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APG 7 - Síndrome de Cushing e Addison

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Carla Bertelli – 5° Período 
Síndrome de Cushing e Addison 
1 – Revisar a Morfofisiologia da Glândula Adrenal 
2 – Compreender a epidemiologia, etiologia, 
fisiopatologia, diagnóstico e enfatizar as Manifestações 
Clinicas da Síndrome de Cushing e da Síndrome de 
Addison 
 
Glândula Suprarrenal 
Localizam-se no retroperitôneo, sobre a face medial dos 
polos superiores dos rins. A suprarrenal direita tem 
formato triangular e se encontra mais próximo à VCI. A 
suprarrenal esquerda é maior, localizando-se entre o rim 
esquerdo e a aorta. É altamente vascularizada.. Cada 
glândula possui uma cápsula e duas camadas: Córtex 
Periférico e a Medula Central 
O Córtex da Glândula Suprarrenal produz hormônios 
esteroides essenciais à vida. A perda total dos hormônios 
adrenocorticais leva à morte por desidratação e 
desequilíbrios eletrolíticos em poucos dias se não tratado. 
A medula da suprarrenal produz 3 hormônios 
Catecolaminas: Norepinefrina, Epinefrina e pequena 
quantidade de Dopamina. 
 
 
Córtex 
Subdividido em 3 zonas, cada uma dela secreta 
hormônios diferentes 
• – Distribuídas em grupos esféricos 
e colunas arqueadas. Secretam os mineralcorticoides, 
pois afetam a homeostasia mineral 
• (meio) – É a mais larga, células 
distribuídas em colunas longas e retas. Secretam 
glicocorticoides, em especial cortisol (chamados 
assim por afetar a homeostasia da glicose) 
• (interna) – Distribuída em cordões 
ramificados. Sintetiza pequena quantidade de 
androgênios fracos, que são hormônios esteroides 
que exercem efeitos masculinizantes 
Mineralcorticoides – A aldosterona é o principal, 
regula a homeostasia dos íons Sódio e Potássio, e ajuda 
a regular a PA e o volume sanguíneo. Também promove 
a excreção de H+ na urina – essa remoção de ácidos 
evita a acidose (pH <7,35) 
A via Renina-Angiotensina-Aldosterona controla a 
secreção da aldosterona 
 
 
Glicocorticoides – Regulam o metabolismo e a 
resistência ao estresse: Cortisol (+ abundante), 
Corticosterona e Cortisona. Os efeitos que eles exercem 
são: 
• çã í (principalmente fibra muscular): 
Aumenta a liberação de aminoácidos na corrente sanguínea, 
que podem ser usados para síntese de novas proteínas ou 
produção de ATP 
 
Síndrome de Cushing e Addison 
 
 Carla Bertelli – 5° Período 
• çã : Estimulados pelos glicocorticoides, os 
hepatócitos convertem determinados aminoácidos ou ácido 
lático em glicose – gliconeogênese 
 
• ó Degradação de triglicerídeos e liberação de ácidos 
graxos 
 
• ê Glicocorticoides tentam resistir ao 
estresse. A glicose extra fornecida pelos hepatócitos oferece 
aos tecidos uma pronta fonte de ATP para combater inúmeros 
estresses, inclusive exercício, jejum, medo, temperaturas 
extremas, altitudes elevadas, sangramento, infecção, cirurgia, 
traumatismo e doença. Uma vez que tornam os vasos 
sanguíneos mais sensíveis a outros hormônios que causam 
vasoconstrição, os glicocorticoides elevam a pressão sanguínea. 
Esse efeito é vantajoso nos casos de perda significativa de 
sangue, que faz com que a pressão arterial caia. 
 
• ó Glicocorticoides inibem a participação 
de leucócitos nas respostas inflamatórias. Porém, atrasam o 
reparo tecidual, retardando a cicatrização. Embora em doses 
elevadas possam ocasionar transtornos mentais graves, os 
glicocorticoides são muito úteis no tratamento de condições 
inflamatórias crônicas como artrite reumatoide. 
 
