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SEGURO GARANTIA - FGV MATRIZ

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1 
 
ATIVIDADE INDIVIDUAL 
 
Matriz de análise 
Disciplina: DIR. SEGURO E RESSEGURO Módulo: 
Aluno: MICHEL LEVY DA SILVA MORAES Turma:1.2021 
PARECER COM PROGNÓSTICO DE ÊXITO NA NEGATIVA DE COBERTURA DE SEGURO GARANTIA PELA SEGURADORA 
INTRODUÇÃO 
Trata-se de emissão de parecer com prognóstico de êxito, em função da negativa de cobertura em 
Seguro Garantia pela seguradora com a devida abordagem e descrição das questões jurídicas em 
defesa de processo judicial. 
Percebemos, que em decorrência do desenvolvimento social e consequentemente urbano ocorre 
um grande interesse das empresas que prestam serviços de execução de obras em participar de 
licitações, porém, tamanha responsabilidade envolvida no total cumprimento de todas as 
obrigações e execuções acarreta a necessidade da implementação de mecanismos para que haja 
mais segurança nas relações contratuais. 
O Seguro Garantia surgiu historicamente nos Estados Unidos na década de 1890 em virtude da 
inadimplência de construtores de obras públicas, no Brasil se desenvolveu a partir da década de 
1960, e a partir daí diversos dispositivos legais foram se aprimorando através do tempo. 
Neste tipo de seguro existem três figuras envolvidas: o segurado (órgão/ente licitante), o 
tomador(construtora) e a seguradora que garante ao segurado que as obrigações assumidas pelo 
tomador serão cumpridas na forma e no prazo acordados. Neste parecer será analisada a postura 
da seguradora em negar a cobertura do Seguro Garantia alegando que o segurado não cumpriu 
com suas obrigações previstas em apólice. Neste contexto será emitido parecer a respeito da 
responsabilidade da Seguradora, prazo de prescrição e o valor da multa cobrada considerando a 
legislação aplicável e as condições contratuais padronizadas previstas na Circular Susep nº 477, de 
30 de setembro de 2013, para o setor público (ramo 0775), especificamente as condições 
expressas no Capítulo II, Modalidade II – Seguro garantia para construção, fornecimento ou 
prestação de serviços. 
A definição de seguro garantia está prevista no artigo 4º da Circular nº 477 de 30 de setembro de 
2013 da SUSEP: 
 “Art. 4º Define-se Seguro Garantia: Segurado - Setor Público seguro que objetiva garantir o fiel 
cumprimento das obrigações assumidas pelo tomador perante o segurado em razão de 
participação em licitação, em contrato principal pertinente a obras, serviços, inclusive de 
publicidade, compras, concessões ou permissões no âmbito dos Poderes da União, Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, ou ainda as obrigações assumidas em função de: 
I - Processos administrativos; 
II - Processos judiciais, inclusive execuções fiscais; 
III - Parcelamentos administrativos de créditos fiscais, inscritos ou não em dívida ativa; 
IV - Regulamentos administrativos. Parágrafo único. Encontram-se também garantidos por este 
seguro os valores devidos ao segurado, tais como multas e indenizações, oriundos do 
inadimplemento das obrigações assumidas pelo tomador, previstos em legislação específica, 
para cada caso.” 
 
 
 
2 
 
DESENVOLVIMENTO 
RELATÓRIO 
A Construtora XPTO venceu licitação Federal e firmou contrato administrativo para a construção 
de rodovia interestadual cujo objetivo seria interligar as regiões Norte e Centro-Oeste aos portos 
de Santos e do Rio de Janeiro, tendo em vista o escoamento da produção do Agronegócio. 
A obra foi orçada em 980 milhões de reais e o contrato foi assinado em 25 de maio de 2023 com 
previsão de entrega das obras em 25 de maio de 2027, já o pagamento se daria de acordo com 
um cronograma preestabelecido de medições. O governo Federal exigiu que a garantia fosse no 
maior valor permitido pela Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos nº 14.133/2021. 
Nesse sentido, a construtora ofereceu um Seguro Garantia cujas condições gerais seguem o texto 
padrão da Susep. Em 20 de fevereiro de 2025, o Governo Federal(segurado) notificou a 
seguradora que, somente neste momento, teve ciência da rescisão do contrato administrativo ora 
firmado com a construtora(tomador), e que isso se deu após regular processo administrativo e 
culminou na aplicação de uma multa à Construtora XPTO, no valor de 120 milhões de reais. Diante 
da indiferença da Construtora XPTO em relação a alguma providência, o governo federal cobrava 
a multa no valor de R$ 120 milhões de reais da seguradora, invocando o seguro garantia para tal 
fim. A seguradora negou cobertura, em notificação recebida em 3 de março de 2025, alegando 
que o segurado não cumpriu com as suas obrigações previstas em apólice. 
 
