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Semiologia Otorrinolaringológica

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Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
1 
 
Anatomia 
 
 
 Órgão sensorial abrigado no osso temporal 
 Orelha externa 
o Pavilhão acústico + canal auditivo externo 
o Pequena proeminência de cartilagem na 
porção anterior protege a entrada do meato 
– o tragus. 
o Porção solta e de textura macia abaixo do 
meato é o lóbulo. 
o Canal auditivo externo 
 Prolonga-se para o interior do crânio 
para dentro e para frente. 
 Inicialmente formado por cartilagem, 
revestido por pele, com pelos e glându-
las produtoras de cerume (função é re-
mover partículas acumuladas no interi-
or do canal, mantendo a lubrificação lo-
cal). 
 Depois passa a ser formado por osso 
revestido por pele, sem pelos. 
 Atrás e abaixo do meato está o proces-
so mastoide, projeção do osso tempo-
ral, que forma uma proeminência pal-
pável atrás da orelha. 
 Porção final marcada pela presença da 
membrana timpânica que delimita a 
fronteira com a OM. 
 Orelha média 
o Câmara preenchida por ar, onde se encon-
tram os 3 ossículos da audição: 
 Martelo, bigorna e estribo: transmitem 
as vibrações captadas pelo tímpano pa-
ra a OI. 
o Encontra-se uma das extremidades da tu-
ba auditiva, que a conecta à nasofaringe – 
motivo pelo qual frequentemente infecções 
respiratórias altas podem ser complicadas 
com o desenvolvimento de otites. 
 
 Orelha interna 
o Constituída por um conjunto de canais e 
cavidades no interior da porção petrosa do 
osso temporal. O labirinto ósseo, dentro do 
qual um sistema de ductos e vesículas forma 
o labirinto membranoso (responsável por 2 
aparelhos receptores diferentes: vestíbulo e 
canais semicirculares formam o sistema vesti-
bular; e cóclea, o sistema auditivo). 
o O estribo encontra a janela oval, tracio-
nando ou empurrando de acordo com as vi-
brações captadas pela MT e fazendo vibrar a 
perilinfa nos canais semicirculares e a endo-
linfa da cóclea, produzindo impulsos nervo-
sos que são transmitidos pelo N. vestibuloco-
clear (NC VIII) para o SNC. 
o Para uma audição perfeita, deve acontecer 
a transmissão das ondas sonoras do meio ex-
terno até as terminações do NC VIII (fase 
condutiva) e a transmissão deste ponto até o 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
2 
 
SNC, através do nervo e vias auditivas, até o 
córtex (fase neurossensorial). 
o Canais semicirculares são 3 em cada ore-
lha: 
 Anterior (ou superior), posterior e late-
ral. 
 Possuem estruturas especializadas para 
detectar e informar ao SNC a posição 
em que a cabeça se encontra e se está 
em movimento ou estática. 
 Fazem parte do sistema de controle do 
equilíbrio corporal; fornecem informa-
ções que serão integradas a dados vi-
suais e aferências sensitivas dos mem-
bros, permitindo controle e ajustes da 
postura conforme necessário. 
Anamnese otológica 
 Questionar sobre a função auditiva e as carac-
terísticas da audição. 
 Atentar-se ao volume da voz com que o paci-
ente fala – pacientes com perda neurossenso-
rial falam alto e aqueles com perda condutiva 
tendem a falar baixo. 
 Atentar-se para a reação do paciente enquanto 
falam com ele, buscando sinais de perda audi-
tiva: 
o Use intensidades vocais diferentes e pro-
cure falar com ele durante partes do exame 
em que se posicione atrás dele, avaliando se 
é capaz de ouvir sem leitura facial. 
 Questione ativamente se está escutando nor-
malmente ou notou alterações. 
o Se houver perda auditiva, esta é uni ou bi-
lateral? Teve início brusco ou instalação gra-
dual? Há quanto tempo notou? Está estável 
ou progredindo? Possui sintomas associados 
– dor, saída de secreção, tonturas? 
 Perdas neurossensoriais: 
o O paciente relata pouca compreensão da 
fala, com piora em ambientes mais ruidosos. 
 Nas perdas condutivas, o ambiente tem pouca 
influência. 
 Alterações das OE e OM afetam a fase condu-
tiva e podem ter múltiplas origens: 
o Corpos estranhos no conduto externo, ro-
lhas de impactação de cerume, acúmulo de 
secreção na OM, perfuração e espessamento 
timpânicos, tumorações no conduto. 
 Alterações das estruturas da OI podem lesar a 
fase neurossensorial: 
o Certos medicamentos ototóxicos, infec-
ções como meningites, rubéola, CMV, exposi-
ção a ruídos excessivos, neuroma do acústico, 
doença de Menière (ligada a alterações do 
metabolismo glicolipídico), causas congêni-
tas, presbiacusia, condições hereditárias. 
 Fatores de risco para hipoacusia: 
o Pacientes com antecedente de déficit au-
ditivo familiar; que sofrem ou sofreram expo-
sição a ruídos intensos em ambientes de tra-
balho ou estiveram expostos a sons como 
explosões ou campos de batalha; com diag-
nósticos de sífilis e rubéola ou que resolve-
ram quadros de meningites bacterianas. 
 Otalgia: 
o Quando presente, pode estar relacionada 
aos processos infecciosos das OE e OM. 
o Pesquise se há secreção associada e seu 
aspecto, se tem ou teve febre, quadro respi-
ratório associado ou precedendo a queixa, se 
nota dor à mastigação, dor de garganta. 
o Dor das otites agudas – média e externa – 
costuma ser intensa e bastante incapacitante. 
o Nas dores leves a moderadas, cogitar ou-
tros diagnósticos, como disfunção da ATM, 
lesões da naso ou orofaringe ou mesmo do 
pescoço. 
