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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR PROF.A MA. ELY CLÉA DA SILVA ZANATTA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Aliana de Araújo Camolez © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. HISTÓRIA DA ERGONOMIA E DO TRABALHO .......................................................................................................6 1.1 TRABALHO E DOENÇA EM FUNÇÃO DO TRABALHO NO DECORRER DO TEMPO.............................................6 2. INTRODUÇÃO À ERGONOMIA ................................................................................................................................ 12 3. CONCEITOS EM ERGONOMIA ............................................................................................................................... 13 4. CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE INTERVENÇÃO DA ERGONOMIA ........................................................................ 14 5. FASES DA ERGONOMIA .......................................................................................................................................... 16 6. OBJETIVO E OBJETO DA ERGONOMIA .................................................................................................................. 18 7. FISIOTERAPIA DO TRABALHO ................................................................................................................................ 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 21 ESTABELECIMENTO DAS RELAÇÕES ENTRE O HOMEM, O TRABALHO, CONCEITOS DE ERGONOMIA E A FISIOTERAPIA DO TRABALHO PROF.A MA. ELY CLÉA DA SILVA ZANATTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR 4WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a), é com grande satisfação que apresentamos a você o conteúdo que fará parte da disciplina “Fisioterapia aplicada à saúde do trabalhador”. Como fisioterapeuta do trabalho em empresas, devido à importância de antecipar doenças e acidentes nos mais diversos ambientes de trabalho, utilizei referências consideradas básicas para ergonomia e, através de um material baseado em evidências, pretende-se contribuir para a condução de um aprendizado teórico, mas baseado na prática atual desse conteúdo. Sou a professora Ely Cléa da Silva Zanatta, com formação em Fisioterapia e Especialização em Fisioterapia do Trabalho, com vários cursos de formação em Análise Ergonômica do Trabalho, Ferramentas para Análise Ergonômica do Trabalho, Laudos Ergonômicos, Perícia Judicial do Trabalho, Gestão em Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho, Tabela 23 do eSocial: Realização de AET, Riscos Psicossociais e Cognitivos: Uma compreensão para a prática da Ergonomia e do e-Social. Pretende-se, portanto, com este material, levar você a reflexões e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e consciente, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Assim, elaborou-se o presente material com a intenção de torná-lo subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira escolhida. Os conteúdos de aprendizagem dessa primeira unidade são: História da Ergonomia e do trabalho; Introdução à Ergonomia; Conceitos em Ergonomia; Classificação e tipos de intervenção da Ergonomia; Fases da Ergonomia; Objetivo e objeto da Ergonomia; Regulamentação da fisioterapia no trabalho; Conceito de Fisioterapia no trabalho; Objetivos da Fisioterapia no trabalho e Áreas de atuação do fisioterapeuta do trabalho. Os hábitos e as exigências das pessoas mudam com o passar do tempo. Com a evolução da sociedade, algumas coisas podem se tornar inaceitáveis para uma geração, sendo que outras as consideravam aceitáveis. E com a evolução dos meios de comunicação, determinados fatos que aconteciam em um determinado local tornam-se mundiais em um curto período de tempo. As pessoas estão reivindicando condições melhores de trabalho e de vida. Devido a situações econômicas e sociais, as pessoas do mercado comum estão requerendo condições equivalentes de trabalho, colocando os diversos países em um nível compatível entre si. Buscando a igualdade, diversas melhorias são solicitadas de forma que as soluções ergonômicas para o trabalho necessitam constantemente de crescimento. Atualmente, nas grandes e pequenas empresas que atuam em diversos segmentos, está ocorrendo um processo de conscientização no que se refere à importância da promoção de saúde e da prevenção de doenças ocupacionais para seus funcionários. Tal tendência se traduz em um processo que equilibra a qualidade de vida do indivíduo com a produtividade da empresa. O homem, que é o principal envolvido em um processo de trabalho, sofre os seus efeitos positivos e negativos. No tocante aos efeitos negativos, estes devem ser analisados para que se possa adequar a ocupação ao indivíduo. A finalidade principal da ação ergonômica é a adequação da ocupação ao sujeito. Essa ação deve ajustar seus métodos e condições de sua aplicação ao contexto, às questões e ao que foi identificado como parte envolvida. 5WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As possibilidades de transformações do trabalho decorrem de um processo de elaboração do qual participam ativamente os diferentes sujeitos envolvidos, com seus pontos de vista e próprios interesses. O caminho a seguir com o desenvolvimento prático e a aplicação de métodos ergonômicos ocorre através de uma melhor antecipação e apreciação de alterações no trabalho humano, as quais serão efetuadas por meio da introdução de novidades tecnológicas para o trabalho. A progressãode métodos adequados de ergonomia ou a aclimação dos métodos existentes deve utilizar métodos quantitativos e qualitativos, além das orientações. As empresas investem em ergonomia por várias razões, dentre elas estão: o retorno sobre o investimento; a obrigação ética de fornecer um ambiente de trabalho seguro, de conformidade regulamentar; manter-se competitivas no mercado para os funcionários mais talentosos e de acordo com a negociação coletiva. Na busca da competitividade, é preciso proteger os ativos organizacionais, e por meio da ergonomia, reduzir custos médicos, baixar o absenteísmo e melhorar a satisfação do trabalhador. Pensando em tudo o que foi abordado acima, desejo a você, acadêmico(a), uma ótima aula e leitura proveitosa sobre todos os temas que serão abordados nas unidades desta disciplina. E lembre-se: vencer está em 1% de inspiração e 99% de transpiração. Vamos iniciar então? Ótimos estudos! Alguns questionamentos que proponho para discussão mental agora e depois que finalizar o módulo novamente, com o propósito de encontrar o melhor caminho: • Por que o trabalho e a realização pessoal parecem viver um eterno conflito? Seriam as características do ambiente de trabalho? • Por que o homem necessita ser “educado”, por que é preciso convencê-lo para o trabalho? Seria em decorrência de métodos de trabalho inadequados? • Até quando é necessário o desenvolvimento e o crescimento dos recursos da ergonomia? Será que durante o período de tempo em que o homem ainda sofrer os diversos infortúnios 6WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. HISTÓRIA DA ERGONOMIA E DO TRABALHO Resgatar a história do conhecimento na área em questão oferece mais sentido à caminhada que se propõe fazer, levando a valorizar o lugar onde se está hoje e a vislumbrar aonde se quer chegar. Pensando nisso, o trabalho sempre foi próprio do homem. Desde a autossubsistência do homem primitivo, passando pela troca, pelo mercantilismo, pela escravidão, pela servidão e pela industrialização, as exigências laborais evoluíram. A inquietação, peculiar ao homem, faz com que ele modifique de forma rápida a sua vida e o seu trabalho, o que muitas vezes dificultou a normatização e a administração da relação entre o indivíduo e o trabalho. A saúde ocupacional, em maior ou menor ligação com a fisiologia do trabalho, tem um lugar na ergonomia desde seus primeiros desenvolvimentos. Ela mobilizou a atenção para a proteção da saúde dos trabalhadores. 1.1 Trabalho e Doença em Função do Trabalho no Decorrer do Tempo O conceito de trabalho nem sempre foi o mesmo e, no decorrer da história da humanidade, verificamos que o trabalho foi considerado de maneira bastante diferente, nas diversas épocas de sua evolução, gerando inovações no modelo de organização social e de trabalho. A questão do trabalho sofreu uma evolução através dos tempos: a palavra trabalho se origina do latim tripalium, instrumento utilizado para tortura (instrumento onde eram atados os condenados ou animais difíceis de ferrar), ou tripaliare, cujo significado é torturar por intermédio do tripalium, equipamento de tortura, composto por três paus, ao qual eram atados os condenados, os gladiadores do circo romano e os escravos. Trabalhar significava estar submetido à tortura. Isso é índice da infravaloração do trabalho, que se documenta na literatura medieval dos primeiros séculos. Figura 1 - Tripallium: instrumento de tortura. Fonte: Rios (2015). 7WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O primeiro modo de trabalho foi a escravidão, no qual o escravo era considerado “res”, coisa, não tendo, portanto, direito algum, muito menos direitos trabalhistas. O direito considerava o escravo como propriedade, e o trabalho físico era concebido como martírio e, durante um longo período, o trabalho apresentou o sentido de punição e de castigo. Assim, para os hebreus, o homem era simplesmente condenado a trabalhar. A tradição grega e a tradição judaico-cristã veem o trabalho como pena ou castigo, resultante da cólera dos deuses contra os humanos que desacataram suas ordens, levados pela ambição de desfrutarem de poderes que eram prerrogativas divinas. Com o passar do tempo, no entanto, o desprezo pelo trabalho em geral foi substituído pelo desprezo pelo trabalho manual. Os gregos e os romanos só admitiam o trabalho manual para os escravos. As elites só se preocupavam com o trabalho intelectual, que correspondia, na visão deles, à parte nobre do homem. Assim sendo, o trabalho que exigisse força e destreza muscular e um contato direto com a matéria era considerado desprezível. Na Idade Média, trabalhar significava cultivar a terra para produzir alimentos e cuidar do rebanho, que fornecia a lã para o vestuário. Havia três classes de pessoas: os sacerdotes, os quais pregavam; os nobres, que lutavam; e os trabalhadores, que eram considerados de uma classe inferior. A característica da Idade Média é a consolidação no campo e a sobrevivência nele durante um longo período, sob forma de escravidão. Em uma época posterior, surgem os contratos agrários de prestação de serviços junto às explorações servis. Elevam-se à situação de servos os escravos, e reduzem-se a ela os camponeses e os pequenos proprietários a partir de uma prévia condição de liberdade. Baseado nessa abordagem do trabalho através dos tempos, temos o conceito de trabalho: Aplicação de um esforço aos dons da natureza para alcançar as coisas necessárias, a fim de alcançar as finalidades da vida (O’BRIEN, 1948). Aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim. Atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento. O exercício dessa atividade como ocupação, ofício, profissão. Pressupõe: Trabalho físico, intelectual e um fim (FERREIRA et al., 1995). Desde a época dos papiros egípcios, historiadores mostram, por intermédio de seus estudos, a associação do trabalho no desencadeamento do processo saúde-doença, e em tempos posteriores, a civilização greco-romana continuou esse processo. A ação ergonômica vem demonstrando através dos tempos sua importância, de ajustar o trabalho ao homem, por meio da criação de ferramentas a partir de pedaços de pedra com o propósito de otimizar a atividade de caça, buscando, assim, conforto e eficiência no modo produtivo do caçador. É observada essa situação no período Pré-histórico. Dessa forma, fica evidente que a ação surgiu antes mesmo da criação da disciplina de ergonomia e do aparecimento do termo “ergonomia” no século XVIII. O humano que viveu no período Pré-histórico, possivelmente, escolheu uma pedra com a forma que se adaptasse ao formato da sua mão, favorecendo o seu uso com maior facilidade, segurança e eficácia. As ferramentas utilizadas para pegar água eram em forma de concha, de forma que a seleção de armas ocorria em conformidade com as limitações físicas e as particularidades da atividade a ser elaborada (ferramenta para caçar animal de pequeno porte, diferente da ferramenta utilizada para caçar grandes animais). 8WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim, é visto que, desde os tempos antigos, o ser humano busca realizar as suas atividades com o menor esforço e maior segurança. Figura 2 - Utensílios utilizados pelo ser humano no período Pré-histórico com formato para a adaptação à mão. Fonte: Escola Educação (2020). O trabalho, no aspecto histórico e de origem, tem tido diferentes significados no decorrer do tempo. No percurso da história, o indivíduo, no desenvolvimento das tarefas no trabalho, tem ajustado seu comportamento, e esses ajustes estimulam novos estudos nos pesquisadores, que destacama grande importância do trabalho na vida das pessoas. Praticamente as pessoas que trabalham passam um considerável período de tempo da sua vida dentro de organizações, demonstrando, assim, o valor do trabalho na sociedade. Hipócrates (século 4 a.C.) descreveu o quadro de envenenamento por chumbo entre mineiros, omitindo o recinto de trabalho e a ocupação. No século I, Plinius Secundus descreveu o aspecto dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e poeira. Galeno, em Roma, fez também referência ao envenenamento decorrente do trabalho com enxofre, zinco e vapores ácidos. Apesar de algumas doenças relacionadas ao trabalho terem sido reconhecidas cedo, as autoridades não forneceram solução para elas, e essa situação se manteve até o final da Idade Média. Em 1556, Georgius Agrícola publicou o livro De re metalica, relatando seus estudos acerca dos problemas relacionados à extração de minerais, fundição da prata e do ouro, destacando-se a doença chamada por ele de “asma dos mineiros”, provocada por poeiras. A descrição dos sintomas e a rápida evolução da doença sugerem tratar-se de silicose, eventualmente acompanhada de câncer de pulmão. Na Renascença, Bernardino Ramazzini, médico italiano, publicou o livro considerado a primeira obra que relacionou profissões e seus respectivos riscos De morbis artificum diatriba (Doenças do trabalho), ocasionados por produtos químicos, poeira, metais e outros agentes encontrados por trabalhadores em mais de 50 ocupações. Este foi um dos trabalhos pioneiros e base da medicina ocupacional, que desempenhou um papel fundamental em seu desenvolvimento. 9WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Mais tarde (século XIX), Villermé realizou estudos estatísticos, que resultaram num relatório, considerado o ponto de partida da legalização trabalhista, introduziu a análise de morbidade dos trabalhadores. No início do século XX na França, ocorreu o primeiro laboratório de pesquisa (trabalho profissional, fisiologia do trabalho), que constituiu a base da ergonomia do trabalho físico, contração muscular (dinâmica e estática). A organização de uma atenção diferenciada à saúde de trabalhadores surge no mundo ocidental, no século XVIII, na Inglaterra, com a Revolução Industrial, período no qual os impactos sobre a vida e a saúde das pessoas foram objetos de inúmeros estudos. Pressionados pelos prejuízos econômicos decorrentes dos altos índices de acidentes graves, adoecimento pelas péssimas condições de vida e trabalho e reivindicações de mudanças, industriais passaram a contratar médicos, atribuindo-lhes a responsabilidade de cuidar da saúde dos trabalhadores. A situação só se modificaria com intensos movimentos sociais, que obrigou políticos e legisladores a introduzirem medidas legais de controle das condições e dos ambientes de trabalho. Em 1802, como consequência dessa mobilização, houve a redução da jornada de trabalho e a regulamentação da idade mínima para trabalhar. Em 1833, o “Factory Act - Lei das Fábricas” ampliaria as medidas de proteção aos trabalhadores. Taylor propôs um método de otimização da mão de obra, conhecido como administração científica do trabalho ou “Taylorismo”. O savoir faire ou “saber fazer” do trabalhador era planejado por alguns e executados por outros, de forma que só havia uma maneira eficaz de realizar certa tarefa, sem haver a possibilidade de realizar formas de desvios ou adaptações. Os trabalhadores foram caracterizados como “homens médios”, com tarefas simples e repetitivas e escolhidas de forma preconceituosa, de modo que os homens mais fortes executavam tarefas pesadas e os considerados mais fracos, as tarefas delicadas. As crianças eram utilizadas em decorrência do pequeno tamanho das mãos, devido à facilidade no manuseio dos fios, na indústria de tecelagem. As jornadas de trabalho eram muito longas, e ainda, eram premiados de acordo com a produtividade. Esse conceito, juntamente com a introdução da linha de montagem proposta por Henry Ford (1863-1947), levou ao adoecimento muitos trabalhadores, por não levar em consideração as variabilidades das atividades de trabalho. O Fordismo, apesar de ser bom para os empresários que investiram no negócio, era negativo para os colaboradores. Estes não recebiam mais qualificação e executavam um trabalho repetitivo e desgastante e, além disso, recebiam baixos salários, já que o intuito era reduzir os preços da produção. Os dois sistemas, Taylorismo e Fordismo, visavam à racionalização extrema da produção e, consequentemente, à maximização da produção e do lucro. O sucesso desses dois modelos fez com que várias empresas adotassem as técnicas desenvolvidas por Taylor e Ford, utilizadas até os dias atuais por algumas indústrias. O Fordismo entrou em declínio quando, em 1980, surgiu o Toyotismo, que era um novo sistema de produção mais eficiente. O taylorismo e o fordismo enfatizaram, basicamente, os princípios de produção. O taylorismo iniciou o período de produção industrial, organizando o trabalho de modo a obter grande produtividade. O taylorismo visava alcançar a fragmentação máxima do trabalho, de forma a minimizar as necessidades de habilidades e o tempo de aprendizado. Já o fordismo manteve o mecanismo de produção e organização, porém adicionou a esteira rolante, ditando um novo ritmo de trabalho. O Toyotismo, por sua vez, se concentrou no aspecto da cultura organizacional e sua importância para a competitividade de uma empresa. 10WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Características do Taylorismo 1. Fragmentação do trabalho em afazeres específicos; 2. Incremento da produtividade; 3. Grande nível de subordinação. Características de produção do Fordismo 1. Padronização dos produtos; 2. Produção em larga proporção; 3. Uso de linhas de montagem; 4. Fragmentação do trabalho em pequenas tarefas. Figura 3 - Linha de produção, foto de 1913. Fonte: Wikimedia Commons (2020). 11WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 - Linha de produção: Fordismo. Fonte: Logística descomplicada (2013). Características de produção do Toyotismo 1. Produção diversificada; 2. Eliminação de desperdício; 3. Autonomia; 4. Trabalhadores com múltiplas tarefas. Charlie Chaplin – Tempos modernos (Modern Times) - 1936 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HAPilyrEzC4 . No clássico filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, fica evidente a crítica, apesar do tom de sátira, ao Fordismo e ao seu antecessor, o Taylorismo. No filme, o operário é programado para realizar suas atividades e sente a força da hierarquia. Esse clássico evidencia quatro pontos principais: 1. O trabalhador se via obrigado a se adequar ao trabalho; 2. O trabalho era repetitivo, desgastante e de baixa qualificação; 3. Cada um era responsável exclusivamente por uma etapa da produção; 4. Apesar de participar do processo de produção, o trabalhador era desvinculado do produto final. O sistema de produção revela o desprezo pelo trabalhador enquanto ser pensante e também é evidenciado o controle burguês sobre o operário, a superespecialização de tarefas, culminando numa ignorância total do trabalhador em relação ao que ele produzia e o produto final daquilo. 12WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Devido ao contexto socioeconômico no final do século XVIII, o trabalho era bastante desgastante com jornadas excessivas, trabalhadores expostos a condições insalubres, mortes e trabalho semiescravo. Condição esta atribuída à adequação das indústrias europeias e americanas à elevação da sua produção, diante de um quadro de deficiência de mão de obra qualificada e com recursosde matéria-prima operando no limite. Na 1ª Guerra Mundial (1914-1917), os fisiologistas e psicólogos apresentavam o foco em aumentar a produção de armamentos. Em 1921, foi criado o Instituto de Pesquisa Sobre Saúde no Trabalho para os trabalhos interdisciplinares. Durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o foco era a adaptação dos instrumentos bélicos (submarinos, tanques, aviões) às características e capacidades do operador, sendo que esse operador desempenhava sua função em condições ambientais desfavoráveis e tensas. O objetivo, nesse período, era melhorar o desempenho e reduzir a fadiga e os acidentes. 2. INTRODUÇÃO À ERGONOMIA Os conceitos da ergonomia que se evidenciaram após a 2ª Guerra Mundial foram de grande valia, para favorecer o incremento de situações de melhorias nas atividades laborais e na produtividade dos colaboradores de modo geral, difundida velozmente. O modelo mecanicista e repetitivo de produção acabou gerando uma grande diversidade de enfermidades, que hoje denominamos Lesões por Esforço Repetitivo (LER), ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Além dessas lesões, a repetição das atividades conduzia os trabalhadores a cometerem atos inseguros, seja por cansaço ou desatenção. Por consequência, gerou-se redução do trabalhador em outras atividades ou o afastamento para tratamento médico. A ergonomia, no que se refere ao seu início e ao progresso, é produto da consequência da renovação socioeconômica e tecnológica que aconteceu no universo do trabalho após a segunda metade do século passado. Da fabricação rústica, passando pela automatização e a robótica, houve grandes transformações do relacionamento entre o indivíduo e seu trabalho. No início da história, a ergonomia teve interesse no aprimoramento de pesquisas e projetos direcionados às questões de antropometria, esclarecimentos sobre controles, painéis, arranjo de local físico e em todo o universo que envolve o trabalho. Com o crescimento da tecnologia, a ergonomia agregou, em sua atenção, a evolução dos sistemas automatizados e informatizados, despertando a atenção para a relevância do trabalho mental, tal qual o trabalho físico. Em 1949, por intermédio da Ergonomics Research Society na Inglaterra, irrompeu a ergonomia como disciplina, e 10 anos mais tarde, nos Estados Unidos, surgiram a Human Factors Society (HFS) e a International Ergonomics Society (IES). Já em 1963, na França, criou-se a Société d’Ergonomie de Langue Française (SELF). No Brasil, fundou-se, em 1983, no Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), filiada a IEA, em exercício de suas atividades até hoje. Devido às condições desfavoráveis de trabalho e ao crescente absenteísmo na década de 1970 e 1980, houve então a necessidade de grandes transformações nesse cenário. Surgiu, obrigatoriamente, o dever de criação de leis para a proteção dos trabalhadores e fiscalizações nos locais de trabalho. Aliadas a isso, vieram as ações sindicais, que foi outro fator decisivo para a evolução da ergonomia. 13WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Com a inserção da informática nos anos 1980, surgiram os processos cognitivos (Ex.: interação homem-interface-computador, tomadas de decisões, carga mental, raciocínio). Dessa forma, as tarefas se tornaram complexas e demandavam alta competência dos trabalhadores (Ex.: engenheiro nuclear monitorando as transformações de uma usina por meio do computador). A ergonomia cognitiva expandiu com o crescimento das inovações tecnológicas, incremento na automatização das fábricas. Como consequência disso, a ergonomia foi gradualmente agregando sua contribuição na intervenção preventiva de acidentes de trabalho por intermédio da confiabilidade humana e visão sistêmica das tarefas ocorridas no processo do trabalho. A ergonomia apresenta forte participação nas atividades do cotidiano, tais como: comandos, botões e assentos dos automóveis que estão sendo produzidos. Com o crescimento de dispositivos de fácil manuseio, confortáveis, seguros e com desenho moderno, proporciona-se a adaptação da tarefa ao homem sempre. 3. CONCEITOS EM ERGONOMIA Este termo possui origem grega: ergon, que significa “trabalho/força”, e nomos, que quer dizer “leis ou normas”, para denotar a ciência do trabalho, aplicando-se nas diferentes perspectivas da atividade humana. O termo Ergonomia foi proposto na Inglaterra em 1950 por um grupo interdisciplinar de pesquisa, que discutia o surgimento de uma ciência inovadora. Nesse contexto, é fundada, na Universidade de Oxford, Inglaterra, a Ergonomic Research Society – Sociedade de Pesquisa em Ergonomia. A ergonomia pode ainda ser conceituada como o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao indivíduo e essenciais à concepção e instrumentos, máquinas e mecanismos, que seja capaz de oferecer o máximo de bem-estar, segurança e eficiência, quando manuseados. Historicamente, a ergonomia já havia sido mencionada em um artigo chamado Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, de autoria do polonês Woitej Yastembowsky em 1957; esse termo se expandiu mundialmente, a datar da fundação da Sociedade de Pesquisa em Ergonomia. Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), a ergonomia é uma disciplina que busca modificar os sistemas de trabalho para adequar as atividades às peculiaridades, habilidades e imperfeições das pessoas com vistas a um desempenho eficiente, confortável e seguro. Ergonomia é por definição a ciência que estuda a relação entre o indivíduo e a atividade de trabalho que executa, procurando desenvolver uma integração perfeita entre as exigências da ocupação, as habilidades e limitações físicas e emocionais/mentais do trabalhador e a eficiência do sistema produtivo. A IEA (Associação Internacional de Ergonomia), em 2000, a definiu da seguinte forma: a Ergonomia (Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos, a fim de otimizar o conforto humano e a performance total do sistema (ABERGO, 2020). A ergonomia visa entender as interações entre seres humanos e outros elementos do conjunto e a aplicação dessa ciência na teoria, princípios e métodos, de forma a auxiliar na elaboração de projetos e modos operantes, otimizando o conforto humano e o desempenho geral de um sistema. 14WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os estudos da ergonomia caminham na direção de introduzir inovações tecnológicas, demonstrando a transformação do conteúdo e a natureza do trabalho e das consequências dessas mudanças na saúde e na produtividade. O termo ergonomia evoluiu, fazendo-se necessário distinguir duas definições: uma tradicional, voltada para o design das metodologias do trabalho, e uma ampliada, para referir-se às situações em que existam artefatos para o ser humano desempenhar suas tarefas. Tradicionalmente, a ergonomia tem progredido e evoluído, e conta como objeto de estudo o desenho de processos de trabalho ou do local onde o trabalho humano tem efeito e de onde se originam os conhecimentos necessários para a o homem executar o seu trabalho. O profissional da ergonomia, na busca de realizar seus objetivos, deve estudar diversos aspectos da conduta do indivíduo no trabalho e outros fatores importantes, que são: o homem, a máquina, o ambiente, a informação, a organização e as consequências do trabalho. Como objetivos, busca a segurança, a satisfação e o conforto dos colaboradores em seu relacionamento com os sistemas produtivos. 4. CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE INTERVENÇÃO DA ERGONOMIA Ergonomia do produto: concepção de produtos com atenção voltada primariamente para a utilização dos consumidores. Para isso, é primordial o conhecimentodos atributos e carências dos usuários, de forma a proporcionar saúde, conforto e segurança. Ergonomia da produção ou ergonomia empregada ao trabalho: ocupa-se das normas e regras do trabalho, que oferece saúde, conforto e segurança aos trabalhadores. A intervenção da ergonomia transcorre por intermédio de três abordagens: 1. Ergonomia de concepção: ocorre quando a contribuição ergonômica se faz durante a fase inicial de projeto do produto, da máquina ou do ambiente. 2. Ergonomia de correção: é aplicada em situações reais já existentes, com o propósito de resolver problemas que se refletem na segurança, na fadiga excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da produção. 3. Ergonomia de conscientização: consiste na conscientização do operador, através de cursos de capacitação e frequentes reciclagens, ensinando-o a trabalhar de forma segura, reconhecendo os elementos de riscos que podem surgir a qualquer momento, no local de trabalho. De um modo mais desprendido, a ergonomia é a adequação do local de trabalho ao indivíduo. Nesse sentido, possui um campo de abrangência bastante amplo, que inclui diversas situações da atividade humana, tais como: posturas, movimentos, fluxo de informações, lugar de trabalho, cognição, controles, sistema de organização do trabalho, fatores humanos, entre outros. Atualmente, a Associação Brasileira de Ergonomia propõe um formato mais abrangente de ergonomia, distribuído em três especializações, que representam profundas competências em atributos humanos específicos, com conteúdos de conhecimento mais sobre as pessoas do que atributos de sistema ou setores econômicos. São eles: 1. Ergonomia física: relaciona-se com anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em relação à atividade física. Estuda aspectos relacionados ao trabalho, o que envolve postura, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. 15WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. Ergonomia cognitiva: relacionada com os processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora, conforme afetam interações entre humanos e outros elementos do processo. Direciona-se ao estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem-computador, estresse e treinamento, conforme estes se relacionam a projetos envolvendo seres humanos e sistemas. 3. Ergonomia organizacional: refere-se à otimização de sistemas sociotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos. Estuda comunicações, projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade (ABERGO, 2019). Figura 5 - Ergonomia organizacional. Fonte: Rabbit Finance (2019). A base da ergonomia é o estudo do sistema homem-máquina. O homem interage com o processo de trabalho, por exemplo, o homem, baseado em informações recebidas, toma as decisões, de forma que a máquina obtenha o resultado desejado. Desde os anos 1980, entretanto, passou-se a utilizar uma tecnologia inovadora da ergonomia, a macroergonomia, que está relacionada à pesquisa, desenvolvimento e aplicação de uma tecnologia da interface humano-organização. Aspectos como a abordagem sociotécnica da organização e a participação dos trabalhadores fazem parte da abordagem macroergonômica. 16WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5. FASES DA ERGONOMIA A ergonomia teve seu reconhecimento e desenvolvimento mais nitidamente em decorrência dos avanços tecnológicos do século XX, principalmente após a 2ª Guerra Mundial, quando as incompatibilidades entre o progresso humano e o progresso técnico tornaram-se mais evidentes. A ergonomia teve várias fases em sua trajetória. Em 1993, Hendrick listou quatro fases (HENDRICK; KLEINER, 2006): 1) Ergonomia de Hardware ou Tradicional: Posto de trabalho Desenvolvida na 2ª Guerra Mundial, representa o início da ergonomia ou human factors, como ciência prática formal. Concentrou os estudos nas características (capacidades e limites) físicas e percepção do indivíduo e na aplicação dos dados no desenho de controles, displays e arranjos de interesse militar, pois os equipamentos militares (aviões mais velozes, radares, submarinos e sonares) exigiam dos seus operadores decisões muito rápidas e complexas em situações críticas de combate na ocasião das guerras. Voltava-se para as questões físicas do local de trabalho, as questões fisiológicas e biomecânicas (ergonomia física). Ainda é o maior âmbito de atuação dos ergonomistas. Figura 6 - Ergonomia física (biomecânica ocupacional). Fonte: Soares (2014). 2) Ergonomia do Meio Ambiente Vem se fortalecendo em decorrência do interesse de compreender melhor a interação do homem com seu meio ambiente (natural ou construído). As questões ecológicas, importantes para a restauração do planeta, deverão ampliar a atuação dos ergonomistas, nessa linha de abordagem. Sua base é o cuidado com os efeitos de temperatura, ruído, vibração, iluminação e aerodispersoides. 17WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ergonomia de hardware X Ergonomia de software (Transição) Apesar da tendência em separar a Ergonomia de Hardware ou Tradicional da Ergonomia de Software ou Cognitiva, a natureza da ergonomia é a mesma (adaptar a tecnologia ao indivíduo), a diferença está na ênfase: a clássica ou tecnologia de máquinas industriais e a informatizada ou cognitiva. 3) Ergonomia de Software ou Cognitiva Lida com questões de processamento de informação. Sua extensão de trabalho é fortalecida pela informatização de processos e produtos, que exige, progressivamente, uma economia de interface com o cliente. O processo de captação, processamento da informação e tomada de decisão torna-se paulatinamente de grande importância no projeto de adequação e concepção de sistemas no trabalho e também na vida diária. Figura 7 - Ergonomia cognitiva. Fonte: Derenusson (2016). 4) Macroergonomia A abordagem é macro, olhando primeiramente para o processo, depois para o produto e depois para o local de trabalho. Essas três primeiras fases enfocam o operador, ou grupo de operadores, dentro de subsistemas na organização na qual se inserem. Enfatiza a interação entre os contextos organizacional e psicossocial do processo. Diferencia-se das demais fases por priorizar o processo participativo. Isso garante que a intervenção ergonômica tenha um melhor resultado, reduzindo a margem de falhas de concepção, e que as modificações proporcionem, em consequência, maior aceitação pelos colaboradores. A visão macro focaliza o homem, a organização, o ambiente e a máquina de forma mais global em um processo mais extenso. 18WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6. OBJETIVO E OBJETO DA ERGONOMIA Analisar padrões de comportamento: gestos, posturas, verbalizações, comunicações e dos processos mentais que os governam, mecanismos psicológicos que os afetam, emoções que os influenciam, utilizando, para isso, diversas disciplinas científicas, resultando numa melhor adaptação do homem aos meios tecnológicos e aos locais de trabalho e de vida. Adequar as exigências laborais ao indivíduo, e não o contrário. A ergonomia tem como objetivo buscar a segurança, satisfação e o conforto dos colaboradores no seu relacionamento com sistemas produtivos. Sabendo-se que os sistemas produtivos evoluem com o desenvolvimento da tecnologia, à medida que os equipamentos a cadadia assumem o trabalho pesado, aumentando a produção e a qualidade dos produtos, ao homem é designado o esforço mental e dos sentidos. Assim, gradativamente, o homem foi migrando seu trabalho para tarefas que os equipamentos ainda não são capazes de executar, tais como tarefas com computadores. Isso criou novas áreas de estudo e representa a mais nova área de atuação para o ergonomista. Em relação ao objeto da ergonomia, trata-se do estudo do complexo formado pelo agente humano e seu trabalho. A investigação ergonômica visa: • Ajustar as exigências do trabalho às possibilidades do indivíduo, para reduzir a carga externa. • Conceber as máquinas, os equipamentos e as instalações pensando na maior eficácia, precisão e segurança. • Estudar cuidadosamente a configuração dos locais de trabalho, para assegurar ao trabalhador uma postura correta. • Adaptar os ambientes (químicos, físicos e biológicos) às necessidades físicas do homem. 