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1 ECO 1406 ECONOMIA BRASILEIRA II – 2011.1 NOTAS DE AULA – Período 1974-1979 Prof. Luiz Roberto A. Cunha 1º. CHOQUE DO PETRÓLEO E AJUSTE DA ECONOMIA BRASILEIRA ATRAVÉS DO II PND (OU, O AUGE DO MODÊLO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES) I. CONTEXTO HISTÓRICO A) QUADRO POLÍTICO: A1) NACIONAL- 1974: janeiro, Congresso elege Gen. Ernesto Geisel; março, posse de Geisel (Gen. Golbery, Casa Civil, Gen. Figueiredo, SNI), negociações sobre eleição indireta governos estaduais (outubro): SP, Geisel veta Delfim Netto; maio, morre Gen. Coutinho, Min. Exercito (Gen. S.Frota assume); junho, MDB nota sobre ‘desaparecidos’; agosto, Geisel anuncia “lenta, gradual e segura distensão”; setembro, prisões CEBRAP/SP (FHC dirigente); outubro, eleição indireta (Assembléias) governos estaduais, Exército mata último guerrilheiro Araguaia; novembro, eleições Congresso, oposição (MDB) elege 16 dos 22 senadores (1/3 do Senado), na Câmara, apesar dos 72,57% votos e aumento de 87 para 160 deputados, não faz maioria na Câmara. 1975: janeiro, termina censura no OESP (permanece em parte imprensa); fevereiro, greve fome presos políticos/SP, panfletos Forças Armadas contra a ‘abertura’ e Golbery (discussão sobre ‘desaparecidos’, contra A. Falcão - min. Justiça e gen. Frota - min. Exercito); março, 22 novos governadores ‘escolhidos’ pelo governo, Geisel discurso ‘duro’ para militares: “fui e continuo a ser um dos participantes responsáveis por essa ‘Revolução’, ..... reafirmo que ela continuará.”; maio, encontro ‘secreto’ Golbery com MBD (Ulysses Guimarães e Thales Ramalho - presidente e secretário-geral); agosto, Ulysses crítica governo, morre preso político no DOI/Exercito/SP, alegação de suicídio; outubro, prisões militantes PCB/SP, V.Herzog presta esclarecimentos DOI/SP, horas depois aparece morto, novamente Exército alega suicídio.... 1976: janeiro, metalúrgico morre DOI/SP, novamente Exército alega suicídio.... Geisel demite general comandante Exercito/SP, Geisel cassa mandato 2 deputados estaduais/SP; março, greve estudantes MG e Bahia, Geisel cassa mandato 2 deputados federais MDB; abril, greve estudantes Rio; julho, ‘Lei Falcão’, impede acesso rádio/TV candidatos eleições (só retratinho...); agosto, JK morre acidente na Dutra, Geisel cassa mandato 1 deputado federal; novembro, eleição vereadores e prefeitos, MDB ganha grandes cidades; dezembro, morre João Goulart. 1977: fevereiro, Min. Industria e Comércio (Severo Gomes) deixa governo pressionado pela ‘linha dura’, por críticas ao AI-5; março, estudantes ruas SP, 1ª. passeata desde 1968, governo derrotado tentativa aprovar projeto reforma Judiciário Congresso; abril, imprensa divulga gen. Figueiredo candidato governo presidência, Congresso ‘fechado’, “Pacote de Abril” (1. mantêm indireta eleição governadores, altera composição Colégio Eleitoral estados; 2. assegura maioria Senado com escolha indireta de 1/2 senadores eleitos em 1978 (‘senador biônico’); 3. restabelece sublegenda eleição Senado; 4. altera sistema cálculo representação estados Câmara, reduzindo relativamente representação Sul e Sudeste....; 5. aumenta para 6 anos mandato sucessor e altera composição do Colégio Eleitoral, reduzindo influencia Estados mais populosos), implanta ‘Reforma do Judiciário’; maio, greve estudantes todo Brasil, morre Carlos Lacerda; junho, policiais ocupam UNB, líder MDB Câmara cassado; setembro, PUC- SP invadida; outubro, Geisel demite Min. Exercito, Gen. Frota, por divergir ‘escolha’ Figueiredo para presidente; Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo 2 dezembro, governador MG, Aureliano Chaves, defende anistia parcial. 