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Apol - Teoria Contemporâneas das Relações Internacionais

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Questão 1/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o trecho a seguir:
“Uma abordagem construtivista pode avançar muito em direção a uma explicação sistemática da mudança nas relações internacionais. Até um certo ponto, a construção social da realidade que leva a mudanças no significado e propósito coletivo aos objetos físicos é ela mesma um componente importante do processo de mudança. Tome-se como exemplo o fim da Guerra Fria, um poderoso evento que as abordagens tradicionais têm tido dificuldade de explicar, e certamente não previram. Torna-se cada vez mais claro que os eventos e fenômenos que pareciam ser "sistematicamente" sem importância, tal como o movimento de dissidência soviético e o acidente nuclear em Chernobyl, que tornou familiar os horrores do poder nuclear sem controle, deram espaço em poucos anos para consequências amplas e não previstas” (Adler, 1999, p. 231).
Fonte: Adler, Emanuel. O construtivismo no estudo das relações internacionais. Lua Nova: Revista de Cultura e Política [online]. 1999, n. 47, pp. 201-246. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-64451999000200011>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e o trecho citado acima, análise as afirmações abaixo que tratam dos pontos de divergência do construtivismo com o a teoria realista:
I. A caracterização realista do Estado, como um agente monolítico e de atuação universalmente orientada pelo autointeresse e pela garantia da própria sobrevivência, é rechaçada pelos autores construtivistas.
II. O construtivismo adota uma posição crítica à concepção realista de que a política mundial e as políticas domésticas dos Estados podem ser enquadradas como uma continuum de atuação, sem uma fronteira divisória clara.
III. O privilégio analítico concedido pelos realistas aos aspectos materiais da realidade internacional é criticado pelos construtivistas, uma vez que a compreensão sobre as relações entre os atores sociais também envolve incidência de constrangimentos econômicos.
IV. A compreensão realista de que a anarquia é uma condição natural e permanente do sistema internacional é negada pelos construtivistas, que entendem que os interesses e as identidades dos Estados podem se alterar e, como consequência, promover mudanças na estrutura internacional.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 10.0
	
	A
	Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
	
	B
	Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
	
	C
	Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
Você acertou!
A resposta correta é aquela que indica que apenas as afirmações I e IV estão corretas. A afirmação I está correta porque os construtivistas se diferem dos realistas na maneira como os Estados são caracterizados pela visão tradicional, quer dizer, como atores cuja ação tem como princípio fundamental a sobrevivência e o autointeresse, sendo a segurança e a defesa os aspectos fundamentais de suas políticas. Os construtivistas, como Onuf e Kratochwill, colocam em xeque a própria centralidade dos Estados como unidades de análise básicas das relações internacionais. Wendt aceita essa premissa tradicional de centralidade, ainda que discorde da caracterização dos atores estatais como entidades guiadas universalmente pela sobrevivência e autointeresse e focadas nas questões de segurança e defesa, em detrimento da cooperação. A afirmação II está incorreta porque Onuf rompe com a separação estanque entre a política mundial e as políticas domésticas dos países, tal como apresentada pela teoria neorrealista de Kenneth Waltz, para quem a primeira seria caracterizada pela anarquia, e a segunda, pela hierarquia (PEREIRA; BLANCO, 2021). A afirmação III está incorreta porque, por mais que os construtivistas discordem da caracterização realista e neorrealista da realidade internacional, que privilegia os aspectos materiais dela (o poder e os recursos bélicos dos atores), os construtivistas não se concentram nos aspectos econômicos. Para Wendt, os “mundos material, subjetivo e intersubjetivo interagem na construção social da realidade” (ADLER, 1999, p. 216, grifado no original). O que significa dizer que não é possível, como fazem os realistas, tratar a dimensão material da realidade internacional, a do poder e das armas, como “um ponto de partida esvaziado de ideias” (WENDT, 2014, p. 53), quer dizer, como uma realidade imune à necessidade de interpretação típica das relações intersubjetivas. Assim como a relação entre duas subjetividades individuais demanda um processo de mútua interpretação, de entendimento comum a respeito do que está acontecendo, também a relação entre atores estatais envolve a incidência de elementos ideacionais – crenças, conjecturas, conhecimentos prévios etc. A afirmação IV está correta porque os construtivistas discordam da naturalização da “anarquia” como princípio imutável desta realidade internacional e, portanto, como principal variável explicativa do comportamento dos atores estatais – o que significa, na prática, a negação de qualquer “agência” ou autonomia de ação aos Estados, reduzidos por essa via a meros efeitos da estrutura (anárquica e desigual) do sistema internacional (PEREIRA; BLANCO, 2021).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 1: “O Construtivismo nas Relações Internacionais”.
	
