Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 1 APG IV A COBRA VAI PEGAR Objetivos: 1. Revisar a anatofisiologia renal. 2. Compreender a fisiopatologia da Insuficiência Renal Aguda. 3. Entender as manifestações clínicas e diagnóstico dessa patologia. 4. Relacionar a picada da cobra cascavel com a Insuficiência Renal Aguda. 5. Listar as condutas terapêuticas da Insuficiência Renal Aguda. Anatomia Os rins são órgãos pares, cada um pesando aproximadamente 125g a 140g, localizados um de cada lado da coluna vertebral em nível da terceira vértebra lombar. Cada rim, sendo um réplica do outro. E o esquerdo é mais baixo que o direito; Em posição vertical, cada rim mostra uma reentrância na borda medial, chamada de hilo renal, por onde entram e saem os vasos, os nervos e a pelve renal. O sangue é fornecido a cada rim através da artéria renal e drenado através da veia renal. As artérias renais originam-se da aorta abdominal e as veias renais levam o sangue de volta à veia cava inferior; Na parte superior de cada rim, localiza-se a glândula supra-renal; O néfron é a unidade anatômica e funcional do rim. Os dois rins juntos contêm cerca de 2.400.00 néfrons e cada um deles tem a capacidade de formar urina; A urina formada no interior desses néfrons passa para os dutos coletores, os túbulos, que se unem para formar a pelve de cada rim. Cada pelve renal origina um ureter; O ureter é um tubo longo com uma parede composta por músculo liso, que conecta cada rim à bexiga e funciona como um conduto para a urina; O néfron é basicamente constituído de: - Glomérulos; - Túbulos renais. Os quais são compostos de um filtro e um sistema de túbulos responsáveis pela concentração da urina; Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 2 APG IV A artéria renal distribui-se pela estrutura renal e de suas ramificações são originadas arteríolas aferentes (onde o sangue entra), que formam os minúsculos novelos capilares, denominados glomérulos ou cápsulas de Malpighi. Cada glomérulo está envolvido por uma cápsula de paredes duplas denominada cápsula de Bowman ou glomerular (cápsula de Bowman é uma fina membrana que envolve os glomérulos); O glomérulo se estende para formar o túbulo, que é dividido em três partes: - Um túbulo proximal; - A alça de Henle; - E um túbulo distal, (Os túbulos distais coalescem para formar dutos coletores. Os dutos passam através do córtex renal e medula para desembocarem na pelve renal). A função específica dos glomérulos é de filtrar a água e os solutos do sangue; Os túbulos renais são tubos longos, contorcidos, que se originam na cápsula de Bowman e seguem após a alça de Henle até o túbulo coletor; A função dos túbulos renais é reabsorverem, e transformar o líquido filtrado em urina em seu caminho para a pelve renal; A bexiga é um órgão oco, situado anterior atrás da sínfese púbica. Atua como reservatórios temporários para a urina, e suas paredes consistem em músculo liso, denominado músculo detrusor (músculo que impele para baixo ou para fora). Esta contração é responsável pelo esvaziamento da bexiga durante a micção. Fisiologia As principais funções do rim são: - A regulação da composição hidroeletrolítica dos líquidos corporais; - A remoção de produtos finais do metabolismo e do sangue; - E a regulação da pressão sangüínea. Os néfrons secretam a urina através de dois mecanismos: - Filtração glomerular; - Reabsorção e secreção nos túbulos renais. Os glomérulos filtram o sangue arterial, originando a urina primária existente na cápsula de Bowman. Esta se assemelha ao plasma sangüíneo, mas sem proteínas e outras substâncias de grande peso molecular. A filtração ocorre pela diferença de pressão entre os capilares e a cápsula de Bowman; Dois fatores alteram a formação da urina: - Alteração do volume sangüíneo, porque a urina é derivada do sangue; - Alteração da pressão arterial, irá interferir na propulsão do sangue pelos capilares e na diferença de pressão entre o capilar arterial e a capsula de Bowman. Os glomérulos filtram o sangue arterial, originando a urina primária existente na cápsula de Bowman, essa (urina primária) passa da cápsula de Bowman para os Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 3 APG IV túbulos renais, onde haverá uma reabsorção seletiva de água, sais e outros elementos. Este produto final passa para os cálices renais, e acumula-se na pelve renal, de onde é conduzido para os ureteres, de forma ininterrupta; Há dois hormônios que aumentam ou diminuem a reabsorção tubular: - Hormônio antidiurético (HDA) – formado na hipófise, aumenta a reabsorção da água dos túbulos renais para a circulação sangüínea; - Aldosterona - secretada pela supra-renal, estimula a reabsorção de água e sódio, e a eliminação