Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Transporte de gases Quando o oxigênio se difunde dos alvéolos para o sangue pulmonar, ele é transportado para os capilares dos tecidos, quase totalmente em combinação com a hemoglobina. A presença de hemoglobina nas hemácias permite que o sangue transporte 30 a 100 vezes mais O2 do que seria transportado na forma de O2 dissolvido na água do sangue. Nas células dos tecidos corporais, o )2 reage com diversos nutrientes, formando grande quantidade de dióxido de carbono (CO2). Esse CO2 penetra nos capilares dos tecidos e é transportado de volta aos pulmões. Transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos corporais Transporte de oxigênio no sangue arterial Cerca de 98% do sangue que entra no átrio esquerdo, proveniente dos pulmões, acabaram de passar pelos capilares alveolares e foi oxigenado até Po2 em torno de 104 mmHg. Outro 2% do sangue vêm da aorta, pela circulação brônquica que supre basicamente os tecidos profundos dos pulmões e não é exposta ao ar pulmonar. Esse fluxo é chamado de fluxo de derivação, significando que o sangue é desviado para fora das áreas gasosas. O papel da hemoglobina no transporte de oxigênio Normalmente, cerca de 97% do O2 transportado dos pulmões para os tecidos são transportados em combinação química com a hemoglobina nas hemácias. Os 3% restantes são transportados em estado dissolvido na agua do plasma e células sanguíneas. A molécula de O2 se combina frouxamente e de maneira reversível com a porção heme da hemoglobina. Quando a Po2 é alta, como nos capilares pulmonares, o O2 se liga à hemoglobina, mas quando a Po2 é baixa, como nos capilares teciduais, o O2 é liberado da hemoglobina. Essa é a base de quase todo transporte de O2 dos pulmões para os tecidos. Curva de dissociação de oxigênio – hemoglobina: A imagem mostra a curva de dissociação oxigênio – hemoglobina, que apresenta aumento progressivo da porcentagem de hemoglobina ligada ao O2, à medida que a Po2 do sangue se eleva, o que é denominado percentual de saturação de hemoglobina. Na medida em que o sangue que deixa os pulmões e entra nas artérias tem, em geral, a Po2 em torno de 95mmHg, é possível ver, a partir da curva de dissociação, que a saturação usual de O2 do sangue arterial sistêmico é, em média, de 97%. Fatores que desviam a curva de dissociação de oxigênio-hemoglobina – sua importância no transporte do oxigênio. Além das variações do pH, sabe-se que vários fatores alteram a curva. Três deles, todos deslocando a curva para a direita, são: 1 – Maior concentração de CO2; 2 – Aumento da temperatura corporal; 3 – Aumento do BPG, composto fosfatídico metabolicamente importante. OBS. Desvio para a direita da curva de dissociação oxigênio-hemoglobina durante o exercício. Durante o exercício, vários fatores desviam a curva de dissociação consideravelmente para a direita, liberando, assim, quantidade extra de O2 para as fibras musculares em exercício ativo. Os músculos em exercício por sua vez liberam quantidades maiores de CO2; este e outros ácidos, liberados pelos músculos, aumentam a concentração dos íons hidrogênio no sangue dos capilares musculares. Além disso, a temperatura do músculo, em geral, sobre 2⁰ a 3⁰C, o que pode aumentar ainda mais a liberação de O2 para as fibras musculares. Esse desvio para direita força a liberação de O2 da hemoglobina sanguínea para os músculos em níveis de Po2 tão elevados quanto 40mmHg, mesmo quando 70% do O2 já tiverem sido removidos da hemoglobina. Utilização metabólica do oxigênio pelas células Efeito da Po2 intracelular na intensidade utilização de oxigênio: Apenas nível diminuto de pressão de O2 é necessário, nas células, para que ocorram as reações químicas intracelulares normais. A razão para esse fenômeno é de que os sistemas de enzimas respiratórias da célula, operam de tal maneira que, quando a Po2 celular está acima de 1mmHg, a disponibilidade de O2 não representa mais fator limitante na velocidade das reações químicas. Em vez disso, o principal fator limitante é a concentração de difosfato de adenosina (ADP), nas células. Esse efeito é demonstrado na imagem, que mostra a relação entre a Po2 intracelular e a intensidade de utilização de O2, em diferentes concentrações de ADP. Observe que sempre que a Po2 intracelular é superior a 1 mmHg a utilização de O2 fica constante, em qualquer concentração de ADP na célula. Por outro lado, quando a concentração de ADP é alterada, a utilização do O2 se altera proporcionalmente à variação da concentração de ADP. Quando o trifosfato de adenosina (ATP) é usado pelas células para fornecer energia, ele se converte em ADP. A maior concentração de ADP aumenta a utilização metabólica de O2, já que este se combina com diversos nutrientes celulares, liberando energia que reconverte o ADP, novamente, em ATP. Transporte de dióxido de carbono no sangue O transporte de CO2 pelo sangue não é tão problemático quanto o transporte de O2, pois mesmo nas condições mais anormais o CO2 usualmente pode ser transportado em quantidades bem maiores do que o O2. Entretanto, a quantidade de CO2 no sangue tem muito a ver com o balanço ácido-base dos líquidos corporais. Sob condições normais de repouso, a média de 4 mililitros de CO2 é transportada dos tecidos para os pulmões em cada 100 mililitros de sangue. Quando o oxigênio se liga à hemoglobina, o dióxido de carbono é liberado (efeito Haldane) aumentando o transporte de dióxido de carbono. Antes, apontamos que o aumento do CO2 sanguíneo desloca o O2 da hemoglobina (o efeito Bohr), o que é fator importante para aumentar o transporte de O2. O inverso também é verdadeiro: a ligação do O2 com a hemoglobina tende a deslocar CO2 do sangue. O efeito Haldane resulta do simples fato de que a combinação do O2 com hemoglobina, nos pulmões, faz com que a hemoglobina passe a atuar como ácido mais forte. Assim, se desloca o CO2 do sangue para os alvéolos de duas maneiras. 1 – Quanto mais ácida a hemoglobina, menos ela tende a se combinar com o CO2, para formar carbaminoemoglobina, deslocando, assim, grande parte do CO2 presente na forma carbamino do sangue. 2 – A maior acidez da hemoglobina também faz com que ela libere muitos íons hidrogênio que se ligam aos íons bicarbonato para formar ácido carbônico, que, por sua vez, se dissocia em água e CO2, e o Co2 é liberado do sangue para os alvéolos e, finalmente, para o ar.
Compartilhar