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Seminário IV - Imunidades

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Módulo Controle da Incidência Tributária
Seminário IV - IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Questões
1. Que é imunidade tributária? Diferençar imunidade, isenção, não incidência e incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável às taxas, às contribuições e as contribuições de melhoria?
Sobre o conceito de imunidade tributária, ainda que a doutrina apresente grande quantidade de definições sobre o objeto, entendo que, pondo-o, em perspectiva, aplicando as técnicas de construção de sentido apresentadas pelo construtivismo lógico-semântico e, observando sua operatividade perante ao sistema jurídico no quanto está inserta, encontra-se a melhor definição para as imunidades pela voz de BARROS, que assim leciona:
“Normas jurídicas de classe finita e imediatamente determinável, contidas no texto constitucional e que, estabelecem, de modo expresso, a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas.
 Nesse orbe, as imunidades parecem performar como princípios que ditam limites objetivos (referente para atendimento de um sobreprincípio referenciado) à instituição de tributos. 
Partindo dessa premissa, pode-se diferenciar a imunidade, isenção e a não incidência com certa facilidade, pois a imunidade atuará no desenho das competências impositivas constitucionais, performando no desenho constitucional com esquemas normativos de caráter negativo. A isenção, por sua vez, se dá no plano da isenção ordinária, atuando como demarcação redutiva do campo da hipótese de incidência ou do consequente da REMIT. 
Ou seja, ao passo em que, a imunidade atua no campo daquilo que não é lícito legislar, a isenção, diferentemente, atua em um espaco e tempo onde a licitude da atitividade legiferante não mais se discute – ela seria lícita -, mas foi o próprio legislador ordinário em que cuidou de estabelecer hipóteses em que a norma tributária, apesar de circunscrever uma relação jurídica – por um motivo ou outro, deixa de criar um consequente imponível, pela existência de uma outra regra-matriz que incide no caso com efeito negativo.
Por fim, quanto à não-incidência, o que se verifica é que inexiste elemento jurídico puro que atue no campo de afetação negativa de análise do caso concreto. Se de um lado, a imunidade atua como functor negativo (L-) no campo atividade legiferante; e de outro, a isenção atua nos limites circunscritos pelo legislador ordinário, que prescreve as circunstâncias objetivas e subjetivas em que, apesar de ocorrer a incidência da norma, há outra que atue sua aplicação (C-); na não-incidência o que ocorre é não realização de todos os critérios da REMIT que gerariam aptidão para sua incidência perfeita de modo a gerar seu consequente.
Por fim, quanto à aplicação das imunidades em relação às taxas e contribuições, entendo que apesar das fortes vozes que lecionam em sentido contrário, entendo que elas partes de uma premissa que, por apego à literalidade do art. 150, IV da CF, que emprega o termo impostos em sua redação, esquecem (ou figem esquecer) que signo, significado e significação são elementos linguisticos distintos, confundindo a norma jurídica e o dispostivo normativo, como se fossem uma coisa só. 
 Isso porque, ainda que literlidade sirva como ponto de partida (e até mesmo como ponto de chegada) para o correto exercício da hermeneutica, o próprio texto Constituicional apresenta comprovação empírica que as imunidades constitucionais não se dirigem somente aos impostos, mas aos tributos lato sensu. Como exemplo, vale ressaltar que o prórpio artigo 5º da CF , inciso XXXIV, da CF, disciplina que: “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; e b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”. O inciso LXXIII, do referido primado constitucional, determina a concessão de imunidade aos cidadãos na propositura da ação popular, quanto à cobrança das custas judiciais (taxas), desde que, atendidos seus requisitos. 
Quanto as contribuções sociais, ainda, a Texto Maior confere-a quanto à instituição de contribuições de intervenção no domínio econômico, referente às receitas decorrentes de operações de exportação, consoante dispõe o art. 149, §2º, I, da CF, bem como estabelece sua aplicabilidade quanto às contribuições sociais das entidades dedicadas à assistência social, de maneira condicionada aos ditames da lei ordinária, conforme pescrito no art. 195 da CF.
Isto posto, resta-se, evidenciado que a imunidade tributária pode alcançar outros tributos, além daqueles cuja destinação da receita esteja desvinculada da atuação estatal específica (impostos), assim como as taxas e contribuições.