de potássio. Embora possa haver perda de líquidos e eletrólitos por outras vias e órgãos, são os rins que regulam com precisão o ambiente químico interno do organismo, que estabelecem o equilíbrio iônico do sangue, o que chega aos rins é filtrado nos glomérulos e aí o líquido filtrado passa aos túbulos. Nos túbulos proximais, boa parte do líquido é reabsorvida, e o que não é, constitui a urina; A função excretora renal é necessária para a manutenção da vida. Entretanto, ao contrário dos sistemas cardiovascular e respiratório, a disfunção renal total pode não causar morte imediata. Pois existem outras modalidades de tratamento que podem ser utilizados, como substitutos para determinadas funções renais. Insuficiência Renal Aguda A IRA consiste na redução abrupta da taxa de filtração glomerular (TFG). Essa taxa representa o volume de sangue (mL) que os glomérulos filtram a cada minuto e, consequentemente, alterações hidroeletrolíticas, distúrbios ácido-base e acúmulo de escórias nitrogenadas, como a ureia e a creatina. Essa elevação destes metabólitos consiste na azotemia. Epidemiologia A IRA trata-se de uma condição bastante incidente no dia a dia médico. Mundialmente, a incidência de pacientes hospitalizados com IRA varia de 5 a 7%, além de cerca de 30% dentre os admitidos que estão em UTI. Vale ressaltarmos que a mortalidade da IRA é altíssima, chegando a 90% em populações mais suscetíveis, como idosos, hipertensos e diabéticos. Aqueles que sobrevivem a IRA têm um maior risco para o desenvolvimento posterior de doença renal crônica (DRC). Etiologia e Fisiopatologia A IRA pode ser resultado de uma série de motivos que tendem a serem causados de acordo com a porção do trato urinário a qual é afetada. Por exemplo, a redução da função renal pode ter ocorrido ou por um problema circulatório que preceda o néfron, envolvendo as arteríolas renais; por um problema na filtração feita por esse néfron; ou por algum distúrbio ou lesão na via coletora de urina; Pronto, assim fica fácil dividirmos a IRA em três etiologias: - IRA pré-renal (60-70%); Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 4 APG IV - IRA intrínseca (25-40%); - IRA pós-renal (5-10%). IRA pré-natal: Este quadro ocorre devido à redução do fluxo plasmático renal e do ritmo de filtração glomerular. Principais causas: hipotensão arterial, hipovolemia (hemorragias, diarréias, queimaduras). Observações complementares no diagnóstico de IRA pré-renal: a) oligúria não é obrigatória; b) idosos podem ter a recuperação após 36h da correção do evento - aguardar 48h; c) NTA por sepse, mioglobinúria e por contraste podem ser não-oligúricas e nos casos de oligúria, podem apresentar FENa < 1% e/ou FEU < 35%; d) diuréticos podem aumentar a FENa na IRA pré renal - usar FEU < 35%. IRA intrínseca: A principalcausa é a necrose tubular aguda (NTA isquêmica e/ou tóxica). Outras causas: nefrites tubulo-intersticiais (drogas, infecções), pielonefrites, glomerulonefrites e necrose cortical (hemorragias ginecológicas, peçonhas). Situações especiais comuns: a) NTA SÉPTICA (associada a duas ou mais das seguintes condições de SIRS) temperatura > 38o C ou < 36o C frequência cardíaca > 90 bpm frequência respiratória > 20 ipm PaCO2 < 32 mmhg leucócitos > 12.000 ou < 4.000 mm3 mais de 10% de bastões ou metamielócitos foco infeccioso documentado ou hemocultura positiva; b) NTA NEFROTÓXICA uso de nefrotoxina em tempo suficiente níveis séricos nefrotóxicos precedendo a ira ausência de outras causas possíveis reversão após a suspensão da nefrotoxina recidiva após a reinstituição e.g. são não-oligúricas; c) IRA POR GLOMERULOPATIAS Exame de urina I com proteinúria e proteinúria acima de 1g/dia hematúria com dismorfismo eritrocitário positivo ou cilindros hemáticos no sedimento urinário biópsia renal positiva; d) IRA POR NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA manifestações periféricas de hipersensibilidade febre e rash cutâneo ou eosinofilia uso de droga associada a NIA – Por ex., penicilinas, cefalosporinas, quinolonas, alopurinol, cimetidina, rifampicina forte suspeita clínica patologias frequentemente associadas: leptospirose, legionella, sarcoidose biópsia renal positiva; e) IRA VASCULAR dor lombar hematúria macroscópica contexto clínico predisponente ICC, estados de hipercoagulação, vasculites, síndrome nefrótica evento cirúrgico precipitante confirmação com exame de imagem cintilografia compatível Tomografia ou angioressonância magnética arteriografia compatível; f) EMBOLIZAÇÃO POR COLESTEROL evento precipitante até 30 dias manipulação de grandes vasos, cateterismo arterial trauma, anticoagulação, petéquias, livedo reticularis, eosinofilia hipocomplementemia; Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 