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1 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto CONTEÚDO ABORDADO ➢ Úlcera Duodenal e úlcera Gástrica ➢ Síndrome de Zollinger Ellison DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP) INTRODUÇÃO ➢ As úlceras pépticas podem surgir em vários locais, como: • Estômago ou Duodeno → úlceras Gastroduodenais • Reto • No epitélio de Barrett, no esôfago (Doença do Refluxo Gastroesofágico) • Em áreas de mucosa gástrica heterotópica → Ex: Divertículo de Meckel, presente no íleo ➢ Úlcera Péptica Gastroduodenal • Definição → trata-se de uma solução de continuidade na mucosa do estômago ou duodeno com diâmetro ≥ 0,5 cm, que penetra profundamente na parede do tubo digestivo, ultrapassando a camada muscular da mucosa ▪ Atenção → lesões < 0,5cm são chamadas de erosões ➢ Alguns tipos clássicos de úlceras pépticas: • Úlcera de Cameron → ocorrem em pacientes com grandes hérnias de hiato, nas quais a porção herniada da mucosa gástrica desenvolve a úlcera ▪ Pode causar perda oculta de sangue, refletindo-se como uma anemia ferropriva • Síndrome de Zollinger-Ellison → devido ao excesso de ácido produzido por um gastrinoma, há o surgimento de úlceras pépticas em locais atípicos, como jejuno e até mesmo íleo ▪ Geralmente, esses indivíduos também apresentam múltiplas úlceras pépticas em locais mais habituais de ocorrerem EPIDEMIOLOGIA ➢ INCIDÊNCIA: • A incidência da DUP vem caindo rapidamente → o que tem contribuído para essa queda são: ▪ A significativa redução na prevalência da colonização gástrica pelo Helicobacter pylori, principalmente nos países desenvolvidos ▪ O uso generalizado da terapia de erradicação do H. pylori ▪ A grande disponibilidade de antissecretores gástricos potentes (Inibidores de Bomba de Prótons - IBP) • Houve uma queda de 30 a 40% no número de hospitalizações por complicações da DUP (sangramento, perfuração e obstrução) ➢ PREVALÊNCIA: • É mais comum no sexo masculino → mais de 2/3 das úlceras acontecem em homens • As úlceras duodenais são muito mais frequentes do que as úlceras gástricas, com uma prevalência ente 6 a 15% da população ocidental ➢ Úlceras Duodenais: • São mais frequentes do que as gástricas • Geralmente, os pacientes são jovens, entre 20 a 50 anos de idade • Em geral, os pacientes são mais sintomáticos ➢ Úlceras Gástricas: • Em geral, são mais encontradas em indivíduos idosos (entre 50 e 70 anos) • Pico de incidência → 6ª década de vida • Prevalência → distribuição igual entre os sexos (homem = mulher) • Muitos pacientes são assintomáticos e, em alguns casos, a doença só é diagnosticada na presença de complicações ➢ Principais fatores de risco: • Infecção pelo H. pylori • Uso de Anti-inflamatórios Não Esteroidais (AINEs) • Tabagismo → pois observou-se que fumantes têm maior incidência de DUP do que não fumantes FISIOLOGIA DA SECREÇÃO ÁCIDA/PÉPTICA DO ESTÔMAGO ➢ Glândula Oxíntica: • Localizada na parte proximal do estômago (corpo e fundo gástrico) • Nessa glândula está presente a Célula Parietal ou Célula Oxítica: ▪ Em sua membrana luminal tem-se a bomba de prótons ▪ Produção de ácido (H+) e secreção desse ácido na luz gástrica através da bomba de prótons ▪ 3 transmissores que estimulam o funcionamento da bomba de prótons – a produção de ácido (se ligam na membrana basal da célula parietal): ✓ Gastrina ✓ Histamina ✓ Acetilcolina ➢ Célula G: • Está presente na parte distal do estômago (antro gástrico) • Função: ▪ Produção de Gastrina, que é um dos transmissores que estimula a secreção de ácido pela célula parietal ➢ Célula D: • Está localizada próxima às células G, no antro gástrico • Função: ▪ Produção de Somatostatina, responsável pela inibição da secreção ácida ➢ As células G e as células D atuam como um balanço de inibição e de estímulo à secreção ácida ➢ FATORES DE PROTEÇÃO E REPARAÇÃO DA MUCOSA GÁSTRICA CONTRA ESSE ÁCIDO: • Esses fatores de proteção são necessários para que a mucosa gástrica não sofra lesões devido ao baixo Ph do estômago (cerca de 1 a 2) 2 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto • 3 barreiras que protegem a mucosa gástrica contra o Ph ácido: ▪ Pré-epitelial: ✓ Camada de Muco e Bicarbonato (mais importante): o São produzidos pelas Células Mucosas ou Células Foveolares o Formam uma lâmina/gel em cima da mucosa, constituindo a primeira barreira de proteção contra o ácido do estômago ✓ Fosfolipídios ativos da superfície ▪ Epitelial: ✓ Resistência celular ✓ Restituição ✓ Fatores de crescimento ✓ Proliferação celular ✓ O epitélio gástrico é um epitélio colunar simples e, apesar de ter apenas uma camada, ele tem uma regeneração celular muito rápida. Assim, no fundo das glândulas oxíticas, tem-se algumas células totipotentes que são rapidamente diferenciadas em células da mucosa gástrica, que vão substituindo as que sofreram morte celular. Dessa forma, quando ocorre uma lesão momentânea do epitélio gástrico, rapidamente há a regeneração desse epitélio ▪ Subepitelial: ✓ Funciona à base de um fator principal: a microvascularização da submucosa gástrica, que é extremamente vascularizada ✓ Essa microvascularização leva oxigênio e nutrientes para a camada mucosa e a submucosa → para que a camada pré-epitelial e a epitelial funcionem perfeitamente ✓ São responsáveis por coordenar a microcirculação e, consequentemente, todo o processo de barreira da mucosa gástrica: o Prostaglandinas (PGs) o Óxido Nítrico PATOGÊNESE ➢ Importante → deve-se tirar da cabeça o único conceito de que apenas a presença da ação excessiva do suco gástrico é a única causa de úlcera péptica. Pois, para haver úlcera péptica não é necessário que se tenha aumento da secreção ácida (hipercloridria) se existir outro fator, como a presença do H. pylori ou o uso de AINEs. Assim, existem úlceras que podem surgir tanto de condições de normocloridria quanto de hipocloridria também (úlceras gástricas tipo I e IV). Porém, a presença de ácido é necessária, pois não se formam úlceras na acloridria ➢ Para que ocorra ulceração é necessário um desequilíbrio entre os fatores de produção de ácido e os fatores de proteção e reparação da mucosa contra esse ácido. Ou seja, o paciente está produzindo muito ácido ou existe algum fator que quebre o sistema da barreira de proteção gástrica contra o ácido (como AINES). Assim, se algum desses fatores de desequilíbrio ocorrer, vai existir lesão na mucosa gástrica e, a depender do grau de lesão, o paciente pode até mesmo desenvolver uma úlcera ➢ 3 principais fatores que danificam a barreira gástrica: • Helicobacter pylori • AINES • Isquemia → ocorre principalmente no tabagismo ➢ Se não houver H. pylori, AINE, Isquemia ou um excesso ácido, não haverá úlcera ➢ HELICOBACTER PYLORI: • É a infecção bacteriana mais comum no mundo • É um bacilo gram-negativo flagelado • Danifica a mucosa gástrica e altera a produção de ácido • É o principal fator envolvido com o desenvolvimento de úlceras duodenais e gástricas • As úlceras mais comuns secundárias ao H. pylori são as duodenais • Nem todas as pessoas infectadas pelo H. pylori vão desenvolver uma lesão da mucosa gástrica. Isso depende dos fatores de imunidade do indivíduo contra a bactéria e dos fatores de virulência da bactéria (existem vária cepas e cada cepa tem o seu fator de virulência): ▪ Indivíduo com boa imunidade contra a bactéria ou Bactéria com poucos fatores de virulência → não irá se desenvolver um processo inflamatório intenso contra a bactéria e, consequentemente, ele não terá lesão da mucosa gástrica ▪ Indivíduo sem fatores imunes contra a bactéria ou Cepa com acentuados fatores de virulência → desenvolvimento de processo inflamatório intenso e, consequentemente, lesões na mucosa gástrica • Epidemiologia: ▪ 10 a 15% dos infectados → úlcerapéptica ▪ 0,1 a 3% → Adenocarcinoma ▪ < 0,01% → linfoma MALT • Evolução da lesão do H. pylori: 1. Pangastrite Aguda Superficial → é uma reação inflamatória inicial à bactéria, causando um infiltrado neutrofílico na mucosa 3 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ✓ Todos os pacientes com infecção pelo H. pylori vão desenvolver 2. Gastrite Crônica Superficial (85 – 90%) ou Gastrite Antral Crônica (10 - 15%): ✓ Gastrite Crônica Superficial → em indivíduos que tem fatores imunes contra a bactéria ou cepa com poucos fatores de virulência o Ocorre um leve processo inflamatório crônico que não vai causar maiores lesões à mucosa gástrica o Esse paciente convive com a H. pylore no seu estômago/duodeno pelo resto de sua vida sem ter maiores problemas ✓ Gastrite Antral Crônica → em indivíduos que tem uma imunidade mais baixa contra a bactéria ou adquiriram uma cepa de virulência mais elevada o A bactéria vai se localizar na parte mais distal do estômago (no antro), que é uma região em que se tem a maior concentração de células G e de células D o O H. pylori tem uma predileção por ficar mais próximo à Célula D (produtora de Somatostatina) o Com o processo inflamatório na mucosa, que ocorre em resposta à presença do H. pylori, formando essa gastrite antral crônica, aos poucos as células imunes do paciente vão destruindo a região mucosa do antro, onde o H. pylori está localizado, e, consequentemente, também vão destruindo as células D. Assim, essa perda da produção de somatostatina faz com que as células G produzam gastrina desenfreadamente, causando uma hipergastrenemia que estimula a célula parietal a produzir mais ácido, ocorrendo, assim, uma Hipercloridria 3. Pangastrite Crônica Grave (Pangastrite Atrófica): ✓ Ocorre, geralmente, após mais de 10 anos de evolução da Gastrite Antral Crônica ✓ O H. pylori, antes localizado na parte antral do estômago (depois de ter destruído grande parte do antro), vai migrar para as partes mais proximais do estômago (corpo e fundo gástrico), acometendo a célula parietal (produtora de ácido). Assim, pela destruição dessas células, o indivíduo diminui a produção de ácido, passando a uma Hipocloridria ou Acloridria ✓ Metaplasia do estômago → com essa Hipo ou acloridria, o estômago vai trocar o seu epitélio por um que gaste menos ATP, o epitélio glandular intestinal, já que não há mais o pH tão ácido do estômago devido a destruição das células parietais o Todo epitélio metaplásico é suscetível ao desenvolvimento de displasias e neoplasias, constituindo um fator de risco para adenocarcinoma gástrico ▪ Gastrites Agudas → cursam com um infiltrado neutrofílico ▪ Gastrites Crônicas → cursam com um infiltrado linfocítico ou plasmocitário ✓ Causam hipertrofia dos folículos linfóides → por isso, o H. pylori também pode ser precursor do linfoma gástrico (Linfoma MALT, que é específico da mucosa gástrica) ✓ Linfoma MALT → já tem risco de ocorrer a partir da fase de gastrite antral crônica • COMO SE DESENVOLVE A ÚLCERA PELO H. PYLORI → 2 mecanismos de desenvolvimento da úlcera secundária ao H. pylori: ▪ Úlcera Duodenal (90% são secundárias ao H. pylori): ✓ A hipercloridria chega ao duodeno, no bulbo duodenal, que tem uma mucosa glandular intestinal (que não é especializada para se proteger da acidez). Assim, esse bulbo duodenal começa a sofrer uma metaplasia gástrica, substituindo o seu epitélio por um epitélio gástrico especializado para se proteger contra o ácido. Assim, como o duodeno agora apresenta mucosa gástrica, o H. pylori migra do antro gástrico para o duodeno. Essa infecção duodenal pelo H. pylori, acaba gerando uma duodenite e, consequentemente, a formação de uma úlcera ✓ Mesmo ocorrendo essa metaplasia no duodeno, a incidência de adenocarcinoma duodenal é extremamente rara ▪ Úlcera Gástrica (70% são secundárias ao H. pylori): ✓ É praticamente o mesmo mecanismo da Duodenal ✓ Essa hipercloridria propicia o desenvolvimento de gastrite e úlcera ✓ Classificação de Jhonson → classificação de úlcera gástrica e duodenal secundária à infecção pelo H. pylori o Gastrite antral crônica (hipercloridria) → Tipos II e III de Jhonson (no antro) ❖ Localização do tipo II → parte proximal do antro + úlcera duodenal Gastrite Antral Crônica → Hipercloridria → Metaplasia Gástrica no Duodeno → Infecção Duodenal pelo H. pylori → Duodenite/úlcera Gastrite Antral Crônica → Hipercloridria (similar a úlcera duodenal) – Tipos II e III de Jhonson 4 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ❖ Localização do tipo III → parte distal do antro (pré-pilórica) ✓ Quando o H. pylori começa a migrar do antro para o corpo e o fundo gástrico, destruindo as células parietais (produtoras de ácido), levando a uma hipocloridria ✓ Como se causa gastrite em um estômago que está com hipocloridria → mesmo tendo pouco ácido, a mucosa gástrica já foi tão danificada que praticamente não existe mais barreira da mucosa gástrica. Assim, mesmo sendo pouco, o ácido produzido vai danificar a mucosa ✓ Classificação de Jhonson → úlceras tipo I e IV (no corpo e fundo gástrico) o Tipo I → acima da incisura angular o Tipo IV → próxima à cárdia, no corpo gástrico proximal ou no fundo ➢ AINES: • Não alteram a produção de ácido • Ação → inibição da produção de prostaglandinas • Os AINES, principalmente os não seletivos, inibem a Cicloxigenase (COX), que é uma enzima responsável pela produção de Prostaglandinas, convertendo ácido araquidônico em prostaglandina, desestruturando todo o processo de proteção da mucosa gástrica e favorecendo a formação de lesões pelo ácido gástrico • As úlceras mais comuns secundárias aos AINES são as úlceras gástricas • Epidemiologia → ocorrem devido aos AINES: ▪ 5 - 10% das úlceras duodenais ▪ 20 - 30% das úlceras gástricas • Classificação de Jhonson → Úlcera Gástrica Tipo V de Jhonson ▪ São as originadas apenas pelos AINES ▪ Podem estar localizadas em qualquer topografia do estômago, contanto que sejam secundárias ao uso de AINES ➢ TABAGISMO: • Como o tabagismo acomete a mucosa gástrica para desenvolver inflamação e úlcera: ▪ Diminuição da produção de bicarbonato ▪ Trombose da microvascularização submucosa (principal forma de acometimento!) → impede a chegada de oxigênio e nutrientes na mucosa gástrica, tendo como consequência o mau funcionamento da barreira e a danificação da mucosa pelo ácido ▪ Retardo no esvaziamento gástrico (estômago mais distendido produz mais ácido) ▪ Maior incidência de infecção pelo H. pylori ▪ Produção de radicais livres lesivos à mucosa • Alguns dados sobre úlcera e cigarro: ▪ O fumo está relacionado a uma maior recorrência da DUP ▪ Ocorre uma cicatrização mais lenta das úlceras pépticas em pacientes fumantes ▪ Ocorre prejuízo à resposta terapêutica em tabagistas ▪ Nos fumantes, observa-se uma maior incidência de complicações da DUP, principalmente de perfuração MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS GERAIS ➢ A DUP se manifesta como uma Síndrome Dispéptica, que se caracteriza quando o paciente tem pelo menos 1 dos seguintes sintomas: • Epigastralgia (dor epigástrica) → é o sintoma mais comum, sendo o mais característico das úlceras duodenais ▪ Dor em queimação ▪ Na úlcera duodenal: ✓ Ocorre 2 a 3h após as refeições e à noite ✓ É aliviada pelo uso de antiácidos ou pelo alimento ✓ Tipicamente irradia para o dorso ✓ Alguns pacientes referem que eventualmente acordam à noite (entre 0h e 3h) por causa da dor, coincidindo com o pico de secreção ácida por descarga vagal ▪ Na úlcera gástrica → os sintomas costumam ser desencadeados pelo alimento e alguns pacientes perdem peso • Plenitude pós-prandial • Saciedade precoce • Azia (queimação epigástrica) • Náuseas →náuseas são mais comuns na úlcera gástrica • Atenção → A diferença de sintomas entre as úlceras duodenal e gástrica não é confiável para predizer qual a localização da úlcera encontrada na endoscopia Pangastrite atrófica Crônica → Hipocloridria (hipersensibilidade mucosa ao HCL, mesmo na hipocloridria) – Tipos I e IV de Jhonson 5 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto DIAGNÓSTICO ➢ FLUXOGRAMA DE COMO AGIR QUANDO O PACIENTE CHEGA COM SÍNDROME DISPÉPTICA: • Principais sinais de alarme: ▪ Sangramentos ▪ Anemia crônica ▪ Perda de peso ▪ Disfagia progressiva ▪ Hepatomegalia ▪ Icterícia ▪ Linfadenomegalia em locais que não são habituais ▪ Sintoma noturno ▪ Vômitos exacerbados • Paciente não é > 45 anos nem tem sinais de alarme → no Brasil, o TRU não tem ampla disponibilidade. Assim, acaba-se pedindo uma Endoscopia com pesquisa de H.pylori • Se o paciente por > 45 anos ou sinais de alarme → deve-se fazer a EDA para ver se há complicações, que é a DUP • Biópsia de úlcera gástrica → faz-se porque o adenocarcinoma gástrico, muitas vezes, no seu desenvolvimento, pode mimetizar uma úlcera péptica • Não se faz biópsia de úlcera duodenal porque o adenocarcinoma duodenal é extremamente raro de ocorrer ➢ Para o diagnóstico de uma síndrome dispéptica é necessário seguir o passo a passo: 1. Pesquisa de H. pylori → por meio de exames não invasivos (teste respiratório da urease, sorologia...) ou invasivos ▪ Positivo → tratamento empírico (Antibiótico + IBP) para erradicação da bactéria ▪ Negativo → IBP ou Bloqueadores H2 por 4 semanas ▪ O tratamento do HP deve ser feito em todo paciente