 Otorreia: 
o Saída de secreção pela orelha. 
o Mais frequentemente se origina na OE. 
o Pesquise aspecto (seroso, purulento, san-
guinolento) e quantidade, se há dor associa-
da ou alteração auditiva (a secreção pode ter 
origem na OM e ocorrer perfuração da MP 
para sua drenagem), se houve trauma local. 
o Em caso de secreções hialinas, inquirir 
traumatismo craniano. 
 Tinnitus e outros sons anormais: 
o Tinnitus (tinido, zumbido): percepção de 
som não associado a estímulo externo. 
o Na maioria das causas se origina na OI. 
o Pode ser uni ou bilateral e acompanhar ou 
não perda auditiva. 
o Pode estar associado ao uso de medica-
mentos ototóxicos, idade e degeneração au-
ditiva, ou a alterações metabólicas, como no 
caso da doença de Menière. 
o Pode acontecer por variações bruscas da 
pressão no interior da OM, como em mergu-
lhos ou viagens. 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
3 
 
 Uso de medicamentos (AAS, aminoglicosí-
deos, quinino, furosemida, ácido etacrínico, 
cisplatina, carboplatina e outros) pode levar a 
alterações da OI. 
 Alterações do equilíbrio: 
o Vertigem: percepção de que o paciente ou 
o ambiente está rodando, frequentemente 
associada a náuseas e vômitos. Sugere altera-
ções do labirinto, OI, do NC VIII ou do SNC. 
o Tontura rotatória geralmente indica altera-
ções do labirinto, cerebelo ou tronco cere-
bral; exame neurológico é fundamental. 
o Tente caracterizar se a tontura é realmente 
rotatória (“a sala gira?”), se há piora ao colo-
car a cabeça em determinada posição, se há 
sintomas auditivos associados – todas essas 
informações, quando positivas, sugerem le-
são do labirinto. 
o Se houver sensação de desmaio (pré-
síncope), fraqueza localizada de algum mem-
bro ou parte do corpo, ataxia, diplopia, disar-
tria, alterações da marcha, provavelmente há 
lesão central ou de outros sistemas. 
 Diferencie o quadro da cinetose: 
o Sensação de enjoo, frequentemente com 
vômitos, causada por viagens em ambientes 
relativamente fechados e com variações fre-
quentes de posição: automóveis em estradas 
irregulares ou sem aberturas para o meio ex-
terno, viagens de barco ou de avião. 
o Esses quadros são causados por desbalan-
ço das informações passadas pelos labirintos 
e pelas outras aferências (principalmente vi-
suais) ao SNC. 
o Geralmente é recorrente nessas mesmas 
situações. Causa importante desconforto, 
mas é benigna. O exame clínico – principal-
menteo neurológico – deve ser normal. 
Exames clínicos 
 Inspeção 
o Buscar assimetrias, sinais flogísticos, ede-
ma, pigmentação, alterações do formato; 
atresia (ausência por falta de formação do 
pavilhão auricular ou do canal auditivo; pode 
ser parcial ou completa) ou remoção cirúrgica 
ou por trauma. 
o Atentar-se para lesões de pele, cicatrizes, 
queloides, tumores, edema, infecções, úlce-
ras. Ausência de partes do lobo ou da hélix 
pode estar ligada a trauma, infecções, brincos 
tracionados, uso de dilatadores. 
o Pericondrite: infecção da pele e dos teci-
dos ao redor da cartilagem, geralmente dolo-
rosa e pode estar relacionada a trauma. 
o Se houver queixa de otalgia ou otorreia, 
desloque o pavilhão auricular para cima e pa-
ra baixo, comprima o trago e a mastoide - o 
tracionamento provoca dor na otite externa e 
não na média ou na dor referida, originada 
na ATM. 
o Dor na mastoide pode ser encontrada na 
otite média, e deve levantar a HD de mastoi-
dite. Avalie também a mastoide, verificando 
se há edema ou hiperemia local. A mastoidite 
é uma das complicações dos quadros de otite 
média, e pode agravar o estado do paciente. 
 Otoscopia 
o Inicialmente, solicita-se ao paciente para 
inclinar a cabeça na direção oposta da orelha 
a ser examinada. 
o Segure e tracione delicadamente a orelha 
do paciente para trás e para cima, para retifi-
car o canal auditivo externo. 
o A orientação do otoscópio anterior e infe-
riormente facilita o reconhecimento da MT. 
o Sempre inicie pela orelha menos sintomá-
tica. 
o 1º passo – deve-se ater aos aspectos do 
conduto auditivo externo: Note se há hipe-
remia, drenagem de secreção ou sangramen-
tos, deformidades, corpos estranhos, disposi-
tivos de drenagem timpânica. 
o 2º passo – avaliar a MT detendo-se em as-
pectos como: transparência, coloração, posi-
cionamento e possíveis alterações (placas de 
esclerose ou perfurações). 
o Normalmente, vemos o reflexo luminoso 
na MT – se estiver ausente, pode haver es-
pessamento da estrutura. 
o Pode haver cerume acumulado no trajeto, 
obstruindo a visualização da MT. 