	D
	Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
	
	E
	Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Questão 2/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A teoria crítica nas ciências sociais tem uma extensa tradição intelectual, representando, no princípio, uma variação do pensamento marxista do início dos anos 1920, particularmente vinculada à Escola de Frankfurt. O termo teoria crítica foi usado pela primeira vez em 1937 em um artigo de Max Horkheimer. Entre outros nomes ligados a essa corrente estão os de Theodore Adorno, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Em comum, entre outras coisas, todos eles possuíam uma mesma origem comum no pensamento marxista” (Silva, 2005, p. 251).
Fonte: Silva, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 249-282. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292005000200001>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, como podemos definir uma teoria crítica:
Nota: 10.0
	
	A
	Uma teoria “crítica” precisa romper com a dicotomia tradicional entre “teoria” e “prática” e adotar um objetivo normativo emancipatório como guia da produção teórica.
Você acertou!
Como já mencionado, além de Gramsci – influência principal do tipo de teoria crítica desenvolvida por Robert Cox nas Relações Internacionais –, os intelectuais associados à chamada Escola de Frankfurt também se propuseram a reformular alguns dos argumentos do marxismo clássico, a fim de elaborar uma teoria social crítica, apta a analisar os desenvolvimentos históricos do capitalismo no século XX, e que influenciaria outra abordagem importante das Relações Internacionais, aquela associada a Andrew Linklater. A expressão “Escola de Frankfurt” se refere ao círculo de intelectuais cujos trabalhos e debates estiveram ligados ao Instituto para a Pesquisa Social, instituição acadêmica criada na década de 1920, na cidade alemã de Frankfurt, e dirigida inicialmente por Max Horkheimer (1895-1973). Foi justamente Horkheimer quem elaborou o programa mais detalhado do que seria uma teoria crítica da sociedade, em textos como o clássico “Teoria tradicional e teoria crítica”, publicado originalmente em 1937. Nesse trabalho, Horkheimer caracteriza as teorias tradicionais (incluindo aí a ciência e a filosofia contemporâneas) como produções intelectuais incapazes de se enxergar como parte da totalidade social, ou seja, como práticas que levam as marcas de sua condiçãosocial de produção: as da divisão social do trabalho e da estrutura de classes. Isso significa, continua ele, que a teoria, para ser “crítica”, precisa romper com a dicotomia tradicional entre “teoria” e “prática”, que nada mais seria do que a expressão, típica do capitalismo, da dicotomia entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. Sendo uma forma de ação sobre o mundo, toda teoria está, portanto, fadada a produzir efeitos de conservação ou de transformação desse mundo: daí a necessidade de se adotar um objetivo normativo emancipatório como guia para a produção teórica, em vez de adotar as premissas positivistas que apregoam uma suposta suspensão da normatividade (quer dizer: das crenças e dos valores do analista). Na visão de Horkheimer e da Escola de Frankfurt, a pretensa “objetividade” das teorias tradicionais seria uma forma de “conservadorismo”, uma aceitação irrefletida de problemas e objetos de pesquisa oriundos de uma realidade histórica particular (HORKHEIMER, 2003).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 1: “Por Que “Crítica”? As bases teóricas da Teoria Crítica em Relações Internacionais”.
	
	B
	Uma teoria “crítica” deve se orientar apenas pelo materialismo histórico e ressaltar que o modo de produção é um aspecto que limita todas as formas de organização social.
	
	C
	Uma teoria “crítica” precisa pautar a sua produção conceitual na objetividade científica, buscando estabelecer axiomas passiveis de testes de hipóteses e de generalização.
	
	D
	Uma teoria “crítica” deve concentrar a sua análise nos grandes processos revolucionários, destacando como estes podem contribuir para a evolução positiva do conhecimento científico.
	
	E
	Uma teoria “crítica” precisa determinar de forma precisa qual é o seu objeto de pesquisa e estabelecer parâmetros e modelos de análise que se afastam dos vieses políticos e sociais do pesquisador.
Questão 3/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“[...] as teorias de RI não interessam tanto pelas substanciais explicações sobre as condições políticas no mundo moderno, mas sim como expressão dos limites da imaginação política contemporânea quando confrontadas com persistentes e evidentes transformações estruturais e históricas. Elas podem ser interpretadas […] como expressões de um entendimento historicamente específico do caráter e da localização da vida política em geral. (Walker, 2013, p. 22) ”
Fonte: Walker, R. B. J. Inside/Outside: Relações Internacionais como teoria política. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RIO: Ed. Apicuri, 2013.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e o trecho do livro ‘Inside/Outside: Relações Internacionais como teoria política’, de R. B. J. Walker, análise as afirmações abaixo, sobre as principais contribuições do pós-estruturalismo às Relações Internacionais:
I. O pós-estruturalismo possibilitou a redefinição do papel da teorização nas Relações Internacionais, de modo que a conexão entre a produção do conhecimento na área e as relações de poder passassem a ser problematizadas e visualizadas pelos pesquisadores.
II. Os conceitos de discurso, de Michel Foucault, e texto e textualidade, de Jacques Derrida, contribuíram para uma compreensão mais apurada sobre o papel e a função da linguagem na vida social e política, incluindo a realidade internacional.
III. A crítica pós-estruturalista às concepções de subjetividade e sujeito permitiram que o indivíduo fosse compreendido, essencialmente, a partir da sua capacidade de pensar e raciocinar sobre os fenômenos de modo objetivo.
IV. A problematização pós-estruturalista não apenas faz com que se questione como determinadas teorias e conceitos consolidam-se na disciplina de Relações Internacionais, mas possibilita a observação de “soluções” e cursos de ação alternativos invisibilizados pelas teorias tradicionais.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 10.0
	