5 APG IV g) IRA HEPATORENAL Critérios Maiores – todos devem estar presentes para o diagnóstico perda de função renal (ClCr < 60 ml/min ou Cr > 1,5 mg/dL) ausência de outras causas de IRA ausência de melhora após expansão plasmática ausência de melhora após suspensão de diuréticos proteinúria < 500 mg/dia ausência de obstrução urinária ausência de IRA parenquimatosa Critérios Menores – podem estar presentes ou não diurese < 500 ml/dia sódio urinário < 10 meq/l osmolalidade urinária > plasmática sódio sérico < 130 meq/l hemácias na urina < 50 p/c. IRA pós-renal: Secundárias a obstrução intra ou extra-renal por cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal. a) obstrução urinária; b) dilatação pielocaliceal ao exame ultrassonográfico; c) diâmetro antero-posterior da pelve renal maior que 30 mm ou; d) diâmetro ap da pelve maior que diâmetro ap do rim; e) evidência clínica de iatrogenia intra- operatória; f) anúria total. Manifestações Clínicas Os sintomas podem incluir inchaço, náusea, fadiga, coceira, dificuldade em respirar e sintomas do distúrbio que causa a lesão renal aguda; Complicações graves incluem insuficiência cardíaca e altos níveis de potássio no sangue. Os sintomas dependem de fatores como: - Gravidade do declínio da função renal; - Velocidade do declínio da função renal; - Causa do declínio da função renal. Os sintomas iniciais incluem diminuição da quantidade de urina e retenção de água, causando ganho de peso e edema dos pés e tornozelos ou da face e das mãos; A quantidade de urina (que para a maioria dos adultos saudáveis é entre 750mL e 2L/dia) diminui, em geral, para menos de 500mL/dia (oligúria, diminuição na produção de urina) ou para completamente (anúria, ausência total de produção de urina). No entanto, algumas pessoas com lesão renal aguda continuam a produzir quantidades normais de urina. Posteriormente, à medida que a lesão renal persiste e os produtos residuais se acumulam no corpo, as pessoas podem sentir fadiga, perda da concentração, perda de apetite, náusea e coceira generalizada (prurido). As pessoas com lesão renal aguda podem desenvolver sintomas mais sérios como dor no peito, espasmos musculares ou mesmo convulsões. Se houver acúmulo de líquido nos pulmões, as pessoas podem apresentar falta de ar. Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 6 APG IV Se a lesão renal aguda for causada por um bloqueio (uma obstrução), o resíduo da urina presente dentro dos rins faz com que o sistema de drenagem se dilate (hidronefrose). A obstrução do trato urinário causa, frequentemente, uma dor constante, indistinta, sob as costelas inferiores, mas pode causar cólicas normalmente ao longo dos flancos do corpo. Além da alteração do aspecto e volume urinário, existem sintomas específicos para cada causa: - IRA pré-renal: vômitos, diarreia ou redução da ingestão de líquidos; - Síndrome hemolítico-urêmica: diarreia sanguinolenta evoluindo com redução do débito urinário; - Glomerulonefrite pós-infecciosa: impetigo, dentre outras; - Doenças Reumáticas: febre, alterações articulares, exantema. Taquicardia, mucosas secas e má perfusão periférica sugerem lesão pré-renal. Edema, estertores e ritmo cardíaco em galope sugerem possibilidade de lesão renal intrínseca por glomerulonefrite ou necrose tubular aguda. Massas abdominais palpáveis podem sugerir tumores, doenças císticas, trombose de veia renal ou obstrução do trato urinário. Diagnóstico O diagnóstico é feito com exames de sangue e urina e normalmente exames de imagem. O tratamento envolve a correção da causa da lesão renal aguda e, algumas vezes, a diálise. Características do veneno da cascavel Composição complexa (enzimas, toxinas e peptídeos). Considerado o veneno mais tóxico entre as serpentes brasileiras. - Crotoxina: Responsável pela maior toxicidade (representa mais da metade das proteínas do veneno). Possui atividade neurotóxica (neurotoxina pré-sináptica que age nas terminações nervosas motoras, gerando bloqueio muscular, podendo causar paralisias motora e respiratória) e miotóxica (rabdomiólise); - Crotamina: Pequena atividade miócita – necrose de musculo esquelético; - Giroxina: Ação pouco conhecida (produz convulsões em camundongos); - Convulxina: Produz convulsões, perturbações respiratórias e circulatórias. Pode ser indutor de agregação plaquetária. - Enzima similar a trombina: transforma fibrinogênio em fibrina. Condutas Terapêuticas Tratamento Clínico; Tratamento Dialítico: Uso emergencial. Referências Bibliográficas 1. NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 2. SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 7 APG IV 3. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2015..
Compartilhar