 Testes com diapasão 
o Ajudam a diferenciar se a perda auditiva é 
condutiva ou neurossensorial. 
o Possuem baixas sensibilidade e especifici-
dade, mas são simples e permitem o adequa-
do encaminhamento do paciente. 
o Os testes são realizados comparando a in-
tensidade do som entre os ouvidos - se a 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
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perda for bilateral ou mista, não terão papel 
relevante. 
o Primeiro, faça vibrar o diapasão com um 
golpe firme contra sua mão ou coxa, e apro-
xime-o dos ouvidos do paciente, para que 
ouça o som simples. Peça que compare em 
qual lado ouve melhor. 
o Teste de Rinne: 
 Primeiro testar a condução aérea - ative 
o diapasão e posicione próximo ao ou-
vido do paciente. Depois, ainda com o 
diapasão vibrando, apoie-o sobre a 
mastoide e compare a intensidade do 
som - habitualmente é mais audível a 
condução aérea do que a óssea, a me-
nos que haja perda condutiva, com difi-
culdade de transmissão do som pelo ar, 
sem que se altere a condução óssea. 
Teste um ouvido de cada vez, desde o 
início. 
o Teste de Weber: 
 Faça vibrar o diapasão e o posicione na 
linha média da cabeça – na fronte ou 
no ponto mais alto do crânio. Normal-
mente, o paciente deve ouvir o som 
não muito intenso, em ambas as ore-
lhas, sem um lado preferencial. Caso 
haja obstrução da condução aérea em 
uma das orelhas, o som parecerá se di-
rigir especial e intensamente em dire-
ção a essa orelha, graças à condução 
óssea. Em pacientes sem queixa, pode 
gerar resultado falso-positivo. 
 
Anatomia 
 O nariz é dividido em 2 cavidades pelo septo 
nasal. 
 As cavidades que ligam ao meio externo são as 
narinas, que se abrem externamente nos vestí-
bulos, que em sua porção lateral são revesti-
dos por pele com pelos – as vibrissas. 
 Na porção medial, sobre o septo, o revesti-
mento é de mucosa, que é hipervascularizada. 
Com frequência o septo se encontra desviado 
para um dos lados – e isso pode ocorrer de modo 
constitucional ou após um trauma local. O desvio 
do septo pode não ter qualquer consequência 
clínica para o paciente, mas, dependendo do grau 
de desvio, pode causar obstrução da drenagem 
dos seios paranasais, que desembocam nos mea-
tos entre as conchas nasais, ocasionando retenção 
de secreções, que pode evoluir para sinusites de 
repetição. Em casos mais graves, pode haver per-
da do fluxo aéreo por aquela narina. 
 Seios paranasais 
o Cavidades aeradas no interior de ossos 
que formam a face e parte da estrutura do 
crânio e recebem os nomes dos ossos em 
que se encontram. 
o São eles: seios frontais direito e esquerdo, 
seios maxilares direito e esquerdo, células 
etmoidais direitas e esquerdas e seio esfe-
noidal. 
o Revestidos por mucosa e produzem muco, 
que auxilia na limpeza e umidificação do ar 
respirado. 
o A maioria dos seios drena para o meato 
médio, com seus orifícios de difícil visualiza-
ção. O ducto nasolacrimal drena para o mea-
to inferior. 
o Os seios frontais e maxilares são facilmen-
te acessíveis para exame. 
 
Anamnese e queixas relaciona-
das 
 Rinorreia 
o Corrimento nasal ou coriza. 
o Aspecto, duração, sintomas associados 
(espirros, febre, prurido nasal, ocular ou na 
faringe, dor de garganta) 
o Na rinite alérgica, é frequente o achado de 
rinorreia hialina (transparente) ou serosa 
(lembrando o soro – fluido, transparente), 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
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com prurido e espirros em série, especial-
mente quando exposto a alérgenos. 
o Já nas infecções de vias aéreas superiores 
(IVAS), a coriza geralmente se inicia hialina e 
pode se tornar mais turva e espessa à medida 
que aumenta a concentração de leucócitos 
em sua composição. 
o Aspecto francamente purulento, textura 
pegajosa, coloração esverdeada ou piossan-
guinolenta (mista de sangue e pus)  possi-
bilidade de infecção bacteriana, especialmen-
te se associada à febre alta. 
o Pacientes com rinorreia hialina persistente, 
sem evidências de quadro alérgico, devem 
ser inquiridos quanto a traumatismo craniano 
prévio – pode ocorrer fístula nasoliquórica, 
com extravasamento de líquor pela cavidade 
nasal. 
 Epistaxe 
o Sangramento nasal. 
o Pode ser proveniente de diversas estrutu-
ras: mucosa da cavidade, seios paranasais, 
nasofaringe. 
o Questione trauma, hábito de manipular o 
nariz (como a mucosa é hipervascularizada, a 
principal causa é traumatismo local com os 
dedos do próprio paciente). 
o Pode ocorrer espontaneamente, especial-
mente em situações com vasodilatação im-
portante – após exposição ao sol ou exercí-
cios intensos, ou ainda se houver lesões na 
mucosa (inflamatórias ou tumorais), resseca-
mento da mucosa (umidade do ar muito bai-
xa, usuários de oxigênio em cateter nasal), ou 
com anormalidades nos vasos da mucosa. 
o Pesquisar se a queixa é uni ou bilateral. 
o Quando bilateral, sugere condições sistê-
micas, como hiperfluxo por HAS mal contro-
lada ou coagulopatias, além de lesões na na-
sofaringe – porém os sangramentos oriundos 
de regiões mais posteriores dificilmente são 
exteriorizados como epistaxe 
o O mais frequente é causarem hemoptise 
(tosse com eliminação de sangue) ou hema-
têmese (vômito com sangue, posto que esti-
mulam a região posterior da orofaringe e 
disparam reflexo nauseoso). 
o O sangramento mais corriqueiro é o da 
região anterior do septo (área de Kisselbach), 
que pode ser controlado inicialmente com a 
compressão bidigital da pirâmide nasal. 
o É importante orientar o paciente que não 
levante a cabeça, o que simplesmente faz 
com que ele degluta o sangue proveniente 
do nariz, o que mais tarde o fará vomitar, 
poiso sangue é altamente irritante para a 
mucosa gástrica. 