	A
	Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
	
	B
	Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
Você acertou!
Como foi possível observar na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, as abordagens pós-estruturalistas representaram um vetor importante de pluralização epistemológica e teórico-metodológica para as Relações Internacionais, ao questionar as bases positivistas sobre as quais as escolas hegemônicas da área, como realismo e idealismo, se assentaram. Entre as principais inovações trazidas por essas novas abordagens, pode-se destacar: (a) uma redefinição do papel da teorização, a quem caberia menos a produção de um modelo preditivo do comportamento dos atores internacionais, e mais uma problematização da própria relação entre tal teorização e as relações de poder da qual ela inevitavelmente faz parte – de modo que a afirmação I está correta; (b) a crítica à maneira tradicional, de matriz cartesiana, de se conceber o sujeito (jargão filosófico para designar a experiência mental do indivíduo ao tentar compreender o mundo que o cerca) e a subjetividade, dando ênfase ao ser humano como ser racional possibilitou a compreensão da influência do contexto histórico e das relações de poder sobre a construção da subjetividade – por conseguinte a afirmação III está incorreta; c) o papel da linguagem na vida social e política, incluindo aí a política internacional; (d) o conceito foucaultiano de “discurso”; (v) os conceitos de “texto” e “textualidade”, oriundos da obra de Derrida – de modo que a afirmação II está correta; (e) as inovações metodológicas representadas pelas estratégias textuais, pela genealogia e pela análise estética (PEREIRA, BLANCO, 2021). A noção de “problematização” pressupõe a reflexão crítica – seja por meio da análise historiográfica ou textual – acerca de como um determinado conjunto de temáticas (científicas, sociais ou políticas) passa a se configurar como um “problema”, quer dizer, como um enunciado sobre a realidade a respeito do qual é preciso refletir e buscar “soluções”. Assim, “ao invés de começar com uma pergunta de pesquisa que identifica os significados dos conceitos e explora as relações entre eles, [...] uma abordagem partindo da problematização reflete sobre por que problemas particulares emergiram em determinados momentos históricos” (MHURCHÚ, 2016, p. 107). Problematizar aquilo que em geral permanece como um pressuposto indiscutido leva, em Relações Internacionais, a um ganho de reflexividade por parte do analista, que passa a colocar sob o crivo da crítica os próprios instrumentos teóricos da pesquisa: os conceitos (soberania, anarquia, Estado), pressupostos teóricos (o Estado como unidade de análise da realidade internacional) e técnicos (a quantificação do poderio militar, por exemplo). Esse tipo de indagação reflexiva também permite retomar “soluções” e cursos de ação alternativos, muitas vezes bloqueados ou invisibilizados pela linguagem corrente (PEREIRA; BLANCO, 2021) – por conseguinte a afirmação IV está correta.
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 3: “Contribuições do Pós-Estruturalismo às Relações Internacionais: a relação entre poder e conhecimento e a crítica ao sujeito cartesiano”.
	
	C
	Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
	
	D
	Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
	
	E
	Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Questão 4/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto abaixo:
“É a partir de problematizações que um projeto de pesquisa se inicia. A atividade de pensar/construir a realidade implica interrogar o que se encontra instituído historicamente. Tal um arqueólogo, o pesquisador explora estratos teóricos com o intuito de encontrar restos que, quando atualizados, possam imprimir um movimento de virtualização aos estudos realizados. Um arqueólogo não sabe exatamente o que vai encontrar. Há a procura.Não se trata de encontrar uma verdade, mas de atualizar uma virtualidade. Nesse caso, a pesquisa busca a identificação de certas regras de formação dos enunciados, das proposições, de certa forma de colocação do problema. O procedimento de pesquisa é, ao mesmo tempo, produção de saber, construção de metodologia, elaboração de princípios, estabelecimento de resultados e invenção/construção processual do seu caminho, abandonando certas vias e criando outras. Tem-se associado a concepção de metodologia à utilização de estratégias formais que têm como modelo o campo das ciências naturais ou exatas. Mas o que entendemos por metodologia? A metodologia fala do como pesquisar. Mais do que uma descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, indica as opções e a leitura operacional que o pesquisador fez do quadro teórico utilizado” (Aragão, Barros e Oliveira, 2005, p. 19-20)
Fonte: Aragão, Elisabeth Maria; Barros, Maria Elisabeth Barros de; Oliveira, Sonia Pinto de. Falando de metodologia de pesquisa. Estudos e Pesquisa em Psicologia. 2005, vol.5, n.2, pp. 18-28. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812005000200003&lng=pt&nrm=iso>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e a importância da metodologia para a pesquisa científica, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, quatro estratégias metodológicas introduzidas nas Relações Internacionais pela abordagem pós-estruturalista:
Nota: 10.0
	
	A
	Análise de Conteúdo, Método Dedutivo, Análise Documental e Análise Bibliográfica.
	