7. FISIOTERAPIA DO TRABALHO A Fisioterapia do Trabalho é a união bem-sucedida entre a necessidade ocupacional, prevenção, promoção do bem-estar, resgate da saúde e reabilitação do trabalhador. Atua através dos aspectos da biomecânica, exercícios laborais e recuperação de queixas ou desconfortos físicos. A abordagem enfoca o indivíduo nas suas características e hábitos de vida, com sua técnica e trabalho. O Fisioterapeuta do trabalho, além de ter conhecimento das técnicas terapêuticas, aborda as etapas e modos de produção, administração e leis trabalhistas para avaliar, prevenir e tratar os distúrbios ou lesões decorrentes das atividades de trabalho. E as Habilidades do fisioterapeuta do trabalho são: relacionar contratualmente com pessoas jurídicas, visão empresarial, raciocínio estratégico bem estruturado, grande conhecimento da ergonomia, biomecânica ocupacional, legislação trabalhista e previdenciária, além das habilidades conquistadas na graduação. 19WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Hoje a saúde nas empresas não prioriza unicamente periódicos, vacinas ou higiene do trabalho, mas busca também a saúde integral baseando-se na definição da OMS: “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”. Os programas de saúde são integrados buscando a prevenção, promoção de saúde e/ou qualidade de vida com equipes interdisciplinares. O fisioterapeuta do trabalho com especialização em ergonomia possui condições de atender a empresa junto aos programas de saúde, acompanhando colaboradores afastados, realocando-os em novos postos e funções, assessorando a empresa junto ao INSS e atuando nos programas de ergonomia da empresa, através de treinamentos como “Transporte e Levantamento de Carga”, assim como na elaboração de AETs (Análise Ergonômica do Trabalho). O profissional com formação clínica pode também planejar e gerenciar clínicas de fisioterapia no local de trabalho com vistas a atendimentos de casos agudos – emergências e crônicos –, utilizando recursos como eletroterapia, RPG, acupuntura e outros. Em 2003, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) publicou a Resolução 259/03, que reconhece a área de atuação da Fisioterapia do Trabalho, dando referência sobre os procedimentos em saúde do trabalhador do profissional fisioterapeuta. E em 13 de junho de 2008, houve a aprovação da Resolução 351/08 pelo COFFITO, que reconhece a especialidade em fisioterapia do trabalho. Em junho/julho de 2008, o Ministério do Trabalho (MTE), pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), descreve para o mercado brasileiro quem é o especialista, especifica e detalha suas práticas comprovadas, distingue áreas de atividade, competências pessoais e recursos de trabalho. A descrição emitida pelo MTE/CBO destaca que o especialista fisioterapeuta do trabalho executa: avaliação de clientes e pacientes (funções musculoesqueléticas; avaliação ergonômica; qualidade de vida no trabalho); estabelece o diagnóstico fisioterapêutico (coleta dados; solicita exames complementares; interpreta exames; estabelece prognóstico; prescreve a terapêutica; estabelece nexo de causa cinesiológica funcional ergonômica); planeja estratégias de intervenção (define os objetivos, condutas e procedimentos, frequência e tempo de intervenção; indicadores epidemiológicos de acidentes e incidentes; programas de atividades físicas funcionais; participa na elaboração de programas de qualidade de vida; implementa ações de intervenção (interpreta indicadores epidemiológicos de acidentes e incidentes); implementa ações de conscientização, correção e concepção; analisa fluxo de trabalho; presta assessoria; adequa as circunstâncias de trabalho às habilidades do trabalhador; adequa fluxo, ambiente e posto de trabalho; implanta programas de pausas compensatórias; organiza rodízios de tarefas; promove a melhora de performance morfofuncional; reintegra trabalhador ao trabalho; aplica a ginástica laboral); educação em saúde (propõe mudanças de hábito de vida; orienta clientes, pacientes, familiares e cuidadores; ensina e corrige o modo operatório; implementa a cultura ergonômica; desenvolve programas preventivos e de promoção de saúde; gerencia serviços de saúde (elabora critérios de elegibilidade; elabora projetos; elabora e avalia processos seletivos; supervisiona estágios; analisa custos); executa atividades técnico-científicas; trabalha com segurança; comunica-se (registra procedimentos e evolução de clientes e pacientes; orienta profissionais do grupo de trabalho; emite relatórios, pareceres técnicos, atestados, laudos de nexo de causa laboral. 20WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Você sabia que a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo) é uma associação sem fins lucrativos cujo objetivo é o estudo, a prática e a divulgação das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando as suas necessidades, capacidades e limitações? Possui a Ação Ergonômica, que é um periódico científico e tecnológico que visa propiciar, aos pesquisadores e agentes de mudanças nas organizações que atuam no Brasil, as bases conceituais, metodológicas e instrumentais para ações e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, a tranquilidade e a eficácia das atividades humanas mediante o estudo das interações das pessoas com a atualidade e o futuro das tecnologias, da organização e dos ambientes que as acolhem. Esse periódico dispõe de artigos científicos na íntegra. É uma revista com características multidisciplinares, destinada a difundir os trabalhos científicos e técnicos em Ergonomia. O congresso ABERGO, realizado bianualmente, foi instituído com o objetivo de fomentar a pesquisa na área e promover o intercâmbio entre pesquisadores e profissionais da prática para a ampliação do conhecimento em Ergonomia. Em cada uma das edições, o evento contou com a presença de pesquisadores e profissionais vindos dos principais centros de ensino, pesquisa e meio corporativo do país e de palestrantes convidados de renome internacional. É um importante fórum de divulgação e discussão de questões pertinentes ao avanço dessa área no Brasil e no mundo. Sobre o reconhecimento da Fisioterapia do Trabalho como especialidade do profissional Fisioterapeuta, leia: COFFITO. Resolução nº 351, de 13 de junho de 2008. Dispõe sobre o Reconhecimento da Fisioterapia do Trabalho como Especialidade do profissional Fisioterapeuta e dá outras providências. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3114. Acesso em: 13 abr. 2020. 21WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) acadêmico(a), com o decorrerdo tempo, os hábitos e as reivindicações dos indivíduos mudam. O que era tido como situação normal para uma dada geração, aquilo que era admitido como normal para uma geração pode tornar-se inconcebível para a outra, em função do progresso da sociedade. De forma que o que anteriormente era um evento localizado pode transformar-se em um acontecimento global com a progressão dos meios de comunicação. Crescentemente, os indivíduos estão reivindicando melhores condições de trabalho e de vida e, nessa procura, diversos progressos são solicitados. Desse modo, cada vez mais, soluções ergonômicas para o trabalho são reivindicadas. E com a inserção da Ergonomia, antigos processos no projeto do trabalho, sobre os quais os colaboradores não podiam emitir suas opiniões nem expor suas necessidades, se tornam inaceitáveis. Os colaboradores, de acordo com a ergonomia, precisam ser apontados como um todo, para que o trabalho seja humanizado. Esta unidade objetivou o fornecimento de uma breve descrição dos fundamentos essenciais para a compreensão dos princípios primordiais da ergonomia, aspectos históricos da ergonomia e do trabalho, que possam contribuir com os profissionais empenhados em expandir seu trabalho nessa grande área específica de atuação. Com o propósito de estimular um pensamento crítico e reflexivo sobre o tema, independentemente de a maior parte ser uma abordagem teórica, buscamos fornecer uma visão marcada por uma importante abordagem preventiva primária e até secundária da saúde do trabalhador, bem como das empresas, na criação de projetos e produtos, das atividades de vida geral. Foi possível observar, no decorrer da história da humanidade, a necessidade crescente do homem em aprimorar sua situação de vida em geral, ressaltando que esse mesmo homem desconsidera o fato de que ele permite a degradação dessas condições de vida, devido a ambições e vontades. Ao mesmo tempo, não pode ser negligenciada a realidade do mundo onde é permitido que estas condições se deteriorem e às vezes até sejam abolidas, respondendo a anseios e desejos egocêntricos. Partindo desse pressuposto, a ergonomia objetiva, com seus estudos, oferecer subsídios para auxiliar o processo de tornar a humanidade mais próspera, se fazendo necessário, assim, um profundo conhecimento dos homens, para praticar suas técnicas e metodologia, de um modo concreto. Contribui-se, assim, para um entendimento minucioso do assunto, enfatizando sua relevância e o modo de praticar, tanto nas atividades de trabalho quanto em quaisquer domínios da vida e, dessa forma, comprovar uma gama de dados e referências com o foco no ser humano. 