1978: muitas greves, especialmente metalúrgicos ABC/SP (Lula); outubro, Figueiredo eleito Colégio Eleitoral; novembro, eleições Congresso, MDB cresce, mas ARENA continua majoritária Senado (‘biônicos) e Câmara (231 x 189), MDB vence Assembléias principais estados; dezembro, Geisel extingue o AI-5; 1979: sucessivas greves trabalhadores (78 24, 79 113), principal ABC/SP, alguns atentados terroristas contra abertura política; março, posse Figueiredo (Golbery permanece Casa Civil); agosto, Figueiredo assina Lei da Anistia e começam voltar exilados (Brizola, Prestes e Arraes...); dezembro, nova Lei Reforma Partidária (extinção ARENA/MDB, regras ‘duras’ novos partidos), com nova legislação, estrategistas políticos governo (Mins. Golbery e Petrônio Portela), visavam ampliar número de partidos, mantendo o controle sobre Colégio Eleitoral (eleição novo presidente 85). A2) QUADRO MUNDIAL- 1974: abril, Portugal/golpe militar; maio, Índia/1ª. bomba atômica; julho, Argentina/Perón morre, Isabelita assume, Grécia/cai ditadura; agosto, Brasil/reata relações China, EUA/Nixon renuncia, assume Gerald Ford. 1975: fevereiro, Inglaterra/conservadores elegem nova líder, Margareth Thatcher; abril, vitória Vietcong/Vietnã; maio, Angola/guerra civil; novembro, Angola/independência com apoio tropas Cuba, Espanha/Franco morre 1976: março, EUA/candidato democrata presidente Jimmy Carter - compromisso EUA com direitos humanos, Argentina/Isabelita deposta/presa, Junta Militar no poder; julho, Portugal/Mario Soares(socialista) 1º. ministro; novembro, EUA/Carter eleito. 1977: janeiro, EUA/posse Carter; março, Argentina/cadáveres presos políticos Rio da Prata. B) PREÇO DO PETRÓLEO média ano/máximo (FOB-US$/BARRIL) 72 1,99/2,12(ago); 73 2,79/4,65(dez); 74 10,83/11,30(abr); 75 10,73/11,43(dez); 76 11,50/11,59(jul); 77 12,30/12,65(nov); 78 12,44/12,60(mar); 79 17,11/22,86(dez) C) QUADRO ECONÔMICO: PIB IND INFL. % BAL.COM. C/C DÍV.EXT DIV.INT.FED. % % IGP/DI US$ mil. US$mil US$bil % PIB 1974 9,0 7,8 34,55 (4.690,3) (7.122,4) 17,2 4,6 1975 5,2 3,8 29,35 (3.540,4) (6.700,2) 21,2 6,0 1976 9,8 12,1 46,27 (2,254,7) (6.017,1) 26,0 9,4 1977 4,6 2,3 38,78 97,1 (4.037,3) 32,0 9,7 1978 4,8 6,1 40,84 (1.024,2) (6.990,4) 43,5 9,9 1979 7,2 6,9 77,21 (2.838,7) (10.741,6) 49,9 8,6 II. INTRODUÇÃO: HERANÇAS PARA PRÓXIMOS ANOS (ORIGENS DA CRISE): a) INFLAÇÃO E INDEXAÇÃO (INÉRCIA); b) DÉFICIT PÚBLICO (SE INCLUIDO O ORÇAMENTO DA AMINISTRAÇÃO DIRETA, MAS TAMBÉM O DAS ESTATAIS E O MONETÁRIO/BACEN); c) ESTATIZAÇÃO E INTERVENCIONISMO, ALÉM DO EXCESSO DE REGULAÇÃO; d) DÍVIDA EXTERNA CRESCENTE; e) “ETERNA DISCUSSÃO” CRESCIMENTO (DESENVOLVIMENTISTAS) X ESTABILIDADE (FISCALISTAS OU MONETARISTAS); f) PONTO POSITIVO - ESTRUTURA INDUSTRIAL MODERNA, MULTISETORIAL (substituição de importações) com maior capacidade de suportar choques externos. Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo 3 III. ANTECEDENTES (1973) A. EXTERNOS (DDC): a) forte crescimento da economia mundial (73 7%), impulsionado pela desvalorização dólar/aumentos gastos EUA exterior (guerra Vietnã); acentuado crescimento comércio internacional (66/75, exportações países em desenvolvimento crescimento médio 18.1%, 4 vezes superior período 56/65); b) inflação países em desenvolvimento vista com complacência: decorrência regimes taxas câmbio fixa = “preço da prosperidade”; c) crescimento mercado de euromoedas; expansão crédito e comércio internacional. TUDO ISTO ÀS VÉSPERAS DE UMA FORTE REVERSÃO DO NÍVEL MUNDIAL DE