 Congestão ou obstrução nasal 
o Quando as áreas de mucosa hipervascula-
rizada sofrem congestão – por processos in-
flamatórios, infecciosos ou alérgicos -, passa 
a haver dificuldade para o trajeto do ar entre 
elas, causando a sensação de nariz “entupi-
do”. 
o Questione recorrência, rinorreia, exposição 
a alérgenos ou outras pessoas com quadro 
similar, presença de sintomas infecciosos (fe-
bre, cefaleia, dor no corpo). 
o Quando persistente e unilateral, deve-se 
pensar em problemas localizados naquela ca-
vidade nasal: desvio do septo, pólipos, pre-
sença de corpo estranho (especialmente em 
crianças), granulomas ou mesmo tumores. 
o Em crianças, a obstrução bilateral pode ser 
causada por hipertrofia da adenoide, estrutu-
ra do sistema imune localizada na nasofarin-
ge, atrás das estruturas nasais. 
o Obstrução nasal frequentemente causa 
respiração bucal, que por consequência causa 
roncos e boca seca, e facilita infecções respi-
ratórias. 
 Gotejamento pós-nasal 
o Sensação de secreção no fundo do nariz 
ou irritando a garganta, causando desconfor-
to na nasofaringe. 
o Pode cursar com tosse e dificuldade para 
expectorar essa secreção. 
o Frequente nas IVAS, especialmente nas si-
nusites dos seios etmoidais e esfenoidal. 
 Dor na topografia dos seios faciais: 
o Não é necessariamente sinônimo de sinu-
site. 
o Para se considerar sinusite, deve haver 
tosse, expectoração ou gotejamento pós-
nasal. 
o A secreção, quando ocorre drenagem, po-
de ser anterior (pelo nariz) ou posterior (pela 
faringe), e na maior parte dos casos é puru-
lenta e fétida, o que ocasiona a cacosmia 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
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(percepção de odores fétidos) tanto objetiva 
quanto subjetiva. 
o O seio mais frequentemente acometido no 
adulto é o maxilar. 
o A sinusite ocorre, na maioria das vezes, 
por complicação de infecção viral inicial – 
aumenta a produção de muco por todo o 
epitélio respiratório do trato superior, e ocor-
re edema da mucosa. Como os orifícios de 
drenagem dos seios paranasais são estreitos, 
esse edema pode obstruir a drenagem do 
muco, ocasionando sua retenção e facilitando 
a colonização local por vírus, bactérias ou 
fungos. 
o Fatores de risco para desenvolver sinusi-
tes: alterações anatômicas que prejudiquem a 
drenagem dos seios (desvios de septo, póli-
pos, corpos estranhos; tabagismo – reduz o 
número e a motilidade dos cílios que remo-
vem as partículas inspiradas, facilitando o 
acúmulo de secreção e o acesso de bactérias; 
imunossuprimidos e aqueles que passaram 
recentemente por infecção viral do trato res-
piratório superior). 
Exames clínicos 
 Nariz 
o Inspeção simples em busca de assimetrias 
(retrações, cicatrizes, desvio de septo; uma 
discreta assimetria é normal), ulcerações, tu-
mores de pele ou partes moles, nódulos ou 
edema. 
o Alterações do formato, como nariz em sela 
(encontrado nos casos de sífilis congênita). 
o Podemos ainda encontrar desabamento 
da estrutura nasal com casos de lesões des-
trutivas (alguns tumores agressivos, blastomi-
cose, leishmaniose cutaneomucosa, hansení-
ase). 
o Alteração comum em idosos é o rinofima: 
aumento do volume nasal, com hipervascula-
rização, espessamento da pele e hiperemia. 
o Observe o nariz durante inspiração pro-
funda, notando se ocorre colapso das nari-
nas, formando uma válvula – sugere fraqueza 
das paredes nasais e pode ser uma causa de 
respiração desconfortável. 
 Narinas 
o Inicialmente pedir ao paciente para esten-
der o pescoço e prender a respiração por al-
guns segundos. 
o Levante delicadamente a ponta do nariz e 
ilumine os vestíbulos com a ajuda de uma 
pequena lanterna ou com a luz do otoscópio. 
o Busque por edema, úlceras, crostas, póli-
pos, perfurações. 
o Examine uma narina por vez e compare-as. 
o Busque avaliar a coloração da mucosa 
(pode ficar pálida nos processos alérgicos e 
hiperemiada nos inflamatórios), alterações 
nos vasos, presença e aspecto de secreção ou 
de úlceras. 
 Seios paranasais faciais 
o Comprima a parte óssea das sobrancelhas, 
de baixo para cima, para palpar os seios fron-
tais. O mesmo em relação aos seios maxilares 
– faça a compressão de baixo para cima, na 
região malar. Essa compressão não causa dor 
em condições normais. 
o Pode ser feita a percussão das projeções 
dos seios sobre a fronte e a face, com delica-
deza, e com a mesma técnica utilizada para a 
percussão torácica ou abdominal. Assim co-
mo a palpação, a percussão dos seios faciais 
não deveria causar dor, a menos que haja al-
terações locais. 
o A hipersensibilidade local, aliada aos 
achados de febre, tosse e expectoração, su-
gere quadro de sinusite. 