• ã Doses elevadas de 
glicocorticoides deprimem as respostas imunes. Por esse 
motivo, os glicocorticoides são prescritos para receptores de 
órgãos transplantados com objetivo de retardar a rejeição 
tecidual promovida pelo sistema imune. 
 
Regulação por feedback negativo da secreção de 
glicocorticoide: Níveis elevados de CRH e níveis baixos de 
glicocorticoides promovem a liberação de ACTH, que 
estimula a secreção de glicocorticoides pelo córtex da 
glândula suprarrenal. 
Níveis sanguíneos baixos de glicocorticoides estimulam 
células neurossecretoras no hipotálamo a secretar o 
Hormônio Liberador de Corticotrofina (CRH). CRH 
promove liberação de ACTH pela adeno-hipófise – 
ACTH flui no sangue para o córtex da glândula 
suprarrenal – estimula a secreção de glicocorticoide 
Androgênios – Principal: Desidroepiandrosterona 
(DHEA). No sexo masculino, a quantidade de androgênio 
secretado é baixa e com efeitos insignificantes. Porém, 
nas mulheres, apresenta função importante: promovem 
a libido e são convertidos em estrogênios (esteroides 
sexuais feminilizantes) por outros tecidos corporais. Após 
a menopausa, quando a secreção ovariana de 
estrogênios cessa, todos os estrogênios femininos são 
provenientes da conversão dos androgênios suprarrenais. 
Os androgênios suprarrenais também estimulam o 
crescimento de pelos axilares e púbicos nos meninos e 
nas meninas e contribuem para o estirão de crescimento 
pré-puberal. 
 
Medula 
Consiste em um gânglio simpático da divisão autônoma 
do Sistema Nervoso Modificado. São compostos por 
células que não possuem axônios e formam grupos em 
torno dos vasos sanguíneos. Em vez de liberar um 
neurotransmissor, as células da medula da glândula 
suprarrenal secretam hormônios. As células produtoras 
de hormônio, chamadas de é são 
inervadas por neurônios pré-ganglionares simpáticos do 
SNA. Uma vez que o SNA exerce controle direto sobre 
as células cromafins, a liberação de hormônio pode 
ocorrer com muita rapidez. 
Os dois principais hormônios sintetizados pela medula 
suprarrenal são a epinefrina e a norepinefrina, também 
chamadas de adrenalina e noradrenalina – Intensificam 
respostas simpáticas que ocorrem em outras partes do 
corpo. 
Em situações de estresse e durante a prática de 
exercícios, impulsos provenientes do hipotálamo acionam 
os neurônios pré-ganglionares simpáticos que, por sua 
vez, estimulam as células cromafins a secretarem 
 Carla Bertelli – 5° Período 
epinefrina e norepinefrina. Esses dois hormônios 
intensificam a resposta de luta ou fuga. Ao aumentar a 
frequência e a força de contração cardíacas, a epinefrina 
e a norepinefrina elevam o débito cardíaco e a pressão 
arterial. Além disso, aumentam o fluxo de sangue para o 
coração, o fígado, os músculos esqueléticos e o tecido 
adiposo; dilatam as vias respiratórias para os pulmões e 
elevam os níveis sanguíneos de glicose e ácidos graxos. 
 
 
Síndrome de Cushing 
É uma condição resultante da exposição prolongada a 
quantidades excessivas de glicocorticoides. Pode resultar 
da administração prolongada de doses supra fisiológicas 
de GC (SG exógena ou iatrogênica) ou por 
hiperprodução crônica de cortisol (SC endógena) 
Epidemiologia – É uma doença rara, com incidência 
estimada de 0,7 a 2,4 casos novos por 1 milhão de 
habitantes por ano. A SC endógena pode ocorrer em 
qualquer idade, mas é mais comum em adultos em idade 
média de 41,4 anos e de predomínio feminino. É mais 
prevalente em indivíduos com DM2, HAS, indicentalomas 
adrenais, osteoporose. 
Etiologia – Há duas possibilidades: (a) síndrome ACTH-
dependente, quando há aumento de ACTH circulante. 
Quando esse aumento deve-se a doença hipofisária, fala-
se em doença de Cushing, que é mais comum em 
mulheres na terceira e quarta décadas de vida; (b) 
síndrome ACTH-independente, por síntese aumentada 
de glicocorticoides por lesões das suprarrenais 
 