 
2. As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma Emenda Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na Carta Magna? As normas constitucionais que veiculam imunidades são autoaplicáveis ou dependem de regulamentação infraconstitucional?
Como premissa que, as cláusulas pétreas são aquelas descritas no art. 60§4º da CF. Diante das hipóteses ali elencadas, o que diz respeito às imunidades tributárias, a circunscrição de seu plexo protetivo estaria firmada no inciso IV do referido diploma, quais sejam: a forma federativa de governo, voto direto, separação de poderes e direitos e garantias fundamentais. 
Outra premissa importante, é que a imunidade tributária atua como princípio “limite objetivo”, i.e., tem como escopo o atendimento de um outro princípio, mas que com ele não se cofunde simbioticamente. 
Nesse desenho, em sendo a imunidade prescrita através de um enunciado formador de competência legislativa, não identifico, à priori, em sua estrutura a inexorável conexão entre ela e uma cláusula pétrea, pois uma coisa é o direito tutelar o não ferimento de um direito fundamental, outra bem diferente, a tributação sobre tal atividade.
Nessa lida, diante do fato de que as imunidades não se identificam com os valores que se buscam proteger, em tese, não haveria se falar que as imunidades se tratam como cláusulas pétreas, podendo, pois, serem alteradas por meio de Emenda Constitucional. 
Em contraponto, contudo, entendo que tal dinâmica merece ser observada à luz do princípio constitucional da “ vedação ao retrocesso”, uma vez que, diante do nosso sistema constitucional que possui o standard da dignidade a pessoa humana, persiste implicitamente a ideia de que o Estado, após ter implementado um direito fundamental, não pode retroceder, ou seja, não pode praticar algum ato que vulnere um direito que estava passível de fruição, sem que haja uma medida compensatória efetiva correspondente.
Diante disso, entendo que tal princípio implica em um fator decisivo para a análise da possibilidade do ferimento das imunidades estabelecidas pelo Constituinte originário, pois ainda que o limite objetivo não se cofunda com o valor colimado, sua restrição – ou, no limite, a dificuldade imposta pelo gravame – pode vir a ocasionar uma vulneração de determinado direito fundamental ao qual a imunidade se comunicava. O que dependeria de uma ponderação de valores no caso concreto. 
Em linhas finais quanto a isso, entendo que, a unica forma de imunidade desembargada de polêmica seria a imunidade recíproca, pois o valor tutelado pelo limite objetivo encartado nessa hipótese seria a preservação do pacto federativo e da autonomia das pessas constitucionais, pois caso houvesse tal forma de tributação, romper-se-ia a idéia de descentralização constitucional, com autonomia dos entes, e passariamos a experimentar uma relação de subordinação entre os mesmos, criando ainda a possibilidade de desvio de receitas, pois, de certo, a receita de um ente acabaria migrando para outro para custear as despesas impostas pela tributação.
Quanto à aplicabilidade das normasconstitucionais de imunidade, cabe destacar que, da leitura do texto constitucional, se verificam duas espécies de imunidade: a incondicionada e a condicionada. 
Em ambos os casos, não existe, em meu sentir, a demarcação daquilo que se denomina por normas de eficácia contida, pois não podem a vir a ser suprimidas pela atividade legiferante superveniente, nem de eficácia limitada pois não há delegação do Constituinte Originário ao Legislador Ordinário para estruturação do esquadro das imunidades por meio de lei, bem como, as normas de imunidade não se dirigem a pontilhar linhas programáticas quanto à sua aplicação. 
Sobre isso, CLÉLIO CHIESA, afirma que o conceito da natureza jurídica das normas de imunidade não se adequam às categorizações idealizadas por José Afonso da Silva para as normas constitucionais.
Todavia, essa dificuldade conceitual não impede que, à luz desse micro-sistema normativo das imunidades, não sejam verificadas algumas nuances das caracterísiticas acima expostas, na medida em que nas imunidades incondicionadas verifico-a como norma de eficácia plena, portanto, autoaplicável, pois estabelece as hipóteses de incompetência dos entes tributantes para alcaçarem, por meio da tributação, determinadas pessoas/situações/bens, sem qualquer remissão ao legislador ordinário quanto à necessidade de legislação complementar.
