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Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida DOAÇÃO (arts. 538 a 564 CC) 1- CONCEITO E CARACTERÍSTICAS Doação, define o Código Civil no art. 538, é “o contrato em que uma pessoa, por liberdade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens o de outra”. Predomina, na moderna dogmática, a concepção contratualista, tendo em vista que a doação requer a intervenção entre duas partes, o doador e o donatário, cujas vontades hão de se completar para que se aperfeiçoe o negócio jurídico. DOADOR X DONATÁRIO A liberalidade ou animus donandi é elemento essencial para a configuração da doação, tendo o significado de ação desinteressada de dar a outrem, sem estar obrigado, parte do próprio patrimônio. Afirma Clóvis Beviláquia que o animus donandi “não está na intenção de enriquecer o donatário, nem nos motivos finalísticos do ato, mas na liberalidade, elemento subjetivo pessoal do agente, ora beneficente, ora generosa, ora expressão de estima ou apreço”. O elemento objetivo da doação é a transferência de bens ou vantagens de um patrimônio para outro. A vantagem há de ser natureza patrimonial, bem como deve haver ainda aumento de patrimônio à custa de outro. É necessário que haja uma relação de causalidade entre o empobrecimento, por liberalidade, e o enriquecimento. O essencial é a existência de atribuição patrimonial. A aceitação é indispensável para o aperfeiçoamento da doação e pode ser expressa, tácita, presumida e ficta. - Expressa: é a mais comum e vem no próprio instrumento. Ex: o donatário comparece à escritura que formaliza a liberalidade para declarar que aceita o benefício. - Tácita: quando revelada pelo comportamento do donatário. Este não declara expressamente que aceita a doação mas, por exemplo, ao receber a doação de um veículo passa a usá-lo e providencia a regularização da documentação, em seu nome. Presumida: quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou (CC, art. 539). O silêncio atua, nesse caso, como manifestação da vontade. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida Ficto: é o consentimento para a doação ao incapaz. Dispensa-se aceitação, “desde que se trate de doação pura, se o donatário for absolutamente incapaz” (CC, art. 543). Isso porque a doação pura só pode beneficiá-lo. 1.1- CARACTERÍSTICAS: A doação é contrato, em regra, gratuito, unilateral e formal ou solene. - Gratuito: porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto qualquer ônus ou encargo ao beneficiário. - Unilateral: porque cria obrigação para somente uma das partes. (contudo será bilateral, quando modal ou com encargo). - Formal: porque se aperfeiçoa com o acordo de vontades entre doador e donatário e a observância da forma escrita, independentemente da entrega da coisa. - A doação é, portanto, em geral, formal ou solene, porque a lei impõe a forma escrita, por instrumento público ou particular (CC art. 541, caput), salvo a de bens móveis de pequeno valor, que pode ser verbal (parágrafo único). - A lei não tolera, realmente, a liberdade de forma, optando por inscrever a doação entre os contratos formais, como regra. - A doação constitui ato inter vivos. - O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito ás consequências da evicção ou do vício redibitório (CC, art. 552), pois não seria justo que surgissem obrigações para quem praticou uma liberalidade. 2- OBJETO DA DOAÇÃO - O art. 538 do CC, fala em transferência de “bens ou vantagens.” - Objeto da doação é, portanto, a prestação de dar coisa ou vantagem. Qualquer coisa que tenha expressão econômica e possa ser alienada. Incluem-se os bens móveis ou imóveis, corpóreos e incorpóreos, consumíveis ou inconsumíveis. Em relação aos bens futuros, há divergência na doutrina. Há quem defende que não pode ser doado o patrimônio que não se tem. Em contrapartida, Agostinho Alvim, exemplifica por exemplo, que pode ser doado “frutos que colher este ano, o primeiro bezerro que nascer de tal vaca”. 