 
í
Quando o hipercortisolismo surge da secreção excessiva 
de ACTH. Cerda de 80 a 90% dos pacientes, o fator 
etiológico é um adenoma hipofisário secretor de ACTH 
(geralmente um MICROADENOMA). Os casos restantes 
decorrem da secreção ectópica de ACTH, ou mais 
raramente, do hormônio liberador de corticotrofina. 
A Doença de Cushing resulta, na maioria dos casos,de 
um microadenoma (diâmetro < 10 mm) hipofisário 
secretor de ACTH. Tem predomínio no sexo feminino 
(M:H = 8:1), início, em geral, entre 20 e 40 anos de idade 
e progressão lenta (vários anos de sintomas). 
A í ó é mais prevalente no sexo 
masculino, entre 40 e 60 anos. Pode se originar de 
diversos tumores, mas normalmente está associado ao 
carcinoma pulmonar de células pequenas. 
A í ó é rara e de difícil diagnóstico. 
A maioria dos casos é secundária a carcinoides 
brônquicos e carcinoma prostático. A secreção 
combinada de ACTH e CRH é muito mais comum do 
que a secreção isolada de CRH. 
 
í
ú – Os distúrbios adrenais primários 
representam até 30% dos casos. Em geral são causados 
por um adenoma ou por um carcinoma produtor de 
cortisol. Normalmente os adenomas são menores de 
3cm, unilaterais e facilmente visualizados na RC ou RM. 
Causas muito raras de SC de origem adrenal são a 
hiperplasia nodular pigmentada primária bilateral, o 
complexo de Carney, a hiperplasia adrenal macronodular 
bilateral e a síndrome de McCune-Albright 
 Carla Bertelli – 5° Período 
 – Representam 20% dos casos de ACTH-
independentes. Geralmente são grandes >6cm. Devem 
ser sempre suspeitados, quando o tumor adrenal for > 
6 cm e/ou cursar com hipercortisolismo associado a 
marcante hiperandrogenismo 
– Em geral, são lesões pequenas (a maioria é 
< 3 cm) e unilaterais, com características de benignidade. 
Diferentemente dos CAC, tendem a cursar com 
hipercortisolismo de início mais gradual e menor 
intensidade, bem como produção excessiva de apenas 
uma classe de esteroides. 
Mutações ou a ativação das vias de sinalização 
dependentes de monofosfato de adenosina cíclico 
(cAMP) ou da β-catenina foram relatadas em adenomas 
 – O principal 
representante desta categoria é a doença adrenal 
nodular pigmentada primária (PPNAD), a qual pode 
ocorrer isoladamente ou, em mais de 90% dos casos, 
associada ao complexo de Carney. A produção de 
cortisol pode ser variável, sendo frequentemente cíclica 
ou periódica. 
á – É uma 
causa rara de hipercortisolismo, de fisiopatologia 
heterogênea, habitualmente insidiosa, que pode 
apresentar-se de forma uni ou bilateral, 
caracteristicamente com macronódulos adrenais 
 
í ó ê
O uso crônico de GC representa a causa mais comum 
de SC, devendo ser descartado em qualquer paciente 
com manifestações cushingoides. Estas últimas 
costumam surgir com doses diárias excedendo 7,5 mg 
de prednisona, 0,75 mg de DMS ou 30 mg de 
hidrocortisona. O quadro pode ser desencadeado pelo 
uso prolongado de preparações nasais de GC, cremes e 
colírios também. 
O emprego concomitante de substâncias que inibam a 
metabolização hepática dos GC pelo citocromo P450 (p. 
ex., itraconazol, inibidores de proteases, fluoxetina, 
sertralina etc.) aumenta o risco de SCE durante o uso de 
GC pelas vias oral ou inalatória. 
 
