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Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 1 Anatomia Órgão sensorial abrigado no osso temporal Orelha externa o Pavilhão acústico + canal auditivo externo o Pequena proeminência de cartilagem na porção anterior protege a entrada do meato – o tragus. o Porção solta e de textura macia abaixo do meato é o lóbulo. o Canal auditivo externo Prolonga-se para o interior do crânio para dentro e para frente. Inicialmente formado por cartilagem, revestido por pele, com pelos e glându- las produtoras de cerume (função é re- mover partículas acumuladas no interi- or do canal, mantendo a lubrificação lo- cal). Depois passa a ser formado por osso revestido por pele, sem pelos. Atrás e abaixo do meato está o proces- so mastoide, projeção do osso tempo- ral, que forma uma proeminência pal- pável atrás da orelha. Porção final marcada pela presença da membrana timpânica que delimita a fronteira com a OM. Orelha média o Câmara preenchida por ar, onde se encon- tram os 3 ossículos da audição: Martelo, bigorna e estribo: transmitem as vibrações captadas pelo tímpano pa- ra a OI. o Encontra-se uma das extremidades da tu- ba auditiva, que a conecta à nasofaringe – motivo pelo qual frequentemente infecções respiratórias altas podem ser complicadas com o desenvolvimento de otites. Orelha interna o Constituída por um conjunto de canais e cavidades no interior da porção petrosa do osso temporal. O labirinto ósseo, dentro do qual um sistema de ductos e vesículas forma o labirinto membranoso (responsável por 2 aparelhos receptores diferentes: vestíbulo e canais semicirculares formam o sistema vesti- bular; e cóclea, o sistema auditivo). o O estribo encontra a janela oval, tracio- nando ou empurrando de acordo com as vi- brações captadas pela MT e fazendo vibrar a perilinfa nos canais semicirculares e a endo- linfa da cóclea, produzindo impulsos nervo- sos que são transmitidos pelo N. vestibuloco- clear (NC VIII) para o SNC. o Para uma audição perfeita, deve acontecer a transmissão das ondas sonoras do meio ex- terno até as terminações do NC VIII (fase condutiva) e a transmissão deste ponto até o Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 2 SNC, através do nervo e vias auditivas, até o córtex (fase neurossensorial). o Canais semicirculares são 3 em cada ore- lha: Anterior (ou superior), posterior e late- ral. Possuem estruturas especializadas para detectar e informar ao SNC a posição em que a cabeça se encontra e se está em movimento ou estática. Fazem parte do sistema de controle do equilíbrio corporal; fornecem informa- ções que serão integradas a dados vi- suais e aferências sensitivas dos mem- bros, permitindo controle e ajustes da postura conforme necessário. Anamnese otológica Questionar sobre a função auditiva e as carac- terísticas da audição. Atentar-se ao volume da voz com que o paci- ente fala – pacientes com perda neurossenso- rial falam alto e aqueles com perda condutiva tendem a falar baixo. Atentar-se para a reação do paciente enquanto falam com ele, buscando sinais de perda audi- tiva: o Use intensidades vocais diferentes e pro- cure falar com ele durante partes do exame em que se posicione atrás dele, avaliando se é capaz de ouvir sem leitura facial. Questione ativamente se está escutando nor- malmente ou notou alterações. o Se houver perda auditiva, esta é uni ou bi- lateral? Teve início brusco ou instalação gra- dual? Há quanto tempo notou? Está estável ou progredindo? Possui sintomas associados – dor, saída de secreção, tonturas? Perdas neurossensoriais: o O paciente relata pouca compreensão da fala, com piora em ambientes mais ruidosos. Nas perdas condutivas, o ambiente tem pouca influência. Alterações das OE e OM afetam a fase condu- tiva e podem ter múltiplas origens: o Corpos estranhos no conduto externo, ro- lhas de impactação de cerume, acúmulo de secreção na OM, perfuração e espessamento timpânicos, tumorações no conduto. Alterações das estruturas da OI podem lesar a fase neurossensorial: o Certos medicamentos ototóxicos, infec- ções como meningites, rubéola, CMV, exposi- ção a ruídos excessivos, neuroma do acústico, doença de Menière (ligada a alterações do metabolismo glicolipídico), causas congêni- tas, presbiacusia, condições hereditárias. Fatores de risco para hipoacusia: o Pacientes com antecedente de déficit au- ditivo familiar; que sofrem ou sofreram expo- sição a ruídos intensos em ambientes de tra- balho ou estiveram expostos a sons como explosões ou campos de batalha; com diag- nósticos de sífilis e rubéola ou que resolve- ram quadros de meningites bacterianas. Otalgia: o Quando presente, pode estar relacionada aos processos infecciosos das OE e OM. o Pesquise se há secreção associada e seu aspecto, se tem ou teve febre, quadro respi- ratório associado ou precedendo a queixa, se nota dor à mastigação, dor de garganta. o Dor das