Já nas imunidades condicionadas, conforme lição de BARROS, há dependência de outra lei ( lei complementar, no caso) que a regule, observando a especial caracterísitica de que, a par dessa exigência, não está no espectro de atuação do legislador a possibilidade de alteração do teor da imunidade. Seu trabalho está circunscrito na identificação (por meio de lei) dos requisitos necessários àquela imunidade.
3.	Na sua opinião, são imunes: 
	(a) quanto ao ISS: os serviços de guarda e estacionamento de veículos automotores prestados por entidades religiosas (vide anexos I e II); 
À guisa do que prescreve o art. 150, IV, “b” da CF, a imunidade reclamada na questão seria àquela que diz respeito “aos tempos de qualquer culto”, que representa, por sua vez, um limite objetivo à “inviolabilidade de consciência e crença”, preconizado no art. 5º, VI da CF. 
Nesse sentido, vê-se que a imunidade, nesse caso, tem traços objetivos-subjetivos importantes, pois o semântico “templo” não pode ficar resumido a edificação, mas sim à instituição religiosa – a pessoa jurídica – que, por sua vez, possui tratamento legal diferenciado em relação às outras entidades imunes previstas na alínea “c” do mesmo dispositivo, que, inclusive, são submetidas à regulamentação legal quanto aos requisitos necessários para fruição da imunidade. 
Todavia, o art. 150§4º da CF, estabelece que a imunidade dos serviços relativos aos templos tem de estar vinculada à sua atividade essencial, o que não me parecer ser o caso do parking – serviço absolutamente alheio a qualquer manifestação de fé e que corre, de maneira, independente, de qualquer atividade religiosa.
	(b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade (vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV);
Se de um lado, a imunidade sobre os tributos incidentes no serviço exige a correspondência com a atividade essencial, entendo que sobre os imóveis a perspectiva de tratamento merece um outro olhar. 
Isso porque os imóveis compõem o acervo material daquela entidade religiosa, e se não utilizados diretamente, convertem-se em renda pela locação. Dessa forma, em se considerando que a imunidade dos templos abrange também os bens que viabilizem o cumprimento de tal atividade fim, ao meu ver, há imunidade no que diz respeito aos imóveis locados. Inclusive com apoio na súmula 52 do STF, que assim, prescreve: 
“Ainda que alugados a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150,I “c” da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para quais tais entidades foram constituídas.”
Quanto aos cemitérios particulares, pelo valor transcendental que albergam, a conclusão pela imunidade é mais fácil, pois toda religião possui como traço característico a projeção do post-mortem, e sem embargo disso, cada qual, projeta esse ritual de passagem à sua maneira, estabelecendo desde o ritual e o local onde o ocaso ocorre, até a interferência disso no além vida. Isto posto, verifico que, por ser elemento de profunda correlação com a atividade religiosa, não há se falar em tributação nesse caso.
(c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena, bem como a renda auferida pelos indígenas (vide Petição n. 3388 STF). Justifique sua resposta. 
Como premissa, entendo ser oportuno salientar que os silvícolas representam classe social que possui uma tutela diferenciada do Estado na defesa de seus interesses, havendo capítulo dedicado exclusivamente a eles na Constituição Federal, e impondo ao estado uma prestação positiva quanto aos seus costumes, tradições, crenças e terras. 
Nesse sentido, pela dicção dos art. 231, §1º e§2º das terras indígenas constituem-se como domínio da União, nesse diapasão entendo até mesmo que seria teratológico que o Estado cobrasse imposto sobre propriedade afetada pelo domínio estatal, o que, no limite infringiria a regra da imunidade recíproca. 
Sobre a imunidade da renda indígena, entendo ser importante asseverar que ao efeito do que prescreve o §2º do artigo acima mencionado, que cabe aos índios o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes naquelas terras – o que segundo o Estatuto do Índio – constitui o Patrimônio Indígena. Assim, a renda indígena diz respeito ao resultado da aplicação de bens e utilidades integrantes do Patrimônio Indígena, que ficam em posse dos próprios índios.
