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Mayra Maisa – Medicina 1 : Paciente SDAS, feminina, 38 anos, G2P2A0, é acompanhada por mim com história de nódulos mamários de caráter benigno há 5 anos. É dona de casa e cuida de um filho de 7 anos com diagnóstico de autismo, que tem diversos problemas de saúde e requer assistência médica frequente. Há aproximadamente 1 ano engravidou novamente, e estava muito feliz com o novo bebê. Entretanto, na ultrassonografia morfológica de segundo semestre descobriu que o bebê apresentava malformações. Passou então a realizar acompanhamento pré-natal em Salvador, na maternidade de referência para correção de má formações. Com a data do parto marcada para 10.09.2022. Um dia antes do parto, a paciente iniciou trabalho de parto ainda em Guanambi, sem tempo para viagem para Salvador e deu à luz a um natimorto. Desde este episódio, a paciente ficou bastante triste, principalmente porque, após o acontecido, seu marido pediu o divórcio, a deixando sem renda e com os cuidados do filho especial. Algum tempo depois, reconciliou-se com o marido, e a paciente cursou com fortes dores abdominais, que a levou a procurar assistência médica na UPA. Foi realizado na ocasião medicação venosa para dor, com melhora parcial e alta para casa. No outro dia, a paciente procurou o Hospital Regional, já que além das dores de forte intensidade, estava sem apetite e sem conseguir se alimentar. Ficou internada no hospital, utilizando medicações para dor de horário, com uso de opioides fortes (morfina) com melhora apenas temporária da dor. Foi então adicionado a sua prescrição benzodiazepínicos, antidepressivos e até antipsicóticos, o que a deixava muito “Grogue”. Além disso, cursou com emagrecimento importante e quadro de desnutrição grave, pois não aceitava quase nenhum alimento. Os exames de laboratório mostraram leucocitose e achados inespecíficos na Ultrassom de abdome. Experiência SENSITIVA e EMOCIONAL desagradável decorrente ou descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais. “Sempre existe dor quando alguém se queixa de dor, mesmo que não haja estímulo nociceptivo conhecido.” - Cada um sente a dor de uma forma diferente. Níveis de simbolização da dor strain 1975 Primeiro Nível: a dor constitui um sinal registrado pelo ego que se acha ou parece se achar em curso uma ameaça à integridade estrutural e funcional do organismo. Segundo Nível: ao verificar-se que a experiencia pode ser repartida, isto é, Mayra Maisa – Medicina 2 comunicada a alguém, transformam em um meio básico de pedir ajuda. Terceiro Nível: a dor não mais denota uma referência ao corpo, mas pode, isto sim, expressar queixa, ataque, aviso de perda iminente do objeto. Neste Nivel de simbolização a dor pode ser “utilizada” como forma de manipular os outros, ganhar controle sobre eles. ❖ A dor pode as vezes construir uma situação neurótica para um conflito, e como tal, ser assim mantida: “tal paciente não está sofrendo de dor, ele está sofrendo do sofrimento.” Sendo a dor um fenômeno universal, cada um de nós sente é expressa suas dores de forma muito pessoal, cremos que sem exagero, se poderia dizer que “nós somos” as nossas dores. No dizer de Mindus 1987, as conexões entre o sistema límbico e os lobos frontais explicam o processo. A dor causaria um nível aumentado de ansiedade e leva a estimularão autonômica, a maior tensão muscular e ao aumento da dor, estabelecendo-se dessa forma um círculo vicioso. É assim que na dor aguda os fenômenos somáticos da ansiedade estão presentes quase de forma completa, em particular os que dependem da hiperatividade autonômica: Tremor, palpitações, sudorese, mal-estar, elevação da pressão arterial, etc. Manejo de ansiedade que acompanha a dor aguda Técnica de informação antecipada: Há um relato clássico mostrando que quando se aplicava aos pacientes em pré operatório para cirurgia de vias biliares, o que poderiam esperar em termos de dor e mal estar durante e após a cirurgia, havia uma ponderável redução de números em dias de hospitalização e se conseguia diminuir em 50% as doses de analgésicos ultilizados (Mindus, 1987). Avisar antes para o paciente para ajudar na ansiedade. Técnica da tranquilização Dor crônica e depressão Os pacientes com DC de qualquer etiologia vão apresentando com o tempo traços psíquicos que permitem o diagnóstico da depressão. Uma das manifestações de transtorno depressivo seria a dor crônica. Depressão e ansiedade aparecem como transtornos comorbidos da dor crônica, com uma base fisiopatológica comum, e qualquer que fosse a causa da última. Transtornos somatoformes As características essenciais deste grupo residem na existência de sintomas físicos que sugerem um distúrbio somático, para o qual inexistem qualquer anomalia demonstrável ou qualquer mecanismo fisiopatológico conhecido. Mayra Maisa – Medicina 3 “Somatização refere-se à apresentação de queixas somáticas, decorrentes de causas psicológicas, mas atribuídas pelo paciente à uma causa orgânica.” No DSM-IV-R se registram cinco (05) transtornos somatoformes: 1. De Somatização. 2. De conversão. 3. Dimórfico. 4. Doloroso. 5. Hipocondria. HIPOCONDRIA Consiste na crença real, pelo paciente, de uma doença seria em seu organismo, a despeito da normalidade do exame físico e da tranquilização que lhe dá o médico. A sua prevalência de hipocondria num período de seis meses, numa população de clínica geral, é de 4 a 6%. TRANSTORNO DE CONVERSÃO Pelo DSM-IV-TR, caracteriza-se o transtorno de conversão pela presença de um, ou mais de um, sintoma de natureza neurológica (cegueira, paralisia, parestesia), que não podem ser explicados por doença médica ou neurológica reconhecível. CARACTERÍSTICAS ANORMAIS DA DOR • Quebrar-se repetidamente e intensamente de dor, provocando pena no que os cercam; • Assumir posturas e expressões faciais de dor aos mínimos esforços. • Isentar-se de toda e qualquer responsabilidade, incluindo atividades domésticas alegando a dor como principal razão. • Abusar de analgésicos; • Dependência crescente de terceiros para atividades que seriam possíveis, apesar da doença. • Isolamento social, justificando-se pela dor; • Dramatização e ampliação da resposta dolorosa; • Valorização e busca de ser cuidado por terceiros, principalmente voltado à família; • Regressão excessiva; SIMULAÇÃO A questão diagnóstica fundamental para a simulação é a de que a pessoa está intencionalmente, simulando doença para um propósito definitivo: obter algum ganho monetário, privilégios ou evitação de um dever desagradável. A simulação é pouco diagnosticada, devido ao temor do médico de fazer acusações falsas. A nossa paciente refere que foi cursando com piora cada vez mais importante do quadro de dor abdominal e desnutrição. Até que por certa vez o seu médico resolveu pedir exames mais complexos, realizou uma ressonância de abdome que evidenciou uma – infecção grave abdominal – e a paciente foi levada imediatamente para o centro cirúrgico para realização de uma laparotomia exploradora. De acordo com seu relato, perdeu 19cm de intestino e tinha infecção secundária, o que a deixou 19 dias internada na Unidade de terapia intensiva – “entre a vida e a morte” -. Refere que quando acordou, o médico assistente veio falar com ela e pediu desculpas por não ter acreditado em sua dor, e ter medicado com remédios tão fortes para “gente doida”. A paciente informa que desculpou o médico, que não tem ressentimentos, pois ele foi sincero e humilde em suas palavras.
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