otites agudas – média e externa – costuma ser intensa e bastante incapacitante. o Nas dores leves a moderadas, cogitar ou- tros diagnósticos, como disfunção da ATM, lesões da naso ou orofaringe ou mesmo do pescoço. Otorreia: o Saída de secreção pela orelha. o Mais frequentemente se origina na OE. o Pesquise aspecto (seroso, purulento, san- guinolento) e quantidade, se há dor associa- da ou alteração auditiva (a secreção pode ter origem na OM e ocorrer perfuração da MP para sua drenagem), se houve trauma local. o Em caso de secreções hialinas, inquirir traumatismo craniano. Tinnitus e outros sons anormais: o Tinnitus (tinido, zumbido): percepção de som não associado a estímulo externo. o Na maioria das causas se origina na OI. o Pode ser uni ou bilateral e acompanhar ou não perda auditiva. o Pode estar associado ao uso de medica- mentos ototóxicos, idade e degeneração au- ditiva, ou a alterações metabólicas, como no caso da doença de Menière. o Pode acontecer por variações bruscas da pressão no interior da OM, como em mergu- lhos ou viagens. Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 3 Uso de medicamentos (AAS, aminoglicosí- deos, quinino, furosemida, ácido etacrínico, cisplatina, carboplatina e outros) pode levar a alterações da OI. Alterações do equilíbrio: o Vertigem: percepção de que o paciente ou o ambiente está rodando, frequentemente associada a náuseas e vômitos. Sugere altera- ções do labirinto, OI, do NC VIII ou do SNC. o Tontura rotatória geralmente indica altera- ções do labirinto, cerebelo ou tronco cere- bral; exame neurológico é fundamental. o Tente caracterizar se a tontura é realmente rotatória (“a sala gira?”), se há piora ao colo- car a cabeça em determinada posição, se há sintomas auditivos associados – todas essas informações, quando positivas, sugerem le- são do labirinto. o Se houver sensação de desmaio (pré- síncope), fraqueza localizada de algum mem- bro ou parte do corpo, ataxia, diplopia, disar- tria, alterações da marcha, provavelmente há lesão central ou de outros sistemas. Diferencie o quadro da cinetose: o Sensação de enjoo, frequentemente com vômitos, causada por viagens em ambientes relativamente fechados e com variações fre- quentes de posição: automóveis em estradas irregulares ou sem aberturas para o meio ex- terno, viagens de barco ou de avião. o Esses quadros são causados por desbalan- ço das informações passadas pelos labirintos e pelas outras aferências (principalmente vi- suais) ao SNC. o Geralmente é recorrente nessas mesmas situações. Causa importante desconforto, mas é benigna. O exame clínico – principal- menteo neurológico – deve ser normal. Exames clínicos Inspeção o Buscar assimetrias, sinais flogísticos, ede- ma, pigmentação, alterações do formato; atresia (ausência por falta de formação do pavilhão auricular ou do canal auditivo; pode ser parcial ou completa) ou remoção cirúrgica ou por trauma. o Atentar-se para lesões de pele, cicatrizes, queloides, tumores, edema, infecções, úlce- ras. Ausência de partes do lobo ou da hélix pode estar ligada a trauma, infecções, brincos tracionados, uso de dilatadores. o Pericondrite: infecção da pele e dos teci- dos ao redor da cartilagem, geralmente dolo- rosa e pode estar relacionada a trauma. o Se houver queixa de otalgia ou otorreia, desloque o pavilhão auricular para cima e pa- ra baixo, comprima o trago e a mastoide - o tracionamento provoca dor na otite externa e não na média ou na dor referida, originada na ATM. o Dor na mastoide pode ser encontrada na otite média, e deve levantar a HD de mastoi- dite. Avalie também a mastoide, verificando se há edema ou hiperemia local. A mastoidite é uma das complicações dos quadros de otite média, e pode agravar o estado do paciente. Otoscopia o Inicialmente, solicita-se ao paciente para inclinar a cabeça na direção oposta da orelha a ser examinada. o Segure e tracione delicadamente a orelha do paciente para trás e para cima, para retifi- car o canal auditivo externo. o A orientação do otoscópio anterior e infe- riormente facilita o reconhecimento da MT. o Sempre inicie pela orelha menos sintomá- tica. o 1º passo – deve-se ater aos aspectos do conduto auditivo externo: Note se há hipe- remia, drenagem de secreção ou sangramen- tos, deformidades, corpos estranhos, disposi- tivos de drenagem timpânica. o 2º passo – avaliar a MT detendo-se em as- pectos como: transparência, coloração, posi- cionamento e possíveis alterações (placas de esclerose ou perfurações). o Normalmente, vemos o reflexo luminoso na MT – se estiver ausente, pode haver es- pessamento da estrutura. o Pode haver cerume acumulado no trajeto, obstruindo a visualização da MT. Testes com diapasão o Ajudam a diferenciar se a perda auditiva é condutiva ou neurossensorial. o Possuem baixas sensibilidade e especifici- dade, mas são simples e permitem o adequa- do encaminhamento do paciente. o Os testes são realizados