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@JUPDIREITO_ D I R E I T O D A S O B R I G A Ç Õ E S Direito das obrigações: conjunto de normas jurídicas que regulam as obrigações. Para regulamentar as obrigações é necessário que haja um direito econômico envolvido, logo, os direitos da personalidade, por exemplo, não podem ser envolvidos nesse vínculo obrigacional. Obrigação: é o vínculo jurídico entre duas pessoas (naturais ou jurídicas), no qual uma delas possui o dever de realizar uma prestação em relação à outra, essa prestação pode ser de dar, de fazer ou de não fazer. - A obrigação possui 2 sujeitos, o sujeito passivo (devedor) e o sujeito ativo (credor), mas isso não significa que não há mais pessoas envolvidas na obrigação, os sujeitos são como os “lados” existentes. O devedor é aquele que precisa realizar a prestação (mesmo que contra sua vontade) e o credor é aquele que irá receber ela. * o objeto da obrigação é a prestação. * Elementos fundamentais da obrigação: - Elemento subjetivo ou pessoal: credor e devedor. Há uma subdivisão, pois os sujeitos podem ser determinados ou indeterminados, exemplo: A deve 5 mil para B = os dois sujeitos são determinados. Agora, A está sorteando por meio de rifas um celular, apenas o sujeito passivo (devedor) é determinado, quem ganhará o sorteio e se tornará o sujeito ativo da obrigação, ainda é indeterminado. - Elemento objetivo ou material: prestação. O que é a prestação? É a atividade de o devedor satisfazer o crédito do credor. Essa prestação pode ser: a) Positiva: exige uma ação do devedor, ou seja, ele tem que dar ou fazer algo. b) Negativa: exige uma omissão do devedor, ou seja, o devedor deve não fazer algo. c) Direta ou imediata: é a própria prestação em si, é o fazer, ou o não fazer ou o dar. d) Indireta ou mediata: é o bem, a coisa. Ex: um carro, o boi.. O objeto da prestação precisa estar dentro dos requisitos do art. 104 do CC. : ele precisa ser lícito, possível, determinado ou determinável. - Elemento imaterial ou ideal: vínculo jurídico entre o credor e o devedor. Esse vínculo jurídico é composto por: o próprio débito + obrigação de satisfazer o débito = vínculo obrigacional. Fonte das obrigações: - Fonte imediata ou primária - Lei: é considerada fonte comum entre todas as obrigações, é a fonte primária. - Fonte mediata - derivam da lei, ou seja, eles não surgem a partir da lei, mas dependem dela para existir. As fontes mediatas podem ser: a) Ato jurídico em sentido estrito: ato humano que gera consequências jurídicas previstas na lei, as consequências não dependem da vontade das partes, estão na lei. Ex: achar algo de outra pessoa, na lei você possui a obrigação de devolver (obrigação de dar). b) Negócios jurídicos: possui intenção de negócio, depende da vontade das partes. Eles podem ser: Contratos (ex: compra e venda, depósito, comodato..) ou Atos unilaterais da vontade (ex: promessa de recompensa). c) Ato ilícito: atos que violam o direito de uma pessoa e acabam gerando uma obrigação. Espécies de obrigação: - Obrigação de dar: Art. 233 a 246 do CC: É uma obrigação positiva, pois exige uma ação do devedor. a) Obrigação de dar coisa certa: o objeto da obrigação é determinado em gênero, quantidade e qualidade. Exemplo: Maria precisa entregar 10 (quantidade) camisas (gênero da espécie da coisa) brancas no tamanho PP e no modelo baby look (qualidade) para Júlia. b) Obrigação de dar coisa incerta: o objeto da obrigação é indeterminado, ou seja, ele é determinável, mas ainda não foi determinado. Normalmente ele é apresentado apenas em gênero e quantidade. Exemplo: João precisa entregar 30 (quantidade) canetas (gênero da espécie da coisa) para Pedro. Falta a qualidade, são canetas de que marca? Que cor? Faltam especificações.. Ps: se a coisa não possuir pelo menos o gênero e quantidade determinados ela não é considerada nem coisa indeterminada, ela é considerada algo indeterminável, invalidando o negócio jurídico. Ainda há outra subdivisão nas obrigações de dar, pois elas podem ser de: a) Entregar: o devedor tem a obrigação de entregar algo para o credor e transferir o domínio dessa propriedade para ele. Exemplo: a venda de um veículo. b) Restituir: o devedor tem a obrigação de devolver algo que já pertencia ao credor, não há transferência de domínio. Exemplo: Luisa empresta o seu computador para Lara apresentar um trabalho, após a apresentação, Lara possui a obrigação de devolver. c) Pagar: o devedor tem a obrigação de pagar uma prestação pecuniária (pagar um valor) para o credor. Exemplo: Tiago deixa o carro parado no estacionamento do aeroporto durante 30 dias, logo, ele tem a obrigação de pagar o valor do estacionamento. Observações sobre a obrigação de dar coisa certa art. 233 CC: - Sempre que houver obrigação de dar coisa certa os acessórios da coisa certa serão entregues também para o credor. Exemplo: João vende uma BMW para Pedro e a câmera de ré que instalou no seu antigo carro também será parte do objeto vendido. A não ser que no contrato com Pedro esteja explícito que João iria tirar a câmera de ré. - Perecimento da coisa (art. 234 CC): houve a perda da coisa certa antes da entrega dela. Exemplo: o carro vendido deu perda total, parou de funcionar. E agora? a) A perda não foi por culpa do devedor à que o devedor não tem responsabilidade, a obrigação se extingue para ambas as partes. b) A perda foi por culpa do devedor à qual o devedor possui responsabilidade, logo, precisa ressarcir e indenizar o credor. - Deterioração da coisa antes da entrega para o credor: houve uma perda parcial da coisa, pois ela foi danificada. Exemplo: o carro vendido sofreu uma colisão leve e teve a placa danificada. E agora? O que acontece? a) A deterioração não foi culpa do devedor (art. 235 CC): o credor pode não aceitar a coisa, extinguindo a obrigação ou aceitar, mas abatendo o valor da deterioração que lhe gerará um prejuízo. b) A deterioração foi culpa do devedor (art. 236 CC): o credor pode não aceitar a coisa e exigir receber o equivalente a ela + perdas e danos ou ele pode aceitar a coisa deteriorada + o valor da depreciação do bem devido à deterioração + perdas e danos. Lembrando que, nos dois casos, o credor possui o direito de receber indenização. - Cômodos: significam vantagens, os melhoramentos que se somaram ao bem antes de sua entrega ao credor. a) Melhoramento: tudo aquilo que atinge a qualidade do bem, aumenta a qualidade. b) Acréscimo: tudo aquilo que aumenta o bem em si. O devedor poderá aumentar o valor ou deverá manter o preço?