	B
	Análise do Discurso, Método Descritivo, Técnica Estatística, Behaviorismo.
	
	C
	Método Hipotético Dedutivo, Estudo de Caso, Comparação e Bibliometria.
	
	D
	Historiografia, Método Dialético, Método Indutivo e Análise Cartesiana.
	
	E
	Leitura Dupla, Desconstrução, Análise Estética e Genealogia.
Você acertou!
Além das já elencadas contribuições do pós-estruturalismo à problematização de alguns dos pressupostos subjacentes às teorias tradicionais das Relações Internacionais, autores como Derrida e Foucault também oferecem valiosas sugestões às estratégias metodológicas que pesquisadoras e pesquisadores da área podem empregar em suas pesquisas. Tais estratégias afastam-se, contudo, dos parâmetros positivistas de pesquisa e de ciência, guiando-se, ao contrário, pela tarefa de crítica e de desestabilização da presumida objetividade dos discursos acerca da realidade internacional, tendentes a naturalizar e universalizar características contingentes produzidas por processos históricos particulares. Entre tais estratégias metodológicas pós-estruturalistas, destacam-se as estratégias textuais propostas por Derrida, notadamente a “desconstrução” e a “leitura dupla”; a análise genealógica, presente nas obras finais de Michel Foucault; e a análise estética, elaborada sobretudo a partir dos trabalhos do também francês Jacques Rancière (2004).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 5: “Metodologias Pós-Estruturalistas para as Relações Internacionais”.
Questão 5/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“O estruturalismo, que sofre influências do pensamento dialético, da fenomenologia existencial e até da geologia (Lévi-Strauss, 1971), mas que nasce das pesquisas de campo e não do raciocínio especulativo, é uma tentativa de reconciliar a teoria com a prática. Lévi-Strauss procurou uma ponte entre o lógico e o empírico, um fundamento que pudesse dar conta da diversidade do mundo, um instrumental que fosse deduzido, ele também, do real. Algo que não fosse a simples descrição do empírico imediato, que não resvalasse para o devaneio, para a pura abstração. Que fosse uma teoria do possível. A base científica criada por Lévi-Strauss, se propõe justamente isto: desenvolver uma teoria do logicamente possível, construída a partir do real concreto” (Thiry-Cherques, 2006, p. 16).
Fonte: Thiry-Cherques, Hermano Roberto. O primeiro estruturalismo: método de pesquisa para as ciências da gestão. Revista de Administração Contemporânea [online]. 2006, v. 10, n. 2, pp. 137-156. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1415-65552006000200008>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, qual é o argumento central da teoria estruturalista:
Nota: 10.0
	
	A
	Para o estruturalismo, a maneira como os indivíduos se organizam em sociedade parte de uma lógica de contingências e acasos, não havendo relações robustas entre os diferentes modos de vida.
	
	B
	Para o estruturalismo, o modo como as comunidades humanas se organizam e se relacionam entre si só pode ser compreendido por meio da observação das diferenças culturais, religiosas e étnicas.
	
	C
	Para o estruturalismo, a maneira como os seres humanos pensam e agem organiza-se a partir de uma lógica subjacente, baseada especialmente na relação entre pares de opostos.
Você acertou!
O estruturalismo é uma abordagem teórica e metodológica presente em diversas disciplinas das ciências humanas, tendo destaque sobretudo na Antropologia e na Linguística. Seu argumento fundamental é o de que a maneira como os seres humanos pensam e agem organiza-se a partir de uma lógica subjacente, baseada especialmente na relação entre pares de opostos (também chamados de “oposições binárias”), como masculino/feminino, céu/terra, cru/cozido, seco/úmido, interior/exterior etc. Por consequência, o objetivo básico do estruturalismo é o de analisar os artefatos da cultura humana para além da diversidade de aparência e de conteúdo, buscando em vez disso as estruturas profundas (ou seja: as diversas combinações entre pares de opostos) comuns a todos eles. Os precursores do estruturalismo, como o sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) e o linguista Ferdinand de Saussure (1857-1913), já defendiam a importância de se tratar a sociedade – no caso do primeiro – e a língua – no caso do segundo – como sistemas de relações entre um conjunto de elementos determinados. Durkheim procurava compreender a sociedade como uma espécie de “organismo”, em que cada parte (a escola, por exemplo) só poderia ser compreendida a partir da função que cumpriria “em relação” às demais partes (a de socializar as crianças, preparando-as para os papéis da vida adulta) (DURKHEIM, 2003). Saussure, por sua vez, em seu seminal Curso de Linguística Geral, publicado em 1916, defendia que se estudasse a língua como um sistema de relações, em que palavras e letras só adquiririam significado pelas relações (de proximidade, de oposição etc.) mantidas umas com as outras: assim, uma determinada palavra (“alto”, por exemplo) só se tornaria inteligível – quer dizer: passível de ter seu significado compreendido – a partir da sua relação de oposição a outras palavras (“baixo”, seguindo o mesmo exemplo) (SAUSSURE, 2011).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 1: “As Fontes Teóricas do Pós-Estruturalismo”.
	
