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Thais Alves Fagundes ESTENOSE AÓRTICA Valvopatia mais frequente em países desenvolvidos. 3ª causa de DCV, depois de HAS e DAC (Europa e EUA). Prevalência de 2-7% na população acima de 65 anos. Até 18% dos idosos 80 anos (principal causa de estenose aórtica é a calcificação no envelhecimento). Valva aórtica normal possui três cúspides e abre-se na sístole ventricular e o sangue é ejetado pela válvula aórtica para a circulação sistêmica pelo ventrículo esquerdo. Na estenose aórtica, há uma obstrução da válvula dificultando a saída do sangue para a aorta – obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo. Estenose aórtica pode ocorrer na válvula, após a válvula – coarctação da aorta –, ou antes da válvula – estenose subvalvar. ETIOLOGIA: Abaixo de 70 anos: o Bicúspide: má formação congênita, com degeneração e calcificação (envelhece precocemente). o Inflamatória: doença reumática, com calcificação nas bordas da lacínea/folheto. Dupla lesão aórtica, estenose com insuficiência. Acima de 70 anos: o Degenerativo: calcificação senil degenerativa, com calcificação na base da lacínea/folheto. Não há insuficiência, valva se fecha normalmente. o Bicúspide: má formação congênita, com degeneração e calcificação na base da lacínea/folheto. o Inflamatória. PROGRESSÃO Fatores de risco para estenose: Genética, idade e gênero masculino. Morfologia valvar. Dislipidemia, diabetes, HAS, tabagismo e insuficiência renal. Aumento de fosfato. Esclerose aórtica causada por: disfunção endotelial e inflamação. Estresse mecânico. Inflamação (semelhante à doença aterosclerótica). Infiltração lipídica (tratamento com estatina não foi comprovado por estudos). Diferenciação de miofibroblastos. Progressão causada por: calcificação Estresse oxidativo. Aumento da angiotensina II. Pró-calcificação. Thais Alves Fagundes Obstrução causada por: calcificação Nódulos de hidroxiapatita. Cartilagem. Formação óssea. FISIOPATOLOGIA Obstrução da via de saída do VE (sobrecarga de pressão): o Pressão do VE MVO2 miocárdio – consumo de oxigênio, aumentado devido ao maior trabalho do VE. o Massa do VE – hipertrofia ventricular concêntrica MVO2 miocárdio – consumo de oxigênio, aumentado devido a maior massa do VE. Hipertrofia concêntrica: hipertrofia para dentro, sarcômeros multiplicam em paralelo, para produzir maior força de contração. o TE do VE – tempo de ejeção Tempo da sístole ventricular prolongado, necessário para ejeção do sangue pela saída do ventrículo que está obstruída. MVO2 miocárdio Tempo diastólico, pelo prolongamento da sístole. o Coronárias recebem o sangue na diástole. o Reduz a oferta de oxigênio para o miocárdio. o Oferta O2 para o miocárdio o PD2 do VE – pressão diastólica final Hipertrofia ventricular reduz o espaço da cavidade. Aumentando a pressão diastólica final / pré-carga. o Oferta O2 para o miocárdio o Pressão aorta síncope Menos fluxo chegando à aorta. Reduz fluxo disponível para perfusão cerebral. o Oferta O2 para o miocárdio. o Isquemia miocárdica dor precordial / angina pectoris. Causada por MVO2 miocárdio e Oferta O2 para o miocárdio. Desequilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio. o Falência do VE / Insuficiência cardíaca dispneia (ortopneia, dispneia aos esforços, paroxística noturna). Manifestações clínicas: angina, dispneia e síncope. Thais Alves Fagundes EXAME FÍSICO Inspeção: Ictus: o Normoposicionado (5º espaço intercostal na linha hemiclavicular). o Ictus lateralizado e rebaixado, quando há insuficiência cardíaca com dilatação do coração. Pulsos: o Na estenose os pulsos arteriais estão normais. o Na estenose aórtica grave, há pouco sangue sendo ejetado na aorta. Amplitude do pulso aórtico reduzida. Duração do pulso aórtico aumentada – prolongamento da sístole. Pulso parvus et tardus. Jugular: o Normal. o Turgência jugular, quando há insuficiência cardíaca. Ausculta: o Em geral, RCR. o Estalido protossistólico: Comum na estenose aórtica valvar por valva bicúspide. Som de alta frequência – diafragma. o Sopro aórtico: Ocorre na estenose aórtica das demais etiológicas. Som de alta frequência – diafragma. Padrão de diamante: padrão crescendo e decrescendo. Sopro mesossistólico, ocorrendo entre a 1ª e a 2ª bulha. o B4: Melhor auscultada no