 Sinal da vela 
o Parte do exame da cavidade oral (orosco-
pia) consiste na observação de secreção pu-
rulenta pela parede posterior da orofaringe, 
lembrando cera de vela derretida, que pode 
ser encontrado nos casos de sinusites. 
 Nasofaringe 
o Pode ser avaliada com o uso de espelhos 
especiais, colocados através da boca, permi-
tindo a avaliação da adenoide, porções pos-
teriores dos pilares faríngeos e parede poste-
rior da nasofaringe. Habitualmente é avaliada 
apenas pelos especialistas. 
Anatomia 
 A cavidade oral é delimitada anteriormente e 
ocluída pelos lábios (superior e inferior), que 
são uma estrutura muscular revestida por epi-
télio delicado e translúcido, hipervascularizada 
– daí a coloração avermelhada e a possibilida-
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
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de de fazer diagnósticos de palidez e cianose 
através deles. 
 Mucosas 
o As que recobrem a face interna das bo-
chechas (chamada mucosa jugal) e a localiza-
da entre os lábios e as gengivas (mucosa ves-
tibular), a face interna dos lábios, o assoalho 
da boca e o palato mole têm epitélio não 
queratinizado – sendo mais intensamente 
avermelhados que as gengivas. 
o Esse dado é relevante para compreender-
mos certas alterações encontradas nessas es-
truturas, especialmente em sua coloração – 
como as placas esbranquiçadas encontradas 
em áreas de atrito ou cicatrização recorrente, 
que refletem áreas e espessamento do epité-
lio, perdendo a transparência característica. 
 Unindo as gengivas aos lábios existe o frênulo, 
prega mucosa na linha média. 
 Língua 
o Formada por um feixe muscular, com fi-
bras em várias direções e recoberta por papi-
las gustativas, em sua camada superior. 
o Na face inferior não há papilas. A mucosa 
aqui é delgada e há um importante plexo ve-
noso, constituindo uma área ideal para funci-
onar como superfície de absorção para medi-
camentos ou substâncias diretamente à cor-
rente sanguínea. 
o Também possui um frênulo, que a conecta 
ao assoalho da boca. Ao lado do frênulo lin-
gual emergem os ductos das glândulas sub-
mandibulares (ductos de Wharton). 
Anamnese e queixas relaciona-
das 
 O exame seguirá os passos habituais de inspe-
ção, complementada pela oroscopia. 
 Lesões que sejam encontradas à inspeção de-
verão ser palpadas, para delimitar sua exten-
são, se são móveis, dolorosas e se há saída de 
secreção. 
 Se o paciente usar prótese dentária, peça que 
retire para permitir a visualização da mucosa. A 
própria prótese pode causar traumatismo se 
não estiver bem ajustada, e processo repetido 
de lesão-reparação pode dar origem a pro-
blemas mais graves ou postergar o diagnóstico 
de uma neoplasia, por exemplo. 
 Lábios 
o Deformidades: podem ser congênitas, 
por traumas, queimaduras, cicatrizes. Atente 
para assimetrias, como no caso da paralisia 
facial, em que a rima labial se desvia para o 
lado não afetado; 
o Coloração: podemos inferir anemia a par-
tir de palidez dos lábios e mucosa oral, assimcomo a cianose. Pacientes com exposição so-
lar excessiva podem desenvolver queilite ac-
tínica: lábios espessados e pálidos (pelo es-
pessamento do epitélio, que perde a transpa-
rência e fica opaco), com retração e perda da 
elasticidade. 
o Umidade dos lábios e da mucosa: parti-
cipa da avaliação da hidratação sistêmica. 
o Edema: pode ocorrer edema dos lábios 
em casos de trauma local ou lesões localiza-
das, como infecções e inflamações do próprio 
lábio ou estruturas adjacentes. 
o Nódulos: a maioria ligada a trauma repe-
titivo, como mordedura, formando granulo-
mas. A maior preocupação é a possibilidade 
de uma neoplasia. 
o Ulcerações: podem ocorrer por trauma ou 
neoplasias, mas um diferencial importante é a 
sífilis primária: Forma-se lesão similar à en-
contrada nas lesões genitais: nódulo ulcera-
do, indolor, endurado, sem secreção. Surge 
entre 1-6 semanas após a infecção e se resol-
ve entre 2-6 semanas, sem deixar sequelas. 
o Rachaduras: podem ocorrer pequenas ra-
chaduras por variações importantes de umi-
dade e temperatura, exposição solar excessi-
va, ou em associação com condições autoi-
munes, como a gastrite atrófica. Geralmente 
são lesões pequenas, dolorosas e autolimita-
das, resolvendo-se em no máximo uma se-
mana. Outra lesão com aspecto de rachadu-
ras é a queilite angular: a pele nos cantos da 
boca fica macerada, com amolecimento do 
epitélio e formação de fissuras. Pode decorrer 
de deficiência de vitaminas, por problemas na 
oclusão labial (por problemas neurológicos, 
p. ex.), por oclusão com excesso de força 
(como ocorre nos pacientes edentados). Pode 
ou não haver infecção fúngica local por Can-
dida albicans – o chamado “sapinho”. Nestes 
casos, há hiperemia marginal às lesões, dor 
mais intensa e eventualmente formação de 
placas esbranquiçadas sobre as fissuras. 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
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o Vesículas: nos casos de herpes simples, há 
formação de placas com vesículas aglomera-
das, sobre base eritematosa. São dolorosas e 
recidivam sempre na mesma localização, 
quando ocorre queda da imunidade. Têm 
conteúdo líquido seroso, transparente a ama-
relado. Depois que se rompem, formam cros-
tas amarelo-acastanhadas. 
o Movimentos involuntários: fasciculações 
(pequenos tremores localizados) no canto 
dos lábios, por exemplo, podem ser um indi-
cador de hipocalcemia (sinal de Trousseau). 