	D
	Para o estruturalismo, a modo como as sociedades se organizam parte de uma lógica de interação caótica e dificilmente apreensível pela pesquisa científica.
	
	E
	Para o estruturalismo, a maneira como as estruturas sociais estão organizadas baseia-se na construção de significados coletivos universais e consistentes.
Questão 6/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“De acordo com Onuf, tal como Maja Zehfuss explica, a sociedade política tem duas propriedades. De um lado, há sempre regras que dão significado às atividades humanas, tornando-as socialmente inteligíveis e significativas. De outro lado, dadas as assimetrias sociais e materiais, “as regras resultam numa distribuição desigual de benefícios”, o que significa dizer que elas levam a certas condições de domínio ou governo (Zehfuss,2002, p. 152; 2001, p. 61). Assim, Onuf correlaciona sociedade e política por meio do “nexo regras-governo”: enquanto a sociedade é baseada em regras, a “política sempre lida com relações sociais assimétricas geradas por regras, ou seja, [certas condições assimétricas de] governo” (Zehfuss, 2002, p. 152). Nas palavras de Onuf, “onde há regras (e, portanto, instituições) há governo – uma condição na qual agentes usam regras para exercer controle e obter vantagens sobre outros agentes” (1998, p. 63). Retornando ao pensamento social alemão, mais especificamente ao paradigma do Herrschaft, traduzido por ele como o “paradigma da sociedade política”, Onuf entende tal sociedade política como a expressão de “relações de superordenação e subordinação – relações mantidas por meio de regras e resultando em governo” (Onuf, 2013, p. 196)” (Herz e Yamato, 2018, p. 8).
Fonte: Herz, Monica; Yamato, Roberto Vilchez. As Transformações das Regras Internacionais sobre Violência na Ordem Mundial Contemporânea. Dados [online]. 2018, v. 61, n. 1, pp. 3-45. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/001152582018145>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, quais são os três tipos de assimetria existentes nas relações internacionais de acordo com Nicholas Onuf:
Nota: 10.0
	
	A
	Hegemonia, Hierarquia e Heteronomia.
Você acertou!
Nicholas Onuf afirma que podemos observar três tipos distintos de assimetria ou domínio nas relações internacionais. O primeiro tipo de domínio é chamado de Hegemonia e refere-se a um tipo de relação assimétrica em que um ator (ou conjunto de atores) monopoliza a produção dos significados a respeito da realidade, transferindo uma ideologia ou visão de mundo aos atores subordinados, que se mostram então incapazes de estabelecer programas de ação alternativos àqueles oriundos de tal ideologia ou visão de mundo (ONUF, 1989, p. 209-210). O segundo tipo de domínio é chamado de Hierarquia, e, por sua vez, descreve uma relação assimétrica entre atores situados em níveis diferentes de uma dada instituição ou organização. As regras diretivas são então transmitidas dos níveis superiores aos inferiores, tal qual nas modernas burocracias dos Estados ou dos Organismos Internacionais. Por último, o terceiro tipo de domínio é chamado de heteronomia (o oposto da “autonomia”) e envolve relações assimétricas entre atores formalmente de mesmo status (como os Estados nacionais ou os cidadãos de um país), cuja interdependência por meio de trocas gera ganhos maiores a um dos lados da relação. Aqui, predominam as regras de compromisso entre os atores envolvidos e, de acordo com Onuf, tais relações heterônomas são especialmente importantes para explicar as relações internacionais. A sociedade internacional, nos termos de Onuf, em vez de anárquica, seria, portanto, heterônoma (NOGUEIRA; MESSARI, 2005, p. 172): foram as regras de compromisso que produziram e regularam as esferas de influência durante a Guerra fria, por exemplo (ONUF, 1989, p. 225).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 3: “Nicholas Onuf”.
	
	B
	Anarquia, Império e Democracia.
	
	C
	Autarquia, Federação e Teocracia
	
	D
	Autocracia, Oligarquia e Monarquia.
	
	E
	Plutocracia, Tecnocracia e Meritocracia.
Questão 7/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A teoria crítica internacional representa uma derivação do pensamento coxiano. Seu expoente cardeal, Andrew Linklater, tem sua trajetória acadêmica marcada por uma sintonia inicial com as idéias de Cox e uma marcante evolução rumo a uma temática alternativa. Para Devetak (1995), a tarefa da teoria crítica internacional, consoante Linklater (1996), seria fornecer uma teoria social da política mundial. Trata-se do alargamento do escopo tradicional das Relações Internacionais, não mais limitado por obsessões “estatocêntricas”. Em comunhão com as preocupações atinentes à transformação da realidade social e política, essa corrente deve muito às tentativas de reconstrução do materialismo histórico, em particular ao trabalho de Jürgen Habermas” (Silva, 2005, p. 269).
Fonte: Silva, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 249-282. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292005000200001>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma das preocupações mais centrais na teoria crítica de Andrew Linklater:
Nota: 10.0
	
	A
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a constituição de uma organização supranacional global capaz de controlar a economia internacional.
	