Todavia, não encontro na legislação constitucional expressa vedação de competência para tributar a renda indígena, na verdade, naquilo que diz respeitos às limitações do poder de tributar, a Constituição não dedica qualquer linha sobre os silvícolas. A ideia de imunidade quanto à renda indígena parece ter surgido de uma construção jurisprudencial, da lavra do STF, no emblemático caso da reserva Raposa Serra do Sol, onde restou-se fixada a tese de que sobre a renda indígena existe plena imunidade tributária – o que mais parece um caso, não raro, de ativismo judicial
Talvez, por boa-fé, valha a pena buscar na lição da jurisprudência a imprecisão terminológica, uma vez que no atual Estatuto do Índio, se identifica a seguinte redação: 
Art. 60. Os bens e rendas do patrimônio indígena gozam de plena isenção tributária
Dessa forma, entendo que está-se em um caso onde, ainda que na prática o efeito seja o mesmo, é necessário realizar o recorte entre aquilo que se preceitua como imunidade e aquilo que entende por isenção, pois se tratam de temas completamente diferentes.
	(d) quanto aos serviços prestados por empresas públicas no regime de concorrência (vide anexos V); 
Em primeiro, é de se destacar que a Constituição é omissa quanto a imunidade das empresas estatais. Em verdade, a única disposição que se faz está no art. 152§2º, que estende a imunidade recíproca às autarquias e fundações mantidas pelo Poder Público. 
Preenchendo essa lacuna, o STF flexibilizou o texto Constitucional, tornando as empresas públicas em um tipo, notadamente quanto tais empresas atuam como como delegatárias de serviços públicos, de modo que, uma vez sendo imune o serviço público prestado pela pessoa política, a mera delegação da execução não implica na alteração do regime jurídico que incide sobre essa prestação. 
Nesse desenho, não parece haver motivo para impedir a incidência da imunidade recíproca, visto que, a partir do momento em que uma empresa publica está atuando no campo de atribuições do próprio Estado, sua atividade não implica em uma quebra de equilíbrio de mercado com ruptura da concorrência. 
	(e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista (vide anexo VI e VII) (f) quanto aos serviços “públicos”prestados por sociedades de economia mista cujas ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo XIII).;
Ao meu ver, não existe motivo para não aplicar o entendimento acima apresentado nesse caso em comento, pois, é possível que uma empresa de economia mista atue no campo de atribuições do Estado, independente da forma de constituição da empresa pública, independente se atuam em regime de monopólio ou não. 
Todavia, nos casos das empresas de economia mista, alguns critérios merecem atenção, conforme assinalado por Joaquim Barbosa no RE 285.716/SP, quais sejam: a natureza econômica da atividade; ii) riscos à concorrência ou a livre iniciativa; iii) possibilidade risco ao pacto federativo. 
Isso porque, sendo as empresas de economia mista, em tese, destinadas à exploração econômica em benefício de seus acionistas (com distribuição de dividendos), resta evidente, nesse caso, a capacidade contributiva e a existência de riscos à Federação por conta da (não) tributação da empresa.
	 
4.	A agência de publicidade Bravia foi contratada pela empresa Xilitol para que produzisse a campanha de seus novos produtos e, após definida a estratégia, indicasse os melhores meios para a divulgação do anúncio. Além da mídia na TV Tupi, a agência Bravia recomendou a exposição da campanha via folder a ser inserido na revista “A Pastorinha” por dois domingos seguidos, após a veiculação do anúncio na TV Tupi. No orçamento referente à divulgação do anúncio, a agência inseriu o preço da sua veiculação no horário nobre passado pela TV Tupi e também o preço informado pela revista “A Pastorinha”. Ambos associaram o preço de seus serviços aos tributos inerentes às suas atividades (gross up, em especial do ISS, PIS e COFINS). 
Ao receber o orçamento, o depto. jurídico da Xilitol questionou o gross up do ISS apresentado pela revista “A Pastorinha”, com base no item “17.25 - Inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e publicidade, em qualquer meio (exceto em livros, jornais, periódicos e nas modalidades de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita)”, introduzido na lista de serviços da LC 116/2003 pela LC 157/2016, e manifestou sua recusa no pagamento. Considerando o disposto no art. 150 da CF, e os fundamentos utilizados pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676, na sua opinião o questionamento apresentado pelos advogados da Xilitol quanto à incidência do ISS sobre os serviços prestados pela revista “A Pastorinha” procede?