(art. 237 CC): o devedor pode sim exigir um aumento e caso o credor não aceite pagar, o devedor pode extinguir a obrigação. Sobre os frutos citados no artigo: a) Frutos percebidos: são aqueles que já foram colhidos/separados do bem principal. b) Frutos pendentes: são aqueles que ainda estão ligados ao bem principal. · Assim, até a entrega do bem, todos os frutos colhidos pertencem ao devedor e após a entrega todos os frutos pendentes pertencem ao credor. Exemplo: Rafael vende seu apartamento para Marcos e tira de lá tudo que lhe pertence. Entretanto, uma semana depois que entregou o apartamento para Marcos, Rafael lembra que deixou 1 luminária sua lá, porém, agora já pertence a Marcos. Observações da obrigação de restituir: - Perda da coisa a ser restituída antes de ser devolvida ao credor (art. 238 e 239 CC): a) A perda não foi por culpa do devedor: o credor terá que sofrer com a perda, não há o que fazer e a obrigação é extinta. Exemplo: Otis empresta seu carro para Luca por 10 dias, porém no dia 8, o carro foi roubado dentro da garagem de Luca. Não há culpa de ninguém, Otis terá que arcar com a perda do carro e Luca não terá responsabilidade sobre isso. b) A perda foi por culpa do devedor: o credor possui o direito de receber o valor equivalente ao bem perdido + perdas e danos. Exemplo: Otis empresta seu carro para Luca por 10 dias, porém no dia 8, Lucca bate o carro e ele possui perda total devido à batida. Aqui, Otis tem direito de receber de Luca o valor do seu carro + perdas e danos.- Deterioração da coisa a ser restituída (devolvida), (art. 240 CC): a) Sem culpa do devedor: o credor receberá a coisa deteriorada no estado em que se encontra e o credor não terá direito a indenização, uma vez que não houve culpa do devedor. b) Se houve culpa do devedor: o credor poderá escolher entre receber a coisa deteriorada + perdas e danos ou receber o valor da coisa + perdas e danos. - Cômodo da coisa a ser restituída (art. 241 CC): quando há a melhora da coisa certa a ser devolvida ao credor, sem despesas do devedor, há lucro do credor sem possibilidade de indenização. Caso o devedor tenha tido trabalho ou despesas com o melhoramento da coisa (art. 242 CC), os direitos do devedor são os mesmos do CC quanto às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa ou má fé que estão no art. 1.219 a 1.220 do CC. a) Benfeitorias realizadas pelo devedor de boa-fé: - Se ele realizou benfeitorias necessárias ou úteis ele terá direito a indenização e também de reter o bem enquanto o credor não realizar a indenização. Exemplo de benfeitoria necessária: João alugou o galpão de Pedro durante 1 ano e nesse período reformou as telhas que estavam quebradas. Pedro terá que indenizar João, visto que ele estava com boa-fé e realizou algo necessário para seu galpão. - Se ele realizou benfeitorias voluptuárias que podem ser retiradas da coisa sem estragá-la, o credor pode optar por receber a coisa com a benfeitoria e indenizar o devedor pelo trabalho que ele teve ou permitir que o devedor retire a benfeitoria e receba o bem sem ela. Exemplo: Maria aluga a casa de Ivã e constrói um parquinho para sua filha no quintal que pode facilmente ser retirado dali, sem causar nenhuma danificação. - Se a benfeitoria voluptuária não puder ser retirada do bem sem estragá-lo, o devedor não poderá retirar a benfeitoria e nem tampouco receber indenização. Exemplo: Maria contrata um artista para fazer uma arte na parede da casa alugada. b) Benfeitorias realizadas pelo devedor de má-fé: - Se forem benfeitorias necessárias o devedor terá direito a indenização, mas não a retenção do bem caso não indenizado. Exemplo: João aluga o galpão de Pedro por 1 ano, mas após o segundo mês ele para de pagar o aluguel. Pedro notifica João para que ele desocupe o galpão e mesmo assim, o devedor não desocupa (aqui ele passa a ser um devedor de má-fé). Ocupando o espaço já como devedor de má-fé, João é obrigado a trocar a caixa d’água do galpão, pois ela quebra. Pedro terá que indenizar o locatário pelo valor da caixa de água, mas João não poderá reter o galpão enquanto não receber o valor gasto. - Se forem benfeitorias úteis o devedor também não terá direito a indenização. Exemplo: João, após se tornar um devedor de má-fé resolve modernizar o banheiro do galpão. Ele não terá direito a indenização por essa modernização, mesmo que seja útil para Pedro. - Se forem benfeitorias voluptuárias o devedor não terá direito a retirar as benfeitorias e nem indenização. Exemplo: João já sendo um devedor de má-fé resolve colocar uma piscina no jardim, porém ele não terá direito de ser indenizado e nem de tirar a piscina. Observações sobre a obrigação de dar coisa incerta art. 243 CC: - Art. 244 CC: a escolha da coisa incerta pertence ao devedor, ele não é obrigado a entregar o melhor, mas também não pode entregar o pior (critério da qualidade média). É chamado de concentração o ato de escolher o que vai ser entregue ao credor, o ato de individualizar a coisa a ser entregue. - Art. 245 CC: Após a concentração, o devedor deve cientificar o credor sobre sua escolha