 Mandíbula e articulação temporomandibu-
lar (ATM) 
o Disfunções da ATM podem causar queixas 
como cefaleia temporal (com características 
similares à cefaleia tensional, porém bem lo-
calizada e recorrente), que pode ter piora 
com a mastigação. 
o Pode ainda haver dor na própria articula-
ção ou otalgia referida – daí a importância 
de avaliar a ATM nos pacientes com queixa 
de otalgia, especialmente se não for aguda. 
o As alterações podem ser ocasionadas por 
côndilos malformados, traumas anteriores da 
articulação, hemartrose (por trauma ou cirur-
gia prévia), tensão muscular excessiva (como 
na ansiedade ou estresse), desvios da oclusão 
e mastigação. 
o Questione as características da dor: se 
acompanha alterações auditivas, tontura, ins-
tabilidade, sensação de plenitude auricular – 
nestes casos, provavelmente a dor é de fato 
causada por problemas nas orelhas. 
o Estalidos à abertura oral, dor à palpação 
do côndilo, trismo (travar com a boca fecha-
da ou entreaberta) são queixas mais sugesti-
vas de alteração da ATM. 
o Questione se houve algum trauma, trata-
mento ortodôntico prévio – vícios de oclusão 
oral (mordida cruzada, p. ex.) -, prognatismo, 
micrognatismo, próteses dentárias mal adap-
tadas, extrações dentárias múltiplas. São situ-
ações em que cronicamente o paciente tenta 
(inconscientemente) mobilizar a mandíbula 
para ajuste durante mordida e mastigação. 
Causa microtraumas e inflamação crônica do 
côndilo. 
o Palpação do côndilo em repouso e em 
movimento (mantenha alguma compressão 
com os dedos em torno dos côndilos e peça 
ao paciente que abra e feche a boca algumas 
vezes). 
o Atente para dor à palpação estática ou di-
nâmica e para possíveis estalos ou crepitação 
articular. Essa palpação não deveria causar 
dor em condições normais. 
o Observe enquanto o paciente abre e fecha 
a mandíbula, para notar se há desvios no 
sentido lateral ou anterior durante a movi-
mentação. 
o Em relação à mandíbula, pode haver trau-
ma local, fraturas, formação de cistos, absces-
sos odontogênicos, tumores ósseos primários 
ou mesmo metastáticos. 
o Em caso de dor mandibular, deve-se exa-
minar os dentes e gengivas, palpar o local 
apontado como doloroso – e complementar 
a palpação internamente à cavidade oral, cal-
çando luvas. Na maioria dos casos, essa in-
vestigação é feita por odontologistas. 
o Outra queixa possível (não necessariamen-
te associada à dor na ATM, mas com origem 
similar em tensão muscular, ansiedade e es-
tresse) é o bruxismo, ou ranger os dentes, es-
pecialmente à noite, durante o sono. Tam-
bém pode ser melhorado ou completamente 
corrigido com o uso de placas corretivas. 
 Gengivas e mucosa oral 
o Avalie a mucosa jugal, vestibular e sublin-
gual, além do palato e do assoalho da boca, 
abaixo da língua. 
o Algumas substâncias podem se depositar 
nas gengivas, mudando sua coloração – caso 
de intoxicação por metais pesados. 
o Vesículas nas mucosas podem ser encon-
tradas na doença mão-pé-boca – quadro viral 
que cursa com lesões nessas estruturas, dolo-
rosas, acompanhadas de febre e mais comum 
na infância. 
o Outro diferencial para lesões vesiculares é 
o pênfigo vulgar, doença autoimune que po-
de também formar lesões bolhosas na pele. 
o Vesículas ou bolhas em mucosa oral em 
um paciente com quadro alérgico pode cor-
responder à forma mais grave das reações 
alérgicas, a síndrome de StevensJohnson. 
o Formação de placas elevadas, discreta-
mente elevadas, de formato ovalado, reco-
bertas por membrana acinzentada nas áreas 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
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de mucosa, em lábios, língua, palato, faringe 
– em qualquer estrutura oral, enfim -, pode 
acontecer nos quadros de sífilis secundária. 
As lesões são extremamente contagiosas e 
devem ser manuseadas sempre com luvas. 
o Fenda palatina é uma malformação con-
gênita em que o palato não se forma com-
pletamente e ocorre comunicação entre a na-
so e a orofaringe, ou mesmo entre a cavidade 
nasal e oral. Muitas vezes, acompanha o lábio 
leporino. 
 Glândulas salivares 
o Queixa de xerostomia ou boca seca (saliva 
insuficiente) pode ocorrer em lesões das 
glândulas salivares, em condições autoimu-
nes que causam destruição ou seu mau fun-
cionamento, ou em decorrência de medica-
mentos que reduzem a produção de saliva, 
como os anticolinérgicos. 
o As glândulas devem ser palpadas – as pa-
rótidas externamente, sobre os ramos das 
mandíbulas; as glândulas submandibulares e 
submentonianas, preferencialmente por pal-
pação bimanual – uma mão examina o assoa-
lho da boca, internamente, enquanto a outra 
mão pesquisa lesões externamente. 
o Essa manobra deve ser realizada para 
qualquer lesão encontrada no assoalho da 
boca, não apenas na investigação das glân-
dulas salivares. 
o Excesso de produção salivar pode ocorrer 
em alguns quadros inflamatórios ou na fase 
de nascimento dos dentes, porém mais co-
mumente estão ligados a medicamentos. 
o Sialoadenites são os quadros inflamatórios 
das glândulas salivares por bactérias ou vírus, 
pela obstrução da drenagem pelos ductos. 