Para a melhor resposta sobre a pergunta, adoto como premissa que para se reclamar a imunidade prevista na CF, antes é necessário se estabelecer o conceito de livro, jornal e periódico, bem como circunscrever o fundamento teleológico de tal imunidade, com fins de que abusos não sejam praticados por nenhuma das partes – Estado ou contribuintes. 
Isso porque, o escopo de tal forma de imunidade é tutelar a livre circulação de ideias, conhecimentos e informações, de modo então, que é fiando-se em tais preceitos que o Constituinte, em 88, diante da realidade social possível, estabeleceu a imunidade aos livros e jornais e periódicos, pois eram nesses veículos que as informações circulavam, cumprindo seu papel democrático. 
Isto posto, ao se perceber que para além da linguagem adotada, o dispositivo normativo deve ser observado como um elemento sociológico de seu tempo, o que me faz crer que imunidade, nesse caso, transcende a celulose e ingressa no âmbito das informações que, por ventura, em outro tempo, eram exclusivamente gravadas nela. 
A partir de tal premissa entendo que, a partir do momento em que a Empresa Xilitol busca realizar uma propagada por meio de um folder (elemento paralelo e acessório ao jornal), inexiste ao meu ver motivo para incidência da imunidade, nesse caso. 
Em primeiro porque, o folder, se trata de um corpo físico estranho ao periódico e que com ele não se confunde. Nessa toada, é salutar destacar que a publicidade realizada em periódicos não pode ser demonizada ao ponto de tributada em qualquer situação, inclusive fora essa a mensagem legislada pela LC 157, pois é da publicidade feita naqueles espaços físicos que a atividade editorial se mantém erguida.
Infere-se, assim, que a imunidade que protege a edição de livros, jornais, revistas e periódicos, prevista no artigo 150, VI, “d”, da Constituição Federal é ampla e estende-se à veiculação e divulgação do material de propaganda e publicidade, desde que se trate de publicidade compreendida na própria editoração e paginação da revista ou do jornal, que se encontra lado a lado com os demais textos.
A exceção disso seria, naqueles casos onde o material físico anexo corresponde a um complemento de informação do editorial principal, como é o caso do manual de montagem de determinado item onde cada peça é vendida junto a um fascículo único.
Dito isso, sendo o folder um elemento que não guarda correlação informativa com nenhum dado da revista “A Pastorinha”, se tratando de um material publicitário à parte, entendo que nesse caso deva ocorrer a tributação, pois ao fim do dia, o bem da vida tutelado pela imunidade é a informação, e não a propaganda. 
5.	Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer que livros e periódicos eletrônicos (“e-books”), bem como o material utilizado para sua comportá-los (“e-book readers”) são imunes com fundamento neste dispositivo? E os Tablets? (Vide anexos XII e XIII e considere para sua resposta, os fundamentos utilizados pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676)
Com apoio nas premissas já adotadas na questão acima, me parece que a imunidade em questão é objetiva e se apresenta como verdadeiro limite objetivo de competência – i.e., possui como escopo a delimitação de competência para se legislar a tributação, visando a tutela de interesses maiores do que aqueles dispostos pelo tracejo limite objetivo. Como é comum da espécie, os princípios-limites não são ensimesmados.
Dessa forma, a imunidade em questão não se encerra na dicção literal do dispositivo, permitindo (e é salutar que assim ocorra) interpretação ampliativa, com fins de salvaguardar os valores axiológicos que servem como vetores de otimização para aquele limite, como é o caso da liberdade de imprensa, direito à informação (dignidade a pessoa humana), liberdade de pensamento e expressão. 
Com efeito, em sendo os princípios normas que são construídas através de processos históricos, é natural se perceber dois fatores de infirmação: i) os princípios são expostos em linguagem porosa e, justamente porque estão sujeitos à leitura e releitura de sua significação através do tempo e nos contornos sociais apresentados. Não se tratam de normas estanques; ii) a alteração brusca de contexto social legitima a reinterpretação de determinada norma jurídica redigida anteriormente. O direito é um instrumento de controle social, e por isso, somente é capaz de cumprir o seu papel quando o próprio direito transcende o apego linguístico e encara a lide com foco no cerne do conflito social levado ao exame. 