ATIVIDADE ECONÔMICA….. (CRISE DO PETRÓLEO) B. ECONÔMICOS INTERNOS (DDC)– Governo Medici e o "milagre econômico" (“inflação de 12%”… e PIB de 14%), CENÁRIO APOTEÓTICO PARA O FIM DA REPRESSÃO POLÍTICA, garantido pela abundância financiamento externo, inclusive com valorização nominal Cr$ para diminuir fluxo entrada recursos externos (final de 73, reservas US$ 6.4 bi., sendo US$4.5 bi. entrada de recursos em 73). C. POLÍTICOS - sucessão presidencial com compromisso início "abertura política" ("DISTENSÃO LENTA, GRADUAL E SEGURA”, Geisel), após difícil negociação entre grupos militares para definir futuro presidente; D. CRISE DO PETRÓLEO (final 73) – preço do petróleo aumenta quatro vezes (73 media US$ 2.79, 74 US$ 10.83), conseqüência econômica natural desequilíbrios (oferta x procura) e falta investimentos fontes alternativas. IV. CONCLUSÃO INICIAL: "O fim do milagre econômico encerraria também um ciclo festivo de exercício do poder sem limites e sem prestação de contas, sem oposição, sem os incômodos da livre imprensa e sem compromissos políticos a criar embaraços ao voluntarismo da política econômica. DAVA-SE INÍCIO A UM LONGO PERÍODO EM QUE SE TORNAVA CADA VEZ MAIS DIFÍCIL FAZER COM QUE MEDIDAS ECONÔMICAS RAZOÁVEIS FOSSEM CONSIDERADAS POLITICAMENTE ACEITÁVEIS". (DDC) OBS. (LRAC) medidas econômicas razoáveis X aceitação política..... (parece ser sempre um problema….). V. AMBIENTE GERAL DO PERÍODO – Pres. Geisel, "um homem fundamentalmente analítico, gosta de saber de tudo, examinar tudo... de uma boa discussão e de ser questionado" (M.H.Simonsen). Segundo Gaspari, “Geisel queria impor sua racionalidade ao projeto de governo, zelando para que o otimismo do ‘delfinato’ não fosse substituído por uma descrença nos fundamentos de sua administração. Alterara a essência da gestão econômica. Tirara as decisões da mesa do ministro da Fazenda, levando-a para a sua. O Brasil era governado por um general convencido de que ‘a iniciativa privada não se interessa pelo real desenvolvimento do país’, e, por isso, o ‘Estado tem que dirigir’. O presidente não queria ser apenas um supervisor da economia, pretendia ser um indutor” (“A Ditadura Encurralada”, págs. 46/47, embora Gaspari atribua frase sobre iniciativa privada à Geisel, este, em entrevista CPDOC/FGV, não consta literalmente a frase nas páginas citadas - livro “Geisel”, de M.Celina D’Araujo.....) Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo 4 VI. PRESSÕES INICIAIS: a) ECONÔMICAS - forte turbulência externa, com agravante de alta petróleo não repassada para preços derivados - objetivo “político” governo anterior tentar manter inflação na meta de 12% (IPC/RJ FGV, intenso “monitoramento” preços pelo governo); b) POLÍTICAS - estertores repressão e “linha dura”: demissões; 01/76 Gen. E.Mello (comandante Exército/SP, 01/76), responsabilizado pelo ‘suicídio' presos políticos e, 10/77 min. Exército, Gen. Frota, insatisfeito com rumos da sucessão. VII. CONDICIONANTES EXTERNOS E INTERNOS DA POLÍTICA ECONÔMICA A. POLÍTICO X ECONÔMICO – "precedência para o equilíbrio político sobre a nitidez da rota econômica" (DDC). Geisel (entrevista CPDOC), respondendo sobre se a inflação era considerada uma variável secundária em função da retomada do crescimento, “não, (a inflação) era preocupante. Simonsen de vez em quando arrancava os cabelos e vinha com o problema da inflação. Pensávamos na inflação, procurávamos adotar medidas para reduzi-la, mas não era o problema número um do governo. Nosso problema número um era desenvolver o país, dar emprego...... para tanto tínhamos que recorrer