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1 Victória Veiga – Medicina UNIFACS TBL - CASO PTMA Paciente PTMA, 62 anos, trabalhador do Ministério da Saúde, acordou às 7:00. Na sua rotina, tomou banho, café da manhã e saiu às 7:40, com seu carro, para o trabalho no Ministério. No percurso, começou a sentir calafrios e um pouco de falta de ar. Chegando ao trabalho foi participar de uma reunião com sua equipe, mas os calafrios e a falta de ar aumentaram muito, e ele evoluiu com náuseas, apresentando um episódio de vômito. Os calafrios eram tão intensos que o impediam a fala, dificultando cada vez mais a respiração. Diante do quadro, às 8:45, os colegas de trabalho o levaram em carro próprio para uma UPA, onde ele aguardou atendimento até às 11:00 e, como vomitou mais 3 vezes e passou a respirar com mais dificuldade, os colegas insistiram para que lhe fosse dado um atendimento priorizado. Logo após, foi então chamado pela enfermagem que aferiu os dados vitais, verificando a pressão arterial (170x120mmHg), glicemia capilar (155mg/dL), FR (50ipm) e FC (145bpm). Foi levado para leito de observação onde a equipe médica o atendeu e instituiu o tratamento para os achados apresentados. Às 14:30, após melhora da PA e diminuição da glicemia capilar, teve alta sendo encaminhado para casa com prescrição de medicamentos e orientação verbal para agendamento de consulta em um ambulatório ou Posto de Saúde. No retorno para casa começou novamente com os calafrios, a náusea intensificou, evoluindo com mais 02 episódios de vômitos, e a dificuldade respiratória aumentou muito, comprometendo novamente a fala. Diante desta evolução, os amigos de trabalho ligaram para o 192, e o TARM da Central de Regulação das Urgências disse que no momento estavam sem nenhuma ambulância disponível, e pediu para retornar a ligação em torno de uma hora. Decidiram encaminhá-lo, mais uma vez por conta própria, para uma emergência hospitalar, quando apresentou mais dois episódios de vômito durante o caminho para o hospital, com piora progressiva da dificuldade respiratória. Na emergência hospitalar, os colegas de trabalho se identificaram como do Ministério da Saúde, não passou pelo acolhimento e classificação de risco (triagem), indo direto para a sala de observação. A equipe médica da sala de observação da emergência fez a solicitação de exames laboratoriais e de imagem (RX tórax) e prescreveu medicação sintomática para o quadro. Como a FR aumentava cada vez mais, com um desconforto respiratório importante foi solicitada internação em UTI, mas pela ausência de vaga, foi internado em um apartamento de enfermaria no final da tarde. Indignados, os colegas do trabalho ligaram para pessoas influentes que articularam uma vaga de UTI no final da noite ou no outro dia pela manhã. A piora do quadro respiratório fez que conseguissem um contato telefônico direto com o diretor do hospital, que arrumou uma vaga na UTI às 22 hs. Durante a passagem para maca para a transferência para a UTI, o paciente notou que seu lado direito (braço e perna) não tinha movimentos, o que informou ao profissional que o levava na maca. Porém como a preocupação maior da equipe era com o quadro respiratório, não houve valorização dessa nova queixa motora. Permaneceu a noite na UTI melhorando do quadro respiratório e, pela manhã do dia seguinte, quando foi servido o café da manhã e ele não conseguia pegar o copo com a mão direita, derrubando o copo na cama ao tentar com a mão esquerda. Somente assim a equipe percebeu que não mexia o lado direito e, imediatamente, o médico da UTI veio examiná-lo, diagnosticando AVC. Foi levado imediatamente para TC de crânio, sendo constatado um AVC Isquêmico. Permaneceu 12 dias na UTI, evoluindo com afasia importante da fala e escrita, e hemiparesia à direita, sendo liberado em alta hospitalar com orientação verbal para procurar um serviço de reabilitação. Após a alta conseguiu, através de amigos do Ministério da Saúde, uma agenda para iniciar reabilitação em um Centro Especializado em São Paulo. Passou pela triagem do tal Centro, realizada por uma equipe multiprofissional formada por cardiologista, enfermagem, psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e, por último com o fisiatra, que fez a programação de seu tratamento. Indicada então a reabilitação, com cinco sessões diárias, todas as manhãs durante 6 meses, com a presença de todos os profissionais citados acima, havendo regressão quase completa do quadro motor e melhora importante da afasia. 