Acomete com mais frequência a parótida. 
o Sialolitíase é a formação de pequenos cál-
culos no interior da glândula, que pode obs-
truir a drenagem pelos ductos, ou ser expeli-
da, causando dor e inflamação no trajeto. O 
mais frequente é acometer as submandibula-res, e pode necessitar de tratamento cirúrgi-
co. Uma característica das obstruções parciais 
da drenagem salivar é formar uma tumoração 
local durante a mastigação, que desaparece 
após a refeição. 
 
 Língua 
o As superfícies laterais e inferior da língua e 
o assoalho da boca são os locais mais fre-
quentes de neoplasias de boca. 
o Busque ulcerações, lesões esbranquiçadas 
ou avermelhadas, nódulos ou ulcerações. 
Principalmente em homens, acima de 50 
anos, tabagistas ou que masquem fumo. 
o Todo nódulo ou úlcera persistente deve 
ser considerado suspeito, principalmente se 
for endurecido, recorrer no mesmo local, de-
morar demais para cicatrizar. Palpe todas as 
lesões encontradas. 
o Anquiloglossia é a condição causada por 
frênulo lingual curto, que interfere na mobili-
dade lingual e atrapalha a fonação – popu-
larmente conhecida como língua presa. 
o Avalie o aspecto da língua, nas superfícies 
superior, laterais e inferior. Busque nódulos, 
fissuras, úlceras, alterações de coloração, pre-
sença de saburra e seu aspecto. 
o Saburra é a camada formada pelas papilas 
filiformes, que pode ter aspecto de placas ou 
depósitos, acarpetando a superfície superior 
da língua, e que pode mudar de aspecto em 
algumas condições ou tratamentos médicos. 
o Verifique o padrão de distribuição das pa-
pilas. Muitas alterações foram associadas à 
falta de vitaminas (principalmente do com-
plexo B) ou outros nutrientes. 
o Dor lingual: dor local ou excesso de sen-
sibilidade podem ser sinais de quadros infla-
matórios. Podem estar ligados a trauma, in-
fecção local, formação de aftas ou deficiên-
cias vitamínicas. 
o Fissuras na língua: 
 Condição comum é a língua fissurada 
ou escrotal: toda a superfície lingual 
forma pregas curvas, profundas, indolo-
res, lembrando o aspecto das pregas da 
bolsa escrotal. Não tem significado pa-
tológico. É uma variação da normalida-
de encontrada em algumas pessoas e é 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
UPE Garanhuns – Módulo Doenças II – Semiologia Otorrino 
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mais comum entre indivíduos com sín-
drome de Down. 
 Pode haver acúmulo de resíduos ali-
mentares, causando mau hálito. 
 Outra causa de fissuras é a glossite – 
quadro inflamatório geralmente benig-
no, que pode estar ligado a carências 
nutricionais ou não ter explicação clara. 
 Outra causa possível é o trauma, como 
mastigação acidental da língua, cau-
sando cortes. 
o Edema: pode ocorrer nos quadros infla-
matórios ou alérgicos. 
o Língua geográfica 
 Também denominada glossite inflama-
tória benigna. 
 O dorso da língua tem áreas de desco-
loração, formando áreas avermelhadas, 
com poucas papilas, entremeadas com 
áreas de aspecto normal. 
 Lembra o desenho de um mapa, e as 
lesões mudam de local com o tempo. 
 Pode piorar com o estresse e estar as-
sociada a deficiências nutricionais, ou 
ser simplesmente hereditárias, sem sig-
nificado clínico. 
o Língua careca 
 Língua lisa, completamente ou quase 
completamente sem papilas, de aspec-
to avermelhado brilhante e dolorosa. 
 Também denominada glossite atrófica. 
 Pode ser encontrada em pacientes em 
tratamentos quimioterápicos ou em de-
ficiência vitamínica. 
o Língua pilosa 
 Hipertrofia de papilas filiformes e com 
depósito de queratina, dando aspecto 
de fibras longas no dorso da língua. 
 Pode ser branca ou escurecida – neste 
caso, pode estar associada à infecção 
fúngica. 
o Leucoplasia ou leucoplaquia 
 Áreas formando placas de mucosa es-
branquiçada (queratose) nas superfícies 
laterais ou inferior da língua, indolor, 
persistente. 
 Diagnóstico diferencial com carcinoma 
espinocelular da língua em fase inicial, 
do qual precisa ser diferenciado através 
de biópsia – especialmente em pacien-
tes com mais de 40 anos. 
 Outros diferenciais são candidíase e lí-
quen plano. 
o Leucoplaquia pilosa 
 Áreas esbranquiçadas e elevadas, nas 
laterais da língua. 
 Lembra a leucoplaquia simples, mas 
com aspecto piloso ou aveludado – 
lembrando placas de candidíase. 
 As lesões não são removidas com ras-
pagem. 
 Seu achado é associado a infecções pe-
lo HIV. 
o Sarcoma de Kaposi 
 Tumores vasculares, associados a imu-
nossupressão grave – especialmente à 
síndrome da imunodeficiência adquiri-
da (Sida) sem tratamento (ou avança-
da). 
