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CONSELHOS GESTORES DE POLÍTICAS PÚBLICAS: COMPONENTE ESSENCIAL PARA FORTALECIMENTO DA DEMOCRACIA Adson Benedito Batista da Silva Filho 1 Valdeci Pereira de Lima2 Resumo Este estudo tem por objetivo expor e analisar os Conselhos Gestores de Políticas Públicas, exemplificando como estes iniciaram no Brasil e como vem se desenvolvendo. Expõe-se ainda como estes Conselhos são formados e como vem contribuir paraa melhora da democracia nacional. Este artigo seguiu a metodologia de pesquisa bibliográfica, buscando informações em livros e sites. Conclui-se que os Conselhos Gestores de Políticas Públicas são de fundamental importancia para o desenvolvimento e fortalecimento da democracia nacional, além de proporcionar a participação da sociedade na interação política. Palavras-chave: Paridade. Democracia. Deliberativa. Introdução A forma como a democracia contemporânea atua requer que a sociedade selecione um representante dentro de determinados órgãos públicos, para que estes possam atuar em defesa dos interesses da sociedade. Contudo quando esta representação que deveria ser para o povo começa a falhar, a credibilidade do órgão representativo em questão acaba sendo abalada e gerando grande insatisfação na sociedade. Dessa maneira a partipação popular torna-se de grande importância para o exercício de um controle social das atividades dos Estado, pois dessa forma seria possível contribuir para uma divisão eficiente dos investimentos em políticas públicas. Os Conselhos Gestores de Políticas Públicas passam surgiram da demanda de uma maior participação social nas decisões tomadas pelo Poder Público, com isso através da Constituição de 1988 foram instituidos os Conselhos Nacionais. 1 Acadêmico do curso de Serviço Social no Centro Universitário Luterano do Brasil (CEULS/ULBRA) 2 Acadêmico do curso de Serviço Social no Centro Universitário Luterano do Brasil (CEULS/ULBRA) Os Conselhos são instituições que se fazem presentes na maioria dos municípios brasileiros, logo o funcionamento eficaz destas instituições podem trazer benefícios tanto para a esfera da Administração quanto para a Social. Baseado nessa necessidade de participação popular é que se faz necessário a participação dos Conselhos de Políticas Públicas, visto que estes contribuem significativamente para com a inclusão da sociedade na tomada de decisões através da democracia deliberativa. O artigo tem por objetivo abordar brevemente a origem dos Conselhos de Políticas Públicas além de expor suas formas de atuação e como estas contribuem para reforçar a demoracia. Foi utilizado para o desenvolvimento deste texto o método de pesquisa bibliográfica em sites e livros. 1 Histórico dos Conselhos de Políticas Públicas No que tange a tragetória dos conselhos, podemos dizer que estes são tão antigos quanto a democracia (GOHN, 2003, p.65). Segundo Costa (2010, p.212), os conselhos se faziam presentes em Atenas, como por exemplo o “Conselho dos Quinhentos” que era composto por membros eleitos e tinham atribuições executivas. No Brasil, a inserção do modelo de conselhos foi importada de Portugal como explicita a autora Maria da Glória Gohn, em sua obra Conselhos Gestores e participação sociopolítica, Em Portugal, entre séculos Xll e XV , foram criados ‘Concelhos’ municipais (escrito na época com c) como forma político- administrativa de Portugal, em relação às suas colônias. As câmaras municipais e as prefeituras do Brasil colônia foram organizados segundo esse sistema de gestão (GOHN, 2013, p.65) Os conselhos tem o caráter público e deliberativo, devendo funcionar como instâncias com competência legal para elaborar políticas e fiscalizar a sua aplicação, garantindo assim a democratização da gestão. Luciana Tatagiba (2010, p.29-31) em seu artigo Os Conselhos e a Construção da Democracia no Brasil, aponta que há registro de conselhos atuantes no período da ditadura militar que atuavam na área do transporte, saúde e educação. Tatagiba ressalta que é possível observar três fases distintas na história dos conselhos gestores no Brasil. Segundo a autora a primeira fase se passa durante o regime ditatorial e tem como finalidade apenas aconselhar o poder executivo possuindo uma função meramente figurativa na tomada de decisões. Já na segunda fase, esta que é caracterizada pela abertura a algumas formas de participação como por exemplo a criação dos Conselhos Comunitários que tinham a finalidade de proporcionar a comunicação entre Estado e o Povo. Segundo a autora estes conselhos eram usados como uma forma de controlar as demandas, visto que estes ainda eram ligados ao Poder Executivo. A terceira fase por sua vez, tem como maior característica a Constituição de 1988, pois esta ditou novas definições e funções acerca da participação e soberania popular. Neste período os Conselhos ganharam grande importância na reestruturação de políticas e a grande mobilização dos movimentos sociais neste período foi crucial para a grande