com úlcera, no qual se possa documentar a presença deste agente. Assim, todo paciente que tem úlcera tem que ser investigado para H. pylori 2. Endoscopia Digestiva Alta (EDA) → realiza-se apenas nos casos refratários ou recorrentes ▪ Porém, está sempre indicada em pacientes > 45 anos ou naqueles com sinais de alarme para uma possível neoplasia gástrica Em relação ao diagnóstico das úlceras gástricas ➢ ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA (EDA): • Padrão-ouro para diagnóstico das úlceras gastroduodenais • Indicações: ▪ Em pacientes > 45 anos ou com sinais de alarme • Classificação Endoscópica da Úlcera Péptica: ▪ SAKITA A → úlcera ativa ▪ SAKITA H → úlcera em cicatrização ▪ SAKITA S → úlcera cicatrizada • Exame Baritado ou Seriografia Esôfago-Estômago-Duodeno (SEED) → é uma alternativa à EDA, porém tem uma acurácia mais baixa, embora o custo seja mais barato ▪ Indicação → apenas quando a EDA não se encontra disponível ➢ BIÓPSIA: • Deve ser feita nas bordas da lesão (transição entre a úlcera e a mucosa normal) • Úlceras Gástricas → sempre realizar biópsia ▪ Isso se deve ao fato de que essas úlceras gástricas possam estar representando um câncer de estomago que está justamente se manifestando como uma massa ulcerada e “disfarçada” de úlcera péptica ▪ 1 a 6% das úlceras gástricas de aspecto benigno, na verdade, tratam-se de lesões malignas ▪ É devido a isso que há a necessidade de se realizar uma EDA de controle (com novas biópsias da lesão em cicatrização) em portadores de úlceras gástricas • Úlceras Duodenais → não é necessário realizar biópsia, pois raramente são malignas ➢ PESQUISA DE H. PYLORI: • Sempre se deve pesquisar o H. pylori em pacientes com DUP! • Indicações: ▪ Doença ulcerosa péptica (DUP) ▪ Linfoma MALT → é o único câncer que se trata com Antibiótico, na maioria dos casos ▪ Fatores de risco para adenocarcinoma (gastrite atrófica, metaplasia intestinal, gastrectomia prévia) ▪ Após tratamento do adenocarcinoma gástrico ▪ Usuários crônicos de AINEs ou AAS ▪ Diagnóstico de PTI ▪ Dispepsia não ulcerosa (Funcional) ▪ Síndrome dispéptica sem indicação de EDA ▪ História de câncer gástrico em parente de 1º grau • As duas principais indicações são → DUP e Linfoma MALT • 2 indicações de quando não pesquisar e não tratar H. pylori: 6 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ▪ DRGE isolada (sem síndrome dispéptica) → pois o H. pylori não tem relação com a fisiopatologia da DRGE ▪ Paciente com Gastrite assintomática (sem síndrome dispéptica) → paciente já chega no consultório com a endoscopia acusando gastrite, mas não tem nenhum sintoma • Como pesquisar o H. pylori: ▪ Testes invasivos → testes que precisam de endoscopia digestiva alta (pega-se um pedaço da mucosa para fazer o teste) ✓ TESTE RÁPIDO DE UREASE → é o mais utilizado atualmente, sendo o método de escolha na avaliação inicial dos pacientes que foram submetidos à EDA o O H. pylori produz a uréase, que pega a ureia presente na luz gástrica e a quebra, formando amônia e bicarbonato. Esse bicarbonato serve para criar uma barreira em volta do H. pylori, protegendo-o do ácido do estômago. A amônia produzida causa lesão na mucosa gástrica. Quando o bicarbonato se liga com o H+ ele é convertido em água e CO2. Assim, esse CO2 é expelido na respiração o Como funciona o teste → tem-se um potinho com um indicador de Ph (que tem ureia e vermelho fenol) que inicialmente tem cor amarela e, quando se coloca um fragmento do estômago do paciente nesse potinho, se tiver H. pylori, essa bactéria quebra a ureia presente no meio transformando-a em amônia e bicarbonato, mudando a coloração do teste, que passa a ser vermelho o O uso recente de antibióticos, inibidores da bomba de prótons ou bismuto, diminui a sensibilidade desse exame. Assim, esse exame deve ser feito apenas uma semana após a suspensão dessas substâncias ✓ HISTOPATOLOGIA (padrão-ouro entre os testes invasivos): o Geralmente, duas a três biópsias da região antral, coradas pela prata (Warthin-Starry), método de Gimenez, carbolfucsina ou imuno- histoquímica, são suficientes para o diagnóstico de infecção por H. pylori o Quando o teste é utilizado para a avaliação da eficácia do tratamento, um número maior de biópsias deve ser realizado, inclusive em outras localizações (como a incisura angularis), pois a bactéria pode apresentar- se em número reduzido ou migrar para áreas menos habituais ✓ CULTURA → não é muito utilizada, pois o H. pylori é uma bactéria de difícil cultura (demora cerca de 20 – 30 dias para se ter o resultado) o Vantagem → determina a sensibilidade do H. pylori aos antibióticos empregados, principalmente nos casos de falha terapêutica ▪ Testes não invasivos → não precisam de EDA e nem da retirada de fragmentos de tecido mucoso do paciente ✓ ELISA → teste sérico/sanguíneo que detecta IgG contra o H. pylori o Desvantagem → todo paciente que teve contato com o H. pylori e já foi tratado, mesmo não tendo mais a bactéria, continua com anticorpos contra a bactéria. Por isso é um teste ruim para o controle de cura o Tem baixa sensibilidade e especificidade quando comparada aos outros métodos não invasivos, não sendo indicada de rotina para o diagnóstico da infecção ativa ✓ TESTE RESPIRATÓRIO DA UREIA MARCADA - TRU (padrão-ouro entre os testes não invasivos): o É o teste padrão-ouro para detecção de controle de cura o O paciente toma uma cápsula com ureia, marcada com Carbono 14. Assim, quando chega no estômago, o H. pylori quebra essa ureia em amônia e bicarbonato. O bicarbonato é convertido em água e CO2 quando entra em contato com o H+ do ácido. Esse CO2 é eliminado através da respiração, carreando consigo o carbono 14. Depois de uns 20 – 30 minutos o paciente sopra em um detector que, se ele detectar a presença do Carbono 14 na respiração, dá positivo o É pouco disponível no Brasil ✓ TESTE DO ANTÍGENO FECAL (AF): o Como é feito → antígenos do Helicobacter pylori podem ser detectados nas fezes e, quando presentes, indicam doença ativa o Também é muito bom para controle de cura o Tem-se em maior disponibilidade no Brasil7 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto TRATAMENTO CLÍNICO ➢ MEDIDAS GERAIS: • Evitar alimentos que exacerbem os sintomas • Suspender o fator causal: ▪ AAS/AINEs ▪ Tabagismo ▪ Etilismo → o etilismo não causa úlcera, mas em pacientes etilistas crônicos que já tem úlcera ele aumenta as chances dessa úlcera sangrar ➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • Erradicar o H. pylori → 1ª linha de tratamento (durante 14 dias): OMEPRAZOL 20mg de 12/12h CLARITROMICINA 500mg de 12/12h AMOXICILINA 1g de 12/12h • Redução da secreção ácida → para que a mucosa, depois de eliminados os fatores causais, consiga cicatrizar. A úlcera gástrica demora mais tempo que a duodenal para cicatrizar, por isso que o tratamento é mais demorado: ▪ Úlcera Gástrica → IBP por 4 a 8 semanas ▪ Úlcera Duodenal → IBP por 2 a 4 semanas TRATAMENTO CIRÚRGICO ➢ 2 PRICIPAIS INDICAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NOS PACIENTES COM ÚLCERA: • Intratabilidade Clínica: ▪ Definição → não cicatrização da úlcera após cerca de 8 a 12 semanas de tratamento, ou sua recidiva após o término da terapia ▪ É pouco comum de ocorrer, principalmente quando se descobre o H. pylori como o agente causador ▪ Assim, a maior parte das cirurgias de úlcera são realizadas devido ao surgimento de complicações ▪ Úlcera refratária: ✓ Para considerar-se uma úlcera como refratária é necessário que a erradicação do H. pylori seja confirmada e o uso de AINE seja afastado ✓ Além disso, em úlceras gástricas é fundamental descartar malignidade, com biópsias endoscópicas repetidas ✓ Para se fechar o diagnóstico de refratariedade, é importante a solicitação de gastrina sérica em jejum ou o teste de estimulação da secretina, para excluir-se o diagnóstico de síndrome de Zollinger- Ellison (gastrinoma) • Presença de Complicações (Hemorragia, Perfuração e Obstrução) ➢ O tratamento das úlceras consiste na inibição da secreção ácida ➢ São procedimentos cirúrgicos que inibem a secreção ácida: • Vagotomia → interrupção da estimulação das células parietais pela acetilcolina • Antrectomia → interrupção da estimulação das células parietais pela gastrina ➢ REVISÃO DA FISIOLOGIA E ANATOMIA DO ESTÔMAGO: • Nervo vago: ▪ Tronco vagal anterior (à esquerda) → emite o: ✓ Ramo hepático → se dirige para o fígado e as vias biliares ▪ Tronco vagal posterior (à direita) → emite o: ✓ Ramo celíaco → assume um trajeto descendente, terminando ao