e apenas após essa conversa a obrigação de dar coisa incerta passa a ser uma obrigação de dar coisa certa, assim, começa a ser regida pelos artigos de dar coisa certa. - Art. 246 CC: na obrigação de dar coisa incerta não cabe perda ou deterioração da coisa, uma vez que ela ainda não estava determinada. Após a escolha da coisa (começa a ser uma obrigação de dar coisa certa), cabe a perda ou deterioração. - Obrigação de fazer e obrigação de não fazer: art. 247 ao art. 251 CC: Obrigação de fazer: É uma obrigação positiva em que uma das partes possui a obrigação de realizar um serviço em relação à outra pessoa. ° Qual a diferença entre a obrigação de dar e a de fazer? Na obrigação de fazer o devedor precisa fazer algo, realizar o serviço para depois entregar a coisa. Outra diferença é que na obrigação de dar o que importa é a coisa, o objeto e na obrigação de fazer o que importa é o serviço e quem irá realizar. Exemplo: a relação do fotógrafo com o cliente, ele primeiro precisa tirar as fotos para depois entregá-las. a) Obrigação de fazer personalíssima (infungível) art. 247 CC: é aquela que somente o devedor pode realizar, ele precisa realizar pessoalmente o serviço. Exemplo: um famoso que foi contratado para um show. Ocorre em 2 situações: 1- Quando estiver expresso no negócio jurídico que o devedor deverá prestar o serviço pessoalmente. 2- Quando as qualidades pessoais do devedor forem expressamente relevantes para a obrigação. Ex: cantores, pintores, artistas, etc. *E se o devedor se recusa a realizar a obrigação personalíssima após o negócio jurídico já feito?Ele terá que indenizar o credor por perdas e danos. b) Obrigação de fazer impessoal (fungível): é aquela que pode ser realizada por terceiros, pois os dados pessoais do devedor não são relevantes. Exemplo: contratação de uma empresa para dedetizar, quem irá de fato dedetizar não importa. c) Obrigação de fazer em emitir declaração de vontade é aquela que o devedor, por meio de um contrato prévio, se obriga a fazer uma declaração de vontade. Exemplo: o vendedor do imóvel se obriga a transferir ele por meio de escritura pública. Observações sobre a obrigação de fazer: - Art. 248 CC: se a obrigação de fazer se tornar impossível de ser realizada: a) Se ela se tornou impossível sem culpa do devedor: a obrigação irá se extinguir. Exemplo: João (pianista) ficou de ir fazer um recital no dia 20, porém, dia 19 ele sofre um acidente e precisa ficar internado, não conseguindo realizar a obrigação, ela se tornou impossível sem culpa de João. b) Se ela se tornou impossível por culpa do devedor: ele responderá por perdas e danos. Exemplo: João (pianista) ficou de ir fazer um recital no dia 20, porém, antes do recital ele se embriagou e não conseguiu realizar a obrigação. Nesse caso, a impossibilidade foi culpa de João, assim, ele terá que responder por perdas e danos. - Art. 249 CC: se o devedor de uma obrigação de fazer impessoal se recusar ou atrasar no cumprimento da obrigação: o credor pode recorrer ao juiz que um terceiro cumpra a obrigação à custa do devedor. Exemplo: Pedro contrata a empresa A para instalar uma churrasqueira em sua casa, mas depois de tudo contratado e combinado a empresa se recusa a instalar. Pedro pode recorrer ao juiz para que a empresa B instale a churrasqueira em sua casa, mas a custa da empresa A. - Parágrafo único do art. 249 CC: se a obrigação for urgente e o devedor se recusar a realizar a obrigação, o credor pode executar ou mandar executar sem a autorização do juiz e depois ser ressarcido. Exemplo: se Pedro ao invés de uma churrasqueira estivesse precisando da instalação da caixa d’água da sua casa. Obrigação de não fazer: É uma obrigação negativa, pois o devedor é obrigado a não realizar algo. a) Obrigação de não fazer/ abster: não fazer. Exemplo: a obrigação do empregado de não fornecer dados da empresa. b) Obrigação de não fazer/ tolerar: permissão. Exemplo: o dono do imóvel permite a passagem de fios elétricos públicos pelo seu terreno. Observações da obrigação de não fazer: - Art. 250 CC: obrigação de não fazer impossível: se após se comprometer a não fazer algo a obrigação se tornar impossível por fortuito ou força maior (sem culpa do devedor), a relação obrigacional irá se extinguir. Exemplo: Leo compra um terreno perto do rio A que possuía em seu lado do terreno um píer para pesca. Ao comprar o terreno ele se comprometeu com os pescadores a não retirar esse píer, entretanto depoisde 1 ano sendo dono do terreno ocorre uma forte chuva que acaba derrubando o píer, que foi levado pela correnteza. Léo não teve culpa, mas a obrigação de não retirar o píer se tornou impossível. - Art. 251 CC: e se o devedor fizer aquilo que se comprometeu a não fazer? O credor possui o direito de pedir judicialmente que o devedor desfaça o ato e se não houver como desfazer, o devedor pode responder por perdas e danos. Exemplo: Júlia compra uma casa em um condomínio e a passagem para o campo de futebol é em seu terreno, mas ao comprar a casa ela se compromete a não fechar a passagem. Entretanto, ao longo do tempo ela vai se irritando e coloca uma cerca, impossibilitando a passagem. Os moradores podem recorrer judicialmente para que ela retire a cerca. - Parágrafo único do art. 251 CC: e se for urgente? O credor pode, sem a autorização judicial, desfazer o ato e ainda possui o direito de requerer do devedor o valor que utilizou para desfazer o ato. Exemplo: Júlia usa por meio de um gato a luz do seu prédio para iluminar sua sala. Porém por conta do gato a garagem de todos os moradores ficou sem luz, colocando em risco a segurança de todos. Nesse caso o síndico do condomínio pode ir ate Júlia e desfazer o gato, sem precisar da justiça, pois é uma urgência, visto que coloca em risco a segurança dos moradores a garagem não possuir luz. - Obrigações alternativas: art. 252 ao art. 256 CC: Observações iniciais: a) Obrigação simples: é aquela que possui apenas 1 prestação e que se extingue quando o devedor realiza essa única prestação. Exemplo: A compra roupas em uma loja. b) Obrigação composta/ complexa: possui mais de uma prestação. Para ela se extinguir deve-se observar se ela é cumulativa ou alternativa. 