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1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Nomes: Anna Paula Kemelin da Silva Macedo – Mat. 20171109804 Stephany Soares da Silva – Mat. 20171109768 Thainnara Sampaio G. dos Santos – Mat. 20171109823 Matéria: Direito das Sucessões – Profª Rosemary Lopes Farias Data: 07/10/2021 Atividade Avaliativa 1. No estudo da filiação é possível depreender que a mesma pode ser decorrente de fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido. Entretanto, para tanto é necessário que o marido, ainda em vida, tenha deixado consentimento expresso e inequívoco. Neste sentido, decidiu a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ, 2021). Considerando as regras atinentes ao direito das sucessões, informe se um filho gerado através de fecundação artificial homóloga post mortem, fará jus a herança do pai falecido, considerando que o pai faleceu 10 anos antes da fecundação ser realizada. Apresente um texto dissertativo/argumentativo. Diante do caso em tela, a jurisprudência entende que: “Pela falta de disposição legal expressa sobre a utilização de material genético criopreservado post mortem, não se pode presumir o consentimento do de cujus para a inseminação artificial homóloga post mortem, já que o princípio da autonomia da vontade condiciona a utilização do sêmen criopreservado à manifestação expressa de vontade a esse fim. 2. “No momento da criopreservação, os cônjuges ou companheiros devem expressar sua vontade, por escrito, quanto ao destino que será dado aos pré-embriões criopreservados, em caso de divórcio, doenças graves ou de falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam doá-lo” (TJ-DF – EIC: 20080111493002, Relator: CARLOS RODRIGUES, Data de Julgamento: 25/05/2015, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 18/06/2015 . Pág.: 82)“ 2 Portanto, compreende-se que os filhos concebidos por inseminação artificial homóloga post mortem não possuem vocação hereditária para herdar o patrimônio do autor da herança de maneira legítima, contudo, este há de ser considerado filho do falecido pelo direito de família. O disposto nos artigos. 1798 e 1.799, inc. I, do CC/02 não reconhecerem os direitos sucessórios do concebido post mortem. Sobretudo o filho do falecido pode ser legatário, desde que o testador assim disponha e se respeitado o prazo estipulado em lei. 2. Claristovaldo é casado com Diana, mas mantém também, um relacionamento extraconjugal com Silvania. Tanto Diana como Silvania estão de boa-fé, pois uma não sabe da existência da outra, quiçá dos relacionamentos concomitantes. Na hipótese de falecimento de Claristovaldo, quem terá direito à sua herança? Indique o que menciona a doutrina e a jurisprudência, apontando as controvérsias sobre o tema, caso existentes. Indique o posicionamento dos Tribunais Superiores. Primeiramente, é importante ressaltar que o ordenamento jurídico brasileiro tem como base o princípio da monogamia que vem sendo uma das principais pautas da atualidade com o advento das diversas formas de composição de famílias, como no caso da famílias paralelas. Nesse diapasão ao tratarmos de relacionamentos extraconjugais e utilizando como o base a herança de um dos envolvidos como no caso em tela, podemos ressaltar que a esposa Diana, em todas as hipóteses, tem seu direito a herança garantido. Todavia, a controvérsia rodeia Silvania, pois existe uma corrente onde associa essa relação extraconjugal como uma união estável, utilizando como base a boa fé de sua parte, caso seja uma relação continua, duradoura e com a intenção de constituir família, mesmo esse relacionamento sendo concomitante com o casamento, é reconhecido uma união estável, recebendo, deste modo, os mesmos direitos que Diana. Neste sentido, segue posicionamentos jurisprudenciais a respeito do tema: 3 “União estável. Relacionamento paralelo ao casamento. As provas carreadas aos autos dão conta que o de cujus, mesmo não estando separado de fato da esposa, manteve união estável com a autora por mais de vinte anos. Ação declaratória de união estável. Sentença pela improcedência do pedido. Relacionamento afetivo paralelo a casamento. Apelação cível. Teses. Objetivo de constituir família. Prole comum. Relação contínua. Pública e duradoura. Aproximados 30 (trinta) anos de convivência. Possibilidade de reconhecimento face às peculiaridades do caso concreto. Presentes os requisitos caracterizadores da união estável. Interpretação do código civil ele 2002 de acordo com a doutrina de Miguel Reale. Medida que visa evitar o enriquecimento ilícito de uma das partes. Precedentes jurisprudenciais. 