2222WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 24 1. NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO (NRS) E SUA APLICAÇÃO: NR 4, 5, 6, 9, 17 E 32 .............. 26 1.1 NORMA REGULAMENTADORA NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMT – SESST) ......................................................................................................... 26 1.2 NORMA REGULAMENTADORA NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) ..... 27 1.3 NORMA REGULAMENTADORA NR 6 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ....................... 28 1.4 NORMA REGULAMENTADORA NR 9 - PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA) . 29 1.5 NORMA REGULAMENTADORA NR 17 - ERGONOMIA ....................................................................................... 31 1.6 NORMA REGULAMENTADORA NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE ......................................................................................................................................................................... 32 BUSCA DA COMPREENSÃO DA LEGISLAÇÃO NO TRABALHO, ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO, LAUDO ERGONÔMICO E O ESOCIAL PROF.A MA. ELY CLÉA DA SILVA ZANATTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR 23WWW.UNINGA.BR 2. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ............................................................................................................. 33 2.1 CONCEITO .............................................................................................................................................................. 33 2.2 OBJETIVOS ............................................................................................................................................................ 34 2.3 ETAPAS DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ....................................................................................... 35 3. LAUDO ERGONÔMICO DO TRABALHO ..........................................................................................................................36 4. INTRODUÇÃO AO ESOCIAL ................................................................................................................................... 37 4.1 APRESENTAÇÃO, CONTEÚDO DO ESOCIAL ....................................................................................................... 37 4.2 CONCEITO DO ESOCIAL NAS EMPRESAS ........................................................................................................ 38 4.3 PRINCÍPIOS DO ESOCIAL ................................................................................................................................... 41 4.4 QUEM ESTÁ OBRIGADO AO ESOCIAL? ............................................................................................................. 42 4.5 TRABALHADOR .................................................................................................................................................. 42 4.6 QUALIFICAÇÃO CADASTRAL ............................................................................................................................... 42 5. EVENTOS DE SST (SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR) ...................................................................... 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 44 24WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A pressão ocasionada sobre as empresas em função da alta concorrência tem proporcionado estudos voltados para redução de custos e aumento de produtividade. Esses fatores cobram uma produtividade maior dos trabalhadores e, como consequência, há muitos casos de lesões por operações repetitivas. Nesse sentido, as empresas estão buscando alternativas para adequar o posto de trabalho ao colaborador, de tal forma que consiga melhorar sua produtividade, aliando a uma redução da quantidade de lesões nos trabalhadores. Na gestão empresarial, é imprescindível cumprir as normas para garantir um sistema de gestão eficaz, e evitar que sua empresa esteja suscetível a sofrer as penalidades previstas nas legislações pertinentes. Em qualquer situação, cuja análise do trabalho humano é necessária, é importante o uso de métodos adequados a fim de atingir os objetivos esperados, tendo em vista que há diversos fatores afetando o trabalho. A metodologia utilizada nas análises é fundamentada em normas regulamentadoras, criadas para alcançar critérios adequados na elaboração de um local de trabalho confortável, seguro e eficiente. A norma regulamentadora é conceituada, de forma genérica, como um conjunto de regras elaboradas pelo Ministério do Trabalho, a fim de proporcionar segurança e saúde às pessoas no exercício de suas atividades profissionais. Essas normas são de observância obrigatória para as empresas privadas e públicas. As NRs devem ser cumpridas por todos os empregadores e são obrigatórias tanto paraas empresas privadas quanto para as públicas, e também para órgãos públicos da administração direta e indireta e órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, principalmente quando há colaboradores geridos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Segundo o Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17 (BRASIL, 2002), a análise ergonômica do trabalho é um processo construtivo e participativo para a resolução de um problema complexo que exige o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingirem o desempenho e a produtividade exigidos. O objetivo da realização da Análise Ergonômica do trabalho é o de propor melhorias uniformes e adequar melhor o sistema ao indivíduo. Esta unidade se propõe a esclarecer didaticamente as etapas da Análise Ergonomia do Trabalho e as principais ferramentas utilizadas para a sua elaboração, bem como fazer uma explanação do eSocial, visto que os critérios e o modo de descrição da Análise Ergonômica tiveram uma grande modificação com a implantação desse novo sistema. Tal modificação teve o propósito de contribuir para o constante aperfeiçoamento dos postos de trabalho e evitar subnotificações ou alteração dos dados da empresa no investimento nas questões ergonômicas em quaisquer aspectos. Sendo assim, esta unidade abordará os seguintes conteúdos: noções de algumas Normas Regulamentadoras do trabalho (NRs) e a sua aplicação: NR 4, 5, 6, 9, 17 e 32; conceito de Análise Ergonômica do Trabalho; noções e princípios do eSocial; conceito de laudo ergonômico e aplicação de laudo ergonômico. 25WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Relacionar-se contratualmente com pessoas jurídicas; ter uma visão empresarial; raciocínio estratégico bem estruturado e grande conhecimento da ergonomia, da biomecânica ocupacional, da legislação trabalhista e previdenciária, além das habilidades conquistadas na graduação, seriam habilidades necessárias para o fisioterapeuta ergonomista, a fim de atuar como fisioterapeuta do trabalho? O fisioterapeuta do trabalho precisa necessariamente conhecer as normas que serão abordadas nesta unidade? E quanto às outras normas, também precisaria? 26WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO (NRS) E SUA APLICAÇÃO: NR 4, 5, 6, 9, 17 e 32 1.1 Norma Regulamentadora NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT – SESST) Esta norma tem como principal função a diminuição de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Ela estabelece as diretrizes para a criação do SESMT, um serviço especializado e multidisciplinar, que tem a função de atuar de maneira preventiva dentro das organizações. Todas as instituições que possuam empregados regidos pela CLT, conforme o grau de risco de sua atividade principal e o seu número de empregados, obrigatoriamente, deverão constituir o SESMT, com o objetivo de zelar pela saúde, segurança e integridade física dos funcionários, levantar riscos ambientais, propor e acompanhar a implementação de intervenções de antecipação à saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Profissionais que compõem a equipe são: médico do trabalho, técnico/auxiliar de enfermagem do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, técnico de segurança do trabalho. O registro deve conter as seguintes informações, a fim de obter validação legal: • Dados referentes aos profissionais que compõem o SESMT; • Número do registro profissional; • Quantidade de empregados da empresa; • Grau de risco da atividade exercida pela empresa; • Informações sobre os turnos de trabalho dos colaboradores; • Informações sobre os turnos de trabalho dos profissionais do SESMT. A NR 4 lista atividades destinadas a esses profissionais no âmbito do SESMT, entre as quais estão as seguintes: • Determinar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), de acordo com a NR 6. • Promover programas, campanhas e outras atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores, visando prevenir acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. • Esclarecer e orientar os empregadores quanto aos riscos eminentes. • Registrar e descrever os casos ocorridos na empresa. 27WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Norma Regulamentadora NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) É obrigatória em toda empresa ou instituição que possa admitir trabalhadores, além de empregados contratados com carteira assinada. Empresas que possuem, no mínimo, 20 empregados são obrigadas a manter a CIPA. A realização do treinamento da CIPA maximiza a conscientização de prevenção dos acidentes e das doenças de trabalho, assegurando um ambiente de trabalho apropriado para as funções que serão exercidas. A CIPA pode ser o instrumento utilizado pela empresa para o alcance de suas metas de gestão de saúde e segurança ocupacionais, bem como para a consecução de estratégias operacionais bem sucedidas através da evolução da qualidade de vida. As principais atribuições da CIPA, determinadas pela NR 5, são: • Auxílio na investigação da causa de acidentes, os quais poderão ser classificados como “de trabalho” no interior da empresa. • Discussão e implementação de medidas que visem à redução, prevenção e mitigação dos riscos no local de trabalho. • Observação das normas do Ministério do Trabalho e também das estabelecidas internamente, pela equipe de segurança e saúde ocupacional da empresa. • Prezar pela informação e compreensão de todos os trabalhadores, a respeito das normas de segurança e legislação que se aplicam às atividades praticadas, aos atos rotineiros de prevenção aos acidentes e doenças do trabalho. • Realização, em parceria com o SESMT, da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT). A semana conta com uma sequência de programações educativas que visam reduzir os riscos e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. • Realização da intermediação entre a direção da empresa e os funcionários de assuntos relacionados à segurança da operação. Em julho de 2019, o sistema COFFITO e CREFITO 8 e Secretaria do Trabalho discutiram a atualização da NR 4 e a inserção do fisioterapeuta. Foram enfatizadas as vantagens da inserção do fisioterapeuta no âmbito do trabalho com foco na prevenção e restrição da quantidade de acidentes e áreas relacionadas à epidemiologia de adoecimentos e organização do trabalho. Ainda irão acontecer reuniões, para enfatizar a necessidade de o Fisioterapeuta do trabalho ser mais um dos profissionais que compõem a NR 4. 28WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Norma Regulamentadora NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Essa norma obriga a empresa a fornecer aos empregados, gratuitamente, os EPIs adequados ao risco do trabalho, em perfeito estado de conservação e funcionamento (precisam ter um Certificado de Aprovação do órgão competente para garantir que estão em conformidade com as determinações do Ministério do Trabalho), a fim de resguardar a saúde, a segurança e a integridade física dos trabalhadores. Figura 1 - Tipos de equipamentos de proteção individual. Fonte: Carbografite (2015). Qualquer atividade profissional que apresente alguma espécie de risco físico ao colaborador deve ser cumprida utilizando o EPI necessário ao risco que aquela atividade oferece. Incluem: óculos, protetores auriculares, máscaras, mangotes, capacetes, luvas, botas, cintos de segurança, protetor solar, avental, jalecos e outros itens de proteção. Esses acessórios são indispensáveis em fábricas eprocessos industriais em geral. Nota sobre acidente de trajeto Conforme a lei 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social, mais precisamente em seu artigo 21, inciso IV, alínea “d”, o acidente sofrido no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, independentemente do meio de locomoção, era equiparado a acidente de trabalho. Se o acidente ocorresse no trajeto do trabalho, buscava-se o entendimento do porquê aconteceu no trajeto do trabalho. Assim, o empregado tinha direito a 12 meses de garantia de emprego, a contar da alta previdenciária. A reforma trabalhista, lei 13.467/17, não modificou a referida equiparação. Contudo, excluiu a obrigatoriedade de pagar esse percurso como horas extras. 29WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para que uma empresa possa conhecer todos os equipamentos de proteção individual que devem ser fornecidos aos seus funcionários, é necessário elaborar um estudo dos riscos ocupacionais. É obrigação dos supervisores e da empresa certificar que os profissionais façam o uso adequado dos equipamentos de proteção individual. Os EPIs devem ser utilizados durante todo o expediente de trabalho, seguindo todas as determinações da organização. Se os equipamentos forem perdidos ou danificados, é responsabilidade da empresa substituí-los imediatamente. Empregados e empregadores devem compreender a seriedade do uso de equipamentos de proteção no dia a dia da empresa. 1.4 Norma Regulamentadora NR 9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Essa norma estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), para todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados. Visa à preservação da saúde e à integridade física dos trabalhadores, através do desenvolvimento das fases de antecipação, reconhecimento, avaliação e consequentemente controle da ocorrência dos riscos ambientais existentes ou que venham a existir nos locais de trabalho, levando-se sempre em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. RESPONSABILIDADES DO EMPREGADOR, segundo a norma: • Estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA, como atividade permanente da empresa. • Informar aos trabalhadores sobre os riscos ambientais e meios disponíveis de proteção. RESPONSABILIDADES DOS TRABALHADORES, segundo a norma: • Colaborar e participar na implantação e execução do PPRA. • Seguir orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA. • Informar ao seu superior as ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores. 30WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 - Exemplo de mapa de risco, elaborado a partir da Portaria SSST n° 25 de 29/12/1994. Fonte: Beta Educação (2019). O objetivo principal do programa é o de tomar ações para garantir a saúde, segurança e integridade dos trabalhadores no local de trabalho, nos locais em que haja riscos ambientais. • Segundo a NR 9, esses riscos ambientais englobam: • Agentes químicos: como gases e poeira diversos. • Agentes biológicos: como os vírus e bactérias, os bacilos e parasitas, além dos fungos e outros. • Agentes físicos: como as radiações ionizantes e não ionizantes, o infrassom e ultrassom, as altas e baixas temperaturas, o ruído, vibrações e pressões anormais. Conforme a NR 9, para ser considerado um risco ambiental, deve-se ainda levar em conta qual a natureza do risco, além da intensidade e do tempo de exposição aos quais o trabalhador ficará exposto. O PPRA, segundo consta no item 9.1.2 da norma, deve ser desenvolvido em cada departamento da empresa, atentando-se à antecipação dos riscos, reconhecimento da existência dos riscos, avaliação por meio de medições de concentração e exposição, além do controle constante de sua ocorrência. A norma regulamentadora estabelece também quais as etapas importantes do Programa de Prevenção de Riscos e Acidentes. São elas: • Antecipação e reconhecimento dos riscos. • Prioridades e metas de teste e controle. • Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores. • Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia. • Monitoramento da exposição aos riscos. • Registro e divulgação dos dados. 31WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.5 Norma Regulamentadora NR 17 - Ergonomia Essa norma regulamentadora visa determinar critérios que admitam a adaptação das situações de trabalho às particularidades psicofisiológicas dos colaboradores para assegurar um extremo de bem-estar, segurança e uma performance eficaz. Resumindo, a ergonomia propõe o aperfeiçoamento das condições de trabalho e favorecer o desempenho das atividades de trabalho de forma mais adequada, buscando ajustar as condições de trabalho ao indivíduo. As características psicofisiológicas dizem respeito a todo o conhecimento referente ao funcionamento do indivíduo. Cabe então ao setor de segurança do trabalho estruturar um ambiente ergonomicamente apto para a execução das funções. Os itens abordados nessa norma regulamentadora são: • Levantamento, transporte e descarga individual de materiais; • Mobiliário dos postos de trabalho; • Equipamentos dos ambientes de trabalho; • Condições ambientais de trabalho; • Organização do trabalho. E dentro da organização do trabalho, devem ser levados em consideração os seguintes aspectos: • Normas específicas de produção; • Operações a serem realizadas; • Exigência de tempo; • Determinação do conteúdo de tempo; • Ritmo de trabalho; • Conteúdo das tarefas. Para mais informações, leia a NR 17 comentada. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/manual-de-aplicacao-da-norma- regulamentadora-no-17/. Acesso em: 3 fev. 2020. 32WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Essa norma regulamentadora vai além e apresenta diversos outros tópicos que auxiliam a regulamentar a jornada de trabalho por meio de fundamentos ergonômicos. O NBR ISO 11226:2013 é um desses itens. Ele fala sobre avaliação de posturas estáticas de trabalho e ainda apresenta outras avaliações. Sobre movimentação manual, o NBR ISO 11228-3:2014 oferece informações sobre movimentação de cargas leves em alta frequência de repetição, isto é, atividades que necessitam carregar cargas pequenas ou leves, nas quais o trabalhador precisa repetir essa tarefa diversas vezes seguidas. 