	B
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a constituição de um sistema solidário e de caráter intergovernamental de proteção ao meio ambiente.
	
	C
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a promoção das condições necessárias para a revolução do proletariado e fim do capitalismo.
	
	D
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a formação de uma comunidade global regida por uma ética cosmopolita.
Você acertou!
Enquanto Cox baseia-se em um conjunto de conceitos gramscianos a fim de construir um modelo analítico que busca descrever e explicar o funcionamento e, sobretudo, as transformações da ordem mundial – salientando as possibilidades de construção de ordens alternativas –, a teoria crítica de Linklater dedica-se, como ponto de partida, a questões de caráter normativo. Sua preocupação fundamental é a de imaginar, por meio do diálogo com a Teoria Política e com as Relações Internacionais, uma outra realidade internacional, em que os princípios de emancipação universal se encontrem realizados em novas institucionalidades. Mais especificamente, Linklater preocupa-se com a possibilidade de formação de uma comunidade global regida por uma ética cosmopolita. O “cosmopolitismo” designa a defesa filosófica de uma cidadania ligada ao pertencimento à espécie humana, e não mais baseada no pertencimento a um Estado nacional. Entre seus defensores, encontram-se desde filósofos da Grécia antiga (em especial aqueles ligados ao cinismo e ao estoicismo) até autores modernos, como Immanuel Kant (1724-1804). Foi este último que deu ao cosmopolitismo sua defesa mais notória, definindo-o como um senso de responsabilidade perante a violação de direitos em geral, ainda que esta ocorra fora dos limites do Estado nacional de um determinado cidadão. Kant projeta, com isso, o ideal de uma comunidade universal de indivíduos, cujos direitos de cidadania seriam assentados sobre o pertencimento a uma humanidade comum (HELD, 1995).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 4: “Andrew Linklater”.
	
	E
	Uma das preocupações centrais da teoria crítica de Andrew Linklater era a criação de uma polícia internacional para proteger as pessoas.
Questão 8/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“O moderno sistema de Estados que surge das ruínas do mundo feudal entre os séculos XV e XVII na Europa tem sido caracterizado como um sistema anárquico, no qual as unidades são soberanas. Mesmo que o modelo de soberania externa absoluta e a ausência de normas no sistema internacional tenha sido um ideal que a realidade da política internacional jamais confirmou, grande parte do debate entre diferentes correntes da disciplina de relações internacionais tem girado em torno do conceito de anarquia, das possibilidades de ordem, cooperação e ação coletiva nesse contexto. O pensamento em relações internacionais tem sido marcado pelo dilema da ordem ou da governabilidade em um sistema supostamente anárquico. A constituiçãodo moderno sistema de Estados instaura este dilema, na medida em que estabelece o princípio da soberania nacional; o baixo grau de governabilidade no sistema internacional é a contraface do alto grau de respeito à autonomia do Estado em questões domésticas e externas” (Herz, 1997, p. 308).
Fonte: Herz, Mônica. Teoria das Relações Internacionais no Pós-Guerra Fria. Dados [online]. 1997, v. 40, n. 2, pp. 307-324. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0011-52581997000200006>.
Considerando o trecho citado acima e os conteúdos discutidos ao longo da disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, análise as assertivas abaixo, que tratam sobre o entendimento da teoria construtivista, em especial de Alexander Wendt, sobre a anarquia internacional:
I. Para os construtivistas a anarquia é o que Estados fazem dela, isto é, as características da estrutura internacional são resultantes da interação e dos entendimentos comuns construídos pelos agentes internacionais
PORQUE
II. os Estados possuem capacidade reflexiva, de modo que acumulam conhecimento ao longo do tempo e podem alterar os seus interesses e identidades em decorrência dos processos de socialização no ambiente internacional.
Avalie as assertivas acima e, depois, assinale a alternativa que faz a análise correta:
Nota: 10.0
	
	A
	As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I.
	