3- PROMESSA DE DOAÇÃO - Assim, como há promessa (compromisso) de compra e venda, pode haver, também, promessa de doação. Há controvérsias, no entanto, a respeito, da exigibilidade do seu cumprimento. - Para Caio Mário, em caso de promessa de doação pura, seria inexigível o cumprimento, porque esta representa uma liberalidade plena. - Contudo, na doação onerosa existiria, porque o encargo imposto ao donatário estabelece um dever exigível do doador. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida 4- ESPÉCIES DE DOAÇÃO - Pura e simples ou típica: quando o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina a sua eficácia a qualquer condição. O ato constitui uma liberalidade plena. - Onerosa, modal, com encargo ou gravada: aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever. Ex: autor da doação incumbe ao município donatário a construir uma escola na área urbana doada. Tem legítimo interesse, para exigir esse cumprimento, o doador, terceiros e até o Ministério Público. Mas somente o doador pode pleitear a revogação da doação. - Remuneratória: é feita a retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário. O doador sente-se no dever moral de remunerá-lo em virtude de prestação de um serviço que aquele lhe prestou e, por alguma razão pessoal, não exigiu o correspectivo ou a ele renunciou. Ex.: Devo ao médico, mas não tenho dinheiro. Faz tempo, a dívida já foi prescrita. Então eu doei alguma coisa. Se a dívida era exigível, a retribuição se chama pagamento. Se não era exigível, a retribuição se chama doação remuneratória. - Mista: é aquela em que se procura beneficiar por meio de um contrato de caráter oneroso. Ex: venda a preço vil ou irrisório, ou aquisição de um bem por preço superior ao valor real. - Em contemplação do merecimento do donatário: quando o doador menciona, expressamente, o motivo da liberalidade. Ex: a gratificação pecuniária ao vencedor do Prêmio Nobel. - Feita ao nascituro: (CC, art. 542) tal espécie de doação valerá sendo aceita pelo seu representa legal. A aceitação do representante legal do nascituro não torna o contrato de doação definitivamente válido, pois está condicionada ao nascimento com vida. - Em forma de subvenção periódica: trata-se de uma pensão, como favor pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a morte do doador, não será transferido a obrigação aos herdeiros. Exceto se o doador estipular, assim não ultrapassará da vida do donatário. - Em contemplação de casamento futuro - propter nuptias: constitui liberalidade realizada em consideração às núpcias próximas do donatário com certa e determinada pessoa. Art. 546 CC: “só ficará sem efeito se o casamento não se realizar”. A sua eficácia subordina-se, pois, a uma condição suspensiva: a realização do casamento. Dispensa aceitação, que se presume da celebração. - A doação não se resolve pela separação, nem podem os bens doados para casamento ser reivindicados pelo doador por ter o donatário enviuvado ou divorciado e passado a novas núpcias. - Entre cônjuges: o art. 544 CC, estatui que a doação “de um cônjuge para o outro importa adiantamento do que lhes cabe por herança”. Assim, podem ser doados de um cônjuge a outro: no regime de separação absoluta, qualquer um dos bens, em virtude da inexistência de bens comuns; no regime da comunhão parcial de bens podem ser doados pelo cônjuge ao outro os bens particulares. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida - Em comuma mais de uma pessoa: quando a doação é feita em comum a várias pessoas, entende-se distribuída entre os beneficiados, “por igual”. Entende-se, assim, uma obrigação divisível (art 551 CC). - De ascendentes a descendentes: (art. 544 CC) “importa adiantamento do que lhes cabe por herança”. Deve sair da sua metade disponível, caso contrário deve ser feito uma estimativa do que foi doado para igualar os quinhões. - Inoficiosa: é a que excede o limite que o doador, “no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento”. O art. 549 CC, declara nula somente a parte que excedeu tal limite, e não toda a doação. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade de seus bens, pois a outra “pertence de pleno direito” aos referidos herdeiros (art. 1.846 CC). - Com cláusula de retorno ou reversão: (art 547 CC) o doador estipula o retorno, “ao seu patrimônio”, dos bens doados, “se sobrevier ao donatário”. Revela o propósito do doador de beneficiar somente o donatário e não os herdeiros deste. A cláusula só terá eficácia se o doador sobrevier ao donatário. Se morrer antes deste, deixa de ocorrer a condição e os bens doados incorporam-se definitivamente ao patrimônio do beneficiário. - Manual: é a doação verbal de “bens móveis de pequeno valor”. Será válida “se lhe seguir incontinenti a tradição” (art. 541 CC).Pode ser feita verbalmente, sendo exceção a regra. Ex: presente de casamento ou de aniversário. - Feita a entidade futura: (art. 554 CC) a doação a “entidade futura”, portanto inexistente, “caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente”. O prazo é decadencial e de dois anos: não se prorroga nem se interrompe. 5- RESTRIÇÕES LEGAIS À DOAÇÃO A lei impõe algumas limitações à liberdade de doar, visando preservar o interesse social, o interesse das partas e de terceiros. Proíbe assim: - Doação pelo devedor insolvente: configura fraude contra credores, podendo ser impugnada através da Ação Pauliana; - Doação por parte inoficiosa: é nula doação a parte que excede do que o doador tem disponível no momento da liberalidade; - Doação de todos os bens do doador: não será nula se o doador tiver alguma fonte de renda ou reservar pra si o usufruto dos referidos bens, ou parte deles. - Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice: pode ser anulada até dois anos depois da dissolução conjugal (Art. 550). 6- DA REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO - A doação pode ser revogada “por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo” (art. 555 CC), bem como pelos modos comuns a todos os contratos. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida - Qual é o prazo para que se peça a revogação (ingratidão)? Dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador, um dos fatos elencados (art.559 CC). - a) Casos comuns a todos os contratos: tendo natureza contratual, a doação pode contaminar-se de todo os vícios do negócio jurídico, como erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores, sendo desfeito por ação anulatória (CC, art. 171, II), ou se o agente for absolutamente incapaz, objeto ilícito, impossível ou indeterminável. - b) Revogação por descumprimento do encargo: Se o doador fixa prazo para o cumprimento do encargo, a mora se dá automaticamente pelo seu vencimento. Após o vencimento começa a fluir o prazo prescricional para a propositura da Ação Revocatória da doação. (CC, art. 562). - c) Revogação por ingratidão do donatário: (CC, art. 557) ao aceitar o benefício, o donatário, assume tacitamente, obrigação moral de ser grato ao benfeitor e de se abster da prática de atos que demonstrem ingratidão e desapreço. A ação cabível é revocatória. E as causas de revogação encontram-se taxativamente no art. 557 e 558 do CC, I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II - se cometeu contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. - OBSERVAÇÕES: - Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide. - Art. 564. Não se revogam por ingratidão: - I - as doações puramente remuneratórias; - II - as oneradas com encargo já cumprido; - III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; - IV - as feitas para determinado casamento. CONTRATO DE LOCAÇÃO- (ARTIGOS 565 A 578) 1- CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA Designa unicamente o contrato que se destina a proporcionar a alguém o uso ou gozo temporário de uma coisa infungível, mediante contraprestação pecuniária. - Locação de coisa, ou como diziam os romanos Locatio Conductio Rerum, nada mais é que um contrato, onde uma das partes proporciona, temporariamente, a outra o uso e gozo de coisa infungível mediante remuneração, conforme preleciona o artigo 565 do Código Civil de 2002. - No contrato de locação participam como sujeito ativo, o locador, também conhecido por senhorio ou arrendador (arrendamento é o Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida sinônimo de locação) e do outro lado temos a figura do