1. Cumulativa: quando o devedor precisa cumprir todas as prestações para que a obrigação se extinga. Exemplo: Ivã possui a obrigação de entregar um carro e um trator para Weber. Apenas após entregar os dois, acabará a obrigação e caso Ivã não entregue um dos dois, ele se tornará inadimplente. Costumam ter o “e”. 2. Alternativa: também há mais de uma prestação, mas o devedor se desonera da obrigação cumprindo apenas uma das prestações. Exemplo: Ivã possui a obrigação de entregar um carro ou um trator para Weber. Assim que ele entregar um dos dois ele já extingue a obrigação. Costumam ter o “ou”. - Art. 252 CC: quem escolherá qual das prestações deve ser cumprida na obrigação alternativa? A escolha cabe ao devedor, a não ser que haja alguma especificação sobre a escolha no contrato. - Parágrafo primeiro do art. 252 CC: o credor não pode exigir que o devedor pague uma parte de uma parcela e outra parte de outra, o devedor deve cumprir uma das parcelas por inteiro para que a obrigação seja extinta. - Parágrafo segundo do art. 252 CC: se a obrigação for periódica, ou seja, cumprida em partes ao longo do tempo, caberá ao devedor escolher em cada período qual prestação ele irá cumprir. Exemplo: Bia se compromete a entregar semanalmente o lanche das crianças de uma creche, podendo entregar ou frutas ou sanduíche. Toda semana ela poderá escolher qual lanche fornecerá para a creche, desde que forneça um dos dois. - Parágrafo terceiro do art. 252 CC: se a escolha da prestação couber a várias pessoas (há mais de um devedor na obrigação) e elas não chegarem a um acordo sobre qual prestação será cumprida, o juiz realizará essa escolha. Exemplo: 3 agricultores compraram a fazenda de Bernardo e o combinado foi que pagariam 500 mil em dinheiro ou em madeira, mas não conseguiram chegar em um acordo sobre a forma de pagamento, assim, o juiz será o responsável por escolher. - Parágrafo quarto do art. 252 CC: as partes podem definir um terceiro realizará a escolha sobre qual prestação será cumprida e caso ele por algum motivo justificável não consiga realizar essa escolha, cabe também ao juiz escolher qual delas será cumprida. Exemplo: Daniel se compromete a entregar 1kg de feijão ou 1kg de arroz para Matias e no contrato consta que Pedro realizará a escolha de qual prestação será cumprida. Assim, pode ocorrer 2 situações: Pedro escolhe se será entregue feijão ou arroz ou se ele não puder escolher, o juiz escolherá. - Art. 253 CC: se uma das prestações da obrigação alternativa se tornar inexeqüível ou não puder ser objeto da obrigação (se tornou impossível), o que acontece? A obrigação permanece, porém, sem essa prestação, logo, o devedor precisa cumprir as demais prestações possíveis. Exemplo: Tiago se compromete a entregar um Ipad ou um notebook para Pedro, porém o Ipad foi roubado antes da entrega, se tornando uma prestação impossível, logo, Tiago terá que entregar o notebook. - Art. 254 CC: se todas as prestações se tornarem impossíveis ou inexeqüíveis por culpa do devedor? Dependerá de quem era o responsável pela escolha de qual prestação seria cumprida. Se o devedor era o responsável por essa escolha, ele terá que pagar o valor da ultima prestação que se tornou impossível. Exemplo: Bernardo se comprometeu a entregar um dos seus três bois (A ou B ou C) para Renato. Entretanto, uma semana antes da entrega ele possui um ataque de pânico e sacrifica um por um, sacrificando C por último. Assim, ele terá que pagar para Renato o valor que esse boi valia, respondendo por perdas e danos. - Art. 255 CC: se todas as prestações se tornarem impossíveis ou inexeqüíveis por culpa do devedor? Dependerá de quem era o responsável pela escolha de qual parcela seria cumprida. Se o credor era o responsável por realizar essa escolha, ele pode escolher de qual das prestações ele quer receber o valor, além de perdas e danos. Exemplo: Renato poderia escolher de qual boi queria receber o valor. - E se apenas 1 se tornar impossível, por culpa do devedor e a escolha couber ao credor? O credor poderá escolher entre receber o valor da prestação que se tornou impossível ou receber alguma das outras prestações que ainda são possíveis. - Art. 256 CC: e se todas as prestações se tornarem impossíveis ou inexeqüíveis sem culpa do devedor? A obrigação se extinguirá, uma vez que não há como cumprir nenhuma prestação. - Obrigações divisíveis e indivisíveis art. 257 ao art. 263 CC: Obrigação divisível art. 257 CC: Aquela que pode ser dividida, fracionada. A prestação na obrigação divisível pode ser fracionada, pois a divisão não altera o bem da obrigação em nada. Exemplo: Katia precisa entregar 200kg de soja para Fernando, mas possui um prazo de 30 dias pra realizar a entrega de toda soja, podendo dividir a quantidade e entregar em dias diferentes. Observações sobre a obrigação divisível: - Caso haja diversos credores ou devedores: elas devem ser divisíveis iguais e distintas: a obrigação deve ser dividida igualmente entre cada credor/devedor, sendo distinta entre eles, ou seja, cada devedor só é obrigado a cumprir a sua parte e cada credor só possui o direito de receber a sua parte. Exemplo: Pedro e João devem 30 mil reais para Maria e Ana, logo, a obrigação terá partes iguais, cada devedor deve 15 mil e cada credor receberá 15 mil. Dessa forma, cada um possui uma obrigação distinta e igual. Lembrando que não necessariamente precisa haver mais de um credor e mais de um