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Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA Icterícia Neonatal O metabolismo da bilirrubina • Bilirrubina é o produto final da degradação da hemoglobina nos eritrócitos (decomposição do grupo M) • M -> biliverdina -> bilirrubina • A bilirrubina se liga à albumina no plasma, para que seja solúvel e possa ser transportada. Ela é o que chamamos de bilirrubina não conjugada ou bilirrubina indireta (BI) • O hepatócito promove a captação dessa bilirrubina, faz a conjugação (converte em bilirrubina conjugada ou bilirrubina direta (BD) pela glucoronil-transferase, deixando-a hidrossolúvel) e por fim realiza a excreção pela bile. • A bile é então metabolizada por bactérias no intestino, formando urobilinogenio e estercobilina (excretados e reabsorvidos) • O valor normal de bilirrubina total é de 0,2 a 1 mg/dL • O valor normal de BD no sangue é de 0,1 a 0,3 mg/dL • O valor normal de BI no sangue é de 0,2 a 0,2 mg/dL Fisiopatologia • A icterícia é um quadro clínico caracterizado pela coloração amarelada da pele, mucosas, esclerótica e fluidos corporais decorrentes da hiperbilirrubinemia (aumento da bilirrubina no sangue, direta ou indireta) ▪ Ela é detectável quando os níveis estão maiores que 2,5 mg/dl (manifestando primeiramente nas escleras geralmente) ▪ Quando atinge 5 mg/dL costuma atingir a pele • Pode ser pelo aumento da produção, ou diminuição da depuração ▪ Aumento de BI: aumento da produção, captação e conjugação ▪ Aumendo de BD: redução da excreção (lesão hepatocelular ou obstrução hepática (intra ou extra) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA Diagnóstico Anamnese e exame físico • Dica: foca na pele amarela ▪ Dor abdominal ▪ Icterícia ▪ Colúria ▪ Acolia fecal ▪ Fadiga ▪ Náuseas e vomitos ▪ Prurido ▪ Anorexia • Pesquisar consumo de álcool e uso de medicações • Sinal de couvousier-terrier: vesícula palpável (obstrução maligna) • Dor em HD, vomito, colúria, acolia: coledocolitíase • Tudo acima com hipotensão e alteração do estado mental: colangite Solicitar exames complementares • bilirrubina total e frações • Transaminases ▪ AST (TGO) ▪ ALT (TGP): mais específica do fígado • Enzimas canaliculares: ▪ fosfatase alcalina (FA): hepatócitos e canalículos biliares ▪ gama glutamil-transferase (Gama-GT): confirma lesão hepatobiliar • Função hepática ▪ Albumina ▪ tempo de protrombina (TP) • Hemograma e reticulócitos (se ultimo está aumentado, indica hemólise) OBS: Aumento da BI e diminuição de hemoglobina: hemólise (síndrome hemolítica) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA • Exames de imagem ▪ Suspeitas de obstruções (coledocolitíase, neoplasia de cabeça de pâncreas, colangiocarcinoma, neoplasias periampulares ou de vesícula) ▪ Geralmente se pede USG ▪ A TC confere melhor resolução, mas é preconizada q seja utilizada em pacientes com baixa probabilidade de obstrução por calculo (bile tem densidade semelhante ao contraste) ▪ Suspeita de coledocolitíase: CPRE, que é um exame diagnóstico e terapêutico ▪ Se o exame está normal, pode ser intra-hepático: excluir hepatite viral (A principalmente), cirrose biliar primária, gravidez, leptospirose) Interpretação dos exames • Aumento de transaminases ▪ indica lesão hepática (8 a 10 vezes aumentado) ▪ na doença crônica pode não estar tão aumentada ▪ se normais, sugerem que não é lesão hepato-colestática ▪ AST/ALT > 2, ou seja, AST muito maior que ALT, com história de alcoolismo, sugere hepatite alcoólica. Pesquisar medicação e doença de Wilson ou febre amarela • Problema na função hepática ▪ Albumina diminuída ▪ Aumento da TP ▪ Sugerem hipofunção hepática • Enzimas canaliculares ▪ Aumento da FA e gama GT indica lesão hepato-colestática • Solicitar sorologia para hepatites virias Genética • Desordens hereditárias associadas ao aumento isolado da bilirrubina não-conjugada ▪ Síndrome de Gilbert: mais comum ▪ Síndrome de Crigler-Najjar • Desordens hereditárias associadas à hiperbilirrubinemia direta Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA ▪ Síndrome de Rotor ▪ Síndrome de Dubin-johnson A icterícia nos RN • Acontece em 60% dos RN a termo e 80% dos prematuros tardios, na primeira semana de vida • Pode permanecer por 30 dias ou mais em 10% dos bebês em aleitamento materno • Geralmente é uma adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina (é fisiológica) ▪ Secundário a um atraso de maturação do trato ▪ Geralmente melhora no final da primeira semana e após 2 semanas, já não é mais fisiológica • As vezes um processo patológico, podendo gerar encefalopatia bilirrubínica aguda, ou Kernicterus (letargia, hipotonia e sucção débil nos primeiros dias) • Hiperbilirrubinemia significante: níveis séricos de BT > 17mg/d ▪ Associada à oferta láctea inadequada, perda elevada de peso e desidratação, decorrente da alta antes das 48h de vida e falta do retorno após alta • Hiperbilirrubinemia grave: BT > 25 mg/dL • Hiperbilirrubinemia extrema: BT > 30mg/dL • Icterícia antes de 24-36 horas de vida, ou valores BT >12mg/d independentemente da idade, alerta para processo patológico Investigando a hiperbilirrubinemia indireta em RN Principais causas • Doenças hemolíticas (hereditárias e adquiridas) ▪ Incompatibilidade Rh (antígeno D), ABO, enzimática, hemoglobinopatia (alfa-talassemia) • Coleções extravasculares: cefalohematoma, hematoma, equimoses e hemorragias • Policitemia: aumento descontrolado de proliferação de hemácias (acho que é um câncer mieloproliferativo) • Circulação entero-hepática aumentada de bilirrubina (anomalias, jejum) • Deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina: hipotireoidismo, gilber, crigler najjar e síndrome da icterícia pelo leite materno ▪ Síndrome ictérica do aleitamento materno: bebes saudáveis, raramente excedem 12 mg/dL, e ocorre devido à componentes do leite materno. Investigação etiológica Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA • Se dá pelo quadro clínico e exames realizados rotineiramente em bancos de sangue e laboratório • Síndrome da icterícia do leite materno ▪ Persiste por semanas, podendo ser meses ▪ Bom estado geral do RN, ganho de peso adequado OBS: Todo RN ictérico ao nível ou abaixo do umbigo deve ter dosagem de bilirrubina sérica (a progressão é céfalo-caudal). Avaliar zonas de krammer (acima) Fatores de risco • Icterícia nas primeiras 36 horas de vida • Incompatibilidade materno- fetal (Rh, ABO) • IG de 35 e 36 semanas • Aleitamento exclusivo com perda de peso (7% em relação ao peso de nascimento) • Irmão com icterícia neonatal • Céfalo-hematoma • Mae diabética • BT na zona de alto risco (> percentil 95) Analise neonatal • Avaliar fatores epidemiológicos • Examinar RN a cada 8h • Determinar BT e risco de HiperB significante • Após 36h de vida, se atingir nível do umbigo ou mais: considerar fototerapia (para BT > percentil 95), observar internado Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA Conduta terapêutica • Maioria é controloda pela fototerapia ▪ Considera-se a dosagem periódica de BT ▪ IG e idade pós-natal ▪ Lesão bilirrubínica neuronal ▪ Geralmente no alojamento conjunto, junto a mãe • Pode ter indicação de exsanguíneotransfusão (doença hemolítica grave) Icterícia por aumento da bilirrubina direta • Relacionada à estados patológicos • Traduz diminuição da secreção biliar por causa hepatocelular ou colestática • Colestase: estado patológico que cursa com redução da secreção biliar (alteraçõs anatômicas ou funcionais) • Síndrome de rotore Dubin-johnson não são quadro colestático (hiperbilirrubinemia direta isolada) • Pode atrasar o diagnóstico e ter consequências OBS: TODO RN ou lactente com BD > 1 mg/dL (normal é 0,1 a 0,3) merece investigação diagnóstica Quadro • Acolia fecal, colúria, xantomas (pelo acúmulo de colesterol) e prurido • Alterações laboratoriais Colestase neonatal • Viu colúria, é BD, pois BI é acoplada à albumina, que não é filtrada pelos glomérulos Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 RODÍZIO: INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA
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