nível do gânglio semilunar para formar o plexo celíaco ▪ O nervo vago é responsável pelas funções motoras do estômago: ✓ Fundamentais para a ingestão de líquidos → durante a ingestão de alimentos cada deglutição é acompanhada de um relaxamento gástrico proximal (denominado “relaxamento receptivo”) e quando o estômago se enche, a parte proximal continua com um relaxamento adicional mantido (chamado de “acomodação”), que serve para evitar a elevação da pressão intragástrica. Após o enchimento, o fundo do estômago apresenta uma contração tônica mantida, que direciona o alimento para a região distal do estômago ✓ Fundamentais para a ingestão de sólidos → após a refeição, o estômago distal (antro) se contrai ritmicamente, com peristalses em direção ao piloro. Essas peristalses trituram os alimentos em particular menores e misturam-nas com o suco gástrico. Somente após isso é que o conteúdo gástrico se encontra preparado para deixar o estômago lentamente. O piloro relaxa ao receber o conteúdo gástrico conduzido pelos movimentos antrais, dando passagem ao bolo alimentar. Dessa forma, tanto a força motriz do antro quanto o relaxamento do piloro são mediados pelo nervo vago 8 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ➢ VAGOTOMIA → existem 3 formas possíveis de Vagotomia: • VAGOTOMIA TRONCULAR → secciona os troncos vagais anterior e posterior, desnervando o estômago e diversas outras vísceras abdominais (fígado, vias biliares e aquelas inervadas pelo tronco celíaco) ▪ O que acontece quando se faz uma vagotomia troncular: ✓ Esvaziamento rápido de líquidos → devido à perda do relaxamento receptivo e da acomodação, que levam a um aumento anormal da pressão intragástrica ✓ Retardo do esvaziamento de sólidos → pois as contrações antrais interrompidas retardam a trituração dos alimentos sólidos, que não consegue passar pelo piloro • VAGOTOMIA SELETIVA → remove toda a inervação vagal do estômago, mas poupa as fibras vagais que vão para os demais órgãos abdominais ▪ Desvantagens → é um procedimento muito trabalhoso e não traz benefícios em relação à vagotomia troncular (ou seja, não se vê uma redução no número de complicações quando comparada à troncular) ▪ Não é mais utilizada na prática • VAGOTOMIA SUPERSELETIVA (ou “Gástrica Proximal” ou “de Células Parietais”) → corta apenas as pequenas ramificações que inervam o fundo e o corpo gástricos (chamados de Nervos de Latarjet), preservando a inervação vagal do antro e do piloro • Assim, devido ao risco de uma retenção gástrica grave no pós-operatório (exceto na Vagotomia Superseletiva), na Vagotomia Troncular e na Seletiva, é preciso a associação com um procedimento cirúrgico adicional, que é a Drenagem, que tanto pode ser por uma simples Piloroplastia quanto por uma Antrectomia (retirada de todo o antro), seguida pela anastomose do restante do estomago com o duodeno ou mesmo com o jejuno proximal ▪ Vagotomia Troncular e Seletiva → realizar procedimento de drenagem (Piloroplastia ou Antrectomia), pois as inervações do antro e do piloro estão prejudicadas ▪ Vagotomia Superseletiva → não necessita de drenagem, pois a inervação do antro e do piloro está preservada, não havendo risco de retenção gástrica ➢ VAGOTOMIA TRONCULAR E PILOROPLASTIA: • Vagotomia Troncular → ambos os troncos do nervo vago são totalmente seccionados, interrompendo a inervação de todas as partes do estômago • Piloroplastia → é realizada para prevenir a estase gástrica que seria provocada pela vagotomia troncular ▪ É a destruição/retirada do piloro ▪ Piloroplastia de Heinecke-Mikulicz → é a mais utilizada ▪ Problemas desse procedimento → a destruição do piloro e a perda da função esfincteriana levam a: ✓ Gastrite alcalina ou biliar (é rara) → devido ao refluxo de bile e de suco pancreático para dentro do estômago ✓ Síndrome de Dumping → esvaziamento acelerado de sólidos, fazendo com que o conteúdo hiperosmolar do estomago atinja diretamente o intestino proximal ✓ Diarreia pós-vagotomia → é comum, mas só é intensa em 2% dos pacientes • Após a Vagotomia Troncular e a Piloroplastia → o esvaziamento gástrico se torna muito mais dependente da força da gravidade, sendo mais rápido na posição ereta do que na supina • Indicação → é reservado apenas para as complicações da úlcera duodenal, pois apresenta um menor tempo cirúrgico, o que pode ser benéfico em cirurgias emergenciais em doentes graves • Não é indicada eletivamente ➢ VAGOTOMIA TRONCULAR E ANTRECTOMIA: • É a cirurgia com menor taxa de recidiva da úlcera (cerca de apenas 1% recidivam) • Após a Vagotomia Troncular realiza-se a antrectomia, e após essa antrectomia realiza-se uma técnica de reconstrução • Antrectomia → retira-se o antro e o piloro ▪ Após a extração do antro, podem ser feitos dois tipos de reconstrução: ✓ Gastroduodenostomia (Reconstrução à Billroth I - BI): 9 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto o Anastomose do estômago remanescente com o duodeno o Raramente é utilizado para tratar úlcera duodenal refratária → pois nesses indivíduos a opção pela vagotomia troncular e antrectomia se deve a um bulbo duodenal deformado, o que impediria tecnicamente a realização do procedimento ✓ Gastrojejunostomia (Reconstrução à Billroth II - BII): o Deixa-se a alça duodenalpendente, com o coto suturado o Ao se criar uma alça aferente de duodeno, a bile e a secreção do pâncreas são “jogadas” no interior do coto duodenal, a uma distância considerável do lúmen do estômago remanescente, evitando-se um refluxo alcalino proibitivo para o estômago o Realizada naqueles pacientes com bulbo duodenal deformado • Quando se tem o bulbo deformado → realiza-se a Vagotomia Troncular com Antrectomia, pois é um procedimento que diminui consideravelmente os índices de recidiva • Tem níveis extremamente baixos de recidiva • A Vagotomia Troncular com Antrectomia é: ▪ A mais eficaz das cirurgias em reduzir a secreção ácida → pois como o antro é responsável pela produção de gastrina, sua retirada reduz a secreção ácida ▪ A cirurgia mais agressiva e a que mais se associa a manifestações indesejáveis no pós-operatório • Esse procedimento também pode se associar a: ▪ Gastropatia por refluxo biliar → ocorre com maior frequência e pode requerer a técnica de derivação da bile através do Y de Roux ▪ Síndrome de Dumping → é observada em 25% dos pacientes ▪ Diarreia pós-vagotomia → é comum de ocorrer, mas só apresenta gravidade em uma pequena parcela dos pacientes ➢ VAGOTOMIA GÁSTRICA PROXIMAL (VAGOTOMIA SUPERSELETIVA ou VAGOTOMIA DE CÉLULAS PARIETAIS): • Como é feito o procedimento: ▪ Faz-se a desconexão dos nervos de Latarjet da pequena curvatura do estômago no segmento compreendido entre 7 cm proximais ao piloro e 5 cm proximais à junção esofagogástrica ▪ Idealmente, 2 ou 3 ramos para o antro e o piloro devem ser preservados ▪ Deve-se atentar para o nervo criminal de Grassi, que se localiza próximo à junção esofagogástrica e cuja preservação predispõe à recorrência • A taxa de recorrência de úlceras é de 10 a 15% quando a cirurgia é realizada por um cirurgião experiente • Esse procedimento não é bem recomendado para: ▪ Úlceras Pré-Pilóricas → pois a taxa de recorrência é maior nesse tipo de úlcera ▪ Bulbo duodenal deformado ▪ Retardo de esvaziamento gástrico ▪ Presença de tabagismo → tem-se uma elevada taxa de recorrência em fumantes • Nessa vagotomia superseletiva, o relaxamento gástrico receptivo e a acomodação são prejudicados, o que leva aos seguintes, devido ao aumento da pressão intragástrica: ▪ Aceleração do esvaziamento dos líquidos ▪ Sensação de saciedade precoce • A motilidade antral e pilórica estão normais, assim os alimentos são perfeitamente triturados e esvaziados no momento certo, sem dumping nem gastrite alcalina • Quando há deformidade do bulbo duodenal → a cirurgia de eleição é a Vagotomia Superseletiva, pois preserva mais a anatomia e a fisiologia gástricas • A vagotomia superseletiva é segura e livre de efeitos colaterais, sendo o procedimento que mais preserva a anatomia e fisiologia gástricas e, por isso, salvo contraindicações, é o procedimento de eleição para a cirurgia da úlcera duodenal INFORMAÇÕES IMPORTANTES – Muito comuns em provas de Residência ➢ As úlceras duodenais são mais prevalentes que as gástricas ➢ A maioria das úlceras que perfuram está situada na parede anterior do bulbo duodenal ➢ A maioria das úlceras que sangram está situada na parede posterior do bulbo duodenal (proximidade à artéria gastroduodenal) ➢ A localização mais comum das úlceras gástricas é