ao crédito externo, que na época era muito favorável.” B. EQUIPE HÍBRIDA – i) Min.Fazenda: M.H.Simonsen ("troca do otimismo irrestrito pelo conservadorismo cartesiano" - DDC); ii) Sec.Planejamento:J.P.Velloso (responsável pelos “projetos de impacto" governo Médici e, segundo Geisel (entrevista CPDOC), com uma “posição preponderante (no governo) porque cabia a ele juntar as proposições e separar o que era viável do que não era.......”); iii) Casa Civil, Gen. Golbery (“geopolítica”... fusão Estados Guanabara e Rio de Janeiro, implantada 03/75, além do “controle administrativo” sobre demais ministros, exemplo, Min.Fazenda, Secretário Geral indicado por Simonsen, mas por Golbery). C. FALTA DE CONSCIÊNCIA DAS RESTRIÇÕES EXTERNAS (DDC)- "Brasil, Ilha de Prosperidade" (frase Simonsen início governo), quando choque petróleo já havia transferido cerca de 2% PIB mundial dos países import. para export. de petróleo; D. CONFLITO: ESTABILIZAR ECONOMIA (Simonsen) X DAR CONTINUIDADE AO CRESCIMENTO (Velloso), PERMANENTE EM TODO O PERÍODO; E. PONTOS QUE MINIMIZAM O CONFLITO (DDC): i. discurso contracionista Simonsen mais motivado pela perda controle monetário início governo e pela “desrepressão” preços em 73; ii. falta de apoio político para ajuste ficou claro desde início do governo; iii. erros de avaliação – política de curto prazo mais ajuste política de crescimento muito mais um problema de 'timing' do que de direção... F. CONTRIBUIÇÕES PARA POSTERGAÇÃO DE MEDIDAS RESTRITIVAS: i. CONDICIONANTES INTERNOS mais importantes do que externos para opções de política econômica adotadas; ii. LIQUIDEZ INTERNACIONAL impediu visão mais clara restrição externa (permitindo que déficits em conta corrente vultuosos, que resultaram da política econômica adotada, fossem financiados); iii. AUMENTO DA INDEXAÇÃO AUMENTOU TOLERÂNCIA INFLACIONÁRIA. Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo 5 VIII. ALTERNATIVAS PARA ENFRENTAR A CRISE OU OPÇÕES PARA AJUSTE DE CURTO PRAZO (DDC) 1. DESVALORIZAR CÂMBIO, MUDANDO OS PREÇOS RELATIVOS (TRADEBLES x NÃO TRAD.), DE MODO A SINALIZAR NOVOS CUSTOS DOS IMPORTADOS E ALTERAR VALOR SOCIAL DAS EXPORTAÇÕES (AJUSTE PELA DEMANDA); 2. GANHAR TEMPO PARA AJUSTAR OFERTA, COM CRESCIMENTO MAIS RÁPIDO (II PND) DO QUE NA ALTERNATIVA ANTERIOR, ACEITANDO CONVIVER COM INFLAÇÃO (AJUSTE PELA OFERTA). A. CONSEQUÊNCIAS: I. NA ALTERNATIVA 1 - ALGUMA RECESSÃO INEVITÁVEL, COM RISCO DE PROLONGAMENTO ALÉM DO NECESSÁRIO; II. NA ALTERNATIVA 2 - RISCO DE INFLAÇÃO MAIS ELEVADA, COM MAIOR PRAZO PARA AJUSTE DOS PREÇOS RELATIVOS E CONSIDERANDO A “NECESSÁRIA” POLÍTICA DE SUBSÍDIOS. B. RAZÕES PARA ESCOLHA DA ALTERNATIVA 2: I. VISÃO DE CURTO PRAZO; II. INFORMAÇÕES DEFICIENTES SOBRE ECONOMIA MUNDIAL. 3. Geisel (entrevista CPDOC) sobre observações de DDC em relação à opção escolhida pelo governo, “Ele (DDC) está dentro do quadro dos que combatem a escolha que fizemos. Por ele, Brasil devia ter entrado em recessão, como EUA e Europa. Mas se EUA agüentam uma recessão, Brasil não agüenta.” IX. EVOLUÇÃO DA POLÍTICA ECONÔMICA (CURTO PRAZO E LONGO PRAZO) A. GRADUALISMO PARA ENFRENTAR A CRISE - POL. MONETÁRIA E FISCAL MAIS POLÍTICA DE RENDA (CONTROLE DE PREÇOS, VIA CIP E SALÁRIOS, VIA POLÍT. SALARIAL – VARIAÇÕES SOBRE A FORMULA ORIGINAL). B. DECISÕES INICIAIS: 1. DESREPRESSÃO PREÇOS (inflação “oficial” IPC/RJ de 12% 73, estimativas posteriores - Bco. Mundial, apontam taxa de 23%); 2. REGRAS PARA CORREÇÃO MONETÁRIA (reduzindo incerteza mercado- utilizando o IGP/FGV); 3. INSTABILIDADE NO MERCADO FINANCEIRO (intervenção Banco Halles, 4o. maior banco