	B
	As asserções I e II são proposições falsas
	
	C
	As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I
Você acertou!
A resposta correta é aquela que indica que as duas afirmações são verdadeiras e que a segunda asserção é uma justificativa da primeira. Enquanto realistas e neorrealistas naturalizam a “anarquia” como princípio fixo e imutável do sistema internacional – dada a ausência de algum tipo de governo mundial com capacidade de impor o cumprimento das regras e da ordem –, construtivistas a tratam como um resultado específico (entre outros possíveis) das interações e dos entendimentos comuns construídos pelos agentes de tal sistema: “A autoajuda e a política de poder são instituições e não características essenciais da anarquia. A anarquia é o que os estados fazem dela” (WENDT, 1992 p. 5, grifado no original). Esse debate a respeito da relação entre atores e o sistema do qual fazem parte tem sido um dos tópicos centrais da Teoria Social (justamente uma das fontes teóricas dos construtivistas) até os dias atuais, recebendo, nela, a designação de “debate agência/estrutura”. Em linhas gerais, debate-se quem deve ter precedência explicativa nos modelos teóricos, se os agentes – os indivíduos ou as coletividades tratadas como unidades individualizadas (empresa, Estado ou qualquer outro tipo de organização) – ou a estrutura que esses agentes integram. A chamada “teoria da estruturação”, do sociólogo britânico Anthony Giddens, é uma das várias tentativas, presentes na Teoria Social, de resposta ao problema agência/estrutura. Segundo Giddens, as estruturas designam os recursos e as regras envolvidas na produção e na reprodução de sistemas sociais (GIDDENS, 2009). Esses recursos e regras, contudo, não são elementos externos aos indivíduos, mas sim elementos internalizados pela via da socialização ou aprendizado social. Recursos e regras tornam-se, assim, capacidades e inclinações, as quais se externalizam na forma de comportamentos “estruturantes”, quer dizer, comportamentos que reforçam ou alteram as estruturas (recursos e regras) iniciais. Trata-se, portanto, de um processo de co-constituição, em que nem indivíduos nem estrutura possuem precedência ou preponderância explicativa (PEREIRA; BLANCO, 2021). Voltando às Relações Internacionais, a aplicação dessa noção de co-constituição resulta em uma visão do Estado como agente dotado da capacidade de promover mudanças na estrutura do sistema internacional. Sem essa capacidade, o Estado deixa de ser agente e se transforma em mero efeito da estrutura (anárquica) desse sistema, respondendo de maneira mecânica a ele (o comportamento autointeressado, centrado na segurança e na defesa, de acordo com realistas e neorrealistas) (ibidem). Na visão de Wendt, portanto, os Estados acumulam conhecimentos ao longo do tempo e são capazes de alterar interesses e identidades, construindo ativamente, por meio da interação com outros atores estatais, a estrutura característica da realidade internacional em dado momento. Em resumo, pode ser afirmado que, para os construtivistas, o comportamento dos Estados depende de “conhecimento compartilhado, do significado coletivo que eles atribuem à situação, de sua autoridade e legitimidade, das leis, instituições e recursos naturais que eles usam para achar seu caminho, de suas práticas, ou mesmo, algumas vezes, de sua criatividade conjunta” (Adler, 1999, p. 203).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 1: “O Construtivismo nas Relações Internacionais”.
	
	D
	A asserção I uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa
	
	E
	A asserção II uma proposição verdadeira, e a I é uma proposição falsa
Questão 9/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto a seguir:
“Talvez tenha ocorrido algo na história do conceito de estrutura que pudesse ser chamado de “evento”, se essa palavra não implicasse em um significado que é precisamente função da estrutura – ou da estruturalidade – pensada para reduzir ou suspeitar. Mas deixe-me usar o termo “evento” de qualquer maneira, empregando-o com cautela e como se estivesse entre aspas. Nesse sentido, este evento terá a forma exterior de uma ruptura e um redobramento. Seria fácil mostrar que o conceito de estrutura e até a própria palavra “estrutura” são tão antigos quanto a episteme – isto é, tão antigos quanto a ciência e a filosofia ocidentais – e que suas raízes estão profundamente cravadas no solo da linguagem comum, em cujos recessos mais profundos a episteme mergulha para reuni-los mais uma vez, tornando-os parte de si mesma em um deslocamento metafórico. No entanto, até o evento que desejo marcar e definir, estruturar – ou melhor, a estruturalidade da estrutura - embora sempre tenha estado envolvida, sempre foi neutralizada ou reduzida, e isso por um processo de dar-lhe um centro ou referencial a um ponto de presença, uma origem fixa” (Derrida, 1978, p. 278).
Fonte: Derrida, Jacques. Structure, Sign, and Play in the Discourse of the Human Sciences. Writing and Difference. Trans (pp. 278-294). Alan Bass. Chicago: U of Chicago.1978.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e o trecho citado acima, análise as afirmações abaixo, que tratam das principais críticas deste ao ‘estruturalismo’:
I. Certamente, uma das principais críticas do pós-estruturalismo ao seu antecessor direciona-se à relativa ausência de coerência interna da teoria e à baixa capacidade preditiva dos modelos analíticos do estruturalismo.
II. Para o pós-estruturalismo, o privilégio concedido às análises sincrônicas no estruturalismo tende a marginalizar o questionamento sobre como os processos históricos contribuem para a formação das estruturas e das relações de poder dentro delas.
III. O pós-estruturalismo rejeita à concepção estruturalista de que o método científico permite que os indivíduos (pesquisadores) se tornem imunes aos vieses interpretativos produzidos pelas estruturas que analisa.
IV. Para os pós-estruturalistas o objetivo das teorias estruturalistas, de alcançar um conhecimento verdadeiro, deve estar no centro de toda pesquisa cientifica, rejeitando assim o excesso de reflexividade na ciência.
Agora, assinale a alternativa que indica quais afirmações estão corretas:
Nota: 10.0
	