 
 
Manifestações Clínicas 
Ganho de peso, letargia, fraqueza, irregularidades 
menstruais, perda de libido, hirsutismo, acne, estrias 
cutâneas purpúricas, miopatia proximal, disfunção erétil e 
transtornos psiquiátricos. Sua maior ou menor frequência 
dependerá da duração e da intensidade do 
hipercortisolismo Problemas associados, como 
hipertensão e diabetes melito (DM), são comuns e 
podem ser o motivo que leva os pacientes a procurar 
assistência médica. 
Os quadros podem ser variados e diferir de sua 
gravidade, porém muitas vezes os sinais são inespecíficos 
como ‘’giba de búfalo’’ (aumento da gordura 
retrocervical), pletora facial, obesidade e hirsutismo são 
pouco úteis na distinção entre SC e os estados de 
pseudo-Cushing. . Entretanto, equimoses surgidas 
espontaneamente ou aos mínimos traumatis-mos 
(consequentes ao adelgaçamento da pele e ao aumento 
da fragilidade capilar), miopatia proximal (afetando, 
sobretudo, os membros inferiores) ou estrias violáceas 
ou purpúricas. Osteopenia e osteoporose, especialmente 
na ausência de outra causa predisponente, podem 
fornecer uma evidência adicional de hipercortisolismo 
Algumas características, tais como aumento na pressão 
intraocular, catarata, hipertensão intracraniana benigna, 
necrose asséptica da cabeça do fêmur, osteoporose e 
pancreatite, são mais comuns na SC iatrogênica do que 
na SC endógena. Em contraste e outras características, 
notadamente hipertensão, hirsutismo e 
oligomenorreia/amenorreia, são mais prevalentes na SC 
endógena 
Os pacientes com SC costumam apresentar 
hipercoagulabilidade e risco aumentado de complicações 
tromboembólicas. 
 
Diagnóstico 
Diante da suspeita clínica de SC, deve-se, de início, 
descartar o uso de glicocorticoides (por qualquer via de 
administração), frequentemente omitido pelos 
pacientes. A investigação da SC endógena inclui duas 
etapas: confirmação do hipercortisolismo e definição de 
sua etiologia.. No entanto, a maioria dos protocolos de 
investigação utiliza, no mínimo, dois testes funcionais que 
enfocam diferentes aspectos da fisiopatologia do eixo 
HHA 
 Carla Bertelli – 5° Período 
A confirmação do estado de hipercortisolismo precisa ser 
estabelecida antes de qualquer tentativa de diagnóstico 
diferencial. Caso contrário, essa abordagem resultará em 
diagnóstico equivocado e tratamento inadequado. Os 
exames de imagem somente devem ser realizados após 
a adequada avaliação hormonal. 
Confirmação do Hipercortisolismo – Feito por 3 principais 
testes 
1. Teste de Supressão Noturna com 1mg de 
DMS (dexametasona) 
Os testes de supressão com doses baixas de DMS 
(LDSST) visam demonstrar a perda da inibição por 
retroalimentação (feedback) do cortisol normal no eixo 
HHA, tipicamente observada na SC. 
ã
Este teste, assim como o 2 mg-DST, visa demonstrar a 
perda da inibição por retroalimentação (feedback) 
negativa do cortisol normal no eixo HHA, tipicamente 
observada na SC. Administra-se 1 mg de DMS às 23 h 
por via oral (VO), com dosagem do CS na manhã 
seguinte às 8 h. Em crianças, a dose é de 10 μg/kg de 
peso. 
Interpretação. Classicamente, um valor do CS ≤ 1,8 
μg/dℓ (50 nmol/ℓ) descarta o hipercortisolismo, enquanto 
um valor > 5 μg/dℓ (138 nmol/ℓ) é altamente sugestivo. 
 