Nessa inteligência, o dispositivo citado, fala objetivamente em livros, periódicos e papel utilizado à sua impressão. Importante notar que “papel” é o único insumo expressamente designado no texto, restando “livro” e periódico” como signos pendentes de maiores definições concretas, razão pela qual entendo que tais elementos (livros e periódicos) comportam interpretação extensiva, abrangendo toda forma de publicação aos quais os mesmos encontram-se veiculados, pois neste caso, o exercício de interpretação estaria se dando nos exatos limites lógico-semânticos do texto constitucional, aplicando a ponderação como técnica de otimização dos sobreprincípios, aos quais alçam condição privilegiada dentro do sistema jurídico. 
Diante dessa ideia, entendo que os ebooks e os e-readers são imunes à tributação, pois tem como escopo único de cumprir a função desempenhadapelos livros físicos de outrora, e além disso, privilegia o atendimento dos interesses ambientais constitucionalmente previstos como direitos difusos. 
Já sobre os tablets entendo que deva ocorrer tributação, pois ainda que o mesmo apresente função acessória de servir como e-reader, suas funcionalidades são maiores que isso, performando muito mais como um computador portátil do que como um livro digital.
6.	No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins lucrativos, o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua aplicação ou ainda é necessária a comprovação do caráter assistencial e filantrópico previsto no art. 203 da CF/88? É possível que lei ordinária garanta sua aplicação? (Vide anexo XIV).
Em primeiro, é necessário se destacar que o caso trazido à questão diz respeito à imunidade condicionada, de modo que cabe à lei complementar regulamentar os requisitos necessários para reclamação de incidência da norma imunizante, conforme prescrito no art. 142,II da CF.
Por sua vez, o legislador ao recepcionar o CTN como diploma válido no atual sistema constitucional, acabou por impor no ordenamento os requisitos necessários para o gozo da imunidade, sendo aqueles descritos no art. 14 do CTN, sendo essas, segundo BARROS “as únicas exigências para o enquadramento no preceito imunizante, não podendo o legislador ou mesmo o intérprete, por meio da simples lei ordinária, modifica-las”. Os requisitos necessários para tanto, são: inexistência de distribuição de lucros; aplicação integral dos recursos no país; escrituração de receitas e despesas. 
Outrossim, é importante se destacar que o art. 203 da Constituição Federal inaugura a sessão de Assistência Social, constante do capítulo da Ordem Social. Tratam-se disposições feitas pelo Constituinte Originário dirigidas ao Estado para promoção das ações relativas às políticas publicas tida por importantes pelo legislador. O escopo de tal dispositivo em nada se comunica com o preceito imunizante.
 Segundo CLÉSIO CHIESA, o objetivo do legislador no art. 150, VI “c” do CTN da Constituição não foi o de conferir a um determinado tipo de pessoa certos benefícios, mas a qualquer pessoa sem fins lucrativos. E ainda, prossegue: “parece que a exegese que melhor se harmoniza com o desiderato pretendido com a concessão dos benefícios previstos no art. 150, VI, “c” da Constituiçao, é o de motivar as pessoas constituírem pessoas jurídicas com a finalidade de auxiliar o estado em seu fim institucional, principalmente aos menos favorecidos. 
Nessa sorte, ao que tudo parece, o art. 203 da CF ainda que mencione algumas áreas onde a assistência social se dá, tal disposição não é taxativa. Somente à exemplo, não está previsto no art. 203 nada relativo aos hospitais de especialidades médicas especiais, como oftalmológicos, ortopédicos, dentre outros. Que, apesar de não previstos, podem vir a prestar importantes serviços à Ordem Social na dedicação à saúde, quando desempenharem atividades sem fins lucrativos.
7.	Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da expressão “normas gerais de direito tributário”, diferenciando lei complementar nacional e lei complementar federal.
Sob a perspectiva da corrente dicotômica, ao se verificar o art. 146 da Constituição Federal, pode-se visualizar uma função específica para a lei complementar, qual seja – estabelecer normas gerais de direito tributário. Estas normas gerais, assim, teriam a finalidade de dispor sobre o conflito de competência ou regular limitações ao poder de tributar.
Para essa teoria, o enunciado do art. 146 da CF, não pode ser interpretado de forma isolada. Com base no princípio federativo e da autonomia dos municípios, a forma do exercício da competência tributária dos entes tributantes não ser tolhidas pelo legislador complementar, podendo, a referida espécie, ser utilizada apenas com os objetivos de dispor sobre conflitos ou regular limitações.