comercial). C. EXECUÇÃO: i. POL. MONETÁRIA - CONTROLE NÃO EFICIENTE, taxas de juros controladas (endogeneização dos agregados monetários, M função reservas mais empréstimos Bco. Brasil), e ‘financiamento compensatório’, recursos redesconto para minimizar efeito intervenção Halles no mercado. ii. POL. FISCAL - "manutenção desta variedade de estímulos fiscais, creditícios e cambiais, entretanto, teve como custos mais visíveis a progressiva deterioração da posição financeira do Estado, caracterizada pela queda da carga tributária líquida e pela elevação do endividamento do setor público” (DDC). iii. POL. SALARIAL - ) 11/79: reajustes semestrais indexados INPC, por faixas (até 3 sal. mínimo 110%, entre 3 e 10 s.m. 100%, acima de 10 s.m. 80%); Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo 6 iii. HERANÇA DO PERÍODO 74/79 - "caráter explosivo da ameaçainflacionária representada por um desequilíbrio sem limites entre os meios e gastos governamentais. Anos de repressão de preços e tarifas do setor público, utilização das empresas estatais como instrumento de captação de empréstimos externos, concessão por vezes abusiva de incentivos fiscais, subsídios creditícios e a prática generalizada de artifícios financeiros mascarando a verdadeira dimensão do desequilíbrio fiscal". (DDC) D. MAIOR INTERVENÇÃO DIRETA NO PROCESSO ECONÔMICO (CONTROLE DE PREÇOS E SALÁRIOS, RESTRIÇÕES A IMPORTAÇÃO, DEPENDÊNCIA INVESTIMENTOS EXTERNOS); E. CONSEQUÊNCIAS (DDC): i. “A incompatibilidade entre o equacionamento das finanças públicas de forma adequada para a expansão da economia brasileira no período sublinha assim o caráter precário e inarticulado da política econômica após a deterioração do balanço de pagamentos na 2ª metade dos anos 70.” ii “Os incômodos políticos associados ao ajuste fiscal, que requerem fatalmente, ainda que não exclusivamente, a recuperação da carga tributária líquida, para que seja interrompido o processo inadequado de financiamento das contas do setor público dos últimos 10 anos, seriam parte da herança pesada que caracteriza os problemas centrais da política econômica nos anos 80”. iii. “Os erros de avaliação mais importantes talvez tenham sido os relacionados com o tempo estimado para a mudança da oferta e, é claro, com o comportamento futuro das taxas de juros e do comércio internacional (com juros menores e com maior poder de compra das exportações, o ajuste também teria sido mais rápido). Por outro lado, com maior ênfase na política de preços, maior rigor na condução das políticas de demanda e na administração dos conflitos que desembocam em maior inflação, e menor ênfase em programas desastradamente ambiciosos (como o Programa Nuclear), o governo Geisel certamente teria legado ao seu sucessor uma herança menos indigesta…. Perto do que estava por vir, no entanto, tais equívocos perdem completamente sua significância na determinação dos desastres dos anos 80”. X. CRESCIMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA A) ESTATIZAÇÃO DA DÍVIDA EXTERNA – 74 DÍVIDA PRIVADA 45%; EM 80 APENAS 22% DO TOTAL; B) “o processo de crescimento da dívida interna do setor público brasileiro foi fruto de um financiamento inadequado do aumento das responsabilidades do governo ao longo do processo de acumulação da dívida, sem que tenha havido a contrapartida do aumento da Renda Disponível do Setor Publico (RDSPu). Ao contrário, em consequência dos subsídios/isenções fiscais, houve uma significativa redução da carga tributária líquida, compensada pela emissão de dívida interna, que com o correr do tempo passa a onerar o próprio