ã 
Administra-se 0,5 mg de DMS a cada 6 horas (às 9h, 15h, 
21h e 3h) durante 48 horas. O sangue é coletado para 
dosagem do CS antes e depois de 24 e 48 horas (6 
horas após a última tomada de DMS). Em crianças, a dose 
é de 20 μg/kg/dia. 
Interpretação. Em indivíduos saudáveis, o valor do CS 
deve se reduzir para menos de 1,8 μg/dℓ (50 nmol/ℓ) 
após 24 e/ou 48 horas. Valores > 1,8 μg/dℓ são 
indicativos de hipercortisolismo. Na maioria dos pacientes 
com SC, os níveis do CS diminuem, mas mantêm-se > 
5 μg/dℓ (140 nmol/ℓ). 
 
2. Dosagem do cortisol salivar ao final da 
noite 
 secreção do cortisol é caracterizada por uma ritmicidade 
circadiana. Em indivíduos saudáveis com estáveis ciclos 
sono–vigília convencionais, os níveis plasmáticos de 
ACTH começam a subir entre 3 e 4 h da manhã, 
alcançando pico entre 7 e 9 h, quando, a partir daí, caem 
ao longo do resto do dia. Os valores do CS e salivar 
espelham tal fato, sendo os níveis mais altos das 8 às 9 
h da manhã, e seu nadir em torno da meia-noite, na 
ausência de estresse. Esse ritmo circadiano encontra-se 
alterado em pacientes com SC, e relatou-se que a 
elevação do cortisol ao final da noite é considerada o 
mais precoce e mais sensível marcador da enfermidade 
Essa diferença de comportamento dos níveis do cortisol 
forma a base para a medida do CS à meia-noite e do 
cortisol salivar (CSa) entre 23 h e meia-noite 
Uma análise crítica de vários estudos em que o CSa foi 
dosado por RIA entre 23 h e meia-noite indica que níveis 
confiáveis para estados de pseudo-Cushingda SC 
variaram de 130 a 415 ng/dℓ (média de 250 ± 104). 
Portanto, na presença de níveis de CSa no final da noite 
(LNSC) > 350 ng/dℓ (> 12,7 nmol/ℓ), o diagnóstico de SC 
parece ser bastante provável. 
 
3. Medida de cortisol livre urinário 
(amostra de 24) 
Obtém-se a dosagem do cortisol livre urinário (UFC) 
analisando-se uma amostra urinária de 24 h, em que é 
incluída a segunda micção do dia em que a coleta é 
iniciada até a primeira do dia seguinte. 
O UFC de 24 horas fornece um índice integrado do 
cortisol livre (não ligado) que circulou no sangue durante 
esse período. 
 
Diante de resultados inconclusivos ou discordantes, pode-
se lançar mão de testes complementares, como o teste 
de supressão com 2 mg de dexametasona durante 48 
h e a dosagem do cortisol sérico no final da noite. Por 
fim, há os chamados testes de segunda linha, com maior 
utilidade na diferenciação entre a doença de Cushing e 
os estados de pseudo-Cushing 
Após confirmada a SC é necessário fazer a identificação 
da sua etiologia a partir de testes basais e dinâmicos, além 
dos exames de imagem 
 
 
 
 
 Carla Bertelli – 5° Período 
Síndrome de Addison ou 
Insuficiência Adrenal 
A insuficiência adrenal ou adrenocortical (IA) é definida 
como a incapacidade do córtex adrenal em produzir 
quantidades suficientes de glicocorticoides ou 
glicocorticoides e mineralocorticoides, hormônios cruciais 
para a homeostase energética e hidreletrolítica. 
 A IA pode ser causada por distúrbio intrínseco 
adrenocortical (IA primária), doença hipofisária (IA 
secundária) ou distúrbio hipotalâmico (IA terciária) 
a IA primária, frequentemente denominada doença de 
Addison (DA), é uma condição rara, com estimadas 
prevalência de 100 a 140 casos/milhão de habitantes e 
incidência de 4 novos casos/milhão/ano. A DA predomina 
no sexo feminino, na proporção de 2,6:1, sendo 
habitualmente diagnosticada entre a 3a e a 5a década de 
vida. A IA secundária é mais frequente, com estimada 
prevalência de 150 a 280 por milhão de habitantes. 
Apesar de a IA ser incomum, deve-se sempre estar 
atento ao seu diagnóstico, visto que se trata de uma 
condição potencialmente fatal, cujos sintomas são 
geralmente inespecíficos e frequentemente encontrados 
em outras condições comuns, como infecções virais, 
fadiga crônica e depressão. 
 
