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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA Planejamento Urbano e Gestão de Cidades Docente: Sônia Regina Romancini Discente: Giovanna Letícia da Silva Marcelino ANÁLISE DO ARTIGO: CONSELHOS GESTORES NA POLÍTICA SOCIAL URBANA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL Cuiabá – MT 2020 O trabalho de Maria da Glória Gohn (2002), intitulado “conselhos gestores na política social urbana e participação popular”, tem por objetivo analisar os conselhos gestores com ênfase na política social urbana. Utilizando a metodologia de referencial teórico bibliográfico, Gohn, traz diversos autores e autoras que abordam essa temática, como; Demo (1988) que dá uma base de onde surgiu a necessidade de conselhos gestores tratando como possíveis canais de mudanças públicas, Elmar Altvater (1999) que trata sobre o conceito de governança, Caccia-Bava (2000) ressaltando a importância dos conselhos gestores, Borja (2000) que engaja o debate sobre conselhos gestores advirem de movimentos sociais e seu caráter político , dentre muitos outros. Percebe-se que o trabalho é dividido em duas partes de análise. Na primeira, a autora traz toda uma contextualização histórica das aparições e atuações de conselhos pelo mundo, a princípio dando exemplo sobre Portugal dos séculos XII e XV, onde os conselhos foram importantes a exemplo na “revolução dos cravos”. Já no Brasil, a autora evidencia os anos de 1970/80 como fontes de origens dos conselhos no país, tratando como formações de conselhos do passado, antes da Constituição de 1988. Nesse período, ressaltando estar dentro da ditadura militar, onde na década de 70 foram criados os conselhos municipais, mas o destaque é para os conselhos populares que surgiu na década de 70 e adentrou a de 80, onde se discutia muito sobre a participação popular, na qual o foco era instigar a participação da população, principalmente a excluída da sociedade. Ainda nesta primeira parte, Gohn traz conceitos para um melhor entendimento sobre conselhos gestores, no qual os conceitos são; poder local, esfera pública, governança e governança local. Não necessariamente a autora aborda sobre eles nessa ordem, mas o entendimento que se tira desses conceitos mostra-se muito importante. Poder local pode-se dizer que é um poder provenientes de influências, que pode alterar políticas públicas locais, segundo Gohn (2002, p. 14) “o poder local passou a ser visto como espaço de gestão político-administrativa e não como simples sede das elites (econômicas, socais e políticas)”. A esfera pública pode-se dizer que é um ambiente político- argumentativo que engloba pessoas de diferentes movimentos organizados onde se visa debates os conflitos existentes perante todos os ângulos possíveis. Já o conceito de governança tem um explicação contextualizada, mas em termos gerais, ela surgiu no mundo da globalização até como uma forma de substituição do termo governabilidade, e a princípio foi pensado em nível global, regional e nacional, no qual “almejou-se estabelecer formas de cooperação global institucionalizadas entre Estados, agentes econômicos privados, organizações internacionais e organizações não governamentais.”( ALTVATER, 1999, pp. 114- 115 apud GOHN, 2002, p. 16), pregando também os direitos de cidadania das pessoas. Mas a governança passou a ser vista também na forma local, a priori governo local foca na forma de governabilidade, ou seja, a execução do poder executivo estadual, mas “a governança local diz respeito ao universo das parcerias, a gestão compartilhada entre diferentes agentes e atores, tanto da sociedade civil como da sociedade política, a exemplo do Orçamento Participativo” (GOHN, 2002, p.17)., sendo este o último conceito que a autora identifica como o melhor para se entender conselhos gestores. Na segunda parte do trabalho, já após a Carta Magna de 1998, a autora vai tratar especialmente sobre conselhos gestores, com foco no contemporâneo de quando o trabalho foi elaborado, no caso em 2002. Alguns fatos sobre os conselhos são bem interessantes, pois eles são previstos dentro da Constituição de 1988, os componentes são tanto representantes da sociedade civil organizada como do poder público, são vinculados ao poder executivo podendo então fiscalizar, deliberar as políticas públicas, e o indispensável é que o tempo de vigência de seus compositores não podem coincidir com o período de eleição municipal. O texto apresenta diversas formas que ajudam o leitor a compreender melhor o vem a ser os conselhos gestores, evidenciando sua importância, e dentre muitos argumentos utilizados pela autora, um deles chama atenção, onde para ela o conselho gestor “trata-se de um novo padrão de relações entre Estado e sociedade porque eles viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de políticas sociais e possibilitam à população o acesso aos espaços nos quais se tomam as decisões políticas”(GOHN, 2002, p.22). Dentre tantas formas de conselhos, estão os que tange a questões urbanas, é são de extrema importância, pois dentro do ambiente urbano há muitas disputas por poder, relações de interesses, principalmente se voltado ao monopólio do capital, é então que as os movimentos sociais entram atuando como formas de lutar pelos seus direitos e acesso aos diversos serviços da cidade, acesso ao direito a cidade. Sobre essa temática a autora aborda a questão de moradias, que é um luta que perpassa séculos, ela elenca que os movimentos sociais ocorridos dentre 1970/80, tiveram resultados dentro da Lei Suprema de 88, que garantiam o direito a moradia, outro feito foi a elaboração do Estatuto da Cidade, e nele o destaque vai para um dos seus fundamentos que a participação popular gerando a gestão democrática. A autora sugere que haja quatro modelos de conselhos gestores urbanos, são eles; os o que abrangem a questão urbana como meio ambiente, moradia, etc; os voltados a prestações de serviços urbanos como saúde, transporte, etc; os que se remetem a políticas e grupos etários, abordando os problemas sociais; e os voltados a cultura, pois dentro do espaço urbano existem diversas culturas com sua particularidades. Mas os conselhos gestores enfrentam inúmeros problemas, os quais Gohn apresenta, sendo eles; a forma enraizada da população de não participar ativamente dentro do contexto da política, a indisponibilidade de informações sobre o funcionamento da estrutura política, a não remuneração dos conselhos gestores o que tona difícil possuir mecanismos para melhorar o desempenho do mesmo, e também a invisibilidade de poder de execução, pois, muitas vezes os conselhos são vistos apenas como forma de consultoria. O trabalho de Maria Gohn é excelente, principalmente dentro da disciplina de Planejamento Urbano e Gestão das Cidades, pois, mostra uma forma de gerir cidade por meio dos conselhos gestores, principalmente dentro do contexto urbano, fundamentando sua relevância, sua forma de atuação, suas problemáticas, sugerindo propostas de melhorias e logo instiga o leitor a fazer o mesmo. Referência Bibliográfica GOHN, Maria da Glória. Orlando Alves dos. Conselhos gestores na política social urbana e participação popular. Cadernos Metrópole n. 7, pp. 9-31, 1º sem. 2002
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