devedor, pode ser apenas mais de uma das partes e a outra haver apenas 1 pessoa. Exemplo: Pedro e João devem 30 mil apenas para Ana. Cada um deles, em obrigações distintas, deve 15 mil para Ana. - A remissão na obrigação divisível com mais de um credor/devedor: se apenas um credor perdoa a dívida, os devedores ainda possuem a obrigação de pagar a quota parte aos outros credores. Exemplo: Pedro e João irão receber 30 mil reais de Fernanda. Se João a perdoa, Pedro ainda possui o direito de receber sua parte da dívida. Obrigação indivisível art. 258 CC: Ocorre quando o objeto ou fato em questão na obrigação não pode ser dividido, assim, a prestação não pode ser dividida. Existem 4 tipos de indivisibilidade: · Indivisibilidade natural: a própria natureza da coisa não permite que ela seja dividida. Exemplo: a venda de um carro, não há como entregaro carro dividido. · Indivisibilidade legal: naturalmente a obrigação poderia ser divisível, mas a lei determina que não poderá ser divisível. · Indivisibilidade convencional: a prestação se torna indivisível por vontade das partes. Exemplo: João comprou o carro de Gustavo por 20 mil reais e ficou definido que ele terá que pagar o valor integralmente em no máximo, 15 dias. · Indivisibilidade judicial: se torna indivisível por meio de uma decisão judicial. Observações sobre a obrigação indivisível: - Art. 259 CC: caso haja a multiplicidade de devedores na obrigação indivisível: cada um é obrigado a responder pela dívida toda. Exemplo: Sérgio e Marc são responsáveis pelo projeto do apartamento de Vera. Todos dois são responsáveis 100% pelo projeto, não há como um entregar metade e o outro a outra metade, o projeto é algo indivisível. Vera pode exigir o projeto só de Sérgio ou só de Marc. - Parágrafo único do art. 259 CC: e se apenas um dos devedores cumprir com a obrigação? O devedor que realizou a obrigação sub-roga-se no direito do credor. Ou seja, o devedor que realizou a obrigação sozinho, fazendo sozinho a parte dos dois, passa a ser o credor do outro devedor que não realizou. Exemplo: Apenas Sergio fez o projeto que possuía o valor de 20 mil reais (10 de cada um dos dois). Agora, ele tem o direito de cobrar de Marc 10 mil reais referentes ao trabalho que Sergio teve por fazer a parte de Marc. - Art. 260 CC: caso haja a multiplicidade de credores na obrigação indivisível: cada um deles poderá exigir a dívida inteira, não há como dividir a obrigação para os credores uma vez que ela é indivisível. Exemplo: João e Pedro possuem o direito de receber um carro de Rodrigo. Cada um dos credores pode exigir de Rodrigo o carro por inteiro (não dois carros, mas o carro inteiro em si, ao invés de metade). - Art. 261 CC: E se houver mais de um credor, mas apenas um deles receberá a obrigação? O credor que recebeu deverá dar um documento ao devedor, chamado de caução de ratificação que demonstra (assinado por todos os credores) que os demais credores concordam que ele tenha recebido em nome deles e depois, cada credor possui o direito de cobrar do credor que recebeu em nome de todos a parte que lhe pertence. - Art. 262 CC: a remissão nas obrigações indivisíveis: sobre perdão da dívida: * E se um dos credores perdoar, mas os outros não? Eles ainda possuem direito de receber a dívida por completo, desde que paguem ao devedor a parte do credor que perdoou. Exemplo: Luca, Tiago e Daniel irão receber um carro de Maria, no valor de 300 mil. Porém, Tiago perdoa a dívida, e agora? Como o carro não é divisível, Daniel e Luca ainda possuem o direito de receber o carro, porém, terão que pagar a Maria o valor que seria destinado a Tiago (100 mil). - Parágrafo único do art. 262 CC: esse mesmo procedimento se adotará não só para a remissão, mas também para a transação, novação, compensação ou confusão da dívida. - Art. 263 CC: perda da qualidade de indivisível da obrigação por perdas e danos (perda da indivisibilidade, ou seja, se tornou divisível): 1- Perda da indivisibilidade por perdas e danos com culpa de todos os devedores: todos eles terão que responder igualmente, pagando tanto o valor do objeto da obrigação, quanto pelas perdas e danos causados. Exemplo: Natalia e Renata se comprometem em entregar um carro X (com valor de 40 mil) para Gustavo. Entretanto, por culpa das duas o carro pegou fogo. Assim, a obrigação perdeu o caráter indivisível, pois não será mais extinguida pela entrega de um carro, mas sim do valor. Natalia e Renata pagarão igualmente a Gustavo: 20 mil + perdas e danos, cada uma. 2 - Perda da indivisibilidade por perdas e danos com culpa de apenas um dos devedores: aquele que teve culpa terá que responder por isso, pagando tanto o valor do objeto da obrigação, quanto pelas perdas e danos causados. Exemplo: Natalia e Renata se comprometem em entregar um carro X (com valor de 40 mil) para Gustavo. Entretanto, por culpa de Natalia o carro pegou fogo. Assim, a obrigação perdeu o caráter indivisível, pois não será mais extinguida pela entrega de um carro, mas sim do valor. Natalia terá que pagar a Gustavo: 20 mil + perdas e danos. Já Renata terá que responder apenas pela dívida da obrigação, ou seja, terá que pagar apenas os 20 mil. - Obrigações solidárias: art. 264 CC: - Art. 265 CC: obrigação solidária não se presume, ou seja, ela precisa ser constatada na lei ou expressa pelas partes no negócio jurídico. - Art. 266 CC: a obrigação solidária pode ser diferente quanto ao modo de pagar entre os credores e devedores (Princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade), ela pode ser pura e simples (não está sujeita a nenhuma condição ou termo) para um devedor e para outro devedor ser uma obrigação a prazo ou sujeita a alguma condição. Exemplos: a) Obrigação solidária pura e simples para todos: Alice, Joana e Bruna devem 150 reais para Laura. Todas se comprometem