comparando a in- tensidade do som entre os ouvidos - se a Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 4 perda for bilateral ou mista, não terão papel relevante. o Primeiro, faça vibrar o diapasão com um golpe firme contra sua mão ou coxa, e apro- xime-o dos ouvidos do paciente, para que ouça o som simples. Peça que compare em qual lado ouve melhor. o Teste de Rinne: Primeiro testar a condução aérea - ative o diapasão e posicione próximo ao ou- vido do paciente. Depois, ainda com o diapasão vibrando, apoie-o sobre a mastoide e compare a intensidade do som - habitualmente é mais audível a condução aérea do que a óssea, a me- nos que haja perda condutiva, com difi- culdade de transmissão do som pelo ar, sem que se altere a condução óssea. Teste um ouvido de cada vez, desde o início. o Teste de Weber: Faça vibrar o diapasão e o posicione na linha média da cabeça – na fronte ou no ponto mais alto do crânio. Normal- mente, o paciente deve ouvir o som não muito intenso, em ambas as ore- lhas, sem um lado preferencial. Caso haja obstrução da condução aérea em uma das orelhas, o som parecerá se di- rigir especial e intensamente em dire- ção a essa orelha, graças à condução óssea. Em pacientes sem queixa, pode gerar resultado falso-positivo. Anatomia O nariz é dividido em 2 cavidades pelo septo nasal. As cavidades que ligam ao meio externo são as narinas, que se abrem externamente nos vestí- bulos, que em sua porção lateral são revesti- dos por pele com pelos – as vibrissas. Na porção medial, sobre o septo, o revesti- mento é de mucosa, que é hipervascularizada. Com frequência o septo se encontra desviado para um dos lados – e isso pode ocorrer de modo constitucional ou após um trauma local. O desvio do septo pode não ter qualquer consequência clínica para o paciente, mas, dependendo do grau de desvio, pode causar obstrução da drenagem dos seios paranasais, que desembocam nos mea- tos entre as conchas nasais, ocasionando retenção de secreções, que pode evoluir para sinusites de repetição. Em casos mais graves, pode haver per- da do fluxo aéreo por aquela narina. Seios paranasais o Cavidades aeradas no interior de ossos que formam a face e parte da estrutura do crânio e recebem os nomes dos ossos em que se encontram. o São eles: seios frontais direito e esquerdo, seios maxilares direito e esquerdo, células etmoidais direitas e esquerdas e seio esfe- noidal. o Revestidos por mucosa e produzem muco, que auxilia na limpeza e umidificação do ar respirado. o A maioria dos seios drena para o meato médio, com seus orifícios de difícil visualiza- ção. O ducto nasolacrimal drena para o mea- to inferior. o Os seios frontais e maxilares são facilmen- te acessíveis para exame. Anamnese e queixas relaciona- das Rinorreia o Corrimento nasal ou coriza. o Aspecto, duração, sintomas associados (espirros, febre, prurido nasal, ocular ou na faringe, dor de garganta) o Na rinite alérgica, é frequente o achado de rinorreia hialina (transparente) ou serosa (lembrando o soro – fluido, transparente), Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 5 com prurido e espirros em série, especial- mente quando exposto a alérgenos. o Já nas infecções de vias aéreas superiores (IVAS), a coriza geralmente se inicia hialina e pode se tornar mais turva e espessa à medida que aumenta a concentração de leucócitos em sua composição. o Aspecto francamente purulento, textura pegajosa, coloração esverdeada ou piossan- guinolenta (mista de sangue e pus) possi- bilidade de infecção bacteriana, especialmen- te se associada à febre alta. o Pacientes com rinorreia hialina persistente, sem evidências de quadro alérgico, devem ser inquiridos quanto a traumatismo craniano prévio – pode ocorrer fístula nasoliquórica, com extravasamento de líquor pela cavidade nasal. Epistaxe o Sangramento nasal. o Pode ser proveniente de diversas estrutu- ras: mucosa da cavidade, seios paranasais, nasofaringe. o Questione trauma, hábito de manipular o nariz (como a mucosa é hipervascularizada, a principal causa é traumatismo local com os dedos do próprio paciente). o Pode ocorrer espontaneamente, especial- mente em situações com vasodilatação im- portante – após exposição ao sol ou exercí- cios intensos, ou ainda se houver lesões na mucosa (inflamatórias ou tumorais), resseca- mento da mucosa (umidade do ar muito bai- xa, usuários de oxigênio em cateter nasal), ou com anormalidades nos vasos da mucosa. o Pesquisar se a queixa é uni ou bilateral. o Quando bilateral, sugere condições sistê- micas, como hiperfluxo por HAS mal contro- lada ou coagulopatias, além de lesões na na- sofaringe – porém os sangramentos oriundos de regiões mais posteriores dificilmente são exteriorizados como epistaxe o O mais frequente é causarem hemoptise (tosse com eliminação de sangue) ou hema- têmese (vômito com sangue, posto que esti- mulam a região posterior da orofaringe e disparam reflexo