis aos efeitos do hipofluxo e à ação de agentes nefrotóxicos • A mortalidade e a morbidade decorrentes de lesões leves ou moderadamente graves aumentam diretamente com o envelhecimento e com a presença de doenças crônicas ATLETA • O volume sanguíneo pode aumentar de 15 a 20% e o débito cardíaco pode aumentar até 6x • A capacidade desse grupo em compensar a perda sanguínea é surpreendente. • A resposta habitual à hipovolemia pode não se manifestar em atletas, ainda que tenha ocorrido perda volêmica significativa. GESTANTES • A hipervolemia fisiológica da gravidez torna necessária uma perda sanguínea maior para que se manifestem anormalidades de perfusão na mãe que também repercutam na perfusão fetal MEDICAMENTOS • Os bloqueadores de receptores beta-adrenérgicos e os bloqueadores dos canais de cálcio podem alterar significativamente a resposta hemodinâmica do doente à hemorragia. • O uso crônico de diuréticos pode explicar uma hipocalemia inesperada • agentes antinflamatórios não esteroides podem prejudicar a função plaquetária. HIPOTERMIA • A temperatura corporal é um sinal vital importante que deve ser registrado durante a fase de avaliação inicial. • Os doentes que apresentam hipotermia e choque hemorrágico não respondem normalmente à reposição volêmica e à administração de sangue e podem desenvolver ou piorar a coagulopatia • Ocasionalmente pode ser indicado o reaquecimento central (irrigação da cavidade peritoneal ou torácica com solução cristaloide a 39°C ou circulação extra corporal). MARCA-PASSO • Estes Doentes são incapazes de responder a perda sanguínea da maneira habitual, pois o débito cardíaco é diretamente proporcional à frequência cardíaca • a monitoração da pressão venosa central é de grande utilidade para orientar a reposição volêmica. REAVALIAÇÃO • A reposição volêmica inadequada é a complicação mais comum do choque hemorrágico. • A principal causa de resposta inadequada à reposição volêmica é a hemorragia oculta ou não diagnosticada. • Após completar a avaliação e o tratamento inicial do doente, o risco de hiperidratação é minimizado por meio da monitoração cuidadosa do doente • Quando um paciente não responde à terapia, as causas podem incluir um ou mais dos seguintes: sangramento não diagnosticado, tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, problemas ventilatórios, perda de fluido não reconhecida, distensão gástrica aguda, infarto do miocárdio, cetoacidose diabética, hipoadrenalismo ou choque neurogênico. • Reavaliação constante, especialmente quando um paciente desvia dos padrões esperados O primeiro passo no tratamento inicial do choque é reconhecer a sua presença Se não respondeu ao tratamento inicial, busque alternativas que justifiquem o quadro
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