disseminação destes. Com a constituição de 1988, alguns Conselhos de Políticas Públicas tornaram-se obrigatórios, sendo necessários para aprovação e repasse de recursos federais para Estado e Municípios. Quanto a composição dos conselhos, estes possuem uma formação paritária, ou seja, tanto o Estado quanto representantes da sociedade civil devem estar representados em seu interior, estes que quase sempre possuem interesses distintos. A partir do momento em que a lei passou a exigir a participação dos Conselhos deliberativos de composição paritária dentro da esfera pública, estes foram cada vez mais se organizando e ganhando credibilidade, pois a partir de então as leis passaram a solicitar cada vez mais a participação destas instituições para o repasse de verbas federais. Para a autora Maria da Graça Gohn, Os Conselhos gestores são importantes porque são frutos de lutas e demandas populares e de pressões da sociedade civil pela redemocratização do país. Por terem sido promulgados no contexto de uma avalanche de reformas do Estado, de caráter neoliberal, vários analistas e militantes de movimentos sociais desacreditaram os conselhos enquanto possibilidade de participação real, ativa, esquecendo-se de que eles foram reivindicados e propostos pelos movimentos em passado recente. As novas estruturas inserem-se na esfera pública e, por força de lei, integram-se com os órgãos públicos vinculados ao poder Executivo, voltados para políticas públicas específicas, responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento das áreas onde atuam. Eles são compostos, portanto, por representantes do poder público e da sociedade civil (GOHN, 2003, p. 84). Neste sentido os conselhos se mostram como algo muito maior que apenas um instrumento de ligação entre Estado e sociedade, são ferramentas capazes de garantir que os desejos da população sejam ouvidos, discutidos e efetivados. Segundo Berclaz (2013), os Conselhos Gestores de Políticas Públicas possuem cinco funções, que são: função administrativa, função consultiva, função normativa/regulamentar, função fiscalizadora/controladora e função decisória/deliberativa. Dentro das atividades da função administrativa/burocrática, compete a gestão dos Conselhos, gerência de documentos e fundos quando houver além de promoção de eventos, ou seja, a função administrativa/burocrática tem a finalidade de manter a parte organizacional do Conselho. Na função consultiva, os conselhos tem como finalidade emitir pareceres, opniões e posicionamentos dentro de negociações com o Poder Público. Na seara das atividades normativas/regulamentadoras compete aos conselhos terem suas deliberações ou pareceres aprovados pelo poder Executivo, dessa forma contribuindo a decisão. A função de caráter fiscalizatório/controlador exigedos conselhos um posicionamento firme quanto a fiscalização da aplicação das políticas públicas. O caráter decisório/deliberativo é a característica mais importante a um Conselho Gestor de Política Pública, visto que é através desta função que os conselhos devem deliberar, cobrar providências e estabelecer normas em relação a aplicação de Políticas Públicas. 2 A atuação dos Conselhos Gestores de Políticas Públicas Quando formados, os Conselhos de Políticas Públicas devem obedecer a regra de paridade, objetivando respeitar o princípio de igualdade. Assim durante a formação do conselho um número igual de indivíduos será definido para representar a Administração Pública e a Sociedade Civil Organizada, com o Chefe do Executivo nomeando os representantes da Administração Pública e Entidades representativas ou pessoas jurídicas nomeando os representantes não governamentais. Um aspecto acerca da paridade requer atenção especial, visto que esta não deve ser apenas no que diz respeito a quantidade de representantes, dessa forma os indivíduos nomeados devem saber a sua função dentro desta instância deliberativa bem como reconhecer os instrumentais para alcançar seus objetivos. A autora Maria da Graça Gohn ressalta que a paridade deve se dar de forma efetiva quando discorre que, Em relação à paridade, ela não é uma questão apenas numérica, mas de condições de uma certa igualdade no acesso à informação, disponibilidade de tempo, etc. A disparidade de condições para a participação em um conselho de membros advindos do governo daqueles advindos da sociedade civil é grande. Os primeiros trabalham em atividades dos Conselhos durante seu período de expediente em trabalho normal remunerado, têm acesso aos dados e informações, têm infraestrutura de suporte administrativo, estão habituados com a linguagem tecnocrática, etc. Ou seja, eles têm o que os representantes da sociedade civil não têm (pela lei, os conselheiros municipais não são remunerados nem contam com estrutura administrativa própria). Faltam cursos ou capacitação aos conselheiros de forma que a participação seja qualificada em termos, por exemplo, da elaboração e gestão das políticas públicas; não há parâmetros que fortaleçam a