a pequena curvatura do estômago ➢ O termo úlcera penetrante ou úlcera tenebrante têm sido utilizados para descrever a úlcera que perfura e á contida ou “tamponada” por órgãos adjacentes ÚLCERA GÁSTRICA CARACTERÍSTICAS ➢ Tem igual distribuição entre os sexos e é mais comum em idosos ➢ Localização das úlceras gástricas: • 95% na pequena curvatura do estômago • 60% em até 6cm do piloro ➢ Úlceras Agudas → acometem a mucosa e a submucosa 10 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ➢ Úlceras Crônicas → além de acometer a mucosa e a submucosa, também penetram na camada muscular CLASSIFICAÇÃO DE JHONSON ➢ Existem 4 tipos clínicos de úlcera gástrica, sendo as lesões classificadas de acordo com sua localização e associação ou não com úlceras duodenais. Além disso, algumas lesões diferem quanto a patogênese ➢ TIPOS DE ÚLCERAS GÁSTRICAS: • Tipo I (úlcera da pequena curvatura) → normocloridria ou hipocloridria ▪ Corresponde a cerca de 55 a 60% dos casos, sendo a mais comum • Tipo II (úlcera do corpo gástrico associada à úlcera duodenal) → hipercloridria • Tipo III (úlcera pré-pilórica) → hipercloridria • Tipo IV (úlcera da pequena curvatura, parte alta, próximo à junção gastroesofágica) → normocloridria (mais frequente) ou hipocloridria ▪ É mais rara de ocorrer QUADRO CLÍNICO ➢ São mais comuns em idosos (com pico aos 60 anos) e os pacientes são mais assintomáticos ➢ SINTOMAS: • Epigastralgia → dor abdominal em queimação e pós prandial (os sintomas costumam ser desencadeados pelo alimento) ▪ Como o paciente se apresenta → sem dor-come-dói- passa • Emagrecimento e Anorexia • Náuseas e vômitos • Dispepsia ➢ Geralmente, por serem mais assintomáticas, o diagnóstico das úlceras gástricas praticamente só é dado quando há algum sinal de complicação, como a presença de sangramentos ➢ É muito comum de ser diagnosticada quando o paciente chega no pronto-socorro com um quadro de hemorragia digestiva ➢ É sintomática quando há complicações DIAGNÓSTICO ➢ ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA (EDA) + BIÓPSIA + Pesquisa de H. pylori ➢ Biópsia → deve-se colher várias amostras • Para avaliar se a úlcera gástrica não é um câncer “disfarçado” de úlcera TRATAMENTO CIRÚRGICO ➢ CIRURGIA ELETIVA PARA ÚLCERA GÁSTRICA: • Depende do tipo e da localização da úlcera • Em todos os casos, deve ser retirada a porção do estômago que contém a úlcera ➢ Úlcera Gástrica Tipo I: • Localização → acima da incisura angular, na pequena curvatura do corpo gástrico • Não se realiza a Vagotomia Troncular → pois esses pacientes têm os níveis de secreção ácida normais ou até mesmo abaixo do normal (hipossecretores) • Tratamento → Gastrectomia Distal (ou Hemigastrectomia) + Reconstrução à Billroth I (BI) ▪ O procedimento envolve a retirada de cerca de 40 a 50% do estômago ➢ Úlcera Gástrica Tipo II: • Localização → associada à úlcera duodenal • Tratamento → Vagotomia Troncular + Antrectomia + Reconstrução à Billroth II (BII) ▪ BII → opta-se por essa reconstrução porque o bulco duodenal geralmente está deformado ➢ Úlcera Gástrica Tipo III: • Localização → pré-pilórica • Tratamento → Vagotomia Troncular + Antrectomia + Reconstrução Billroth I (BI) ➢ Úlcera Gástrica Tipo IV: • Localização → na pequena curvatura, próxima à junção esofagogástrica • Tratamento: ▪ Lesão a menos de 2cm da junção esofagogástrica → Gastrectomia Subtotal + Reconstrução em Y de Roux (Cirurgia de Csendes) 11 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ▪ Lesão localizada entre 2 a 5cm da junção esofagogástrica → Hemigastrectomia com Extensão Vertical + Reconstrução em Y de Roux (Cirurgia de Pauchet) ÚLCERA DUODENAL CARACTERÍSTICAS ➢ São mais comuns no sexo masculino e em pacientes jovens ➢ Raramente são malignas QUADRO CLÍNICO ➢ Pacientes jovens (20 – 50 anos) e mais sintomáticos ➢ SINTOMAS: • Epigastralgia → é o sintoma mais característico da úlcera duodenal ▪ Pode irradiar para o dorso ▪ Alivia com a alimentação (dói-come-passa) ▪ Clocking → o paciente acorda com a dor à noite DIAGNÓSTICO ➢ ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA (EDA) + Pesquisa de H. pylori ➢ Biópsia → Não se faz biópsia de úlcera duodenal, pois o adenocarcinoma duodenal é extremamente raro de ocorrer TRATAMENTO CIRÚRGICO ➢ Complicações da Úlcera Duodenal → realizar VAGOTOMIA TRONCULAR + PILOROPLASTIA ➢ Sem Deformidade do Bulbo Duodenal → VAGOTOMIA SUPERSELETIVA ➢ Com Deformidade do Bulbo Duodenal → VAGOTOMIA TRONCULAR+ ANTRECTOMIA + Reconstrução de BILLROTH II ➢ VAGOTOMIA SUPERSELETIVA → é o procedimento de eleição para a cirurgia da úlcera duodenal, salvo contraindicações COMPLICAÇÕES AGUDAS DA DUP HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA (HDA) ➢ CARACTERÍSTICAS: • É a complicação mais comum da DUP • É a causa mais frequentes de Hemorragia Digestiva Alta na população (cerca de 40% dos casos de HDA) • Cerca de 10 a 15% dos pacientes com DUO desenvolvem sangramento em algum momento da evolução da doença • A maioria dos pacientes tem mais de 60 anos e utiliza habitualmente AINEs ou AAS em dose baixa • Há associação com infecção pelo H. pylori (70% dos casos), principalmente na úlcera gástrica • Ulcera duodenal → a úlcera duodenal responsável pela hemorragia situa-se comumente na parede posterior do bulbo duodenal e a artéria acometida costuma ser a gastroduodenal ➢ QUADRO CLÍNICO → manifesta-se subitamente com: • Hematêmese e Melena (casos mais graves) ou apenas Melena (casos mais leves) • Cerca de 20% dos pacientes não apresentam sinais ou sintomas premonitórios da hemorragia (como exacerbação da epigastralgia ou de qualquer outra sintomatologia dispéptica) ➢ TRATAMENTO CLÍNICO: • Antes de tudo deve-se realizar → Estabilização Hemodinâmica do paciente: ▪ Sinais de perda volêmica → hipotensão postural, taquicardia, hipotensão não postural e choque ▪ O que fazer: ✓ Monitoramento + Oxigenação + Veia + ABCDE ✓ Solução de Cristalóides ✓ Transfusão de Hemoderivados (se necessário) • Passagem de Sonda Nasogástrica (SNG): ▪ A lavagem através da SNG facilita a EDA ▪ Deve ser feita logo após o início da ressuscitação volêmica ▪ Após a lavagem, se houver retorno de: ✓ Sangue vivo → paciente em grande risco de sangramento persistente ou risco de ressangramento após terapia endoscópica ✓ Líquido claro ou “borra de café” → tem melhor prognóstico • Administração de IBP: ▪ Administração imediata por via parenteral, preferencialmente ▪ Reduzem a mortalidade, as taxas de ressangramento e a probabilidade de cirurgia emergencial ▪ Como é feita: Omeprazol 80mg (em bolus) seguida de infusão contínua de 8mg/h • Após atingir a Estabilidade Hemodinâmica → submeter o paciente à Endoscopia Digestiva Alta (EDA) dentro de 24 a 48h ➢ CLASSIFICAÇÃO DE FORREST → estima o risco de ressangramento da DUP • Forrest I (Hemorragia ativa) → se não for feito nenhum tratamento endoscópico, esse paciente tem 90% de chance de ressangrar • Forrest II (Sinais de Hemorragia Recente) • Forrest III → úlcera sem nenhum estigma de sangramento ➢ TRATAMENTO ENDOSCÓPICO: • Indicação → pacientes Forrest Ia, Ib, IIa e IIb 12 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto • É feito de acordo com a presença ou não de sangramento arterial ativo: ▪ Presença de sangramento ativo → somar os dois seguintes métodos: ✓ Administração de EPINEFRINA na base da úlcera ✓ COAGULAÇÃO TÉRMICA ou emprego de CLIPES METÁLICOS no vaso sangrante ▪ Ausência de sangramento ativo → realizar apenas um dos seguintes: ✓ COAGULAÇÃO TÉRMICA ✓ Emprego de CLIPES METÁLICOS • Se o tratamento for bem sucedido: ▪ Deve-se realizar a Pesquisa do H. pylori, caso o paciente ainda não tenha esse diagnóstico ✓ Presença do H. pylori → erradicar a bactéria ▪ Realizar uma EDA de controle quando a lesão for uma úlcera gástrica • Novo sangramento após a terapia endoscópica que foi bem sucedida: ▪ Não indica cirurgia ▪ Deve-se tentar uma nova intervenção endoscópica ✓ Hemorragia ainda persistente, mesmo após a nova intervenção endoscópica → indicar cirurgia, com abordagem direta do vaso envolvido ➢ TRATAMENTO CIRÚRGICO: • Cerca de 10% dos pacientes com Hemorragia pela DUP ainda necessitam de intervenção cirúrgica • Principais indicações de Cirurgia na Hemorragia por DUP: ▪ Persistência de instabilidade hemodinâmica a despeito de ressuscitação volêmica (infusão de > 6 U de concentrado de hemácias) ▪ Falência inicial da terapia endoscópica em parar o primeiro sangramento ▪ Falência da terapia endoscópica em interromper o ressangramento (que ocorre após estabilização hemodinâmica) ▪ Choque