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Terapia ocupacional, trabalho e deficiência intelectual Thayla Gabriele Pereira Passoni 2021 O grupo que as autoras se propõem a apresentar são as pessoas com deficiência intelectual. No artigo há uma contextualização histórica de como as marcas das diferenças desse grupo foram construídas. A princípio as autoras trazem que durante a Antiguidade havia o controle do estado sobre a vida sexual das pessoas, bem como o extermínio das pessoas com deficiência (PCD), a fim de construir uma população “bela” e “normal” para herdar a ética militarista. Já na Idade Média com influência do cristianismo, os PCD eram considerados castigos divinos à pecados, de forma que aquecia a lógica caritativa e assistencialista das igrejas. A partir do século XVIII, representações científicas sobre essa população apoiadas nos ideais iluministas tomam conta da época. Durante o século XX temos a ebulição da luta por direitos sociais das PCD, com a criação de organizações que visavam retirar essa população da tutela das organizações e escolas especiais, esse período é marcado pelos questionamentos sobre a superproteção dessa população e sobre a infantilização dessas pessoas. Por outro lado, em relação a Terapia Ocupacional, entender o contexto em que a profissão se desenvolve, as lutas travadas para romper com as hegemonias de saber e de poder na área da saúde e buscar a posição de defesa às populações vulnerabilizadas, é um esforço contínuo dentro da área. O artigo intitulado ”Terapia ocupacional, trabalho e deficiência intelectual: subsídios para a atuação no Sistema Único da Assistência Social” trata no tópico sobre o método as autoras trazem brevemente a participação da profissão no processo de redemocratização do país e de consolidação de Políticas Públicas no país. Do mesmo modo, o artigo trata sobre as denúncias e a ação de combate aos processos de violência institucional, de exclusão e vulnerabilização sistemática, para colocar como hoje, após um período de reflexão sobre as práticas da TO, há um movimento crítico que considera os contextos sócio-históricos da população. Há muita potência de ação na perspectiva do trabalho como direito, na tentativa de reparar os ecos do Tratamento Moral no Brasil, e toda exclusão e invisibilização dessa população no mercado de trabalho. Também é potente visualizar e compreender ações e o papel da Terapia Ocupacional na assistência social e no SUAS, em um trecho do artigo as autoras trazem a perspectiva do trabalho como direito e o papel da terapia ocupacional atuante no SUAS na defesa desse direito para a PCDI, elas dizem: A partir desta perspectiva, o profissional atuante em processos de inclusão das PCDI no trabalho deve promover e oferecer: história - compreendendo a pessoa como resultado de um percurso dentro de presente, passado, futuro; contexto - posicionando-a em função do cenário real, em relação vital com um ambiente que Terapia ocupacional, trabalho e deficiência intelectual Thayla Gabriele Pereira Passoni 2021 pode se modificar; relações - inserindo-a na rede de relações verídicas, de linguagens e de representações que lhes estão impostas para poder transformá-las; sentido - inserindo-a numa lógica de sentidos e significados, deslocando o olhar que a reduz a diagnóstico, compreendendo a expressão de signos que lidos num determinado contexto querem sempre dizer algo (LEPRI, 2012, apud. SURJUS, 2017). Entretanto, as autoras consideram que ainda há pouca produção na literatura da terapia ocupacional sobre a perspectiva do trabalho como direito, isso demonstra possibilidades de adensar o conhecimento e compor atuações e pesquisas em conjunto com essa população. Em diálogo com as autoras, seria interessante discutir e pensar possibilidades com a economia solidária, articulando Políticas Públicas de incentivo às organizações e coletivos que atuam em conjunto com as PCDI. Também considero interessante a atuação da terapia ocupacional no SUAS, e penso que esse é o espaço para propor e discutir essa atuação, utilizando a atividade humana como combustível para buscar emancipação e a defesa dos direitos humanos. Os terapeutas ocupacionais que atuam no SUAS tem a potência do trabalho no território e com a comunidade, permitindo uma maior aproximação com essa população, uma pauta importante poderia ser o direito à cidade e a mobilidade urbana das PCDI, dentro dessa perspectiva também se somam o campo da cultura e dos estudos interseccionais e de gênero, que articulados podem gerar novas compreensões acerca das questões dessa população e, também, novas possibilidades potentes na defesa das diferenças e da justiça social. O artigo de Mello e Nuernberg (2012), nos conta que é pouca a produção acadêmica brasileira que integre os Estudos Feministas e de Gênero com os Estudos sobre a Deficiência, mas a potência tanto para compor na perspectiva teórica, e podemos citar nome como a pesquisadora e antropóloga Débora Diniz que propôs o modelo social da deficiência, tanto na perspectiva da prática e da atuação profissional em si, por exemplo com os estudos sobre corporalidade, expressão e deficiência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MELLO, Anahi Guedes de; NUERNBERG, Adriano Henrique. Gênero e deficiência: interseções e perspectivas. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis , v. 20, n. 3, p. 635-655, Dec. 2012 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2012000300003&lng=en&nrm=iso>. access on 07 Jan. 2021. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000300003. SURJUS, L. T. L. S. Terapia ocupacional, trabalho e deficiência intelectual: subsídios para a atuação no Sistema Único da Assistência Social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 25, n. 4, p. 899-907, 2017. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000300003
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