a pagar à vista os 150 reais. b) Obrigação com variabilidade: Alice, Joana e Bruna devem 150 reais para Laura. Alice se compromete a pagar os 150 à vista, Joana se compromete a pagar com um prazo de 30 dias e Bruna se compromete a pagar caso seu financiamento com o banco seja aprovado. * Lembrando que: se não possuir posições contrárias a obrigação solidária será pura e simples para todos. a) Solidariedade ativa art. 267 CC: Quando existe mais de um credor e cada um pode exigir o pagamento da dívida inteira. Exemplo: Júlia deve 60 mil para Luisa, Mariana e Lucas. Cada um dos três credores possui o direito de exigir de Júlia os 60 mil e não apenas os 20 mil que lhe pertencem. * Lembrando que: se Júlia realizar o pagamento dos 60 mil para qualquer um dos três, a obrigação é extinta e os credores que não receberam a dívida possuem o direito de cobrar do que recebeu por inteiro a sua quota parte (isso está no art. 269 do CC). Observações da solidariedade ativa: - Art. 268 CC: já que todos os credores podem exigir a dívida toda, a quem o devedor deve pagar? Enquanto não houver uma demanda judicial, o devedor pode pagar para qualquer um dos credores. Se houver uma demanda judicial, o devedor deverá pagar a dívida para aquele credor que demandou judicialmente. - Art. 270 CC: e se um dos credores solidários morrer, o que acontece? Caso o credor falecido tenha deixado herdeiros, eles não terão direito de exigir a dívida por inteiro, mas terão direito de receber a parte que caberia ao credor, divida pela quantidade de herdeiros, a não ser que a obrigação seja indivisível. Também não haverá a refração do crédito caso o credor tenha deixado apenas 1 herdeiro, quando isso ocorre esse herdeiro tem direito de cobrar a dívida por inteiro, assumindo o lugar do falecido na obrigação. - Art. 271 CC: se a obrigação solidária ativa se converter em perdas e danos há a permanência da solidariedade, ou seja, cada credor continua podendo cobrar a dívida por inteiro. - Art. 272 CC: O que acontece se apenas um dos credores receber a dívida por inteiro? Ou se apenas um deles perdoar a dívida? O credor que perdoar a dívida ou receber o pagamento ficará responsável perante os demais pelo valor perdoado ou recebido. Ou seja, os outros credores terão direito de regresso podendo cobrar cada um sua parte do valor que foi recebido por um dos credores. - Art. 273 CC: sobre exceções pessoais oponíveis a apenas um dos credores: *exceção pessoal é uma defesa de caráter pessoal. O artigo aborda sobre uma exceção de caráter pessoal que diz respeito à relação de um devedor com um credor. Quando ocorrer esse tipo de exceção o juiz deve negar, pois, todos os credores da obrigação serão prejudicados caso ele acate a exceção e não apenas o credor que foi citado pelo devedor. Exemplo: Júlia deve 60 mil para Luisa, Mariana e Lucas. Luisa ajuizou uma ação para cobrar Júlia, porém a devedora alega que foi coagida por Lucas para assinar o contrato. Ou seja, Júlia está alegando uma exceção pessoal contra apenas um dos credores (Lucas).- Art. 274 CC: se houver uma ação de um dos credores solidários, todos irão sofrer com a decisão do juiz? 1- Se a decisão for desfavorável, não, os credores que não participaram da ação não irão sofrer com as consequências. Exemplo: João, Pedro e Lucas são credores solidários de Henrique. Apenas Pedro entra com uma ação contra o devedor e o juiz não aprova. Assim, os credores João e Lucas não irão sofrer com a decisão do juiz contrária a Pedro, apenas ele mesmo, pois os outros credores não tiveram o direito de se defender, já que não participaram do processo. 2- Se a decisão for favorável, os credores que não participaram da ação irão sofrer com as consequências da decisão favorável. Exemplo: João, Pedro e Lucas são credores solidários de Henrique. Apenas Pedro entra com uma ação contra o devedor e o juiz aprova. Assim, os credores João e Lucas irão sofrer com a decisão do juiz favorável a Pedro, sendo todos os credores solidários beneficiados com a decisão judicial. b) Solidariedade passiva art. 275 CC: Quando existe mais de um devedor e cada um deles é responsável pela dívida toda. Exemplo: Mariana, Lucas e Luisa devem 60 mil para Júlia. Se Júlia quiser cobrar a dívida por completo apenas de Lucas, é possível, devido ao caráter solidário da obrigação. Se não fosse solidária a credora poderia exigir de cada devedor apenas a sua parte da dívida (no caso do exemplo, 20 mil de cada um). Observações sobre a obrigação solidária: - Art. 276 CC: se um dos devedores falecer, a obrigação não extingue, ou seja, os outros devedores continuam sendo devedores solidários. E se o devedor solidário falecido tiver herdeiros? Eles passam a ser devedores solidários? Não, os herdeiros são responsáveis pela dívida apenas até o valor do seu quinhão hereditário, se o falecido não deixar herança, os herdeiros não serão responsáveis pela dívida. Ou seja, o credor não poderá cobrar dos herdeiros a dívida toda, como na relação de obrigação solidária, ele poderá cobrar apenas a quota do quinhão hereditário. *Lembrando que: todos os herdeiros do devedor falecido serão considerados como apenas um devedor. - Art. 277 CC: Se um devedor pagar parcialmente a dívida, quem será responsável por pagar o restante? Todos, da mesma forma, o credor deve subtrair o valor que já foi pago, mas ainda pode cobrar o restante de qualquer um dos devedores solidários. Exemplo: Gustavo e Ricardo devem 20 mil para Yuri. Gustavo realizou o pagamento de 10 mil paga Yuri e agora? Tanto Gustavo quanto Ricardo ainda são responsáveis pelos outros 10 mil restantes da dívida. - Parte 2 do art. 277 CC: sobre a remissão da dívida, há três situações possíveis: Exemplo: Renata, Cristina e Vera devem 90 mil para Júlia. 