ápice do coração. Som de baixa frequência – campânula. Representada a contração atrial vigorosa, contra o ventrículo esquerdo de complacência diminuída devido à hipertrofia ventricular. EXAMES COMPLEMENTARES ECG o Critérios de sobrecarga ventricular esquerda. Índice de Sokolow-Lyon. o Critérios de sobrecarga atrial esquerda. Por hipertrofia do VE. ECO o Define se a válvula aórtica é tricúspide ou bicúspide. o Define o tamanho da abertura da válvula aórtica (normal entre 2 a 4 cm2). o Diferença de pressão entre aorta e o ventrículo esquerdo. Diferença de pressão normalmente é 0. Quando o VE bombeia, essa pressão passa para 120. Como a válvula aórtica se abre, a pressão é transmitida a ela, que passa ter pressão de 120. o Informa fração de ejeção do ventrículo esquerdo (normal 54%). o Informa sobre o diâmetro ventricular, se o coração está dilatado ou não. o Informa sobre a espessura do ventrículo esquerdo, se há hipertrofia ou não. RX tórax o Área cardíaca aumentada. Thais Alves Fagundes o Congestão pulmonar na presença de insuficiência cardíaca. o Calcificação de valva aórtica. Estudo hemodinâmico / Cateterismo / Cineangiocoronariografia: o Ao determinar a troca valvar como tratamento, é necessário realizar o cateterismo / revascularização do miocárdio. CLASSIFICAÇÃO Dada pelo ecocardiograma transtorácico. Área valvar: corresponde a abertura da valvula, que normalmente está entre 2 a 4 cm2. Gradiente médio: diferença de pressão entre ventrículo esquerdo e aorta, que normalmente é 0. Velocidade de jato: velocidade do fluxo pela válvula aórtica. TRATAMENTO Estenose aórtica é uma calcificação, processo do envelhecimento, não havendo tratamento para evitar a progressão da doença. Realizando o tratamento dos sintomas e dos fatores de risco. Paciente assintomático: MEV o Dislipidemia o Diabetes o Tabagismo o Hipertensão arterial Paciente sintomático: angina, dispneia e síncope. o Troca valvar: prótese biológica ou mecânica. Cirurgia aberta. Biológica: menor durabilidade e necessidade de troca a cada 7-10 anos. Não provoca trombose do sangue sobre ela, não exigindo tratamento anticoagulante mais recomendado para idosos. Mecânica: maior durabilidade. Risco de fazer trombose de prótese, exigindo tratamento anticoagulante (varfarina), com risco de sangramento mais recomendado para jovens. o Implante transcutâneo da válvula aórtica – TAVI Paciente de alto risco cirúrgico. o Valvuloplastia com balão (medida heroica). Balão para dilatação da válvula. Medida emergencial, para posterior tratamento definitivo. HISTÓRIA NATURAL Portador de estenose apresenta pior prognóstico com significativo aumento da mortalidade, na medida em que aparecem os sintomas, devendo ser encaminhado para tratamento cirúrgico quando sintomático. Sintomas de insuficiência cardíaca – dispneia – metade dos pacientes morrem em 2 anos (pior prognóstico). Sintomas de síncope metade dos pacientes morrem em 3 anos. Sintomas de isquemia – angina – metade dos pacientes morrem em 5 anos (melhor prognóstico). Thais Alves Fagundes Pacientes assintomáticos com estenose aórtica grave possuem baixo risco de morte e devem ser acompanhados até o início dos sintomas. o Teste ergométrico para verificar se está realmente assintomático. o Teste ergométrico normal: ausência de sintomas, pressão sistólicaeleva e diastólica mantém. o Teste ergométrico alterado: presença de sintomas, pressão sistólica diminui (hipotensão). Queda na sobrevida. Tratamento cirúrgico. Redução do gradiente de pressão após TAVI: Pressão no VE = 220 Pressão na aorta = 120 Gradiente = 100mmHg Colocou uma TAVI e o gradiente está próximo de 0. ABORDAGEM DO PACIENTE COM ESTENOSE AÓRTICA GRAVE Estenose aórtica grave: o Velocidade de jato aórtico > 4 o Gradiente médio de pressão > 40 o Área valvar < 1 Estenose aórtica grave com sintomas: o Tratamento cirúrgico ou TAVI o Alto risco cirúrgico (idoso frágil e com comorbidades): tratamento clínico. Estenose aórtica grave sem sintomas: o Fração de ejeção reduzida < 50% (VE entrando em falência): Tratamento cirúrgico ou TAVI o Fração de ejeção preservada > 50% Teste ergométrico alterado: síncope, queda da pressão arterial. o Tratamento cirúrgico ou TAVI Teste ergométrico normal o Tratamento clínico
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