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA 
Com origem no Direito Romano, o princípio da boa-fé tem como principal função estabelecer um 
padrão ético de conduta para as partes nas mais diversas relações obrigacionais, este princípio é 
norteador dos negócios jurídicos, em especial dos contratos, por esse motivo o legislador, no 
Código Civil de 2002, por meio do art. 422, prescreveu que "os contratantes são obrigados a 
guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e 
boa-fé ". Já nos contratos de seguro, o princípio em questão tem sua importância aumentada, isso 
porque já era considerado pela doutrina que o “contrato de seguro em seu caráter consensual, é 
sustentado nos pilares das informações prestadas de ambas as partes” (Freitas e Goldberg. 2021, 
p. 21). Por motivo dessa especificidade o legislador frisou no art. 765, do Código Civil, 
prescrevendo: “o segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do 
contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e 
declarações a ele concernentes”. 
Como podemos observar no caso em questão, o segurado ao não comunicar à seguradora em 
tempo hábil negligenciou o que prevê o art. 769, que diz: “o segurado é obrigado a comunicar ao 
segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco 
coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé”, o que vai ao 
encontro da Circular SUSEP nº 477/2013, no Capítulo II, Modalidade II, Seguro Garantia para 
construção, fornecimento ou prestação de serviços – “item 4.1, aduz quanto à necessidade de 
prestação de informações sobre a expectativa de sinistro tão logo quanto o segurado realize a 
abertura do processo administrativo para apurar possível inadimplência do tomador, devendo 
notificar imediatamente o tomador, e indicar de forma clara os itens não cumpridos e conceder-
lhe prazo para a regularização da inadimplência apontada, além de remeter cópia da notificação 
para a seguradora, com fim de comunicar e registrar a Expectativa do Sinistro”. 
Com essa postura o segurador não terá direito a indenização, pois, violou o comando do art. 771 
do Código Civil, que determina que “sob pena de perder o direito à indenização, o segurado 
participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para 
minorar as consequências”. No mais, ressalta-se que a conduta do segurado em omitir 
informações culminou em agravamento considerável do risco e o art. 768, desse mesmo diploma, 
taxa em dizer que “o segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco 
objeto do contrato”. 
 
PRAZO DE PRESCRIÇÃO 
No Direito Civil, a prescrição é conceituada como a perda da pretensão do titular de um direito 
que não o exerceu em determinado lapso temporal. Dessa forma, prescrição é a “sanção à 
negligência do titular do direito que não o exerce em certo lapso de tempo (dormientibus non 
succurrit jus)” (Peluso, Cezar. 2015, p. 118). Assim, a prescrição é tida como a perda da 
exigibilidade do direito de ação pelo decurso do tempo. 
Conforme a situação em questão, a seguradora não foi notificada de imediato pelo segurado 
(Governo Federal) da existência de processo administrativo contra a tomadora do seguro garantia(Construtora XPTO) e da consequente rescisão do contrato, o que demonstra que o segurado não 
cumpriu com as suas obrigações contratuais de informação e transparência para com a 
seguradora, durante todo o tempo que perdurou o procedimento administrativo e 
posteriormente ao conhecimento da decisão que fundamentou a rescisão contratual, visto que a 
seguradora só foi notificada em 20/02/2025 quando já havia terminado o processo administrativo 
contra o tomador, não tendo nem ciência de quando iniciou-se este processo e não tendo nem a 
chance de tentar amenizar os riscos do sinistro. 
O item 17, do Cap. I, das condições gerais - Ramo 0075, da Circular SUSEP nº 477/2013, esclarece 
que se aplicam aos prazos prescricionais previstos em lei quando se trata de seguro garantia. Por 
sua vez, o Código Civil Lei 10.406 de janeiro de 2002, em seu art. 206, § 1º, II, informa que 
prescreve em um ano a pretensão do segurado contra o segurador. E a alínea “b”, do referido 
inciso II, do mesmo artigo, pontua que o prazo de um ano começa a contar na data em que o 
segurado toma ciência do fato gerador da pretensão. 
 No caso em pauta, o sinistro se quer foi comunicado imediatamente e se quer o processo 
administrativo foi comunicado em seu início, a seguradora somente foi comunicada quando 
restou rescindido o contrato. Portanto, o tomador violou o dever de informação e descumpriu o 
princípio da boa-fé contratual e provavelmente perdeu o prazo prescricional de um ano, visto que 
geralmente um processo administrativo ultrapassa este limite temporal ao atravessar todas as 
suas instâncias. 
 