interlocução entre os representantes da sociedade civil com os representantes do governo. É preciso entender o espaço da política para que se possa fiscalizar e também propor políticas; é preciso capacitação ampla que possibilite a todos os membros do conselho uma visão geral da política e da administração. Usualmente eles atuam em porções fragmentadas, que não se articulam(em suas estruturas) sequer com outras áreas ou Conselhos da administração pública (GOHN, 2003, p. 96). Dessa forma a paridade no âmbito do conhecimento também deve ser respeitada para que a democracia deliberativa não seja lesada dentro dos conselhos, sendo assim necessário constante capacitação para se manter o nível de conhecimento técnico. Os Conselhos de Políticas Públicas tem como função jurídica a fiscalização e monitoramento das polícas, logo deve zelar pelo equilíbrio da paridade para que o espaço de democracia deliberativa permaneça íntegro. Tais Conselhos não devem ser resignados a Administração Pública, pois, como uma uma entidade de defesa de direitos deve assumir tal postura. Segundo Berclaz (2013) os Conselhos passam a atuar como um novo ator sociopolítico capaz de influenciar mudanças significativas, Os Conselhos sociais, afinal, na organização da sociedade civil brasileira, são novíssimos sujeitos sociopolíticos de dimensão coletiva capazes de estabelecer lutas e demandas de caráter emancipatório e transformador no campo das políticas públicas, o que se dá, evidentemente, em torno do necessário reconhecimento do poder que emana desses espaços, um poder de fiscalização (e de pressão) que a própria sociedade há de exercer sobre o Estado. É por isso que nenhum governo – a despeito da sua coloração partidária e inclinação democrática – pode hoje ignorar os Conselhos nos processos de implementação da política. [...]Como uma das expressões de associativismo, é fundamental reconhecer que os Conselhos, assim como os movimentos sociais, tematizam e redefinem a esfera pública, ostentando grande poder de controle social e tornandose matriz geradora de saberes (BERCLAZ, 2013, p. 270). De fato os Conselhos possuem uma grande relevância para a nossa contemporaneidade, visto que estes podem deliberar junto a Administração Pública de modo a conseguir melhorias que realmente são necessária a pupulação, pois os Conselhos Gestores de Política Pública estão de fato em sintonia com as demandas da sociedade. Para Gohn (2003) tal afinidade permite a possibilidade de uma gestão compartilhada, elaborando assim projetos de políticas coerentes com a realidade social, além de atuar em uma relação de povo-poder. Para a autora, a participação popular através dos conselhos é necessária para que o Poder Público cumpra com seus deveres: A gestão compartilhada não pode transferir as responsabilidades dos gestores públicos estatais para os representantes da população; não é competência do conselho a gestão propriamente do serviço público, ele deve fazer a apreciação prévia dos atos do gestor público nos planos, orçamento, normas básicas, avaliação de resultados para a população, deve analisar os critérios para a organização da rede de serviços e habilitação nas condições de gestão, acompanhar e controlar a execução de serviços, mas não substituir o gestor. O compartilhamento da gestão não significa e nem implica substituição do gestor e suas responsabilidades. A participação da população não deve ser para substituir o Estado, mas para fiscalizá-lo e fazer com que ele cumpra seus compromissos constitucionais. Quando os Conselhos assumem uma função jurídica, estes passam a ter mais autonomia perante a Administração Pública, devido sobretudo a ciência de que será cobrada acerca de suas atitudes, outro benefício alcançado seria com relação a sociedade que ao ver a efetividade dos Conselhos passaria a participar mais do cotidianos destas entidades. (GOHN, 2003) 3 Conselhos como forma de fortalecer a democracia Conselhos Gestores de Políticas Públicas são ambientes que possibilitam mudanças importantes na forma como são geridas as políticas públicas, devido principalmente a sua função fiscalizadora. Para Berclaz (2013): Ao reduzir a margem da liberdade excessiva do gestor, submetendo-o a controle social-popular do poder cidadão no que tange às políticas públicas elaboradas, tem-se mais uma demonstração do quanto os Conselhos sociais contribuem para qualificação e fortalecimento da democracia como sistema de governo, outro traço notável se sua expressão política na atualidade ( BERCLAZ, 2013, p.193). Nesse sentido os conselhos são importantes ferramentas na tentativa de reinventar a democracia, de modo a deixar cada vez mais participativa e social, assim tendo papel importante no direcionamento do poder, pois com a participação popular dentro dos Conselhos o poder público de fato irá compreender os reais anseios da população. No que tange a participação popular dentro dos conselhos. Segundo Berclaz (2013), tal participação acrescenta um caráter cultural a estes