 São lesões elevadas, vermelhas a arro-
xeadas, de superfície algo irregular e 
que podem sangrar muito ao sofrerem 
trauma. 
 Podem acometer qualquer estrutura da 
cavidade oral – e de outros órgãos ou 
da pele. 
 Associado a contato prévio com o her-
pes vírus HHV-8. 
o Monilíase oral 
 Infecção pelo fungo Candida albicans. 
 Pode acometer qualquer estrutura oral, 
bem como a faringe e o esôfago. 
 Forma placas brancas espessas, de ta-
manho variável, muito dolorosas. 
 Seu achado deve apontar para imunos-
supressão: infecção pelo HIV, neoplasi-
as ou tratamento com quimioterápicos, 
uso de corticosteroide tópico ou sistê-
mico ou de imunossupressores. 
 Faringe 
o A queixa mais frequente em relação à fa-
ringe é a dor de garganta. 
o As tonsilas palatinas são frequentemente 
acionadas em diversos quadros infecciosos 
sistêmicos – sobretudo aqueles que são ad-
quiridos por via aérea ou contato oral, como 
a mononucleose (“doença do beijo”) ou di-
versas infecções das vias aéreas superiores, 
por serem parte do sistema linfoide. 
Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 
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o Diante dessa queixa, questione duração, 
recorrência, sintomas associados, como cori-
za, tosse, hemoptise, rouquidão, odinofagia 
(dor ao deglutir) ou disfagia (disfunção para 
deglutir, sensação de parada do alimento ou 
engasgos). 
o Questione (e busque) presença de linfo-
nodos cervicais. 
o Questione ainda exposição a agentes quí-
micos, poeira excessiva ou gases tóxicos, bem 
como alergias conhecidas. 
o Outros dados importantes são uso exces-
sivo da voz – como cantores e professores -, 
ou o hábito de falar frequentemente em lo-
cais com ruído excessivo e inquirir a carga ta-
bágica do paciente, uso de drogas, transfu-
sões prévias, internações anteriores – especi-
almente se houve necessidade de intubação 
orotraqueal e ventilação mecânica, que pode 
causar lesões na laringe, pregas vocais ou 
traqueia. 
o Toda dor de garganta com duração acima 
de 3 semanas é considerada prolongada e 
deve ser investigada. O mesmo vale para 
rouquidão, disfagia ou odinofagia prolonga-
das. Esses quadros podem ser associados a 
inflamações e infecções locais ou sistêmicas, 
ou ainda a neoplasias. A investigação é feita 
com laringoscopia indireta ou com nasofi-
broscopia, ou mesmo com laringoscopia dire-
ta, sob anestesia geral. 
 Tonsilas 
o Em adultos com mais de 20 anos, não cos-
tumam mais ser visualizadas, a menos que 
estejam hipertrofiadas por quadro inflamató-
rio. 
o As tonsilas normais (fisiológicas até essa 
idade) são estruturas afiladas, de superfície 
levemente irregular, de cor rósea. Possui pe-
quenas “perfurações” – as criptas, áreas de 
invaginação profundas do epitélio. 
o Pode formar-se um acúmulo esbranquiça-
do, proteico e de restos celulares descama-
dos, nessas criptas – o caseum, que pode se 
soltar e ser expelido com a tosse. Caseum é 
uma das possíveis causas de mau hálito. 
o Tonsilites 
 Há aumento do volume, perda do for-
mato, tornando-se edemaciadas, arre-
dondadas. 
 O grau de hiperemia é variável – pode 
estar ausente até causar lesões inten-
samente avermelhadas. 
 Forma-se secreção de aspecto e quan-
tidade variável com o quadro: nas in-
fecções virais, apenas pontos amarelo-
esbranquiçados, geralmente com hipe-
remia leve a moderada. 
o Nas infecções bacterianas, formam-se pla-
cas de pus mais fluido ou mais espesso. Ge-
ralmente, acompanham febre e linfadenopa-tia. 
o A hipertrofia unilateral de tonsila não é 
frequente e deve ser monitorada – caso não 
se resolva em até 2 semanas, deve-se levan-
tar a hipótese de neoplasia, principalmente 
linfoma. 
o Pode haver inflamação dos pilares farín-
geos e úvula, além das tonsilas – caracteri-
zando faringite. Também pode ocorrer por 
infecções virais ou bacterianas. 
 Disfonia (rouquidão) 
o Alteração das características da voz (mu-
dança de timbre, voz mais grossa, áspera ou 
grave que o usual). 
o Pode ser causada por alterações da laringe 
(edema inflamatório ou alérgico, uso excessi-
vo da voz, trauma – intubação orotraqueal, 
tosse vigorosa, corpo estranho –, calos, nódu-
los e fissuras nas pregas vocais, DRGE, ou por 
lesões extrafaríngeas que causem compres-
são de nervos laríngeos – tumores de tireoide 
ou outras lesões cervicais). 
o Pesquise exposições ocupacionais e hábi-
tos. Agudamente, as causas mais prováveis 
são infecção e uso excessivo da voz. Se a du-
ração for >2 semanas, deve ser feita a inves-
tigação. Pensar em neoplasias especialmente 
em pacientes com história de etilismo ou ta-
bagismo, tosse crônica, hemoptise, perda de 
peso, adenomegalia unilateral no pescoço. 
o Outra causa possível são alterações neuro-
lógicas, como doença de Parkinson, esclerose 
lateral amiotrófica ou miastenia gravis. Bus-
que disfagia ou outros sinais e sintomas mo-
tores associados. A laringoscopia ajuda a 
compreender o padrão de alteração motora 
presente.

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