orçamento público. Entre 73/83 RDSPu caiu de 16.8% para 8.67% do PIB. Confrontada esta queda com as responsabilidades financeiras crescentes do governo, por conta das dívidas acumuladas, fica mais fácil entender as dificuldades da reversão do processo inflacionário nos anos 80”. (R.Werneck, 1986a e 1986b, bibliografia do “A Ordem”) Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo 7 XI. II PND 1. OBJETIVOS a) manter o crescimento acelerado dos últimos anos, com taxas de aumento de oportunidades de emprego (perspectiva de expansão a taxas superiores a 3,5% ao ano), mas sem superaquecimento e adoção política de contenção de inflação pelo método gradualista; b) manter o equilíbrio do Balanço de Pagamentos; c) política de melhoria de distribuição de renda; d) preservar a estabilidade social e política. 2. ESTRATÉGIA Crescer 10% com a mesma estrutura de produção e demanda da fase anterior seria difícil e pouco racional, considerando que setor industrial estava operando a plena capacidade e conjuntura econômica mundial havia mudado consideravelmente. Assim, tornava-se fundamental readaptação estrutura oferta e demanda, onde seria necessário: a) incentivar o mercado interno, através de estratégias de desenvolvimento social; b) incentivar a agricultura, pecuária, agroindústria, mineração; c) indústria, consolidar economia moderna com investimentos setores básicos (equipamentos e insumos), desenvolvimento cientifico e infra-estrutura de comunicações, esforço de integração nacional; energia, transportes....... 3. CRÍTICAS Trouxe para a economia, pelo menos dois problemas, ao tentar reverter ciclo econômico: a) Inflação, com elevação no patamar e na resistência "para baixo" da inflação brasileira, devido à consolidação e ampliação mecanismos de indexação. b) Endividamento Externo, tornando o Brasil extremamente vulnerável às variações nas taxas de juros internacionais; c) Além disso, representou início da deterioração progressiva das contas públicas, com aumento estoque de dívida interna e externa, através endividamento empresas estatais, e acúmulo de programas como FCVS, SUNAMAM, empréstimos fundo perdido, etc..., tanto através aumento gastos estatais, como através de renúncia fiscal (programas de incentivo exportação e investimento, etc....). 4. PRIORIDADES. ultima etapa processo substituição importações, ênfase em: petróleo, energia, insumos básicos (siderurgia e mat. prima petroquímica) e bens de capital. 5. ‘GRANDES PROJETOS’: hidroelétricas/Itaipu/Tucuruí, min. ferro/Carajás, ferrovia do Aço; siderúrgicas/Aço Minas/Itaqui-MA; pólos petroquímicos/Camaçari/BA/Rio Grande/RGS, fertilizantes potássicos/SE, soda cloro/AL, carvão/SC, fosfato/MG, Proálcool/SP/AL, Programa Nuclear/Nuclebrás (75 acordo com Alemanha - diversificar geração energia e ‘competir’ com contrato EUA/74 - enriquecimento urânio/construção 8 centrais nucleares até 90......) 6. INSTRUMENTOS DE AÇÃO: a) linhas de financiamento subsidiado setor privado (FINAME/BNDE) e participação no capital (BNDE: IBRASA, EMBRAMEC, FIBASE e PETROQUISA: modelo tripartite nos pólos petroquímicos); b) criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE) 05/74, “unidade central de planejamento do governo, para implementar o II PND”; c) Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI), órgão gestor da política de incentivos fiscais para industria, já existente, peça-chave na aprovação dos projetos e administração dos incentivos fiscais. Disponibilizado por Otávio Merçon e todos os colaboradores do Blog Economia PUC-RIo
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