Já a corrente tricotômica defende a ideia de que a lei complementar no art. 146 da Constituição Federal tem tríplice função de dispor sobre conflitos de competência entre as pessoas políticas em material tributária, regular limitações constitucionais ao poder de tributar e estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária. 
Além disso, cabe o registro de que a Lei Complementar, além dessas funções típicas, ainda desempenha outra função (atípica), determinada pelo próprio desenho constitucional, representada pelo próprio exercício da competência tributária federal, para que, atipicamente, o Congresso Nacional possa instituir certos tributos, desde que limite concentrado da pacificação do conflito de competência.
Assim, o Congresso Nacional, como órgão legislativo exerce um papel dúplice: ao mesmo tempo em que ele atua como legislador federal, enquanto representante da União Federal, atua também atua como legislador nacional, quanto representante federal.
Assim sendo, exercendo a lei complementar a sua função atípica – como norma instituidora da REMIT – a lei complementar exercerá exatamente a mesma função da lei ordinária, pois seu campo de ingerência está circunscrito apenas em relação ao ente tributante União Federal e aos sujeitos passivos por ela introduzidos.
Isso posto, cumpre concluir que a diferença entre a lei nacional e a lei federal, está no fato de que uma nacional lei federal que obriga a todos em todo o território nacional. Quando a lei federal tem abrangencia apenas no sentido de obrigar a União.
 
8. O art. 146, inciso III, da CF, autoriza a lei complementar a definir os fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos já discriminados na Constituição? Isso não violaria o princípio da autonomia das pessoas políticas? Considerar as recentes decisões proferidas pelos Ministros do STF no RE 566.622 e ADI´s 2028, 2036, 2228 e 2621.
Como já exposto acima, no que diz respeito à tributação, a Constituição Federal, além de ter apresentado normas que conferem referência objetiva quanto à materialidade dos tributos, também cuidou de impor limites a tal atividade, criando padrão referencial para edição de tais normas, o que vem a ser denominado por normas gerais de direito tributário, conforme exposto no art. 146, em seus incisos e alíneas, da CF.
Em que pese a ambiguidade do termo “normas gerais”, o que se experimenta na realidade imposta pelo legislador ao alça-la na condição de lei complementar é a circunscrição de três limites contextuais a tal signo, quais sejam: i) respeito ao princípio federativo; ii) o estabelecimento da devida rigidez ao regime de repartição de competências (o que privilegia o princípio da isonomia das pessoas constitucionais); iii) à reboque, diante do regime necessário para promulgação, posiciona tais normas gerais em patamar hierárquico superior à legislação ordinária. 
Expostas tais premissas, e se atendo ao núcleo da questão, o que se verifica é que, em qualquer dos feixes de significação possível do termo, o que resta bem definido é que normas gerais de direito tributário, são aquelas que, dentro do sistema constitucional, garantem à tributação a paridade e a segurança esperada do regime federativo, de modo a não permitir um cenário de anarquia dos Entes aos primados constitucionais regentes na espécie, bem como, buscou assegurar que eventuais intervenções ocorressem sempre dentro de um limite concentrado – como se existisse verdadeira força centrípeta animada pelo texto constitucional, onde o regime de competências tributárias é parte importantíssima para sustentação do pacto federativo.
Isto posto, segundo BARROS, a melhor interpretação que pode ser dada ao termo “normas gerais de direito tributário” é que “são aquelas que dispõem sobre conflitos de competência entre as entidades tributantes e também aquelas que regulam as limitações constitucionais ao poder de tributar”. Eis a força centrípeta acima afirmada: a competência. 
Dito isso, entendo que seja possível, ainda que caráterexcepciona, que a lei complementar venha a alterar o fato gerador e base de cálculo de determinado imposto, desde que o faça para estancar a problemática existente quanto ao conflito de competências, sem que isso signifique afetação ao regime de autonomia das pessoas políticas, que dado ao regime federativo – que opera juridicamente como princípio - , tal autonomia não se opera de maneira irrestrita, estando sempre limitada por um mínimo de racionalidade que legitima a concretude da certeza do Direito.
 
Aluno: Luiz Arthur Medeiros Miguel

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