1- Se um dos devedores realizar o pagamento apenas da sua quota parte da dívida e o credor realizar o perdão (apesar de Renata ser uma devedora solidária, ela pagou apenas 30 mil para Júlia, mas ela perdoou). 2- Se um dos devedores realizar o pagamento de um valor abaixo da sua quota parte da dívida e o credor realizar o perdão (apesar de Renata ser uma devedora solidária, ela pagou apenas 20 mil para Júlia, mesmo sua quota parte sendo 30mil, mas a credora perdoou). 3- Se um dos devedores não realizar o pagamento da dívida e o credor realizar o perdão (apesar de Renata ser uma devedora solidária, ela não pagou Júlia, mas a credora perdoou). - O perdão de um dos devedores não extingue a obrigação? Independentemente do valor pago, se houver o perdão de um dos devedores o valor mínimo a ser descontado da dívida é a quota parte do devedor perdoado. Logo, no exemplo, Júlia ainda pode cobrar de Vera e Cristina, mas deverá descontar dos 90 mil os 30 mil correspondentes a Renata. - Art. 278 CC: os devedores solidários são obrigados a pagar apenas por aquilo que concordaram se for adicionado por algum dos devedores ou pelo credor alguma obrigação no contrato sem a assinatura de todos, não será válida para todos. - Art. 279 CC: impossibilidade da obrigação solidária: Exemplo: Pedro e Ricardo alugaram um carro de Vitor por 10 mil reais. Entretanto, Pedro bate o carro e arranha toda a lateral, ficando o concerto no valor de 15 mil reais. 1-Impossibilidade pela dívida ou pelo valor equivalente a quota parte: todos os devedores se responsabilizam a pagar pela prestação ou pelo equivalente (Ricardo e Pedro são responsáveis pelos 10 mil que estão devendo para Vitor, mesmo não podendo devolver o carro no mesmo estado de quando alugaram). 2-Impossibilidade por perdas e danos: apenas o devedor responsável pelas perdas e danos será responsável por pagar (apenas Pedro, responsável pelo arranhão no carro, ou seja, responsável pelas perdas e danos será responsável pelos 15 mil do concerto). - Art. 280 CC: de quem é a responsabilidade pelos juros de mora (atraso)? Todos os devedores solidários responderão igualmente perante o credor pelos juros de atraso. Porém, entre os devedores, aquele que foi responsável pelo atraso será responsável perante os devedores pelo pagamento dos juros. Ou seja, os outros devedores podem cobrar do devedor culpado pelo atraso o valor que foi acrescido à dívida devido aos juros de mora. - Art. 281 CC: o devedor solidário e as exceções: Ele pode opor 2 tipos de exceção: a) Exceções pessoais: diz respeito a apenas um dos devedores (o que está alegando a exceção) e o objeto da obrigação. Exemplo: incapacidade, novação, confusão... b) Exceções comuns: diz respeito a todos os devedores solidários ou ao objeto. Exemplo: pagamento da dívida, impossibilidade física ou jurídica da obrigação, objeto ilícito... - O devedor solidário pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as exceções que lhe forem comuns. Lembrando que as exceções que forem pessoais não atingem os demais devedores, apenas aquele que alegou a exceção. - Art. 282 CC: a renúncia da solidariedade é quando o credor aceita receber de cada devedor apenas sua quota parte, ao invés de receber a dívida toda. É como se a solidariedade entre os sujeitos se extinguisse, mas a obrigação não. Essa renúncia pode ser: a) Absoluta: favorecendo todos os devedores, todos eles passam a possuir a obrigação de pagar apenas a sua parte da dívida. Exemplo: Henrique, Lucas e Daniel são devedores solidários de Gustavo no valor de 90 mil reais. Porém Gustavo renunciou absolutamente à obrigação, assim, cada um dos devedores não possui mais a obrigação de pagar 90 mil reais, mas sim a sua relativa parte da dívida (30 mil reais). b) Relativa: favorece apenas parte dos devedores que poderão pagar apenas sua quota parte, mas o restante continuará na obrigação solidária. Exemplo: Henrique, Lucas e Daniel são devedores solidários de Gustavo no valor de 90 mil reais. Porém Gustavo renúncia a obrigação de Lucas, assim, ele terá que pagar apenas a sua parte relativa à dívida (30 mil reais). Porém, Henrique e Daniel que não tiveram a solidariedade renunciada agora possuem a obrigação de pagar cada um 60 mil reais (90 mil da dívida toda – a parte de Lucas) para Gustavo. * Lembrando que a renúncia pode ser expressa, quando o credor expressa a renúncia por meio de um documento ou tácita, quando as circunstâncias demonstram que o credor quis renunciar a solidariedade. Exemplo de renúncia tácita: Henrique, Lucas e Daniel são devedores solidários de Gustavo no valor de 90 mil reais. Porém Lucas paga apenas a sua parte relativa da dívida (30 mil reais) para Gustavo e o credor dá a quitação da dívida para ele, ou seja, ele renunciou a solidariedade, pois aceitou apenas a quota parte de Lucas, mas sem um documento expresso de renúncia. - Art. 283 CC: na relação obrigacional da solidariedade passiva temos 2 situações: a) Relação entre credor e devedor: o credor pode exigir de cada devedor a dívida toda. b) Relação entre os devedores: o devedor que pagar a dívida toda, sozinho, possui o direito de cobrar dos demais devedores a quota parte de cada um da dívida. - Art. 284 CC: caso um dos devedores não puder pagar a sua parte dívida (se tornar insolvente), a sua parte será divididaigualmente entre os demais devedores, até mesmo entre aqueles devedores que foram exonerados da obrigação. - Art. 285 CC: se a dívida do devedor solidário beneficiar apenas um dos devedores ele responderá sozinho pela totalidade da dívida, não podendo cobrar a quota parte dos outros devedores, pois ele foi o único beneficiado. Exemplo: João pegou um empréstimo no Banco do Brasil de 200 mil reais e Ricardo foi seu garantidor, sendo os dois devedores solidários do banco. Entretanto, João pagou os 200 mil ao banco sozinho e por ter sido o único beneficiado com o empréstimo não pode cobrar nada de Ricardo. - Transmissão das obrigações: a) Cessão de crédito: art. 286 CC ao art. 298 CC: Ocorre quando o credor (chamado de cedente) transfere para outra pessoa (chamado de cessionário) o seu direito de crédito da relação obrigacional. Observações sobre a cessão de crédito: 1. A cessão pode ser total, transferindo todo o crédito ou parcial. 