Primária – Condição clínica incomum, resultando da 
produção inadequada de cortisol pelas adrenais em 
condições basais ou de estresse. Também conhecida 
como doença de Addison, é causada por destruição de 
mais de 90% do córtex adrenal, cursando, portanto, com 
queda de glicocorticoides, mineralocorticoides e 
andrógenos adrenais. Pela falta do feedback destes 
hormônios com seus hormônios reguladores, ocorre 
consequente aumento do ACTH e da renina (na tentativa 
de estimular a produção adrenal de cortisol e aldosterona, 
respectivamente). 
Etiologias possíveis da insuficiência adrenal primária são: 
destruição autoimune da adrenal isolada ou associada à 
síndrome poliglandular autoimune (60% dos casos de 
doença de Addison); doenças infecciosas [tuberculose, 
vírus da imunodeficiência humana (HIV), fungos, 
citomegalovírus] com acometimento adrenal; neoplasias 
(linfoma, metástases); doenças infiltrativas 
(hemocromatose, sarcoidose, amiloidose); hemorragias 
(síndrome de anticorpo antifosfolipídio, anticoncepcional, 
trauma, síndrome de Waterhouse-Friderichsen – choque 
séptico por meningococcemia); fármacos (cetoconazol, 
mitotane, fluconazol); defeito da esteroidogênese adrenal 
(como ocorre na hiperplasia adrenal congênita); 
alterações no desenvolvimento da glândula adrenal; 
resistência ao ACTH; adrenalectomia bilateral; e 
adrenoleucodistrofia (ALD). 
 
Secundária – Causada por patologias do eixo 
hipotálamo-hipofisário que levem à redução na produção 
de ACTH e/ou de hormônio liberador de corticotrofina 
(CRH) ou, mais frequentemente, pelo uso crônico de 
glicocorticoides, levando à supressão do eixo HHA. 
O déficit crônico de ACTH gera atrofia das camadas 
fasciculada (produtora de cortisol) e reticulada (produtora 
de andrógenos), mas a camada glomerulosa (produtora 
de aldosterona), por estar sob o comando principal do 
sistema renina-angiotensina e não do ACTH, se mantém 
intacta. A atrofia da adrenal ocorre após 4 semanas da 
ausência de estímulo trófico pelo ACTH. Observam-se 
baixos níveis de cortisol, de-hidroepiandrosterona (DHEA) 
e sulfato de DHEA (s-DHEA), com renina e aldosterona 
normais nos casos de insuficiência adrenal secundária. As 
etiologias possíveis da insuficiência adrenal secundária 
são: interrupção do uso de corticoides exógenos 
continuados por mais de 3 semanas (principal causa); 
tumores hipotálamo-hipofisários; radioterapia selar; 
trauma do sistema nervoso central (SNC); cirurgias do 
SNC; hipofisite; sarcoidose; histiocitose X; tuberculose 
hipofisária; linfoma hipofisário; metástases hipofisárias; 
síndrome de Sheehan; apoplexia hipofisária e deficiência 
isolada de ACTH (rara). 
 