nauseoso). o O sangramento mais corriqueiro é o da região anterior do septo (área de Kisselbach), que pode ser controlado inicialmente com a compressão bidigital da pirâmide nasal. o É importante orientar o paciente que não levante a cabeça, o que simplesmente faz com que ele degluta o sangue proveniente do nariz, o que mais tarde o fará vomitar, poiso sangue é altamente irritante para a mucosa gástrica. Congestão ou obstrução nasal o Quando as áreas de mucosa hipervascula- rizada sofrem congestão – por processos in- flamatórios, infecciosos ou alérgicos -, passa a haver dificuldade para o trajeto do ar entre elas, causando a sensação de nariz “entupi- do”. o Questione recorrência, rinorreia, exposição a alérgenos ou outras pessoas com quadro similar, presença de sintomas infecciosos (fe- bre, cefaleia, dor no corpo). o Quando persistente e unilateral, deve-se pensar em problemas localizados naquela ca- vidade nasal: desvio do septo, pólipos, pre- sença de corpo estranho (especialmente em crianças), granulomas ou mesmo tumores. o Em crianças, a obstrução bilateral pode ser causada por hipertrofia da adenoide, estrutu- ra do sistema imune localizada na nasofarin- ge, atrás das estruturas nasais. o Obstrução nasal frequentemente causa respiração bucal, que por consequência causa roncos e boca seca, e facilita infecções respi- ratórias. Gotejamento pós-nasal o Sensação de secreção no fundo do nariz ou irritando a garganta, causando desconfor- to na nasofaringe. o Pode cursar com tosse e dificuldade para expectorar essa secreção. o Frequente nas IVAS, especialmente nas si- nusites dos seios etmoidais e esfenoidal. Dor na topografia dos seios faciais: o Não é necessariamente sinônimo de sinu- site. o Para se considerar sinusite, deve haver tosse, expectoração ou gotejamento pós- nasal. o A secreção, quando ocorre drenagem, po- de ser anterior (pelo nariz) ou posterior (pela faringe), e na maior parte dos casos é puru- lenta e fétida, o que ocasiona a cacosmia Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 6 (percepção de odores fétidos) tanto objetiva quanto subjetiva. o O seio mais frequentemente acometido no adulto é o maxilar. o A sinusite ocorre, na maioria das vezes, por complicação de infecção viral inicial – aumenta a produção de muco por todo o epitélio respiratório do trato superior, e ocor- re edema da mucosa. Como os orifícios de drenagem dos seios paranasais são estreitos, esse edema pode obstruir a drenagem do muco, ocasionando sua retenção e facilitando a colonização local por vírus, bactérias ou fungos. o Fatores de risco para desenvolver sinusi- tes: alterações anatômicas que prejudiquem a drenagem dos seios (desvios de septo, póli- pos, corpos estranhos; tabagismo – reduz o número e a motilidade dos cílios que remo- vem as partículas inspiradas, facilitando o acúmulo de secreção e o acesso de bactérias; imunossuprimidos e aqueles que passaram recentemente por infecção viral do trato res- piratório superior). Exames clínicos Nariz o Inspeção simples em busca de assimetrias (retrações, cicatrizes, desvio de septo; uma discreta assimetria é normal), ulcerações, tu- mores de pele ou partes moles, nódulos ou edema. o Alterações do formato, como nariz em sela (encontrado nos casos de sífilis congênita). o Podemos ainda encontrar desabamento da estrutura nasal com casos de lesões des- trutivas (alguns tumores agressivos, blastomi- cose, leishmaniose cutaneomucosa, hansení- ase). o Alteração comum em idosos é o rinofima: aumento do volume nasal, com hipervascula- rização, espessamento da pele e hiperemia. o Observe o nariz durante inspiração pro- funda, notando se ocorre colapso das nari- nas, formando uma válvula – sugere fraqueza das paredes nasais e pode ser uma causa de respiração desconfortável. Narinas o Inicialmente pedir ao paciente para esten- der o pescoço e prender a respiração por al- guns segundos. o Levante delicadamente a ponta do nariz e ilumine os vestíbulos com a ajuda de uma pequena lanterna ou com a luz do otoscópio. o Busque por edema, úlceras, crostas, póli- pos, perfurações. o Examine uma narina por vez e compare-as. o Busque avaliar a coloração da mucosa (pode ficar pálida nos processos alérgicos e hiperemiada nos inflamatórios), alterações nos vasos, presença e aspecto de secreção ou de úlceras. Seios paranasais faciais o Comprima a parte óssea das sobrancelhas, de baixo para cima, para palpar os seios fron- tais. O mesmo em relação aos seios maxilares – faça a compressão de baixo para cima, na região malar. Essa compressão não causa dor em condições normais. o Pode ser feita a percussão das projeções dos seios sobre a fronte e a face, com delica- deza, e com a mesma técnica utilizada para a percussão torácica ou abdominal. Assim co- mo a palpação, a percussão dos seios faciais não deveria causar dor, a menos que haja al- terações locais. o A hipersensibilidade local, aliada