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1 Bruna P. Zabini É quando há o comprometimento da síntese dos esteroides adrenais e ela pode ser: 1. Primária (destruição córtex glandular da adrenal) 2. Secundária (comprometimento hipofisária ou hipotalâmico: relação com a liberação dos hormônios) FISIOLOGIA Adrenal tem duas camas: medula (células cromafins: produtoras de catecolaminas - elas também estão presentes nos para gânglios) e o córtex que é dividido em 03 camadas: 1. Glomerulosa (produz aldosterona – estimulado pela renina) 2. Fasciculada (produz cortisol) 3. Reticular (produz andrógenos) FISIOPATOLOGIA Eixo hipotálamo - hipófise - suprarrenal C Estimulados, principalmente, pelo ACTH hipofisário HIPOTÁLAMO HIPÓFISE SUPRARRENAL CRH ACTH CORTISOL se m f e e d b ac k - Se há problema no córtex, consequentemente haverá na zona glomerulosa e haverá redução da aldosterona que é estimulada pela renina. Então, se diminuí aldosterona, vai ter aumento da renina. AÇÃO DA ALDOSTERONA: 1. Reabsorve Na (e agua): retém líquido 2. Excreta potássio Então, com a redução da aldosterona, teremos: perde Na pela urina (pois não faz a troca do Na pelo K), paciente perde fluídos pela urina (causa hipotensão) e vai ter hipercalemia (aumento de K). *p at o lo gi a p ri m ár ia *p at o lo gi a se cu n d ár ia h ip o fi sá ri a *p at o lo gi a se cu n d ár ia h ip o ta lâ m ic a 2 Bruna P. Zabini EPIDEMIOLOGIA e ETIOLOGIA Primária: é uma condição rara, com prevalência de 93-140 casos por milhão, mais frequente em mulheres (pois a principal forma é autoimune e doenças autoimunes acometem mais mulheres) e mais frequente em 30-50 anos de idade. Doença de Addison: é a adrenalite autoimune, uma das etiologias de insuficiência adrenal primária (é a principal) Adrenoleucodistrofia: é um acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa (pode acumular só no cérebro causando desmielinização de substância branca ou na suprarrenal também, causando insuficiência adrenal, ou os dois) Secundária: há uma maior prevalência, sendo de 150-20 casos por milhão de habitantes, atingindo indivíduos mais velhos (>60 anos) Glicocorticoide em excesso: já toma cortisol, corpo entende que não precisa mais produzir ele, então inibe produção de CTH. Com o passar do tempo (3-4 semanas) de uso contínuo em dose alta, se tira ele sem desmame adequado, leva a insuficiência adrenal. Doença de Addison Cortisol é hormônio do estresse/lute e fuga, se eu tiro ele, causa sintomas contrário a isso, como os acima 3 Bruna P. Zabini QUADRO CLÍNICO DEFICIÊNCIA DE GLICO E MINERALOCORTICÓIDE (cortisol e aldosterona): 1. Hiperpigmentação cutânea (apenas na forma primária devido aumento do ACTH) a. Mucosa b. Dobras 2. Hipotensão / Hipotensão postural (não tem aldosterona p/ aumenta absorção de Na e PA) (queda + 20mmHg na sistólica ou mais de 10 na diastólica ) 3. Hiponatremia (não tem aldosterona p/ reabsorver o Na) 4. Hipercalemia (não tem aldosterona p/ trocar Na pelo K) DEFICIÊNCIA DE ANDRÓGENOS: 1. Fadiga, adinamia 2. Redução força 3. Redução de libido (mulheres) 4. Pele seca (mulheres) 5. Perda de pelos axilares e pubianos 6. Ausência de adrenarca FORMA AGUDA (crise da suprarrenal ou crise addisoniana): A. Hipotensão/choque hipovolêmico B. Dor abdominal C. Vômito D. Febre E. Convulsões por hipoglicemia DIAGNÓSTICO