locatário também chamado de inquilino. - PODE SER DE BEM MÓVEL OU IMÓVEL Sendo bem imóvel: o CC não dispõe a respeito da locação de prédios. A locação urbana rege-se pela Lei 8.245/91 – a Lei do Inquilinato. Diz o art. 1º da Lei que: “Continuam regidas pelo CC as locações de imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios, de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; de espaços destinados a publicidade; de apart-hotéis, hotéis residências ou equiparados; e o arrendamento mercantil”. - Assim, as normas referentes a bens imóveis no CC, tem aplicação somente a esses tipos de bens. Sendo bem móvel: a locação de bem móvel é regida pelo CC (art. 565 e seguintes) ou pelo CDC (Lei nº. 8.078/90). Segundo o art. 565 CC, é contrato pelo qual “uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.” As partes denomina-se: - Locador, senhorio ou arrendador - Locatário, inquilino ou arrendatário A retribuição pelo uso e gozo da coisa chama-se aluguel ou renda. Natureza jurídica - contrato bilateral ou sinalagmático porque envolve prestações recíprocas. Gera obrigações para ambas as partes e, em consequência, admite a aplicação da exceptio non adimpleti contractus prevista no art. 476 do CC. - Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. - oneroso, uma vez que a obrigação de uma das partes tem como equivalente a prestação que a outra lhe faz. Se o uso e gozo for concedido gratuitamente, torna-se comodato. Por isso deve haver uma contraprestação. - consensual, tendo em vista que se aperfeiçoa com o acordo de vontades, gerando um direito de crédito ou pessoal. Todavia, não tem caráter personalíssimo nem para o locador nem para o locatário, uma vez que admite cessão ou sublocação, não se extinguindo pela morte de qualquer um deles. Nada impede, porém, que convencione a impossibilidade de ser cedido ou sublocado e se lhe empreste caráter personalíssimo. - É também, comutativo, visto que não envolve risco: as prestações recíprocas são certas e não aleatórias. - É, ainda, não solene porque a forma é livre, somente sendo exigida em casos especiais. - Pode, assim, ser celebrado por escrito ou verbalmente. No entanto, para se convencionar uma garantia, como fiança, por exemplo, o contrato deve obrigatoriamente ser escrito.Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida - É, por fim, de trato sucessivo ou de execução continuada porque se prolonga no tempo. As prestações são periódicas e, assim, não se extingue com o pagamento. Este tem apenas o efeito de solver o débito relativo a cada período. 2- Elementos do contrato de locação São três os elemento fundamentais: o objeto, o preço e o consentimento. a) Objeto: O bem imóvel é sempre infungível. Já o bem móvel deve ser infungível. - Não podem ser alugadas coisas móveis consumíveis, cujo uso importa destruição imediata da própria substância (CC, art. 86), como a energia elétrica por exemplo. Podem ser alugados os bens incorpóreos ou direitos, como uma patente de invenção, uma marca, o usufruto e as servidões prediais juntamente com o prédio dominante etc. A locação de bens móveis vem ganhando, bastante espaço e importância. Ex: bicicletas, livros, roupas, Pode ser alugada por inteiro ou em frações. A locação de bens imóveis urbanos residenciais ou comerciais continua regida pela Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245 de 18/10/91), os imóveis rurais regem pelo Estatuto da Terra (Lei n. 4.504 de 30/11/64). b) Preço: denominado aluguel ou remuneração, é essencial para a sua configuração, pois se gratuito será comodato. - Deverá ser valor real, pois se estipulado ínfimo descaracteriza o contrato. - Deve ser determinado ou determinável; - A lei impõe, em regra, tetos aos reajustes; - O pagamento em via de regra é em dinheiro. Podendo ser misto, parte em dinheiro parte em frutos ou em obras e benfeitorias feita pelo locatário. - Pagamento periódico (por semana, quinzena ou mês). Nada impede o pagamento de uma só vez, por todo período de locação, ex: aluguel de temporada. c) Consentimento: pode ser expresso ou tácito. - É capaz de locar quem tem poderes de administração, não necessariamente o proprietário. Ex: inventariante em relação aos bens do espólio. - O locatário tem de ser pessoa estranha à coisa locada. Não pode o locador ser locatário ou sublocatário de si próprio. - Não possui limite temporal os contratos de locação, que podem assim ser celebrados por qualquer prazo. - Conforme art. 571 CC, “Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista no contrato”. 