conselhos, visto que tais instâncias promovem a socialização da política e a promoção político-pedagógica para o fortalecimento da cidadania e democracia, beneficiando assim direta ou indiretamente a sociedade. Com base no art 1° da Constituição Brasileira, onde afirma que a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, e como consequência disso que o poder está com o povo, é pertinente mencionar que, os direitos a serem garantidos devem expressar a vontade da sociedade e não de um grupo específico: Ao permitirem decisões consensuais produzidas em espaços inseridosnormatizados por uma filosofia da razão comunicativa que permite ao povo (comunidade real de comunicação) apresentar o discurso de modo simétrico, paritário e sem risco de violência, os Conselhos sociais revigoram a democracia para além da ordem vigente, no caminho de um projeto transformador pautado por um princípio de legitimação crítico, libertador e popular (BERCLAZ, 2013, p.202). Apesar de toda inovação e benefícios que os Conselhos trazem para democracia e população, estes ainda sofrem com diversos percalços, como por exemplo o fato de serem pouco conhecidos fora do âmbito institucional. Além deste contratempo há também a possibilidade de que os Conselhos se tornem submissos ao governo, tendendo assim a burocratização. A autora Luciana Tatagiba, expressa preocupação quando afirma que para garantir a legitimidade das audiências no interior dos conselhos, estes deveriam ser realizadas de forma mais ampliada, extrapolando assim os atores diretamente ligados a produção da política (TATAGIBA, 2012). A afirmação da autora se faz pertinente, visto que muitas das vezes há uma justaposição de copetências dentro dos Conselhos: Afinal, nos Conselhos, os atores sociais que carreiam as demandas para dentro do Estado o fazem também em nome dos interesses das organizações que eles representam. (...) estamos chamando a atenção para o fato de que as responsabilidades institucionais conferidas aos Conselhos gestores no âmbito das políticas implicam uma justaposição de competências para seus atores: eles encaminham e ao mesmo tempo deliberam sobre demandas sociais; exercem o controle social e ao mesmo tempo são objetos desse mesmo controle (TATAGIBA, 2012, P.76) Mesmo com a existência dos aspectos em que os Conselhos Gestores de Políticas Públicas possuem alguma dificuldade ou necessidade, ressaltando a falta de alcance à maioria da sociedade como um dos principais percalços enfrentados, estes ainda sim são efetivos nas suas funções de fortalecimento da democracia bem como para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente dos seus direitos e deveres políticos. Considerações Finais Com a promulgação da Constituição de 1988 no Brasil, tornou-se possível deliberar as demandas da população junto ao Estado de forma mais coesa e paritária, visto que a implementação dos Conselhos Gestores de Políticas Públicas funcionam como uma ponte para esta comunicação. Tais Conselhos vem minimizar as decisões unilaterais tomadas pelo governo, logo é necessário que haja uma paridade tanto em representantes quanto em conhecimento técnico, visando garantir o equilibrio dentro das instituições. Portanto, os Conselhos são importantes instituições de controle social das atividades públicas, mas não somente isso, também possuem caracteristicas capazes de reforçar a cidadania e a democracia, esta que talves seja uma das características mais importantes dos Conselhos, pois dessa forma, estimulando a sociedade a participar dos interesses políticos é que podemos ter de fato uma democracia mais social. A sociedade através dos Conselhos de Políticas Públicas, pode exercer fiscalização e pressão na Administração para que esta honre com seus deveres constitucionais. Os Conselhos através de sua função normativa/regulamentar pode ainda fornecer grande ajuda ao Poder Executivo a partir de seus pareceres e deliberações. Portanto estas instituições são necessárias tanto para a Sociedade Civil quanto para o Poder Público. Referências BERCLAZ, Marcio Soares. A NATUREZA POLÍTICO-JURÍDICA DOS CONSELHOSSOCIAIS NO BRASIL: UMA LEITURA A PARTIRDA POLÍTICA DA LIBERTAÇÃOE DO PLURALISMO JURÍDICO. Acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle, Curitiba, p. 13-270, 8 mar. 2013. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/29933/R%20-%20D%20- %20MARCIO%20SOARES%20BERCLAZ.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 30 jun. 2020 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 02 jun. 2020. GOHN, Maria da Glória. Conselhos gestores e participação sociopolítica.2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. GOHN, Maria da Glória. História dos Movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos brasileiros. 6a ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011. TATAGIBA, L. 2002. Os conselhos gestores e a democratização das políticas públicas no Brasil. In : DAGNINO, E. (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo : Paz e Terra.