Suspeita clínica: colher cortisol entre 7-8 hrs da manhã (cortisol esta mais alto nesse período) < ou igual a 3ug/dL (diagnóstico de insuficiência de suprarrenal) 3-18ug/dL (faz teste de estímulo de cortisol) > ou igual 18ug/dL (excluí insuficiência de suprarrenal) Teste de estímulo: pode ser feito com: a. Insulina regular (0,05-0,15 U/kg( b. ACTH sintético (cortrosina) (250ug ou 1ug) c. Glucagon (1mg) Se após estímulo: cortisol < ou igual 3 ou < ou igual a 18 Diagnóstico de Insuficiência Adrenal Para saber se é primária ou secundária: dosar ACTH (também pela manhã, entre 7-8hrs em tubo EDTA (roxo) no gelo (centrifugar em centrifuga refrigerada), se: ACTH >100 pg/ml é uma insuficiência PRIMÁRIA (hipófise preservada) ACTH nl ou baixo é uma insuficiência SECUNDÁRIA Exames adicionais: - DHEAS (vai estar baixo em ambas) - Aldosterona baixa e renina elevada (IS primária) - Investigar doenças autoimunes (TSH, T4, vit B12, hemograma, glicemia, Hb glicada) 4 Bruna P. Zabini - Anticorpos anti-21OH (positivo em 85 porcento dos casos de adrenalite autoimune) - Dosagem de ácidos graxos de cadeia longa (se desconfiança de adrenoleucodistrofia) Após diagnóstico, solicitar: - TC suprarrenal sem contraste *para afastar doenças infecciosas, pois, por exemplo, tuberculose pode causar calcificação na adrenal TRATAMENTO CASO CLÍNICO: PFR, 48 anos, com queixa de tosse e febre há 2 semanas, evoluindo com dor abdominal de forte intensidade associado a náusea, vômitos e fraqueza intensa há 1 semana. Há 2 anos apresenta hiperpigmentação cutânea, adinamia e emagrecimento de 20kg. Relata episódios de febre esporádicas e sudorese noturna. É ex usuária de droga (cocaína inalada) mas parou há 2 anos. Teve contato com paciente com TB aos 12 anos. Exame físico: MEG, desidratada (+++/4+), descorado (+/4+), Glasgow 15, taquipneico, TAX 3ºC, PA sentado 90x70 e em pé 70x40, FC 100bpm sentado e em é 133bpm, peso 50kg, altura 1,60m, glicemia capilar 54mg/dL Diagnósticos diferenciais? 1. Choque séptico/sepse grave (mas é um quadro crônico) 2. Estado mixedematoso (hipotireoidismo?) 3. Cetoacidose diabética (glicemia de 4 tira essa hipótese) 4. Causas inflamatórias 5. Isquemia mesentérica/dissecção de aorta 6. TEP 7. Intoxicações (por benzodiazepínicos, barbitúricos...) Pedimos exames: O cortisol é menor que 3, sendo assim, já temos insuficiência adrenal confirmada. ACTH alto: é de uma causa primária, pois a suprarrenal não esta funcionando e não esta havendo feedback negativo, aumentando a secreção de ACTH tentando compensar a falha da glândula. A aldosterona baixa também ajuda a pensar em primária ,pois ela é estimulada pela renina e se fosse secundaria ela estaria normal e não baixa. Sendo assim, renina alta com aldosterona baixa, reforça primária. ➢ Hiperpigmentação cutânea confirma mais ainda ser uma insuficiência adrenal primária. Ele tem uma CRISE ADDISONIANA (crise da suprarrenal) pois ele tinha hipotensão + dor abdominal ou vômito ou febre, ou convulsões por hipoglicemia TRATAMENTO: dose de corticoide, de preferência EV (p/ emergência) 1. Bolus HIDROCORTISONA 100-300mg EV + reposição volêmica (1l/h) 2. Manutenção: 100-50mg, EV 8/8hr em 24h 3. Corrigir hipoglicemia se necessário 4. Repor/substituir mineralocorticoide (aldosterona) 5 Bruna P. Zabini Tudo isso até ele retornar ao corticóide