3- Obrigações do locador Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida Conforme o artigo 566 CC: - Entregar ao locatário a coisa alugada: A entrega deve ser feita com seus acessórios, deve ser realizada na data ajustada ou em tempo útil. Também importante que o locador deve entregar a coisa no estado em que possa ser utilizada, para servir ao uso em que se destina Ex: entrega da casa com a instalação elétrica e o serviço de água. - Manter a coisa no mesmo estado, pelo tempo do contrato: Compete ao locador realizar os reparos necessários para que a coisa seja mantida em condições de uso, salvo convenções em contrário. Se a coisa alugada se deteriorar sem culpa do locatário, poderá pedir redução proporcional do aluguel ou resolver o contrato, caso não sirva mais ao fim a que se destinava. Se destruição total, o contrato se resolverá, cabendo ao locatário pleitear perdas e danos em caso de culpa do locador. (art. 567 CC) - Garantir o uso pacífico da coisa: O locador deve abster-se da prática de qualquer ato que possa perturbar o uso e gozo da coisa (embaraços e turbações de terceiros), isso envolve, também o fato de que o locador não pode perturbar o locatário (art. 568 CC). - Responde ainda, o locador, por vícios ou defeitos da coisa, que sejam anteriores a locação. Obs.: Responsabilidade pelas reparações que a coisa alugada venha a necessitar e que não decorram de culpa do locatário. Sim, qualquer dano que for decorrente de culpa do locatário, ele que irá pagar. Diz a lei no art. 567: “Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a este caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava.” A lei defere ao locatário a escolha em caso de deterioração da coisa alugada: rescinde o contrato (em caso de grave deterioração) ou pede redução proporcional do aluguel. 4- Obrigações do locatário Dispõe o art. 569 do CC: • O locatário é obrigado: I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida Observações: E se o locatário não devolve quando acabou o contrato? Caracteriza esbulho. Esbulho significa retirar de uma pessoa algo que está em sua posse ou é sua propriedade. No esbulho a pessoa que tem a posse ou a propriedade do bem perde a posse sobre ele. A expressão é muito usada na área jurídica e se refere à retirada de um bem de alguém, como um imóvel ou uma propriedade rural. E se a coisa se encontra em estado deplorável? Pode o locador se recusar a receber as chaves, não dando quitação. 5- Prazos da locação - As regras relativas aos prazos não se aplicam aos prédios urbanos, tem regulamentação própria. A locação de coisas pode se ajustar por prazo determinado ou indeterminado. - PRAZO DETERMINADO: na hipótese de haver locação por prazo determinado, a relação cessa de pleno direito com o advento do termo, independente de notificação ou aviso – Art. 573 – Deve, assim, o locatário devolver a coisa ao locador. - Mas e se não devolve? Cabe ao locador reclamar a coisa através de notificação, a fim de colocá-lo em mora. - Mas e se mesmo após a notificação, o locatário não se sai do bem? Se notificado, o locatário não restituir a coisa, sua mora poderá provocar dupla sanção: - 1 – Pagará o aluguel que o locador, na própria notificação, arbitrar. É um meio compulsório que quer obrigar o locatário a restituir a coisa. Diz o art. 575 que: “Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade.” - 2 – Responderá pelo dano que a coisa venha a sofrer, ainda que proveniente de caso fortuito. - Pode o locador tentar reaver a coisa locada antes do prazo determinado? - Somente se pagar ao locatário perdas e danos resultantes. - Pode o locatário devolver antes de findo o contrato? Somente se pagar, proporcionalmente, a multa prevista no contrato. Se esta multa