1.6 Norma Regulamentadora NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde A saúde é um dos setores que possui maior risco para os seus trabalhadores, seja na presença de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e até mesmo de acidentes. O grande objetivo da NR 32 é definir diretrizes precisas para que sejam implementadas medidas de proteção eficazes quanto à saúde e segurança dos trabalhadores que prestam serviços no setor da saúde, incluindo as atividades ligadas à promoção e assistência à saúde. Define os padrões mínimos de segurança que necessitam ser adotados em quaisquer ambientes destinados à saúde, sejam hospitais, ambulatórios, clínicas, postos de atendimento. Cuida da saúde dos profissionais da área da saúde, tanto da área hospitalar quanto dos que estão no Ensino e Pesquisa. As regras contidas nessa norma classificam como risco biológico, para os profissionais da área da saúde, a exposição a agentes biológicos durante o período de trabalho. Segundo o Departamento de Saúde e Segurança do MTE, a NR 32 possui três grandes eixos: • Capacitação contínua dos trabalhadores; • Definição dos programas que tratam dos riscos; • Determinaçãodas medidas de proteção contra os riscos. As diretrizes básicas da NR 32 estão voltadas aos riscos biológicos, químicos e às radiações ionizantes. 33WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 2.1 Conceito Os recursos da ergonomia são fundamentais em organizações, sejam elas empresas, indústrias, comércios e serviços, casas e lares, escolas, creches e igrejas. Mesmo em se tratando de um cenário de trabalho remunerado, requerem a elaboração de tarefas e atividades, contemplando a relação entre o indivíduo e o processo de realização da tarefa. O emprego dos recursos de ergonomia pode ser benéfico para qualquer trabalho ou atividade realizada pelo homem, remunerada ou não. Partindo desse princípio, a ergonomia precisa ser aplicada com excelência e, para tanto, é imprescindível o uso de uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que proporciona um estudo de forma ampla e criteriosa, levantando as condições passíveis de aperfeiçoamentos do posto de trabalho, buscando o bem- estar, a segurança e a eficiência do colaborador. A Análise Ergonômica do Trabalho é um método de avaliação sistematizada que busca identificar a qualidade da interação do trabalhador com os elementos constituintes de seu trabalho. Enquanto método sistematizado de avaliação da relação homem-trabalho-máquina- ambiente, é estabelecida por uma metodologia própria e específica da ergonomia. Ela busca identificar, por meio das dimensões físicas, cognitivas e organizacionais do trabalho, condições que impliquem negativamente sobre a saúde do trabalhador e/ou à eficiência produtiva da organização. A Análise Ergonômica do Trabalho compreende a modelagem da atividade real em seu contexto, considerando os fatores técnicos, humanos, ambientais, organizacionais e sociais. Sua metodologia contém vários métodos e técnicas que auxiliam no entendimento das circunstâncias da atividade de trabalho. É um documento constituído de reflexões globais e complementares, com foco na melhoria das exigências laborais. É necessário ser elaborada por um profissional com formação em ergonomia, contemplando informações imprescindíveis das atividades laborais envolvidas na análise, com propostas de melhorias no posto analisado. A ação ergonômica advém de uma demanda, oriunda de diferentes interlocutores. Cabe aos ergonomistas analisá-la e fazer a proposta de ação, se confirmado um problema. Deverá analisar o funcionamento da empresa, através de observações abertas. Verificará as relações entre os constrangimentos da situação do trabalho, a atividade desenvolvida pelos operadores e as consequências dessa atividade para a saúde e para a produção. Assim, poderá fazer um pré- diagnóstico e, em seguida, um plano de observação, formulando suas hipóteses. Para tanto, deve buscar realizar seus objetivos, estudar diversos aspectos das atitudes do homem no trabalho e outros fatores importantes, que são: o homem, a máquina, o ambiente, a informação, a organização e as consequências do trabalho. Como objetivos, busca a segurança, satisfação e o conforto dos trabalhadores no seu relacionamento com os sistemas produtivos. O principal efeito sobre o trabalhador de uma atividade realizada fora das condições ergonômicas ideais é o prejuízo sobre seu corpo, sendo necessários estudos dessa natureza, para a identificação das principais medidas antropométricas. 34WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2 Objetivos Aprimorar o local de trabalho já existente e, também, desenvolver o projeto para construção adequada de um posto de trabalho, e investigar, analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho, por meio dos conhecimentos das ciências afins em ergonomia. Identificar os possíveis constrangimentos do trabalho – fatores que interferem no desenvolvimento das habilidades e competências dos trabalhadores, que possam implicar sobre sua saúde e segurança. Fundamentar assertivamente as adaptações/modificações das situações de trabalho às peculiaridades psicofisiológicas dos colaboradores, a fim de garantir saúde e segurança no trabalho, refletindo positivamente para um melhor rendimento e estabilidade do processo produtivo da sua empresa. É fundamental o estudo da ergonomia no procedimento de adaptação do homem ao trabalho e/ou atividade que desempenha; para isso, é primordial a aplicação das análises ergonômicas do trabalho, estudando e aprofundando o conhecimento da interação do conjunto homem-máquina, oferecendo, assim, sugestões de melhorias constantes para favorecer o ajuste do sistema ao indivíduo, incrementando o posto de trabalho. Vários fatores influenciam no desenvolvimento da tarefa pelo homem e o objetivo básico da ergonomia está em minimizar e/ou eliminar os fatores que causem consequências nocivas ao homem, tais como a fadiga e o estresse, proporcionando segurança e saúde aos trabalhadores em suas tarefas. Figura 3 - Fatores que influenciam o sistema produtivo. Fonte: Iida (2005). 35WWW.UNINGA.BR FI SI OT ER AP IA A PL IC AD A À SA ÚD E DO T RA BA LH AD OR | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Etapas da Análise Ergonômica do Trabalho O Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17 (BRASIL, 2002) trata da descrição das tarefas, dividindo-as em prescritas, reais e as atividades desenvolvidas para executá- las. Tarefa prescrita é o objetivo fixado pela empresa, enquanto tarefa real é o objetivo que o colaborador estabelece, caso ele tenha possibilidade de alterar o objetivo fixado pela empresa. Já atividade são todas aquelas atitudes que o colaborador estabelece para realizar a tarefa: gestos, palavras, raciocínios etc. Isso é avaliado para se evidenciar se há descompasso entre o que é imposto e o que é cumprido pelo colaborador. A metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho, embora bastante simples no que tange à identificação da demanda, análise do que deveria ser feito e do que realmente é realizado, enche-se de complexidade devido aos elementos que acometem o trabalho, podendo ser físicos, ambientais e outros. Para a elaboração da análise ergonômica do trabalho que proporcione o estudo do posto de trabalho investigado, é necessária a análise da demanda, da tarefa e da atividade envolvida no posto de trabalho. Análise da demanda: é a primeira etapa do processo. Os sujeitos sociais envolvidos são de enorme relevância na determinação do problema a ser investigado. Por meio dela, o problema é descrito, justificando a necessidade de uma ação ergonômica. É o mapeamento das questões ergonômicas da empresa. Seu foco está em entender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados, podendo estes ser originados da direção da empresa, de parte dos trabalhadores e de suas organizações sindicais. A situação de referência consiste na análise dos eventos do trabalho que apresentem características próximas às do local definido, para nelas observar as variabilidades reais e as estratégias empregadas para enfrentá-las. A ação ergonômica requer uma estrutura de ação, de natureza participativa, técnica e gerencial. Análise da tarefa: é a etapa que apresenta o propósito de descrever aquilo que o funcionário executa dentro da empresa. Tarefa é conceituada como o agrupamento de objetivos prescritos, que os colaboradores devem cumprir. Corresponde ao planejamento do trabalho contido em documentos formais ou na descrição de cargos. Durante a realização da AET, é relevante se basear na tarefa prescrita em documento formal e na tarefa real, que é aquela que o funcionário executa na realidade. Análise da atividade: é tudo o que o funcionário executa em termos de ações para concluir a tarefa proposta. A atividade está diretamente relacionada ao comportamento do trabalhador, na realização de uma tarefa. Resulta de
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