2 Victória Veiga – Medicina UNIFACS QUESTÕES: QUESTÃO 01. NO ATENDIMENTO INICIAL NA UPA: A. Deveria ter levado o paciente direto para sala de observação. B. Deveria ter feito o acolhimento e classificado o risco (triagem). C. Poderia ter ligado para a Central de Regulação e solicitada a transferência do paciente para outra Unidade. D. Ter encaminhado direto para internação hospitalar. QUESTÃO 02. NO ATENDIMENTO INICIAL DA UPA É CORRETO AFIRMAR QUE: A. O atendimento deve sempre ser feito por ordem de chegada. B. Deve ser feito o acolhimento e classificação de risco (triagem) para todos os usuários que procuram a Unidade. C. A UPA, por não ser um hospital, não faz parte de uma Rede Assistencial de Urgência. D. Deveria ter leitos de internação na UPA, assim evitaria ter que transferir pacientes. QUESTÃO 03. EM SUA OPINIÃO, O ATENDIMENTO INICIAL NA UPA JÁ DEVERIA: A. Ter acionado a Central de Regulação das Urgências para chamar uma ambulância de suporte avançado do SAMU. B. Ter solicitado exames complementares em outra Unidade pelo fato de não possuir esse apoio diagnóstico na UPA. C. Após estabilização do quadro encaminhar para uma outra Unidade para acompanhamento e elucidação diagnóstica. D. Ter solicitado exames complementares na própria Unidade antes da alta*. *O paciente não deve receber alta! QUESTÃO 04. A RESPOSTA DA CENTRAL DE REGULAÇÃO DAS URGÊNCIAS 192: A. Foi correta pelo fato de não ter ambulâncias disponíveis o que faria o paciente ficar esperando muito tempo. B. Poderia ter dito que mandava uma ambulância sem dizer em quanto tempo. C. O TARM deveria ter passado a ligação para o médico regulador e este fazer a orientação para o paciente. D. Não havia necessidade de passar a ligação para o médico regulador visto que o paciente é um profissional da área de saúde. QUESTÃO 05. NO HOSPITAL A CONDUTA INICIAL DE ENTRADA: A. Foi correta de não passar pelo acolhimento e classificação de risco (triagem), visto se tratar de um profissional da área da saúde. B. Foi incorreta devendo todos os usuários passarem pelo acolhimento e classificação de risco (triagem) e terem seu risco classificado. C. Deveria, pelo menos, a enfermagem ter perguntado sobre a queixa antes de ir para a observação. D. Todo paciente que dá entrada na emergência hospitalar deve ir sempre para a observação. QUESTÃO 06. O FATO DE NÃO HAVER VAGA DE UTI: A. Foi correta a atitude de deixar na enfermaria enquanto aguardava vaga na UTI do hospital*. B. Deveria ter ligado para a Central de Regulação para que fosse buscada vaga em outra Unidade de Saúde. C. Poderia ter voltado para a emergência por se tratar de um quadro que estava agravando. D. Foi correta a atitude dos colegas de trabalho ligarem para o diretor do hospital por se tratar de um profissional de saúde. *O paciente estava instável, então ele não deve ficar na enfermaria. QUESTÃO 07. QUANDO TEVE ALTA HOSPITALAR: A. Foi correta a orientação verbal do hospital para procurar um Centro de Reabilitação. B. Todo hospital, como parte de uma Rede de Atenção, deve solicitar o agendamento para a Central de Regulação/Agendamento para todos os pacientes. C. Foi correta a atitude dos colegas de trabalho conseguirem a agenda do Centro de Reabilitação, porse tratar de um profissional de saúde. D. O hospital não tem como fazer agenda para outros equipamentos de saúde por não ser de sua competência gestora.