 
 
 
 
 Carla Bertelli – 5° Período 
 
 
Manifestações Clínicas 
A insuficiência adrenal se apresenta, na maioria dos casos, 
com quadro progressivo e insidioso de sinais e sintomas 
inespecíficos, que podem ser causados pela deficiência 
de glicocorticoides, mineralocorticoides ou andrógenos 
adrenais: 
Deficiência de Glicocorticoides – Causa astenia; 
mal-estar; anorexia; perda de peso; náuseas; vômitos; 
alterações do trato gastrintestinal, como diarreia ou 
constipação intestinal; dor abdominal; hipoglicemias 
(principalmente em crianças), mialgia; artralgia e sintomas 
psiquiátricos. Pode ocorrer hipotensão, porque os 
glicocorticoides têm importante papel na manutenção do 
tônus adrenérgico dos vasos sanguíneos, além de 
deslocarem líquidos do espaço extravascular para o 
intravascular. Se houver deficiência de glicocorticoide, o 
líquido extravasa para o interstício. A falta de cortisol pode 
cursar ainda com secreção inapropriada de hormônio 
antidiurético (ADH), causando hiponatremia dilucional e 
mascarando quadros de diabetes insípido. Por fim, a falta 
de glicocorticoides cursa com aumento de hormônio 
tireoestimulante (TSH), podendo simular um quadro de 
hipotireoidismo subclínico 
 
 
Deficiência de Mineralocorticoides – 
(presente apenas na insuficiência adrenal primária) 
manifesta-se com taquicardia postural (geralmente é o 
sinal mais precoce), hipotensão postural (segundo sinal 
mais precoce), hipotensão arterial basal, hipovolemia, 
avidez por sal. Estes sinais e sintomas não ocorrem na 
insuficiência adrenal secundária, uma vez que nesse tipo 
de insuficiência adrenal ocorre com o funcionamento 
normal do sistema renina-angiotensina-aldosterona, com 
preservação da camada glomerulosa e da produção de 
aldosterona pelas adrenais 
 
Deficiência de Andrógenos – Manifesta-se com 
queda de libido e redução da pilificação axilar e pubiana 
em mulheres. Não causa sintomas em homens, pois 
continua ocorrendo produção androgênica testicular, que 
nos homens exerce papel muito mais importante do que 
a produção androgênica adrenal. 
 
Na insuficiência adrenal primária, pode haver 
hiperpigmentação principalmente nas áreas expostas ao 
sol, dobras e áreas de trauma. Também pode ocorrer 
em mucosas (língua, gengiva, palato, boca) e genitália. A 
hiperpigmentação se dá por aumento da pró-
opiomelanocortina (POMC), que, por sua vez, será clivada 
em algumas endorfinas endógenas, no hormônio 
corticotrófico (ACTH) e no MSH, sendo que este último 
hormônio atua no receptor MCR-1 da pele, estimulando 
os melanócitos. Na insuficiência adrenal secundária, como 
não há aumento da POMC, não há hiperpigmentação. 
Pacientes com insuficiênciaadrenal secundária por tumor 
ou massa hipofisária podem apresentar sintomas de 
deficiência de outros hormônios hipofisários, além de 
sintomas compressivos como cefaleia e déficit visual. 
Na adrenalite autoimune, sinais e sintomas de outras 
doenças autoimunes, como vitiligo, tireoidite de 
Hashimoto, doença celíaca e ooforite/hipogonadismo 
hipergonadotrófico, podem ser encontrados em alguns 
casos. 
Em situações de insuficiência adrenal aguda, ocorre 
hipotensão, choque refratário, desidratação, confusão 
mental, coma, fraqueza, apatia, náuseas, vômitos, 
anorexia, dor abdominal, distensão abdominal, 
hiponatremia, hiperpotassemia, hipoglicemia, uremia, 
linfocitose, eosinofilia, febre e hipercalcemia. A crise 
adrenal geralmente surge em pacientes com insuficiência 
 Carla Bertelli – 5° Período 
adrenal crônica não diagnosticada que passaram por 
situações de estresse, como infecções, trauma ou 
cirurgia, em pacientes que já fazem tratamento para 
insuficiência adrenal, mas que não ajustaram a dose 
nessas situações de estresse, ou em casos de destruição 
abrupta das adrenais, como em hemorragias. 
 