associado a ressangramento ▪ Sangramento contínuo com necessidade de > 3 U de concentrado de hemácias/dia • Úlcera Duodenal: ▪ Primeiramente, deve-se ter acesso à úlcera por meio da Duodenotomia (abertura do duodeno, longitudinalmente) ou da Piloroduodenotomia → pois a maior parte das lesões se encontra no bulbo ✓ São feitas para se ter uma abordagem direta da úlcera, com posterior sutura/rafia do leito ulceroso ✓ Depois, fecha-se o piloro por meio da Piloroplastia ▪ Se a úlcera em parede posterior está erodindo para a artéria pancreatoduodenal ou gastroduodenal → realizar a ligadura direta desses vasos ▪ Procedimento em doentes instáveis → Piloroplastia (fechando a pilorotomia) seguida de Vagotomia Troncular ✓ Deve-se realizar a rafia da úlcera rapidamente • Úlcera Gástrica: ▪ A simples abordagem da lesão com ulcerorrafia não é o suficiente, com grande probabilidade de ressangramento. Além disso, aproximadamente 10% dessas úlceras são malignas. Assim, deve-se realizar um dos seguintes: ✓ Antrectomia (ressecção da úlcera) ✓ Excisão da úlcera + Vagotomia ✓ Sutura da úlcera + Biópsia → em pacientes instáveis ▪ Como a úlcera gástrica pode ser maligna deve-se realizar a ressecção e a biópsia ▪ Após resolver o sangramento, deve-se realizar uma cirurgia definitiva para a úlcera gástrica PERFURAÇÃO ➢ CARACTERÍSTICAS: • É a segunda complicação mais encontrada na DUP • Apresenta a maior mortalidade (cerca de 15%) • Ocorre em cerca de 6 a 7% dos casos de DUP • Úlcera duodenal → habitualmente, se localizada na parede anterior do bulbo • Úlcera Gástrica → mais frequentemente encontrada na pequena curvatura do estômago • Tem considerável associação com o uso de AINEs ➢ TIPOS DE PERFURAÇÃO: • Livre → o conteúdo gastroduodenal cai na cavidade abdominal, causando uma peritonite difusa • Tamponada → ocorre quando um orifício de espessura total é criado por uma úlcera, mas o derramamento livre é evitado pelo bloqueio exercido por órgãos adjacentes ▪ Úlcera Penetrante (ou Tenebrante) → é tamponada por órgãos adjacentes, como baço, pâncreas, fígado (lobo esquerdo) ou cólon transverso ✓ Úlcera Gástrica Gigante → é observada na pequena curvatura do estômago e apresenta um diâmetro ≥ 2cm o Tem 10% de probabilidade de abrigar malignidade o Apresenta maior risco de sangramento ✓ Úlcera Duodenal → a penetração ocorre para o pâncreas, ocasionando, muitas vezes, pancreatite aguda ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Dor abdominal abrupta → agudização da dor → hipotensão, taquicardia e taquipneia: ✓ Os pacientes relatam um pródromo de dor abdominal com duração de algumas horas, podendo ser suportável; em seguida, o quadro evolui para agudização, com dor abdominal difusa e presença de hipotensão, taquicardia e taquipneia • Exame Físico: ▪ O paciente encontra-se imóvel e com joelhos fletidos 13 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ▪ Sinais de irritação Perineal ▪ Abdômen em tábua ▪ Sinal de Jobert → desaparecimento da macicez hepática (pneumoperitôneo) ➢ DIAGNÓSTICO: • Anamnese + Exame Físico • Rotina radiológica: ▪ Em 70% dos pacientes, nesses casos de abdômen agudo, vê-se a presença de ar fora da cavidade ▪ Raio X → indica pneumoperitôneo ▪ Tomografia Computadorizada de Abdômen (padrão- ouro) → possui maior sensibilidade e especificidade para detectar ar fora do tubo digestivo • Endoscopia Digestiva Alta → não é realizada em casos de úlceras perfuradas ➢ TRATAMENTO CIRÚRGICO: • Sempre se deve pesquisar e, se presente, erradicar o H. pylori após o sucesso dos procedimentos cirúrgicos • Úlcera Duodenal: ▪ Epiploplastia (é o procedimentode escolha) → rafia de úlcera + proteção com omento (tampão de Graham) ▪ Perfurações > 3 cm → são mais difíceis de serem abordadas, podendo-se realizar um dos seguintes: ✓ Duodenostomia → recobre-se o defeito utilizando omento ou serosa do jejuno, somado à instalação local de dreno ✓ Antrectomia com Vagotomia Troncular e Reconstrução à Billroth II ▪ Nos casos em que o H. pylori foi completamente erradicado e mesmo assim a úlcera duodenal perfurou → realizar cirurgia definitiva para redução da secreção ácida • Úlcera Gástrica: ▪ Úlcera Gástrica Tipo I perfurada: ✓ Paciente hemodinamicamente estável → Gastrectomia Distal + Reconstrução à Billroth I (sem vagotomia) ✓ Paciente hemodinamicamente instável → Fechamento da Úlcera com auxílio de Tampão de Omento + Biópsia e Erradicação do H. pylori ▪ Úlcera Gástrica Tipo II e III perfurada → se comportam como úlceras duodenais, devendo-se realizar: ✓ Fechamento Simples (com ou sem realização de cirurgia definitiva para supressão ácida) + Erradicação do H. pylori ▪ Atenção → independentemente do tipo, as úlceras gástricas sempre devem ser biopsiadas para que se descarte malignidade ➢ TRATAMENTO CLÍNICO: • O tratamento clínico para úlcera perfurada é permitido em pouquíssimos casos. Assim, esses pacientes devem ter a perfuração bloqueada (com esse achado determinado por métodos de imagem) e não podem apresentar no exame físico sinais de irritação peritoneal OBSTRUÇÃO ➢ CARACTERÍSTICAS: • Também é conhecida como “Estenose Pilórica do Adulto” • A obstrução do trato de saída do estômago é a complicação menos frequente da DUP • Tem-se uma inflamação seguida de fibrose e obstrução • A maioria desses indivíduos apresenta cicatrização crônica do duodeno e do piloro, o que habitualmente dificulta o esvaziamento gástrico. Assim, com o surgimento de uma ulcera nesse local, o edema associado à ulcera determina ou agrava essa obstrução • Ocorre em úlceras duodenais e úlceras gástricas tipo III ➢ QUADRO CLÍNICO: • Apresentação clínica aguda: ▪ Plenitude gástrica ▪ Saciedade precoce ▪ Náuseas e vômitos repetidos • Quando o processo é crônico: ▪ Perda ponderal ▪ Desidratação ▪ Alcalose metabólica hipoclorêmica ou hiperclorêmica ➢ DIAGNÓSTICO: • Endoscopia Digestiva Alta (EDA) → confirma os achados de cicatrização crônica e diagnosticam a úlcera aguda • Os estudos baritados também podem ajudar ➢ TRATAMENTO: • Deve-se internar o paciente e instituir as seguintes medidas terapêuticas: ▪ Hidratação venosa com soro fisiológico ▪ Correção do desequilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico ▪ Administração de IBP ▪ Lavagem gástrica com Sonda de Fouchet (sonda calibrosa para resíduos maiores) ou Levine (sonda mais fina) 2 vezes ao dia • A base da terapia é → Erradicação do H. pylori + Dilatação Endoscópica ▪ O sucesso é obtido com uma média de 5 sessões de dilatação endoscópica ▪ O prognóstico é excelente e não há necessidade de cirurgia • Úlcera Duodenal por Hipercloridria Idiopática (já possuem o H. pylori erradicado) → Dilatação Endoscópica + Terapia de supressão ácida por toda a vida • Casos refratários ao tratamento endoscópico e clínico → realizar cirurgia ▪ Vagotomia Troncular + Antrectomia + Reconstrução à Billroth II COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DA DUP COMPLICAÇÕES PRECOCES ➢ DEISCÊNCIA DO COTO DUODENAL: • É a abertura/ruptura do coto duodenal 14 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto • Pode complicar a Vagotomia Troncular com Antrectomia e reconstrução à Billroth II • Ruptura do coto duodenal → provoca o extravasamento do conteúdo da alça, do suco pancreático e da bile para o espaço pré-peritoneal • Quadro Clínico → Sepse Abdominal • Tratamento: ▪ Casos graves: ✓ Exploração e ampla drenagem do quadrante superior direito + fechamento do coto duodenal sobre um tubo ▪ Casos mais brandos → Duodenostomia ➢ DEISCÊNCIAS ou FÍSTULAS: • A deiscência de uma Piloroplastia ou de uma Duodenorrafia é incomum nas cirurgias para úlcera gástrica • Observa-se com frequência Deiscências Bloqueadas • Fístulas Duodenais de alto débito para a pele → podem complicar a evolução do paciente, o que acarreta elevada morbidade ▪ Tratamento: ✓ Nutrição parenteral total ✓ Antibioticoterapia ✓ Ampla drenagem do local da fístula ✓ Reoperação da fístula com sutura duodenal → na maioria dos casos não são bem sucedidas ➢ GASTROPARESIA: • Pode ocorrer em pacientes que possuíam obstrução ao esvaziamento gástrico antes da cirurgia (estenose pilórica), nos quais a drenagem nasogástrica foi suspensa de maneira precoce no pós-operatório • Para evitar o aparecimento da Gastroparesia → deve-se manter drenagem nasogástrica prolongada até a recuperação da motilidade habitual do estômago remanescente • Tratamento: ▪ Drogas pró-cinéticas: Metoclopramida Bromoprida ▪ Ou até mesmo a Eritromicina ➢ PERFURAÇÃO GÁSTRICA: • É rara de ocorrer • Acontece após Vagotomia