1 – Os relatos demonstram, de forma inequívoca, que entre o falecido e a apelante houve comunhão de vida e esforços por aproximadamente 30 anos, coabitação, prole comum e dependência econômica. E por isso, ainda que o falecido tenha permanecido casado com a apelada, a qual tinha plena ciência da existência do contínuo relacionamento extraconjugal de seu marido, é viável reconhecer a união estável entre ele e a recorrente. ll – Tais fatos comprovam a concreta disposição do casal em construir um lar com um subjetivo ânimo de permanência que o tempo objetivamente confirma. Isso é família. O que no caso é polêmico é o fato de o de cujus, à época, estar casado civilmente. Há, ainda, dificuldade de o poder judiciário lidar com a existência de uniões dúplices. Há muito moralismo, conservadorismo e preconceito em matéria de direito de família. III – Entender o contrário seria estabelecer um retrocesso em relação às lentas e sofridas conquistas da mulher para ser tratada como sujeito de igualdade jurídica e social. IV – Precedentes jurisprudenciais. V – Recurso conhecido e provido. Decisão unânime. (TJAL, AC 20 1 0.000284-7, 2.ª C. Cív., Rel. Des. Juíza Conv. Maria Valéria Lins Calheiros, j. 28/07/2014).“ “Ação de existência e dissolução de sociedade de fato. Companheiro casado. Relacionamentos paralelos. Reconhecimento de direitos. Apelo improvido. Restando incontroverso a convivência em 4 comum, pública, contínua e duradoura, além da affectio maritalis, entre a Autora e o falecido, por aproximadamente 22 anos, desde 1984 até sua morte, afigura-se necessário o reconhecimento dos direitos decorrentes desta relação. Comprovada a simultaneidade de relacionamentos conjugais, há de se admitir direitos e consequências jurídicas decorrentes dessas relações, não se lhes podendo fechar os olhos ao simplório argumento de que o Estado Brasileiro é monogâmico. Se existe concurso de entidades familiares, portanto se existe um casamento ou união estável, e paralelamente, uma relação extraconjugal, esta última, certamente deverá merecer amparo legal. Não se pode permitir que a complexidade das relações de fato no seio social, notadamente no campo afetivo, impeça o reconhecimento de direitos, mormente quando a análise do caso concreto aponta para a existência de união estável paralelamente à existência de matrimônio, cuja relação conjugal não mais persiste, ainda que não rompida formalmente, uma vez que não houve separação judicial ou o divórcio dos cônjuges. Apelo provido. Sentença mantida. (TJBA, AC 00 1 5589732007805000 1, 3.ª C. Cív., Rel. juíza convocada Marta Moreira Santana, j. 1 1/02/2014).“ Neste mesmo pensamento a 10° Câmera Civil do TJRJ, seguiu a mesma vertente reconhecendo uma união estável putativa, em analogia ao casamento putativo que tem como base a boa fé das partes, sendo reconhecido a união estável ela ganha o direito a meação da herança do falecido mas somente em relação aos bens adquirindo de forma onerosa durante a união. Ademais, existe também o entendimento das relações extraconjugais como uma sociedade de fato, neste caso é utilizado como base as regras dos direitos obrigacionionais. Sendo assim, Silvaniaterá direito a divisão dos bens adquiridos em conjunto do companheiro mesmo ele estando casado, o STF segue por esse entendimento através da súmula 380 que afirma que "comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinas é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum". Faz-se necessário ressaltar que tel:5589732007805000%201 5 segundo esse entendimento do STF não estamos falando de direito de família mas sim de uma relação regida pelo direito das obrigações. Outrossim, existe uma forte corrente que não admite esse reconhecimento mesmo existindo boa fé das partes, não admitido dois relacionamentos simultâneos pois utilizam como base o princípio da monogamia que rege a sociedade Brasileira. Recentemente, em Recurso Extraordinário (RE) 1045273, com repercussão geral reconhecida, o STF rejeitou o reconhecimento de duas uniões estáveis simultâneas, decidindo que estaria caracterizando a bigamia, considerando ilegítima a existência de 2 (duas) uniões estáveis, ou de um casamento e uma união estável, assim a preexistência de casamento ou uma união estável, impede o reconhecimento de novo vínculo. Referências: Amante tem direito à partilha de bens. Disponível em: https://www.amandacamilo.adv.br/amante-direito-partilha-de-bens. Acesso em 07 out. 2021 BIAZZO FILHO, João. Direito das Sucessões: histórico. Revista Jus Navigandi, 37 Teresina, ano 18, n. 3639, 18 jun. 2013. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 6: Direito das Sucessões – 29 ed. – São Paulo: Saraiva, 2015. Direito Civil Brasileiro: Direito das Sucessões. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, volume 7 Divisão de herança entre viúva e amante. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/336814/divisao-de-heranca-entre-viuva-e- amante. Acesso em 07 out. 2021 tel:1045273 6 HERANÇA: AMANTE TEM DIREITO. Disponível em: https://www.andersonalbuquerque.com.br/artigo&conteudo=heranca-amante-tem- direito. Acesso em 07 out. 2021 NIGRI, Tânia. Herança. Editora Blucher, 2021. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555062809/. Acesso em 07 out. 2021