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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de análise Disciplina: Direito do Seguro e Resseguro Módulo: 2 Aluno: Renata Vannucy Dantas Gonçalves Turma: PGO_01112021_2 Tarefa: Apresentar parecer com prognóstico positivo para a seguradora, devendo abordar todas as questões jurídicas que possam ser utilizadas como matéria de defesa. Introdução Ementa: Direiro do Seguro e Resseguro. Código Civil. Descumprimento Contratual. Falta de Comunicação perante a expectativa do sinistro. Regulação do sinsitro. Prescrição Contratual. Conclusões. Referências Bibliográficas. Fatos Após ganhar uma licitação federal, a Construtora XPTO fez um contrato administrativo para a construção de uma rodovia interestadual interligando as regiões Norte e Centro-Oeste aos portos de Santos e Rio de Janeiro, tendo em vista o escoamento da produção do agronegócio. O contrato firmado entre a construtora e a União Federal para esta obra de grande vulto foi assinado em 25 de maio de 2023, com orçamento em em 980 milhões de reais e com entrega prevista para 25 de maio de 2027. O governo federal exigiu garantia no maior valor permitido pela nova Lei de Licitações nº 14.133/2021, ou seja, em percentual equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato; demanda essa cumprida de acordo com o texto padrão da Susep. Em 20 de fevereiro de 2025, quase dois anos após a assinatura do contrato, a seguradora foi surpreendida com uma notificação do governo federal informando que houve rescisão contratual com a Construtora. Foi informado que a rescisão se deu após regular processo administrativo movido somente em face do tomador e culminou na aplicação de uma multa à construtora no valor de de 120 milhões de reais, todavia, levando em consideração a inércia da Construtora XPTO, o governo federal cobrava a multa da seguradora invocando o seguro garantia, ou seja, pretendia que a seguradora arcasse com o devido pagamento da multa. Em 03 de março de 2025, a seguradora contranotificou o Governo Federal com o argumento de que o segurado não tinha cumprido suas obrigações previstas em apólice, e por isso a cobertura havia sido negada. 2 Dado os fatos, a seguradora pretende a apresentação de um parecer sobre o caso, incluindo inclusive todas as questões jurídicas que possam vir a ser utilizadas como matéria de defesa. Desenvolvimento Fundamento Como dito anteriormente, esta análise tem como objetivo emitir um parecer com relação a defesa da seguradora e as possíveis consequências que advirão com a negativa da cobertura do seguro garantia neste contrato de obra pública. Para começar a desenvolver este parecer, precisamos, de início, melhor entender o que é o seguro garantia e quais são suas peculiaridades. O seguro garantia é regulamentado não só pela Lei de Licitações, mas também pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), que é uma autarquia da Administração Pública, vinculada ao Ministério da Economia, criada através do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, que tem como responsabilidades controlar e fiscalizar os mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Na Circular nº 477/2013 a Susep regulamenta e expõe condições padrão para o seguro garantia, no Art 2º lê-se: “O Seguro Garantia tem por objetivo garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo tomador perante o segurado.” Esta Circular também se aplica a contratações no setor público, vide Art. 4: “Define-se Seguro Garantia: Segurado - Setor Público - o seguro que objetiva garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo tomador perante o segurado em razão de participaçãoem licitação, em contrato principal pertinente a obras, serviços, inclusivede publicidade, compras, concessões ou permissões no âmbitodos Poderes da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.” Nesta modalidade há três partes interessadas distintas: o tomador, o segurado e a seguradora. O contrato tem como objetivo coligar os três em um contrato principal, que quando assinado, obriga a seguradora a adimplir com a obrigação do tomador caso o mesmo não a cumpra, e indenizar o beneficiário. Trazendo essas diretrizes para o nosso case, podemos afirmar que a Construtora XPTO, ao ganhar a licitação e firmar contrato com a União, passou a assumir o papel de tomadora já que precisou contratar o seguro garantia; a União é a segurada, ou beneficiária, e temos também a seguradora que garante o cumprimento das obrigações das respectivas partes caso um sinistro ocorra. Ainda na Circular nº 477/2013, Art 4º, Parágrafo único, lemos que a seguradora tem a responsabiliade legal de pagar eventuais multas advindas da inércia do tomador, entretanto, deve-se