oral ou começar. Se ele já usava, deixo dose dobrada, se ele não usava, vou calcular e devo investigar a causa da crise (jamais priorize o diagnóstico em caso de quadro agudo) No tratamento ambulatorial, ele vai começar o tratamento via oral (se ela já fazia, vamos dobrar) e para isso, precisasse calcular: Sempre comparamos todos os glicocorticoides com a hidrocortisona, então, se ela é chamada de potencia anti inflamatória de 1 e a dexametasona tem 30x maior potencia anti inflamatória que ela e isso facilita para conversões. Ex: se o paciente tem 2m² hidrocortisona de 5-15mg/m² vai resultar em 2x15 (30) se fosse dexametasona: 30x mais potente, iria fazer 30/30: 1mg de dexametasona E a quantidade de vezes por dias vai depender da meia vida, mas sempre deixar a dose maior pela manhã. Precisa repor mineraloscorticoide (substituto daaldosterona) e ela vai ser substituída pela FLUDROCORTISONA. Então a cada 20mg de hidrocortisona, eu faço 0,05mg de fludrocortisona Ex: faríamos 30mg de hidrocortisona, então ele vai fazer 75mcg de fludrocortisona ou 0,075mg Se for secundária, não precisa repor mineralocorticoide! Em mulheres, sempre avaliar a reposição de DHEA (andrógeno) (potente para mulher, fraco para o homem). Se há alteração de humor e bem estar (depressão) pode repor para melhorar se há prejuízo de bem estar apesar da reposição otimizada de glico e mineralocorticoides. Dose de 25-50mg 1x/dia pela amanhã e acompanhar dosagem sérica de DHEA. Seguimento clínico do GLICOCORTICOIDE: sempre avaliar riscos e objetivos Para ajustar dose, é preciso seguir clínica pois o cortisol sérico e urinário não são úteis para monitorar a dose. Então, ver se não esta causando síndrome de Cushing (estrias violáceas em abdome e aumento da gordura visceral), fazer avalição através de densitometria óssea, PA, perfil metabólico. Seguimento clínico MINERALOCORTICOIDE Como ele serve para reabsorver Na e excretar K, vamos acompanhar pelo sódio e potássio e atividade da renina (ela estimula aldosterona, se esta baixa a renina vai estar alta, então ela precisa normalizar, pois se estiver com renina muito baixa, é sinal de que a aldosterona esta em excesso podendo causar hipertensão no paciente) OBS: a dose de fludrocortisona deve ser aumentada em 50mcg em dias quentes (pois desidrata mais) SITUAÇÕES ESPECÍFICAS A. Se há um hipotireoidismo primário (aumento TSH) + insuficiência adrenal: primeiro reponho cortisol, depois avalio se realemnte há hipotireoidismo (pois o TSH pode estar aumentado apensa pela falta de cortisol) e se realemnte tiver hipotireoidismo, eu reponho. Se eu repor antes de dar o cortisol, vou piorar, pois aumenta o clearance de cortisol, diminuindo mais ainda. B. Se há um hipertireoidismo, aumenta o clearance do cortisol e ai precisamos aumentar a dose do cortisol de 2-3x Equivalente de hidrocortisona 5-15mg/m² 6 Bruna P. Zabini C. Gravida e antes do parto vomitar, é uma situação de estresse então vai fazer reposição EV periparto D. Interações medicamentosas: rifampicina e mitotano (aumenta metabolização da hidrocortisona, ou seja, precisa aumentar a dose em 2x) ➔ Orientar ao uso de cartão de emergencia sobre o uso de glicocorticoide/insuficiência adrenal (pode ser usando pulseiras, tatuagem, cartão de alerta médico, etc)
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