VALOR DA MULTA 
O contrato foi rescindido por meio de processo administrativo e aplicou-se multa no valor de 120 
milhões, ora o artigo 31 da lei 8.666 preceitua que o valor máximo que pode ser aplicado é de 10% 
sobre o valor do contrato. O contrato firmado naquela ocasião foi no valor de 980 milhões, então, 
mesmo se supostamente viesse a ser aplicada a penalidade esse valor ultrapassaria o limite 
permitido pela lei e se seguradora fosse responsabilizada pelo pagamento da multa, deveria esta 
arcar com a quantia de 98 milhões de reais, relativo a dez por cento, do valor total do contrato, 
conforme prevê a lei de licitações não impedindo o Governo Federal de cobrar a diferença do 
valor da multa, a saber, 22 milhões, da construtora, é o que preconiza o art. 87, § 1 “se a multa 
 
 
4 
 
aplicada for superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta, responderá o 
contratado pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela 
Administração ou cobrada judicialmente”. 
Dessa forma, tanto pela legislação quanto pelo contrato celebrado, a seguradora não poderia 
pagar o valor do processo administrativo de 120 milhões de reais, considerando que este 
excederia o limite legal da cobertura da garantia. Vale salientar que, não se pode lucrar com o 
dano ocorrido e a indenização deve estar atrelada ao dano, qual seja, a não finalização e 
suspensão da construção da rodovia. 
 
CONCLUSÃO 
Diante do exposto, foi possível concluir que a seguradora agiu conforme a legislação aplicável e 
que, não teria a obrigação de assumir a responsabilidade pelo pagamento da multa decorrente do 
processo administrativo, considerando que as partes violaram o princípio da boa-fé quando 
descumpriram as cláusulas de apólice principalmente quanto a demora na comunicação a 
respeito da suspensão das obras, quebra de contrato e início do processo administrativo, ou seja, 
o seguro não tinha conhecimento do que estava sendo discutido, muito menos das razões 
apresentadas para o cancelamento da realização da obra, em razão disso, o seguro não pôde 
analisar os termos do processo administrativo, bem como mitigar os riscos vinculados ao sinistro, 
que deveria ter sido acionado imediatamente naquela oportunidade, dificultando também a 
mensuração do início do prazo prescricional. A seguradora negou-se ao pagamento da multa pois 
houve clara quebra de contrato pelas partes (tomador e segurado) e mesmo que figurasse como 
parte no processo administrativo, não poderia, em razão da legislação vigente, se responsabilizar 
pelo pagamento total da penalidade estipulada, considerando que este ultrapassa o limite legal 
de 10% (dez por cento) do valor segurado. 
 
LEGISLAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CF 88. 
Código Civil. 
Circular Susep 477. 
Decreto 73/66. 
Decreto 2.063/40. 
Lei 8666/93. 
Lei 14.133/21. 
 
Schalch, D. Seguros e Resseguros. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2010. 
9788502107007. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502107007/. Acesso em: 
conjunto 2021. 10 
Gravina, MS Direito dos Seguros. [Digite o Local da Editora]: Grupo Almedina (Portugal), 2020. 
9786556270425. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556270425/. Acesso em: conjunto 2021. 
10 
C., MMJ Contabilidade de Seguros - Fundamentos e Contabilização das Operações. [Digite o Local 
da Editora]: Grupo GEN, 2018. 9788597016185. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597016185/. Acesso em: conjunto 2021. 
10 
MACHADO, MABEMC Lei dos Planos e Seguros de Saúde Comentada - Artigo por Artigo. [Digite o 
Local da Editora]: Grupo GEN, 2015. 978-85-309-6415-3. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-309-6415-3/. Acesso em: conjunto 2021. 
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