ter em consideração que o segurado (a União) deu entrada no processo administrativo sem envolver a seguradora, que só foi notificada após a sua conclusão. No Art 12 lemos que o correto é não só deixar claro nos autos contratuais, como também seguir diretrizes claras para fazer a comunicação e o registro com respeito ao seguro garantia e as medidas que deverão ser tomadas em face de sinistro. Já no item 4, Capítulo II, seguindo o padrão da Susep podemos ler os procedimentos para a execução da garantia que afirma que tendo aberto processo administrativo, há de se comunicar imediatamente e claramente os itens não cumpridos para que haja prazo razoável para a regularização da inadimplência notificada. Tendo tais termos em mente, vale ressaltar que a Construtora só foi notificada sobre o possível inadimplemento depois que o processo administrativo já havia sido concluído, o que está em descumprimento com o que foi explicitado no parágrafo acima. De acordo com o Anexo I da Circular 477, item 11, inciso V das Condições Gerais – Ramo 0775 – Seguro Garantia – Segurado Setor Público, da Susep, perde-se o direito à indenização caso não haja o cumprimento das responsabilidades previstas em contrato. Esse descumprimento impediu que a seguradora tivesse a chance de acompanhar o processo administrativo bem como a regulação do sinistro, e talvez diminuir as consequências do mesmo; o que resultou na rescisão contratual. Para reforçar essa ideia, podemos citar o Códgio Civil, Art 771 que diz: “Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as conseqüências.” Prescrição Ainda que o contrato já tenha sido assinado e a relação contratual já esteja solidificada, a boa-fé precisa ser vivida por todas as partes do contrato. O segurado, deve não se expor à riscos de modo a aumentar a possibilidade de sinistro intencionalmente, e deve também avisar sobre qualquer ciscunstância que pode trazer desequilíbrio ao acordo. Já da seguradora espera-se uma atuação baseada em coesão, consistência, transparênca e eficácia. Com essas premissas em mente podemos assegurar que a Seguradora não foi notificada previamente sobre a existência de um processo administrativo, o que lesa a ideia da boa-fé objetiva disposta no Art. 768 do Código Civil, já que informações importantes e relevantes foram omitidas quebrando assim a premissa de que o contrato é um acordo que preza valores éticos e morais que envolvem lealdade, 4 transparência e colaboração, em todas as fases da contratação. A Seguradora ficou ciente do processo administrativo depois da decisão de rescisão contratual e consequente aplicação de pagamento de multa, vale afirmar que a notificação só veio depois de quase de dois anos, o que caracteriza como não aplicável devido prescrição anual. A Circular SUSEP nº 477/ 2013- ramo 0075 esclarece no item 17, do Cap. I, das condições gerais - que aplica-se prazos prescricionais quando trata-se de seguros garantias. O Código Civil Lei 10.406 de janeiro de 2002, no Art. 206, inciso 1º, Capitulo II mostra que: a pretensão do segurado prescreve em 1 (um) ano contra o segurador,e a alínea “b”, artigo 206, diz que o prazo de um ano começa a contar pela data que o segurado obteve conhecimento do sinistro. E a norma no Art, 189 também do Código Civil diz que “violado o direito, nasce para o titular a pretenção, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os artigos 205 e 206.” Levando em consideração que a comunicação do sinistro aconteceu no dia 20 de fevereiro de 2025, e que não há nenhum registro de que a finalização do contrato tenha acontecido antes disso, fica inviável o direito à indenização. Conclusão Com essa análise podemos concluir que a seguradora agiu corretamente ao mostrar-se desinclinada a aceitar o pagamento da indenização, já que houve desacordo com relação a obrigatoriedade de comunicação da expectativa do sinistro e suposta atitude de má-fé devido a omissão quanto ao processo administrativo que estava em ação, impedindo que a Construtora XPTO tivesse tempo hábil para reverter qualquer situação apresentada. Houve também prescrição contratual pois o contrato já tinha mais de um ano de firma, sendo assim, a seguradora não tem mais a responsabilidade de fazer qualquer cobertura. Referências bibliográficas CIRCULAR SUSEP em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/circular-n-477-de-30-de-setembro-de- 2013-31065813> Acesso em: 21 nov. 2021 CÓDIGO CIVIL em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm > Acesso em: 22 nov. 2021 GOV.BR Disponível em: < https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.133-de-1-de-abril-de-2021- 311876884> Acesso em: 20 nov. 2021. Atividade individual
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