2. Pode ser a título gratuito: quando o cedente transfere gratuitamente seu direito de crédito ao cessionário. Exemplo: Pedro tem um crédito de mil reais com Lucas e Pedro transfere seu direito de crédito gratuitamente para sua amiga Maria. 2.1. Também pode ser a título oneroso: quando o cedente transfere seu direito de crédito ao cessionário, porém lhe cobrando um valor. Exemplo: Pedro tem um crédito de mil reais com Lucas e Pedro transfere seu direito de crédito para sua amiga Maria pelo valor de 50 reais. 3. Quanto à origem: 3.1. Convencional: quando as partes estabelecem um acordo da cessão de crédito. 3.2. Legal: quando a lei estabelece a cessão. 3.3. Judicial: quando a cessão ocorre devido a uma decisão judicial. 4. Exceções em que o credor não pode ceder o seu direito de crédito: art. 286 do CC: 4.1. Quando a cessão de crédito for contra a natureza da obrigação, por exemplo, quando envolve direitos da personalidade ou também créditos alimentares (salários), não podem ser transferidos, pois pertencem àquela pessoa exclusivamente. 4.2. Quando a lei não permite a cessão de crédito. 4.3. Quando foi estabelecida no negócio jurídico que não será permitida a transmissão dos direitos de crédito (cláusula proibitiva de cessão). b) Assunção de dívida (cessão de débito): art. 299 CC ao art. 303 CC: Ocorre quando alguém assume a dívida do devedor, tornando-se o novo devedor da relação obrigacional. Para que essa situação ocorra é necessário o consentimento expresso do credor. 1- Assunção de dívida liberatória: aquela que exonera o devedor primitivo, ou seja, libera-o da relação obrigacional. 2- Assunção de dívida cumulativa: quando com a concordância do credor, o devedor primitivo juntamente com o novo devedor se torna responsável pelo pagamento da dívida. * Lembrando que: se o credor não se manifestar em relação à assunção de dívida será entendido como recusa. * - Art. 300 do CC: as garantias especiais relacionadas com o devedor primitivo são extintas quando ocorrer a assunção de dívida. - O que são garantias especiais? São as formas de garantir o pagamento de uma dívida e que não são essenciais ao negócio jurídico. Exemplo: Karina deve 10 mil para Tereza e deu como garantia especial a hipoteca de um terreno, porém Pedro com o consentimento de Tereza assume a dívida de Karina. Assim, juntamente com a ocorrência da assunção de dívida, a garantia da hipoteca será extinta. - Art. 301 do CC: o que acontece se a assunção de dívida for anulada? A dívida irá retornar ao devedor primitivo juntamente com todas as garantias especiais. - Art. 302 do CC: o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais do devedor primitivo. - O que são as exceções pessoais? São coisas que dizem respeito à relação entre o credor e o devedor e não ao objeto da relação (são os vícios de consentimento em geral). Ou seja, após a assunção da dívida o novo devedor não pode se defender em relação com nenhuma exceção pessoal que competia ao devedor primitivo. Exemplo: Sandra deve 30 mil a Felipe e com o consentimento de Felipe o pai de Sandra assume essa dívida. O novo devedor (o pai de Sandra) ao ser cobrado, não poderá utilizar o argumento de que Felipe coagiu Sandra para que assinasse o contrato. - Art. 303 do CC: é uma exceção do Art. 299 e trata expressamente de adquirente de imóvel hipotecado: quando terceiro assumir a dívida de um devedor primitivo em relação a um imóvel hipotecado e o credor (depois de notificado acerca do pagamento feito pelo terceiro que adquiriu o imóvel) não se manifestar, em 30 dias, sobre esse pagamento, será entendido que o credor concordou com a assunção. * Se o credor manifestar em 30 dias que não concorda, ele deverá apresentar uma justificativa para a recusa. * - Art. 304 do CC: sobre o pagamento da dívida: qualquer terceiro interessado (aqueles vinculados à obrigação) pela extinção da obrigação poderá realizar o pagamento da dívida. Exemplo de terceiros interessados: fiadores, herdeiros, credores, devedores, etc. * Lembrando que o credor não é obrigado a aceitar o pagamento feito por terceiros em obrigações personalíssimas. * - Art. 305 do CC: quando o pagamento da dívida é feito por terceiro não interessado, ou seja, não possui relação jurídica com a obrigação. Exemplo de terceiros não interessados: pai, mãe, namorado (a), etc. O terceiro não interessado pode pagar essa dívida de duas maneiras: 1- Pagando em nome do devedor e perdendo o direito de reembolso, uma vez que pagou de maneira voluntária e em nome de outra pessoa. 2-Pagando em seu próprio nome e mantendo o direito de reembolso, mas não se sub-roga nos direitos do credor, ou seja, ele não tem os direitos do credor, ele apenas tem direito de reembolso. - Art. 306 do CC: 1- Se o terceiro que assumir a dívida do devedor sem o conhecimento dele acerca do pagamento, não terá direito de reembolso se o devedor primitivo provar que tinha condições para excluir a dívida. 2-Se o terceiro que assumir a dívida do devedor com a oposição dele acerca do pagamento, não terá direito de reembolso se o devedor primitivo provar que tinha condições para excluir a dívida. - Art. 307 do CC: se o pagamento da dívida foi feito com um bem, ele só terá eficácia caso a pessoa que realizou o pagamento for proprietária do bem utilizado como meio de pagamento, garantindo a legitimidade da transferência do bem. @JUPDIREITO_
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