	A
	Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
	
	B
	Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas
	
	C
	Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
	
	D
	Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
	
	E
	Apenas as afirmativasII e III estão corretas.
Você acertou!
Como foi possível observar no decorrer das aulas, apenas as afirmações II e III estão corretas. A apresentação do texto Structure, Sign, and Play in the Discourse of the Human Sciences, de Jacques Derrida, na Universidade John Hopkins, em 1966, foi fundamental para o surgimento do rótulo do pós-estruturalismo. O diálogo crítico que o autor estabelecia com os mestres do estruturalismo, criticando alguns de seus principais argumentos, foi o pontapé inicial para que o establishment acadêmico percebesse o surgimento de novas abordagens que procuravam superar algumas das teses então hegemônicas. Ainda que tais críticas variassem de acordo com cada autor, alguns pontos comuns podiam ser identificados: (i) o questionamento da rigidez do modelo analítico estruturalista, centrado em oposições binárias ou pares de opostos, que simplificaria a análise dos sistemas culturais a fim de obter uma imagem coerente e estável de tais sistemas (o que torna a afirmação I incorreta); (ii) ao explicar um elemento a partir de sua relação com os demais elementos do sistema, o estruturalismo privilegiaria a análise sincrônica (quer dizer: do momento presente), em detrimento da história – análise diacrônica da estrutura ao longo do tempo – que teria produzido tais elementos e as relações entre eles (o que torna a afirmação II correta; (iii) o estruturalismo ainda estaria assentado em uma concepção de conhecimento e de ciência amplamente positivistas, pretendendo assim obter a “interpretação verdadeira” a respeito das culturas e das sociedades humanas (o que torna a afirmação III correta); (iv) como consequência dessa visão positivista, o analista estruturalista enxergaria a si próprio como estando imune aos vieses interpretativos produzidos pelas estruturas que analisa (o que torna a afirmação IV incorreta).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 1: “As Fontes Teóricas do Pós-Estruturalismo”.
Questão 10/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A crítica coxiana não leva a supor que a busca por um conhecimento neutro ou imparcial deva inspirar o teórico. Ao contrário, afirma que todo conhecimento refletirá particularidades de quem o produz, e das quais o teórico não pode se julgar imune. A perspectiva deve ser compreendida como o contexto histórico a partir do qual a produção teórica ocorre [...] Uma teoria sempre serve a alguém e a algum propósito. É imprescindível conhecer o contexto em que é gerada e usada; igualmente imperativo é conhecer se o objetivo do teórico e de quem se utiliza da teoria é manter a ordem social existente ou mudá-la. Esses dois propósitos levam a duas espécies de teoria” (Silva, 2005, p. 261-262).
Fonte: Silva, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 249-282. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292005000200001>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais e a divisão entre Teorias Críticas e Teorias de Solução de Problemas feita por Robert Cox, assinale a alternativa que descreve, corretamente, como o autor define as teorias de solução de problemas nas Relações Internacionais:
Nota: 10.0
	
	A
	As teorias de solução de problemas podem ser caracterizadas pela ênfase dada ao controle dos processos discursivos e aos debates meta-teóricos na disciplina de Relações Internacionais.
	
	B
	As teorias de solução de problemas podem ser descritas como abordagens que se voltam para a realização da análise de situações consideradas problemáticas e de difícil resolução política e social.
	
	C
	As teorias de solução de problemas podem ser caracterizadas a partir do seu repertório crítico e problematizador sobre os processos políticos e históricos de transformações em um país em particular.
	
	D
	As teorias de solução de problemas podem ser descritas como teorias de ordem prática, isto é, direcionadas a estudar situações concretas e cotidianas que se repetem continuadamente em uma sociedade.
	
	E
	As teorias de solução de problemas podem ser caracterizadas pela adoção de uma visão naturalizada acerca da realidade internacional, de modo que tendem a reproduzir os pressupostos do próprio objeto a ser estudado.
Você acertou!
A teoria crítica nas Relações Internacionais contrapõe-se às teorias dominantes da área, em especial aos pressupostos positivistas em que elas se embasam. A crítica a esses pressupostos segue a linhagem argumentativa do marxismo clássico e do já citado texto de Horkheimer: realismo e liberalismo seriam teorias “tradicionais”, no sentido de serem incapazes de problematizar a própria atividade de teorização, pertencente – como todas as atividades humanas – ao processo global de produção material da vida e, também, à constituição de uma certa ordem social. Nesse sentido, Robert Cox nomeia as teorias tradicionais da área como “teorias de solução de problemas”, ou seja, como produções intelectuais que se deixam guiar de maneira irrefletida por problemas e questões de pesquisa oriundos do senso comum ou de uma visão naturalizada acerca da realidade internacional. De
maneira intencional ou não, argumenta Cox, elas acabariam por sustentar a ordem existente, ao reproduzir, de maneira acrítica, pressupostos e vieses oriundos do próprio objeto a ser estudado (COX, 1986). Tal tendência pode ser notada em teorias como o neorrealismo de Kenneth Waltz, que naturaliza e, por essa via, eterniza, características – do comportamento dos Estados e da estrutura da realidade internacional – que são na verdade o produto de processos históricos específicos e que podem, portanto, ser alteradas no futuro.
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 2: “Pressupostos Fundamentais da Teoria Crítica nas Relações Internacionais”.

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