for excessiva, poderá o juiz reduzi-la. - OBS.: Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locação por tempo determinado. Exige, sempre, notificação do locatário. DIREITO DE RETENÇÃO DO LOCATÁRIO: Direito de retenção é um meio direto de defesa. Pode assim, in caso, o locatário se recusar a entregar a coisa sem antes receber o que lhe é de direito. Assim, a lei dá ao locatário o direito de retenção sobre as benfeitorias necessárias (sempre) e das úteis (se feitas com a autorização do locador), desde que expressamente não acordado o contrário. COISA ALIENADA DURANTE A LOCAÇÃO: Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida O adquirente não é obrigado a respeitar o contrato de locação,se nesse contrato de locação não houver cláusula que diga que o contrato continua vigendo em caso de alienação e não estiver registrado. Portanto, PARA QUE APÓS A VENDA DA COISA O CONTRATO DE LOCAÇÃO CONTINUE A EXISTIR, É NECESSÁRIO QUE: HAJA CLÁUSULA NO CONTRATO DE LOCAÇÃO A RESPEITO E TAMBÉM QUE ESTEJA ESSE CONTRATO REGISTRADO. O registro será o de Títulos e Documentos do domicílio do devedor quando a coisa for móvel e será o de Registro de Imóveis quando a coisa for bem imóvel. De qualquer forma, se, de acordo com o disposto acima, o adquirente para acabar com o contrato de locação, ele só pode querer tirar o locatário se respeitar o prazo de 90 dias após notificação. 6- Disposições complementares – Lei 8.245/91 - A locação urbana rege-se pela Lei n. 8.245/91, Lei do Inquilinato. - O contrato de locação predial pode ser estipulado por qualquer prazo, embora não possa ser perpétuo. Se superior a dez anos, depende de vênia conjugal, levando em consideração a igualdade de diretos dos cônjuges (artigo 3º). - A cláusula penal é prefixada de comum acordo entre as partes, podendo ser cobrada mesmo sem alegação de prejuízo (CC, art. 416). Tendo, no caso, natureza compensatória, equivale uma prefixação de perdas e danos. Não poderá, todavia, cumular a cobrança da multa com as perdas e danos. - Em locações por prazo indeterminado, ou nas que passaram a vigorar pela expiração do prazo original, poderá o locatário denunciar a locação mediante aviso por escrito ao locador com antecedência mínima de trinta dias (LI, art. 6°). - Em locação urbana a LI declara, no art. 13, que tanto a SUBLOCAÇÃO, COMO EMPRÉSTIMO OU CESSÃO DEPENDEM DO CONSENTIMENTO PRÉVIO E ESCRITO DO LOCADOR. - SUBLOCAÇÃO: Trata-se de um contrato derivado, pois sua existência está subordinada à vigência do contrato originário e, consequentemente, a transferência dos direitos ao sublocatário está subordinada aos direitos que o locatário detém no contrato original. - O contrato de sublocação não interfere no contrato de locação firmado entre o locador e o locatário. Ambos, assim como o fiador, permanecem obrigados ao cumprimento de suas obrigações. - Na sublocação o locatário continua obrigado pelo contrato celebrado com o locador. - A sublocação distingue-se da cessão, pois enquanto nesta o terceiro assume a posição do locatário, sem o surgimento de uma relação contratual derivada, na sublocação, forma-se uma relação derivada. - Na cessão, a locação continuará com um novo locatário, o cessionário. - Na cessão da locação, desaparece a responsabilidade do cedente, que se transmite ao cessionário, com o qual, daí por diante, se entenderá com o locador. Associação Educativa Evangélica FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES Plantando Conhecimento para a Vida - A cessão é mais ampla que a sublocação, pois “o locatário autorizado a ceder a locação pode sublocar o imóvel” (Súmula 411 do STF). - O locador só pode exigir do inquilino as seguintes modalidades de garantia: - a) caução, pode ser em bens móveis ou imóveis, em títulos e ações e em dinheiro, não podendo, neste último caso, exceder ao equivalente a três meses de aluguel; - b) fiança; - c) seguro de fiança locatícia; e - d) cessão fiduciária de quotas de fundos de investimento. - É vedado, sob pena de nulidade, mais de uma dessas modalidades num mesmo contrato de locação (art. 37 e 38 LI).
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