Diagnóstico 
Dosagem basal de cortisol às 8 h. Deve ser o 
primeiro teste a ser solicitado em pacientes com suspeita 
de insuficiência adrenal. Cortisol ≤ 3 μg/dℓ confirma a 
insuficiência adrenal; cortisol ≥ 18 μg/dℓ exclui insuficiência 
adrenal; e cortisol entre 3 e 18 μg/dℓ é duvidoso, mas 
valores acima de 13 raramente acontecem em casos de 
insuficiência adrenal. Na dúvida, seguir para o teste 
confirmatório [teste da cortrosina ou teste de tolerância 
à insulina (ITT)]. 
ITT. É o teste padrão-ouro para o diagnóstico de 
insuficiência adrenal, mas apresenta os riscos da 
hipoglicemia grave e suas consequências (isquemia 
cardíaca, convulsões, coma). Por este motivo, é 
contraindicado em crianças com menos de 20 kg, em 
pacientes com mais de 65 anos, em pessoas com história 
de crises convulsivas ou de doença coronariana ou 
cerebrovascular. O teste é feito com dosagem de cortisol 
e glicemia nos tempos 0, 30, 45, 60, 90 e 120 min após 
a administração de 0,10 a 0,15 UI/kg de insulina regular, via 
intravenosa (IV), em bolus, sob supervisão médica 
contínua. O objetivo é avaliar o pico de cortisol quando 
glicemia < 40 mg/dℓ. Se altera na primária e na 
secundária 
Teste da cortrosina. É feito com coleta de cortisol 
nos tempos 0, 30 e 60 min após administração IV de 
cortrosina (ACTH sintético), em doses de 1 ou 250 μg. 
Não é necessário jejum. O racional para realização do 
teste da cortrosina no diagnóstico de insuficiência adrenal 
secundária é que, com a privação crônica de ACTH (de 
pelo menos 4 semanas), a glândula perde a capacidade 
de responder ao estímulo agudo com ele. O teste da 
cortrosina pode ser realizado com a dose de 1 μg de 
ACTH (dose mais fisiológica) ou com 250 μg (dose 
suprafisiológica, mas equivalente a 1 ampola da medicação 
– mais prático, mais reprodutível e mais realizado na 
prática clínica). Os resultados possíveis são: 
•Pico de cortisol < 18 μg/dℓ confirma insuficiência adrenal, 
sendo: 
oCortisol < 10 μg/dℓ: insuficiência adrenal completa 
oCortisol ≥ 10 μg/dℓ: insuficiência adrenal parcial. 
Em pacientes com insuficiência adrenal primária, o teste 
da cortrosina sempre estará alterado. Já nos pacientes 
com insuficiência adrenal secundária, o teste só se altera 
a partir de 4 semanas de doença, 
 
Além desses, podemos citar: 
• Dosagem de aldosterona e renina 
• Dosagem de s-DHEA 
• Anticorpos Antiadrenais 
• Ácidos graxos de cadeia longa 
• TC 
• RM 
 
REFERÊNCIAS 
Sales, Patrícia, et al. O Essencial em Endocrinologia . 
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2016. 
Vilar, Lúcio. Endocrinologia Clínica . Disponível em: Minha 
Biblioteca, (7ª edição). Grupo GEN, 2020. 
Pivonello R, De Martino MC, De Leo M, Simeoli C, Colao 
A. Cushing's disease: the burden of illness. Endocrine. 2017 
Apr;56(1):10-18. doi: 10.1007/s12020-016-0984-8. Epub 2016 
May 17. PMID: 27189147. 
Nicholas A. Tritos, Beverly M.K. Biller, Chapter 15 - 
Cushing's disease, Editor(s): Eric Fliers, Márta Korbonits, 
Johannes A. Romijn, Handbook of Clinical Neurology, 
Elsevier, Volume 124, 2014, Pages 221-234, ISSN 0072-
9752, ISBN 9780444596024, 
Pivonello R, De Martino MC, De Leo M, Simeoli C, Colao 
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