Superseletiva • Decorre da vascularização da pequena curvatura, determinando perfuração isquêmica, com quadro séptico entre o 5º e o 7º dia de pós-operatório COMPLICAÇÕES TARDIAS ➢ DIARREIA PÓS-VAGOTOMIA • É uma sequela comum das cirurgias para úlcera péptica • Decorre principalmente da Vagotomia Troncular, pois desnerva todo o estômago e também outras vísceras abdominais • Fisiopatologia → a denervação do sistema biliar produz um aumento excessivo na liberação de sais biliares no lúmen intestinal. Assim, esses sais biliares ganham o cólon e estimulam uma diarreia secretória • Quadro Clínico: ▪ A diarreia é intensa em 20 a 30% dos casos ▪ Diarreia grave ocorre apenas em 2% dos pacientes ▪ Geralmente, essa condição é autolimitada • Tratamento → associação dos seguintes: ▪ Antidiarreicos: Difenoxilato Loperamida ▪ Quelantes de sais biliares: Colestiramina ➢ ATONIA DA VESÍCULA BILIAR: • Ocorre devido à denervação visceral consequente à vagotomia troncular • A estase de bile resultante leva a um maior risco para o desenvolvimento de cálculos (colelitíase) • O mecanismo é inverso ao da diarreia pós-vagotomia, na qual a vesícula biliar contrai-se muito e de forma intensa ➢ SÍNDROME DE DUMPING: • Ocorre sempre que a função do piloro é prejudicada por: ▪ Piloroplastia ▪ Gastroduodenostomia (Billroth I) ▪ Gastrojejunostomia (Billroth II) → mais comum de causar a síndrome • Decorre do rápido esvaziamento gástrico pós-prandial • Quadro Clínico → pode ser dividida em sintomas iniciais e tardios: ▪ Dumping precoce (sintomas iniciais) → costumam ocorrer durante ou logo após uma refeição (após 15 a 30min) e são gastrointestinais e vasomotores: ✓ Náuseas ✓ Vômitos ✓ Diarreia explosiva ✓ Dor abdominal ✓ Rubor facial ✓ Tontura ✓ Taquicardia ✓ Diaforese (transpiração intensa) ▪ Dumping tardio (sintomas tardios) → costumam ocorrer 1 a 3h após uma refeição e estão relacionados à hipoglicemia • Tratamento: ▪ É principalmente um tratamento dietético → evitando o consumo de alimentos ricos em carboidrato e fazendo pequenas refeições, com maior frequência ✓ Apenas 1% dos pacientes não melhora com essas medidas ✓ Medidas: o Dieta pobre em carboidratos, rica em proteínas e lipídios o Evitar carboidratos refnados (açúcar, bolos, o doces etc.) o Fazer seis refeições por dia (pequenas) o Não beber líquidos durante as refeições 15 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto o Comer lentamente o Deitar por 30min após as refeições (diminuir a ação da gravidade) ▪ Acarbose → pode ser usada nos casos de dumping tardio ▪ Octrotide (por via subcutânea) → pode ser usado no dumping precoce e tardio ▪ Cirurgia Reconstrutiva → indicada em até 5% dos pacientes com dumping grave ✓ É realizada pela interposição de uma alça jejunalisoperistáltica ou antiperistáltica entre o estômago e o coto distal, contribuindo para desacelerar o trânsito (como um neopiloro) ➢ GASTROPATIA POR REFLUXO BILIAR (antiga “Gastrite Alcalina”): • Resulta da perda da estrutura pilórica, sendo bem mais comum de ocorrer na Reconstrução à Billroth II • O refluxo do conteúdo intestinal para o estômago (principalmente os sais biliares e a lisolecitina) é lesivo para a mucosa desse órgão, podendo resultar em gastropatia química, caracterizada por lesão epitelial, edema e vasodilatação. Além disso, as pregas da mucosa encontram- se dilatadas e eritematosas, podendo haver erosões • Quadro clínico: ▪ Sintomas clássicos: ✓ Dor abdominal em queimação contínua associada a Vômitos biliosos sem relação precisa com a alimentação • Diagnóstico: ▪ Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com Biópsia → evidencia a gastrite ▪ Cintilografia Biliar com Ácido Iminodiacético (HIDA) → confirma a presença de refluxo alcalino para o remanescente gástrico • Tratamento Clínico → não traz benefícios consistentes ▪ Seria feito com drogas pró-cinéticas, colestiramina e sucralfato • Tratamento Cirúrgico → é o tratamento oferecido aos pacientes, pois é o único que traz benefícios ▪ Grastrojejunostomia em Y de Roux → a alça duodenal é “recortada” e anastomosada em um segmento mais distal do jejuno, permitindo que a bile seja “derramada” distante do remanescente gástrico. O ideal é que exista uma distância de, pelo menos, 40 - 45 cm entre o trânsito duodenal e o estômago ➢ SÍNDROME DA ALÇA AFERENTE: • Ocorre somente nos pacientes submetidos à Gastroenterostomia do tipo Billroth II ▪ A alça aferente corresponde ao duodeno e continua a receber as secreções pancreáticas e biliares, que ganham o interior da alça quando nos alimentamos. A confecção de alça aferente com tamanho superior a 30 a 40 cm tem sido implicada na ocorrência dessa complicação • Nessa síndrome, a alça pode ter seu lúmen semiobstruído próximo ao estômago como consequência de qualquer um desses fenômenos: ▪ Volvo da alça ▪ Dobradura e angulação ▪ Torção ▪ Aderência ▪ Estenose da anastomose gastrojejunal ▪ Hérnia... • Quadro clínico: ▪ Os sintomas ocorrem da seguinte forma → quando o paciente ingere alimentos, as secreções pancreáticas e hepatobiliares são derramadas em uma alça aferente parcialmente obstruída, causando distensão e dor ▪ Quando a pressão dentro da alça cega chega a um valor tal que consegue vencer a barreira da obstrução, as secreções “duodenais” acabam indo subitamente para o estômago, provocando vômito bilioso (sempre sem alimentos) e muitas vezes em jato, seguido do alívio dos sintomas, pois a alça esvaziou • Diagnóstico Diferencial: ▪ Gastropatia por refluxo biliar ▪ Pancreatite Aguda → tanto pelo quadro clínico quanto pelo aumento de amilase, a síndrome da alça aferente pode ser confundida com uma pancreatite aguda, pois se a obstrução for fixa, irredutível, a dilatação progressiva da alça aferente leva à sua ruptura e extravasamento do conteúdo para a cavidade abdominal 16 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto • Tratamento dos sintomas persistentes → reoperação com reconstrução do tipo Gastrojejunostomia em Y de Roux ➢ SÍNDROME DO ANTRO RETIDO: • Ocorre quando o cirurgião, ao confeccionar a alça aferente duodenal (nas reconstruções à Billroth II), não percebe a presença de mucosa antral no coto do duodeno • Essa mucosa antral terá um potente estímulo para a produção de gastrina, e sabe-se que o duodeno está acostumado a receber apenas líquidos alcalinos. Assim, o resultado disso é a Hipergastrinemia, a hipercloridria e uma possível recidiva da DUP • Diagnóstico: ▪ Cintilografia com Tecnécio → demonstra a região de mucosa antral (captante) na alça aferente duodenal. A mucosa remanescente do estômago também capta tecnécio • Tratamento clínico → IBP ou Bloqueadores H2 • Tratamento Cirúrgico → é indicado quando o tratamento clinico não melhora os sintomas ▪ Conversão de Billroth II para Billroth I ou ▪ Ressecção da mucosa do antro na alça aferente ➢ RECIDIVA DA DUP APÓS VAGOTOMIA TRONCULAR COM ANTRECTOMIA (é extremamente rara de ocorrer) → quando isso acontece, deve-se considerar uma das seguintes (ambas as condições apresentas os níveis de gastrinemia elevados): • Síndrome de Zollinger-Ellison → quando há essa recidiva deve-se considerar imediatamente essa síndrome, pois: ▪ Essa síndrome pode não ter sido investigada da maneira correta e por isso o paciente foi submetido erradamente a uma cirurgia devido à “instabilidade da úlcera” • Síndrome de Antro Retido SÍNDROME DE ZOLLINGER-ELLISON (SZE) INTRODUÇÃO ➢ Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas que resultam de um estado de hipersecreção ácida, consequente a um Gastrinoma ➢ Quando foi descoberto, acreditava-se que se caracteriza apenas pela seguinte TRÍADE: • Doença Ulcerosa Severa (úlceras pépticas em jejuno proximal) • Hipersecreção Ácida • Tumores de Células Pancreáticas não Beta → os tumores pancreáticos são produtores do maior estimulador da secreção ácida, o hormônio gastrina ➢ GASTRINOMAS: • Na maioria das vezes são múltiplos e com tamanhos variáveis (de 0,1 a 20cm) • Localização: ▪ Pâncreas ▪ Regiões Extrapancreáticas (2/3 dos casos): ✓ Parede do duodeno → 3 a 10 vezes mais comum do que no pâncreas ✓ Raramente, formas primárias são encontradas no: o Mesentério o Estômago o Fígado • 90% dos Gastrinomas são encontrados no “TRIÂNGULO DO GASTRINOMA”: ➢ GASTRINOMAS DUODENAIS: • Localização → na camada submucosa ▪ Tendem a ocorrer principalmente na porção proximal do duodeno (é mais comum na primeira porção, seguida da segunda e depois da terceira porção) ▪ Nunca foi descrito na quarta porção do duodeno • São menores em tamanho do que os pancreáticos • Frequentemente passam despercebidos pela EDA e até mesmo pela Laparotomia Exploratória • Cerca de 70% dos pacientes apresentam metástases nodais, mas somente 5% possuem metástases no fígado ➢ GASTRINOMAS PANCREÁTICOS: • Localização: ▪ São mais frequentes na cabeça do pâncreas ▪ São menos frequentes no corpo e na cauda do pâncreas ➢ COMPORTAMENTO MALIGNO DOS GASTRINOMAS: • Na maior parte dos casos (60%) os gastrinomas têm comportamento maligno • Na maioria das vezes, as metástases seguem a seguinte ordem: 1. Linfonodos regionais 2. Fígado 3. Tardiamente, podem alcançar distâncias maiores, atingindo, por exemplo, os ossos • Metástases ósseas → surgem somente em pacientes que já desenvolveram metástase hepática ➢ Câncer de Ovário → é um outro tumor que pode produzir gastrina e que, muito raramente, pode originar a Síndrome de Zollinger-Ellison 17 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto EPIDEMIOLOGIA ➢ 0,1 a 1% de todos os pacientes com DUP possui Síndrome de Zollinger-Ellison ➢ Homens são mais acometidos do que as mulheres ➢ Grande parte dos pacientes tem entre 30 e 50 anos de idade ➢ 75% dos casos → Síndrome de Zollinger-Ellison é esporádica ➢ 25% dos casos → a Síndrome de Zollinger-Ellison ocorre no contexto da Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo I MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Apresenta rodos os sinais e sintomas resultantes de um processo de Hipersecreção ácida, principalmente a Doença Ulcerosa Péptica ➢ QUADRO CLÍNICO → sintomas relacionados a: • Doença Ulcerosa Péptica → 95% dos pacientes com essa síndrome apresentam DUP ▪ Tem maior intensidade, progressão e refratariedade às medidas terapêuticas habituais ▪ Complicações (como perfuração e hemorragia) → são comuns de ocorrerem, com metade dos pacientes apresentando complicações ▪ Em até 75% dos pacientes as úlceras se desenvolvem na primeira porção do duodeno • Refluxo Gastroesofágico: ▪ Até 1/3 dos pacientes com essa síndrome apresentamsintomas relacionados ao refluxo: ✓ Cerca de 2/3 dessa quantidade desenvolvem: o Disfagia o Esofagite o Anormalidades endoscópicas: ❖ Sinais de esofagite (erosiva ou não) ❖ Estenoses ❖ Epitélio de Barrett • Diarreia → em 2/3 dos pacientes ▪ Resulta do alto débito de secreção ácida no intestino delgado, associado aos efeitos da hipergastrinemia nas funções secretoras e absortivas desse órgão ▪ Esse tipo de diarreia apresenta uma característica única dentre todas as outras diarreias secretoras → melhora com a drenagem nasogástrica (realiza a remoção exógena da hipersecreção ácida) ▪ Alguns podem apresentar Esteatorreia • Má Absorção de B12: ▪ Acredita-se que o grande volume de secreção ácida inativa as proteases pancreáticas, as quais são essenciais para a ligação entre as moléculas de B12 e o fator intrínseco ▪ Pode ser corrigida pela neutralização do pH dos conteúdos intestinais ▪ Pacientes que apresentam Hipovitaminose B12 → devem realizar dosagens séricas anuais dessa vitamina, e a terapia de reposição consiste em 1mg intramuscular a cada ano ➢ 25% dos pacientes com Síndrome de Zollinger-Ellison apresentam o gastrinoma como parte da Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 1 (NEM-1), apresentando manifestações tanto da NEM-1 (distúrbios da paratireoide e da hipófise) quanto da Síndrome de Zollinger-Ellison (SZE): • Esses pacientes apresentam (quando comparados à Síndrome de Zollinger-Ellison pura): ▪ Alta incidência de tumor carcinoide gástrico ▪ Gastrinomas menores, múltiplos e localizados com maior frequência no duodeno ▪ Menor chance de metástase, por isso que seu prognóstico é melhor que o da SZE pura • Principais características da NEM-1: ▪ Hiperparatireoidismo → é a principal manifestação, com 95% dos pacientes apresentando hipercalcemia ▪ Adenoma Hipofisário → geralmente é não funcionante, e em segundo lugar vem o prolactinoma ▪ Tumor Endócrino Pancreático → o mais comum é o gastrinoma DIAGNÓSTICO ➢ Achados Clínicos Sugestivos (pois os sintomas clínicos dos pacientes com gastrinomas são muito parecidos com os sintomas de pacientes portadores de DUP): • Úlceras distais à primeira porção do duodeno (incluindo o jejuno) • Múltiplas úlceras no trato gastrointestinal • Úlceras refratárias ao tratamento habitual • Úlceras que recorrem após o tratamento cirúrgico e eliminação do H. pylori • Úlceras associadas a diarreia (principalmente se essa diarreia melhora com a sucção nasogástrica) • Forte história familiar de úlcera péptica • Úlceras associadas a alguma evidência de doença das paratireoides ou hipófise, como hipercalcemia e nefrolitíase • Úlceras e pesquisa de Helicobacter pylori negativas ➢ O DIAGNÓSTICO É DADO PELO SEGUINTE PASSO A PASSO: 1. Suspeita clínica 2. Dosagem Sérica de Gastrina (a gastrina estará aumentada em praticamente todos os pacientes): ▪ Níveis normais de gastrina → < 100pg/ml ▪ Pacientes com SZE tem hipergastrinemia ▪ O grande desafio é diferenciar se a hipergastrinemia é primária ou secundária: ✓ Primária → Gastrinoma ✓ Secundária: o Gastrite atrófica o Anemia perniciosa o Infecção por H. pylori o Pacientes em uso de Bloqueadores H2 ou IBP → nesses casos, deve-se suspender o uso dessas medicações pelo menos uma semana antes da medição da gastrina sérica 3. Medir o pH do Estômago (Aspirado Gástrico) → faz-se isso quando o paciente apresenta Hipergastrinemia 4. Medir a Secreção Basal de Ácido 18 CIRURGIA GASTRODUODENAL Gizelle Felinto ➢ DIAGNÓSTICO - PACIENTES COM SÍNDROME DE ZOLLINGER- ELLISON APRESENTAM: • Em 40% dos casos: ▪ Gastrina Sérica > 1000 pg/ml + pH gástrico < 2,5 • Em 60% dos casos: ▪ Hipergastrinemia moderada (101 a 999 pg/ml) + Hiperacidez gástrica (pH < 2,5) ➢ APÓS O DIAGNÓSTICO SER ESTABELECIDO → DEVE-SE RASTREAR O GASTRINOMA: • Rastreia-se por métodos de imagem → como angiografia, Tomografia Computadorizada e Ultrassonografia endoscópica (pois a maioria dos gastrinomas se localiza na parede do duodeno) • Exames recomendados para o rastreio do gastrinoma: ▪ Cintilografia de Receptores de Somatostatina (CRS) → é o teste de melhor sensibilidade para o diagnóstico de gastrinomas primários e suas metástases ✓ Utiliza octreotide (análogo da somatostatina) radioativamente marcado ▪ Tomografia Computadorizada com Contraste • Caso o tumor não seja localizado com o CRS ou com a TC com contraste → pode-se realizar o seguinte método: ▪ Injeção intra-arterial seletiva de secretina, com coleta de sangue na veia hepática direita ✓ A depender da artéria em que a injeção de secretina promova aumento da gastrina, pode-se ter uma noção melhor da região onde está localizado o gastrinoma o Ex: se a gastrina aumentar quando a secretina for injetada na artéria dorsal do pâncreas, deve-se procurar o tumor na região irrigada por esse vaso • Se nenhum dos métodos acima identificar o gastrinoma → realizar Laparotomia para pesquisa de gastrinoma ▪ Para localizar o tumor, o cirurgião pode realizar: ✓ Endoscopia Digestiva Alta intraoperatória com transiluminação estômago e duodeno ✓ Ultrassom peroperatório ✓ Duodenotomia ➢ Para pesquisar sobre a associação da SZE com a NEM-1 → deve-se solicitar a dosagem de: • Cálcio sérico • PTH • Prolactina TRATAMENTO ➢ O tratamento da Síndrome de Zollinger-Ellison pura baseia- se em: • IBP + Excisão cirúrgica do gastrinoma: ▪ Inibidor de Bomba de Prótons (IBP): ✓ Deve ser iniciado em altas doses ✓ Não se realiza gastrectomia total para reduzir a produção de ácido, pois a terapia com IBP tem alta eficácia ➢ Tratamento da Síndrome de Zollinger-Ellison associada ao NEM-1: • A ressecção cirúrgica do gastrinoma não garante a cura do paciente, pois frequentemente as lesões são múltiplas, estando presentes tanto no duodeno quanto no pâncreas • Correção do Hiperparatireoidismo (realizar a Paratireoidectomia) → aumenta a sensibilidade aos IBPs e diminui a produção basal de ácido • Ainda não se sabe ao certo qual o melhor tratamento PROGNÓSTICO ➢ O uso de IBPs levou a uma redução considerável na morbimortalidade dos pacientes com SZE ➢ A maioria dos óbitos se deve à disseminação do tumor, e não às complicações secundárias à hipersecreção gástrica de ácido ➢ DOENÇA METASTÁTICA: • Alternativas terapêuticas → Ressecção Cirúrgica (quando possível) + Quimioterapia (associada ou não à Radioterapia) • O principal determinante do prognóstico é a presença de metástase hepática ➢ MORTALIDADE DO GASTRINOMA → depende principalmente do comportamento biológico do tumor. Assim os gastrinomas são classificados com base em seu curso evolutivo em benignos ou malignos