aos achados de febre, tosse e expectoração, su- gere quadro de sinusite. Sinal da vela o Parte do exame da cavidade oral (orosco- pia) consiste na observação de secreção pu- rulenta pela parede posterior da orofaringe, lembrando cera de vela derretida, que pode ser encontrado nos casos de sinusites. Nasofaringe o Pode ser avaliada com o uso de espelhos especiais, colocados através da boca, permi- tindo a avaliação da adenoide, porções pos- teriores dos pilares faríngeos e parede poste- rior da nasofaringe. Habitualmente é avaliada apenas pelos especialistas. Anatomia A cavidade oral é delimitada anteriormente e ocluída pelos lábios (superior e inferior), que são uma estrutura muscular revestida por epi- télio delicado e translúcido, hipervascularizada – daí a coloração avermelhada e a possibilida- Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 7 de de fazer diagnósticos de palidez e cianose através deles. Mucosas o As que recobrem a face interna das bo- chechas (chamada mucosa jugal) e a localiza- da entre os lábios e as gengivas (mucosa ves- tibular), a face interna dos lábios, o assoalho da boca e o palato mole têm epitélio não queratinizado – sendo mais intensamente avermelhados que as gengivas. o Esse dado é relevante para compreender- mos certas alterações encontradas nessas es- truturas, especialmente em sua coloração – como as placas esbranquiçadas encontradas em áreas de atrito ou cicatrização recorrente, que refletem áreas e espessamento do epité- lio, perdendo a transparência característica. Unindo as gengivas aos lábios existe o frênulo, prega mucosa na linha média. Língua o Formada por um feixe muscular, com fi- bras em várias direções e recoberta por papi- las gustativas, em sua camada superior. o Na face inferior não há papilas. A mucosa aqui é delgada e há um importante plexo ve- noso, constituindo uma área ideal para funci- onar como superfície de absorção para medi- camentos ou substâncias diretamente à cor- rente sanguínea. o Também possui um frênulo, que a conecta ao assoalho da boca. Ao lado do frênulo lin- gual emergem os ductos das glândulas sub- mandibulares (ductos de Wharton). Anamnese e queixas relaciona- das O exame seguirá os passos habituais de inspe- ção, complementada pela oroscopia. Lesões que sejam encontradas à inspeção de- verão ser palpadas, para delimitar sua exten- são, se são móveis, dolorosas e se há saída de secreção. Se o paciente usar prótese dentária, peça que retire para permitir a visualização da mucosa. A própria prótese pode causar traumatismo se não estiver bem ajustada, e processo repetido de lesão-reparação pode dar origem a pro- blemas mais graves ou postergar o diagnóstico de uma neoplasia, por exemplo. Lábios o Deformidades: podem ser congênitas, por traumas, queimaduras, cicatrizes. Atente para assimetrias, como no caso da paralisia facial, em que a rima labial se desvia para o lado não afetado; o Coloração: podemos inferir anemia a par- tir de palidez dos lábios e mucosa oral, assimcomo a cianose. Pacientes com exposição so- lar excessiva podem desenvolver queilite ac- tínica: lábios espessados e pálidos (pelo es- pessamento do epitélio, que perde a transpa- rência e fica opaco), com retração e perda da elasticidade. o Umidade dos lábios e da mucosa: parti- cipa da avaliação da hidratação sistêmica. o Edema: pode ocorrer edema dos lábios em casos de trauma local ou lesões localiza- das, como infecções e inflamações do próprio lábio ou estruturas adjacentes. o Nódulos: a maioria ligada a trauma repe- titivo, como mordedura, formando granulo- mas. A maior preocupação é a possibilidade de uma neoplasia. o Ulcerações: podem ocorrer por trauma ou neoplasias, mas um diferencial importante é a sífilis primária: Forma-se lesão similar à en- contrada nas lesões genitais: nódulo ulcera- do, indolor, endurado, sem secreção. Surge entre 1-6 semanas após a infecção e se resol- ve entre 2-6 semanas, sem deixar sequelas. o Rachaduras: podem ocorrer pequenas ra- chaduras por variações importantes de umi- dade e temperatura, exposição solar excessi- va, ou em associação com condições autoi- munes, como a gastrite atrófica. Geralmente são lesões pequenas, dolorosas e autolimita- das, resolvendo-se em no máximo uma se- mana. Outra lesão com aspecto de rachadu- ras é a queilite angular: a pele nos cantos da boca fica macerada, com amolecimento do epitélio e formação de fissuras. Pode decorrer de deficiência de vitaminas, por problemas na oclusão labial (por problemas neurológicos, p. ex.), por oclusão com excesso de força (como ocorre nos pacientes edentados). Pode ou não haver infecção fúngica local por Can- dida albicans – o chamado “sapinho”. Nestes casos, há hiperemia marginal às lesões, dor mais intensa e eventualmente formação de placas esbranquiçadas sobre as fissuras. Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 8 o Vesículas: nos casos de herpes simples, há formação de placas com vesículas aglomera- das, sobre base eritematosa. São dolorosas e recidivam sempre na mesma localização, quando ocorre queda da imunidade. Têm conteúdo líquido seroso, transparente a ama- relado. Depois que se rompem, formam cros- tas amarelo-acastanhadas. o Movimentos involuntários: fasciculações (pequenos tremores localizados) no canto dos lábios, por exemplo, podem ser um indi- cador de hipocalcemia (sinal de Trousseau). Mandíbula e articulação temporomandibu- lar (ATM) o Disfunções da ATM podem causar queixas como cefaleia temporal (com características similares à cefaleia tensional, porém bem lo- calizada e recorrente), que pode ter piora com a mastigação. o Pode ainda haver dor na própria articula- ção ou otalgia referida – daí a importância de avaliar a ATM nos pacientes com queixa de otalgia, especialmente se não for aguda. o As alterações podem ser ocasionadas por côndilos malformados, traumas anteriores da articulação, hemartrose (por trauma ou cirur- gia prévia), tensão muscular excessiva (como na ansiedade ou estresse), desvios da oclusão e mastigação. o Questione as características da dor: se acompanha alterações auditivas, tontura, ins- tabilidade, sensação de plenitude auricular – nestes casos, provavelmente a dor é de fato causada por problemas nas orelhas. o Estalidos à abertura oral, dor à palpação do côndilo, trismo (travar com a boca fecha- da ou entreaberta) são queixas mais sugesti- vas de alteração da ATM. o Questione se houve algum trauma, trata- mento ortodôntico prévio – vícios de oclusão oral (mordida cruzada, p. ex.) -, prognatismo, micrognatismo, próteses dentárias mal adap- tadas, extrações dentárias múltiplas. São situ- ações em que cronicamente o paciente tenta (inconscientemente) mobilizar a mandíbula para ajuste durante mordida e mastigação. Causa microtraumas e inflamação crônica do côndilo. o Palpação do côndilo em repouso e em movimento (mantenha alguma compressão com os dedos em torno dos côndilos e peça ao paciente que abra e feche a boca algumas vezes). o Atente para dor à palpação estática ou di- nâmica e para possíveis estalos ou crepitação articular. Essa palpação não deveria causar dor em condições normais. o Observe enquanto o paciente abre e fecha a mandíbula, para notar se há desvios no sentido lateral ou anterior durante a movi- mentação. o Em relação à mandíbula, pode haver trau- ma local, fraturas, formação de cistos, absces- sos odontogênicos, tumores ósseos primários ou mesmo metastáticos. o Em caso de dor mandibular, deve-se exa- minar os dentes e gengivas, palpar o local apontado como doloroso – e complementar a palpação internamente à cavidade oral, cal- çando luvas. Na maioria dos casos, essa in- vestigação é feita por odontologistas. o Outra queixa possível (não necessariamen- te associada à dor na ATM, mas com origem similar em tensão muscular, ansiedade e es- tresse) é o bruxismo, ou ranger os dentes, es- pecialmente à noite, durante o sono. Tam- bém pode ser melhorado ou completamente corrigido com o uso de placas corretivas. Gengivas e mucosa oral o Avalie a mucosa jugal, vestibular e sublin- gual, além do palato e do assoalho da boca, abaixo da língua. o Algumas substâncias podem se depositar nas gengivas, mudando sua coloração – caso de intoxicação por metais pesados. o Vesículas nas mucosas podem ser encon- tradas na doença mão-pé-boca – quadro viral que cursa com lesões nessas estruturas, dolo- rosas, acompanhadas de febre e mais comum na infância. o Outro diferencial para lesões vesiculares é o pênfigo vulgar, doença autoimune que po- de também formar lesões bolhosas na pele. o Vesículas ou bolhas em mucosa oral em um paciente com quadro alérgico pode cor- responder à forma mais grave das reações alérgicas, a síndrome de StevensJohnson. o Formação de placas elevadas, discreta- mente elevadas, de formato ovalado, reco- bertas por membrana acinzentada nas áreas Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 9 de mucosa, em lábios, língua, palato, faringe – em qualquer estrutura oral, enfim -, pode acontecer nos quadros de sífilis secundária. As lesões são extremamente contagiosas e devem ser manuseadas sempre com luvas. o Fenda palatina é uma malformação con- gênita em que o palato não se forma com- pletamente e ocorre comunicação entre a na- so e a orofaringe, ou mesmo entre a cavidade nasal e oral. Muitas vezes, acompanha o lábio leporino. Glândulas salivares o Queixa de xerostomia ou boca seca (saliva insuficiente) pode ocorrer em lesões das glândulas salivares, em condições autoimu- nes que causam destruição ou seu mau fun- cionamento, ou em decorrência de medica- mentos que reduzem a produção de saliva, como os anticolinérgicos. o As glândulas devem ser palpadas – as pa- rótidas externamente, sobre os ramos das mandíbulas; as glândulas submandibulares e submentonianas, preferencialmente por pal- pação bimanual – uma mão examina o assoa- lho da boca, internamente, enquanto a outra mão pesquisa lesões externamente. o Essa manobra deve ser realizada para qualquer lesão encontrada no assoalho da boca, não apenas na investigação das glân- dulas salivares. o Excesso de produção salivar pode ocorrer em alguns quadros inflamatórios ou na fase de nascimento dos dentes, porém mais co- mumente estão ligados a medicamentos. o Sialoadenites são os quadros inflamatórios das glândulas salivares por bactérias ou vírus, pela obstrução da drenagem pelos ductos. Acomete com mais frequência a parótida. o Sialolitíase é a formação de pequenos cál- culos no interior da glândula, que pode obs- truir a drenagem pelos ductos, ou ser expeli- da, causando dor e inflamação no trajeto. O mais frequente é acometer as submandibula-res, e pode necessitar de tratamento cirúrgi- co. Uma característica das obstruções parciais da drenagem salivar é formar uma tumoração local durante a mastigação, que desaparece após a refeição. Língua o As superfícies laterais e inferior da língua e o assoalho da boca são os locais mais fre- quentes de neoplasias de boca. o Busque ulcerações, lesões esbranquiçadas ou avermelhadas, nódulos ou ulcerações. Principalmente em homens, acima de 50 anos, tabagistas ou que masquem fumo. o Todo nódulo ou úlcera persistente deve ser considerado suspeito, principalmente se for endurecido, recorrer no mesmo local, de- morar demais para cicatrizar. Palpe todas as lesões encontradas. o Anquiloglossia é a condição causada por frênulo lingual curto, que interfere na mobili- dade lingual e atrapalha a fonação – popu- larmente conhecida como língua presa. o Avalie o aspecto da língua, nas superfícies superior, laterais e inferior. Busque nódulos, fissuras, úlceras, alterações de coloração, pre- sença de saburra e seu aspecto. o Saburra é a camada formada pelas papilas filiformes, que pode ter aspecto de placas ou depósitos, acarpetando a superfície superior da língua, e que pode mudar de aspecto em algumas condições ou tratamentos médicos. o Verifique o padrão de distribuição das pa- pilas. Muitas alterações foram associadas à falta de vitaminas (principalmente do com- plexo B) ou outros nutrientes. o Dor lingual: dor local ou excesso de sen- sibilidade podem ser sinais de quadros infla- matórios. Podem estar ligados a trauma, in- fecção local, formação de aftas ou deficiên- cias vitamínicas. o Fissuras na língua: Condição comum é a língua fissurada ou escrotal: toda a superfície lingual forma pregas curvas, profundas, indolo- res, lembrando o aspecto das pregas da bolsa escrotal. Não tem significado pa- tológico. É uma variação da normalida- de encontrada em algumas pessoas e é Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 10 mais comum entre indivíduos com sín- drome de Down. Pode haver acúmulo de resíduos ali- mentares, causando mau hálito. Outra causa de fissuras é a glossite – quadro inflamatório geralmente benig- no, que pode estar ligado a carências nutricionais ou não ter explicação clara. Outra causa possível é o trauma, como mastigação acidental da língua, cau- sando cortes. o Edema: pode ocorrer nos quadros infla- matórios ou alérgicos. o Língua geográfica Também denominada glossite inflama- tória benigna. O dorso da língua tem áreas de desco- loração, formando áreas avermelhadas, com poucas papilas, entremeadas com áreas de aspecto normal. Lembra o desenho de um mapa, e as lesões mudam de local com o tempo. Pode piorar com o estresse e estar as- sociada a deficiências nutricionais, ou ser simplesmente hereditárias, sem sig- nificado clínico. o Língua careca Língua lisa, completamente ou quase completamente sem papilas, de aspec- to avermelhado brilhante e dolorosa. Também denominada glossite atrófica. Pode ser encontrada em pacientes em tratamentos quimioterápicos ou em de- ficiência vitamínica. o Língua pilosa Hipertrofia de papilas filiformes e com depósito de queratina, dando aspecto de fibras longas no dorso da língua. Pode ser branca ou escurecida – neste caso, pode estar associada à infecção fúngica. o Leucoplasia ou leucoplaquia Áreas formando placas de mucosa es- branquiçada (queratose) nas superfícies laterais ou inferior da língua, indolor, persistente. Diagnóstico diferencial com carcinoma espinocelular da língua em fase inicial, do qual precisa ser diferenciado através de biópsia – especialmente em pacien- tes com mais de 40 anos. Outros diferenciais são candidíase e lí- quen plano. o Leucoplaquia pilosa Áreas esbranquiçadas e elevadas, nas laterais da língua. Lembra a leucoplaquia simples, mas com aspecto piloso ou aveludado – lembrando placas de candidíase. As lesões não são removidas com ras- pagem. Seu achado é associado a infecções pe- lo HIV. o Sarcoma de Kaposi Tumores vasculares, associados a imu- nossupressão grave – especialmente à síndrome da imunodeficiência adquiri- da (Sida) sem tratamento (ou avança- da). São lesões elevadas, vermelhas a arro- xeadas, de superfície algo irregular e que podem sangrar muito ao sofrerem trauma. Podem acometer qualquer estrutura da cavidade oral – e de outros órgãos ou da pele. Associado a contato prévio com o her- pes vírus HHV-8. o Monilíase oral Infecção pelo fungo Candida albicans. Pode acometer qualquer estrutura oral, bem como a faringe e o esôfago. Forma placas brancas espessas, de ta- manho variável, muito dolorosas. Seu achado deve apontar para imunos- supressão: infecção pelo HIV, neoplasi- as ou tratamento com quimioterápicos, uso de corticosteroide tópico ou sistê- mico ou de imunossupressores. Faringe o A queixa mais frequente em relação à fa- ringe é a dor de garganta. o As tonsilas palatinas são frequentemente acionadas em diversos quadros infecciosos sistêmicos – sobretudo aqueles que são ad- quiridos por via aérea ou contato oral, como a mononucleose (“doença do beijo”) ou di- versas infecções das vias aéreas superiores, por serem parte do sistema linfoide. Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 11 o Diante dessa queixa, questione duração, recorrência, sintomas associados, como cori- za, tosse, hemoptise, rouquidão, odinofagia (dor ao deglutir) ou disfagia (disfunção para deglutir, sensação de parada do alimento ou engasgos). o Questione (e busque) presença de linfo- nodos cervicais. o Questione ainda exposição a agentes quí- micos, poeira excessiva ou gases tóxicos, bem como alergias conhecidas. o Outros dados importantes são uso exces- sivo da voz – como cantores e professores -, ou o hábito de falar frequentemente em lo- cais com ruído excessivo e inquirir a carga ta- bágica do paciente, uso de drogas, transfu- sões prévias, internações anteriores – especi- almente se houve necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica, que pode causar lesões na laringe, pregas vocais ou traqueia. o Toda dor de garganta com duração acima de 3 semanas é considerada prolongada e deve ser investigada. O mesmo vale para rouquidão, disfagia ou odinofagia prolonga- das. Esses quadros podem ser associados a inflamações e infecções locais ou sistêmicas, ou ainda a neoplasias. A investigação é feita com laringoscopia indireta ou com nasofi- broscopia, ou mesmo com laringoscopia dire- ta, sob anestesia geral. Tonsilas o Em adultos com mais de 20 anos, não cos- tumam mais ser visualizadas, a menos que estejam hipertrofiadas por quadro inflamató- rio. o As tonsilas normais (fisiológicas até essa idade) são estruturas afiladas, de superfície levemente irregular, de cor rósea. Possui pe- quenas “perfurações” – as criptas, áreas de invaginação profundas do epitélio. o Pode formar-se um acúmulo esbranquiça- do, proteico e de restos celulares descama- dos, nessas criptas – o caseum, que pode se soltar e ser expelido com a tosse. Caseum é uma das possíveis causas de mau hálito. o Tonsilites Há aumento do volume, perda do for- mato, tornando-se edemaciadas, arre- dondadas. O grau de hiperemia é variável – pode estar ausente até causar lesões inten- samente avermelhadas. Forma-se secreção de aspecto e quan- tidade variável com o quadro: nas in- fecções virais, apenas pontos amarelo- esbranquiçados, geralmente com hipe- remia leve a moderada. o Nas infecções bacterianas, formam-se pla- cas de pus mais fluido ou mais espesso. Ge- ralmente, acompanham febre e linfadenopa-tia. o A hipertrofia unilateral de tonsila não é frequente e deve ser monitorada – caso não se resolva em até 2 semanas, deve-se levan- tar a hipótese de neoplasia, principalmente linfoma. o Pode haver inflamação dos pilares farín- geos e úvula, além das tonsilas – caracteri- zando faringite. Também pode ocorrer por infecções virais ou bacterianas. Disfonia (rouquidão) o Alteração das características da voz (mu- dança de timbre, voz mais grossa, áspera ou grave que o usual). o Pode ser causada por alterações da laringe (edema inflamatório ou alérgico, uso excessi- vo da voz, trauma – intubação orotraqueal, tosse vigorosa, corpo estranho –, calos, nódu- los e fissuras nas pregas vocais, DRGE, ou por lesões extrafaríngeas que causem compres- são de nervos laríngeos – tumores de tireoide ou outras lesões cervicais). o Pesquise exposições ocupacionais e hábi- tos. Agudamente, as causas mais prováveis são infecção e uso excessivo da voz. Se a du- ração for >2 semanas, deve ser feita a inves- tigação. Pensar em neoplasias especialmente em pacientes com história de etilismo ou ta- bagismo, tosse crônica, hemoptise, perda de peso, adenomegalia unilateral no pescoço. o Outra causa possível são alterações neuro- lógicas, como doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica ou miastenia gravis. Bus- que disfagia ou outros sinais e sintomas mo- tores associados. A laringoscopia ajuda a compreender o padrão de alteração motora presente.
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